Artigo do PDE - Secretaria de Estado da Educação do Paraná

Resumo
Esporte
O Futsal no contexto escolar, uma reflexão sobre a prática.
João Romualdo Domingues Batista
Carla Cristiane da Silva (Orientadora)
O esporte é um dos conteúdos da Educação Física de grande motivação, ricos de
significados e um dos mais praticados nas escolas. Este trabalho tem como objetivo
apresentar o esporte com ênfase na modalidade de futsal como um componente
educacional de grande valor pedagógico e que está sendo executado sem um
aprofundamento que o tema merece como provocador de transformações através
dos valores desenvolvidos em suas praticas. A metodologia utilizada para efetivação
deste trabalho foi através de uma pesquisa teórica em parte da literatura existente
sobre o tema e uma intervenção prática feita com alunos da 5ª. Série de uma escola
pública do Estado do Paraná. Para tanto foram elaboradas várias unidades
didáticas, sendo que em cada uma delas o foco está voltado para um dos elementos
considerados articuladores da Educação Física segundo as Diretrizes Curriculares
da disciplina para o Estado do Paraná e que serve para integrar e interligar os
diversos conteúdos. Após a realização das atividades pratica era realizado um
debate refletindo sobre as possibilidades e os valores desenvolvidos e no que ele
pode contribuir para o exercício da cidadania. Foi constatado que os temas
desenvolvidos proporcionaram assimilações significativas nos alunos contribuindo
para que se construísse uma cultura crítica com relação ao conteúdo.
Palavras- chaves: Esporte, Educação Física, Futsal.
Abstract
Sport is one of the components of great motivation in Physical Education, rich in
significance and one of the most practiced in schools. This study intends to present
sport with an emphasis in futsal as an educational component of great pedagogical
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value and that has been practiced without the deepness that the theme deserves as
an initiator of transformations through the values developed within its practice. The
methodology used to complete this study was a theoretical research in part of the
existing literature about the topic and a practical intervention with fifth grade students
of a public school in the state of Paraná. For this matter, several pedagogical units
were elaborated, and in each unit the focus was on what is considered an articulated
element of physical education according to the Diretrizes Curriculares in the state of
Paraná, and that serves to integrate and connect the several components. After
completing the practical activities, followed a discussion reflecting the possibilities
and values developed and how it contributed to citizenship. It was noticed that the
developed themes promoted significant assimilations for the students, contributing for
the construction of a critical culture in relation to the subject.
Keywords: sport, physical education, futsal.
João Romualdo Domingues Batista, professor da rede pública do Estado do Paraná desde 1981,
disciplina de Educação Física, atuação como diretor das seguintes escolas: Colégio Estadual Edith S.
P. de Oliveira, Colégio Estadual Rio Branco, Colégio Estadual de Monte Real da cidade de Santo
Antônio da Platina e Colégio Estadual Pe. Sigismundo Gdaniek de Quedas do Iguaçu.
joao_romualdo@seed.pr.gov.br
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1.0. Introdução
O presente artigo resulta das observações assimiladas, fruto das experiências
vivenciadas por este professor através de seus 28 anos de docência em sala de aula
da rede pública, de estudos realizados em parte da literatura existente sobre o
assunto e da implementação de um projeto de intervenção pedagógica realizada
com alunos da 5ª série do Colégio Estadual Edith S. P. de Oliveira da cidade de
Santo Antônio da Platina, Pr, no 1º semestre do ano de 2009.
A pretensão deste trabalho foi evidenciar de uma forma bem consistente o
esporte como sendo um dos conteúdos da educação física que mais atrai o aluno,
em função de suas características, pois os mesmos são ricos de significados que
vão desde uma simples prática com objetivos lúdicos até a conscientização dele
como fenômeno de massa capaz de produzir impactos sociais, econômicos e
políticos. “Os esportes ou desportos são, dentre os inúmeros agentes da Educação
Física, os que mais correspondem aos interesses e as necessidades dos
adolescentes” (FARIA JR, 1972, p.112).
Procuramos proporcionar aos alunos a vivenciar praticas esportivas com
ênfase no futsal (versão reduzida do futebol) que lhes permitissem analisar e fazer
uma reflexão sobre a presença do esporte no contexto escolar e sua importância na
construção de valores capaz de contribuir para com o seu desenvolvimento
cognitivo, afetivo e psicomotor, situando-se criticamente como um conteúdo que está
presente no cotidiano do dia a dia das pessoas através da mídia.
As diretrizes curriculares para a educação básica no estado do Paraná para a
Educação Física nos apresentam uma forma dinâmica de integrar e interligar as
práticas corporais através dos chamados Elementos Articuladores dos conteúdos
que proporciona uma maior probabilidade de aprofundamento e diálogo para que se
adquira uma cultura corporal. O propósito deste artigo é o de mostrar que todos os
elementos articuladores podem ser contemplados na busca de trabalhar o conteúdo
Esporte dando a ele uma identidade significativa na formação do educando.
A Lei 9394/96 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no art. 2º,
estabelece que “a educação é direito da família e dever do estado, inspirada nos
princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana e tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho”.
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Segundo Luft (2000, p.259) “a educação pode ser considerada como ação ou
efeito de educar, desenvolvimento integral e harmônico de todas as faculdades
humanas”.
Sendo a educação um direito de todos e um dever do estado, competem as
instituições de ensino executar os procedimentos curriculares e estratégicos,
possibilitando o acesso e a permanência dos alunos, procurando alcançar os
propósitos estabelecidos pela lei.
Dentro desta perspectiva apresentamos uma proposta através da Educação
Física como colaboradora na busca de melhorias educacionais. "A disciplina
Educação Física, cuja característica principal é constituída de atividades físicas, em
relação ao seu papel pedagógico ela atua como qualquer outra disciplina da escola
e não desintegrado dela” (FREIRE, 1997, p..24). Seus conteúdos são de grande
relevância para a formação do indivíduo, pois através deles obtêm-se uma cultura
corporal capaz de levar o educando a descobrir suas possibilidades corporais,
compreendendo e respeitando limites tanto fisiológicos quanto psicológicos, não
como padrão estético, mas como ferramenta de comunicação e expressão. Para o
coletivo de autores (1992, p.61): “A Educação física é uma disciplina que trata,
pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de
cultura corporal”.
