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A invenção do cálculo por Newton e Leibniz e sua evolução para o ...

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<strong>Newton</strong> fez as seguintes observações; os coeficientes <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s termos, 0. (1/3), 1. (1/3),2.(1/3) e 3.(1/3), aparecem em uma progressão aritmética e já que os primeiros termos têm comocoeficiente o número 1, então os termos a serem intercala<strong>do</strong>s deveriam ter como coeficientes osnúmeros, 1/2. (1/3), 3/2. (1/3) e 5/2. (1/3). <strong>para</strong> os segun<strong>do</strong>s termos. Os números que aparecemnos denomina<strong>do</strong>res das expressões dadas são, 1, 3, 5 e 7, que também apresentam-se em umaprogressão aritmética. Faltava agora observar os números que apareciam nos numera<strong>do</strong>res, e talobservação o levou à seguinte conclusão. Os números aparecem na seguinte disposição:11 11 2 11 3 3 1Essa disposição é o triângulo aritmético, conheci<strong>do</strong> <strong>por</strong> triângulo de Pascal, figura das potências<strong>do</strong> número 11, usa<strong>do</strong> <strong>por</strong> muitos <strong>para</strong> encontrar os coeficientes binomiais <strong>para</strong> alguns expoentespositivos e inteiros.11 0 = 1O triângulo aritmético, também conheci<strong>do</strong> como triângulo dePascal, <strong>por</strong>ém muito familiar na Europa ocidental muito antesde Pascal. É usa<strong>do</strong> <strong>para</strong> encontrar os coeficientes binomiais<strong>para</strong> alguns expoentes positivos inteiros. 1,vol 3, pg. 17]11 1 = 1111 2 = 12111 3 = 133111 4 = 14641<strong>Newton</strong> investigou como as demais figuras poderiam ser deduzidas a partir das duasprimeiras dadas. Ele percebeu que, colocan<strong>do</strong> m <strong>para</strong> a segunda figura, as demais surgiriam peloproduto repeti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s termos dessa série.13


( m – 0 ) / 1 . ( m – 1 ) / 2 . ( m – 2 ) / 3 . ( m – 3 ) / 4. .(m – 4 ) / 5.Como exemplo, podemos tomar a 5 a linha <strong>do</strong> triângulo aritmético, cujos termos são 1 4 64 1. A partir <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> termo, 4, fazen<strong>do</strong> seu produto pela representação <strong>do</strong> 3º termo na série,( m – 1 ) / 2, é possível encontrar o terceiro termo, onde m é o expoente referente à linhaanalisada, no caso m = 4.4 . ( 4 – 1 ) / 2 = 12 / 2 = 6 , onde 6 é o terceiro termo da série;6 . ( 4 – 2 ) / 3 = 12 / 3 = 4 , onde 4 é o quarto termo da série;4 . ( 4 – 3 ) / 4 = 4 / 4 = 1 , onde 1 é o quinto termo da série;1 . ( 4 – 4 ) / 5 = 0 / 5 = 0 , onde termina a seqüência.Em conseqüência disso, já conheci<strong>do</strong>s os 2º termos das expressões, as curvas desejadas já podiamser interpoladas e assim <strong>Newton</strong> fez. A primeira é o círculo: (expressões destacadas foraminterpoladas).(1 - x²) 0/2 x – 0 . ( 1/3x ) 3(1 - x²) 1/2 x – 1/2 . ( 1/3x ) 3 ...(1 - x²) 2/2 x – 1 . ( 1/3x ) 3(1 - x²) 3/2 x – 3/2 . ( 1/3x ) 3 ...(1 - x²) 4/2 x – 2 . ( 1/3x ) 3 + 1 . ( 1/5x ) 5(1 - x²) 5/2 x – 5/2 . ( 1/3x ) 3 ...(1 - x²) 6/2 x – 3 . ( 1/3x ) 3 + 3 . ( 1/5x ) 5 – 1 . ( 1/7x ) 7 .A partir da série infinita de termos, foiu possível determinar os demais coeficientes daseqüência. Para a área <strong>do</strong> segmento circular, se o primeiro termo é 1, o segun<strong>do</strong> 1/2 e m = 1/2,partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> termo teremos:14


1/2 . ( m – 1)/2 = 1/2 . ( 1/2 - 1 )/2 = -1/2 / 4 = -1/8 , terceiro termo;-1/8 . ( m – 2 )/3 = -1/8 . (1/2 – 2 )/3 = - (-3/2 / 24 ) = 1/16 , quarto termo;1/16 . ( m – 3 )/4 = 1/16 . ( 1/2 – 3 )/4 = -5/2 / 64 = -5/128 , quinto termo.E assim sucessivamente serão encontra<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os coeficientes da seqüência m = 1/2. Segueda teoria de <strong>Newton</strong>, que a área <strong>do</strong> segmento circular desejada, onde ( 1 – x² ) 1/2 é:x – ((1/2)x 3 )/3 – ((1/8)x 5 )/ 5 – ((1/16)x 7 )/ 7 – ((5/128)x 9 )/ 9. De mo<strong>do</strong> análogo pode ser feito<strong>para</strong> as demais curvas, que poderão ser inseridas e ter <strong>sua</strong>s áreas calculadas a partir <strong>do</strong> mesmoraciocínio. Essa foi a primeira nota de <strong>Newton</strong> sobre este assunto. Nos moldes <strong>do</strong> cálculomoderno, o que <strong>Newton</strong> concluiu foi:x∫ ( 1 - x²) 1/2 dx = x – ((1/2)x 3 )/ 3 – ((1/8)x 5 )/ 5 – ((1/16)x 7 )/ 7 – ((5/128)x 9 )/ 9 ... .0Podemos perceber que áreas de regiões abaixo de curvas que são gráficos de funções sãopolinomiais podem ser obtidas pela soma <strong>do</strong>s coeficientes de uma linha <strong>do</strong> triângulo de Pascal,com sinais positivos e negativos alterna<strong>do</strong>s. Os expoentes da variável x e os respectivosdenomina<strong>do</strong>res de cada termo são sempre números ímpares e iguais.Exemplo: No triângulo aritmético, temos, na 5 a linha, a seqüência 1 4 6 4 1, Esses números sãoos coeficientes da variável x, com m = 4. A área abaixo da curva y = ( 1 - x²) 4 pode ser dada <strong>por</strong>x – 4/3x 3 + 6/5x 5 – 4/7x 7 + 1/9x 9 ... , o que implica que:xx∫ ( 1 - x²) 4 dx = ∫ ( 1 – 4x 2 + 6x 4 – 4x 6 + x 8 ) dx = x – (4x 3 )/3 + (6 x 5 )/5 – (4 x 7 )/7 + (x 9 )/9 ... .0 0Após <strong>sua</strong>s primeiras notas, ao examinar seus escritos, <strong>Newton</strong> percebeu que os termos:(1 - x²) 0/2 = 1(1 - x²) 2/2 = 1 - x²(1 - x²) 4/2 = 1 – 2x 2 + x 4(1 - x²) 6/2 = 1 - 3x 2 + 3x 4 – x 6 15


são polinômios que podem ser interpola<strong>do</strong>s, assim como <strong>sua</strong>s áreas, e nada foi requeri<strong>do</strong> <strong>para</strong>isso, a não ser a omissão <strong>do</strong>s denomina<strong>do</strong>res 1,3 ,5, 7 ,etc, que aparecem nas áreas. Logo aquantidade <strong>do</strong>s termos a serem desenvolvi<strong>do</strong>s, <strong>para</strong> cada curva intercalada, poderia serencontrada a partir da série desenvolvida, que permitia encontrar os termos de uma seqüência <strong>do</strong>triângulo aritmético, a partir <strong>do</strong> 2º termo(1 - x²) 1/2 = 1 – 1/2x 2 – 1/8x 4 – 1/16x 6 , ...(1 - x²) 3/2 = 1 – 3/2x 2 + 3/8x 4 + 1/16x 6 , ...(1 - x²) 1/3 = 1 – 1/3x 2 –1/9x 4 – 5/81x 6 , ...Após ter se familiariza<strong>do</strong> com as extrações de raízes, <strong>Newton</strong> testou um novo processo,multiplican<strong>do</strong> 1– 1/2x 2 – 1/8x 4 – 1/16x 6 , ... , <strong>por</strong> si mesmo. A partir <strong>do</strong> momento em que aseqüência tendia <strong>para</strong> o infinito, restava 1 - x², <strong>por</strong>que os termos que ficavam desapareciam pelacontinuidade da série até o infinito. Da mesma maneira ocorreu quan<strong>do</strong> multiplicou 1 – 1/3x 2 –1/9x 4 – 5/81x 6 , ... , duas vezes <strong>por</strong> si mesmo, resultan<strong>do</strong> em 1 - x². <strong>Newton</strong> percebeu, nas sériesformadas, que essas representavam raízes da quantidade 1 - x², e aban<strong>do</strong>nou o méto<strong>do</strong> dainterpolação, passan<strong>do</strong> a usar méto<strong>do</strong>s algébricos <strong>para</strong> extração de raízes, que, segun<strong>do</strong> ele,tinham fundamentos mais naturais que o méto<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> na interpolação. Se a raiz da equação y =(1- x²) 1/2 = 1 – 1/2x 2 – 1/8x 4 – 1/16x 6 ... , então a quadratura sob a mesma curva, poderia serobtida substituin<strong>do</strong> o 1 <strong>por</strong> x, alternan<strong>do</strong> os sinais em positivos e negativos, soman<strong>do</strong> 1 aosexpoentes da variável x e estes mesmos valores seriam coloca<strong>do</strong>s nos denomina<strong>do</strong>res de cadarespectiva variável x. Logo a quadratura sob a curva de equação y = (1 - x²) 1/2 = x – (1/2)x 2+1 +(1/8)x 4+1 - (1/16)x 6+1 + ... + ax (m / n)+1 2+1.4+1 6+1 (m/n)+1(m / n)Posteriormente veremos que <strong>Newton</strong> aparece sugerin<strong>do</strong> a quadratura sob a curva y = axcomo sen<strong>do</strong> nax (m+ n) / n , que é igual a ax (m / n)+1 .m+n(m/n)+116


