14.04.2013 Views

(Re)Visite a UniVeRsidade de CoimbRa

(Re)Visite a UniVeRsidade de CoimbRa

(Re)Visite a UniVeRsidade de CoimbRa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

40<br />

RL #36<br />

CiênCia refletida<br />

tUrismo, património e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

caminhos nem sempre paralelos<br />

NOTA INTrOduTórIA<br />

existe hoje uma cultura global que<br />

promove novas relações com o tempo,<br />

com o passado, com o património,<br />

com o lugar. esta cultura apela, por<br />

um lado, à experiência, a uma atração<br />

quase nostálgica com os lugares,<br />

a uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social e territorial;<br />

e por outro, faz projetar o exótico e o<br />

longínquo como espaços on<strong>de</strong> a ficção<br />

se mescla com realida<strong>de</strong>. os sítios,<br />

os lugares, o património - material e<br />

imaterial -, os territórios, adquirem dimensões<br />

simbólicas on<strong>de</strong> o turismo<br />

continua ter um campo aberto para<br />

se <strong>de</strong>senvolver. neste contexto, a trilogia<br />

“turismo, património e <strong>de</strong>senvolvimento”<br />

alcança particular significado<br />

no tecido das práticas turísticas/culturais<br />

da socieda<strong>de</strong> contemporânea.<br />

Como afirmam numerosos autores<br />

que refletem sobre este tema, o turismo,<br />

enquanto espécie <strong>de</strong> consciência<br />

mo<strong>de</strong>rna, assenta numa interação<br />

com o território e, por esta via, com<br />

o lugar, símbolo <strong>de</strong> uma patrimonialização<br />

progressiva. procura, sobretudo,<br />

a reinterpretação <strong>de</strong>ste.<br />

o património – quase sempre associado<br />

ao conceito <strong>de</strong> herança, algo que<br />

passa <strong>de</strong> geração em geração e, por<br />

isso, importante veículo <strong>de</strong> transmissão<br />

– passa a ser encarado como uma<br />

ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor histórico e, portanto,<br />

como “parte relevante da tradição<br />

cultural da socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o lugar,<br />

enquanto património, po<strong>de</strong> representar<br />

na socieda<strong>de</strong> contemporânea,<br />

o elo entre a tradição e a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.”<br />

siGala e leslie (2005)<br />

TurISMO E PATrIMóNIO<br />

uMA rElAçãO (rE)INvENTAdA<br />

no quadro da história da humanida<strong>de</strong>,<br />

o turismo é um fenómeno recente.<br />

apenas a partir do século XViii<br />

se começa a organizar e sistematizar.<br />

porém, <strong>de</strong> um fenómeno <strong>de</strong><br />

elites que se <strong>de</strong>slocavam segundo<br />

um mapa mundial bem <strong>de</strong>limitado,<br />

transformou-se, em menos <strong>de</strong><br />

50 anos, num fenómeno massificado<br />

e global.<br />

neste cenário, que tem como protagonista<br />

a ultima geração do século<br />

passado, alteram-se os quotidianos,<br />

os ritmos <strong>de</strong> trabalho, os tempos <strong>de</strong><br />

lazer assumem novas regras ou <strong>de</strong>spem-se<br />

<strong>de</strong>las, buscam-se novas experiências.<br />

há novas procuras e por<br />

essa via novas ofertas. as regiões turísticas<br />

alargam-se e emergem novos<br />

territórios com novas práticas e, sobretudo,<br />

com outros turistas. É neste<br />

novo paradigma que o património vai<br />

assumindo, progressivamente, uma<br />

dimensão valorativa até aqui quase<br />

<strong>de</strong>satenta. não importa que se trate<br />

<strong>de</strong> um centro histórico relevante ou<br />

<strong>de</strong> um pequeno lugar on<strong>de</strong> a práticas<br />

culturais perduram memórias.<br />

fernanda cravidão *<br />

o que importa é a sua reinvenção<br />

para ser visitado.<br />

não po<strong>de</strong>mos esquecer que esta mudança<br />

<strong>de</strong> “olhar” se inscreve num<br />

primeiro momento na Carta <strong>de</strong><br />

atenas (1931) - e <strong>de</strong> que a unesCo<br />

será uma sucessora - e que, posteriormente,<br />

a Carta <strong>de</strong> Veneza patrocinada<br />

pelo iComos (Conselho<br />

internacional para monumentos e<br />

sítios) consolida. Com a Carta <strong>de</strong><br />

Veneza não só se ampliam os cuidados<br />

com o património, como sobretudo<br />

se lhe dá uma nova inserção<br />

coletiva, territorial, paisagística.<br />

o turismo, fenómeno social e cultural<br />

por excelência, respon<strong>de</strong> progressivamente<br />

a turistas mais informados,<br />

mais qualificados, mais exigentes,<br />

com maior sentido <strong>de</strong> ética e <strong>de</strong> estética.<br />

É neste tecido, on<strong>de</strong> a cultura<br />

assume um fio condutor sem recuo,<br />

que o património, natural, construído<br />

e imaterial, vai progressivamente<br />

emergindo como fator <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong><br />

económica, cultural e social,<br />

e por isso também, como fator<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, on<strong>de</strong> o primeiro<br />

reflexo se espelha à escala local e<br />

à escala regional.<br />

É certo que muitos <strong>de</strong>stes “novos”<br />

percursos emergem <strong>de</strong> imagens criadas<br />

por histórias familiares, por espaços<br />

perpetuados pela literatura,<br />

pelo cinema, por percursos <strong>de</strong> vida e<br />

ligações afetivas, por ligações estéticas.<br />

estes “novos” lugares <strong>de</strong> viagem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!