UM RETRATO DAS HIDROVIAS BRASILEIRAS: Hidrovias x ... - Gelog
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<strong>UM</strong> <strong>RETRATO</strong> <strong>DAS</strong> <strong>HIDROVIAS</strong> <strong>BRASILEIRAS</strong>:<br />
<strong>Hidrovias</strong> x Competitividade Brasileira no Comércio<br />
de Commodities.<br />
Os projetos de melhorias ou inauguração de hidrovias no Brasil não são um<br />
assunto recente. Sabe-se que desde 1799 vêm se apresentando idéias e projetos<br />
de integração do território brasileiro através de hidrovias. A primeira idéia de que se<br />
tem notícia foi a do cientista alemão Alexander von Humboldt, que, ao visitar a<br />
América do Sul, anteviu que o continente poderia ser ligado de norte a sul por uma<br />
"Grande Hidrovia", que poderia unir as bacias do Prata, Amazonas e Orinoco, esta<br />
última na Venezuela, através do canal do Cassiquiare, um canal natural entre os<br />
rios Negro e Orinoco. Outro projeto que chamou a atenção, ainda que nos tempos<br />
de Império, veio à tona em 1869, quando o engenheiro militar Eduardo José de<br />
Moraes apresentou ao imperador Dom Pedro II um plano de vias navegáveis que<br />
esboçava como que, através de canais e obras sem grande custo, se estabeleceria<br />
uma grande rede de navegação fluvial, que facilitaria a integração de todas as<br />
regiões do país. Segundo as próprias palavras dele, "O projeto consiste, pois, na<br />
junção das duas maiores bacias da América do Sul, as do Amazonas e do Prata,<br />
por meio de um canal, e no melhoramento das porções dos rios onde existem<br />
atualmente alguns obstáculos à livre navegação. (...) E desta maneira ficaria ligado<br />
pelo interior do sul ao norte do Império (...), questão importantíssima sob o ponto<br />
de vista estratégico. E logo que o vapor se tivesse encarregado de aproximar estes<br />
lugares separados hoje por tão grandes distâncias, os fios elétricos ligando entre si<br />
as estradas de ferro e irradiando-se em todas as direções – tudo se completaria<br />
com uma vasta rede de comunicações telegráficas pelo interior do país".<br />
2 – ALG<strong>UM</strong>AS CARACTERÍSTICAS DA HIDROGRAFIA DO BRASIL:<br />
A rede hidrográfica brasileira é constituída por rios navegados em<br />
corrente livre e por hidrovias geradas pela canalização de trechos de rios, além
de extensos lagos isolados, criados pela construção de barragens para fins<br />
exclusivos de geração hidrelétrica.<br />
Alguns dos rios da Amazônia e do Centro-Oeste foram melhorados pela<br />
dragagem de seus baixios, mas a maioria dos rios navegável destas regiões é<br />
natural. Nas regiões Sudeste e Sul, vários rios foram canalizados, o que permitiu<br />
o aumento da capacidade de tráfego dessas hidrovias e da confiabilidade do<br />
transporte fluvial.<br />
Além disso, merecem conhecimento as peculiaridades abaixo:<br />
• A rede hidrográfica brasileira tem elevadas condições de umidade na<br />
maior parte do território nacional, sendo considerada como a mais densa do<br />
planeta.<br />
• Rica em rios, mas pobres em lagos.<br />
• O regime de alimentação dos rios brasileiros é pluvial, não se<br />
registrando a ocorrência de regimes nival ou glacial, sendo apenas o Rio<br />
Amazonas um dependente do derretimento da neve da Cordilheira do Andes,<br />
mas a sua alimentação provém basicamente de chuvas. O período das cheias<br />
dos rios brasileiros é no verão, com algumas exceções no litoral do nordeste.<br />
• Grande parte desses rios é perene; apenas alguns que nascem no<br />
sertão nordestino são intermitentes.<br />
• O destino dos rios brasileiros é exorréico, ou seja, deságua no mar.<br />
Devido ás elevadas altitudes na porção ocidental da América do Sul, os rios<br />
brasileiros vão todos desaguar no Oceano Atlântico. Mesmo os que correm para<br />
oeste fazem a curva ou deságuam em outro rio que irá em direção ao oceano.<br />
• Na produção de energia elétrica, o uso dos rios é muito grande.<br />