As séries infinitas foram indispensáveis <strong>para</strong> <strong>Newton</strong> no desenvolvimento da quadratura decurvas. Mediante a expansão em série ele foi capaz de calcular a integral de expressões queenvolviam raízes, integran<strong>do</strong>-as termo-a-termo. <strong>Newton</strong>, ciente das dificuldades, assume a noçãode convergência de James Gregory, mencionan<strong>do</strong> constantemente a necessidade de assegurar queo tempo deva ser suficientemente pequeno. “Suas opiniões sobre convergência nunca foramfirmemente estabelecidas” [1,vol 3, pg. 17 ]. O desenvolvimento destes conceitos de forma precisa sóserá alcança<strong>do</strong> muito posteriormente, no século XIX.17


4.2 - As fluxões e os fluentes.<strong>Newton</strong> experimentou outros tipos de notações e outras formas de demonstrações, antes deescrever o De Analyse. Suas idéias baseavam-se em problemas de geração de curvas <strong>por</strong>movimentos, nos quais chamou o espaço percorri<strong>do</strong> de fluente e a velocidade <strong>do</strong> móvel defluxão. Essas idéias constituíram o que <strong>Newton</strong> chamou de méto<strong>do</strong> das fluxões, “ publicadas emum pequeno trata<strong>do</strong> que escreveu em 1666 e posteriormente, desenvolvidas mais completamenteno trata<strong>do</strong> de 1671”. [1,vol 3,pág. 23]Para explicar a natureza das curvas, <strong>Newton</strong> propôs, com vistas ao espaço percorri<strong>do</strong>, qualquermovimento local, fosse este movimento acelera<strong>do</strong> ou retarda<strong>do</strong>.1) “ Da<strong>do</strong> o comprimento <strong>do</strong> espaço percorri<strong>do</strong> continuamente ( quer dizer, em cada instante detempo), ache a velocidade <strong>do</strong> movimento num instante qualquer”.2) “ Dada a continuidade <strong>do</strong> movimento (quer dizer, em cada instante de tempo), ache ocomprimento <strong>do</strong> espaço percorri<strong>do</strong> num instante qualquer” .Assim, em uma equação x² = y, y é o espaço percorri<strong>do</strong> ( <strong>Newton</strong> também chama defluente), em um instante qualquer. Este espaço também pode ser medi<strong>do</strong> e representa<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong>.<strong>Newton</strong>, <strong>por</strong> um segun<strong>do</strong> espaço x, que cresce com velocidade uniforme. Então 2xx, descreverá. .a velocidade <strong>do</strong> móvel em determina<strong>do</strong> instante. <strong>Newton</strong> a<strong>do</strong>tou a notação x, y, não só <strong>para</strong> as. .velocidades, mas também <strong>para</strong>, as fluxões. Na notação atual x = v (velocidade) tal que x = dx/dtou v = ds/dt ( s = espaço percorri<strong>do</strong> ).t tE se v = ds/dt, ∫ v dt = ∫ ds/dt = s, espaço percorri<strong>do</strong>.0 0Estes são os <strong>do</strong>is problemas inversos partir <strong>do</strong>s quais <strong>Newton</strong> desenvolveu seu cálculo.Se y = x² e ambas variáveis são espaços em função de t ( tempo ), então dy/dt = 2x dx/dt.Como x aumenta uniformemente, dx/dt = x é uma constante e como o tempo só pode sermedi<strong>do</strong> consideran<strong>do</strong>-se o movimento uniforme,logo dx/dt = x = 1. A variável independentex, que aumenta uniformemente, pode ser usada como uma“medida” de tempo.[1,vol 3, pg. 27,28 ]18


<strong>Newton</strong>, em <strong>sua</strong>s notações, não decidiu <strong>por</strong> uma forma padrão, usan<strong>do</strong> pontos até mea<strong>do</strong>sDe 1661 e símbolos como l, m ,n e r <strong>para</strong> representar as fluxões de v, x, y e z, na versão original<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1671. [1,vol3, pág. 26]19


4.3 – A Relação Entre as Fluxões e os Fluentes.4.3.1 - Como <strong>Newton</strong> achou uma relação entre as fluxões das quantidades com os seusrespectivos fluentes.Toman<strong>do</strong> as quantidades infinitamente pequenas <strong>do</strong>s fluentes, que <strong>Newton</strong> denominacomo sen<strong>do</strong> momentos das quantidades fluentes, adicionadas tais quais elas aumentam em umcerto intervalo de tempo (infinitamente pequeno), de mo<strong>do</strong> que cada quantidade infinitamentepequena <strong>do</strong>s fluentes, possam ser expressas pelo produto da <strong>sua</strong> respectiva fluxão ( velocidade ),<strong>por</strong> um intervalo de tempo infinitamente pequeno. Exemplo.Sen<strong>do</strong> o fluente x, de forma que <strong>sua</strong> parte infinitamente pequena, pode ser expressa pelo. .(fluxão, x ) <strong>por</strong> um intervalo de tempo infinitamente pequeno ( o ), onde x.o.<strong>Newton</strong> logo percebeu que os momentos <strong>do</strong>s demais fluentes v, y, z, ... , poderiam ser. . . . . .expressos respectivamente <strong>por</strong> v.o, y.o, z.o, ... , o que mostra que v.o, y.o, z.o, ... estão. . .relaciona<strong>do</strong>s com <strong>sua</strong>s fluxões ( velocidades ) v, y, z, ... .. .Assim como os momentos x.o, y.o das quantidades fluentes x e y, são seus incrementos.infinitamente pequenos, <strong>para</strong> cada intervalo de tempo infinitamente pequeno, teremos x + xo e.y+ yo ( x + Δx e y + Δy ). Para entender como <strong>Newton</strong> calculava, tomemos como exemplo aequação x³ – ax² + axy – y³ = 0 em um intervalo curto d e tempo, podemos substituir x <strong>por</strong>. . . . . . .x + xo e y <strong>por</strong> y + yo, onde teremos: (x + xo)³ - a(x + xo)² + a(x + xo)( y + yo) – (y + yo)³ = 0. . . . . . . . . .x³ + 3x²xo + 3xx²o² + x³o³ – a( x² + 2xxo + x²o² ) + a( xy + xyo +xyo + xyo² ) – ( y³ + 3y²yo +. . . . . . . . .3yy²o²+ y³o³) = 0 logo, x³ + 3x²xo + 3xx²o² + x³o³ – ax² – 2axxo – ax²o² + axy + axyo + ayxo +. . . . .axyo² – y³ –3y²yo – 3yy²o² – y³o³ = 0Pelos cálculos de <strong>Newton</strong>, fazen<strong>do</strong> a equação acima menos a equação inicial dada, x³ – ax² +. . . . . . . . . . .axy – y³ = 0, temos 3x²xo + 3xx²o² +x³o³ –2axxo – ax²o² – axyo + ayxo + axyo² – 3y²yo – 3yy²o²= 0. Dividin<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> pelo tempo “o” e como diz <strong>Newton</strong>, <strong>para</strong> um “o” infinitamente pequeno20


(Fica implícita a noção de limite com o → zero, a idéia de convergência que <strong>Newton</strong> menciona,mas não aprofunda em seus estu<strong>do</strong>s.), os termos onde tem “o” como fator são insignificantes epodem ser despreza<strong>do</strong>s, fican<strong>do</strong> apenas:. . . . .3x²x –2axx – axy + ayx - 3y²y = 0. . . .Na matemática contem<strong>por</strong>ânea temos a seguinte notação <strong>para</strong> 3x²x –2axx – axy + ayx –.3y²y = 0: 3x² dx / dt – 2ax dx / dt – ax dy / dt + ay dx / dt - 3y² dy / dt = 0Um caminho longo teria que ser percorri<strong>do</strong> até que o cálculo conseguisse se desenvolverem bases sólidas durante o século XIX.21


