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(Re)Visite a UniVeRsidade de CoimbRa

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há QUanto tempo não vai à Baixa?<br />

iSaBel CamPante*<br />

até há pouco tempo, ir às compras era ir à baixa. e passear na cida<strong>de</strong>, ver montras, almoçar<br />

em negócios, ir para o trabalho, preguiçar <strong>de</strong>pois das aulas, espreitar os plátanos ou<br />

mirar o mon<strong>de</strong>go, beber café em tempo <strong>de</strong> ócio, apanhar um transporte, lanchar com<br />

as amigas, encontrar as últimas novida<strong>de</strong>s, tagarelar com os colegas, assistir a concertos<br />

eruditos ou ver ranchos populares, ouvir as tertúlias literárias ou artísticas, era quase<br />

sempre na baixa. o <strong>de</strong>stino das gran<strong>de</strong>s comemorações, das festas académicas, dos<br />

festejos futebolísticos, das procissões emblemáticas, das marchas <strong>de</strong> protesto, das vitórias<br />

coletivas era, por norma, na baixa. e cada conimbricense vai acrescentando as suas<br />

próprias recordações a esta memória coletiva.<br />

o projeto “a universida<strong>de</strong> vai à baixa” – que partiu do pretexto da recordação <strong>de</strong> que foi<br />

na rua da sofia que a universida<strong>de</strong> começou e que evoluiu para uma recolha <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias<br />

sobre o que as crianças <strong>de</strong> hoje <strong>de</strong>sejam para o futuro da baixa – permitiu-nos resgatar,<br />

uma vez mais, esse tempo <strong>de</strong> vida intensa, on<strong>de</strong> se misturavam professores e funcionários,<br />

datilógrafas e ceramistas, ven<strong>de</strong>doras e juristas, estudantes e tricanas.<br />

afinal, é o que tem vindo a procurar fazer a agência para a promoção da baixa <strong>de</strong><br />

Coimbra (apbC), associação sem fins lucrativos constituída em 2004 por 120 associados<br />

(hoje são 150), cujo objetivo é promover este centro comercial a céu aberto, on<strong>de</strong><br />

se misturam estabelecimentos e escritórios, o antigo e o mo<strong>de</strong>rno, consultórios médicos<br />

e serviços públicos, o castiço e o cosmopolita, o passear dos turistas e os espaços da cultura<br />

– e note-se que com o Centro <strong>de</strong> artes Visuais, o teatro da Cerca <strong>de</strong> são bernardo,<br />

o museu municipal, a sala da arte À parte, o salão brazil, há mais oferta cultural na<br />

baixa <strong>de</strong> Coimbra do que na maioria das cida<strong>de</strong>s portuguesas.<br />

antes do projeto com a universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, em que as crianças fizeram uma intervenção<br />

plástica nas montras <strong>de</strong> lojas fechadas, a apbC já tinha promovido outras iniciativas<br />

que, alargando o horário comercial, levaram milhares <strong>de</strong> pessoas à baixa: noites<br />

brancas (o Comércio Vem para a rua, a Véspera da madonna é na baixa e as marchas<br />

populares), noites temáticas (baile da rosa, praça do pão e dia do pai), encontro <strong>de</strong><br />

urban scketchers, e, em paralelo, ações <strong>de</strong> formação, esclarecimento, sensibilização dos<br />

comerciantes, a que se juntou, nesta parceria, o curso <strong>de</strong> visual merchandising | vitrinismo.<br />

mas cada imagem <strong>de</strong> uma montra (infelizmente) encerrada, porque já não compram ali<br />

o catedrático nem a costureira, porque já por ali não passam o operário nem a doméstica,<br />

é uma narrativa <strong>de</strong> tristeza que, em vez <strong>de</strong> se mascarar, importa combater. um projeto<br />

<strong>de</strong> requalificação <strong>de</strong>ste centro histórico terá sempre <strong>de</strong> ser feito através do regresso das<br />

pessoas – embora vivam mais pessoas na baixa do que a maioria pensa, assim como há<br />

mais lojas abertas do que aquilo que parece ser um discurso dominante. no fundo, a responsabilida<strong>de</strong><br />

do que suce<strong>de</strong> a qualquer espaço público central é <strong>de</strong> todos os cidadãos,<br />

mesmo dos que lá não moram nem trabalham.<br />

e se, no nome da associação, aparece o verbo promover, queremos que neste “promover”<br />

caibam também os conceitos <strong>de</strong> propor, proporcionar, provocar. afinal, se os japoneses,<br />

os argentinos, os italianos, os noruegueses ficam fascinados ao passear pela baixa, porque<br />

teimam tantos conimbricenses em <strong>de</strong>sconhecer o encantador centro da sua cida<strong>de</strong>?<br />

* agência para a promoção da baixa <strong>de</strong> Coimbra

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