Aproximadamente cerca de 90% da eletricidade brasileira provém dos rios. Seu<br />
potencial hidráulico vem de quedas d’água e corredeiras, dificultando a<br />
navegabilidade desses mesmos rios. Na construção da maioria das usinas
hidrelétricas, não foi levada em conta a possibilidade futura de navegação,<br />
dificultando o transporte hidroviário.<br />
.3 – <strong>HIDROVIAS</strong> x LOGÍSTICA:<br />
Hoje, a navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior em relação<br />
aos outros sistemas de transportes. É o sistema de menor participação no<br />
transporte de mercadoria no Brasil. A matriz de transporte de produtos agrícolas<br />
em 1995, segundo o GEIPOT - Empresa Brasileira de Planejamento de<br />
Transportes do Ministério dos Transportes, tinha o modal rodoviário como<br />
principal sistema utilizado (81%), seguido pelo ferroviário (12%) e hidroviário<br />
(3%).<br />
Isto ocorre devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de planalto,<br />
por exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, dificultam a<br />
navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, São Francisco e outros.<br />
Outros motivos são os rios de planície facilmente navegáveis (Amazonas e<br />
Paraguai), os quais encontram-se afastados dos grandes centros econômicos<br />
do Brasil.<br />
Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intuito de tornar<br />
os rios brasileiros navegáveis. Eclusas são construídas para superar as<br />
diferenças de nível das águas nas barragens das usinas hidrelétricas.<br />
Existe também um projeto de ligação da Bacia Amazônica à Bacia do<br />
Paraná. É a hidrovia de Contorno, que permitirá a ligação da região Norte do<br />
Brasil às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, caso implantado. O seu<br />
significado econômico e social é de grande importância, pois permitirá um<br />
transporte de baixo custo.<br />
abaixo:<br />
4 – PRINCIPÀIS <strong>HIDROVIAS</strong> <strong>BRASILEIRAS</strong>:<br />
Dentre as <strong>Hidrovias</strong> do Brasil as mais importantes estão relacionadas
• Hidrovia Araguaia-Tocantins<br />
• Hidrovia São Francisco<br />
• Hidrovia da Madeira<br />
• Hidrovia Tietê-Paraná<br />
• Hidrovia Taquari-Guaíba<br />
Hidrovia Araguaia-Tocantins<br />
A Bacia do Tocantins é a maior bacia localizada inteiramente no Brasil.<br />
Durante as cheias, seu principal rio, o Tocantins, é navegável numa extensão de<br />
1.900 km, entre as cidades de Belém, no Pará, e Peixes, em Goiás, e seu<br />
potencial hidrelétrico é parcialmente aproveitado na Usina de Tucuruí, no Pará.<br />
O Araguaia cruza o Estado de Tocantins de norte a sul e é navegável num<br />
trecho de 1.100 km. A construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins visa criar um<br />
corredor de transporte intermodal na região Norte. Este projeto da Hidrovia<br />
Araguaia-Tocantins, de 1995, é um dos eixos do programa Avança Brasil, ou<br />
Plano Plurianual (PPA), 2000-2003, do governo federal. Ele objetiva a redução<br />
dos custos no escoamento da produção de soja produzida no Centro-Oeste do<br />
país para Roterdã, Holanda, via Porto do Itaqui, em São Luís (MA). O<br />
empreendimento afetará 35 áreas indígenas, com uma população de 10 mil<br />
indivíduos. Entre as intervenções, estão previstas 87 explosões de dinamite,<br />
com o objetivo de destruir diques naturais de formações rochosas. Estes são,<br />
portanto os maiores entraves à construção da hidrovia, que em 3 de Agosto de<br />
2000 teve seu licenciamento suspenso por uma liminar do Supremo Tribunal<br />
Federal.<br />
Hidrovia São Francisco<br />
Equivalente à distância entre Brasília e Salvador, a Hidrovia do São<br />
Francisco é, sem dúvida, a mais econômica forma de ligação entre o Centro Sul e<br />
o Nordeste. Há muito tempo o Rio São Francisco ocupa lugar de destaque no<br />
transporte aquático nacional, recebendo até mesmo a denominação de Rio da<br />
Integração Nacional durante o Regime Militar.