4.4 - De Analyse.Após estu<strong>do</strong>s profun<strong>do</strong>s sobre a geometria de Descartes, <strong>Newton</strong> teve a idéia de aplicar aálgebra aos estu<strong>do</strong>s de geometria e fez demonstrações (<strong>por</strong>ém não profundas como mencionaem seus escritos), de como calcular a quadratura de regiões sob curvas <strong>por</strong> uma série infinita determos.Não citarei aqui todas as demonstrações feitas em seus manuscritos, mas algumas que vãoajudar o leitor não só a entender o funcionamento <strong>do</strong> cálculo de <strong>Newton</strong>, mas também, comoseus estu<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s à área sob curvas foram bem abrangentes.DABEmbasa<strong>do</strong> na geometria de Descartes, <strong>Newton</strong> chama AB de x e BD de y. <strong>Newton</strong>também a<strong>do</strong>ta a, b, c, ... , como quantidades dadas (valores que aparecem como coeficiente dasvariáveis) e m e n, como inteiros. <strong>Newton</strong> começa estabelecen<strong>do</strong> regras <strong>para</strong> calcularquadraturas de curvas simples como as que apresento a seguir:Regra 1. Quadratura de curvas simples.Se y = ax m/n , segun<strong>do</strong> <strong>Newton</strong>, então a área da curva abaixo <strong>do</strong> gráfico na região ABD, é dada<strong>por</strong> n.a . x (m+ n) / n . E cita vários exemplos práticos <strong>do</strong>s quais mencionarei alguns.m + n22


i )“Se y = 4 √ x , então y = 4 x 1/2 “ . Logo a área pode ser definida <strong>por</strong>: a = 4; m = 1e n = 2.Aplican<strong>do</strong> a regra prática de <strong>Newton</strong>, temos: ( 2.4 / 1 + 2) x (1+2)/2 => (8/3)x 3/2 , que é a área soba curva da função dada acima . No cálculo moderno essa operação é definida como integralindefinida, onde: ∫ 4 x 1/2 dx = 4 ∫ x 1/2 dx = (8/3)x 3/2 + c.ii )“Se y = x 2“, então a = 1, m = 2 e n = 1. Logo pela regra prática de <strong>Newton</strong> temos:(1.1 / 2 + 1) x (2+1)/1 => (1/3) x 3 = x 3 / 3, que é a área em questão. No cálculo contem<strong>por</strong>âneotemos: ∫ x 2 dx = x 3 / 3 + c.Regra 2. Quadratura de curvas compostas de curvas simples.Se for y composto de vários termos, então a área também será composta das áreasresultantes de cada termo em questão.i )“Se y = x 2 ± x 3/2“, então a área desejada é tomada pela resultante da área de cada termo, combase na regra 1, aplicada se<strong>para</strong>damente. Onde:(1.1 / 2+1) x (2+1)/1 ± (2.1 / 3+2) x (3+2)/2 => x 3 / 3 ± 2x 5/2 / 5.Atualmente temos: ∫ ( x 2 ± x 3/2 ) dx = ∫ x 2 dx ± ∫ x 3/2 dx => x 3 / 3 ± 2x 5/2 / 5 + c.ii )“ Para y = x -2 + x -3/2 “, temos, conforme a regra 2 (i ), a área - x -1 - 2x -1/2 = αBD e <strong>para</strong> y = x -2 -x -3/2 ,temos a área - x -1 + 2x -1/2 = αBD.Nesse caso <strong>Newton</strong> faz a observação, de que, ao mudar o sinal da função, teremos umamesma área αBD em ambos os casos. Para isto é necessário que as curvas estejam situadasinteiramente <strong>do</strong> la<strong>do</strong> superior da base ABα, conforme figura abaixo. No cálculo contem<strong>por</strong>âneo,23


trata-se da mudança <strong>do</strong>s extremos de integração, onde se muda o sinal da função, mas o valor daárea, permanece inalterada.FDABαMas quan<strong>do</strong> acontecer da curva cruzar a <strong>sua</strong> base no caso B e ς, conforme figura abaixo, aárea terá o valor da diferença quan<strong>do</strong> a parte inferior for eliminada da parte superior. Nesse caso<strong>Newton</strong> fez a seguinte observação, se de fato desejar <strong>sua</strong> soma ache cada área se<strong>para</strong>damente, eadicione - as.BςA D αmaneira.Área abaixo de curvas significa, uma investigação minuciosa sobre curvas da seguinteSe a curva for <strong>do</strong> tipo y = ax p , onde p = m/n, a fórmula de <strong>Newton</strong> n.a . x (m+n)/n , funcionam + nperfeitamente bem (usada inclusive na matemática moderna). Para p = -1 afórmula falha, já que y = ax -1 é uma curva que se estende infinitamente ao longo <strong>do</strong>s eixos x,y elogo, a área se torna infinita. Neste caso, é a<strong>do</strong>tada nos manuscritos de <strong>Newton</strong> uma notação queprovavelmente procede de Wallis: temos <strong>para</strong> a área, (1/0) x1 = ∞, uma notação em desuso24


atualmente. <strong>Newton</strong> explica com bastante cuida<strong>do</strong> a im<strong>por</strong>tância de limitar a área sob a curva,pois nestes casos, só podemos obter uma parte intermediária dela. <strong>Newton</strong>, através de umprocesso muito longo de divisão, obteve a série <strong>para</strong> (1+ x) -1 conhecida como série <strong>para</strong> oslogaritmos. Sen<strong>do</strong> assim, <strong>para</strong> a área da curva limitada em (1+ x) -1 , tem-se log (1+ x).Existe também uma dificuldade <strong>para</strong> p negativo. Nesse caso, <strong>Newton</strong> sugere a inversão <strong>do</strong>sextremos de integração, como na regra 2 (ii ).As dificuldades que surgem na aplicação da fórmula <strong>para</strong> pnegativo são tratadas pela troca das fronteiras de integração.∞ ∞ xSe y = 1/x², então ∫ 1/x² dx = [ - 1/x ] / = [ 1/x ] /x x ∞[1,vol 3, pg.22 ]Já <strong>para</strong> f1 (x) → ∞ com x → 0 ( f1 (x) = 1/x² ) e f2 (x) → ∞ com x → ∞ ( f2 (x) = x² ), onde y =f1 (x) + f2 (x), a área só poderá ser obtida dentro de uma fronteira ou, parte intermediária. Se y =bx 2 + x -2 então, ∫ ( x 2 + x -2 ) dx = ( x 3 / 3 – 1 / x ) / é a área descrita e só pode ser definida dentroa a ade um intervalo de integração [ a , b ], já que a área é infinita de ambos os la<strong>do</strong>s.bFDαABObservan<strong>do</strong> que as áreas ficam de la<strong>do</strong>s opostos da linha BD, onde BF = x 2e DF = x -2 , comx 3 /3 = área ABF descrita <strong>por</strong> BF e – x -1= área DFα descrita <strong>por</strong> DF. Isso acontecerá quan<strong>do</strong> osexpoentes cuja bases é x estiverem com sinais diferentes e qualquer <strong>por</strong>ção de área dada, já que aárea é infinita em ambos os la<strong>do</strong>s, será encontrada desta forma. Subtraia a área referente à menorbase da área referente a maior base.25


= 2Para b = 2 e a = 1 temos: ( x 3 / 3 – 1 / x ) / = { [ 2 3 / 3 ]+ [ (-1/ 2) ]}- { [ 1 3 / 3 ] + [ -1 ]}a = 1{8/3 –1/2} – {1/3 – 1} = {16/6 – 3/6} – {1/3 – 3/3} = 13/6 - (- 2/3) = 13/6 + 4/6 = 17/6.<strong>Newton</strong> fez uma demonstração geral da fórmula desenvolvida <strong>por</strong> ele aplicada emquadratura de curvas simples, toman<strong>do</strong> as fluxões como a operação inversa aos fluentes, daseguinte maneira.Se a quadratura de uma curva simples ax m/n = y, pode ser dada <strong>por</strong>,n.a . x (m+n)/n = z, então temos: fazen<strong>do</strong> (n.a)/ (m+n) = c, m + n = p, temos c.x p/n = z.m+nm + nElevan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da igualdade <strong>por</strong> n, temos c n . x (p/n).n = z n , logo c n .x p = z n .Fazen<strong>do</strong> x = x + o e z = z + oy, substituin<strong>do</strong> na fórmula acima temos:c n (x +o) p = (z + oy) n => c n (x p +pxo p-1 ... ) = z n + noyz n-1 ... . Ao efetuar o produto teremos:c n .x p + c n .px p-1 o + ... = z n + noyz n-1 + ... . Eliminan<strong>do</strong> os termos equivalentes c n .x p e z n , restanos:c n p x p-1 o = nyz n-1 ; dividin<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> <strong>por</strong> “o”, segue c n p x p-1 = nyz n-1 => c n px p-1 = nyz n .z -1 =>c n px p-1 = nyz n (1/z) => c n p x p-1 = nyz n / z. Logo z = c x p/ne z n = c n x p . Fazen<strong>do</strong> a substituição,temos.c n p x p-1 = ( n y c n x p ) / c x p/n logo, ( c n p x p-1 ) / c n x p = ny / c x p/n => p x -1 = ny / cx p/n=> p x -1 (c x p/n ) = ny, mas conforme no início temos: c = (n/m)a; p = m + n; substituin<strong>do</strong> nafórmula anterior, veremos que: (m + n)x -1 .[ (n / m+n)a x (m+n)/n ] = ny => na x (m+n/n)-1 = ny =>=> ax (m+ n-n)/n = ny / n => ax m/n = y.<strong>Newton</strong>, através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> das fluxões, calcula a fluxão (derivada), da quadratura decurvas simples (integral), também chamada <strong>por</strong> ele de fluente <strong>por</strong> basear-se em movimento.<strong>Newton</strong> formulou regras e procedimentos sistemáticos, procuran<strong>do</strong> soluções gerais <strong>para</strong> amaioria <strong>do</strong>s problemas relaciona<strong>do</strong>s ao cálculo infinitesimal conheci<strong>do</strong>s na época.26


5 - Das obras de Gottfried Wilhelm <strong>Leibniz</strong>.Para o desenvolvimento <strong>do</strong> cálculo, Lebniz partiu de algumas premissas como acharacteristica generalis (características gerais), seqüência de diferenças, triânguloscaracterísticos, a transmutação. Estes estu<strong>do</strong>s foram realiza<strong>do</strong>s em seu primeiro perío<strong>do</strong> em Parise são de fundamental im<strong>por</strong>tância <strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> cálculo, como veremos a seguir.5.1 - As Características gerais.As Características gerais constituem uma linguagem matemática que, através de símbolos,direcionaram os raciocínios de <strong>Leibniz</strong>, conduzin<strong>do</strong>-o em to<strong>do</strong>s os seus estu<strong>do</strong>s.Usan<strong>do</strong> símbolos, <strong>Leibniz</strong> pôde traduzir to<strong>do</strong>s os seus raciocínios e argumentações. Ascaracterísticas gerais tiveram um papel muito im<strong>por</strong>tante <strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> cálculo etornaram – se uma ferramenta imprescindível <strong>para</strong> <strong>Leibniz</strong> em <strong>sua</strong>s demonstrações. Aspectosim<strong>por</strong>tantes sobre esses símbolos, veremos ao longo deste trabalho.Segun<strong>do</strong> <strong>Leibniz</strong>,“uma vez traduzi<strong>do</strong> um problema em linguagem matemática simbólica, aaplicação das regras conduzirá quase mecanicamente a <strong>sua</strong> solução”[1,vol 3, pg. 43].27


