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“Quando soube,<br />
parecia que me<br />
tinham tirado<br />
o chão debaixo<br />
dos pés num<br />
segundo„<br />
“Sou bastante<br />
optimista.<br />
Acredito que<br />
ele vai vencer<br />
a doença„<br />
À direita, Matias<br />
com o pai durante uma ida<br />
à neve. Gonçalo Manahu<br />
tem mais um fi lho,<br />
Bernardo, de 13 anos,<br />
do seu primeiro<br />
casamento<br />
G.M. – Não tem a ver com a efi cácia ou não<br />
do tratamento. Ao fi m de alguns dias – 15 ou<br />
20, já não sei precisar –, conforme as primeiras<br />
respostas, eles classifi cam a doença de baixo,<br />
médio ou alto risco. O Matias foi enquadrado<br />
no alto risco, embora num intervalo baixo.<br />
<strong>Lux</strong> – Se não for feito esse transplante, o que<br />
é que pode acontecer?<br />
G.M. – Podem acontecer várias coisas. Em Abril,<br />
o Matias termina a quimioterapia. Não havendo<br />
até lá um dador, ele passará a fazer<br />
algo a que eles chamam manutenção. Passa a<br />
fazer uma vida normal, a ir à escola... Não<br />
havendo transplante, como ele é um doente<br />
de alto risco e deveria ser transplantado,<br />
pode haver uma recaída. E isso pode acontecer<br />
passado um mês, um ano, dois... Só ao<br />
fi m de dez anos sem recaídas é que os médicos<br />
o podem considerar curado. Daí que com<br />
o transplante fi caria, à partida, com 90% de<br />
hipóteses de nunca mais ter recaídas, ou seja,<br />
praticamente de cura.<br />
<strong>Lux</strong> – Na altura viram se todos os membros<br />
da família eram compatíveis e podiam doar<br />
medula ao Matias?<br />
G.M. – Não. Só os pais e o meio-irmão, o<br />
meu filho Bernardo, é que fazem os testes.<br />
A partir daí, qualquer familiar tem tanta<br />
possibilidade de ser compatível como outra<br />
pessoa. Mas nenhum de nós é compatível.<br />
A probabilidade, mesmo assim, era pequena.<br />
É, obviamente, maior do que a de outra pessoa<br />
qualquer, mas não é tão grande quanto isso.<br />
<strong>Lux</strong> – Quando é que decidiram iniciar uma<br />
campanha que até chegou a um concerto<br />
do Tony Carreira?<br />
G.M. – A partir do momento em que foi feita<br />
a primeira busca à base mundial e se viu que<br />
não havia nenhum dador compatível, começámos<br />
a fazer campanhas no colégio dele,<br />
no do irmão, em empresas... Até que depois<br />
apareceu esta hipótese do concerto do Tony<br />
Carreira, através de uns amigos de uns primos<br />
meus. Foi mais uma forma de dar visibilidade<br />
à campanha. Ela tem o rosto do Matias mas,<br />
no fundo, é para qualquer um. Ao aumentarmos<br />
a base da dados, estamos a ajudar outras<br />
pessoas que precisam. O que queremos<br />
neste momento é angariar o máximo de dadores<br />
possíveis para aumentarmos a hipótese<br />
de encontrar um compatível.<br />
<strong>Lux</strong> – Quer sentir que fez tudo para salvar<br />
o seu fi lho?<br />
G.M. – Pelo menos, tento. Tudo, tudo, não<br />
farei. Se calhar há mais coisas que posso<br />
fazer e que ainda não descobri. Mas neste<br />
momento também já não estará muito mais<br />
nas nossas mãos.<br />
<strong>Lux</strong> – Como é que explicou ao Matias que ele<br />
está doente?<br />
G.M. – Obviamente que ele não sabe a gravidade<br />
da doença que tem. Sabe que tem um<br />
bichinho lá dentro que tem de desaparecer.<br />
É apenas isso que sabe. Sabe que é uma coisa<br />
que demora, mas não sabe a gravidade<br />
do que tem.<br />
<strong>Lux</strong> – Tem sofrido efeitos secundários<br />
decorrentes da quimioterapia?<br />
G.M. – Nós tivemos muita sorte! O Matias foi o<br />
primeiro no IPO a entrar num protocolo novo<br />
em que os médicos baralham a ordem em<br />
que dão os diferentes tipos de quimioterapia.<br />
O que é que se pretende com isso? Que haja<br />
menos efeitos secundários decorrentes dos<br />
tratamentos. E, de facto, o Matias não tem<br />
praticamente nenhum efeito secundário.<br />
Os médicos até estão espantados.<br />
<strong>Lux</strong> – Mas tem algum?<br />
G.M. – Ligeiros. Teve alguma falta de apetite<br />
na primeira fase, que é a mais violenta, até<br />
porque o corpo não está habituado aos tratamentos.<br />
Durante o primeiro mês ele fi cou<br />
mais debilitado e fraco. Mas passada essa<br />
fase, ele tem reagido muito bem. Não faz infecções<br />
nem febres, poucas vezes está enjoado...<br />
Nesse aspecto tem passado bastante<br />
bem. E não tem tido necessidade de estar<br />
internado, a não ser quando são os ciclos de<br />
repetição, que tem de fazer em internamento.<br />
Só nestes últimos dias é que lhe apareceu<br />
uma bactéria hospitalar e teve de ser internado<br />
no IPO, onde está há 15 dias. Está lá por<br />
uma questão de precaução, para ser vigia-