O Rio São Francisco é totalmente navegável em 1.371 km, entre Pirapora e<br />
Juazeiro / Petrolina, para a profundidade de projeto de 1,5 m, quando da<br />
ocorrência do período crítico de estiagem (agosto a novembro). Seu principal<br />
aproveitamento, em se tratando de transporte de cargas, é a integração deste ao<br />
sistema rodo-ferroviário da região.<br />
Nele estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso e Sobradinho,<br />
na Bahia; Moxotó, em Alagoas; e Três Marias, em Minas Gerais. Os principais<br />
projetos em execução ao longo do rio visam melhorar a navegabilidade e permitir a<br />
navegação noturna.<br />
O Rio São Francisco atravessa regiões com condições naturais das mais<br />
diversas. As partes extremas superior e inferior da bacia apresentam bons índices<br />
pluviométricos, enquanto os seus cursos médio e sub-médio atravessam áreas de<br />
clima bastante seco. Assim, cerca de 75% do deflúvio do São Francisco é gerado<br />
em Minas Gerais, cuja área da bacia ali inserida é de apenas 37% da área total. A<br />
área compreendida entre a fronteira Minas-Bahia e a cidade de Juazeiro,<br />
representam 45% do vale e contribui com apenas 20% do deflúvio anual.<br />
Os aluviões recentes, os arenitos e calcários, que dominam boa parte da<br />
bacia de drenagem, funcionam como verdadeiras esponjas para reterem e<br />
liberarem as águas nos meses de estiagem, a tal ponto que, em Pirapora, Januária<br />
e até mesmo em Carinhanha, o mínimo se dá em setembro, dois meses após o<br />
mínimo pluvial de julho.<br />
À medida que o São Francisco penetra na zona sertaneja semi-árida, apesar<br />
da intensa evaporação, da baixa pluviosidade e dos afluentes temporários da<br />
margem direita, tem seu volume d'água diminuído, mas mantém-se perene, graças<br />
ao mecanismo de retroalimentação proveniente do seu alto curso e dos afluentes<br />
no centro de Minas Gerais e oeste da Bahia. Nesse trecho o período das cheias<br />
ocorre de outubro a abril, com altura máxima em março, no fim da estação<br />
chuvosa. As vazantes são observadas de maio a setembro, condicionadas à<br />
estação seca.