5.2 - Seqüência de diferenças.Huygens, matemático holandês que tornou – se conselheiro de <strong>Leibniz</strong> em uma de <strong>sua</strong>svisitas a Paris, “o primeiro cientista natural e matemático da Europa no primeiro perío<strong>do</strong> depoisde Galileu e Descartes e antes de <strong>Newton</strong>” [1,vol 3, pág.40] , propôs a <strong>Leibniz</strong> que resolvesse oproblema de somar a série cujos termos são os valores recíprocos <strong>do</strong>s números triangulares.∞“Os números triangulares são 1, 3, 6, 10, 15, ..., r (r + 1 ) / 2, ... . Assim, Huygens pediu a∞<strong>Leibniz</strong> que calculasse ∑ 2 / r ( r + 1 )” [1,vol 3, pg. 44].r =1<strong>Leibniz</strong> tinha conhecimento de seqüências de diferenças e, <strong>para</strong> o problema proposto,formulou a seguinte seqüência de diferenças. Sen<strong>do</strong> conhecida a seqüência a1, a2, a3, a4, ...,an,an+1, temos a seguinte seqüência das diferenças: b1 = a1 – a2; b2 = a2 – a3; b3 = a3 – a4; ... .<strong>Leibniz</strong> observou que tem-se:b1 + b2 + b3 + b4 + … = a1 – a2 + a2 – a3 + a3 – a4 + ... + (an–1) – an + an – (an+1) + ... = a1 – an+1, eque, <strong>por</strong> sorte, a seqüência <strong>do</strong>s números triangulares recíprocos é a seqüência das diferenças,onde 2 / r (r + 1), pertence à seqüência das diferenças originada pela seguinte seqüência: 2/1,2/2, 2/3, 2/4, 2/5, ... ,2/r, 2/r+1 , ... . Esta seqüência dá origem à seqüência das diferenças. 2/1 –2/2, 2/2 – 2/3, 2/3 -2/4, ... ,2/r –2/(r+1), onde o termo 2/r – 2/(r+1) = 2/r (r+1) e somar os termosdessa seqüência é obter como resposta, 2/1 – 2/(r+1).∞∞Logo ∑ 2 / r ( r + 1 ) = ∑ 2 / r – 2 / ( r + 1 ) = 2 – 2 / (r + 1) = 2 – 2 /( ∞ + 1) = 2r =1 r =1<strong>Leibniz</strong> realizou várias deduções sobre adição de seqüênciassemelhantes juntan<strong>do</strong> – as ao triângulo harmônico.Em Londres, <strong>Leibniz</strong> percebeu que tu<strong>do</strong> que havia deduzi<strong>do</strong>não era novo, já existia em bibliografias matemáticas da época.Essas deduções lhe deram conhecimentos que foramim<strong>por</strong>tantíssimos ao desenvolvimento <strong>do</strong> cálculo, como:Somar seqüências e tomar as <strong>sua</strong>s seqüências das diferençassão operações mutuamente inversas num certo senti<strong>do</strong>.[ 1,vol 3, pg. 45,46 ]28


Após ter aplica<strong>do</strong> essas idéias em inúmeras séries diferentes, <strong>Leibniz</strong> aplicou - as tambémà geometria..yY1 y2 y3 y4 y5 y6 y70 1 1 1 1 1 1 1 BxNa visão de <strong>Leibniz</strong> o problema da quadratura poderia ser estuda<strong>do</strong> como Cavalieri emuitos o fizeram. Toman<strong>do</strong> as ordenadas de comprimentos y1, y2 y3, ..., eqüidistantes uma dasoutras com o valor igual a 1, ao fazer o somatório das respectivas ordenadas, teríamos um valoraproxima<strong>do</strong> da quadratura da curva ( da área abaixo da curva ). E se tomarmos as diferençasconsecutivas das ordenadas, teríamos valores aproxima<strong>do</strong>s da declividade das tangentes. Eleobservou que <strong>para</strong> distâncias cada vez menores entre as ordenadas, melhor seria a aproximaçãoda quadratura da curva, assim como também da declividade das tangentes à curva.Consideran<strong>do</strong> a parábola y = x² / a, tomamos sucessivamente a/2 e a/3 como unidades edeterminamos a aproximação correspondente <strong>para</strong> as declividades da tangente em C= (a,a).yy = x² / aaa 4a/3 3a/2 2ax29


Logo temos: a + a/2 = 3a/2 e a + a/3 = 4a/3.No primeiro caso, y = a²/a = a e y = (3a/2)² /a = 9a/4. Fazen<strong>do</strong> a diferença entre asordenadas temos, 9a/4 – a = 5a/4 = 5/2 . a/2, logo a aproximação da tangente é de 5/2 = 2,5.No segun<strong>do</strong> caso, y = a e y = (4a/3)² / a = 16a/9, pela diferença das ordenadas, temos16a/9 – a = 7a/9 = 7/3.a/3, logo a aproximação da tangente é de 7/3 = 2,33. Como a declividadeda tangente é 2, podemos observar que <strong>para</strong> distâncias cada vez menores entre as ordenadas,mais nos aproximamos da declividade da tangente à curva no ponto C = (a,a).Esse foi um <strong>do</strong>s primeiros trabalhos de <strong>Leibniz</strong> sobre o cálculo, em que percebeu quetomar as diferenças infinitamente pequenas de termos e somá-las seriam operações inversas.Determinar a área abaixo de uma curva e determinar as tangentes à curva seriam tambémoperações inversas.5.3 - Triângulos Característicos.Após aprofundar seus estu<strong>do</strong>s sobre cálculo infinitesimal, <strong>Leibniz</strong> encontrou notações nasquais Pascal aplicava o que <strong>Leibniz</strong> chamou de triângulo característico; acredito ser o triânguloaritmético ou também conheci<strong>do</strong> triângulo de Pascal, aos círculos. E <strong>Leibniz</strong> procurou, comêxito, estender a aplicação a curvas diversas.Veja o exemplo extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro História da Matemática vol. 3, Origem eDesenvolvimento <strong>do</strong> Cálculo.cc’ Cdλg 0 b e30


Seja 0cC uma curva qualquer, onde λ é a tangente a curva em c e o segmento ce a normalem c. Toman<strong>do</strong> c’ na tangente tal que em uma boa aproximação o segmento cc’ possa coincidircom a curva,o menor triângulo da figura acima, o triângulo cdc’ é o chama<strong>do</strong> triângulocaracterístico. Esse triângulo é semelhante aos triângulos cbe e cbg, assim temos:cd / cb = dc’ / be = cc’ / ce; e cd / bg = dc’ / bc = cc’ / gcApesar de não ser o primeiro a utilizar tais relações, o que <strong>Leibniz</strong> queria não eramméto<strong>do</strong>s <strong>para</strong> buscar um resulta<strong>do</strong> em específico, como havia pesquisa<strong>do</strong> em publicações daépoca. Queria, sim, generalizar de maneira mais abrangente possível, méto<strong>do</strong>s <strong>para</strong> se calcular aquadratura de curvas.Através <strong>do</strong> triângulo característico, <strong>Leibniz</strong> desenvolveu uma regra geral a qualdenominou transmutação.5.4 - Transmutação.A transmutação consiste em uma regra geral que permite transformar uma curva dada emuma outra curva, obtida a partir das tangentes da curva dada em questão. É um méto<strong>do</strong>interessante quan<strong>do</strong> a curva encontrada pelo regra de transmutação é mais simples que a curvadada. É um processo que reduz a área da curva dada à área de uma outra curva.Para o desenvolvimento deste processo, <strong>Leibniz</strong> tomou uma curva arbitrária na qual, deposse de uma região limitada abaixo da curva, desenvolveu o seguinte processo.Seja a região limitada da qual quero encontrar a área, a região 0cCB. Essa área pode serdefinida, dividin<strong>do</strong> a região desejada 0cCB em vários triângulos pequenos tais como na figura.ycc’ C0 B x31


Encontrar a área desejada consiste em somar a área de to<strong>do</strong>s os pequenos triângulos 0cc’,acrescenta<strong>do</strong>s também da área <strong>do</strong> triângulo 0CB. Logo a área desejada é 0cCB = ∑ <strong>do</strong>striângulos 0cc’ + o triângulo 0CB.Para isso, <strong>Leibniz</strong> traça a tangente à curva no ponto c, que intercepta o eixo y em s e oeixo x em g. Em seguida cria um segmento com origem em 0 e extremidade em P tal que osegmento 0P seja perpendicular a tangente em P.Levan<strong>do</strong> em consideração que c e c’ tenham uma aproximação muito boa, são cria<strong>do</strong>stambém <strong>do</strong>is segmentos <strong>para</strong>lelos ao eixo y, um com extremidades c e b e outro comextremidades c’e b’. Aparecem assim mais <strong>do</strong>is segmentos, só que desta vez <strong>para</strong>lelos ao eixo x.Um com extremos em c e d, que define o triângulo característico cdc’ e outro segmento comextremos s e q’, interceptan<strong>do</strong> o segmento cb em q.Usan<strong>do</strong> semelhança entre triângulos, <strong>Leibniz</strong> chega à seguinte conclusão: O ∆ cdc’ ésemelhante ao ∆ 0PS, com cc’ / 0S = cd / 0P, logo cc’ x 0P = cd x 0S. Tem-se ainda: área <strong>do</strong> ∆0cc’ = 1 / 2 ( cc’ x 0P ) = 1 / 2 ( cd x 0S ). Mas como cd = bb’ e 0S = bq, temos que 1 / 2 ( cd x0S ) = 1 / 2 ( bb’x bq ) = área ( bqq’b’) / 2.32


