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DESINFECO E DESINFETANTES - Faculdade de Medicina ...

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Disciplina: HIGIENE ZOOTÉCNICA<br />

43<br />

Prof. Paulo Francisco Domingues<br />

Departamento <strong>de</strong> Higiene Veterinária e Saú<strong>de</strong> Pública<br />

DESINFECÇÃO E <strong>DESINFETANTES</strong><br />

FMVZ-UNESP-Botucatu<br />

e-mail: domingues@fmvz.unesp.br<br />

A limpeza e a <strong>de</strong>sinfecção são consi<strong>de</strong>radas como principais métodos <strong>de</strong><br />

prevenção <strong>de</strong> doenças. É indispensável que se adote um programa <strong>de</strong> limpeza e<br />

<strong>de</strong>sinfecção abrangente e <strong>de</strong> uso rotineiro, visando a diminuição e manutenção <strong>de</strong><br />

uma concentração baixa <strong>de</strong> microrganismos patogênicos no ambiente, dificultando<br />

<strong>de</strong>sta forma, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecções.<br />

A <strong>de</strong>sinfecção consiste em controlar ou eliminar os microrganismos<br />

in<strong>de</strong>sejáveis, utilizando-se processos químicos ou físicos, que atuam na estrutura<br />

ou metabolismo dos mesmos.<br />

Desinfetante: É um agente, normalmente químico, que mata as formas<br />

vegetativas, mas não necessariamente as formas esporuladas <strong>de</strong> microrganismos<br />

patogênicos.<br />

inanimados.<br />

Geralmente essas substâncias são aplicadas em objetos<br />

Germicida: É o termo aplicado à substância química ou processo físico capaz <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struir todos os microrganismos, incluindo também suas formas <strong>de</strong> resistência,<br />

<strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> esporos, como aqueles produzidos por bactérias do gênero<br />

Clostridium sp e Bacillus sp.<br />

Bactericida: São todas as substâncias químicas ou processos físicos capazes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struir bactérias na sua forma vegetativa, não necessariamente os esporos<br />

bacterianos.


Anti-séptico: É uma substância química que po<strong>de</strong> não ter efeito germicida,<br />

impe<strong>de</strong>m ou bloqueiam o <strong>de</strong>senvolvimento, ou a ação dos microrganismos, tanto<br />

pela inibição <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>, quanto por sua <strong>de</strong>struição.<br />

Fungicida e viricida: são os processos físicos, ou substâncias químicas que<br />

<strong>de</strong>stroem fungos, ou vírus respectivamente.<br />

Sanitizante: O sanitizante reduz o número <strong>de</strong> contaminante bacterianos até um<br />

nível seguro. O termo se refere à condição <strong>de</strong> limpeza. Alguns <strong>de</strong>tergentes se<br />

qualificam como sanitizante. Não é necessário que um sanitizante seja germicida.<br />

No manejo zoosanitário aplicado às diferentes espécies <strong>de</strong> interesse<br />

zootécnico, no que se refere à higiene, é bom frisar que um programa <strong>de</strong> limpeza<br />

e <strong>de</strong>sinfecção é um suporte, e não um substituto <strong>de</strong> outras medidas higiênicas,<br />

tais como: o banho e troca <strong>de</strong> roupa do pessoal operacional, ou <strong>de</strong> pessoas<br />

visitantes da granja, a proibição ou controle da entrada <strong>de</strong> veículos na granja, o<br />

<strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado das carcaças <strong>de</strong> animais mortos, o <strong>de</strong>pósito e tratamento dos<br />

<strong>de</strong>jetos dos animais, e a utilização <strong>de</strong> baia ou área <strong>de</strong> quarentena, para novos<br />

animais que serão introduzidos na granja.<br />

O objetivo <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> limpeza e <strong>de</strong>sinfecção é manter uma<br />

concentração baixa <strong>de</strong> agentes patogênicos, diminuindo-se, conseqüentemente, a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecções. Resultando nos seguintes benefícios: o aumento da<br />

produtivida<strong>de</strong>; a diminuição na incidência <strong>de</strong> doenças infecciosas e<br />

parasitárias; diminuição do número <strong>de</strong> animais refugos (<strong>de</strong>bilitados);<br />

diminuição <strong>de</strong> gastos com medicamentos, por animal/ano; bem como a<br />

diminuição <strong>de</strong> gastos com mão-<strong>de</strong>-obra.<br />

No planejamento e programação do processo <strong>de</strong> limpeza e <strong>de</strong>sinfecção<br />

<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados alguns parâmetros, como:<br />

1) Superfícies e volumes a limpar e a <strong>de</strong>sinfetar.<br />

2) Intervalos e freqüências <strong>de</strong> limpeza e <strong>de</strong>sinfecção, em consonância com<br />

o sistema <strong>de</strong> produção.<br />

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3) Tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfetante que será utilizado, sua concentração ou diluição, e<br />

tempo <strong>de</strong> atuação.<br />

4) Determinação <strong>de</strong> uma seqüência lógica para as operações <strong>de</strong> limpeza e<br />

