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Conferência Nobel de Thomson sobre a Descoberta do Elétron

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302 I. <strong>de</strong> Castro Moreira<br />

velocida<strong>de</strong> das part culas. Em um tubo altamente eva-<br />

cua<strong>do</strong> essa po<strong>de</strong> atingir 1/3 da velocida<strong>de</strong> da luz, ou<br />

cerca <strong>de</strong> 60.000 milhas por segun<strong>do</strong>. Em tubos n~ao t~ao<br />

evacua<strong>do</strong>s ela po<strong>de</strong> n~ao ser maior que 5.000 milhas por<br />

segun<strong>do</strong>, mas, em to<strong>do</strong>s os casos, quan<strong>do</strong> se produzem<br />

raios catodicos, suas velocida<strong>de</strong>s s~ao muito maiores <strong>do</strong><br />

que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer outro objeto em movi-<br />

mento com o qual estamos acostuma<strong>do</strong>s. E, por exem-<br />

plo, muitas milhares <strong>de</strong> vezes maior <strong>do</strong> que a velocida<strong>de</strong><br />

media com a qual as moleculas <strong>de</strong> hidrog^enio est~ao se<br />

moven<strong>do</strong> em temperaturas ordinarias, ou, na verda<strong>de</strong>,<br />

em qualquer temperatura ate agora atingida.<br />

Determinac~ao <strong>de</strong> e/m<br />

Ten<strong>do</strong> acha<strong>do</strong> a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s raios, vamos agora<br />

submet^e-los aac~ao <strong>de</strong> um campo eletrico apenas. As-<br />

sim as part culas que formam os raios sofrer~ao uma<br />

forca constante e o problema e similar aquele<strong>de</strong>um<br />

projetil projeta<strong>do</strong> horizontalmente com uma velocida<strong>de</strong><br />

v e cain<strong>do</strong> sob a ac~ao da gravida<strong>de</strong>. Sabemos que<br />

no tempo t, o projetil caira uma altura (na vertical)<br />

(1=2)gt 2 , on<strong>de</strong> g e a acelerac~ao proveniente da gra-<br />

vida<strong>de</strong>. No nosso caso, a acelerac~ao ocasionada pelo<br />

campo eletrico e igual a Xe=m, on<strong>de</strong> m e a massa da<br />

part cula. O tempo t = L= , on<strong>de</strong> L e o comprimento<br />

<strong>do</strong> trajeto, e avelocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projec~ao.<br />

Desse mo<strong>do</strong> o <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> trajeto da fosfo-<br />

resc^encia on<strong>de</strong> os raios inci<strong>de</strong>m no vidro sera igual a<br />

(1=2)(Xe=m)(L 2 = 2 ). Po<strong>de</strong>mos facilmente medir esse<br />

<strong>de</strong>slocamento d, e po<strong>de</strong>mos, ent~ao, achar e=m a partir<br />

da equac~ao e=m =(2d=X)( 2 =L 2 ):<br />

Os resulta<strong>do</strong>s das <strong>de</strong>terminac~oes <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> e=m<br />

feitos pelo meto<strong>do</strong> s~ao muito interessantes, porque foi<br />

acha<strong>do</strong> que, n~ao importa como tenham si<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>s<br />

os raios catodicos, sempre encontramos o mesmo valor<br />

<strong>de</strong> e=m para todas as part culas nos raios. Po<strong>de</strong>mos,<br />

por exemplo, pela alterac~ao da forma <strong>do</strong> tubo <strong>de</strong> <strong>de</strong>s-<br />

carga e da press~ao <strong>do</strong> gas no tubo, produzir gran<strong>de</strong>s<br />

modi cac~oes na velocida<strong>de</strong> das part culas, mas a me-<br />

nos que a velocida<strong>de</strong> das part culas se torne t~ao gran<strong>de</strong><br />

que se movam com velocida<strong>de</strong> proxima a da luz, quan<strong>do</strong><br />

ent~ao outras consi<strong>de</strong>rac~oes <strong>de</strong>vem ser levadas em conta,<br />

ovalor <strong>de</strong> e=m e constante. Esse valor n~ao e mera-<br />

mente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da velocida<strong>de</strong>. O que e mesmo<br />

mais notavel e que ele e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> eletro-<br />