Dentre as várias concepções elaboradas sobre Educação Física, evidencia-se
neste trabalho, como referencial, à concepção que apresenta a proposição crítico-
superadora colocada nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do
Paraná (DCEB, 2008, p.11), que
“baseia-se nos pressupostos da pedagogia histórico-crítica, que
estipula como objeto da Educação Física, a Cultura Corporal a partir
de conteúdos como: o esporte, a ginástica, os jogos, as lutas e a
dança. O conceito de Cultura Corporal tem como suporte a idéia de
seleção, organização e sistematização do conhecimento acumulado
historicamente, acerca do movimento humano, para ser transformado
em saber escolar”
Dentre os conteúdos abordados e que fazem parte da proposta pedagógica
da disciplina de educação física na escola, pode-se afirmar, baseado em estudos e
em observações, que o esporte ocupa um lugar especial, considerado como
referência para os alunos, que vivenciam através de sua prática uma dimensão
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interna de satisfação e prazer aliado a outras atividades (conteúdos) como a dança,
os jogos e brincadeiras, a ginástica e as lutas.
Paes (2001, p.65) afirma que:
“o esporte escolar poderá permitir ao aluno o exercício de sua
cidadania, na qual o trabalho e o lazer são fundamentais para uma
boa qualidade de vida. Para nós,cidadania significa participação e
para participar do esporte é preciso, saber, conhecer, analisar e
refletir a pratica esportiva. O ensino do esporte poderá contribuir para
a democratização do mesmo, a medida que possibilita a um maior
número de crianças o acesso ao conhecimento e aprendizagem de
um saber, atualmente restrito a um segmento privilegiado da
sociedade”.
Este importante elemento da educação física se coloca por intermédio das
diversas modalidades esportivas como sendo um conteúdo que faz a diferença e
pode conduzir os estudantes a construção de conhecimentos através de sua pratica
e da conscientização de seus valores. Tal pensamento está evidenciado através da
afirmativa realizada pelo Coletivo de Autores (1992, p.71):
“Para o programa de esporte, apresenta a exigência de desmistificá-
lo através da oferta, na escola do conhecimento, que permita aos
alunos criticá-lo dentro de um contexto sócio-econômico-politico-
cultural. Esse conhecimento deve promover, também, a
compreensão de que a prática esportiva deve ter o significado de
valores e normas que assegurem o direito a prática do esporte”.
Com base nesses e em outros autores estudados pode-se fazer a seguinte
ponderação de que o esporte deve ser ofertado na escola de maneira que o aluno
tenha acesso às diversas modalidades esportivas, compreendendo a sua essência e
sua história, vivenciando experiências possíveis que o esporte pode proporcionar.
Consideramos muito importante a presença do esporte na educação física
escolar, pois se o entendemos como um fenômeno social, capaz de paralisar um
país em função de algumas competições. Podemos verificar que estes fatos e outros
interferem na vida escolar e a recíproca também é verdadeira; os nossos educandos
devem estar preparados para interagir na sociedade. Compreendemos assim a
necessidade de ofertarmos o conteúdo esporte dando a ele um tratamento
pedagógico que permita a reflexão direcionando nossos alunos para a cidadania.
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2.0. Objetivo Geral
- Utilizar a prática esportiva analisando reflexivamente as suas possibilidades,
reconhecendo que ela não se atém apenas aos aspectos técnicos e de aptidão
física, mas como um conteúdo significativo na formação do cidadão.
2.1. Objetivos Específicos
- Permitir aos estudantes múltiplas experiências e o desenvolvimento de uma atitude
crítica perante este conteúdo.
-Oportunizar a prática de atividades que sejam prazerosas e desperte nos alunos o
gosto permanente pela prática esportiva.
- Trabalhar todos os elementos articuladores da educação física dentro do conteúdo
esporte, como possibilidades de construção do conhecimento.
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3.0. Revisão da Literatura
3.1. O Esporte no Contexto Escolar
O esporte ao longo da história sempre esteve presente no convívio da
sociedade e tudo o que aí acontece se reflete na escola, portanto ela tem o
compromisso de sistematizar, analisando, criando conceitos, assimilando com
criticidade e transformando em conhecimentos (cultura) os fatos ligados ao esporte
que enriquecem o currículo escolar.
A disciplina de educação física para a rede pública do Estado do Paraná tem
como eixo norteador as suas diretrizes (DCEB, 2008) que estabelece os seguintes
conteúdos estruturantes para a sua prática: Esportes, Ginásticas, Danças, Jogos e
Brincadeiras e Lutas. Todas estas atividades têm o seu grau de complexidade e
abrangência em termos de desenvolvimento de valores que colaboram com os
objetivos propostos pela educação através desta disciplina. Mas dentre os
conteúdos abordados e que fazem parte da proposta pedagógica pode-se afirmar
que com base em estudos e em observações que o Esporte ocupa um lugar
especial, sendo considerado como referência para os alunos que vivenciam através
de sua pratica uma dimensão interna de satisfação e prazer aliado a outras
possibilidades.
Os esportes são dentre os inúmeros agentes da educação física, os que mais
correspondem aos interesses e as necessidades dos adolescentes (FARIA JR,
1972, p.112).
Embora se pratique muito esporte no ambiente escolar é também neste
espaço que ocorrem muitos equívocos, e, portanto se faz necessário à reflexão
sobre qual seria o objetivo do esporte na escola, utilizamos dele para construir
valores ou somos usados por ele para nos tornarmos meros consumidores de
produtos originários de sua prática?
É facilmente observável nas aulas de educação física uma prática esportiva
que visa o rendimento como forma de reprodução e que nos é oportunizado através
da mídia, ou seja, o de competitividade exacerbada em busca de vitória, do
consumismo, etc., onde se exalta o desempenho do mais forte, do mais rápido da
superação e que com certeza será priorizada ou evidenciada apenas a um pequeno
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grupo de alunos que experimentarão os louros do sucesso enquanto a maioria fica
relegada a um segundo plano acontecendo aí um erro no fazer pedagógico.
Outra situação que podemos identificar no cotidiano das aulas é a pratica
esportiva descomprometida com a apreensão de valores feitas repetidas vezes sem
uma reflexão que conduza a uma assimilação da identificação das inúmeras
possibilidades que acontecem durante a pratica esportiva, embora se exalte às
conseqüências naturais de benefícios que o exercício proporciona.
(...) cabe ao professor engajado na luta mais ampla, que excede o
âmbito da escola e do sistema de ensino, escolher entre fazer de sua
ação pedagógica um instrumento que apenas reproduz as violências
educacionais (desigualdades, discriminações, preconceitos, etc) ou
torna-la uma poderosa arma de negação desta caótica situação.