Traçan<strong>do</strong> a tangente referente a cada ponto c da curva, teremos então um ponto q <strong>para</strong>cada respectivo c. Fazen<strong>do</strong> a ligação de to<strong>do</strong>s os pontos q, teremos então uma nova curva,0qQB, que <strong>Leibniz</strong> chamou de transmutação da curva dada.Se a área da figura 0cCB = ∑ <strong>do</strong>s triângulos 0cc’ + o triângulo 0CB e se a área 0cc’ = 1 / 2(bqb’q’ ), então área 0cCB = ∑ ( bqb’q’ ) / 2 + ∆ 0CB.Contu<strong>do</strong>, a área da curva desejada é a área da curva transmutada dividida <strong>por</strong> <strong>do</strong>is, mais aárea <strong>do</strong> triângulo 0CB. É um processo complexo e interessante, desde que a curva, depois detransmutada, se transforme em uma curva conhecida.Já o triângulo 0CB surge a partir <strong>do</strong> momento que a tangente no ponto c, passa a ser<strong>para</strong>lela ao eixo das abscissas.O segmento cg é a tangente à curva em c. Surge então da construção <strong>do</strong> último segmento oc, otriângulo 0CB.33


Apesar de <strong>Leibniz</strong> ter deduzi<strong>do</strong> sozinho a regra da transmutação, ela já aparecia emalgumas publicações desconhecidas <strong>por</strong> ele na época.Essa espécie de regra de transmutação <strong>para</strong>quadraturas o corre, <strong>por</strong> exemplo, nas obras de Barrowe de Gregory. Entretanto, <strong>Leibniz</strong> a encontrou <strong>por</strong> simesmo e ficou impressiona<strong>do</strong> com seu poder <strong>para</strong>resolver problemas de quadraturas.[1,vol 3, pg. 52 ]Aplican<strong>do</strong> a regra da transmutação em várias curvas, chegan<strong>do</strong> inclusive a deduzir aquadratura de curvas de ordem superior como a parábola e a hipérbole, <strong>Leibniz</strong> desenvolveutambém o que ele chamava de “a quadratura <strong>do</strong> círculo”. Através desse desenvolvimento, surgiua série <strong>para</strong> π. [1, vol 3,pág.50]Usan<strong>do</strong> as notações utilizadas no cálculo contem<strong>por</strong>âneo, talvez seja mais fácil <strong>para</strong> oleitor compreender a regra da transmutação.Conforme a figura anterior, a quadratura da curva 0cCB, segun<strong>do</strong> a regra da transmutação,pode ser feita toman<strong>do</strong> o segmento cb como sen<strong>do</strong> uma equação tal que y esteja em função de x.Conseqüentemente cq = x dy / dx. Fazen<strong>do</strong> o segmento cb = y e qb = t, temos que o segmentoqb = t = y – x dy/dx. Logo a área da curva desejada pode ser definida como:xo xo xo xo∫ y dx = ½ ∫ t dx + 1/2 xoyo, logo ∫ y dx = ½ ∫ (y – x dy/dx)dx +1/2 xoyo.o o o o34


xo xo yoE ½ ∫ (y – x dy/dx)dx +1/2 xoyo dá origem a ½ ∫ y dx - ½ ∫ x dy +1/2 xoyo.o o oEssa notação moderna que acabamos de ver foi desenvolvida <strong>por</strong> <strong>Leibniz</strong> <strong>do</strong>is anos apóster cria<strong>do</strong> a regra da transmutação. Buscava ele com isso uma maneira de generalizar o uso daregra de uma forma mais ampla possível, como veremos a seguir.5.5 - Os Simbolismos de <strong>Leibniz</strong>.Ao iniciar seus estu<strong>do</strong>s, <strong>Leibniz</strong> buscou expressar analiticamente através de fórmulas esímbolos todas as <strong>sua</strong>s idéias. Para tanto, a<strong>do</strong>tou em seus estu<strong>do</strong>s iniciais símbolos introduzi<strong>do</strong>s<strong>por</strong> Cavalieri. O que veremos a seguir é parte de uma amostra <strong>do</strong> início <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de <strong>Leibniz</strong>,extraí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> livro História da Matemática [1] no volume intitula<strong>do</strong>, Origem e Desenvolvimento<strong>do</strong> Cálculo.Para indicar a área de uma curva cuja ordenada é y, o simbolismo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> é “omn.y”, osímbolo ‏”ח“‏ representa a igualdade, “ult.” significa último termo da seqüência tal que ult.s, é oúltimo termo da seqüência s. Os parênteses utiliza<strong>do</strong>s atualmente <strong>para</strong> se<strong>para</strong>r termos, sãorepresenta<strong>do</strong>s <strong>por</strong> um segmento de reta acima das incógnitas em questão, omn.s.35


Estes simbolismos foram encontra<strong>do</strong>s em manuscritos de <strong>Leibniz</strong>, data<strong>do</strong>s de 25,26 e 29de outubro de 1675 [1,vol 3, pg. 52] sobre a quadratura da hipérbole retangular.Sejam ordenadas y eqüidistantes e w a diferença de cada respectivo y, entre duas abscissassucessivas. Podemos observar que a área da figura 0DC é a soma de to<strong>do</strong>s os retângulos xw,onde x multiplica<strong>do</strong> <strong>por</strong> w aparece nos manuscritos como sen<strong>do</strong> momento estático de w. A área0DC é a soma <strong>do</strong>s momentos das diferenças w.A área 0DC é o complemento da área 0BC no retângulo 0BCD e, na terminologia deCavalieri, a área 0BC é a soma de to<strong>do</strong>s os y’s.Pela linguagem simbólica de Cavalieri, a<strong>do</strong>tada <strong>por</strong> <strong>Leibniz</strong>, temos:omn. xw, ח ult.x, omn.w., - omn.omn.w(omn. xw,) é a área 0DC;(ult.x, omn.w.,) é a área total <strong>do</strong> retângulo 0BCD;(omn.omn.w) é a área 0BC.Neste caso os w’s são as diferenças <strong>do</strong>s y’s, logo cada y pode ser escrito como uma soma<strong>do</strong>s w’s, (omn.w). É pegar cada y e dividir em w’s partes. Se a área 0BC, segun<strong>do</strong> Cavalieri,pode ser escrita como a soma <strong>do</strong>s y’s (omn.y), então esta mesma área também pode ser escritacomo sen<strong>do</strong> a soma da soma <strong>do</strong>s w’s (omn.omn.w), segun<strong>do</strong> <strong>Leibniz</strong>.36


Outro aspecto im<strong>por</strong>tante que pode ser observa<strong>do</strong> na demonstração é a idéia central dateoria das seqüências de diferenças.<strong>Leibniz</strong>, usan<strong>do</strong> a fórmula citada acima, e usan<strong>do</strong> a substituição <strong>do</strong> w <strong>por</strong> várias espécies,deduz várias outras formulas de maneira puramente analítica, sem o uso de figuras. Fazen<strong>do</strong> xw= az, temos w = az / x. Substituin<strong>do</strong> na fórmula acima temos:omn. az, ח ult.x, omn.az/x., - omn.omn.az/xFazen<strong>do</strong> agora xw = a, temos: w = a / x. Substituin<strong>do</strong> na fórmula temos:omn. a, ח ult.x, omn.a / x., - omn.omn.a / xObserve que, nesta segunda substituição, y = a / x é equação da hipérbole retangular e omn. a/x éa quadratura da hipérbole. Essa quadradura é um logaritmo, onde diríamos que:∫ (a / x )dx = log x em uma base qualquer.E que omn.omn. a / x é a soma <strong>do</strong>s logaritmos, já que, omn. a / x é a integral de a / x que se tratade um logaritmo e omn.omn. a / x, é a integral dupla de a / x. Na primeira integral temos umlogaritmo e na segunda integral, a soma <strong>do</strong> logaritmo. Logo, em termos de quadratura dahipérbole, a fórmula expressa a soma <strong>do</strong>s logaritmos.Dias depois de <strong>Leibniz</strong> ter reuni<strong>do</strong> as idéias anteriores em uma série de estu<strong>do</strong>s, elepercebeu que existia uma diferença entre escrever omn.xy com, Omn.x multiplica<strong>do</strong> <strong>por</strong> omn. y.Decidiu então <strong>por</strong> a<strong>do</strong>tar uma simbologia própria usan<strong>do</strong>, ∫ (sestiliza<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> <strong>por</strong> calígrafos)cujo significa<strong>do</strong> é suma (soma), no lugar de omn.E usou ∫ ∫ no lugar de omn.omn., salientan<strong>do</strong>que as diferenças entre os termos são infinitamente pequenas. <strong>Leibniz</strong> começa a escrever simplesrelações de quadraturas no novo simbolismo, tais como:∫ x = x²/ 2 ; ∫ x² = x³/ 3. E denota:Se ∫ l for da<strong>do</strong>, também l o será: <strong>por</strong>ém, se l for da<strong>do</strong>, ∫ lnão será da<strong>do</strong>. Em to<strong>do</strong>s os casos ∫ x = x²/2.To<strong>do</strong>s esse teoremas são verdadeiros <strong>para</strong> séries nas quaisas diferenças <strong>do</strong>s termos impõem aos próprios termos umarazão que é menor <strong>do</strong> que uma quantidade qualquerdeterminável∫ x² = x³/ 3. [1,vol 3 , pág. 55 ]37


