14.04.2013 Views

As leis de Kepler sob o ponto de vista de Newton - Departamento de ...

As leis de Kepler sob o ponto de vista de Newton - Departamento de ...

As leis de Kepler sob o ponto de vista de Newton - Departamento de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

GETÚLIO RODRIGUES BRAGA<br />

AS LEIS DE KEPLER SOB O PONTO DE VISTA DE<br />

NEWTON.<br />

Belo Horizonte<br />

ICEx – Instituto <strong>de</strong> Ciências Exatas<br />

UFMG – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Monografia apresentada ao curso <strong>de</strong><br />

Especialização em Matemática para<br />

Professores, do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong><br />

Matemática da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Minas Gerais.<br />

Orientador: Francisco Dutenhefner


GETÚLIO RODRIGUES BRAGA<br />

AS LEIS DE KEPLER SOB O PONTO DE VISTA DE<br />

NEWTON<br />

“Não perguntamos porque os pássaros<br />

cantam. Eles foram feitos para cantar.<br />

<strong>As</strong>sim, não <strong>de</strong>vemos perguntar porque as<br />

mentes dos homens procuram saber<br />

<strong>sob</strong>re os mistérios do céu. Os mistérios<br />

são tão ricos precisamente para a mente<br />

dos homens nunca se esgotar <strong>de</strong><br />

alimentos.”<br />

2<br />

Johannes <strong>Kepler</strong>


ÍNDICE<br />

INTRODUÇÃO 4<br />

1. UM POUCO DA HISTÓRIA 5<br />

2. OS SONHOS COMEÇAM A VIRAR REALIDADE 6<br />

3. A PRIMEIRA LEI DE KEPLER<br />

3.1. Definições 9<br />

3.2. <strong>As</strong> Leis <strong>de</strong> <strong>Newton</strong><br />

3.3. Posição relativa entre r<br />

9<br />

e v <br />

11<br />

3.4. A curva num plano 11<br />

4. UM ESTUDO SOBRE AS CÔNICAS<br />

4.1. Definições 16<br />

4.2. ε = 1 18<br />

4.3. ε > 1 18<br />

4.4. ε = 0 19<br />

4.5. ε < 1 20<br />

4.6. O outro foco da elipse 21<br />

4.7. <strong>As</strong> <strong>de</strong>scobertas da <strong>Newton</strong> 22<br />

5. A 2ª LEI DE KEPLER 24<br />

6. A 3ª LEI DE KEPLER 26<br />

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 28<br />

8. BIBLIOGRAFIA 29<br />

3


INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho é o resultado <strong>de</strong> uma ampla pesquisa <strong>sob</strong>re um fato que marcou época no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das idéias científicas. <strong>As</strong> pesquisas que levaram <strong>Kepler</strong> a <strong>de</strong>scobrir e<br />

explicar o movimento dos planetas no espaço e que consumiram praticamente toda a sua<br />

vida. Ele viveu em uma época em que as idéias ainda eram <strong>de</strong>fendidas por interesses<br />

religiosos e suas gran<strong>de</strong>s dúvidas esbarravam em tais preceitos, o que o levou a viver, na<br />

época <strong>de</strong> seus estudos, no seminário, um gran<strong>de</strong> conflito <strong>de</strong> consciência e medo. Porém,<br />

Deus tornou-se para ele mais que uma fúria divina, objeto <strong>de</strong> súplicas. O Deus <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong><br />

era o po<strong>de</strong>r criador do Cosmo. A sua curiosida<strong>de</strong> conquistou o medo; <strong>de</strong>sejou ar<strong>de</strong>ntemente<br />

conhecer universo.<br />

O gran<strong>de</strong> cientista e pesquisador Johannes <strong>Kepler</strong> acreditou que se vivêssemos em um<br />

planeta on<strong>de</strong> nada jamais mudasse, haveria pouca coisa a se fazer. Não haveria nada a ser<br />

calculado e nenhum ímpeto para a ciência. Por outro lado, se vivêssemos num mundo on<strong>de</strong><br />

as coisas mudassem <strong>de</strong> maneira imprevisível e complexa, não seríamos capazes <strong>de</strong> calcular<br />

nada; também assim não haveria ciências. Porém, vivemos num universo on<strong>de</strong> as coisas<br />

acontecem e mudam <strong>de</strong> acordo com padrões, regras que po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> <strong>leis</strong> da<br />

natureza, por isso, po<strong>de</strong>mos fazer ciências e com ela melhorar nossas vidas.<br />

Há muito, a humanida<strong>de</strong> vem tentando enten<strong>de</strong>r o que acontece ou como acontece com o<br />

movimento dos astros no céu. Isso se <strong>de</strong>ve, provavelmente pela influência que os<br />

fenômenos celestes exerciam <strong>sob</strong>re a vida dos povos mais antigos. <strong>As</strong>sim, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estabelecer a época do plantio e colheita e sua relação com a posição do Sol, da Lua e das<br />

estrelas, levou os astrônomos da Antiguida<strong>de</strong> a coletar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> dados <strong>sob</strong>re<br />

os movimentos dos astros. Várias tentativas <strong>de</strong> criar um sistema que explicasse os<br />

fenômenos observados foram criadas. Dentre elas po<strong>de</strong>mos citar O Mo<strong>de</strong>lo dos Gregos, no<br />

qual a Terra era situada no centro do Universo (teoria geocêntrica) e os planetas, bem como<br />

o Sol, a lua e as estrelas, estariam incrustados em esferas que giravam em torno da Terra.<br />

Outro mo<strong>de</strong>lo criado foi o Sistema <strong>de</strong> Ptolomeu gran<strong>de</strong> sábio que viveu em Alexandria, no<br />

século II <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Cristo. Neste mo<strong>de</strong>lo, os planetas moviam-se em círculos, cujos centros<br />

giravam em torno da Terra. Tais mo<strong>de</strong>los perduraram durante 13 séculos, pois eram bem<br />

aceitos pela igreja. Porém, sofreu sucessivas modificações para adaptá-lo às observações<br />

que foram se acumulando durante este longo período, e que acabaram por tornar-lo também<br />

muito complicado. No século XVI, pouco antes do nascimento <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>, Nicolau<br />

Copérnico apresentou um mo<strong>de</strong>lo mais simples para substituir o sistema <strong>de</strong> Ptolomeu. Nele,<br />

o Sol estaria em repouso e os planetas, inclusive a Terra, girariam em torno <strong>de</strong>le em órbitas<br />

circulares (teoria heliocêntrica). Era uma visão completamente nova do Universo. Foi neste<br />

mo<strong>de</strong>lo que <strong>Kepler</strong> encontrou as informações que foram obtidas pelas observações <strong>de</strong><br />

Tycho Brahe e <strong>de</strong>le própria, mas não conseguiu encaixar nele os dados obtidos. Foi dai que<br />

nasceu <strong>de</strong> forma empírica suas três gran<strong>de</strong>s Leis do Movimento Planetário que serão<br />

<strong>de</strong>monstradas neste trabalho, utilizando os princípios básicos do Cálculo Diferencial e<br />

