13.04.2013 Views

Conferência Nobel de Thomson sobre a Descoberta do Elétron

Conferência Nobel de Thomson sobre a Descoberta do Elétron

Conferência Nobel de Thomson sobre a Descoberta do Elétron

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

306 I. <strong>de</strong> Castro Moreira<br />

Apos ser nomea<strong>do</strong> professor <strong>de</strong> f sica experimental<br />

em Cambridge, em 1884, <strong>de</strong>dicou-se a estudar as <strong>de</strong>scar-<br />

gas eletricas em gases a baixas presses. Como resulta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> confer^encias <strong>sobre</strong> este tema, realizadas em Prince-<br />

ton, em 1896, publicou Descarga <strong>de</strong> Eletricida<strong>de</strong> atraves<br />

<strong>do</strong>s Gases (1897). Apos essa viagem, <strong>de</strong>senvolveu seus<br />

brilhantes trabalhos <strong>sobre</strong> os raios catodicos que leva-<br />

ram a <strong>de</strong>scoberta e i<strong>de</strong>nti cac~ao <strong>do</strong> eletron. Seu livro<br />

Conduc~ao <strong>de</strong> Eletricida<strong>de</strong> atraves <strong>do</strong>s Gases, publica<strong>do</strong><br />

em 1903, foi reescrito posteriomente (1928 e 1933) em<br />

colaborac~ao com seu lho, Sir George Paget <strong>Thomson</strong>,<br />

que se tornou professor <strong>de</strong> f sica na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Londres e recebeu o Pr^emio <strong>Nobel</strong> <strong>de</strong> F sica em 1937.<br />

Depois <strong>de</strong> 1903, <strong>Thomson</strong> se <strong>de</strong>dicou novamente a<br />

analisar a estrutura <strong>do</strong> atomo e fez um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> estru-<br />

tura at^omica, menciona<strong>do</strong> nas aulas <strong>de</strong> f sica e qu mica<br />

<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau e <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Thomson</strong><br />

- ou <strong>do</strong> \bolo <strong>de</strong> nozes": oatomo seria constitu <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> uma carga positiva espalhada (o bolo) e as cargas<br />

negativas (os eletrons) seriam as nozes ali espalhadas.<br />

Este mo<strong>de</strong>lo, embora incorreto, foi um ponto <strong>de</strong> partida<br />

importante para os trabalhos experimentais <strong>de</strong> Ernest<br />

Rutherford que mostraram que a carga positiva esta<br />

concentrada em um nucleo muito pequeno em relac~ao<br />

ao tamanho <strong>do</strong> atomo e, posteriormente, para o mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> Bohr. Descobriu tambem um meto<strong>do</strong> <strong>de</strong> separar ti-<br />

pos diferentes <strong>de</strong> atomos e moleculas pelo uso <strong>de</strong> raios<br />

positivos, uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>senvolvida posteriormente por<br />

Aston, Dempster e outros para a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> muitos<br />

isotopos.<br />

<strong>Thomson</strong> esteve sempre liga<strong>do</strong> a uma vis~ao me-<br />

canicista da natureza, <strong>de</strong>ntro da tradic~ao brit^anica<br />

<strong>do</strong> seculo XIX, que tinha na construc~ao <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

mec^anicos uma das caracter sticas <strong>de</strong> sua abordagem<br />

f sica. Seu o objetivo ultimo, ao longo das primei-<br />

ras <strong>de</strong>cadas <strong>do</strong> seculo XX, era a criac~ao <strong>de</strong> um qua-<br />

dro uni ca<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s fen^omenos f sicos, que englobasse a<br />

materia, o eter,aenergiaeoeletromagnetismo. Pu-<br />

blicou varios livros <strong>sobre</strong> a estrutura da luz, as pro-<br />

prieda<strong>de</strong>s da materia e <strong>sobre</strong> o eletron na qu mica:<br />

A Estrutura da Luz (1907), A Teoria Corpuscular da<br />

Materia (1907), Raios <strong>de</strong> Eletricida<strong>de</strong> Positiva (1913),<br />

