Orar é impactar a nação - Missões Nacionais
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ENTREVISTA<br />
“Caixinha de surpresa”<br />
A missionária Rosângela Maria<br />
das Dores não nasceu num lar cristão.<br />
Seu pai era alcoólatra e dos oito<br />
filhos, cinco tornaram-se tamb<strong>é</strong>m<br />
alcoólatras, inclusive ela. Teve um<br />
casamento fracassado devido à bebida<br />
e tornou-se dependente. Numa<br />
casa de recuperação, conheceu Jesus<br />
e hoje coordena a Comunidade Terapêutica<br />
Élcia Barreto Soares (CTE-<br />
BS), em Campos dos Goytacazes, RJ.<br />
Conheça um pouco sobre este trabalho<br />
desafiador.<br />
Como <strong>é</strong> trabalhar em uma comunidade<br />
terapêutica e como<br />
funciona?<br />
É um aprendizado, a cada dia.<br />
Precisamos procurar ter equilíbrio<br />
emocional e viver na dependência<br />
do Senhor. São pessoas diferentes<br />
de lugares e costumes diferentes,<br />
com s<strong>é</strong>rios problemas. Temos um<br />
cronograma, das 7h às 22h, com<br />
cultos, estudos bíblicos, oficinas de<br />
artesanato e culinária, laborterapias<br />
e aconselhamentos. As residentes<br />
são acompanhadas por psicólogos,<br />
psiquiatras e conselheiros (pastores<br />
voluntários). Aos domingos, elas são<br />
levadas para a igreja, de manhã e à<br />
noite. Sou coordenadora, conselheira,<br />
monitora, “mãe”, enfim, faço<br />
de tudo um pouco. Nosso trabalho<br />
<strong>é</strong> uma “caixinha de surpresa”, pois<br />
nunca sabemos o que vai acontecer,<br />
então precisamos estar atentos às<br />
necessidades que surgem.<br />
Rosângela entre algumas residentes<br />
Em que estado as mulheres<br />
costumam chegar à CT?<br />
Bastante machucadas, não só<br />
fisicamente. Algumas vêm direto<br />
das ruas e apanham da polícia e<br />
de bandidos. Então, al<strong>é</strong>m de machucadas,<br />
elas vêm humilhadas<br />
e revoltadas. Chegam destruídas,<br />
sem sonhos, desiludidas, com baixa<br />
autoestima e, em alguns casos,<br />
com a saúde debilitada. São muito<br />
carentes de amor, de atenção e de<br />
abraço.<br />
Cite a experiência que mais te<br />
marcou na CTEBS.<br />
A história da residente que estava<br />
morando nas ruas com uma enfermidade<br />
muito s<strong>é</strong>ria e ficou muito<br />
debilitada. Chorando, ela pediu<br />
a Deus que não a deixasse morrer<br />
ali, então chegou at<strong>é</strong> nós, em estado<br />
grave e teve várias complicações de<br />
saúde. Era compulsiva pelo crack<br />
e pensávamos que ela não iria resistir,<br />
mas resistiu e completou seu<br />
tratamento.<br />
Qual a situação que mais te chocou<br />
neste minist<strong>é</strong>rio?<br />
A situação de uma ex-presidiária,<br />
que estava querendo se tratar<br />
e nos procurou, por<strong>é</strong>m não tínhamos<br />
mais vagas. Um dia, quando<br />
cheguei à comunidade, encontrei<br />
na mesa o cartão da irmã dela e<br />
liguei para informar que tinha<br />
surgido uma vaga. Por<strong>é</strong>m, ela me<br />
disse que há três dias aquela mulher<br />
havia morrido por causa de<br />
uma overdose. Então, me senti mal<br />
e impotente.<br />
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