Integral.<br />

4


1. UM POUCO DA HISTÓRIA<br />

Johannes <strong>Kepler</strong> nasceu na Alemanha em 1571. Por ter se <strong>de</strong>senvolvido frágil e franzino,<br />

não era muito útil nos serviços pesados da pequena estalagem que a família possuía, foi<br />

enviado a um seminário protestante na cida<strong>de</strong> provincial <strong>de</strong> Maulbronn ainda menino para<br />

vir a ser um religioso. Enquanto esteve lá, sua mente irrequieta e inconformada o obrigou a<br />

pensar em Deus como um po<strong>de</strong>r criador do Cosmo. Quanto mais procurava enten<strong>de</strong>r os<br />

fenômenos, mais suas conclusões o afastavam das explicações dadas e impostas pelas<br />

idéias religiosas da época. Essas visões, para ele, perigosas, perduraram por toda sua vida.<br />

Em 1587, <strong>Kepler</strong> <strong>de</strong>ixou Maulbronn e foi estudar na gran<strong>de</strong> Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tubingen.<br />

Sentiu-se livre, pois sua genialida<strong>de</strong> foi reconhecida pelos seus professores, um dos quais o<br />

introduziu nos mistério da então perigosa hipótese copernicana. Sustentada durante<br />

milhares <strong>de</strong> anos e apoiadas pelas idéias religiosas da época, a hipótese geocêntrica (<strong>de</strong> que<br />

a Terra era o centro do Universo) ainda prevalecia. Um Universo no qual o Sol fosse o<br />

centro, ecoou no senso religioso <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong> que o adotou com ferver, pois encontrou nele<br />

re<strong>de</strong>nção para seus pensamentos pecaminosos. Ele pensava o Sol como uma metáfora para<br />

Deus, em volta do qual tudo girava.<br />

O sistema heliocêntrico <strong>de</strong> Copérnico fez germinar incontáveis perguntas na mente do<br />

gran<strong>de</strong> gênio; havia somente seis planetas conhecido naquela época: Mercúrio, Vênus,<br />

Terra, Marte, Júpiter e Saturno. <strong>Kepler</strong> se perguntava, por que somente seis? Por que não<br />

vinte ou mais? Ninguém nunca havia feito perguntas <strong>de</strong>sse tipo. A mente privilegiada <strong>de</strong><br />

<strong>Kepler</strong> viajou pelos cinco “sólidos platônicos”. Seria essa a causa do número <strong>de</strong> planetas?<br />

Essa seria a causa da perfeição do Universo? <strong>Kepler</strong> pensou que os dois números estavam<br />

conectados, que a razão pela qual havia somente seis planetas era porque existiam somente<br />

cinco sólidos regulares, e que estes sólidos inscritos ou aninhados um <strong>de</strong>ntro do outro<br />

especificariam as distâncias dos planetas ao sol. Era o que chamou <strong>de</strong> Mistério Cósmico.<br />

Essa conexão entre os sólidos e as posições dos planetas explicava em sua mente irrequieta<br />

e ainda cheia <strong>de</strong> culpa a Mão do Gran<strong>de</strong> Geômetra, Deus.<br />

5


2. OS SONHOS COMEÇAM A VIRAR REALIDADE<br />

<strong>Kepler</strong> estava extasiado com o rumo que as idéias estavam tomando. “O gran<strong>de</strong> prazer que<br />

tive pela <strong>de</strong>scoberta nunca po<strong>de</strong>rá ser traduzido em palavras... Não refutareis, não importa<br />

gastos nem dificulda<strong>de</strong>s. Despendi dias e noites em cálculos matemáticos, até que pu<strong>de</strong> ver<br />

minhas hipóteses se ajustarem às órbitas <strong>de</strong> Copérnico, ou se minha alegria se esvaeceria no<br />

ar”. Mas tudo em vão. Mesmo trabalhando arduamente relacionando, sólidos, as órbitas<br />

planetárias, nunca se ajustaram bem. Tinha na mente a convicção <strong>de</strong> que suas observações<br />

não eram muito precisas. Afinal não dispunha <strong>de</strong> quase nenhum equipamento e um mínimo<br />

erro comprometeria toda sua expectativa.<br />

Havia, no entanto, um homem, um nobre dinamarquês que ocupava o posto <strong>de</strong> Matemático<br />

na Corte do Sagrado Imperador Romano, Rodolf II. Esse homem era Tycho Brahe, um<br />

riquíssimo dono <strong>de</strong> um espetacular observatório, dono <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> observação,<br />

tinha gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em organizar todas as informações colecionadas até então. Ao<br />

saber da fama <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>, o convidou a juntar-se a ele em Praga.<br />

Deixando Graz, ele, sua esposa e sua enteada iniciaram uma jornada difícil até Praga.<br />

Vislumbrou o domínio <strong>de</strong> Tycho, como um refúgio a todos os <strong>de</strong>mônios que povoavam sua<br />

mente, pois talvez ali pu<strong>de</strong>sse ver o seu Mistério Cósmico <strong>de</strong>svendado. Porém a princípio, a<br />

convivência com Tycho não foi muito pacífica. Ele era uma figura vistosa e rica, mas não<br />

usava muita bem sua riqueza. À sua volta havia um gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> assistentes, formado<br />

em gran<strong>de</strong> parte por parentes distantes e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes convictos. Era a<strong>de</strong>pto a festas com<br />

orgias intermináveis. Isso, as insinuações, as intrigas, e os constantes escárnios a respeito<br />

da educação rústica e provinciana que <strong>Kepler</strong> recebera, <strong>de</strong>primiam e entristeciam-no.<br />

Porém, qualquer um dos instrumentos que Tycho possuía custava mais que toda a sua<br />

fortuna e <strong>de</strong> sua família junta. Isso fez com que ele suportasse qualquer situação, para<br />

vislumbrar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso às informações coletadas por Tycho e continuar suas<br />

pesquisas.<br />

Com o passar do tempo as relações entre Tycho, o maior gênio observacional da época e<br />

<strong>Kepler</strong> o maior gênio teórico, foram melhorando, e uma gran<strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> foi aos poucos<br />

surgindo entre eles. Certa ocasião, em um jantar oferecido pelo Barão <strong>de</strong> Rosemberg,<br />

Tycho, tendo ingerido vinho em excesso, “colocou a civilida<strong>de</strong> à frente da saú<strong>de</strong>” e resistiu<br />

à urgência fisiológica <strong>de</strong> se retirar, mesmo por um instante da presença do Barão, acabou<br />

por contrair uma infecção urinária. Seu estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> foi piorando, pois sua gran<strong>de</strong><br />

teimosia o impediu <strong>de</strong> abster-se <strong>de</strong> bebida alcoólica e controlar-se em relação à comida. Em<br />

seu leito <strong>de</strong> morte, Tycho doou suas observações a <strong>Kepler</strong>. Na última noite em seu <strong>de</strong>lírio<br />

<strong>de</strong> morte, pediu repetidas vezes a ele: “Não me <strong>de</strong>ixem sentir que vivi em vão...” .<br />

Após a morte <strong>de</strong> Tycho, <strong>Kepler</strong>, além <strong>de</strong> herdar suas preciosas anotações, herdou também o<br />

seu posto <strong>de</strong> Matemática Imperial. <strong>As</strong> observações <strong>de</strong> Tycho <strong>sob</strong>re os movimentos <strong>de</strong><br />

Marte e dos outros planetas o estavam levando a loucura. Esses movimentos, <strong>sob</strong> o <strong>ponto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>vista</strong> da Terra pareciam retrógrado, ou seja em certa época do ano, parecia afastar-se da<br />