<strong>do</strong>s que nos usamos e tambem <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> gas no tubo.<br />

As part culas que formam os raios catodicos <strong>de</strong>vem vir<br />

ou <strong>do</strong> gas no tubo ou <strong>do</strong>s eletro<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>mos, contu<strong>do</strong>,<br />

usar qualquer especie <strong>de</strong> subst^ancia que queiramos para<br />

os eletro<strong>do</strong>s e encher o tubo com gas <strong>de</strong> qualquer tipo<br />

e ainda assim o valor <strong>de</strong> e=m permanecera inaltera<strong>do</strong>.<br />

Esse valor constante, quan<strong>do</strong> medimos e/m nas uni-<br />

da<strong>de</strong>s magneticas CGS e<strong>de</strong>cerca<strong>de</strong>1 7 10 7 . Se<br />

compararmos isso com o valor da raz~ao da massa para<br />

a carga <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> transportada por qualquer sis-<br />

tema anteriormente conheci<strong>do</strong>, encontramos que ela e<br />

<strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za bem diferente. Antes <strong>do</strong>s<br />

raios catodicos serem investiga<strong>do</strong>s, o atomo carrega<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> hidrog^enio, encontra<strong>do</strong> na eletrolise <strong>de</strong> l qui<strong>do</strong>s, era<br />

o sistema que tinha o maior valor conheci<strong>do</strong> <strong>de</strong> e=m,<br />

e neste caso o valor esomente 10 4 . Portanto, para o<br />

corpusculo nos raios catodicos o valor <strong>de</strong> e=m e1700ve-<br />

zes o valor da quantida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte para o atomo<br />

<strong>de</strong> hidrog^enio carrega<strong>do</strong>.<br />

Essa discrep^ancia <strong>de</strong>ve surgir <strong>de</strong> uma das duas ma-<br />

neiras: ou a massa <strong>do</strong> corpusculo <strong>de</strong>ve ser muito menor<br />

comparada com aquela <strong>do</strong> atomo <strong>de</strong> hidrog^enio, que<br />

ate bem recentemente era a menor massa conhecida na<br />

f sica, ou ent~ao a carga no corpusculo <strong>de</strong>ve ser muito<br />

maior <strong>do</strong> que aquela no atomo <strong>de</strong> hidrog^enio. Foi ent~ao<br />

mostra<strong>do</strong>, por um meto<strong>do</strong> que <strong>de</strong>screverei brevemente<br />

e logo em seguida, que a carga eletica e praticamente a<br />

mesma nos <strong>do</strong>is casos. Portanto, somos leva<strong>do</strong>s a con-<br />

clus~ao <strong>de</strong> que a massa <strong>do</strong> corpusculo e apenas cerca <strong>de</strong><br />

1/1700 daquela <strong>do</strong> atomo <strong>de</strong> hidrog^enio. Ent~ao o atomo<br />

n~ao eoultimo limite da subdivis~ao da materia po<strong>de</strong>-<br />

mos ir mais longe e obter o corpusculo, e nesse estagio<br />

o corpusculo e o mesmo n~ao importa a fonte da qual<br />

<strong>de</strong>rive.<br />

Os corpusculos est~ao amplamente distribu <strong>do</strong>s<br />

Os corpusculos po<strong>de</strong>m ser obti<strong>do</strong>s n~ao apenas a<br />

partir <strong>do</strong>s raios catodicos, que po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>-<br />

ra<strong>do</strong>s uma fonte algo super cial e so sticada. Uma vez<br />

<strong>de</strong>scobertos, veri cou-se que tinham uma ocorr^encia<br />

muito geral. Eles s~ao libera<strong>do</strong>s por metais quan<strong>do</strong><br />

aqueci<strong>do</strong>s ao rubro na verda<strong>de</strong>, qualquer subst^ancia<br />

quan<strong>do</strong> aquecida libera corpusculos, em uma certa me-<br />

dida. Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>tectar a emiss~ao <strong>de</strong>les por algu-<br />

mas subst^ancias, tais como rub dio e a liga <strong>de</strong> sodio

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