<strong>de</strong>sinfecção.<br />

5) Estabelecer a qualificação e número <strong>de</strong> operadores necessários, para<br />

cada fase do serviço.<br />

6) Treinar os operadores, instruindo-os sobre os equipamentos <strong>de</strong> proteção<br />

individual e processos <strong>de</strong> limpeza e <strong>de</strong>sinfecção.<br />

7) Determinar custos em função dos métodos empregados, número <strong>de</strong><br />

operadores, e <strong>de</strong>sinfetante a utilizar.<br />

8) Registrar em livro especial, a data, o material <strong>de</strong> limpeza usado, o<br />

<strong>de</strong>sinfetante com sua concentração/diluição e forma <strong>de</strong> aplicação, e o<br />

responsável pela operação.<br />

9) Realizar teste <strong>de</strong> controle da qualida<strong>de</strong> microbiológica, colocando placas<br />

<strong>de</strong> Petri ou por amostragens com swabs, analisando-se em laboratório,<br />

especializado.<br />

10) Programar o rodízio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfetantes, para garantir a eficiência da<br />

<strong>de</strong>sinfecção, e evitar o aparecimento <strong>de</strong> cepas <strong>de</strong> microrganismos<br />

resistentes a <strong>de</strong>terminados <strong>de</strong>sinfetantes.<br />

Existem dois sistemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção, um <strong>de</strong>les realizado por processo<br />

químico e o outro físico. A <strong>de</strong>sinfecção química é obtida utilizando-se os produtos<br />

químicos minerais, sintéticos ou naturais, enquanto que a <strong>de</strong>sinfecção física é<br />

procedida pelo calor e radiação solar.<br />

DESINFECÇÃO POR AGENTES FÍSICOS<br />

Radiação solar: Esta tem efeito germicida pelos raios ultravioletas. Em ambientes<br />

<strong>de</strong> laboratórios, existem lâmpadas ultravioletas, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfetar o<br />

local. Este método <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção é superficial, sua ação é lenta, e não penetra a<br />

fundo nos materiais. Nas criações extensivas, a pasto, a ação da luz solar sobre<br />

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microrganismos patógenos controla a ocorrência <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s nos animais,<br />

pois a sobrevivência dos microrganismos é bem maior quando abrigados da luz<br />

solar direta.<br />

Calor: Utilizado <strong>de</strong> diferentes maneiras, principalmente na forma <strong>de</strong> vapor sob<br />

pressão, ou ebulição em ambiente livre. O processo <strong>de</strong> compostagem sólida <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>jetos dos animais (esterco) e carcaças <strong>de</strong> animais mortos, também produz calor<br />

em sua profundida<strong>de</strong>, atingindo em média 70°C, <strong>de</strong>struindo <strong>de</strong>sta forma muitos<br />

microrganismos patogênicos. O calor também é utilizado no processo <strong>de</strong><br />

pasteurização, incineração e vassoura <strong>de</strong> fogo. Quanto ao frio, é utilizado apenas<br />

para retardar o crescimento dos microrganismos, sendo muito utilizado para<br />

conservação <strong>de</strong> alimentos.<br />

DESINFECÇÃO QUÍMICA<br />

A <strong>de</strong>sinfecção por meios químicos é a prática mais usual e efetiva em<br />

saú<strong>de</strong> animal. Atualmente há um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> produtos químicos à<br />

disposição no comércio para a prática da <strong>de</strong>sinfecção. Embora as marcas<br />

comerciais sejam as mais variadas, os princípios ativos são restritos,<br />

principalmente, a compostos fenólicos e <strong>de</strong>rivados do alcatrão <strong>de</strong> hulha,<br />

halogênios, álcoois e al<strong>de</strong>ídos, agentes tensoativo como os <strong>de</strong>tergentes, agentes<br />

oxidantes, <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> metais pesados, corantes, álcalis, ácido e ainda os<br />

compostos orgânico-naturais.<br />

CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DE UM DESINFETANTE<br />

Não existe o <strong>de</strong>sinfetante i<strong>de</strong>al, assim a escolha <strong>de</strong>verá recair sobre aquele<br />

que cumprir com maior número <strong>de</strong> requisitos à finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada, lembrando-se,<br />

entretanto que um bom <strong>de</strong>sinfetante, é aquele que na mesma concentração e no<br />

mesmo espaço <strong>de</strong> tempo elimina bactérias, vírus, fungos, protozoários e parasitos.<br />

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Características <strong>de</strong>sejáveis <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sinfetante:<br />

ser germicida.<br />

ser <strong>de</strong> baixo custo e <strong>de</strong> aplicação econômica (relação custo x benefício).<br />

ser atóxico para o homem e animais, não <strong>de</strong>vendo irritar a pele e<br />

mucosas.<br />

ser estável frente a matéria orgânica, pH, luz.<br />

ser solúvel em água.<br />

não conferir odor ou sabor aos alimentos e objetos.<br />

ter po<strong>de</strong>r residual.<br />

ser <strong>de</strong> fácil aplicação.<br />

apresentar po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração e rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> ação.<br />

não ser corrosivo.<br />

ser bio<strong>de</strong>gradável.<br />

MÉTODOS DE DESINFECÇÃO (TÉCNICAS)<br />

As técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção empregadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos objetos e dos<br />

materiais a serem <strong>de</strong>sinfetados, levando-se em consi<strong>de</strong>ração as necessida<strong>de</strong>s, e<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação. A seguir, as principais técnicas utilizadas:<br />