(CARMO, 1985, p.39).
Portanto o primeiro passo para compreender o esporte e situa-lo dentro da
dimensão educacional é direcionar a discussão dando a ele um tratamento
pedagógico tornando esse conteúdo num importante instrumento para a formação
dos alunos, ou seja, para a cidadania.
3.2. O esporte ao longo da história
Na antiguidade antes do século XVIII se comemorava os acontecimentos tipo
uma boa colheita, a morte de alguém de destaque na sociedade e outros eventos
com manifestações esportivas conhecida como jogos e os privilégios era todo da
camada social mais elevada os descendentes na nobreza.
Toda a literatura pesquisada aponta para o final do século XVIII e a Inglaterra
como referencial do surgimento do esporte que conhecemos como moderno em
função da tão propagada Revolução Industrial acontecida na Europa e que
causaram profundas manifestações sociais no bojo da sociedade.
Neste período houve a explosão do capitalismo e a ascensão da burguesia ao
poder fez com que o privilégio das praticas esportivas se direcionasse para o seu
divertimento e também para adquirir uma melhor condição de superar o seu
proponente evoluindo assim para uma pratica esportiva competitiva mais organizada
e que foi sendo incorporada também pelas classes populares (trabalhadora) que
começava a se manifestar com relação às exigências que o capitalismo impunha. E
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neste sentido o esporte acabou sendo um canal de fuga incentivado pelos
burgueses para se ocupar do tempo livre evitando assim possíveis tensões sociais.
A partir daí o esporte foi sendo organizado, sistematizado, praticado em
clubes, associações e ganhou as dimensões sociais, políticas, e econômicas,
ganhando o mundo e transformando no que consideramos hoje um fenômeno de
dimensão tamanha sendo capaz de mobilizar milhões de pessoas em todo o mundo
em função da realização de competições intercontinentais ou mesmo de sua pratica
em espaço improvisado de maneira simples com objetivos lúdicos.
No Brasil inicialmente a educação física seguia modelos de métodos
praticados na Europa que tinha como fundamento padrões higienista e militares, ou
seja, a busca de atividades com objetivos de proporcionar saúde e também de
preparar o corpo para possíveis enfrentamentos (guerras).
Foi a partir de 1960 sob o comando militar que o esporte teve o seu
fortalecimento incentivado em função de suas ideologias que vislumbrava uma
potência forte como nação e via no esporte uma dessas possibilidades e também
uma forma de incutir nos brasileiros um sentimento extremo de culto a pátria
desviando a atenção de problemas políticos, financeiros, que o regime impunha a
sociedade.
Assis (2005, p.15) em seu livro Reinventando o esporte apresenta esta visão.
“O desenvolvimento da aptidão física se dá por meio do esporte, que
possibilita o exercício do alto rendimento, ou seja, o esporte faz da
educação física partícipe, na sua especificidade, do modelo de
sociedade assentado na produtividade, na eficácia, na eficiência e,
sobretudo no final dos anos de 1960 e inicio dos anos 70, na
formação do corpo dócil e disciplinado apolítico, acrítico e alienado”.
Foi a partir de 1980 que com o surgimento de tendências pedagógicas
modernas e transformadoras no interior da escola que o esporte teve um novo olhar
passando a ser identificado como um importante meio utilizado pela educação física
que passa a colaborar com a formação dos alunos.
Dentro deste contexto e com a visão apontada para uma pratica esportiva no
interior da escola com objetivos educacionais que tenha um tratamento pedagógico
que propicie aos alunos uma experiência significativa e motivadora que apresento
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este trabalho como opção para uma prática e reflexão sobre o conteúdo esporte
protagonizado na escola.
Oriundo do futebol de campo, o futebol de salão, hoje conhecido como futsal,
tem sua origem ligada a Associação Cristã de Moços (ACM) que segundo os
historiadores apresentam duas versões, uma ter sido inventado na década de 1930
no Uruguai pelo professor Juan Carlos Ceriani Gravier, da ACM de Montevidéu, com
o nome de Indoor-Foot-Ball e posteriormente trazida e implantado no Brasil por
professores gaúchos. (LUCENA, 2002) Outra versão é que jovens pertencentes à
ACM de São Paulo, pela falta de opção causada pelo urbanismo crescente, pela
falta de campos de “peladas”, começaram a praticar o futebol nas quadras
destinadas a outros esportes, isso por volta de 1940. Garcia e Failha (1986, p.16)
dizem que:
“Convém destacar, que o amor e a tendência natural do brasileiro
pelo futebol transfundiram-se para o futsal em razão da valorização
imobiliária e de outros fatores socioeconômicos que implicaram na
quase extinção dos antigos campos de várzea”.
A adaptação a quadra foi acontecendo aos poucos, e devido ao seu tamanho
a bola teria que ser especial onde a prática ficou sendo chamada de o esporte da
bola pesada. Com o passar dos anos, a prática foi sendo aprimorada e o Brasil foi o
país que implementou e regularizou o esporte, estabeleceu uma organização
através das instituições de comando, criando federações e confederações, sendo
que até 1989 o futebol de salão era responsabilidade da FIFUSA, Federação
Internacional de Futebol de Salão, a partir daí a FIFA, Federação Internacional de
Futebol Association, assume e dá a denominação de Futsal a este esporte de
quadra, o qual ganha o mundo. O Brasil como país de referência do futsal é também
o que mais conquistou até hoje títulos internacionais.
Para LUCENA (2002, p.2)
“Embora as primeiras regras surgidas no Uruguai, nada foi feito no
sentido de aperfeiçoá-las e divulgá-las, cabendo aos brasileiros a
responsabilidade pelo crescimento, divulgação e ordenação do futsal
como modalidade esportiva. De tal forma, pode-se afirmar que
devido a identificação, popularidade e dimensão alcançada no Brasil,
o futsal é um esporte genuinamente brasileiro”.
É um jogo que exige um pensar individual mais um agir coletivo, não exige um
biótipo especializado, e dado as proporções de adaptabilidade ele é bastante
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praticado hoje em locais como: escolas, clubes, condomínios, conjuntos
habitacionais, praças, empresas, etc. devido à falta de espaço. Apesar de não ter
encontrado dados recentes, indicativos apontam ser o futsal como um dos esportes
mais praticado no Brasil, com estimativas de possuir mais de 12 milhões de adeptos
com objetivos diversos.