OEletron na Qu mica (1923). Apos 1913, contu<strong>do</strong>,<br />

sua in u^encia cient ca junto aos f sicos, que tinha si<strong>do</strong><br />

muito gran<strong>de</strong>, cou bastante diminu da em func~ao <strong>de</strong><br />

teorias que passou a construir e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, diferentes<br />

das geralmente aceitas. Assim, contrap^os ao mo<strong>de</strong>lo<br />

at^omico <strong>de</strong> Rutherford-Bohr um mo<strong>de</strong>lo no qual os<br />

eletrons estavam em equil brio com as cargas positi-<br />

vas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a forcas eletrostaticas <strong>de</strong> atrac~ao e repuls~ao.<br />

Entre os qu micos, especialmente na Gr~a-Bretanha e<br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, suas i<strong>de</strong>ias continuaram in uentes<br />

ate o nalda<strong>de</strong>cada <strong>de</strong> 20. Neste per o<strong>do</strong>, foi tambem<br />

um <strong>do</strong>s opositores <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> foton, n~ao chegan<strong>do</strong> a<br />

aceitar as novas e \estranhas" i<strong>de</strong>ias da f sica qu^antica.<br />

Esta resist^encia as i<strong>de</strong>ias novas por parte <strong>de</strong> velhos ci-<br />

entistas n~ao e incomum, pelo contrario. Segun<strong>do</strong> ou-<br />

tro gran<strong>de</strong> revolucionario da f sica <strong>de</strong>ste seculo, Max<br />

Planck, as novas i<strong>de</strong>ias so se a rmam realmente quan<strong>do</strong><br />

avelha gerac~ao <strong>de</strong>saparece.<br />

<strong>Thomson</strong> faleceu em 1940, ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> uma inte-<br />

ressante autobiogra a Recordac~oes e Re ex~oes, escrita<br />

em 1936. Sobre a <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> eletron escreveu ali:<br />

\...ambos o tempo e o lugar eram afortuna<strong>do</strong>s, porque<br />

opero<strong>do</strong> entre agora e ent~ao tornou-se um <strong>do</strong>s mais<br />

signi cativos na historia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Do in cio ao m, e<br />

especialmente na segunda meta<strong>de</strong>, houve uma sucess~ao<br />

rapida <strong>de</strong> um evento extraordinario apos o outro. Mo-<br />

narquias ca ram e foram substitu das por republicas e<br />

ditaduras. O livre comercio, que como um homem <strong>de</strong><br />

Manchester, consi<strong>de</strong>rei sempre e naturalmente com es-<br />

sencial para a prosperida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pa s, foi-se tambem...<br />

Quan<strong>do</strong> eu era um menino, n~ao havia bicicletas, nem<br />

automoveis, nem avi~oes, nem luz eletrica, nem telefone,<br />

nem telegrafo sem o, nem gramofone, nem engenharia<br />

eletrica, nem radiogra a <strong>de</strong> raios X, nem cinema..."<br />

Ao longo <strong>de</strong> sua vida, <strong>Thomson</strong> recebeu inumeros<br />

pr^emios cient cos e con<strong>de</strong>corac~oes, entre os quais o<br />

Pr^emio <strong>Nobel</strong>, em 1906. Em 1908 foi ungi<strong>do</strong> cava-<br />

lheiro pelo governo ingl^es e tornou-se Sir J. J. <strong>Thomson</strong>.<br />

Foi agracia<strong>do</strong> com o t tulo <strong>de</strong> <strong>do</strong>utor honoris causa por<br />

muitas universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, entre as quais<br />

Oxford, Columbia, Gottingen, Edinburgh, Sorbonne e<br />

Princeton. Mas, certamente, o imenso prest gio que<br />

<strong>de</strong>sfrutou em vida e sua gloria apos a morte estar~ao<br />

para sempre liga<strong>do</strong>s a esta part cula extremamente pe-<br />

quena: o eletron.<br />

Refer^encias <strong>sobre</strong> a <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> eletron<br />

1. D. L. An<strong>de</strong>rson, The discovery of the electron, Van<br />

Nostrand, Princeton, 1964.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!