A partir da implantação do sistema multimodal, o escoamento da produção<br />
agrícola do oeste da Bahia, com foco na cidade de Barreiras, banhada por um dos<br />
seus principais afluentes, o rio Grande, é realizado por rodovia até a cidade de<br />
Ibotirama na margem do São Francisco, descendo o rio pelo transporte hidroviário<br />
até Juazeiro/Petrolina, e deste, por ferrovia, para o Porto de Aratú. No quilômetro<br />
42 acima de Juazeiro/Petrolina, situa-se a barragem de Sobradinho, cuja<br />
transposição é realizada através de eclusa. A movimentação anual fica em torno de<br />
60.000 t/a.<br />
Hidrovia da Madeira<br />
O rio Madeira é um dos principais afluentes da margem direita do<br />
Amazonas. A hidrovia, com as novas obras realizadas para permitir a<br />
navegação noturna, está em operação desde abril de 1997. As obras ainda<br />
em andamento visam baratear o escoamento de grãos no Norte e no Centro-<br />
oeste.<br />
A Administração das <strong>Hidrovias</strong> da Amazônia Ocidental (AHIMOC) tem<br />
atualmente na Hidrovia do Rio Madeira seu principal campo de atuação,<br />
fundamental via de escoamento para os mercados consumidores do exterior<br />
da produção de soja do Centro Oeste, bem como da própria região<br />
amazônica. A Hidrovia do Madeira com suas 570 milhas (1.056 km)<br />
navegáveis é de vital importância para o desenvolvimento regional devido sua<br />
posição estratégica. Constitui se praticamente como a única via de transporte<br />
para a população que vive nas cidades às suas margens, excluindo-se<br />
apenas a cidade de Humaitá (AM). A Hidrovia do Madeira inicia-se em Porto<br />
Velho, no estado de Rondônia e vai até a sua foz, na confluência com rio<br />
Amazonas, no estado de mesmo nome. Nesse trecho são movimentados<br />
diversos tipos de cargas, as principais são: Soja, fertilizantes, derivados de<br />
petróleo, cimento, frutas, eletroeletrônicos, veículos, produtos frigorificados,<br />
seixo, bebidas, carga geral etc. O período de águas altas está compreendido<br />
entre os meses de março a maio e o de águas baixas nos meses de agosto e<br />
outubro.
Hidrovia Tietê-Paraná<br />
Esta via possui enorme importância econômica por permitir o<br />
transporte de grãos e outras mercadorias de três estados: Mato Grosso do<br />
Sul, Paraná e São Paulo. Ela possui 1.250 quilômetros navegáveis, sendo<br />
450 no rio Tietê, em São Paulo, e 800 no rio Paraná, na divisa de São Paulo<br />
com o Mato Grosso do Sul e na fronteira do Paraná com o Paraguai e a<br />
Argentina.<br />
É uma via de navegação situada entre as regiões sul, sudeste e centro-<br />
oeste do Brasil, que permite a navegação e conseqüentemente o transporte de<br />
cargas e de passageiros ao longo dos rios Paraná e Tietê. Um sistema de eclusas<br />
viabiliza a passagem pelos desníveis das muitas represas existentes nos dois rios.<br />
É uma via muito importante para o escoamento da produção agrícola dos<br />
Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte de Rondônia,<br />
Tocantins e Minas Gerais. A hidrovia movimentou 2 milhões de toneladas de carga<br />
no ano de 2001, sendo que já chegou a transportar cerca de 7 milhões de<br />
toneladas/ano. Essa queda veio com o advento das privatizações das linhas da<br />
Fepasa, a partir de 1998. Desde então, a hidrovia vem tentando recuperar o<br />
volume transportado, e hoje movimenta cerca de 3 a 4 milhões de toneladas/ano.<br />
Fato é que antes das privatizações, a Hidrovia era um ponto de apoio ao modal<br />
ferroviário, mas após as privatizações, muitas companhias desativaram as linhas<br />
