Oratória - Ambiente Virtual de Aprendizagem
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ORATÓRIA<br />
Ah! Você acha que isso é bobagem, que espelhos são<br />
inofensivos objetos <strong>de</strong> vidro, frios e imóveis, que nada fazem além<br />
<strong>de</strong> refl etir imagens. Pois é justo aí que está o seu abismo: em seu<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> refl etir.<br />
(Rubem Alves – O retorno e terno)<br />
Pela primeira vez na vida vi que a cebola era bonita. Se fosse<br />
pintora, pintaria uma cebola. Se fosse fotógrafa, fotografaria uma<br />
cebola... Minha cebola <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong> ser uma criatura do sacolão, à<br />
mercê <strong>de</strong> facas e maxilares mastigantes, e aparecia como criatura<br />
encantada, moradora do mundo da beleza, ao lado <strong>de</strong> jóias e <strong>de</strong><br />
obras <strong>de</strong> arte.<br />
(Rubem Alves – O retorno e terno)<br />
É preciso muito pouco. A alegria está muito próxima. Mora<br />
no momento. Nós a per<strong>de</strong>mos porque pensamos que ela virá no<br />
futuro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algum evento portentoso que mudará nossa vida.<br />
(Rubem Alves – O retorno e terno)<br />
Leio e releio o poema <strong>de</strong> Álvaro <strong>de</strong> Campos. Oscilo. Não sei<br />
se <strong>de</strong>vo acreditar ou duvidar. Se acredito, duvido. Duvido porque<br />
acredito.<br />
(Rubem Alves – O retorno e terno)<br />
Entre os poucos livros que tenho ao alcance da mão, na<br />
minha estante, está a estória do amor <strong>de</strong> Tomas e Tereza, que Milan<br />
Kun<strong>de</strong>ra conta em A insustentável leveza do ser.<br />
(Rubem Alves – O retorno e terno)<br />
Sobre um morro <strong>de</strong> terra ruim cresceu um cerrado. As<br />
barbas-<strong>de</strong>-bo<strong>de</strong> são mechas <strong>de</strong> cabelo sobre a calva do chão árido.<br />
Crescem arbustos <strong>de</strong> troncos retorcidos e rugoso, que para nada<br />
servem.<br />
(Rubem Alves – O retorno e terno)<br />
A vida animal se anuncia ruidosa na barulheira dos frangosd’água,<br />
os gritos das seriemas, os trinados sem fi m dos pintassilgos,<br />
a tagarelice das maritacas, o coaxar dos sapos ao cair da tar<strong>de</strong>.<br />
(Rubem Alves – O retorno e terno)<br />
A expressão vocal é a habilida<strong>de</strong> do indivíduo com sua voz e sua fala. É a dinâmica<br />
<strong>de</strong> cada palavra, a entonação, o ritmo, a palavra-chave, a qualida<strong>de</strong> do discurso. É subjetiva,<br />
vem do interior, da relação direta do indivíduo consigo mesmo, da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />
entendido pelo outro. Depen<strong>de</strong> da intenção do emissor da mensagem.<br />
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