<strong>Leibniz</strong> desenvolve regras como: ∫ al = a . ∫ l , <strong>para</strong> um a igual a uma constante, assimcomo ∫ (x +y) = ∫ x + ∫ y . Logo em seguida introduz em seus escritos o símbolo d, <strong>para</strong>representar as diferenças e a operação inversa às quadraturas. Para a diferença <strong>do</strong>s y’s ele usa anotação y/d, então <strong>para</strong>:∫ l = ay, temos l = ay/d, onde l é a diferença <strong>do</strong>s y’s.Como podemos ver no início deste tópico, <strong>Leibniz</strong> usa as variáveis x,y e w como medidasde segmento, o mesmo acontecen<strong>do</strong> com o l. Como medidas de segmentos, são valoresunidimensionais. Como o produto de <strong>do</strong>is segmentos determina uma área, que é uma medidabidimensional, <strong>para</strong> ∫ l = ay é introduzi<strong>do</strong> um a <strong>para</strong> igualar as dimensões.O símbolo ∫ significadimensões de um comprimento e ∫ l é uma soma, logo as diferenças <strong>do</strong>s valores consecutivos ∫ lsão iguais ao l e <strong>por</strong>tanto, l = ay/d. Para <strong>Leibniz</strong>, se o símbolo d possui a mesma propriedade de ∫,que é retratar as dimensões, então deveria ser escrito no denomina<strong>do</strong>r e como ay é uma área, jáque ∫ l = ay, então ay/d é <strong>sua</strong> diferença, um segmento de reta. <strong>Leibniz</strong> não se prendeu a estasquestões dimensionais, já que ∫ e d são símbolos operacionais e não variáveis e mais tarde,aparece escreven<strong>do</strong> dy no lugar de y/d <strong>para</strong> indicar a diferença <strong>do</strong>s y’s, já que l/d tornava afórmula mais complicada. A partir deste perío<strong>do</strong>, <strong>Leibniz</strong> começa a usar notações como as quesão usadas no cálculo moderno, como: ∫ y dy = y²/2, mas <strong>para</strong> a quadratura abaixo de curvas,ainda continuava escreven<strong>do</strong> ∫ y, o que é uma falha aos mo<strong>do</strong>s <strong>do</strong> cálculo moderno.Posteriormente, surgem consistentes notações <strong>do</strong> tipo: ∫ydx, já que esta área seria o somatório devários retângulos de área y . dx. Neste mesmo perío<strong>do</strong>, levan<strong>do</strong> em consideração que asdistâncias entre as ordenadas fossem iguais a 1, onde dx = 1, <strong>Leibniz</strong> suprime da fórmula o dx epassa a escrever ∫ x = x² / 2. Algum tempo depois, aban<strong>do</strong>na este tipo de notação, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>então ∫ x² dx = x³/ 3.38


Os manuscritos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de outubro de 1675 apresentavam muitos erros de contas emuitas inconsistências, e passaram-se aproximadamente <strong>do</strong>is anos até que <strong>Leibniz</strong> conseguisseeliminá-los. As investigações de <strong>Leibniz</strong> <strong>para</strong> o desenvolvimento de um simbolismo adequa<strong>do</strong><strong>para</strong> o cálculo, não <strong>para</strong>ram <strong>por</strong> aí , estenden<strong>do</strong>-se ainda <strong>por</strong> muitos anos.5.6 - Das descobertas de <strong>Leibniz</strong>.Das descobertas de <strong>Leibniz</strong>, surgem vários conceitos <strong>do</strong>s quais alguns bem interessantes.São conceitos aplica<strong>do</strong>s no cálculo moderno que facilitam o entendimento <strong>do</strong> leitor.Para uma curva traçada segun<strong>do</strong> os eixos coordena<strong>do</strong>s x e y, conforme a figura, temos.<strong>Leibniz</strong> considera as ordenadas y infinitamente próximas, a uma distância dx. Por issotoma dx como sen<strong>do</strong> as diferenças infinitamente pequenas de x. Então temos, <strong>para</strong> segmentos<strong>para</strong>lelos ao eixo x, a uma distância infinitamente pequena, os dy’s, que são as diferençasinfinitamente pequenas de y. Se dx e dy são duas grandezas infinitamente pequenas, sãograndezas desprezíveis e o produto entre elas também será uma grandeza desprezível. Sen<strong>do</strong>assim,x + dx = x ; adx + dydx = adx ; a + dy = a.39


O triângulo característico dx,dy e ds, onde ds é a diferença infinitamente pequena dacurva s, pode ser forma<strong>do</strong> em cada ponto (x,y) da curva e sen<strong>do</strong> ds prolonga<strong>do</strong>, teremos então atangente à curva no ponto (x,y).Os triângulos, dx;dy;ds e t;y;r, são semelhantes segun<strong>do</strong> <strong>Leibniz</strong>. Logo dx/t = dy/y = ds/r.Desta relação temos dx/t = dy/y <strong>do</strong>nde dy/dx = y/t. Portanto <strong>para</strong> determinar as tangentes ésuficiente determinar a razão dy/dx. Para que isto seja feito, saben<strong>do</strong> que y e x se relacionam emforma de equações, atualmente conhecidas como funções, e que estas equações são conhecidascomo equações das curvas, é preciso achar as diferenças infinitamente pequenas destasequações (conhecidas atualmente como derivadas) <strong>para</strong> que tenhamos as tangentes desejadas.Para isso deve-se aplicar as seguintes regras:d(a) = 0, se a for uma constante;n n-1d ( u ) = nu du, se n for uma fração ou n for negativo, tal que n ≠ - 1;d (u + v) = du + dv;d (u.v) = u.dv + v.du;d (u/v) = (vdu – udv) / v².Essas regras são provenientes <strong>do</strong> fato de que as diferenças podem ser desprezadas.d (u.v) = (u + du)(v + dv) – uv = u.dv + v.du + dudv = u.dv + v.du ,onde dudv é desprezível.Depois de muitos anos após o trata<strong>do</strong> de 1675, continuan<strong>do</strong> as investigações sobre ocálculo e seu simbolismo, <strong>Leibniz</strong> chegou às conclusões acima citadas. Ele estava convenci<strong>do</strong> deque: d(u/v) não era igual a du/dv e que d(u.v) não era igual a du.dv. <strong>Leibniz</strong> fizera uma contraprova relacionada ao d(u.v), que apresento a seguir.Se tomarmos u = v = x; e dx = β, temos:d(u.v) = d(x²) = (x + β).(x + β) - x² = x² + xβ + xβ + β² - x² = 2xβ, onde foi suprimi<strong>do</strong> o β² <strong>por</strong>ser uma grandeza infinitamente pequena.40


du .dv = (x + β – x).(x + β – x) = x² + xβ - x² + xβ + β² - xβ - x² - xβ + x² = β² <strong>por</strong>tanto, 2xβ ≠ β²=► d(u.v) ≠ du .dvEm manuscritos posteriores, <strong>Leibniz</strong> aparece usan<strong>do</strong> a regra udv + vdu, considerada corretae utilizada atualmente no cálculo contem<strong>por</strong>âneo. Dessas premissas surgem as notações acimamencionadas.O cálculo de <strong>Leibniz</strong> foi publica<strong>do</strong> nove anos após <strong>sua</strong> descoberta. Naquela época, apublicação de alguns artigos <strong>para</strong> determinar tangentes e uma teoria sobre quadratura de curvasalgébricas fizeram com que <strong>Leibniz</strong> sentisse a necessidade de publicar seus trabalhos, se assimnão o fizesse, poderia perder a prioridade.Uma das dificuldades que <strong>Leibniz</strong> tinha <strong>para</strong> a publicação de seu cálculo era o fato de usarquantidades infinitamente pequenas, um ponto de vulnerabilidade <strong>para</strong> seu méto<strong>do</strong>. <strong>Leibniz</strong>,então, mu<strong>do</strong>u a definição da diferencial (diferença infinitamente pequena), introduzin<strong>do</strong>segmentos de reta finitos dx e dy, que satisfazem as condições dy/y = dx/t, de mo<strong>do</strong> que <strong>por</strong>definição, dy = y/t.dx. <strong>Leibniz</strong> manteve o termo diferença <strong>para</strong> a nova definição, já que, emambos os casos, as velhas diferenças tinham as mesmas pro<strong>por</strong>ções entre si que as novas, ondedy/y = dx/t.Assim <strong>Leibniz</strong> conseguiu publicar seu cálculo diferencial, evitan<strong>do</strong> problemasfundamentais sobre a natureza das quantidades infinitamente pequenas.41