que faziam as interligações entre os modais por terem considerado linhas não<br />
rentáveis. Assim, a hidrovia passou a concorrer com a ferrovia, e não mais ser um<br />
ponto de apoio. Recentemente, em entrevista à Tecnologística de Novembro/2006,<br />
o presidente da Agência de Desenvolvimento Tietê-Paraná afirmou que há espaço<br />
para se voltar a pensar em parcerias e resgatar alguns pontos de intermodalidade,<br />
a fim de preencher esta capacidade ociosa que a hidrovia apresenta. Como novos<br />
projetos de estudo, o presidente de ADTP afirma que há a possibilidade de se<br />
implementar a Hidrovia Tietê-Paraná-Paraguai a partir de uma ligação na região do<br />
estado do Mato Grosso do Sul, aproveitando os canais semicaudalosos da região.<br />
Ali se poderia atingir o Rio Paraguai, só que passando por território paraguaio,
longe de interferências em Itaipu, o que requereria a construção de uma<br />
supereclusa. Tal ligação se tornaria um importante elo na logística da América do<br />
Sul, alavancando o desenvolvimento regional, e até mesmo dando condições ao<br />
Paraguai e Bolívia de estarem conectados com o mar. Apenas a título de<br />
comparação, se implementada, a hidrovia seria equivalente, em km percorridos, à<br />
distância entre atravessar a Europa da Espanha a Moscou, ou ir do Canadá até o<br />
Golfo do México. Na visão do presidente da ADTP, a hidrovia Tietê-Paraná-<br />
Paraguai teria cerca de 5 mil km de extensão.<br />
A hidrovia possui 12 terminais portuários, distribuídos em uma área de 76<br />
milhões de hectares. A entrada em operação desta hidrovia impulsionou a<br />
implantação de 23 pólos industriais, 17 pólos turísticos e 12 pólos de distribuição.<br />
Gerou aproximadamente 4 mil empregos diretos.<br />
A implantação e a manutenção da hidrovia e todas ações que se referem à<br />
sua infra-estrutura, com exceção das do rio Tietê estão a cargo da Administração<br />
das <strong>Hidrovias</strong> do Paraná - AHRANA.<br />
A hidrovia permite a navegabilidade no rio Piracicaba, desde o encontro com<br />
o rio Tietê até 22 km a montante, no rio Tietê, desde a cidade paulista de Conchas<br />
até o encontro do Tietê com o Paraná, numa extensão de 554 km, no rio<br />
Paranaíba, desde a base da barragem da Usina Hidrelétrica de São Simão até ao<br />
encontro com o rio Paraná, numa extensão de 180 km, no rio Grande, desde a<br />
base da barragem da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha até ao encontro do rio<br />
Grande com o rio Paraná, numa extensão de 59 km, no rio Paraná, desde o<br />
encontro dos rios Grande e Paranaíba (que formam o rio Paraná), até a barragem<br />
da Usina Hidrelétrica de Itaipú, numa extensão de 800 km e no canal Pereira<br />
Barreto, que liga o lago da barragem da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, no rio<br />
Tietê, ao rio São José dos Dourados, afluente a margem esquerda do rio Paraná,<br />
no Estado de São Paulo, numa extensão de 53 km.<br />
Taquari-Guaíba
Com 686 quilômetros de extensão, no Rio Grande do Sul, esta é a<br />
principal hidrovia brasileira em termos de carga transportada. É operada por<br />
uma frota de 72 embarcações, que podem movimentar um total de 130 mil<br />
toneladas. Os principais produtos transportados na hidrovia são grãos e<br />
óleos. Uma de suas importantes características é ser bem servida de<br />
terminais intermodais, o que facilita o transbordo das cargas. No que diz<br />
respeito ao tráfego, outras hidrovias possuem mais importância local,<br />
principalmente no transporte de passageiros e no abastecimento de<br />
localidades ribeirinhas.<br />
Porto de Caracaraí (Roraima)<br />
Porto de Manaus (Amazonas)<br />