Pedilúvio: É colocado à porta das instalações para <strong>de</strong>sinfecção dos calçados das<br />

pessoas, mesmo para aqueles que trabalhem no próprio estabelecimento ou<br />

proprieda<strong>de</strong>. É muito importante no caso <strong>de</strong> visitas às proprieda<strong>de</strong>s rurais, pois<br />

muitas vezes os microrganismos po<strong>de</strong>m ser introduzidos nestas, pela sola dos<br />

calçados. É <strong>de</strong> uso rotineiro nas granjas <strong>de</strong> suínos e avícolas, e em caso <strong>de</strong><br />

exposições e feiras <strong>de</strong> animais.<br />

A prática do pedilúvio <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> rotina em granjas leiteiras para profilaxia<br />

e controle <strong>de</strong> afecções podais, como as podo<strong>de</strong>rmatite infecciosas. O pedilúvio<br />

<strong>de</strong>ve ser instalado no caminho <strong>de</strong> entrada ou retorno da sala <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha.<br />

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Rodolúvio: É utilizado na entrada das granjas para <strong>de</strong>sinfecção dos pneus <strong>de</strong><br />

veículos que a<strong>de</strong>ntram a proprieda<strong>de</strong>, evitando-se a veiculação <strong>de</strong> agentes<br />

infecciosos <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> rural para a outra.<br />

Imersão: Mergulham-se os objetos, na água em ebulição, ou na solução contendo<br />

o <strong>de</strong>sinfetante a ser utilizado.<br />

Pulverização: É obtida pulverizando-se o <strong>de</strong>sinfetante, por meio <strong>de</strong> bombas<br />

costais ou sob a forma <strong>de</strong> spray.<br />

Aspersão: Espalha-se o <strong>de</strong>sinfetante sobre o material a ser <strong>de</strong>sinfetado. Difere da<br />

pulverização, pois na aspersão, as partículas são menores.<br />

Fumigação: Aproveitam-se as emanações anti-sépticas obtidas <strong>de</strong> certas<br />

substâncias, por meio <strong>de</strong> gás. É obtida, por exemplo, com a queima <strong>de</strong> pastilhas e<br />

pó, <strong>de</strong> diversas composições. Geralmente é utilizado formol e permanganato <strong>de</strong><br />

potássio.<br />

PROPRIEDADES E USOS DOS <strong>DESINFETANTES</strong><br />

As proprieda<strong>de</strong>s dos <strong>de</strong>sinfetantes variam <strong>de</strong> acordo com o seu princípio<br />

ativo. A Tabela 2 ilustra as proprieda<strong>de</strong>s e usos <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>sinfetantes (O.I.E.,<br />

1986).<br />

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Tabela 2 – Proprieda<strong>de</strong>s e a indicação do uso dos <strong>de</strong>sinfetantes na prática da<br />

<strong>de</strong>sinfecção.<br />

PROPRIEDADES GLUTA-<br />

RALDEIDO<br />

CLORHE-<br />

XIDINA<br />

<strong>DESINFETANTES</strong><br />

49<br />

CLORO IODO FENOL AMÔNIA<br />

QUATER-<br />

NÁRIA<br />

FORMOL<br />

Bactericida + + + + + + +<br />

Fungicida + − − + + ± +<br />

Viricida + + ± + + ± +<br />

Toxicida<strong>de</strong> + − + − + − +<br />

Faixa <strong>de</strong> pH efetivo alcalino alcalino ácido ácido neutro alcalino alcalino<br />

Ação na presença matéria<br />

orgânica<br />

++++ + + +++ ++++ ++ ++++<br />

USOS<br />

Equipamentos <strong>de</strong><br />

incubatório<br />

+ + + + + + ±<br />

Desinfecção da água − + + + − + −<br />

Pessoas − + + + − + −<br />

Lavagem <strong>de</strong> ovos − + + − − + +<br />

Pisos + ± − − + + +<br />

Pedilúvio + − − − + + −<br />

Habitações + − ± + ± + +<br />

+ : Ativida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sinfetante<br />

− : Ausência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

± : Ativida<strong>de</strong> limitada a condições especiais<br />

Fonte: Código Zoosanitário Internacional -O.I.E. - 5a. ed., 1986.<br />

EFICÁCIA DOS <strong>DESINFETANTES</strong><br />

A eficácia dos <strong>de</strong>sinfetantes químicos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores, como:<br />

• Concentração ou diluição do produto: <strong>de</strong>ve-se seguir as recomendações<br />

do fabricante quanto à forma <strong>de</strong> aplicação, e o volume a ser utilizado.<br />

• Tempo <strong>de</strong> atuação ou exposição, seguindo-se as recomendações do<br />

fabricante.<br />

• Temperatura: a temperatura alta acelera o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção.


