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Ano 6 Ed 070 Fev 2006 - Colégio Pena Branca

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Jornal de Umbanda Sagrada São Paulo, <strong>Fev</strong>ereiro de <strong>2006</strong> Página -3<br />

Um rei tinha quatro esposas,<br />

sendo que ele amava intensamente<br />

a quarta delas. Freqüentemente,<br />

dava-lhes lindos presentes, jóias e<br />

roupas caras. Oferecia à sua amada<br />

tudo de bom e melhor...<br />

Ele também amava muito sua<br />

terceira esposa e gostava de exibíla<br />

aos reinados vizinhos. Contudo,<br />

temia que algum dia ela o deixasse<br />

para acompanhar outro rei...<br />

Ele também amava sua segunda<br />

esposa. Ela era sua confidente e<br />

estava sempre à disposição dele,<br />

com amabilidade e ciência. Todas as<br />

vezes que tinha de enfrentar algum<br />

problema, era nela que confiava<br />

para atravessar os tempos de dificuldades...<br />

A primeira esposa era uma parceira<br />

muito leal e fazia tudo que estava<br />

ao seu alcance para manter o rei<br />

LIÇÕES DE VIDA<br />

Um Rei<br />

muito rico e poderoso. Mas ele não<br />

amava a primeira esposa e apesar<br />

de ela o amar profundamente, mal<br />

tomava conhecimento dela.<br />

Certo dia, o rei adoeceu e percebeu<br />

que seu fim estava próximo.<br />

Pensou em toda a luxúria da sua vida<br />

e ponderou: “É, agora eu tenho<br />

quatro esposas comigo, mas quando<br />

eu morrer, eu ficarei sozinho”. Então,<br />

ele perguntou a quarta esposa:<br />

- Eu amei tanto você, querida...<br />

cobri-a das mais finas roupas e jóias...<br />

mostrei o quanto eu a amava,<br />

cuidando bem de você... agora que<br />

eu estou morrendo, você é capaz<br />

de morrer comigo para não me deixar<br />

sozinho?<br />

- De jeito nenhum! – respondeu,<br />

e saiu do quarto sem sequer olhar<br />

para trás...<br />

A resposta da amada cortou o<br />

coração do rei tal como uma faca<br />

afiada. Tristemente, o soberano en-<br />

tão indagou a terceira esposa:<br />

- Eu também amei tanto você a<br />

vida inteira... Agora que eu estou<br />

morrendo, você é capaz de morrer<br />

comigo para não me deixar sozinho?<br />

- Não! – foi a resposta. – A vida<br />

é boa demais! Quando você morrer,<br />

eu vou me casar com outro novamente.<br />

O coração do rei sangrou e congelou-se<br />

de tanta dor. Ele perguntou,<br />

então, a segunda esposa:<br />

- Eu sempre recorri a você<br />

quando precisei de ajuda... e<br />

você sempre esteve ao meu<br />

lado... quando eu morrer, você<br />

é capaz de morrer comigo para<br />

me fazer companhia, querida?<br />

- Sinto muito, mas, desta<br />

vez, não posso fazer o que<br />

você quer! – respondeu a<br />

segunda esposa. – O máximo<br />

que eu posso fazer é enterrar<br />

você.<br />

Essa resposta veio como<br />

um trovão na cabeça do rei e<br />

ele ficou arrasado. Nesse<br />

instante, uma voz se fez ouvir:<br />

- Eu partirei com você e o<br />

seguirei onde for.<br />

O rei levantou os olhos e lá<br />

estava sua primeira esposa, tão ma-<br />

grinha, tão mal nutrida, tão sofrida.<br />

E com o coração partido, o rei desabafou:<br />

- Eu deveria ter cuidado muito<br />

melhor de você, quando ainda podia.<br />

Na verdade... todos nós temos<br />

quatro esposas em nossas vidas. A<br />

quarta esposa é nosso corpo. Apesar<br />

de todos os esforços que fazemos<br />

para mantê-lo saudável, ele nos<br />

deixará quando morrermos.<br />

Nossa terceira esposa são as<br />

posses, as propriedades, a riqueza.<br />

Quando morrermos, tudo isso vai pa-<br />

