13.04.2013 Views

nem melhor nem pior, apenas divergentes - Revista de Ciência ...

nem melhor nem pior, apenas divergentes - Revista de Ciência ...

nem melhor nem pior, apenas divergentes - Revista de Ciência ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cada problema <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> é encarado como parte <strong>de</strong> uma totalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser<br />

entendido enquanto tal.<br />

Em resumo, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar alguns pontos do pensamento sociológico <strong>de</strong> Guerreiro<br />

Ramos: as ciências, em especial as ciências sociais, se constituem e se transformam<br />

historicamente; a formação <strong>de</strong> uma nova teoria científica da realida<strong>de</strong> social tendo em vista o<br />

contexto histórico da época; o sociólogo só alcançará o universal pelo particular; a formação<br />

<strong>de</strong> uma consciência crítica, compromisso intelectual, representando um compromisso radical<br />

do sociólogo com a sua realida<strong>de</strong> e os princípios e as noções da produção científica<br />

estrangeiras <strong>de</strong>vem ser utilizados em caráter subsidiário (RAMOS, 1996).<br />

De forma geral, é necessário que o sociólogo brasileiro se esforce em realizar um<br />

trabalho científico a partir <strong>de</strong> um compromisso com a sua realida<strong>de</strong> nacional particular. Para<br />

Guerreiro, a sociologia no Brasil só se tornará autêntica na medida em que contribuir para a<br />

construção da autoconsciência nacional, e para isso precisa adquirir funcionalida<strong>de</strong>,<br />

intencionalida<strong>de</strong>, e organicida<strong>de</strong> (RAMOS, 1957).<br />

Neste sentido, Oliveira (1995) <strong>de</strong>staca que para Guerreiro Ramos a sociologia por ele<br />

proposta e praticada pressupunha um saber sobre a socieda<strong>de</strong> brasileira com fins práticos. Daí<br />

a importância do campo da administração, visto ser consi<strong>de</strong>rada uma ciência social aplicada.<br />

3. FLORESTAN FERNANDES: ENTRE PARTIDAS E CHEGADAS<br />

“O real não está na saída <strong>nem</strong> na chegada:<br />

ele se dispõe para a gente é no meio da travessia... “<br />

Guimarães Rosa 7<br />

Nascido na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo em 22 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1920, Florestan Fernan<strong>de</strong>s faleceu<br />

no mesmo município aos 75 anos, em 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1995. Graduou-se em <strong>Ciência</strong>s sociais<br />

no ano <strong>de</strong> 1944, na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP). No ano seguinte à sua morte, 1996,<br />

Florestan Fernan<strong>de</strong>s foi reconhecido pelo Congresso Nacional como o patrono da sociologia<br />

brasileira. Tal distinção ganha força com as palavras <strong>de</strong> Octávio Ianni que o sintetizou da<br />

seguinte maneira: “A sociologia <strong>de</strong> Florestan Fernan<strong>de</strong>s inaugura um novo estilo <strong>de</strong> pensar a<br />

realida<strong>de</strong> social.” (IANNI, 2007, p.15).<br />

No esforço <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r como o intelectual chegou a tal contribuição à ciência<br />

nacional, faz-se necessário lançar um olhar nos anos iniciais <strong>de</strong> sua vida, o que possibilita<br />

captar como o sociólogo chegou ao conjunto <strong>de</strong> questões que permearam sua obra.<br />

Filho <strong>de</strong> uma lava<strong>de</strong>ira portuguesa analfabeta e sequer tendo conhecido o pai, Florestan<br />

Fernan<strong>de</strong>s trabalhou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros anos <strong>de</strong> vida para contribuir com o orçamento<br />

familiar. Por conta <strong>de</strong> sua origem humil<strong>de</strong>, durante a infância o próprio nome <strong>de</strong> batismo lhe<br />

fora negado, pois sua madrinha achava o nome Florestan pomposo <strong>de</strong>mais para alguém<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora UFRJ, 1996.<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!