• Presença <strong>de</strong> matéria orgânica: a retirada prévia <strong>de</strong> sujida<strong>de</strong>s melhora a<br />

ação do <strong>de</strong>sinfetante.<br />

• Material a ser <strong>de</strong>sinfetado: quanto mais poroso o material, menor a<br />

eficácia do <strong>de</strong>sinfetante.<br />

• Sensibilida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microrganismos presentes no material ou<br />

ambiente a ser <strong>de</strong>sinfetado.<br />

• Educação sanitária dos usuários.<br />

IMPORTÂNCIA DA LIMPEZA PRÉVIA NO PROCESSO DE DESINFECÇÃO<br />

Antes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>sinfecção é importante que se faça uma limpeza<br />

prévia do local ou material a ser <strong>de</strong>sinfetado, pois além da maioria dos<br />

<strong>de</strong>sinfetantes, diminuírem a sua ação em presença <strong>de</strong> matéria orgânica, este<br />

procedimento elimina mecanicamente gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microrganismos<br />

presentes no local. A limpeza permite uma ação direta e mais eficiente do<br />

<strong>de</strong>sinfetante sobre os microrganismos presentes na superfície a ser <strong>de</strong>sinfetada.<br />

A limpeza po<strong>de</strong> ser realizada por varredura, lavagem com água e sabão ou<br />

<strong>de</strong>tergente, removendo-se fezes, restos <strong>de</strong> alimentos, gordura, entre outras<br />

sujida<strong>de</strong>s. Os resíduos contaminados não <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>ixados ao ar livre, pelo<br />

risco <strong>de</strong> contaminação imediata do local, ou pela dispersão dos contaminante,<br />

pelo vento ou água pluvial.<br />

RODÍZIO DE <strong>DESINFETANTES</strong><br />

Em um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong>vem ser ainda consi<strong>de</strong>rados alguns<br />

aspectos para se garantir o êxito da mesma. Não se <strong>de</strong>ve misturar, ou combinar<br />

<strong>de</strong>sinfetantes, pois este procedimento po<strong>de</strong> causar efeitos negativos, como a<br />

neutralização do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sinfetante, reação química produzindo subprodutos<br />

tóxicos; e ainda por po<strong>de</strong>r incrementar a resistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

microrganismos. Deve-se ainda evitar o uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfetantes tóxicos, irritantes<br />

e/ou com odores penetrantes, na presença <strong>de</strong> animais, reduzir o uso <strong>de</strong><br />

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<strong>de</strong>sinfetantes corrosivos, e empregar os produtos <strong>de</strong>sinfetantes com amplo<br />

espectro germicida, garantindo-se assim êxito no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção.<br />

<strong>DESINFETANTES</strong> QUÍMICOS<br />

1. Fenóis e <strong>de</strong>rivados do alcatrão <strong>de</strong> hulha:<br />

1.1. Fenol ou ácido carbólico: Foi <strong>de</strong>scoberto no alcatrão <strong>de</strong> hulha, sendo<br />

<strong>de</strong>nominado inicialmente como ácido carbólico. Foi o primeiro anti-séptico a ser<br />

usado em cirurgia asséptica.<br />

1.2. Cresol (ácidos cresílicos, tricresol): São os produtos <strong>de</strong>rivados do<br />

fenol mais conhecidos, e utilizados. Estes produtos são recomendados na<br />

<strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> pisos, esgotos e instalações sanitárias. A sua ação se baseia na<br />

combinação com a proteína celular bacteriana, <strong>de</strong>snaturando-a. A creolina ®<br />

contém 10% <strong>de</strong> cresóis e o lisol 50% <strong>de</strong> cresóis.<br />

1.3. Fenóis halogenados: A ativida<strong>de</strong> do fenol é aumentada, quando<br />

associado com halogênios, como o flúor, cloro, bromo e iodo. O hexaclorofeno é<br />

um difenol branco, cristalino que possui seis átomos <strong>de</strong> cloro. É inodoro e<br />

virtualmente insolúvel em água, porém solúvel em álcali, álcool e acetona. A<br />

alcalinida<strong>de</strong> do sabão é suficiente para conservar o hexaclorofeno em solução<br />

aquosa. O hexaclorofeno (0,75%), se incorpora em sabões sólidos e líquidos,<br />

cremes <strong>de</strong>tergentes como o Phisohex ® , e outros veículos para <strong>de</strong>sinfecção<br />

cutânea pré-operatória.<br />

Um grupo <strong>de</strong> microrganismos importantes em saú<strong>de</strong> animal e em saú<strong>de</strong><br />

pública são os Mycobacterium spp, que resistem muitas horas ou dias aos<br />

<strong>de</strong>sinfetantes comuns, sendo que os fenóis orgânicos conseguem inativá-los em<br />

30 minutos, se utilizados na concentração <strong>de</strong> 3% (ZANON et al., 1974).<br />

2. Alcalinos: Os álcalis são usados como <strong>de</strong>sinfetantes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos<br />

antigos. O mecanismo ação relaciona-se com a concentração <strong>de</strong> íon hidroxila.<br />