Terra, em outra parecia, no mesmo horizonte aproximar-se. Por isso esse corpo celeste<br />

6


ecebe o nome <strong>de</strong> planeta que em latim é errante. Sem precisar uma medida <strong>de</strong> forma muito<br />

significativa, esse movimento po<strong>de</strong>ria ser explicado nos dois mo<strong>de</strong>los planetário até então<br />

em discussão: o <strong>de</strong> Ptolomeu:<br />

e o <strong>de</strong> Copérnico:<br />

Porém, quando computadas as medidas precisas<br />

coletadas por Tycho, os dados não conferiam<br />

com nenhum mo<strong>de</strong>lo. Que movimento real teriam<br />

então, Terra e Marte em torno do Sol que<br />

po<strong>de</strong>riam explicar com a precisão das medidas, o<br />

movimento aparente <strong>de</strong> Marte no céu, incluindo seu arco retrógrado contra o fundo das<br />

constelações? Tycho quando vivo, havia comentado com <strong>Kepler</strong>, que o movimento<br />

anômalo <strong>de</strong> Marte dificilmente po<strong>de</strong>ria ser conciliado com a órbita formada por um círculo.<br />

A fascinação <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong> pela curva perfeita, o círculo, tinha sido uma <strong>de</strong>silusão. A Terra era<br />

um planeta como havia dito Copérnico, e tão cheia <strong>de</strong> fome, guerra, pestes, não era o que se<br />

po<strong>de</strong>ria chamar <strong>de</strong> “perfeição” como queria a Igreja. Portanto sua órbita também não teria<br />

que necessariamente ser uma curva perfeita. Tentou várias curvas ovais, calculou, cometeu<br />

erros aritméticos, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitos meses <strong>de</strong> tentativa, já em <strong>de</strong>sespero, tentou a fórmula<br />

<strong>de</strong> uma elipse. Descobriu que se ajustavam maravilhosamente às observações <strong>de</strong> Tycho<br />

Brahe. <strong>Kepler</strong> tinha <strong>de</strong>scoberto que Marte girava em torno do Sol não em círculo, mas em<br />

uma elipse. A primeira Lei <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong> dos movimentos planetário é simplesmente:<br />

“Um planeta se move em uma elipse com o Sol em um dos seus focos”.<br />

7


Preocupando-se com a velocida<strong>de</strong> dos planetas, <strong>Kepler</strong> verificou que eles se movem mais<br />

rapidamente quanto mais próximos do sol e mais lentamente quanto mais afastados <strong>de</strong>le.<br />

Daí formulou a sua 2ª Lei.<br />

“A reta que une um planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais”.<br />

Continuando o estudo das tabelas <strong>de</strong> Tycho Brahe, <strong>Kepler</strong> procurou estabelecer relações<br />

entre os períodos <strong>de</strong> revolução dos planetas e os raios <strong>de</strong> sua órbitas. Após <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong><br />

tentativas, <strong>Kepler</strong> <strong>de</strong>scobriu uma relação que é sintetizada em sua 3ª Lei:<br />

“Os quadrados dos períodos <strong>de</strong> revolução dos planetas são proporcionais aos cubos<br />

dos raios <strong>de</strong> suas órbitas”.<br />

Apesar das observações se encaixarem como uma luva no mo<strong>de</strong>lo das elipses, essas <strong>leis</strong><br />

não foram <strong>de</strong>monstradas.<br />

Trinta e seis anos após sua morte, a harmonia nos céus <strong>de</strong>scoberta por <strong>Kepler</strong> foi finalmente<br />

culminada com um espetacular trabalho <strong>de</strong> Isaac <strong>Newton</strong>. <strong>Newton</strong> nasceu no dia <strong>de</strong> Natal<br />

<strong>de</strong> 1642. Em seu brilhante currículo entre outras importantes <strong>de</strong>scobertas, ele <strong>de</strong>scobriu a<br />

lei da inércia: a tendência <strong>de</strong> um objeto em movimento continuar a mover-se em linha reta a<br />

menos que alguma coisa o influenciasse e o retirasse do caminho. A Lua parecia para<br />

<strong>Newton</strong>, mover-se em linha reta, tangencial à sua órbita, a menos que houvesse alguma<br />

outra força <strong>de</strong>sviando constantemente o caminho para próximo a um círculo, empurrando-a<br />

em direção a Terra. A causa <strong>de</strong>ssa força <strong>Newton</strong> chamou <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, e acreditou que ela<br />

agia à distância. Não há nada fisicamente unindo a Terra à Lua, embora a primeira esteja<br />

constantemente puxando a segunda em nossa direção. Usando as <strong>leis</strong> <strong>de</strong> <strong>Newton</strong>,nesta<br />

monografia será <strong>de</strong>monstrada matematicamente a grandiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta empiricamente<br />

por <strong>Kepler</strong>. No 1º capítulo, serão <strong>de</strong>finidas algumas gran<strong>de</strong>zas que serão úteis neste<br />

trabalho e também, procuraremos <strong>de</strong>finir as posições, e <strong>de</strong>monstrar a 1ª Lei. Para enten<strong>de</strong>r<br />

completamente a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>ssa Lei, faz-se necessário um estudo <strong>sob</strong>re as cônicas. A<br />

equação cartesiana e uma análise das vários valores assumidos pela excentricida<strong>de</strong>. Como a<br />

1ª Lei diz que o Sol ocupa um dos focos da elipse, foi necessário <strong>de</strong>monstrar qual é o outro<br />

foco; esse estudo foi feito no 2º capítulo. No 3º capítulo, <strong>de</strong>monstraremos a 2ª Lei e<br />

finalmente no 3º capítulo a 3ª Lei.<br />

3. A PRIMEIRA LEI DE KEPLER<br />

8


3.1. Definições<br />

Usando um sistema ortogonal como referencial, tomemos o Sol na origem. O<br />

planeta em um <strong>de</strong>terminado momento ocupa uma posição no espaço que chamarei<br />

<strong>de</strong> P. O vetor posição do planeta será <strong>de</strong>notado por r , e é aquele com origem no sol<br />

e extremida<strong>de</strong> em P.<br />

<br />

P = r ( t)<br />

= r .<br />

Sabemos que a <strong>de</strong>rivada da posição em<br />

relação a t é a velocida<strong>de</strong>:<br />

→<br />

r<br />

,<br />

(<br />

t)<br />

=<br />

<br />

dr<br />

<br />

= v<br />

dt<br />

e que a <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> v em relação a t ; ou<br />

seja a <strong>de</strong>rivada segunda da posição, é a<br />

aceleração:<br />

<br />

, , dr<br />

dv<br />

<br />

r = = = a (2)<br />

dt dt<br />

a norma <strong>de</strong> um vetor r <br />

é indicada pela expressão r = r ; portanto u , que é um<br />

vetor unitário, po<strong>de</strong> ser escrito em função <strong>de</strong> r , como:<br />

<br />

u =<br />

⎛ ⎞ <br />

⎜ ⎟ r<br />

⎝ r ⎠<br />

1<br />

ou seja: u é um vetor unitário que tem a mesma direção <strong>de</strong> r .<br />

