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O PODER PÚBLICO NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM ...

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Para a realização da casa autoconstruída, é essencial o acesso ao lote barato, sendo o<br />

mesmo de baixa qualidade, localizado principalmente na periferia. Nesta realidade, o<br />

Estado é chamado a atuar por meio da legislação, controlando a produção e o comércio de<br />

lotes e casas. No entanto, ao mesmo tempo em que cria leis, não as aplica plenamente nos<br />

loteamentos e bairros das classes populares.<br />

A classe dominante dirá que “a cidade” crescerá de forma caótica, sem o<br />

zoneamento ou a regulamentação dos loteamentos. Ao mesmo tempo, entretanto,<br />

e contraditoriamente, será forçada a reconhecer que, se o lote dos pobres for<br />

produzido segundo os requisitos da lei, ele será caro demais para os pobres.<br />

(VILLAÇA, 1986, p. 61).<br />

A alternativa para os que não têm condições de comprar um lote na periferia são as<br />

favelas, de acordo com Villaça (1986, p. 62) “[...] uma das manifestações mais brutais da<br />

exploração a que está sujeito o trabalhador brasileiro.”<br />

Assim ocorre, conforme Nabil Bonduki (1998), a “desmercantilização” do processo<br />

de produção das moradias populares no Brasil. Não que ela deixasse de ser mercadoria,<br />

mais o que é interessante destacar é que é produzida domesticamente, possibilitando a<br />

diminuição do custo da força de trabalho, que, no entanto não deixa de ser alojada.<br />

O Banco Nacional da Habitação (BNH), produto da ditadura militar, foi criado em<br />

1964 com o objetivo de promover o acesso à casa própria pela população de baixa renda.<br />

Para Bonduki (1998), o BNH possibilitou pela primeira vez, no Brasil, uma efetiva política<br />

habitacional, devido principalmente os quase cinco milhões de habitações financiadas, no<br />

entanto, possibilitou um retrocesso em relação à qualidade dos projetos realizados pelos<br />

IAPs, pois os projetos eram monótonos, desvinculados ao meio físico etc.<br />

Embora seus princípios tenham surgido durante o Estado Novo, sua ação foi<br />

paradigmática para o modelo central-desenvolvimentista, pois se baseou numa gestão<br />

centralizada, sem participação comunitária e com projetos localizados nas periferias. De<br />

forma geral, o BNH não atendeu a população de mais baixa renda, que não teve acesso aos<br />

financiamentos por não atingirem a renda mínima necessária para o mesmo.<br />

A partir de 1970, o BNH passou a investir no desenvolvimento urbano, financiando<br />

obras de saneamento e promovendo a expansão da indústria pesada da construção civil.<br />

Os problemas relativos à habitação agravaram-se em 1980, devido à crise econômica<br />

(desemprego, arrocho assalarial etc.), provocando a criação e expansão de favelas,<br />

loteamentos ilegais etc. Bonduki destaca a permissividade com que o poder público tratou<br />

e trata essa expansão da “cidade ilegal” apontando:

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