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ICS da UL - Análise Social - Universidade de Lisboa

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Manuel Villaver<strong>de</strong> Cabral<br />

É necessário ter em mente essas distinções a fim <strong>de</strong> medir com rigor o<br />

grau <strong>de</strong> social closure <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, como fazem tanto Erikson e<br />

Goldthorpe como Olin Wright (e Estanque e Men<strong>de</strong>s), mas elas não <strong>de</strong>vem<br />

servir para minimizar, em nome <strong>da</strong> pureza teórica, os inegáveis efeitos<br />

empíricos <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> absoluta sobre as atitu<strong>de</strong>s e comportamentos <strong>de</strong><br />

classe, bem como as transformações <strong>da</strong> estrutura social associa<strong>da</strong>s à mobili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

social.<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar a apresentação dos principais resultados relativos à<br />

mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> social em Portugal, convém finalmente apresentar o esquema <strong>de</strong><br />

seis classes a que cheguei, a<strong>da</strong>ptando o esquema <strong>de</strong> Goldthorpe aos condicionalismos<br />

<strong>da</strong> base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos disponível, nomea<strong>da</strong>mente a impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregar as ocupações agrícolas dos outros sectores económicos por<br />

falta <strong>de</strong> informação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Estou em crer que este inconveniente é menos<br />

grave para a <strong>de</strong>terminação dos lugares <strong>de</strong> classe dos inquiridos do que para<br />

a dos seus pais, <strong>de</strong>vido à drástica diminuição <strong>da</strong> população agrícola masculina<br />

a tempo completo nas duas últimas déca<strong>da</strong>s 19 .<br />

Da proposta <strong>de</strong> Goldthorpe retivemos, pois, o princípio básico <strong>da</strong> constituição<br />

dos lugares <strong>de</strong> classe segundo os dois gran<strong>de</strong>s eixos que opõem, por<br />

um lado, os trabalhadores assalariados às ocupações não assalaria<strong>da</strong>s (parece-me,<br />

por exemplo, completamente ultrapassa<strong>da</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Olin Wright,<br />

retoma<strong>da</strong> por Estanque e Men<strong>de</strong>s, a respeito <strong>de</strong> uma burguesia constituí<strong>da</strong><br />

por «não-trabalhadores») e, por outro lado, a oposição clássica mas fun<strong>da</strong>mental<br />

entre trabalhadores manuais e não manuais.<br />

A proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou melhor, o facto <strong>de</strong> os titulares <strong>de</strong> ocupações não assalaria<strong>da</strong>s<br />

empregarem muitos assalariados, poucos ou nenhuns, servirá, por<br />

seu turno, para diferenciar entre, respectivamente, a burguesia (à qual associámos<br />

as profissões liberais, <strong>de</strong>vido aos elevados capitais escolares e sociais<br />

que possuem, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do número <strong>de</strong> assalariados que empreguem),<br />

a pequena burguesia (entendi<strong>da</strong>, portanto, como pequeno patronato)<br />

e os in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (entendidos como trabalhadores por conta própria sem<br />

assalariados).<br />

Relativamente ao esquema inicial <strong>de</strong> onze classes <strong>de</strong> Goldthorpe (v. acima,<br />

p. 5), as nossas classes I e II correspon<strong>de</strong>m às mesmas do esquema; a nossa<br />

classe III correspon<strong>de</strong>, basicamente, à classe IVa <strong>de</strong> Goldthorpe, com pequenas<br />

diferenças relativas ao sector agrícola, que não foi possível distinguir dos<br />

outros, e ao facto <strong>de</strong>, no esquema <strong>de</strong>le, não ser feita distinção entre os «pequenos<br />

proprietários» que empregam ou não assalariados; a nossa classe IV<br />

19 E é esta última que importa, sobretudo, para a caracterização <strong>da</strong> estrutura sócio-económica,<br />

como <strong>de</strong>monstrou S. Kuznets, Economic Development, the Family and Income<br />

388 Distribution, Cambridge, Cambridge University Press, 1989.

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