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Sabe-se que um pH superior a 9,0 inibe o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

maioria das bactérias. A maior parte do po<strong>de</strong>r anti-séptico dos sabões, se <strong>de</strong>ve ao<br />

seu conteúdo <strong>de</strong> álcali. Possuem um amplo espectro <strong>de</strong> ação, entretanto, não tem<br />

efeito sobre os esporos bacterianos. São recomendados para <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong><br />

pisos e pare<strong>de</strong>s das instalações. São tóxicos, corrosivos e irritantes, e não<br />

bio<strong>de</strong>gradáveis.<br />

2.1. Soda cáustica: A “lixívia <strong>de</strong> soda” encerra aproximadamente 94% <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> sódio e é amplamente utilizada. É indicada para <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong><br />

estábulos, em solução a 2% em água quente, durante 10 minutos. A eficiência da<br />

solução <strong>de</strong> lixívia po<strong>de</strong> ser aumentada com a adição <strong>de</strong> 1 Kg <strong>de</strong> cal, pois este<br />

retarda a conversão <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> sódio em carbonato <strong>de</strong> sódio, aumentando,<br />

conseqüentemente a sua ação <strong>de</strong>sinfetante.<br />

2.2. Carbonato <strong>de</strong> sódio: É conhecido comercialmente como “soda <strong>de</strong><br />

lavar”. Quando associado à lixívia aquecida, melhora-se o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sinfetante.<br />

É indicado sob forma <strong>de</strong> uma solução na concentração <strong>de</strong> 4%, para <strong>de</strong>sinfecção<br />

<strong>de</strong> instalações, e objetos contaminados.<br />

2.3. Cal (óxido <strong>de</strong> cálcio, cal viva): A cal viva (CaO), combinada com água,<br />

<strong>de</strong>senvolve gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor, transformando-se em Ca(OH)2 , cal<br />

apagada ou cal extinta, apresentando elevado valor <strong>de</strong>sinfetante. A cal comercial<br />

é um <strong>de</strong>sinfetante <strong>de</strong> baixo custo, e comumente utilizado para <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong><br />

estábulos e instalações dos animais. Po<strong>de</strong> ser aplicada como pó ou sob a forma<br />

<strong>de</strong> mistura espessa com água, conhecida como leite <strong>de</strong> cal. As gran<strong>de</strong>s vantagens<br />

da cal, como <strong>de</strong>sinfetante, são além <strong>de</strong> sua fácil disponibilida<strong>de</strong>, o baixo custo.<br />

A cal hidratada ou cal extinta: Quando misturada a quatro volumes <strong>de</strong> água,<br />

forma-se uma suspensão alcalina, <strong>de</strong>nominada água <strong>de</strong> cal. O leite <strong>de</strong> cal é obtido<br />

utilizando-se 2,5 litros <strong>de</strong> água para 9,0Kg <strong>de</strong> cal. Esta solução <strong>de</strong>ve ser<br />

preparada no momento <strong>de</strong> sua utilização, para não per<strong>de</strong>r o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ação.<br />

52


3. Al<strong>de</strong>ídos<br />

3.1. Formal<strong>de</strong>ido ou Formol: O formal<strong>de</strong>ido sob a forma gasosa tem<br />

excelente proprieda<strong>de</strong> bactericida e germicida. Possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reagir com<br />

o grupo amina da proteína celular, produzindo, assim, o efeito letal sobre as<br />

bactérias. O formal<strong>de</strong>ido (37% a 40%) mais água, recebe o nome <strong>de</strong> formalina,<br />

conhecido como formol comercial. Quando associado a <strong>de</strong>tergentes, melhora a<br />

sua eficiência. Para uso em instalações é recomendado nas concentrações entre<br />

4% a 10%.<br />

O mesmo é indicado para <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> incubadoras, câmaras assépticas<br />

e ambientes fechados, sendo muito utilizado na <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> galpões na criação<br />

<strong>de</strong> frangos. O gás <strong>de</strong>ve atuar por oito a <strong>de</strong>z horas no ambiente a ser <strong>de</strong>sinfetado.<br />

O formol, também tem aplicação em pedilúvio, principalmente para controle<br />

do Foot-Rot, doença dos ovinos, conhecida como podridão dos cascos, bem como<br />

para lesões podais <strong>de</strong> bovinos.<br />

3.2. Glutaral<strong>de</strong>ido: É um al<strong>de</strong>ído relativamente novo, sendo menos tóxico<br />

que o formol. O glutaral<strong>de</strong>ido tem largo espectro <strong>de</strong> ação, e é ativo na presença <strong>de</strong><br />

matéria orgânica. É bio<strong>de</strong>gradável, e seus resíduos contaminam alimentos.<br />

É usado na <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> instrumento cirúrgico, na instalação dos<br />

animais, equipamentos e salas <strong>de</strong> incubação.<br />

4. Halogênios e seus <strong>de</strong>rivados<br />

4.1. Iodo: É um germicida, com alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração, reagindo com o<br />

substrato protéico da célula bacteriana. É solúvel no álcool, e proporciona efetiva<br />

ação contra as bactérias existentes na pele íntegra.<br />

A tintura <strong>de</strong> iodo é muito utilizada para fins anti-sépticos, principalmente na<br />

<strong>de</strong>sinfecção do umbigo <strong>de</strong> animais recém-nascidos.<br />

53


4.2. Iodóforos ou Iodophor: São conhecidos como, transportadores <strong>de</strong> iodo,<br />

constituindo-se <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> iodo, com <strong>de</strong>tergentes e solubilizadores. Esta é<br />

a melhor forma <strong>de</strong> se utilizar o iodo principalmente na <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> instalações.<br />