ra os outros.<br />

Nossa segunda esposa são a família<br />

e os amigos. Apesar de nos amarem<br />

muito e estarem sempre nos<br />

apoiando, o máximo que eles podem<br />

fazer é enterrar nosso corpo quando<br />

morrermos.<br />

E nossa primeira esposa é o<br />

espírito, muitas vezes o deixamos<br />

de lado, ele fica lá no fundo, esquecido,<br />

pois durante toda nossa vida<br />

buscamos primeiramente a Riqueza,<br />

o Poder e os Prazeres do nosso ego.<br />

É nele que cabe Deus.<br />

Dostoiévski já dizia: “ todo homem<br />

tem dentro de si um vazio do<br />

tamanho de Deus.”<br />

<strong>Pena</strong> que muitas vezes só consideramos<br />

isso quando estamos para<br />

deixar este mundo. Apesar de tudo,<br />

é a única coisa que sempre irá<br />

conosco, não importa onde formos.<br />

Então, cultive-o, fortaleça-o e acima<br />

de tudo, alimente-o.<br />

Dê o verdadeiro sentido à sua<br />

vida agora! Este é o maior presente<br />

que você pode dar ao mundo e,<br />

principalmente, a si mesmo...<br />

CABOCLO MIRIM: Um digno lugar na História<br />

SERGIO NAVARRO TEIXEIRA um carinho enorme pelos seus filhos<br />

Caro Alexandre: Acompanho com<br />

admiração seu trabalho em prol da<br />

divulgação e integração dos umbandistas.<br />

E é para pessoas como você,<br />

que tem essa enorme responsabilidade<br />

de acrescentar, sempre mais, um<br />

“tijolinho” nesta enorme obra que é a<br />

nossa querida Umbanda, a quem dirijo<br />

o texto abaixo, pois sei que saberá<br />

encaminhá-lo a quem de direito, a fim<br />

de que possamos resgatar, com justiça,<br />

a História de nossa religião. Um grande<br />

abraço deste irmão, Sergio.<br />

Na formação da identidade de um<br />

povo, era precioso o conhecimento<br />

oral, passado dos mais velhos aos mais<br />

jovens, como forma de não se perder<br />

o contato com suas origens e manter<br />

os antepassados vivos na memória.<br />

Dizem ainda que a História da<br />

Humanidade sempre foi escrita pelos<br />

conquistadores, pelos vitoriosos. Uma<br />

regra que não se aplica em tempos de<br />

paz, nem pode ser regra para a<br />

formação cultural de todos nós, filhos<br />

de Fé da nossa querida Umbanda.<br />

Sou apenas um humilde estudioso<br />

da religião, mas já aprendi que<br />

Umbanda é vida e movimento, é crescimento<br />

e evolução, sem dúvida<br />

alguma! E na atual fase da nossa<br />

religião, é bonito de se ver uma nova<br />

geração de filhos trabalhando para<br />

elevar a nossa mãe Umbanda a um<br />

patamar que sempre mereceu estar.<br />

Filhos que olham para frente sem<br />

esquecer o passado, lembrando de<br />

tudo aquilo que hoje são memórias em<br />

nossos corações, mas que continuam<br />

mensagens atuais e eternas nas palavras<br />

de nossos queridos Guias e Protetores,<br />

verdadeiros dirigentes do Movimento<br />

Umbandista!<br />

Em 1982 ingressei na Tenda Mirim<br />

no Rio de Janeiro, dirigida por aquele<br />

senhor de fisionomia austera, mas de<br />

de Fé. “Seu” Benjamim Figueiredo já<br />

era um senhor idoso, mas quanta<br />

energia, quanto domínio tinha aquele<br />

Caboclo incorporado em um corpo tão<br />

frágil! Caboclo Mirim ainda conduzia<br />

com vigor todos os trabalhos, nas Giras<br />

e nas sessões de caridade! Claro que<br />

aos 15, 16 anos de idade, ainda não<br />

podia compreender toda a grandeza<br />

do trabalho e da obra daquele ser de<br />

Luz, que veio plantar tão linda Escola<br />

nestas terras de Santa Cruz. Após o desencarne<br />

do Sr. Benjamim, comecei a<br />

procurar entender o legado de Mestre<br />