O futsal, como outros esportes, também possui características próprias e o
acréscimo destas novas experiências motoras pode colaborar com a cultura corporal
proposta nos objetivos da educação física escolar. “O futsal na prática tem sido mal
aplicado, totalmente desprovido de objetivos educacionais e de um plano de trabalho
que faça com que ele seja admitido como uma prática educativa” (TEIXEIRA, 1979,
p.9).
A prática esportiva proposta na escola e denominada futsal, na verdade é
aquela oriunda do futebol de campo que passa por adaptações para ser jogadas
num ambiente menor, ou seja, na quadra da escola com regras e objetivos
diferenciados das proposições oficiais.
A partir dos conteúdos considerados estruturantes pelas diretrizes curriculares
do estado como o esporte, jogos e brincadeiras, dança, ginástica e lutas, ela
também nos apresenta um conjunto de elementos considerados articuladores que
tem como função integrar e interligar as práticas visando a construção de uma
cultura corporal que é o principal objetivo da educação física.
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4.0. Metodologia
Este projeto de implementação foi desenvolvido no Colégio Estadual Edith S.
P. de Oliveira, no município de Santo Antônio da Platina, Estado do Paraná, com
alunos da 5ª série A do período da manha no 1º semestre do ano de 2009, a faixa
etária dos alunos é de 11 e 12 anos e a turma estava constituída de 39 alunos,
sendo 21 do sexo masculino e 18 do sexo feminino. A aplicação das atividades foi
feita pelo professor autor deste trabalho com acompanhamento da equipe
pedagógica da escola.
Foram elaborados e desenvolvidos unidade didáticas contemplando sete
temas que fazem parte dos elementos articuladores da educação física proposto nas
diretrizes curriculares do Estado do Paraná, e em cada tema foi realizado
intervenções sendo um total de 11 aulas práticas e 6 aulas teóricas, todas de 50
minutos de duração.
Os temas trabalhados foram: a cultura corporal e o corpo na perspectiva do
esporte e da saúde, cultura corporal, a ludicidade e o lazer; cultura corporal e a
mídia; cultura corporal e a diversidade; cultura corporal e o mundo do trabalho;
cultura corporal e a desportivização; cultura corporal a técnica e a tática.
Nas aulas prática foram realizados exercícios ginásticos, e de fundamentação
do esporte e jogos coletivos com enfoque voltado para o tema proposto para a
unidade e nas aulas teóricas debate com análise sobre as dimensões
proporcionadas pela prática e que concorreram para uma efetiva assimilação ou
construção de uma criticidade sobre os valores do esporte na formação do cidadão.
A direção apontada como referência para esta intervenção são as diretrizes
curriculares do estado que nos apresentam uma visão moderna com possibilidades
de transformações e que nos orientam sobre os caminhos que podemos seguir e a
partir desta visão podemos preencher as lacunas que certamente poderão concorrer
para efetivamente realizarmos um ensino de qualidade.
Teve, portanto esta proposta o objetivo de fazer com que os alunos
realizassem a prática de atividades esportivas com ênfase no futsal como
procedimentos de reconhecimento do valor deste esporte, sensibilizando através da
reflexão e procurando construir uma identidade própria ao futsal desenvolvido na
escola como conteúdo de grande motivação para nossos alunos.
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Construir uma identidade não significa exatamente seguir os pressupostos
oficiais do esporte, mas sim romper com o tradicional, fugir da rotina e partindo da
realidade daquilo que o aluno traz de experiências, procurar estabelecer práticas
pedagógicas que conduzem a novas assimilações, tanto prática quanto teórica.
Na primeira unidade trabalhamos o tema Ludicidade e Lazer através de
atividades praticas e teóricas.
Ludicidade são práticas de atividades que proporciona ao participante muito
prazer. Quando se fala de jogos, brinquedos e brincadeiras compreendem-se por
lúdico.
Se perguntar a uma criança porque ela gosta de determinado jogo ou
brincadeira, naturalmente ela vai responder “gosto porque gosto”, e esta frase
resume bem o que significa lúdico: “atividade divertida de grande motivação onde o
que importa é a felicidade momentânea”.
Para Huizinga (2000),
“ludicidade é atividade não séria, mas absorvente para o jogador,
desligada de interesses materiais e praticada de acordo com regras
de ordem, tempo e espaço, e cuja essência repousa no divertimento.
O lúdico é parte integrante da vida, em geral possui um caráter
desinteressado, gratuito e provoca evasão do real”.
Quando a criança brinca está fazendo uma atividade natural, ou seja, está se
divertindo e isto não significa no estabelecimento de condutas sérias, embora ela se
envolva por inteira, mas o que de fato está procurando são elementos provocadores
de prazer.
As diretrizes curriculares (2008, p.23)
apresentam a ludicidade como um dos elementos articuladores da
educação física de relevância significativa e que deve estar inserido
dentro da proposta de cada conteúdo. Acrescenta que a experiência
lúdica constitui-se numa referência significativa que pode contribuir
para a construção de possibilidades emancipatórias justamente pela
sua característica fundamental de resistência à produção de algo que
remete para além de si mesmo, ou seja, o lúdico não satisfaz nada
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Brincando e Aprendendo
que não ele próprio, é compreendido não como meio, mas,
necessariamente, como um fim.
O tema é tão atraente que não se pode desconsiderar a possibilidade de
através dele desenvolver um trabalho pedagógico que conduz os alunos no sentido
de construir conhecimentos. O lúdico está presente em todas as fases de
desenvolvimento da criança. No jogo do faz de conta quem o pratica é remetido a
um mundo de fantasias que encanta e faz com que assimilações sejam
concretizadas, portanto “Brincar é preciso!”.
Através do jogo a criança se envolve tanto física como emocionalmente,
sendo espontânea, usando a imaginação, estabelecendo relações, construindo
alternativas, que o processo de superação acontece naturalmente e com ele a
construção de valores que contribuem para a caracterização de sua cultura corporal.
A participação nas atividades lúdicas de forma prazerosa faz com que a
criança tenha um relacionamento com situações de desafios que proporciona a
assimilação de conceitos e percepções, que estimulam o desenvolvimento cognitivo
e promovem novas descobertas.
O prazer deve acompanhar o saber estabelecendo assim uma sensação de
bem estar O jogar, o brincar com alguém faz com que este relacionamento
harmonioso proporcione regras de convivência estimulando e promovendo a
sociabilidade.
Quanto mais significativo for o jogo para a criança, mais motivada ela vai
estar para a sua execução e a realizar atividades que concorram para um
desenvolvimento harmônico de suas qualidades físicas básicas do movimento.