A eficácia do iodo aumenta à medida que se diminui o pH. Em pH neutro ou<br />

alcalino, a ativida<strong>de</strong> antimicrobiana é mínima. Assim, os iodóforos <strong>de</strong>vem ser<br />

formulados como soluções ácidas, a fim <strong>de</strong> se obter maior eficácia. O ácido<br />

fosfórico é o mais freqüentemente utilizado para esta finalida<strong>de</strong>. Soluções <strong>de</strong><br />

iodóforos mantém boa ativida<strong>de</strong> bactericida na presença <strong>de</strong> matéria orgânica.<br />

Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar os iodóforos como substâncias seguras, com baixa<br />

toxicida<strong>de</strong>, sendo <strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> odor, e que apresentam boa estabilida<strong>de</strong>. São<br />

indicados, principalmente, para a <strong>de</strong>sinfecção dos tetos dos animais, antes (prédipping)<br />

e após a or<strong>de</strong>nha (pós-dipping), na prevenção e controle das mastites em<br />

rebanhos leiteiros.<br />

4.3. Cloro: Foi utilizado inicialmente, como alvejante na indústria têxtil. Teve<br />

suas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sinfetantes <strong>de</strong>monstradas sob condições laboratoriais, pelo<br />

bacteriologista alemão Kock, em 1881. Em 1886, a American Public Health<br />

Association aprovou o uso dos hipocloritos como <strong>de</strong>sinfetantes. Em 1908, foi<br />

introduzido o uso do cloro, na purificação da água consumida pela população dos<br />

Estados Unidos.<br />

As indústrias <strong>de</strong> laticínios e as <strong>de</strong> alimentos, rapidamente a<strong>de</strong>riram ao uso<br />

do cloro para melhorar a qualida<strong>de</strong> da água que utilizavam e, também, na<br />

higienização <strong>de</strong> pisos, pare<strong>de</strong>s, utensílios e equipamentos. Po<strong>de</strong> ser utilizado<br />

como <strong>de</strong>sinfetante, sob as formas <strong>de</strong> gás, compostos inorgânicos, e os orgânicos.<br />

Os principais compostos clorados, disponíveis no comércio, com suas<br />

respectivas porcentagens <strong>de</strong> cloro ativo em Cl2 , são apresentados na Tabela 3.<br />

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Tabela 3. Compostos clorados, com suas respectivas porcentagens <strong>de</strong> cloro ativo.<br />

inorgânicos<br />

Nome Químico % <strong>de</strong> cloro ativo em Cl2<br />

Hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />

Hipoclorito <strong>de</strong> cálcio<br />

Hipoclorito <strong>de</strong> lítio<br />

Fosfato trissódico clorado<br />

Dióxido <strong>de</strong> cloro<br />

Cloro gás<br />

orgânicos<br />

1 - 15<br />

70 - 72<br />

30 - 35<br />

3,5<br />

17<br />

100<br />

Nome Químico % <strong>de</strong> cloro ativo em Cl2<br />

Ácido Dicloroisocianúrico<br />

Ácido Tricloroisocianúrico<br />

Sulfonamida p-Tolueno <strong>de</strong> sódio (cloramina-T)<br />

Sulfonamida p-Tolueno (Dicloramina-T)<br />

Diclorodimetil Hidantoína<br />

70,9<br />

89 - 90<br />

24 - 26<br />

56 - 60<br />

66<br />

No Brasil, os hipocloritos, são amplamente usados na indústria <strong>de</strong> laticínios<br />

e nas proprieda<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> leite para <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> equipamentos,<br />

utensílios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha e higienização do úbere dos animais antes da or<strong>de</strong>nha. O<br />

hipoclorito <strong>de</strong> sódio é o mais usado, na forma líquida com teores <strong>de</strong> 1 a 15% <strong>de</strong><br />

cloro ativo, expresso em Cl2.<br />

Todos os compostos clorados, à exceção do dióxido <strong>de</strong> cloro, apresentam o<br />

mesmo mecanismo <strong>de</strong> ação. Quando estes produtos estão em solução aquosa,<br />

libera-se o ácido hipocloroso, em sua forma não dissociada, que apresenta<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetrar na célula bacteriana e <strong>de</strong>struí-la.<br />

O cloro é consi<strong>de</strong>rado como <strong>de</strong>sinfetante universal para a água, e a parte<br />

que permanece nesta, após período <strong>de</strong> ação média <strong>de</strong> 20 minutos, constitui o<br />

cloro livre, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sinfetante. Nas concentrações recomendadas, os<br />

hipocloritos <strong>de</strong>sinfetam superfícies limpas. Quando há consi<strong>de</strong>rável resíduo <strong>de</strong><br />

matéria orgânica e/ou minerais, estas se combinam à solução <strong>de</strong> cloro, dando<br />

origem ao cloro combinado, que apresenta baixa ação <strong>de</strong>sinfetante.<br />

55


5. Clorhexidina<br />

O cloridrato <strong>de</strong> clorhexidina é um composto sintético. Quimicamente é o<br />

dicloridrato <strong>de</strong> 1,1-hexametil-enobis (p-clorofenil) biguanida. Tem reação alcalina,<br />