6 – Com<strong>para</strong>ção Entre os Cálculos de <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong>.6.1 - Principais Diferenças.O cálculo foi desenvolvi<strong>do</strong> através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> sobre curvas e o que possibilitou estesestu<strong>do</strong>s foi a introdução de méto<strong>do</strong>s algébricos à geometria. Estes méto<strong>do</strong>s foram desenvolvi<strong>do</strong>s<strong>por</strong> Descartes, permitin<strong>do</strong> expressar as curvas em forma de equações. Tornou-se possívelestabelecer uma relação entre ordenadas e abscissas; entre ordenadas, abscissas e outrasgrandezas. Estas quantidades são variáveis, vinculadas à curva.Os cálculos de <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong> começam <strong>por</strong> caminhos distintos. O primeiro, <strong>por</strong>interpolação de curvas e coeficientes relaciona<strong>do</strong>s a tais curvas.O segun<strong>do</strong>, <strong>por</strong> perceber quesomar seqüências e tomar as seqüências de diferenças são operações inversas. Foram caminhosbem diferentes, mas que convergiam a um mesmo princípio em comum, a descoberta <strong>do</strong> cálculo.Dentro deste princípio em comum, as principais diferenças foram na concepção das quantidadesvariáveis e nas formas de notações utilizadas <strong>por</strong> cada um ao longo de seus estu<strong>do</strong>s.6.1.1 – Diferenças na concepção das quantidades variáveis.<strong>Newton</strong> considerava as variáveis como dependentes <strong>do</strong> tempo ou, na linguagem <strong>do</strong> cálculocontem<strong>por</strong>âneo, em função <strong>do</strong> tempo. Chamou as variáveis de quantidades fluentes. Este nomedeve-se ao fato de <strong>Newton</strong> basear-se em movimentos, conceitos que atualmente são chama<strong>do</strong>spela física de mecânicos. Os fluentes, neste caso, seriam as distâncias percorridas e o que<strong>Newton</strong> chamou de fluxões, as velocidades. As velocidades ou fluxões seriam as diferenças entreas concepções de quantidades variáveis, o que corresponde na linguagem <strong>do</strong> cálculocontem<strong>por</strong>âneo, à derivada <strong>do</strong> espaço percorri<strong>do</strong>. Uma quantidade pequena <strong>do</strong> espaço percorri<strong>do</strong>,42


uma variável, poderia ser expressa pelo produto da fluxão pelo tempo, de mo<strong>do</strong> que o tempofosse infinitamente pequeno.Apesar de mencioná-las, <strong>Newton</strong> hesitou sobre tais quantidades infinitamente pequenas.Mesmo usan<strong>do</strong>-as, afirmou que seu cálculo podia ser da<strong>do</strong> com base em uma velocidade finita.Não considerarei aqui as quantidades matemáticas como sen<strong>do</strong>compostas de partes extremamente pequenas, mas como sen<strong>do</strong>geradas <strong>por</strong> um movimento contínuo. Linhas são descritas, aodescreve-las são geradas. Não <strong>por</strong> um alinhamento de partes, mas<strong>por</strong> um movimento contínuo de pontos. As superfícies são geradas<strong>por</strong> movimento contínuo de linhas. Essa gênese está baseada nanatureza e pode ser vista dia a dia no movimento <strong>do</strong>s corpos.Percebe-se que as quantidades que aumentam em tempos iguais eque são geradas <strong>por</strong> esse aumento serão maiores ou menores,conforme a <strong>sua</strong> velocidade, na qual aumentam e são geradas, sejammaior ou menor; esforcei-me <strong>para</strong> encontrar um méto<strong>do</strong> quedeterminasse as quantidades das velocidades, <strong>do</strong>s movimentos ouincrementos, que as geraram. Chaman<strong>do</strong> de fluxões as velocidades,<strong>do</strong>s movimentos ou <strong>do</strong>s aumentos e de fluentes ás quantidadesgeradas, esclareci aos poucos o méto<strong>do</strong> das fluxões, que aproveiteiaqui na quadratura de curvas. Isac <strong>Newton</strong> in [1,vol 3 , pg. 31 ]<strong>Leibniz</strong> considerava a diferencial como sen<strong>do</strong> a diferença de <strong>do</strong>is valores sucessivos deuma seqüência. Estes valores eram considera<strong>do</strong>s <strong>por</strong> <strong>Leibniz</strong> como infinitamente pequenos. Porserem valores consecutivos, <strong>sua</strong>s diferenças não podiam ser finitas. Iam se tornan<strong>do</strong> cada vezmenores, quanto mais se aproximava <strong>do</strong> ponto deseja<strong>do</strong>.Apesar de se basear nesses fatos <strong>para</strong> o desenvolvimento de seu cálculo, <strong>Leibniz</strong> conseguiupublicá-lo evitan<strong>do</strong> o uso das quantidades infinitamente pequenas. Basean<strong>do</strong>-se em <strong>do</strong>issegmentos de retas finitos que satisfaziam a condição pro<strong>por</strong>cional dy/y = dx/t e toman<strong>do</strong> <strong>por</strong>definição dy = y/t.dx.Nem <strong>Newton</strong> com as fluxões, <strong>para</strong> quem o tempo deveria ser uma grandeza infinitamentepequena; nem <strong>Leibniz</strong> com as <strong>sua</strong>s quantidades infinitamente pequenas utilizaram estesconceitos <strong>para</strong> a publicação de seus cálculos, haja vista a dificuldade na época <strong>para</strong>43


demonstração de tais afirmações. Estas afirmações hoje são facilmente explicadas pela teoria <strong>do</strong>slimites.6.1.2 – Diferenças nas formas de notação utilizadas.Até o trata<strong>do</strong> de 1671, <strong>Newton</strong> não a<strong>do</strong>tou uma forma padrão de notações <strong>para</strong> seusestu<strong>do</strong>s. Em alguns momentos usou símbolos como l, m, n e r <strong>para</strong> as fluxões, em outrosmomentos usou pontos <strong>para</strong> representar as fluxões. A partir <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1671, passou a usarnovamente os símbolos l, m, n e r. Em 1710 William Jones reescreveu o trata<strong>do</strong> de 1671,a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> a notação com pontos <strong>para</strong> as fluxões ( diferenciais ). Já <strong>para</strong> os fluentes ( integrais ),<strong>Newton</strong> a<strong>do</strong>tou o uso de poucos simbolismos, tratan<strong>do</strong>-os apenas <strong>por</strong> x, y, z, e v..Provavelmente devi<strong>do</strong> às deficiências da <strong>sua</strong> notação, o cálculo de<strong>Newton</strong> dependeu mais de figuras e de argumentos verbais sobre essasfiguras. No seu desenvolvimento posterior o cálculo newtoniano ficoupróximo da geometria.[1,vol 3, pg. 72 ]<strong>Leibniz</strong> a<strong>do</strong>tou um simbolismo padrão <strong>para</strong> seus estu<strong>do</strong>s, desde o início <strong>do</strong>s seus trabalhos,em princípio usan<strong>do</strong> as notações a<strong>do</strong>tadas <strong>por</strong> Cavalieri, posteriormente a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> umsimbolismo próprio.<strong>Leibniz</strong> a<strong>do</strong>tou d <strong>para</strong> as quantidades infinitamente pequenas (asdiferenciais), e ∫ <strong>para</strong> a soma de tais quantidades ou <strong>para</strong> a soma <strong>do</strong> produto de uma ordenadapela quantidade infinitamente pequena ( ∫ y.dx). Caracterizou, assim, o símbolo ∫ <strong>para</strong> aquadratura de curvas (as integrais). <strong>Leibniz</strong> se preocupava muito com os tipos de notações queutilizava, e mesmo depois <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1675, onde reunia grande parte de seus trabalhos sobretangente e quadratura, continuou a pesquisar sobre a melhor forma a ser a<strong>do</strong>tada <strong>para</strong> o seusimbolismo.O cálculo de <strong>Leibniz</strong> superou toda argumentaçãoverbal, traduzin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s esses argumentos na linguagemde símbolos e fórmulas. Posteriormente o cálculo<strong>Leibniz</strong>i ano desenvolveu-se cada vez mais em direção àanálise, à manipulação com fórmulas,independentementede figu-ras e de interpretação geométrica.[1,vol. 3, pg.72]44


6.2 - As Semelhanças.Embora não se conhecessem, a busca <strong>para</strong> o descobrimento <strong>do</strong> cálculo tornou-se um pontoem comum <strong>para</strong> <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong>. Seguin<strong>do</strong> caminhos diferentes, com méto<strong>do</strong>s e notaçõesdiferentes, seus trabalhos trilharam <strong>para</strong> pontos que <strong>por</strong> mais que não quisessem, surgiam comoque culminantes <strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> cálculo. Entretanto, não poderia ser diferente, hajavista que sen<strong>do</strong> a matemática uma ciência exata, <strong>por</strong> mais que trilhassem caminhos diferentes,em algum momento semelhanças deveriam surgir, pois caso isto não ocorresse e <strong>por</strong> mais quetrocassem farpas, a história não os uniria <strong>para</strong> sempre.As semelhanças entre <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong> começam, quan<strong>do</strong> a um da<strong>do</strong> momento chegaramao mesmo conceito de que as diferenças deveriam ser infinitamente pequenas; mesmo assim nãoa<strong>do</strong>taram tal conceito na publicação de seus trabalhos. Logo surge a conclusão de que tangente equadratura eram operações inversas e partem <strong>para</strong> uma sistematização genérica, em busca dealgoritmos, que pudessem resolver problemas envolven<strong>do</strong> tangentes e quadraturas de uma formamais abrangente possível. Para o processo de desenvolvimento de seus algoritmos, tanto <strong>Newton</strong>quanto <strong>Leibniz</strong> a<strong>do</strong>taram a idéia de que: as variáveis de uma equação deveriam ser substituídaspelas mesmas variáveis somadas aos seus incrementos, dan<strong>do</strong> origem a uma nova equação; estanova equação, <strong>por</strong> <strong>sua</strong> vez, deveria ser subtraída da equação anterior e durante a operação, ostermos que contivessem as unidades infinitamente pequenas como fator poderiam serdespreza<strong>do</strong>s dan<strong>do</strong> origem aos algoritmos deseja<strong>do</strong>s.Não necessariamente na ordem mencionada acima, mas desta forma ficam explícitas asprincipais semelhanças entre os cálculos de <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong>.45