3.2. <strong>As</strong> Leis <strong>de</strong> <strong>Newton</strong><br />

Estudando os movimentos dos planetas, apoiando-se nas <strong>leis</strong> <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>, <strong>Newton</strong><br />

observou que, como eles <strong>de</strong>screvem órbitas em torno do Sol, <strong>de</strong>vem estar sujeitos a<br />

uma força centrípeta, pois do contrário, suas trajetórias não seriam curvas. Ao<br />

raciocinar <strong>de</strong>ssa maneira, <strong>Newton</strong> estava admitindo que suas <strong>leis</strong> dos movimentos<br />

seriam válidas também para os corpos celestes. Este <strong>ponto</strong> <strong>de</strong> <strong>vista</strong> era contrário à<br />

filosofia <strong>de</strong> Aristóteles, que acreditava que o movimento dos corpos celestes era<br />

regido por <strong>leis</strong> especiais, diferentes daquelas verificadas para os movimentos na<br />

superfície da Terra.<br />

Baseando-se em suas <strong>leis</strong> do movimento e nos estudos <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>, <strong>Newton</strong><br />

conseguiu chegar à expressão matemática da força <strong>de</strong> atração entre o Sol e um<br />

planeta. Designando por F esta força, ele chegou a seguinte conclusão:<br />

9<br />

(1)


“Dois corpos quaisquer se atraem com força proporcional ao produto <strong>de</strong> suas<br />

massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles”.<br />

<br />

F =<br />

GMm<br />

2<br />

r<br />

On<strong>de</strong> G é a constante <strong>de</strong> gravitação universal.<br />

Em particular, essa força é a mesma que mantém o planeta girando em torno do Sol, on<strong>de</strong><br />

m é a massa do planeta, M a massa do Sol. Essa força, <strong>de</strong>notada por F, atuando no planeta,<br />

tem a direção da reta que une os dois astros e sentido apontando para o Sol. Sabemos que<br />

existem outras forças atuando no planeta num dado momento. Para facilitar, durante todo<br />

esse nosso trabalho, vamos supor que apenas o Sol esteja exercendo força no planeta. Como<br />

os vetores F e u tem sentidos opostos, vemos que:<br />

m F<br />

- F<br />

Dessa expressão conclui-se que:<br />

GMm <br />

F = − u 2<br />

(3)<br />

r<br />

Pela segunda Lei Fundamental, temos<br />

<br />

F = ma<br />

. Po<strong>de</strong>mos escrever, portanto:<br />

GMm <br />

u = ma<br />

r<br />

− 2<br />

Que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> simplificada e resolvida em<br />

função do vetor aceleração fica:<br />

GM <br />

a = − u 2<br />

(4)<br />

r<br />

1º) a é um vetor paralelo a r <br />

e r = ru<br />

(5)<br />

2º) Como a é paralelo a r , pelas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vetores, conclui-se que<br />

<br />

r × a =<br />

3.3. Posição relativa entre r e v <br />

<br />

A <strong>de</strong>rivada do produto vetorial r × v é:<br />

S<br />

0<br />

10<br />

(6)


d ( r × v ) dv<br />

dr<br />

<br />

= r × + × v<br />

dt dt dt<br />

<br />

dr dv <br />

Sabemos que = v e que = a . Substituindo na expressão acima fica:<br />

dt<br />

dt<br />

<strong>de</strong> (6) temos<br />

<br />

d( r × v)<br />

<br />

= r × a + v × v<br />

dt<br />

d<br />

<br />

( r × v )<br />

dt<br />

<br />

=<br />

<br />

<br />

r × a = 0 e como v × v = 0 , temos que:<br />

0<br />

<br />

Isso é particularmente importante pois nos garante que r × v é uma constante:<br />

<br />

r × v = c<br />

(7)<br />

Por <strong>de</strong>finição o produto vetorial <strong>de</strong> dois vetores é ortogonal a esses dois vetores.<br />

Então da expressão (7) po<strong>de</strong>mos concluir que r e v são ortogonais a c . Dessa<br />

observação concluímos que a órbita do planeta está contida no plano que passa pela<br />

origem e é ortogonal ao vetor c .<br />

3.4. A curva num plano<br />

Isso garante que a curva é plana.<br />

Vamos modificar o sistema <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nadas no espaço <strong>de</strong> modo que<br />

o plano xy seja o plano da órbita:<br />

<br />

De (5) , sabemos que r = ru<br />

<br />

dr<br />

d(<br />

ru)<br />

como v = então v<br />

dt<br />

<br />

<br />

= .<br />

dt<br />

Desenvolvendo o produto teremos:<br />

<br />

du<br />

dr <br />

v = r + u Substituindo a expressão acima e a expressão (5) em (7), obtemos:<br />

dt dt<br />

11


⎛ du<br />

dr ⎞<br />

c = ru<br />

× ⎜ r + u ⎟<br />

⎝ dt dt ⎠<br />

Aplicando a proprieda<strong>de</strong> distributiva<br />

<br />

c<br />

<br />

du<br />

dr <br />

ru<br />

× r + ru<br />

× u<br />

dt dt<br />

= . Desenvolvendo os produtos vetoriais temos:<br />

<br />

2 ⎛ du<br />

dr <br />

c = r ⎜ u × + r u<br />

⎝ dt dt<br />

<br />

2 ⎛ du<br />

c = r ⎜ u ×<br />

⎝ dt<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

⎞<br />

( u × ) ⎟<br />

⎠<br />

<br />

como u × u = 0<br />

GM <br />

Utilizando a expressão (4), a = − u 2 ,com aquela obtida em (8) po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

r<br />

<br />

GM ⎡ 2 ⎛ du<br />

⎞ ⎤<br />

a × c = − u × ⎢ r ⎜ u ×<br />

2<br />

⎟<br />

r<br />

⎥<br />

⎣ ⎝ dt ⎠ ⎦<br />

Simplificando r 2 temos:<br />

<br />

<br />

⎛ ⎛ du<br />

⎞ ⎞<br />

a × c = − GM ⎜ u × ⎜ u × ⎟ ⎟<br />

⎝ ⎝ dt ⎠ ⎠<br />

<br />

× obtemos:<br />

Simplificando essa expressão pela i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>: a ( b × c ) = ( a.<br />

c ) b − ( a.<br />

b )c<br />

<br />

<br />

⎡ ⎛ du<br />

⎞ du<br />

⎤<br />

a × c = − GM ⎢ ⎜ u.<br />

⎟ u − ( u.<br />

u ) ⎥<br />

⎣ ⎝ dt ⎠ dt ⎦<br />

2<br />

du Como u.<br />

u = u = 1 é uma constante,<br />

dt<br />

<br />

é ortogonal a u <br />

du<br />

. Logo u.<br />

= 0 . Substituindo<br />

dt<br />

na expressão acima, temos:<br />

<br />

<br />

⎡ du<br />

⎤<br />

a × c = − GM<br />

⎢<br />

0 − 1.<br />

⎣ dt ⎥ . Resolvendo, chegamos a:<br />

⎦<br />

12<br />

(8)


a<br />

<br />

du<br />

c = GM<br />

dt<br />

× que é o mesmo que:<br />

d <br />

a × c = ( GMu<br />

)<br />

(9)<br />

dt<br />

Escrevendo o produto acima em função da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> a , temos<br />