Porto de Porto Velho (Rondônia)<br />
Porto de Santarém (Pará)<br />
Porto de Pirapora (Minas Gerais)<br />
Porto de Cáceres (Mato Grosso)<br />
6 – PORTOS FLUVIAIS BRASILEIROS:<br />
Porto de Corumbá/Ladário (Mato Grosso do Sul)<br />
Porto de Cachoeira do Sul (Rio Grande do Sul)<br />
Porto de Estrela (Rio Grande do Sul)<br />
Porto Internacional de Porto Xavier (Rio Grande do Sul)<br />
Porto de Porto Alegre (Rio Grande do Sul)<br />
Porto de Petrolina (Pernambuco)<br />
7 - <strong>HIDROVIAS</strong> NA PRÁTICA:
O Tribunal de Contas da União publicou em seu site algumas avaliações<br />
de programas realizadas em diversos segmentos, dentre eles, um dos<br />
programas avaliados foi o Programa de Manutenção de <strong>Hidrovias</strong>. A avaliação<br />
do TCU em conjunto com Ministério Público Federal, publicado em 2006,<br />
apresenta algumas informações retiradas em entrevistas com as empresas<br />
transportadores que usam as hidrovias brasileiras, bem como, apresenta<br />
algumas informações oriundas de visitas desses órgãos às vias hidrográficas.<br />
Algumas informações foram retiradas do Relatório de Avaliação de<br />
Programa e seguem abaixo:<br />
• Com exceção das hidrovias do Sul e Tietê-Paraná, as atividades<br />
de balizamento e sinalização foram consideradas insatisfatórias.<br />
• O serviço de dragagem foi avaliado como intempestivo ou<br />
insuficiente, salvo na Hidrovia Tietê-Paraná, que se caracteriza como um<br />
aglomerado de reservatórios onde não há necessidade de realização dessas<br />
atividades. As dragagens de manutenção são realizadas nos trechos críticos<br />
antes do período de estiagem para a garantia do calado mínimo.<br />
• Segundo a Transportadora Bertolini Ltda., não há sinalização, ou<br />
quando ocorre, é muito esporádica.<br />
sinalização<br />
• Há constantes furtos e danificações das placas e bóias de<br />
• A Navbel, empresa transportadora usuária do Rio Araguaia,<br />
informou que atualmente não há navegabilidade segura e contínua no rio e<br />
solicitou dragagens onde a profundidade é insuficiente.<br />
• A Hermasa Navegações S.A e a Transportadora Bertolini Ltda.,<br />
afirmaram que acabam realizando atividades que seriam da administração<br />
hidroviária. Relataram ainda que há atraso na execução de serviços primários,
como a dragagem, que deve ser realizada no período um pouco antes de<br />
estiagem.<br />
• O superintendente da Ahsfra afirmou que o trecho do rio São<br />
Francisco que vai de Pirapora/MG a Ibotirama/BA não está sendo navegado<br />
comercialmente há cinco anos, por falta de dragagens.<br />
• O relatório ainda identificou que o modal não tem sido prioridade<br />
do governo federal, há ainda descaso do governo, não honrando seus<br />
compromissos de garantir a salvaguarda da vida humana e a segurança da<br />
navegação, no mar ou em hidrovias, conforme Lei n. 9.537 de 11/12/1997.<br />
• Dentre os itens identificados como de “boa prática”, destacam-se o<br />
Disque Segurança de Navegação (0800), distribuição de cartazes e folders (“não<br />
jogue lixo nos rios; Navegar com segurança é direito de todos”, entre outros).<br />
Principais deficiências encontradas pelos usuários das <strong>Hidrovias</strong>:<br />
Fonte: Relatório de Avaliação de Programa. Programa Manutenção de<br />
8 - CONCLUSÃO:<br />
<strong>Hidrovias</strong>. 2006
Devemos considerar inicialmente que não há isoladamente modal de<br />
transporte melhor ou pior. Há uma melhor utilização frente ao fim específico. E<br />
por sua vez, cada finalidade apresenta exigências diferenciadas, seja tempo de<br />
entrega, volume transportado, etc, podendo ser um modal a melhor alternativa,<br />