Mirim, comparando tudo aquilo que<br />

sentia em meu coração, com o que<br />

meus guias me traziam e com a narrativa<br />

daqueles que ao seu lado estiveram. E<br />

muito além de paredes de um templo,<br />

pude constatar: Que grande obra<br />

deixou o Caboclo Mirim!<br />

Este manifesto não visa defender<br />

que a Escola de Mirim seja melhor do<br />

que qualquer outra. Acredito que é na<br />

diversidade que reside a riqueza da<br />

nossa religião, como as mais variadas<br />

flores que compõe um só belo jardim!<br />

Sei que em algum momento, na<br />

juventude da nossa religião, os ânimos<br />

dos dirigentes estiveram exaltados na<br />

defesa de suas posições e de seus<br />

pontos-de-vista. No passado ainda se<br />

imaginava uma Umbanda unificada,<br />

centralizada tal qual a Federação<br />

Espírita Brasileira no Kardecismo. E sei<br />

que grandes abismos foram criados<br />

dentre os diversos grupos atuantes na<br />

nossa religião. Aliás, pouca coisa mudou<br />

nesse sentido... Mas mesmo assim, os<br />

verdadeiros dirigentes da nossa<br />

Umbanda, nossos queridos Caboclos e<br />

Pretos-Velhos, foram conseguindo<br />

trazer sua mensagem, levantando<br />

pouco a pouco o véu da ignorância<br />

dos Homens, principalmente para todos<br />

aqueles de boa-vontade!<br />

Quando se apresentou ao meio<br />

umbandista em 1924, é possível que a<br />

escola de Caboclo Mirim tenha chocado<br />

muita gente. Caboclo Mirim devia<br />

mesmo estar muito a frente de seus<br />

tempo, já que naqueles dias ainda<br />

imperavam rituais muito rústicos tais<br />

como matanças de animais, raspagens<br />

de cabeça e babalorixás ainda muito<br />

afeitos ao Candomblé, e pouco afinados<br />

com a verdadeira Umbanda.<br />

Mestre Mirim pôs em prática um<br />

ritual mais “limpo”, onde não havia o<br />

sincretismo com as imagens católicas,<br />

seus médiuns se vestiam de forma sóbria,<br />

de uniforme branco e sem aquelas<br />

centenas de guias ao pescoço. A<br />

hierarquia no terreiro foi dividida em<br />

sete graus de iniciação, onde o médium<br />

ia ascendendo ao ritmo de seu próprio<br />

desenvolvimento espiritual: sem<br />

camarinha, “obrigações” ou “recolhimentos”.<br />

Suas Sessões de Caridade sempre<br />

foram muito produtivas, pois todos<br />

davam sua contribuição para alcançar<br />

o bem-estar e a cura de seu semelhante:<br />

do encarnado ao desencarnado, do<br />

Caboclo ao Exu, todos participavam<br />

simultaneamente do atendimento ao<br />

público, com discrição e perfeita harmonia.<br />

Os atabaques só soavam nas<br />

grandiosas Giras mensais, onde dezenas,<br />

talvez centenas de médiuns confraternizavam<br />

com a espiritualidade, recebendo<br />

as bênçãos de seus Guias, na<br />

vibração das Sete Linhas da Umbanda!<br />

Penso inclusive que Mestre Mirim<br />

preparou o terreno para a corrente espiritual<br />

que viria a ser conhecida como<br />

“Umbanda Esotérica”. É fato que, já em<br />

1941, no Primeiro Congresso Brasileiro<br />

do Espiritismo de Umbanda, surgiu pela<br />

primeira vez a expressão AUM-<br />

BANDHÃ, da língua sânscrita, como<br />

sendo a origem do vocábulo UM-<br />

BANDA. Tal tese foi apresentada pelo<br />

Primado de Umbanda, fundado pelo<br />

Caboclo Mirim, e é até hoje aceita por<br />

diversas correntes umbandistas.<br />

Por todo o exposto, pergunto aos<br />

meus irmãos umbandistas:<br />

Como é possível esquecer uma<br />

Escola tão profícua, tão bela em seus<br />

mistérios e na sua simplicidade, como a<br />

Escola de Mestre Mirim?<br />

Como uma semente que germinou<br />