<br />

a<br />

<br />

a<br />

<br />

c =<br />

<br />

dv<br />

<br />

× c<br />

dt<br />

× ou ainda:<br />

<br />

c =<br />

d<br />

dt<br />

<br />

<br />

( v × c )<br />

× já que é constante, (10)<br />

Igualando a expressão (9) com a expressão (10)<br />

d d <br />

( v × c ) = ( GMu<br />

) . Isso implica que:<br />

dt dt<br />

<br />

v<br />

<br />

c = GMu<br />

+ b<br />

× (11)<br />

on<strong>de</strong> b é um vetor constante. Como v é ortogonal a c e está no plano xy, b também está<br />

nesse plano, pois tem a mesma direção <strong>de</strong> u <br />

<br />

u . b = u b<br />

Como sabemos,<br />

cosθ<br />

Uma vez que b é um vetor constante, a partir <strong>de</strong>sse<br />

momento vamos consi<strong>de</strong>rar um sistema <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nadas retangulares no espaço, <strong>de</strong> modo que<br />

esse vetor seja paralelo ao eixo x.<br />

Consi<strong>de</strong>remos o eixo Ox como eixo polar e ,θ o<br />

ângulo entre esse eixo e r , (r,θ) são as coor<strong>de</strong>nadas<br />

<br />

polares do <strong>ponto</strong> P com r = r . Po<strong>de</strong>mos então <strong>de</strong>finir<br />

o produto escala u b<br />

<br />

. como:<br />

13


c . c c<br />

<br />

c . c = c<br />

2<br />

= ou seja<br />

2<br />

Substituindo a expressão (7) na igualda<strong>de</strong> acima temos:<br />

<br />

<br />

<br />

2<br />

( r × v ) . c = c<br />

<br />

Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>monstrar que se a b e c<br />

Aplicando esse teorema na expressão acima, temos:<br />

c<br />

2<br />

<br />

= r.<br />

<br />

( v × c )<br />

Substituindo essa expressão em (11):<br />

c<br />

2<br />

<br />

= ru.<br />

<br />

( GMu<br />

+ b )<br />

Aplicando a proprieda<strong>de</strong> distributiva chegamos a:<br />

c<br />

2<br />

<br />

, são vetores, então ( a × b ) c = a.<br />

( b × c )<br />

<br />

( u.<br />

u ) + r(<br />

u.<br />

b )<br />

. .<br />

= rGM<br />

(12)<br />

Por <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> produto escalar dos vetores u b<br />

<br />

. é:<br />

<br />

u.<br />

b = u . b cosθ<br />

on<strong>de</strong> u é um vetor unitário. Logo:<br />

<br />

u . b = b<br />

cosθ<br />

Substituindo na expressão (12) temos:<br />

2<br />

c = rGM +<br />

isolando r temos<br />

rb cosθ<br />

( GM bcosθ<br />

)<br />

2<br />

c = r +<br />

2<br />

c<br />

r =<br />

GM + bcosθ<br />

14


Fazendo<br />

mais simplificada:<br />

2<br />

c<br />

P = e ε =<br />

GM<br />

P<br />

=<br />

1 + ε cosθ<br />

b<br />

GM<br />

po<strong>de</strong>mos escrever a expressão acima <strong>de</strong> forma<br />

r (13)<br />

4. UM ESTUDO SOBRE AS CÔNICAS<br />

4.1. Definições<br />

15


Sabemos que uma cônica é o lugar dos <strong>ponto</strong>s do plano cujas distâncias a um <strong>ponto</strong><br />

fixo,que chamaremos foco, e uma reta fixa, que é a diretriz, estão numa razão constante.<br />

Na afigura ao lado, seja O o foco e d a diretriz.<br />

Seja M um <strong>ponto</strong> genérico da cônica. Tracemos MH<br />

perpendicular à diretriz. Temos:<br />

OM<br />

MH<br />

=<br />

ε<br />

= constante<br />

A esse número ε chamaremos <strong>de</strong> excentricida<strong>de</strong> da<br />

cônica<br />

Seja xx’ a perpendicular à diretriz conduzida pelo foco. Tomemos um sistema polar<br />

no qual o pólo seja o foco o e o eixo polar seja a semi-reta OX, que encontra a diretriz em<br />

B. Chamemos d à distância OB do foco à diretriz. Po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

OM<br />

PB = OB − OP<br />

OB =<br />

OP = r cosθ<br />

log o :<br />

MH<br />

OM<br />

MH<br />

OM<br />

r =<br />

ε<br />

=<br />

como<br />

d<br />

r = dε<br />

r<br />

= d − r cosθ<br />

=<br />

ε<br />

= ε . MH<br />

( d − r cosθ<br />

)<br />

− ε r cosθ<br />

Resolvendo em relação a r temos:<br />

dε<br />

r =<br />

1 + ε cosθ<br />

Observe que a equação (13), que <strong>de</strong>screve a órbita <strong>de</strong> um planeta nas nossas hipóteses,<br />

po<strong>de</strong> ser comparada com essa última equação. Isso implica que a órbita <strong>de</strong> um planeta é<br />

16


uma cônica. Entretanto, para termos mais informações <strong>sob</strong>re que tipo <strong>de</strong> cônica po<strong>de</strong> ser a<br />

órbita, precisamos fazer um estudo mais <strong>de</strong>talhado <strong>de</strong>ssa última equação. Para isso, vamos<br />

reescrever essa equação polar em coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, efetuando as substituições:<br />

x = r cosθ<br />

y = r senθ<br />

x<br />

2<br />

+<br />

y<br />

2<br />

=<br />

r<br />

Da equação<br />

Obtemos<br />

2<br />

dε<br />

r =<br />

1 + ε cosθ<br />

d ε = r + ε r cosθ<br />

e assim:<br />

2 2<br />

2 2<br />

dε = x + y + ε x ⇒ x + y = dε<br />

− ε x<br />

Elevando ambos os membros ao quadrado e agrupando os termos vem:<br />

2 2 2 2 2 2<br />

( 1 − ε ) x + 2dε<br />

x + y = d ε<br />

Que é a equação cartesiana da cônica.<br />

Para sabermos quais as possíveis formas essa cônica po<strong>de</strong> assumir façamos um estudo<br />

<strong>sob</strong>re os possíveis valores <strong>de</strong> ε .<br />

4.2. ε = 1<br />

Substituindo na equação (14) obtemos:<br />

17<br />

(14)


2 ( 1 − 1 )<br />

0x<br />

ou<br />

y<br />

2<br />

2<br />

x<br />

2<br />

+ 2dx<br />

+ y<br />

2<br />

+ 2d1<br />

x +<br />

2<br />

= − 2dx<br />

+ d<br />

2<br />

Logo, a cônica é uma parábola.<br />

4.3. ε > 1<br />

=<br />

Tomemos novamente a equação:<br />

2 2 2 2 2 2<br />

( 1 − ε ) x + 2dε<br />

x + y = d ε<br />

d<br />

2<br />

y<br />

2<br />

=<br />

d<br />

2<br />

1<br />

2<br />

2<br />

Dividamos todos os termos por ( ε − 1).<br />

O <strong>de</strong>nominador será sempre positivo:<br />

x<br />

2<br />

−<br />

Completemos os quadrados no 1º membro:<br />

x<br />

2<br />

Fatorando temos:<br />

⎛ d<br />

⎜ x − 2<br />

⎝ ε −<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2 2 2<br />

ε ⎞<br />

− d ε d<br />

⎟<br />

⎠<br />

−<br />

y<br />

=<br />

4<br />

( ) 2 2<br />

ε 1<br />

2<br />

2<br />

1 ε − 1 ε − 1 −<br />

Resolvendo no 2º membro<br />

⎛ d<br />

⎜ x − 2<br />

⎝ ε −<br />

2<br />

2<br />

2 2<br />

dε<br />

y − d ε<br />

x − =<br />

2<br />

2<br />

ε − 1 ε − 1 ε − 1<br />

2 2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2 2<br />

ε ⎛ dε<br />

⎞ y − d ε ⎛ d<br />

2<br />

2 2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1 1 1 1 1<br />

⎟ d<br />

ε ⎞<br />

− x + ⎜<br />

⎟ − =<br />

+ ⎜<br />

ε − ⎝ ε − ⎠ ε − ε − ⎝ ε − ⎠<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

