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Urbanização colonial na América Latina - Universidade de Brasília

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URBANIZAÇÃO COLONIAL NA AMÉRICA LATINA: CIDADE PLANEJADA VERSUS DESLEIXO E CAOS<br />

outras <strong>na</strong>ções européias, Silveira (1956: 12) concorda com este ponto <strong>de</strong><br />

vista e ainda elogia a opção dos portugueses pelo traçado irregular:<br />

As cida<strong>de</strong>s levantadas por franceses, ingleses, holan<strong>de</strong>ses e belgas no Ultramar<br />

obe<strong>de</strong>cem, <strong>na</strong> maioria dos casos, aos sistemas em xadrez,<br />

radiocêntricos e lineares, com domínio do sistema retangular... no que<br />

francamente se opõem às nossas. Esta afirmação indica uma regra geral<br />

que tem evi<strong>de</strong>ntemente exceções, mas muito raras: Damão, Vila Bela, por<br />

exemplo, dispuseram <strong>de</strong> traçados em xadrez... A relutância do urbanismo<br />

português em adotar estes sistemas geométricos regulares não me parece...<br />

simples arcaísmo, mas e resultado <strong>de</strong> longa e metódica experiência <strong>de</strong><br />

criação <strong>na</strong>tural das cida<strong>de</strong>s... A cida<strong>de</strong> orgânica portuguesa, com as suas<br />

características medievais, ten<strong>de</strong> para a cida<strong>de</strong> perfeita, aquela em que cada<br />

um dos elementos exerce função <strong>na</strong>tural, sobrepondo-se, assim, às <strong>de</strong> plantas<br />

em xadrez ou traçados lineares longitudi<strong>na</strong>is que, freqüentemente, manifestam<br />

incompreensão da cida<strong>de</strong> como ser vivo, funcio<strong>na</strong>l e<br />

intelectualmente ativo.<br />

O equívoco <strong>de</strong>sse trabalho é tentar provar o predomínio do traçado<br />

irregular <strong>na</strong>s cida<strong>de</strong>s fundadas pelos portugueses, com plantas das cida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Min<strong>de</strong>lo (1838), Benguela (1874) e Moçâme<strong>de</strong>s (1888), <strong>na</strong> África Oci­<br />

<strong>de</strong>ntal, todas do século XIX. É possível chegar-se a uma conclusão contrá­<br />

ria com as plantas <strong>de</strong> Iguatemi e Vila Bela da Santíssima Trinda<strong>de</strong> (1752),<br />

no Brasil, e <strong>de</strong> Baçaim e Damão, <strong>na</strong>s índias, ambas <strong>de</strong> 1595, que <strong>de</strong>mons­<br />

tram o compromisso dos portugueses com o planejamento, pois, com exce­<br />

ção do castelo-fortaleza, construído no interior da praça maior, ambas têm<br />

um traçado urbano «111 xadrez.<br />

Para Santos, (1968: 38-39) a diferença entre o urbanismo espanhol e<br />

o português está <strong>na</strong> legislação: os espanhóis possuíam um código adminis­<br />

trativo para ser observado pelos povoadores, enquanto os portugueses se<br />

limitavam às Or<strong>de</strong><strong>na</strong>nças do Reino, que cuidavam mais da arquitetura e<br />

menos da fundação <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. Entretanto, o autor revela uma posição con­<br />

ciliadora e ambígua; <strong>de</strong> um lado, também elogia o traçado irregular e medi­<br />

eval das cida<strong>de</strong>s portuguesas <strong>na</strong> <strong>América</strong>, ao mesmo tempo que consi<strong>de</strong>ra o<br />

traçado em xadrez das cida<strong>de</strong>s espanholas <strong>de</strong> extrema secura e monotonia.<br />

TEXTOS DE HISTÓRIA, vol. 7, n" 1/2,1999<br />

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