por toda a nossa nação, que foi, e é a<br />

raiz que originou dezenas de<br />

grupamentos umbandistas pode ser<br />

negada?<br />

Como um líder, que desde de 1924<br />

dirigiu centenas de irmãos de Fé nas<br />

dezenas de casas afiliadas e co-irmãs,<br />

em torno de Congressos e Organizações,<br />

do porte do Primado de<br />

Umbanda, pode ser apagado da História<br />

da nossa religião?<br />

Não há resposta. Não é possível.<br />

Mas está acontecendo, lentamente... Em<br />

tempos de globalização e da<br />

democratização da informação, não<br />

encontro uma só referência ao trabalho<br />

realizado por Benjamim Gonçalves<br />

Figueiredo e pelo Caboclo Mirim, nos<br />

difíceis anos de consolidação e<br />

divulgação da Umbanda. Eu desafio:<br />

podem procurar nos relatos da História<br />

da Umbanda, em livros dos principais<br />

autores umbandistas, nas matérias das<br />

revistas ou nos sites das diversas<br />

organizações de nossa religião.<br />

Hoje temos Internet, rádio, revistas<br />

e livros que levam às novas gerações<br />

o que é e o que esperamos da<br />

nossa religião. Na História da Umbanda,<br />

todos citam, merecidamente, o<br />

respeitado Sr. Zélio Fernandino de<br />

Moraes e o grande Caboclo das Sete<br />

Encruzilhadas, um dos pilares de nossa<br />

fé. Mas como num lapso de tempo, há<br />

um salto até meados de 1950, com a<br />

divulgação da obra do nobre W.W. da<br />

Matta e Silva, como se nada houvesse<br />

ocorrido em 50 anos de Umbanda!<br />

Seria por que, a exemplo do Sr.<br />

Zélio, o Sr. Benjamim não foi um grande<br />

ALÉM DO QUE SE OUVE<br />

Metáforas, Parábolas e Canalizações<br />

<strong>Ed</strong>itora Madras /Cláudio Roque B.<br />

Ferreira e Wagner Veneziani Costa<br />

autor literário? Mas a obra dos Caboclos<br />

das Sete Encruzilhadas e Mirim fala por<br />

si!<br />

Será que não tem valor aqueles<br />

obreiros que não tiveram sucessores à<br />

altura, ou um bem elaborado trabalho<br />

de divulgação na mídia?<br />

Meu objetivo não é competição,<br />

nem julgamento do mérito da obra de<br />

todos os incansáveis guerreiros da<br />

nossa religião. Só peço o digno e<br />

merecido espaço a um dos mais importantes<br />

baluartes da Umbanda: nosso<br />

querido Caboclo Mirim. Será sempre<br />

com a lembrança de tão preciosos<br />

valores, e com o aprofundamento em<br />

nossas raízes que construiremos uma<br />

religião livre de aventureiros e<br />

aproveitadores.<br />

Clamo a todos, que sentiram em<br />

suas vidas a luz de Mestre Mirim, que<br />

façam valer suas vozes. Sei que muitas<br />

Casas tem em suas origens a influência<br />

benéfica desse espírito missionário, que<br />

ainda hoje auxilia e coordena os rumos<br />

da Umbanda.<br />

É mister que os formadores de<br />

opinião do meio umbandista se aprofundem<br />

mais nas pesquisas. Os fatos<br />

acima narrados são História, estão aí.<br />

Sejamos honestos e acima de tudo,<br />

justos. Vamos levar aos mais jovens a<br />

verdade, estimulando os livrespensadores<br />

e a fé racional, com isenção<br />

e humildade.<br />

Como já disse, sou apenas um<br />

pequeno aprendiz e pouco posso fazer<br />

para levar à público essa questão, mas<br />

espero que tenha podido dar minha<br />

pequena contribuição à memória de<br />

nossa Umbanda!<br />

Sarava Umbanda!!<br />

Sarava Caboclo Mirim!!<br />

Sarava todos meus irmãos de fé!!<br />

Fraternidade Umbandista Luz de<br />

Aruanda - Barra Mansa – RJ<br />

Contatos: sn.teixeira@uol.com.br

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