KISHIMOTO (1996, p.36) apresenta uma explanação sobre o assunto:
“Ao permitir a ação intencional (afetividade) a construção de
representações mentais (cognição) a manipulação de objetos e o
desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas de
(social), o jogo contempla várias formas de representações da
criança ou suas múltiplas inteligências,contribuindo para a
aprendizagem e o desenvolvimento infantil”.
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O lúdico e o esporte
Segundo PAES (2001, p.77) o esporte na escola deve ser visto como:
“Conteúdo de uma área de conhecimento, seu aprendizado poderá
ocorrer através de uma pedagogia em que o jogo terá fundamental
importância sobre todo o processo. O aprendizado do esporte na
escola poderá ocorrer privilegiando seu caráter lúdico,
proporcionando aos alunos a oportunidade de conhecer, aprender,
tomar gosto, manter o interesse pela ação esportiva e ainda
contribuir para a consolidação da educação física escolar como uma
disciplina. Tudo isso com objetivos pedagógicos que transcendem os
objetivos do esporte com um fim somente na sua prática”.
Por lazer entendemos ser um espaço existente entre as nossas atividades
cotidianas de trabalho produtivo e o tempo destinado as nossas necessidades
básicas de sobrevivência como o dedicado a alimentação e ao sono, portanto o
tempo livre que sobra é o que podemos direcionar para o lazer ou seja a realização
de atividades que nos proporcione prazer, como praticar esportes, assistir televisão,
assistir um filme, uma peça de teatro, pescar ou mesmo repousar numa, rede,
portanto as atividades lúdicas e esportivas podem ser consideradas como uma
excelente opção de lazer. “Estudos revelam com clareza as diversas possibilidades
de, a partir de vivências corporais conscientes e consistentes no âmbito do lazer,
buscar elementos para a construção da melhoria da qualidade de vida”.
(MARCELLINO, 2003, p.35)
As atividades desenvolvidas foram:
1º. Futebol de casais – jogo em que as crianças se deslocarão de mãos dadas, não
sendo permitido soltar as mãos, podendo executar todos os fundamentos ou
movimentos do futebol, mas somente as meninas poderão chutar ao gol.
2ª. Handfut – (mistura de handebol com futebol) sendo o futebol conhecido por
todos, joga-se o mesmo utilizando as mãos para efetuar toda a movimentação e ao
chegar à área do gol (ou área delimitada) é obrigatório colocar a bola no chão e
prosseguir a jogada com os pés, não sendo permitido fazer gol com as mãos.
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3º. Jogo livre – como se joga e organiza as equipes nas ruas, nos campinhos, etc.
(foram feitos vários times com os próprios alunos escolhendo as equipes e
combinando as regras).
4º. Atividades de integração teórico-prática – Seminário realizado na sala de aula
debatendo sobre o assunto Ludicidade e Lazer com apresentação dos conceitos
relacionados ao tema feito por este professor e a colocação pelos alunos sobre as
práticas de lazer utilizado por ele e por seus familiares nas horas livres de
obrigações cotidianas que são consideradas horas de lazer e também as
observações sobre as descobertas de valores durante a prática das atividades
acima descrita.
Na segunda unidade trabalhamos o tema da cultura corporal
relacionando o esporte com a Mídia.
Importante instrumento existente na vida das pessoas a mídia, principalmente
a que se relaciona com o rádio e a televisão tem sido a ocupação mais exercitada no
tempo livre dedicado ao repouso ou ao lazer. A influência exercida por ela pela
enorme capacidade de provocar ansiedades, desejos, motivações, emoções, faz
com que costumes sejam assimilados incorporando assim no cotidiano das pessoas
as formas de comportamento e a maneira de pensar.
Esta influência exercida pela mídia que muitas vezes têm a tendência de
impor um consumismo comercial, uma ideologia política ou mesmo religiosa, deve
ser motivo de exploração por parte da escola no sentido de questionar aquilo que
está sendo colocado pelos meios de comunicação e proporcionar aos educandos
possibilidades de analisar com criticidade as informações ofertadas.
As Diretrizes Curriculares para a educação física (2008, p.61) nos apresenta a
mídia relacionada a Cultura corporal como um:
“elemento articulador que deve propiciar a discussão das práticas
corporais transformadas em espetáculos e, como objeto de consumo,
diariamente exibido nos meios de comunicação para promover e
divulgar produtos. Para uma análise critica dessa concepção das
práticas corporais, diversos veículos de comunicação podem servir
de referência, quais sejam: filmes, documentários, entre outros. Em
vários momentos da grade de programação das empresas de
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telecomunicação, evidência-se a promoção de inúmeras marcas
esportivas. Isso provoca, na escola, importantes conseqüências para
as práticas corporais, pois os alunos acabam absorvendo estas
informações, configurando-se num sonho: tornarem-se iguais aos
esportistas mais conhecidos. Em si, esse não se apresenta como um
problema, na verdade pode servir ao professor como um conteúdo a
ser abordado, explicitando as contradições presentes no seu
cotidiano escolar”.
Atividades proposta para esta unidade
1ª. Pesquisa feita pelos alunos, sobre os programas esportivos existentes e os
espaços (tempo) que esporte ocupa na mídia, observação dos apelos comerciais
(propagandas) relacionada ao esporte e que acabam por nos conduzir a comprar o
produto de maneira aleatória.
2ª. Debate em sala de aula sobre a pesquisa realizada e exposição sobre os
resultados com apresentação no quadro negro, com o objetivo de fazer reflexões
críticas com conscientização sobre a influência exercida pela mídia sobre as nossas
ações.
Na terceira unidade elaboramos atividades que evidenciam a cultura
Corporal com relação ao corpo na perspectiva do esporte e da saúde.
Entendemos ser o corpo o mais importante patrimônio que possuímos, pois é
através dele que se manifesta a vida e devemos compreendê-lo em todos os seus
significados como um corpo que pensa, sente, age, portanto é importante a
realização de atividades que coloque a questão corporal como um elemento a ser
analisado na perspectiva da cultura e do conhecimento utilizando para isso,
componentes do esporte.
Segundo o Dicionário Crítico da Educação Física, (2005, p.104)
“Compreender o corpo como sujeito e não como objeto é
fundamental tanto para área de educação física quanto para a
educação. É vital compreender que o processo pedagógico não é um
fenômeno puramente mental/cognitivo, mas que envolve, de modo
significativo, investimentos afetivos e sociais na produção /
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conformação / transformação dos próprios corpos. A expressão
corpos-sujeito compreende os sujeitos no entrelaçamento da
complexidade do sentir, do pensar, do expressar-se, do agir,
construindo assim uma unidade corpórea que singulariza a presença
do homem no mundo”.