ou a combinação entre eles a melhor alternativa. Sendo que a melhor alternativa<br />
pode ser ora econômica, ora comercial, ora política, enfim, cada situação exigirá<br />
um conjunto de fatores que determinarão a melhor alternativa logística.<br />
Especificamente para o transporte de "commodities”, um tipo de<br />
mercadoria que se caracteriza por ser negociada em grandes volumes e baixo<br />
preço unitário, em percurso de longa distância, é mais vantajosa a utilização da<br />
hidrovia e da ferrovia que da rodovia, no sentido econômico.<br />
Diversas são as razões que levam a essa conclusão. Dentre elas, tem-se<br />
que em termos de custo, o transporte hidroviário é cerca de oito vezes mais<br />
barato do que o rodoviário e de três vezes, do que o por ferrovia, e a capacidade<br />
de carga deste modal é muito superior ao modal rodoviário, e semelhante ao<br />
ferroviário. Assim, tendo um volume médio de transporte em kg por frete, o custo<br />
R$/Kg transportado tenderia a ser igual entre os modais ferroviário e hidroviário.<br />
Mas, uma das razões que justificam o fato do hidroviário ser mais econômico é<br />
que a energia específica despendida pelo modo hidroviário é da ordem média<br />
de 0,6 MJ/t.km (megajoules por tonelada-quilômetro), enquanto, em condições<br />
semelhantes, a ferrovia despende de 0,6 a 1,0 MJ/t.km e os caminhões pesados<br />
de 0,96 a 2,22 MJ/t.km. Aliado a isso, o modal hidroviário apresenta a maior<br />
Eficiência Energética, o menor consumo de Combustível, e conseqüentemente,<br />
a menor Emissão de Poluentes (CO² e NO) dentre os modais Rodoviário,<br />
Ferroviário e Hidroviário.
Rodoviário:<br />
Ferroviário:<br />
Hidroviário:<br />
Rodoviário:<br />
Ferroviário:<br />
Hidroviário:<br />
Rodoviário:<br />
Ferroviário:<br />
Hidroviário:<br />
Eficiência Energética: Carga/Potência (t / HP):<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0,17<br />
0,75<br />
Gráfico 1 : Fonte: Revista Tecnologística<br />
Novembro/2006<br />
Consumo de Combustível: (Litros / 1.000 tku)<br />
96<br />
10<br />
Gráfico 2 : Fonte: Revista Tecnologística<br />
Novembro/2006<br />
Emissão de Poluentes: CO² (kg / 1.000 tku)<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
116<br />
34<br />
20<br />
Gráfico 3: Fonte: Revista Tecnologística<br />
Novembro/2006<br />
5<br />
5
Rodoviário:<br />
Ferroviário:<br />
Hidroviário:<br />
Emissão de Poluentes: NOx (g / 1.000 tku)<br />
5.000<br />
4.000<br />
3.000<br />
2.000<br />
1.000<br />
0<br />
4.617<br />
831<br />
254<br />
Gráfico 4: Fonte: Revista Tecnologística<br />
Novembro/2006<br />
Um exemplo prático da economia gerada ao utilizar o modal hidroviário<br />
para transportar “commodities” é o caso dos produtores do corredor Noroeste,<br />
responsáveis pela produção e movimentação da soja em grão, que é produzida<br />
na Chapada dos Parecis (noroeste de Mato Grosso) e na região de Vilhena em<br />
Rondônia. A produção segue pela rodovia Cuiabá-Porto Velho (BR 163 / 364),<br />
passa pela hidrovia do Madeira (rios Madeira e Amazonas) até o porto de<br />
Itacoatiara (rio Amazonas), equipado com terminais graneleiros privados<br />
(gerenciados pela empresa Hermasa Logística, pertencente à Maggi). Calcula-<br />
se que o uso desse itinerário proporciona uma economia de aproximadamente<br />
US$ 23,50 por tonelada em relação a rotas tradicionais (para o sul).<br />
A questão do desenvolvimento das hidrovias transcende o âmbito dos<br />
produtores de “commodities”, pois, com o desenvolvimento da agricultura<br />
somente na região da hidrovia Tocantins-Araguaia poderiam ser criados mais de<br />