é levemente hidrossolúvel e relativamente atóxico. A clorhexidina é ativa contra<br />

diversas bactérias gram-positivas e gram-negativas, e outros microrganismos.<br />

Tem boa ação na presença <strong>de</strong> matéria orgânica.<br />

A clorhexidina <strong>de</strong>monstrou ser útil na <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> equipamentos e<br />

instalações contaminadas, panos <strong>de</strong> limpeza do úbere e equipamentos <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>nha. Tem boa ação no controle da mastite, pela imersão das tetas após a<br />

or<strong>de</strong>nha (pós-dipping). Normalmente, a concentração recomendada para esta<br />

finalida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 0,2% a 1% (RADOSTITS & BLOOD, 1986). A redução <strong>de</strong> novas<br />

taxas <strong>de</strong> infecção na mastite bovina foi significativa com a utilização <strong>de</strong> digliconato<br />

<strong>de</strong> clorhexidina a 0,5% com glicerina a 6% (HICKS et al., 1981).<br />

6. Substâncias tensoativas ou <strong>de</strong>tergentes<br />

As substâncias tensoativas possuem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir a tensão<br />

superficial dos líquidos. Tem boa solubilização, dispersão, emulsificação e<br />

umectação. Classifica-se em substâncias: aniônicas, catiônicas, não iônicas e<br />

anfóteras.<br />

6.1. Compostos <strong>de</strong> amônio quaternário: São substâncias tensoativas<br />

catiônicas, <strong>de</strong> baixa tensão superficial, que atuam aumentando a permeabilida<strong>de</strong><br />

da membrana celular dos microrganismos, possibilitando a hidratação das células<br />

e sua implosão com perda <strong>de</strong> nitrogênio e potássio, e inativação do sistema<br />

enzimático bacteriano. Os compostos <strong>de</strong> amônio quaternário mais conhecidos<br />

são: cloreto <strong>de</strong> benzetônio e o cloreto <strong>de</strong> benzalcônio.<br />

6.2. Substâncias aniônicas ou sabões e <strong>de</strong>tergentes: O mecanismo <strong>de</strong> ação<br />

é similar aos catiônicos, mas com ativida<strong>de</strong> bactericida fraca, provavelmente, por<br />

56


serem repelidos pela carga elétrica negativa da superfície bacteriana. São<br />

eficientes na eliminação da maioria dos microrganismos da pele. Não funcionam<br />

em água dura, ou seja, naquelas com altas concentrações <strong>de</strong> cálcio e magnésio.<br />

Possuem grupo polar COO− ou SO2 −. São mais ativos quando constituídos à<br />

base <strong>de</strong> ácidos graxos insaturados, como por exemplo, ácido oleico. Não são<br />

bio<strong>de</strong>gradáveis.<br />

6.3. Substâncias anfóteras: Possuem um grupo catiônico, que é<br />

responsável pela ação bactericida; e um grupo aniônico, responsável pelo efeito<br />

<strong>de</strong>tergente. O pH consi<strong>de</strong>rado ótimo para atuação <strong>de</strong>sses compostos é variável e<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> grupos nitrogenados. O do<strong>de</strong>cil-glicina atua melhor em pH<br />

= 3,0, enquanto que o do<strong>de</strong>cil-diamino-etil-glicina age em faixas <strong>de</strong> pH entre 9,0 a<br />

9,5.<br />

7. Álcoois<br />

Os álcoois alifáticos comuns são bons solventes anti-sépticos e<br />

<strong>de</strong>sinfetantes. O álcool etílico ou etanol é tradicionalmente o mais comum e<br />

também o mais utilizado. É conhecido, ainda, como álcool <strong>de</strong> cereal, porque é<br />

produzido pela fermentação <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> cereais. Os álcoois possuem pronunciada<br />

ação bacteriana.<br />

O etanol é comumente usado na diluição <strong>de</strong> 70%. Aparentemente, os<br />

álcoois produzem seu efeito pela <strong>de</strong>snaturação <strong>de</strong> proteínas solúveis, e<br />

diminuição da tensão superficial.<br />

O álcool a 70% é consi<strong>de</strong>rado como bom anti-séptico, tendo a sua ação<br />

melhorada quando adicionado <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong> tintura <strong>de</strong> iodo; conhecido como álcool<br />

iodado. É muito recomendado como anti-séptico da pele, e <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong><br />

material clínico-cirúrgico.<br />

57


8. Substâncias oxidantes<br />

8.1. Água oxigenada (H2O2) ou peróxido <strong>de</strong> hidrogênio: Pela ação da<br />

catalase existente nas bactérias ou em tecidos orgânicos, nos casos <strong>de</strong><br />

ferimentos, sangue e pus, ocorre a liberação <strong>de</strong> oxigênio nascente, promovendo a<br />

<strong>de</strong>sinfecção por oxidação. A água oxigenada, na concentração <strong>de</strong> 3%, tem<br />

indicação principalmente como anti-séptico e também na limpeza, pelo<br />

borbulhamento <strong>de</strong> lesões, e feridas. Sua ação é rápida e instável, não sendo<br />

corrosiva nem tóxica. É bio<strong>de</strong>gradável. É muito utilizada na limpeza e <strong>de</strong>sinfecção<br />