A Organização Mundial da Saúde entende-a como um perfeito equilíbrio
biopsicossocial e não como ausência de doença como se propagava. Para que o
homem possa exercer a sua cidadania é importante possuir uma qualidade de vida
que promova a saúde capacitando o individuo para os enfrentamentos necessários
no cotidiano de suas ocupações.
Promover a saúde segundo organismos, conferências que estudam o tema é
dar condições de habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável,
justiça social, equidade e paz; todos são elementos que colaboram para uma
qualidade de vida desejável.
Neste sentido entendemos ser uma responsabilidade de uma série de
segmentos coletivos (instituições governamentais) o exercício de ações que
procurem promover a saúde e cabe a nós, no âmbito escolar fazer a nossa parte e
colaborar para que assimilações sejam absorvidas por parte dos estudantes e
consigamos assim conscientiza-los sobre a realização de atividades que podem
aliada a outros procedimentos concorrer para um bem estar do ser humano o que
consideramos ter saúde. A nossa proposição é efetivarmos isso através da prática
esportiva onde estaremos realizando atividades prazerosas e com efeitos funcionais
em termos de adquirir aptidões físicas importante para o funcionamento do corpo
nas suas relações.
Atividades proposta para esta unidade
1 - Circuito de exercícios que evidenciam as valências físicas (ginástica).
2 - Jogo coletivo de futsal de forma lúdica.
3 – Debate teórico analisando a presença dos movimentos da ginástica acontecidos
na pratica do jogo.
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Na quarta unidade analisamos a questão da Diversidade e as
possibilidades do esporte na promoção da Cultura corporal
Segundo o dicionário Luft (2000, p.251) “Diversidade significa:
dessemelhança, diferença”.
Na escola nos deparamos com alunos que possuem características físicas e
potenciais totalmente distintos, inclusive crianças portadoras de necessidades
especiais e todas com direito a cidadania sendo esta uma das responsabilidades da
escola.
Na turma de 5ª. Série, cuja intervenção fizemos, não foram encontrados
alunos com as mais diversas diferenças em termos de capacidade intelectual, físicas
e origens (vilas, periferias, campo, etc.) não tinha nenhum com algum tipo de
deficiência especial que impedisse a sua participação nas atividades. Mas dentro de
um principio de inclusão elaboramos a prática de atividades esportivas adaptadas
para alunos com deficiência visual e motora como uma forma de conduzir os
educando num processo de sensibilidade e de reconhecimento de que esta
realidade existe em nossa sociedade e nós devemos estar conscientizados de que,
embora existam dificuldades da pratica de atividades esportiva por parte de alguns
essa possibilidade, existe e deve ser estimulada.
(2008, p.60)
Vejam o que nos propõe as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná
“Aqui, propõe-se uma abordagem que privilegie o reconhecimento e
a ampliação da diversidade nas relações sociais. Por isso, as aulas
de Educação Física podem revelar-se excelentes oportunidades de
relacionamento, convívio e respeito entre as diferenças, de
desenvolvimento de idéias e de valorização humana, para que o
outro seja considerado”.
Portanto quando nós falamos de diversidade estamos falando da real
oportunidade de todos a uma pratica esportiva com ênfase no lazer e no lúdico com
objetivos claros de inserção no processo educacional.
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Atividades realizadas nesta unidade
1- Jogo de futsal para deficiente visual. ( utilização de vendas nos olhos e bola com
guizo, conforme exemplo proposto pelas diretrizes)
2- Jogo de voleibol adaptado para deficiente físico dos membros inferiores. (voleibol
praticado sentado ou mesmo deitado)
3- Debate teórico (seminário) com reflexão sobre as práticas realizadas
analisando as possibilidades da prática esportiva de pessoas portadoras de
necessidades especiais.
Na quinta unidade estudamos o esporte dentro e a cultura corporal na
perspectiva do mundo do trabalho
Segundo o Dicionário Crítico de Educação Física (2005, p.403) “Trabalho é
toda atividade física e/ou mental humana da qual resultam bens ou serviços, esforço
físico desgastante para a transformação da natureza e a produção de bens”.
O tema em questão faz parte dos elementos articuladores proposto pelas
diretrizes curriculares do Paraná para a educação física que tem como objetivo
estudar as manifestações corporais existente no mundo do trabalho.
Nesta unidade o objetivo proposto foi o de que os nossos alunos adquirissem
uma conscientização do reconhecimento do corpo como um produtor de serviços,
analisar o trabalho de profissionais que atuam no segmento esportivo, a importância
da prática esportiva desenvolvida na escola e a construções de valores que
colaboram para uma transformação social, ou seja, no mundo do trabalho (cotidiano
das pessoas).
A Educação Física e o esporte sempre estiveram, ao longo da história, sendo
utilizados como instrumento ideológico no sentido de sua utilização ora como forma
de manipulação para se obter vantagens em termos de hegemonia militar, ora
utilizando a mesma exclusivamente para o mercado de trabalho (a educação de uma
maneira geral), ora como uma atividade dissimuladora ou compensatória pela
exploração da força de trabalho do assalariado.
Dentro deste contexto e numa visão moderna da educação física com o
aparecimento de tendências pedagógicas revolucionárias o esporte passa a ser
compreendido como uma atividade que além de proporcionar lazer a quem o pratica,
colabora também juntos com os demais conteúdos da educação física e da
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educação de um modo geral na construção de paradigmas que o posicionem sobre
as suas mais diversas possibilidades corporais promovendo assim uma cultura
corporal de compreensão e inserção da prática no contexto do trabalho.
Atividades proposta para esta unidade
1 – Assistir um vídeo observando profissionais de diversas áreas trabalhando
analisando como utilizam o seu corpo .
2 – Assistir um vídeo sobre eventos esportivos de diferentes modalidades
analisando os profissionais envolvidos neste segmento.
Na sexta unidade o elemento articulador explorado foi a esportivização.
Em todo o desenvolvimento desta implementação pedagógica procuramos
explorar o tema esporte através de atividades lúdicas, mas é importante o
conhecimento do lado institucional e profissional deste conteúdo que se transformou
num fenômeno presente em nossas casas todo os dias através da mídia e dos
espetáculos (eventos como copa do mundo, olimpíada, etc.) que ela nos
proporciona.
