Urbanização colonial na América Latina - Universidade de Brasília
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BETINA SCHÜRMANN<br />
O crescimento <strong>de</strong>mográfico das cida<strong>de</strong>s portuguesas no Brasil, entre<br />
1800 e 1822, colocou o Rio <strong>de</strong> Janeiro como a cida<strong>de</strong> mais populosa, com<br />
sessenta mil habitantes, ultrapassando Salvador com uma população esti<br />
mada em cinqüenta mil habitantes. Em terceiro lugar estava Ouro Preto,<br />
cida<strong>de</strong> da mineração com trinta mil habitantes, seguida <strong>de</strong> Cuiabá, Belém e<br />
São Luís, cada uma com uma população por volta <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil habitantes.<br />
Outras cida<strong>de</strong>s significativas foram Recife, Olinda, São Paulo, Maria<strong>na</strong>,<br />
São João <strong>de</strong>i Rei e Porto Alegre (1808), a última cida<strong>de</strong> fundada no período<br />
<strong>colonial</strong> (Hardoy, 1991: 380).<br />
5. REFLEXÕES COMPARATIVAS<br />
Quando os conquistadores espanhóis e portugueses chegaram à <strong>América</strong><br />
Lati<strong>na</strong>, encontraram no território americano 32 milhões <strong>de</strong> habitantes,<br />
a maior parte concentrada nos 5% <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong>nsamente povoada e<br />
urbanizada, as cida<strong>de</strong>s do Império Inca e da Confe<strong>de</strong>ração Azteca. Os portugueses<br />
tomaram posse, ocuparam e colonizaram uma área rural, região<br />
on<strong>de</strong> os indíge<strong>na</strong>s viviam em uma etapa agrícola.<br />
Uma pesquisa <strong>na</strong>s plantas e nos mapas das cida<strong>de</strong>s espanholas da<br />
<strong>América</strong> evi<strong>de</strong>ncia que, ainda no século XVI, a gran<strong>de</strong> maioria adotou o<br />
traçado da quadrícula, institucio<strong>na</strong>lizado em 1573, pelas Or<strong>de</strong><strong>na</strong>nzas <strong>de</strong><br />
Descobrimiento y Población. A data <strong>de</strong>sses planos comprova também que<br />
a prática da quadrícula, ao contrário do que afirmam diversos autores, foi<br />
anterior às Or<strong>de</strong><strong>na</strong>nzas. Entretanto, a quadrícula não foi o único traçado<br />
regular utilizado; algumas cida<strong>de</strong>s adotaram formas regulares, embora nem<br />
sempre as suas ruas tenham sido rigidamente paralelas e seus quarteirões<br />
coincidissem em tamanho e forma. Neste caso se enquadram as cida<strong>de</strong>s<br />
portuárias ou centros que per<strong>de</strong>ram o traçado regular à medida que o núcleo<br />
se ampliou. Os assentamentos mineiros e os incontáveis pueblos indíge<strong>na</strong>s<br />
foram núcleos espontâneos que permaneceram irregulares, embora<br />
alguns, no século XVIII, tivessem sofrido um processo <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação<br />
para regularizar a malha urba<strong>na</strong> dispersa.<br />
Não foram encontrados planos ou mapas dos assentamentos urbanos<br />
portugueses no Brasil do século XVI; os primeiros planos datam do século<br />
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TEXTOS DE HISTÓRIA, vol. 7, n° 1/2, 1999