<strong>de</strong> feridas, entretanto o seu espectro <strong>de</strong> ação é reduzido, não agindo também<br />

sobre esporos.<br />

8.2. Permanganato <strong>de</strong> potássio (KMnO4) : Ocorre sob a forma <strong>de</strong> cristais<br />

púrpura-escuros, que são solúveis em água na proporção <strong>de</strong> 1:15. É um oxidante<br />

enérgico com ação <strong>de</strong>sinfetante e <strong>de</strong>sodorizante. Em contato com a matéria<br />

orgânica libera oxigênio. Não penetram profundamente, apresentando somente<br />

ação superficial. Depen<strong>de</strong>ndo da sua concentração, as soluções po<strong>de</strong>m ser<br />

bacteriostáticas, adstringentes, irritantes ou cáusticas.<br />

8.3. Ozônio (O3) : Decompõe-se facilmente liberando oxigênio nascente. É<br />

usado principalmente na <strong>de</strong>sinfecção do ar e da água. A sua ação tóxica, o<br />

impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser utilizado na <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> locais habitados.<br />

9. Compostos orgânicos naturais<br />

Na natureza encontram-se muitos compostos complexos orgânicos, <strong>de</strong><br />

origem vegetal, com características bactericida e germicida. QUINTERO (1994),<br />

aponta alguns fitofarmacos recentemente estudados com características<br />

germicidas:<br />

58


Extrato <strong>de</strong> sementes cítricas: Grapefruit (Citrus paradise), Bergamot<br />

(Citrus aurantium), Tangerina (Citrus reticulata), Laranja (Citrus<br />

sinensis).<br />

Extrato <strong>de</strong> Andrografis peniculata, planta da Índia, estudada em 1992<br />

por Kumar & Prassad, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bhagalpur, Índia.<br />

Extrato fluído <strong>de</strong> alecrim (Rosmarinus off)<br />

Extrato fluído <strong>de</strong> angélica (Angélica off)<br />

Extrato fluído <strong>de</strong> eucalipto (Eucalyptus globulus)<br />

9.1. Extrato <strong>de</strong> sementes cítricas (Kilol ® ): Trata-se <strong>de</strong> um composto<br />

complexo orgânico-natural, extraído <strong>de</strong> frutas cítricas brasileiras, ativadas por<br />

processo biológico e estabilizado por métodos físico-químicos. Foi <strong>de</strong>senvolvido<br />

pela Quinabra - Química Natural Brasileira Ltda., em São José dos Campos, SP. É<br />

integrado por traços orgânico-químicos, classificados como GRAS (Generally<br />

Recognized As Grass) pela F.D.A. (Food and Drug Administration) dos Estados<br />

Unidos, a saber: ácido ascórbico, bioflavonói<strong>de</strong>s cítricos, ácido cítrico, pectina<br />

cítrica, aminoácidos e grupos aminas, ácidos graxos e glicerí<strong>de</strong>os, tocoferóis e<br />

açucares.<br />

59


Utilização <strong>de</strong> diferentes <strong>de</strong>sinfetantes em algumas enfermida<strong>de</strong>s infecciosas dos<br />

animais (COSTA, 1987).<br />

Doenças Desinfetantes<br />

Febre aftosa<br />

Carbonato <strong>de</strong> sódio a 4%<br />

Hidróxido <strong>de</strong> sódio a 2%<br />

Óxido <strong>de</strong> cálcio a 5%<br />

Iodophor<br />

Cresóis a 10%<br />

Formol a 10%<br />

Tuberculose Cresóis a 3%<br />

Iodophor<br />

Fenóis orgânicos a 3% (Tersyl) - Fonte: Corrêa & Corrêa, 1984.<br />

Brucelose Carbonato <strong>de</strong> sódio a 2%<br />

Fenol a 1%<br />

Formol a 2%<br />

Permanganato <strong>de</strong> potássio 1:5000<br />

Álcool etílico (mãos, materiais clínico-cirúrgico).<br />

Peste suína Carbonato <strong>de</strong> sódio a 4%<br />

Hidróxido <strong>de</strong> sódio a 2%<br />

Cloro a 3%<br />

Formol a 10%<br />

Fenol a 3%<br />

Doença <strong>de</strong><br />

Aujeszky<br />

Doença <strong>de</strong><br />

Newcastle<br />

Hidróxido <strong>de</strong> sódio a 3%<br />

Cal a 2%<br />

Formol a 1%<br />

Hipoclorito <strong>de</strong> sódio a 3%<br />

Fenol a 5%<br />

Amônio quaternário<br />

Iodophor<br />

Formol a 2%<br />

Permanganato <strong>de</strong> potássio a 1:5000<br />

Hidróxido <strong>de</strong> sódio a 2%<br />

Cal<br />

Amônio quaternário a 1% para ban<strong>de</strong>ja <strong>de</strong> ovos, bebedouros e<br />

comedouros.<br />

Lixívia <strong>de</strong> soda a 5%<br />

60


BIBLIOGRAFIA<br />

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