Diante desta realidade é importante dentro do objetivo proposto para a
educação física de propiciar aos nossos educandos a possibilidade de analisar como
é organizado o esporte de maneira institucional e adquirir uma postura crítica, pois o
enfoque quando se fala do esporte se dá em termos de vitórias, conquistas,
medalhas, recordes,esforços, hegemonia.
Trabalhando o elemento desportivização o compreendemos como sendo a
transposição de atividades que praticamos em nosso dia a dia num esporte
institucionalizado.
Atividades desenvolvidas nesta unidade
1 – Jogo de futsal com observação das regras oficiais (organização das equipes
pelos próprios alunos)
2 – Seminário (apresentação sobre organizações esportivas como: profissionalismo
nos esportes, clubes, ligas, federações, etc. e debate sobre a utilização de regras
oficiais dos esportes na escola e fora dela)
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Na sétima unidade exploramos o esporte como promovedor da cultura
corporal através dos elementos “técnica e tática”.
Entendemos o esporte como um meio da educação física em colaborar com a
formação de nossos educandos junto com os demais conteúdos que fazem parte do
currículo escolar. Quando falamos de esporte nos vem a mente o termo
competitividade, embora esse não seja o foco de nossa pratica pedagógica durante
a realização das atividades esportivas que visa construir valores através da
ludicidade não podemos ignorar o esforço e a vontade de qualquer pessoa mesmo
brincando em querer superar o seu oponente e para isso procura desenvolver
estratégias diversas.
Dentro deste contexto a proposição das atividades executadas nesta unidade
teve o propósito de evidenciar aos educandos uma experiência que os levasse a
assimilar de maneira simples a necessidade de aprimorar a execução dos
fundamentos básicos buscando um refinamento dos movimentos e adquirindo
habilidades motoras fundamentais para a prática do esporte e em especial do futsal
que é o principal objeto desta ação.
As Diretrizes curriculares nos apontam que (2008, p.59)
“As técnicas e táticas compõem os elementos que constituem e
identificam o legado cultural das diferentes práticas corporais, por
isso, não se trata de negar a importância do aprendizado das
diferentes técnicas e elementos táticos. Trata-se sim, de conceber
que o conhecimento sobre estas práticas vai muito além dos
elementos técnicos e táticos. Do contrário, corre-se o risco de reduzir
ainda mais as possibilidades de superar as velhas concepções sobre
o corpo, baseadas em objetivos focados no desenvolvimento de
habilidades motoras e no treinamento físico, por meio das
conhecidas progressões pedagógicas”.
Portanto achamos justo e oportuno propiciar aos alunos o acesso a esta
diversidade de possibilidade que poderá ajudá-los na construção de uma cidadania
crítica em termos de conhecimentos e de uma reconstrução de movimentos
criativos.
Atividades proposta para esta unidade
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1 - Treinamento dos fundamentos do futsal (passes, deslocamentos, drible,
recepção, chute, domínio de bola, posicionamentos).
2 - Jogo de futsal com aplicação dos fundamentos (técnicas e táticas).
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5.0 . Resultados e Discussão
Os resultados obtidos frutos desta intervenção nos permite afirmar que é
possível trabalhar todos os elementos articuladores da educação física
sistematizados pelas diretrizes curriculares dentro do conteúdo esporte. Esta
constatação ficou evidenciada através das observações feitas durante a prática das
atividades e pelas manifestações dos alunos durante os debates teóricos realizado
em sala de aula analisando reflexivamente os valores despertados e exercitados na
prática.
Concluindo a primeira unidade cujo tema desenvolvido foi a ludicidade e o lazer,
verificamos que ainda existe alguma rejeição observada na primeira atividade que
exigia a participação de casais em função ainda de algum preconceito ou mesmo
timidez, mas pudemos verificar durante o seminário a conscientização sobre valores
lúdicos apresentados pelos alunos que foram despertados e assimilados durante a
prática e que podem ser consideradas significativas para a sua vida em comunidade.
Valores assimilados e que foram colocados pelos alunos sendo apresentado
no quadro negro da escola: alegria, divertimento, criatividade, responsabilidade,
cooperação, respeito, exercícios, liberdade, etc.; quanto às descobertas de
oportunidades de lazer foram apontadas como as mais praticadas, assistir televisão
e brincar na rua como jogar bola e que o esporte é uma excelente opção de lazer.
Na segunda unidade o debate teórico nos conduziu a seguinte constatação a
de que os alunos ainda não têm acesso nem costume em ler revistas e jornais e que
os principais meios de comunicação utilizados são o rádio e a televisão com
predomínio do segundo. Foi facilmente observado pelos alunos o grande espaço
que o esporte ocupa em todas as mídias, e exaltados os programas mais divulgados
e assistidos como sendo o Globo Esporte, da Rede Globo de Televisão, e Esporte
Total, da rede Bandeirantes; também foi associado o esporte na mídia como
incentivador do consumo de marcas e produtos como adidas, penalt, umbro e outras
que sob sua influência, são utilizados pelos alunos e pessoas de sua convivência.
Uma observação constatada foi a colocação por partes de alguns alunos de que o
produto que eles usavam embora tendo a marca oficial do fabricante era oriundo de
fabricação clandestina. O trabalho desenvolvido atingiu proporções interessantes
onde foram observadas as ligações existentes entre o esporte e a mídia destacando
as questões comerciais e as relacionadas aos eventos esportivos sendo que dentre
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os esportes o de maior interesse demonstrado pelos alunos em suas assimilações
foi o futebol. Uma dimensão que nos chamou a atenção foi evidenciada pelos alunos
sobre as vitrines das grandes lojas que estão com as televisões sempre focadas em
atividades esportivas proporcionando um grande apelo comercial para vender a
televisão. Portanto, foi interessante discutir este assunto que fez com que os alunos
conseguissem assimilar um espírito crítico sobre o assunto.
Na terceira unidade foram realizadas atividades que evidenciaram a cultura
corporal com relação ao corpo na perspectiva do esporte e da saúde e que após a
prática e o embate teórico, os alunos chegaram a conclusão de que durante o jogo
aconteceram inúmeros movimentos da ginástica que colaboram para a formação
corporal ampliando o repertório motor das crianças e proporcionando aos praticantes
do esporte uma melhor aptidão física situando-o como um promotor de saúde.
