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O PODER PÚBLICO NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM ...

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favelas, e que isto estava sendo promovido, principalmente, através do engajamento do<br />

Prefeito Municipal. Percebemos, também, que na época em que se caracterizava por ser da<br />

oposição, suas publicações visavam criticar as ações do poder público municipal.<br />

A seguir reproduziremos algumas análises de Villaça (1986, p. 23) que nos ajudam a<br />

compreender algumas ações do poder público:<br />

Verificar até que ponto a atuação de um governo corresponde [...] ao seu<br />

discurso, é uma tarefa complexa [...] O mais importante é desvendar e entender a<br />

ação real do governo, porque na maior parte dos casos ele procura escondê-la.<br />

[...] O caso mais complexo, porém, é aquele em que o governo enuncia com<br />

antecedência as medidas que vai tomar e os objetivos que pretende atingir e<br />

efetivamente toma essas medidas. Porém, seus verdadeiros objetivos, ao tomar as<br />

medidas enunciadas, estão escondidos e não são aqueles que ele divulga.<br />

A produção do espaço urbano é um tema muito discutido entre os geógrafos, porém,<br />

há poucos estudos referentes à compreensão dessa realidade em cidades pequenas, o que<br />

revela a necessidade de realização de pesquisas para uma melhor e maior compreensão<br />

dessas realidades específicas.<br />

Conforme afirmam Jesus, Roma e Zandonadi (2004), as relações entre o poder<br />

público e a sociedade civil em cidades pequenas são mais próximas e, no caso em estudo,<br />

percebemos claramente que isso contribuiu para que as relações de clientelismo fossem<br />

mantidas por tanto tempo.<br />

Essa dinâmica pode ser reforçada se considerarmos as relações que podem haver<br />

entre os interesses públicos e os interesses privados em relação ao atual prefeito, já que o<br />

mesmo é proprietário de uma tradicional usina de açúcar e álcool do município (COCAL) e<br />

que a grande maioria dos trabalhadores da população que estudamos, trabalham no corte da<br />

cana. Desta forma, se levarmos em consideração os interesses particulares do atual<br />

prefeito, para ele é interessante a reprodução mínima desses trabalhadores e a falta de<br />

mobilidade socioeconômica dessa população, para a garantia de mão-de-obra barata.<br />

Outro fator que deixa essas pessoas ainda mais passíveis de serem manipuladas de<br />

acordo com interesses de determinados políticos é o fato de que não estão articuladas e<br />

organizadas a ponto de constituírem um movimento social que objetive alterar a lógica de<br />

produção do espaço urbano. A forma como o sistema de mutirão era administrado<br />

contribuiu para a geração de conflitos entre essas pessoas, desarticulando-as ainda mais.<br />

A nosso ver, esses fatores contribuem para o processo de segregação socioespacial ao<br />

qual estão submetidos, pois as relações que se dão entre os profissionais que administram o<br />

município e a população alvo do estudo parecem garantir a imobilidade dessas pessoas,<br />

tanto em termos sociais, como espaciais.

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