14- a representação da mulher em abismo, de pompília ... - Unioeste
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14- a representação da mulher em abismo, de pompília ... - Unioeste
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II S<strong>em</strong>inário Nacional <strong>em</strong> Estudos <strong>da</strong> Linguag<strong>em</strong>: 06 a 08 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010<br />
Diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Ensino e Linguag<strong>em</strong> UNIOESTE - Cascavel / PR<br />
A <strong>mulher</strong>, ao longo <strong>de</strong> sua existência, teve sua <strong>representação</strong> seja na literatura,<br />
no cin<strong>em</strong>a, na publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, etc. feita através <strong>da</strong> ótica masculina, não raro, calca<strong>da</strong> na<br />
i<strong>de</strong>ologia patriarcal. Trata-se <strong>de</strong> representar a imag<strong>em</strong> f<strong>em</strong>inina consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />
acordo com o pensamento tradicional, portanto, como marginaliza<strong>da</strong>, silencia<strong>da</strong>,<br />
oprimi<strong>da</strong>, cercea<strong>da</strong> ao ambiente doméstico.<br />
De acordo com Maria Cristina Magalhães Castello, “a cultura oci<strong>de</strong>ntal, tendo<br />
<strong>de</strong>stinado à <strong>mulher</strong> um lugar <strong>de</strong> submissão e silêncio, fez, também, com que sua<br />
<strong>representação</strong> na literatura obe<strong>de</strong>cesse a mo<strong>de</strong>los impostos pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> patriarcal<br />
dominante” (2000, p. 17). A literatura como forma <strong>de</strong> expressão humana t<strong>em</strong> como uma<br />
<strong>de</strong> suas finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s transpor ao texto a imitação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> real, ou seja, a arte e a vi<strong>da</strong> se<br />
compl<strong>em</strong>entam, sendo quase impossível um isolamento entre elas. Segundo Níncia<br />
Cecília Ribas Borges Teixeira<br />
O ato <strong>de</strong> representar reconstrói e reinterpreta o mundo e, por meio do<br />
trabalho <strong>de</strong> substituição do real pela imag<strong>em</strong> posta, ser representado é<br />
s<strong>em</strong>pre mediatizado pelo discurso que o constrói, muitas vezes a<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> coisa confun<strong>de</strong>-se com a <strong>de</strong>formação figura<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazer o baralhamento entre causas e<br />
efeitos (TEIXEIRA, 2008, p. 28).<br />
Como herança <strong>de</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> patriarcal, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que até o século<br />
XX, a personag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ficção f<strong>em</strong>inina era representa<strong>da</strong> quase que exclusivamente<br />
através <strong>de</strong> um autor masculino, um narrador masculino, que através <strong>de</strong> seu ponto <strong>de</strong><br />
vista, atribuía a elas características. Dessa forma, naturalmente a <strong>mulher</strong> era um retrato<br />
social, porém, ao ser construí<strong>da</strong> sob a ótica masculina, a reprodução <strong>da</strong> <strong>mulher</strong> nas<br />
obras ficcionais estava sujeita a “enganos”, e assim não representar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
f<strong>em</strong>inina.<br />
A <strong>representação</strong>, portanto, po<strong>de</strong> ser vista como “a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> um discurso<br />
que constrói uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do f<strong>em</strong>inino e do masculino que encarcera homens e<br />
<strong>mulher</strong>es <strong>em</strong> seus limites” (IBIDEM, p. 34).<br />
4 - Letícia: Retrato <strong>de</strong> Mulher Submissa ou Transgressora?<br />
ISSN 2178-8200