Na quarta unidade didática trabalhada observamos que existe ainda um grande
caminho a percorrer para que aconteça a inclusão de verdade a todos os alunos que
necessitam desta oportunidade e por diversos motivos não a tem, por questões que
vão desde a falta de estrutura nas escolas para atender os diversos tipos de
deficiências e mesmo a falta de capacitação dos professores em lidar com o tema,
mas foi enriquecedor a analise e a reflexão feita sobre as atividades realizadas
embora alguns alunos comportando-se de maneira inadequada ou mesmo tentando
se utilizar de recursos inadequados (movimentando-se de maneira não permitida ou
tentando enxergar quando o objetivo era não o fazê-lo). Ficou evidenciada, a este
professor e aos alunos, a possibilidade da prática esportiva de maneira adaptada
para pessoas portadoras de necessidades especiais e a conscientização do respeito
que devemos ter para com as diferenças existentes e no relacionamento afetivo
proporcionado estimulando a curiosidade e a criatividade dos envolvidos.
Portanto, o esporte pode sim ser um dos conteúdos de grande motivação que
pode contribuir com o processo educacional no sentido de proporcionar experiências
corporais que ajudem os alunos em seu processo de socialização sabendo conviver
com as diferenças.
Na quinta unidade o estudo da cultura corporal na perspectiva do mundo do
trabalho fez com que os alunos assimilassem perspectivas interessantes
relacionando o seu corpo e atitudes da sua vida escolar com o mundo do trabalho, o
desenvolvimento da atividade possibilitou o reconhecimento do corpo como produtor
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de serviços e também o conhecimento de diversas possibilidades de atuação de
trabalho no mercado do segmento esportivo.
Na conclusão da sexta unidade os alunos através de suas interações
no debate constataram que na escolha dos times somente os mais fortes e mais
habilidosos foram escolhidos embora todos tenham participado num 2º. e 3º. Jogo, e
que embora alguns alunos tivessem gostado de jogar com adoção das regras
oficiais a maioria achava melhor jogar com regras adaptadas feita por eles.
No embate teórico constatei que os alunos quando tratava das instituições
esportivas citavam a Fifa e a CBF como referência, sendo estas realmente que as
mais aparecem em destaque na mídia em razão do futebol ser considerado o
esporte mais em destaque no Brasil, também foram citados jogadores famosos e
seus salários fabulosos e as negociações existentes (exportação de jogadores).
Os alunos compreenderam a questão do profissionalismo no esporte e da
importância de adquirirmos uma postura consciente de suas interferências em
nossas vidas na escola e fora dela quer como praticante, quer como expectador
(torcedor) ou mesmo um consumidor de produtos provocado por seu marketing.
A sétima unidade explorou o tema técnica e tática relacionado a cultura
corporal e nesta atividade, concluímos que a percepção dos alunos durante a
participação nas atividades ficou evidenciada através do reconhecimento por eles
demonstrado no momento da avaliação da atividade, sobre a necessidade de
aprimorar a execução dos fundamentos quando se quer participar de alguma
competição com mais eficiência, observamos também a alegria demonstrada pelos
alunos de menos condições motora durante o treinamento técnico pois estavam a
todo momento participando o que acontece pouco numa situação de jogo. Também
ficou evidenciada durante o jogo a dificuldade em seguir um padrão tático e gestos
técnicos devido a falta de automação dos movimentos.
Esta intervenção proporcionou aos estudantes uma interação entre a prática e
a teoria construindo conhecimentos que transformaram uma simples prática de
atividades físicas em teses de debate e reflexão, que possibilitaram crianças de 11 e
12 anos a compreender o que está por trás de uma simples bola rolando, o que isto
contribuiu para com a sua vida e como os valores desenvolvidos por esta prática
pode ser útil em sua vida cotidiana.
26

6.0. Considerações finais
Na conclusão desta experiência, posso afirmar que o esporte nos apresenta
um rico conteúdo de possibilidades na concretização do ato de educar para a
cidadania. Isto ficou evidenciado através das ações que propusemos e realizamos
com o exercício de atividades práticas e teóricas que proporcionaram aos alunos a
construção de valores, capacitando-os a assumirem posturas críticas diante do
contexto esporte e suas possibilidades.
Ficou evidenciado de que a prática esportiva, de maneira lúdica, está ao
alcance de todos, num contexto pedagógico, jamais o “jogar na escola” como
atividade do currículo na educação física, deve privilegiar os de mais aptidões, pois
a alegria demonstrada por todos e, principalmente, daqueles de menos
possibilidades motoras, ou com mais dificuldade, nos conduz a afirmativa de que
esse é o caminho para uma prática transformadora, libertária das concepções
ditatoriais imposta historicamente, e que me permite afirmar que enquanto a bola
rola, a educação acontece.
As junções das possibilidades desenvolvidas destas práticas, podem-se inferir
que todos os elementos articuladores das diretrizes para a educação física podem e
devem ser explorados dentro do conteúdo esporte, pois os mesmos constituem um
elo conectando e posicionando-o como conteúdo de maior motivação e o mais
praticado na escola.
Esta foi uma constatação feita por este professor que gosta, e acredita no
esporte como conteúdo da educação física, que pode extrapolar as fronteiras da
escola, inserindo na sociedade os valores desenvolvidos através das suas práticas.
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7.0. Referências
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pedagógica - Coleção educação física e esportes. 2ª ed. Campinas, SP: Autores
Associados - editorial CBCE, 2005.
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Brasília: MEC, 1996.
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magistério - 2º grau. Série: formação de professor. São Paulo: Cortez, 1992.
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González e Paulo Evaldo Fensterseifer. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005.
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Janeiro: Ed. Honor, 1972.
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Educação Física, 2. ed.Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.
FREIRE, João B. Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da educação
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GARCIA, Rafael; FAILHA, Wilson R. Manual de Futebol de Salão. 1ª ed. Leme:
Ed.Araçatuba, 1986.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 8ª ed. São
Paulo: Cortez, 2005.
28

HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. 4ª ed. São Paulo:
Perspectiva, 2000.
LUCENA, Ricardo. Futsal e a iniciação. 6ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
LUFT, Celso P. Minidicionário Luft. São Paulo: Ática, 2000.
PAES, Roberto R. Educação Física Escolar: o esporte como conteúdo
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PARANÁ. Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Diretrizes Curriculares da
Educação Básica para a rede estadual de ensino, área de Educação Física. Paraná:
SEED, 2008.
TEIXEIRA, Hudson V. Educação Física, futebol de salão. São Paulo: Saraiva,
1979.
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