7 - Os cálculos de <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong> e o Teorema Fundamental <strong>do</strong>Cálculo.7.1 O Teorema Fundamental <strong>do</strong> Cálculo.Os <strong>do</strong>is conceitos matemáticos básicos que estabelecem o cálculo são as derivadas e asintegrais. É a relação entre esses <strong>do</strong>is conceitos que os tornou fundamentais ao cálculo. Por isso aessa relação denominou-se teorema fundamental <strong>do</strong> cálculo. O teorema fundamental <strong>do</strong> cálculotem o seguinte enuncia<strong>do</strong>:“ Se f é uma função contínua num intervalo I que contém o número a e <strong>para</strong> cada xpertencente a I temos F (x) = ∫ f (t) dt, então F é uma função derivável e F’(x) = f(x) ”[ 6, ,pg. 188 ].Esta é uma teoria estabelecida pelo cálculo contem<strong>por</strong>âneo, que define F como uma primitiva def.O conceito de integral no cálculo contem<strong>por</strong>âneo pode ser simplesmente explica<strong>do</strong>,toman<strong>do</strong> um intervalo I = {xo, x1, x2, x3, ... , xn – 1, xn} constituí<strong>do</strong> <strong>por</strong> um número finito depontos e uma função f(x), tal que o intervalo [x0, xn] pertença ao <strong>do</strong>mínio de f. Sen<strong>do</strong> I umapartição deste intervalo, toman<strong>do</strong> uma escolha de números, r1, r2, r3 e rn, onde:xo < r1< x1< r2


Atualmente a derivada de f(x) é calculada utilizan<strong>do</strong> a teoria <strong>do</strong>s limites, tal que:f’(x) = lim f(x + Δx) - f(x) . Para uma função simples <strong>do</strong> tipo f(x) = x², temos a derivada,Δx → 0 Δxf’(x) = lim (x + Δx)² - x² = x² + 2 xΔx + Δx ² - x² = 2xΔx + Δx ² = 2x + Δx = 2x, logo f’(x) = 2x.Δx → 0 Δx Δx ΔxDesta forma ficam estabelecidas as duas operações inversas aplicadas ao cálculo moderno,e que definem o teorema fundamental <strong>do</strong> cálculo no que chamo, de cálculo contem<strong>por</strong>âneo.7.2 O Teorema Fundamental <strong>do</strong> Cálculo e o Cálculo de <strong>Newton</strong>.<strong>Newton</strong> definiu a integração como sen<strong>do</strong> as quantidades fluentes <strong>para</strong> as fluxões dadas.Portanto o teorema fundamental <strong>do</strong> cálculo está conti<strong>do</strong> na definição de integração, onde tomaras fluxões e os fluentes são operações inversas.No capítulo 4 deste trabalho, é possível ver como <strong>Newton</strong> desenvolveu seu méto<strong>do</strong> <strong>para</strong> osfluentes, integrais, através de um longo processo denomina<strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> das Séries Infinitas. Asfluxões, derivadas, como pode ser visto ainda no capítulo 4 deste trabalho, foram desenvolvidasatravés de um méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> <strong>por</strong> <strong>Newton</strong>, bem próximo <strong>do</strong> que é feito pelo cálculocontem<strong>por</strong>âneo. Embora naquele perío<strong>do</strong> não fosse aceitável a idéia de convergência e nemconhecida a teoria <strong>do</strong>s limites, fatos estes que foram problemas <strong>para</strong> a publicação de seutrabalho, ten<strong>do</strong> em vista a dificuldade da época <strong>para</strong> essas demonstrações. <strong>Newton</strong> utilizavamuito a idéia de convergência de James Gregory, asseguran<strong>do</strong> sempre que o tempo fosseinfinitamente pequeno e que as partes que contivessem o tempo como fator fosseminsignificantes e pudessem ser desprezadas.47


7.3 O Teorema Fundamental <strong>do</strong> Cálculo e o Cálculo de <strong>Leibniz</strong>.<strong>Leibniz</strong> definiu a integração como sen<strong>do</strong> uma somatória, já que as diferenças infinitamentepequenas percorrem uma seqüência. Logo o teorema fundamental não aparece conti<strong>do</strong> nadefinição de integração. No caso <strong>do</strong> cálculo de <strong>Leibniz</strong> o teorema fundamental <strong>do</strong> cálculoaparece na concepção de que somar seqüências e tomar as seqüências de diferenças sãooperações inversas.A integração de <strong>Leibniz</strong> é baseada em somar seqüências de diferenças, como pode servisto no capítulo 5. <strong>Leibniz</strong> apóia-se em conceitos de Cavalieri e estende seus estu<strong>do</strong>s àgeometria analítica, buscan<strong>do</strong> sempre uma forma mais geral possível <strong>para</strong> a aplicação de seusméto<strong>do</strong>s.A derivada <strong>do</strong> cálculo contem<strong>por</strong>âneo, <strong>para</strong> <strong>Leibniz</strong>, consistia em formar seqüências dediferenças. Ao aplicá-las à geometria analítica, introduziu ordenadas infinitamente próximas, auma distância dx, como sen<strong>do</strong> as seqüências de diferenças infinitamente pequenas no eixo x,valen<strong>do</strong> o mesmo <strong>para</strong> o eixo y, quan<strong>do</strong> este for toma<strong>do</strong> como o eixo de referência. Neste casoteríamos eixos das abscissas infinitamente próximas a uma distância dy, como podemos verneste trabalho capítulo 5.Dessa forma, foram estabelecidas as duas operações inversas que estruturaram as teorias<strong>do</strong> cálculo de <strong>Leibniz</strong>, onde somar seqüências e tomar as seqüências de diferenças sãooperações inversas.48


8 - Dos Cálculos de <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong> ao Cálculo Contem<strong>por</strong>âneo.Até chegar-se ao cálculo contem<strong>por</strong>âneo, os cálculos de <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong> sofrerammudanças consideráveis. Foram vários conceitos e conseqüentemente elementos introduzi<strong>do</strong>s namatemática que mudaram partes da estrutura <strong>do</strong> cálculo. Alguns conceitos foram reformula<strong>do</strong>s eoutros, novos, introduzi<strong>do</strong>s.As quantidades variáveis ligadas às curvas e que eram relacionadas a outras grandezas taiscomo tangentes e quadraturas, utilizadas <strong>por</strong> <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong>, ganharam um novo conceito, oconceito de função, que estabelece uma relação aplicada entre abscissas e ordenadas. Podemosperceber, <strong>por</strong>tanto que, esse conceito de função abriu as <strong>por</strong>tas <strong>para</strong> a reestrutura <strong>do</strong> cálculo.Surgiram várias novas idéias como no século XIX, o conceito de função que estabelece umarelação aplicada entre conjuntos, as funções contínuas, descontínuas e outros novos elementosforam introduzi<strong>do</strong>s no cálculo.As quantidades infinitamente pequenas a<strong>do</strong>tadas <strong>por</strong> <strong>Leibniz</strong> e que <strong>Newton</strong> classificoucomo o tempo (desde que fosse infinitamente pequeno) representaram problemas <strong>para</strong> apublicação de seus trabalhos, ten<strong>do</strong> em vista, a dificuldade de provar a existência dasquantidades infinitamente pequenas, naquele perío<strong>do</strong>. Atualmente são facilmente explicadas edefinidas como limites. Um novo elemento introduzi<strong>do</strong> no cálculo, o conceito de limites, surgiuem 1765 com Le Rond D`Alembert, um <strong>do</strong>s precursores <strong>do</strong> cálculo.Para <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong>, associar uma derivada a uma função (cálculo contem<strong>por</strong>âneo), eraassociar uma velocidade finita (fluxão) a uma variável e uma diferença infinitamente pequena auma variável.49


São inúmeras as modificações sofridas pelo cálculo desde o século XVII até o século XXI.Portanto podemos perceber que aquele cálculo desenvolvi<strong>do</strong> <strong>por</strong> <strong>Leibniz</strong> e <strong>Newton</strong> já não se usamais. O que restou de seus trabalhos são alguns algoritmos ainda emprega<strong>do</strong>s no cálculomoderno e muito da notação a<strong>do</strong>tada <strong>por</strong> <strong>Leibniz</strong>. Uma coisa é certa, a descoberta de <strong>Newton</strong> e<strong>Leibniz</strong> revolucionou a matemática e abriu as <strong>por</strong>tas <strong>para</strong> intensas pesquisas econseqüentemente, grandes avanços na área <strong>do</strong> cálculo e da matemática como um to<strong>do</strong>.50


Referências Bibliográficas.1 – Coleção Curso de História da Matemática (Origem e Desenvolvimento <strong>do</strong> Cálculo).Margaret E. Baron.Editora Universidade de Brasília, 1985, c1974.Tradução <strong>do</strong> Professor José Raimun<strong>do</strong> Braga Coelho.Volume 1 - A Matemática Grega.Volume 2 - Indivisíveis e Infinitésimos.Volume 3 - <strong>Newton</strong> e <strong>Leibniz</strong>.2 - História Concisa das Matemáticas.Dirk J. Struik.Editora Tipografia Guerra / Viseu, 1989, c1987.Tradução de João Gomes Santos Guerreiro.3 – Coleção Cálculo a uma Variável.Laci Malta, Sinésio Pesco e Hélio Lopes.Editora PUC-Rio.Edições Loyola, 2003.Volume 1 - Uma introdução ao Cálculo.Volume 2 - Derivada e integral.51

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