ε ⎞<br />

d<br />

⎟<br />

⎠<br />

−<br />

y<br />

2<br />

( ) 2 2<br />

ε 1<br />

2<br />

1 ε − 1 −<br />

Dividindo todos os termos por ( ) 2<br />

=<br />

ε<br />

ε<br />

+<br />

d<br />

2<br />

2<br />

ε<br />

2<br />

− 1<br />

ε<br />

temos:<br />

18<br />

2


⎛<br />

⎜ x −<br />

⎝<br />

2<br />

dε<br />

⎞<br />

2<br />

1<br />

⎟<br />

ε − ⎠<br />

2<br />

d ε<br />

2<br />

( ε<br />

2<br />

−<br />

1)<br />

2<br />

2<br />

−<br />

2<br />

y<br />

2<br />

ε − 1<br />

2 2<br />

d ε<br />

( ε<br />

2<br />

−<br />

1)<br />

2<br />

= 1<br />

Após simplificação teremos:<br />

2<br />

⎛ dε<br />

⎞<br />

⎜ x − 2<br />

1<br />

⎟<br />

⎝ ε − ⎠<br />

⎛ dε<br />

⎞<br />

⎜ 2 ⎟<br />

⎝ ε − 1 ⎠<br />

Fazendo<br />

( x − h)<br />

a<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

−<br />

2<br />

y<br />

2<br />

d ε<br />

ε<br />

2<br />

2<br />

− 1<br />

= 1<br />

2<br />

dε<br />

dε<br />

dε<br />

h = , a = e b =<br />

2<br />

2<br />

, obtemos a equação<br />

ε − 1<br />

ε − 1<br />

2<br />

ε − 1<br />

−<br />

4.4. ε = 0<br />

y<br />

b<br />

2<br />

2<br />

= 1<br />

<strong>de</strong> uma hipérbole.<br />

Tememos a equação cartesiana da cônica:<br />

2 2 2 2 2 2<br />

( 1 − ε ) x + 2dε<br />

x + y = d ε<br />

Se fizermos ε = 0 , temos<br />

2 2 2 2 2 2<br />

( 1 − 0 ) x + 2d0<br />

x + y = d 0<br />

2<br />

x +<br />

2<br />

y = 0<br />

Sabemos que essa equação é <strong>de</strong> um <strong>ponto</strong>.<br />

4.5. 0< ε < 1<br />

Tomemos novamente a equação:<br />

19


2 2 2 2 2 2<br />

( 1 − ε ) x + 2dε<br />

x + y = d ε<br />

2<br />

Dividamos todos os termos por ( 1 − ε ). O <strong>de</strong>nominador será sempre positivo:<br />

x<br />

2<br />

+<br />

Completemos os quadrados no 1º membro:<br />

x<br />

Fatorando temos:<br />

⎛<br />

⎜ x +<br />

⎝<br />

dε<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

+<br />

y<br />

2<br />

2<br />

4<br />

( ) 2 2<br />

1 −<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1 − ε 1 − ε 1 − ε<br />

ε<br />

Resolvendo no 2º membro<br />

⎛<br />

⎜ x +<br />

⎝<br />

2<br />

2<br />

1<br />

dε<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

+<br />

=<br />

d<br />

2<br />

ε<br />

2<br />

2<br />

2<br />

+<br />

( ) 2 2<br />

1 −<br />

2<br />

2<br />

1 − ε 1 − ε<br />

ε<br />

y<br />

Dividindo todos os termos por ( ) 2<br />

⎛<br />

⎜ x +<br />

⎝<br />

2<br />

dε<br />

1 − ε<br />

2<br />

d ε<br />

2<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

2 2<br />

2<br />

( 1 − ε ) ( 1 − ε )<br />

2<br />

⎛ dε<br />

⎜ x +<br />

⎝ 1 − ε<br />

⎛ dε<br />

⎜<br />

⎝ 1 − ε<br />

dε<br />

− ε<br />

2<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

y<br />

x +<br />

1 − ε<br />

+<br />

+<br />

2<br />

2<br />

y<br />

1 − ε<br />

d<br />

2<br />

1 − ε<br />

ε<br />

2<br />

y<br />

2<br />

d ε<br />

2<br />

2<br />

2<br />

=<br />

2<br />

2<br />

d<br />

= 1<br />

ε<br />

d<br />

2<br />

ε<br />

1 − ε<br />

d<br />

2<br />

2<br />

ε<br />

= 1 , ou seja:<br />

Fazendo 2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

d ε<br />

=<br />

1 − ε<br />

temos:<br />

2<br />

dε<br />

dε<br />

h = − , b = e<br />

1 − ε<br />

1 − ε<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2 2 2<br />

ε ⎛ dε<br />

⎞ y d ε ⎛ d<br />

2<br />

2 2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1 1 1 1 1<br />

⎟ d<br />

ε ⎞<br />

+ x + ⎜<br />

⎟ +<br />

=<br />

+ ⎜<br />

− ε ⎝ − ε ⎠ − ε − ε ⎝ − ε ⎠<br />

20<br />

2


dε<br />

a = 2<br />

(15)<br />

1 − ε<br />

Temos:<br />

( x − h)<br />

a<br />

2<br />

2<br />

+<br />

y<br />

b<br />

4.6. O outro foco da elipse<br />

2<br />

2<br />

= 1<br />

Façamos agora uma mudança <strong>de</strong> variável<br />

⎧ X = x − h<br />

⎨<br />

⎩ Y = y<br />

⇔<br />

⎧ x = X + h<br />

⎨<br />

⎩ y = Y<br />

A equação da elipse encontrada fica reduzida a:<br />

X<br />

a<br />

2<br />

2<br />

Y<br />

+<br />

b<br />

2<br />

2<br />

= 1 , como mostra a figura<br />

No sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas XY, os centros<br />

são (0,0) e os focos são (c,0) e (-c,0),<br />

como mostra a figura. Sendo<br />

2 2<br />

c = a − b , <strong>de</strong>senvolvendo vem:<br />

2 2<br />

c = a −<br />

logo<br />

b<br />

2<br />

Que é a equação <strong>de</strong> uma elipse!<br />

21


c<br />

c<br />

2<br />

2<br />

c<br />

=<br />

=<br />

2<br />

=<br />

d<br />

2 ( 1 − ε )<br />

2<br />

d<br />

ε<br />

2<br />

d<br />

ε<br />

2<br />

2<br />

+<br />

2 ( 1 − ε )<br />

2 ( 1 − ε )<br />

4<br />

ε<br />

d<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

ε<br />

2<br />

d ε<br />

−<br />

1 − ε<br />

4<br />

−<br />

2<br />

d<br />

ou<br />

2<br />

ε<br />

2<br />

2<br />

2<br />

que<br />

⇒<br />

c<br />

2<br />

2<br />

dε<br />

c =<br />

1 − ε<br />

2<br />

=<br />

d<br />

2<br />

ε<br />

2<br />

− ( 1 − ε<br />

2 )<br />

( 1 − ε<br />

2 2<br />

)<br />

Façamos agora, o retorno para o sistema <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nadas original xy:<br />

