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O PODER PÚBLICO NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM ...

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Várias dessas vilas foram construídas no Brasil, porém em pequeno número frente às<br />

necessidades, além disso, foram utilizadas como meio de difusão de padrões de<br />

comportamento e de controle sobre a força de trabalho. De maneira geral, fracassaram<br />

como alternativa habitacional para a classe trabalhadora.<br />

Assim constituíram-se as mais importantes intervenções do Estado no setor<br />

habitacional até meados de 1930. A partir dessa data deve-se destacar a difusão da idéia de<br />

que deveria haver uma intervenção estatal mais efetiva, ou seja, o problema habitacional na<br />

ditadura de Vargas (1930-45) transformou-se numa “questão social” (BONDUKI, 1998).<br />

No entanto, surgiu uma contradição em relação à burguesia, pois de um lado<br />

reconhecia que não era possível atender as necessidades habitacionais das camadas<br />

populares através do mercado. Por outro lado, não queria que os custos destinados à<br />

reprodução da força de trabalho subissem e que o Estado aplicasse grandes recursos no<br />

setor, pois esses recursos retirados do processo acumulativo não gerariam lucros.<br />

Dessa forma, a intensa discussão em relação à “habitação social”, de acordo com<br />

Bonduki (1998, p. 77), na verdade dava o suporte ideológico para:<br />

[...] transferir para o Estado e para os trabalhadores o encargo de mobilizar os<br />

recursos e o esforço necessário para enfrentar o problema da moradia popular. E<br />

isto ia ao encontro de um antigo desejo da elite: eliminar os cortiços do centro da<br />

cidade e segregar o trabalhador na periferia.<br />

Neste contexto, os aluguéis vinham atingindo preços elevados, assim, foram<br />

promulgadas pelo Estado, entre 1942 e 1964, as diversas versões da Lei do Inquilinato, que<br />

visavam restringir a livre negociação dos aluguéis, desestimular a produção de moradias<br />

para tal pelo setor privado e estimular os trabalhadores a buscarem soluções em<br />

loteamentos periféricos. Marginalizava-se, portanto, o setor rentista, ocorrendo, de 1920 a<br />

1950, a transição para o modelo da casa própria, com o objetivo de criar uma solução<br />

habitacional de baixo custo, visando facilitar os investimentos na industrialização do país,<br />

conforme o modelo capitalista vigente (nacional-desenvolvimentista).<br />

Vivia-se, portanto, uma situação contraditória: para financiar a montagem do<br />

parque industrial era preciso reduzir a forte atração que a propriedade imobiliária<br />

exercia como campo de investimento, mas a industrialização requeria condições<br />

básicas de sobrevivência nas cidades, como o alojamento dos trabalhadores<br />

(BONDUKI, 1998, p. 248).<br />

Para Bonduki, (1998, p. 264), o surgimento e o crescimento das favelas “[...] durante<br />

a crise da habitação dos anos 40, é fundamental para se compreender as profundas<br />

alterações no modo de provisão de moradias que ocorreu no período nacional-<br />

desenvolvimentista, quando se consolidava uma sociedade de base urbano-industrial.”

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