850 mil empregos, segundo estimativas do Ministério da Agricultura.<br />
Desenvolvimento este que depende do transporte fluvial para se viabilizar<br />
economicamente.<br />
Atinge também questões de comércio mundial, podendo contribuir para a<br />
sustentabilidade do crescimento nas exportações brasileiras de soja, afinal,<br />
atualmente o Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, café, suco de<br />
laranja e açúcar, e se aproxima rapidamente dos líderes em soja. Mas, caso<br />
nenhuma providência for tomada no âmbito da infra-estrutura logística , o
crescimento do Brasil nas exportações desses produtos chegará logo à um<br />
patamar e passará a cair. Não haverá sustentabilidade. Hoje o país cresce<br />
porque tem “ociosidade” das malhas ferroviárias, rodoviárias ou hidroviárias, no<br />
geral. Mas poderá estagnar e perder espaço para aquelas nações que já<br />
sustentavam um crescimento das exportações aliado ao crescimento da infra-<br />
estrutura-logística. Ainda que hoje o Brasil apresente um crescimento nas<br />
exportações superior aos demais<br />
Assim, aqueles paises que embora tenham um crescimento ao ano<br />
menos acelerado, um montante exportado ao ano menor que o Brasil, manterão<br />
essa taxa de crescimento e quando o Brasil estagnar, será a vez desses países<br />
acelerarem suas exportações e o Brasil provavelmente estará fadado ao<br />
desasceleramento de suas exportações. Afinal, estes outros países já terão<br />
disponíveis, ou estão preparando, uma infra-estrutura logística de baixo custo,<br />
projetada para o crescimento das exportações.<br />
Quem escoa a produção com mais eficiência, reduz custos e ganha na<br />
competição internacional, com isso, exporta mais e fica mais rico. É um ciclo<br />
virtuoso. Se o Brasil não criar estrutura para acompanhar a expansão do<br />
agronegócio, mesmo com recordes de produção, vai ficar para trás, pois<br />
concretizando as previsões, não teremos condições de manter a competitividade<br />
por 2 anos, e são as exportações que estão segurando o país. O transporte de<br />
grãos mostra a má utilização da matriz brasileira. Em 2000, o Brasil transportava<br />
82% dos grãos por rodovias, 16% por ferrovias e 2% por hidrovias. Enquanto<br />
isto, nos Estados Unidos, 28% da produção de grãos eram escoados por<br />
rodovias, 49% por ferrovias e 23% por hidrovias.
ANEXOS
9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />
CASTRO, Gleise de. Caminho das Águas. Revista O Sulco. Edição 23. (pg.14<br />
a pg.16). Disponível em<br />
http://www.johndeere.com.br/pt_BR/ag/veja_mais/o_sulco/edicao23/osulco23.ht<br />
ml<br />
MARINO Silvia. A Nova Hora da Hidrovia? Revista Tecnologística. Ano XII. Nº<br />
132 – Novembro 2006. (pg. 80 a pg. 86)<br />
www.abceconsultoria.org.br/doc/doc26.html<br />
http://www.agrolink.com.br/ferrugem/artigos_pg_detalhe_noticia.asp?cod=47479<br />
http://www.ana.gov.br/<br />
http://www.antt.gov.br<br />
http://www.ambientebrasil.com.br/<br />
http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2407.pdf<br />
http://www.comciencia.br/200404/reportagens/16.shtml<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/<strong>Hidrovias</strong>_do_Brasil<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrovia<br />
http://www2.tcu.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/TCU/CONTROLE_EXTERNO/FISC<br />
ALIZACAO/AVALICAO_PROGRAMAS_GOVERNO/RELATORIOS/<strong>HIDROVIAS</strong>.<br />
PDF<br />
http://www.transportes.gov.br<br />
http://www.terra.com.br/planetanaweb/flash/reconectando/agrandeteia/araguaia.<br />
html<br />
http://www.riosvivos.org.br/canal.php?canal=80