O centro da elipse é O = (h,0) , ou seja O = (<br />

2<br />

ε<br />

− 2<br />

1 − ε<br />

d<br />

,0) e os focos são:<br />

2<br />

dε<br />

1 − ε<br />

F1 = (c+h , 0) ⇒ ( 2<br />

F1 = (0,0)<br />

2<br />

ε<br />

−<br />

1 − ε<br />

d<br />

2<br />

, 0) , ou seja<br />

F2 = (-c+h , 0)<br />

⇒<br />

F2<br />

=<br />

⎛<br />

⎜ −<br />

⎝<br />

2<br />

dε<br />

2<br />

1 − ε<br />

−<br />

2<br />

dε<br />

2<br />

1 − ε<br />

⎞<br />

, 0 ⎟<br />

⎠<br />

⇒ F2<br />

=<br />

2<br />

⎛ − 2dε<br />

⎜<br />

2<br />

⎝ 1 − ε<br />

⎞<br />

, 0 ⎟<br />

⎠<br />

4.7.<strong>As</strong> <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> <strong>Newton</strong><br />

No nosso estudo do movimento planetário, verificamos, que quando um planeta está <strong>sob</strong> a<br />

força <strong>de</strong> atração do Sol, ele <strong>de</strong>screve uma trajetória que po<strong>de</strong> ser apresentada, em<br />

coor<strong>de</strong>nadas polares por:<br />

r =<br />

P<br />

1 + ε cosθ<br />

Na seção anterior, quando <strong>de</strong>senvolvemos um estudo sistemático da equação polar <strong>de</strong> uma<br />

cônica, vemos que esta possui a equação:<br />

dε<br />

r<br />

=<br />

1 + ε cosθ<br />

22<br />

d<br />

2<br />

ε<br />

2


Comparando estas equações, concluímos que a órbita do planeta po<strong>de</strong> ser: uma<br />

circunferência ( ε = 0), uma parábola, ( ε = 1), uma elipse ( ε < 1) ou uma hipérbole (<br />

ε >1).<br />

Logo após a morte <strong>de</strong> Thycho Brhaer, e conseqüentemente ter herdado suas preciosas e<br />

minuciosas observações, <strong>Kepler</strong> já havia percebido que seus cálculos não se encaixavam<br />

numa órbita circular. Como acabamos <strong>de</strong> provar a equação encontrada só nos leva a duas<br />

curvas fechadas: a circunferência e a elipse. Para se a<strong>de</strong>quar a com <strong>Kepler</strong> na época<br />

chamou <strong>de</strong> “Harmonia dos Cosmos”, a órbita só po<strong>de</strong> ser uma elipse.<br />

É importante salientar aqui que a teoria matemática discutida aqui é apenas o começo do<br />

que <strong>Newton</strong> realizou e constitui apenas uma primeira aproximação da história do<br />

movimento planetário. Por exemplo, admitimos apenas o Sol e um planeta presente na<br />

<strong>de</strong>monstração. Porém na realida<strong>de</strong>, todos os outros planetas estão também presentes, e cada<br />

um <strong>de</strong>les exerce sua própria atração gravitacional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>sob</strong>re o planeta em<br />

consi<strong>de</strong>ração. Essas influencias adicionais introduzem o que se chama “perturbações” na<br />

órbita elíptica i<strong>de</strong>alizada <strong>de</strong>duzida aqui. O principal objetivo da mecânica celeste é levar<br />

em consi<strong>de</strong>ração toda essas complexida<strong>de</strong>s. A <strong>de</strong>scoberta do planeta Netuno por Adams e<br />

Lê Verrier, foi motivada exatamente pela análise da órbita <strong>de</strong> Urano e ao procurar<br />

explicações para os <strong>de</strong>svios relativamente gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua órbita kepleriana.<br />

5. A 2ª LEI DE KEPLER<br />

23


Passemos agora para a 2ª Lei <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>: A reta que une um planeta ao Sol varre áreas<br />

iguais em tempos iguais.<br />

Se uma função f é contínua e f ( θ ) ≥ 0 em [ α , β ] , on<strong>de</strong> 0 α < β ≤ 2π<br />

região <strong>de</strong>limitada em coor<strong>de</strong>nadas polares, pelos gráficos <strong>de</strong> r = ( θ ) , θ = α<br />

A =<br />

β<br />

[ f ( ) ]<br />

2<br />

∫ dθ<br />

= ∫<br />

α<br />

1<br />

2<br />

1 2<br />

θ r dθ<br />

2<br />

β<br />

α<br />

≤ , então a área A da<br />

f e θ = β é:<br />

Po<strong>de</strong>mos admitir que a órbita do planeta seja uma elipse no plano xy. Seja f ( θ )<br />

r = a<br />

equação polar da órbita, com centro do Sol no foco O . Denotemos por P0 a posição do<br />

planeta no instante t0 e P sua posição no instante t ≥ t0. Chamaremos θ0 e θ os ângulos<br />

medidos no eixo x positivo no sentido anti-horário. Po<strong>de</strong>mos portanto, falar que a área<br />

varrida por OP no intervalo <strong>de</strong> tempo [t0 , t] é<br />

θ<br />

1 2<br />

A = ∫ r dθ<br />

(14)<br />

2<br />

θ<br />

0<br />

e então<br />

dA<br />

dθ<br />

θ<br />

d 1 2 1<br />

= ∫ r dθ<br />

= r θ<br />

dθ<br />

θ<br />

0<br />

2<br />

2<br />

1<br />

2<br />

2 2<br />

( ) = r<br />

pela regra da ca<strong>de</strong>ia po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

dA dA dθ<br />

1 2 dθ<br />

=<br />

= r<br />

dt dθ<br />

dt 2 dt<br />

Seja os vetores:<br />

<br />

i =<br />

<br />

j =<br />

<br />

k =<br />

( 1,<br />

0,<br />

0)<br />

( 0,<br />

1,<br />

0)<br />

( 0,<br />

0,<br />

1)<br />

<br />

logo o vetor r po<strong>de</strong> ser escrito como: r = r cos θ i + r senθ<br />

j + 0k<br />

, o vetor unitário<br />

<br />

u = ( 1 )r<br />

r , po<strong>de</strong> ser expresso na forma:<br />

<br />

u = cos θ i + senθ<br />

j + 0k<br />

. Então<br />

24


du<br />

dθ<br />

dθ<br />

<br />

= − sen θ i + cosθ<br />

j + 0k<br />

dt dt dt<br />

Realizando o produto vetorial<br />

<br />

du<br />

d <br />

u × = k<br />

dt dt<br />

<br />

du<br />

dθ<br />

<br />

u × = k .<br />

dt dt<br />

2 ( sen θ + cos θ )<br />

θ 2<br />

<br />

du<br />

u × obtemos:<br />

dt<br />

Sendo c o vetor obtido na prova da primeira lei (veja equação 8 ), po<strong>de</strong>mos, utilizando a<br />

ultima equação, escrever:<br />

<br />

du<br />

d <br />

2 ⎛ ⎞ 2 θ<br />

c = r ⎜ u × ⎟ = r k , então<br />

⎝ dt ⎠ dt<br />

dA 1 2 dθ<br />

1<br />

Daí concluímos que = r = c<br />

dt 2 dt 2<br />

c =<br />

r<br />

2<br />

dθ<br />

dt<br />

é uma constante.<br />

Isso mostra que a taxa <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> A é constante. Essa é exatamente a 2ª Lei <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>.<br />

6. A 3ª LEI DE KEPLER<br />

Finalmente, chegamos na 3ª Lei <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>: O quadrado do período <strong>de</strong> revolução <strong>de</strong> um<br />

planeta é proporcional ao cubo do semi-eixo maior da órbita elíptica do planeta. Isto é, se<br />

T é o tempo que um planeta gasta para completar uma revolução ao redor do Sol e a é o<br />

25


semi-eixo maior mostrado na figura da secção 4.6 , a razão T 2 /a 3 é a mesma para todos os<br />

planetas do sistema solar.<br />

p<br />

Retornemos a equação (15): a = 2 , on<strong>de</strong> escrevemos p = dε<br />

.<br />

1 − ε<br />

Sabemos que ε =<br />

c<br />

2<br />

. Portanto ε =<br />

a<br />

2<br />

c<br />

. Como<br />

2<br />

a<br />

2<br />

que ε =<br />

2 2<br />

a − b<br />

2<br />

a<br />

ou<br />

2 2<br />

ε a =<br />

2<br />

a −<br />

2<br />

b então:<br />

2 ( 1 − ε )<br />

2 2<br />

b = a , logo:<br />

1<br />

b<br />

a<br />

c −<br />

2 2 2<br />

= a b , temos por conseqüência<br />

2<br />

− ε =<br />

2<br />

(16)<br />

2<br />

Substituindo (16) em (15), temos:<br />

a =<br />

2<br />

b =<br />

p<br />

2<br />

b<br />

2<br />

a<br />

pa<br />

que <strong>de</strong>senvolvido nos dá<br />

Para concluirmos a prova da 3ª lei <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>, retornamos a equação polar (13) da órbita;<br />

r =<br />

com<br />

P<br />

1 + ε cosθ<br />

2<br />

c<br />

p = e ε =<br />

GM<br />

b<br />

GM<br />

Se T é o tempo necessário para o planeta completar uma revolução em torno do Sol, a área<br />

varrida no intervalo <strong>de</strong> tempo [0,T] é dada por<br />

T<br />

T<br />

⎛ dA ⎞<br />

A = ∫ ⎜ ⎟ dt =<br />

⎝ dt ∫<br />

⎠<br />

0<br />

0<br />

1<br />

cdt<br />

2<br />

=<br />

1<br />

cT<br />

2<br />

26<br />

(17)


Isso também é igual à área da região plana <strong>de</strong>limitada pela elipse que po<strong>de</strong> ser expressa por<br />

A = π ab , para uma elipse <strong>de</strong> eixos maior e eixo menor 2a e 2b respectivamente. Como<br />

conseqüência temos:<br />

1<br />

2π<br />

ab<br />

cT = π ab ou T =<br />

(18)<br />

2<br />

c<br />

Se elevarmos a expressão (18) ao quadrado temos<br />

T<br />

2<br />

2 2 2<br />

4π<br />

a b<br />

= (19)<br />

2<br />

c<br />

Substituindo a expressão (17) em (19) temos<br />

T<br />

T<br />

2<br />

2<br />

2 2<br />

4π<br />

a p.<br />

a<br />

= 2<br />

c<br />

=<br />

Com<br />

T<br />

2<br />

2<br />

4π<br />

p.<br />

a<br />

2<br />

c<br />

3<br />

2<br />

c<br />

p = isso se reduz a:<br />

GM<br />

2 3<br />

4π . a<br />

= ou<br />

GM<br />

2<br />

T =<br />

3<br />

ka<br />

com k =<br />

2<br />

4π<br />

GM<br />

que completa a <strong>de</strong>monstração da 3ª Lei <strong>de</strong> <strong>Kepler</strong>!<br />

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Existia na época <strong>de</strong> <strong>Newton</strong>, uma crença grega, <strong>de</strong> que seria possível compreen<strong>de</strong>r o<br />

universo <strong>de</strong> um modo racional. Essa crença foi revitalizada e intensificada por ele.<br />

27


A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> que <strong>leis</strong> bem simples prevalecem na natureza e que as mesmas <strong>leis</strong> se<br />

aplicam na Terra e nos céus, fizeram com que <strong>Kepler</strong> e <strong>Newton</strong> representassem uma<br />

transição crítica na História do Homem.<br />

Eles nos permitiram saber que existe uma ressonância entre o modo que pensamos e o<br />

modo como o mundo age. Isso faz com que a nossa civilização global mo<strong>de</strong>rna tenha uma<br />

visão mais clara do mundo, permitindo uma exploração maior e mais confiável do nosso<br />

universo.<br />

Confesso que ao final <strong>de</strong>sse trabalho, chegar a essa conclusão, foi uma gran<strong>de</strong> recompensa<br />

e conquista.<br />

Agra<strong>de</strong>ço muito a Deus pela força e disposição que Ele me conce<strong>de</strong>u para realizá-lo.<br />

Agra<strong>de</strong>ço também a várias pessoas que estiveram envolvidas direta e indiretamente com<br />

esse propósito, como toda a equipe <strong>de</strong> professores do ICEx, principalmente o Prof.<br />

Francisco Dutenhefner (Chico) pela orientação, aos meus colegas, em particular Lásaro e<br />

Kelson que sempre estiveram dispostos a ajudar e aconselhar. Agra<strong>de</strong>ço infinitamente à<br />

minhas queridas amigas e colegas, professoras Edna Rodrigues Ferreira e Vânia Alves<br />

Ribeiro da Escola Estadual Augusto <strong>de</strong> Lima que carinhosamente me ajudaram na revisão<br />

<strong>de</strong>sse trabalho. Agra<strong>de</strong>ço principalmente a minha esposa Mabel, minhas filhas e meu neto<br />

pela compreensão e <strong>de</strong>dicação nos momentos difíceis do meu curso.<br />

8. BILBLIOGRAFIA<br />

MÁXIMO, Antônio & ALVARENGA, Beatriz; Curso <strong>de</strong> Física vol. I, São Paulo,<br />

Scipione, 2000.<br />

28


SIMMONS, George F. Cálculo com Geometria Analítica; São Paulo, McGraw-Hill, 1887.<br />

SAGAN, Carl, Cosmos;Rio <strong>de</strong> Janeiro, Francisco Alves, 1984.<br />

SWOKOWSKI, Cálculo com Geometria Analítica; volume 2, 2ª Edição, 1994, Makron<br />

Books.<br />

CASPER, Max,, <strong>Kepler</strong>, Dover Sciencer, 1993.<br />

FERGUSON, K. Tycho & <strong>Kepler</strong> – The unlikely partnership that forever changed our<br />

un<strong>de</strong>rstanding of heavens. Walker and Company, 2004.<br />

GALILEI, G. A mensagem das estrelas. Museu <strong>de</strong> <strong>As</strong>tronomia e Ciências Afins<br />

(RJ)/Salamandra, 1987.<br />

29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!