Resumo: 10 a 15 linhas, com até cinco palavras-chave

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Até o segundo semestre de 2007 jaziam ali os restos mortais de cerca de 342 pessoas, segundo dados apurados pela Prefeitura. Eram cidadãos frederiquenses, que fizeram parte da história de Frederico, suas conquistas e seus sabores. Com o tempo, o local tornou-se um lugar de esquecimento e abandono por vários setores da sociedade: família, poder público, iniciativa privada. Dois terços das sepulturas sequer tinham identificação, ficando uma incógnita sobre a existência ou não de vestígios de um corpo. Uma realidade que envolve questões sociais e até mesmo religiosas. O desafio estava lançado. Durante a execução da pesquisa, a equipe formada por professor e aluno além de fotografar o local realizou entrevistas com vizinhos do cemitério, poder público e cidadãos em geral. Convidados a dar sua opinião sobre o cemitério eles apontavam dois lados de uma mesma questão: a desativação ou preservação do local. Ilustração 2 – Memória e descaso: lado a lado o passado e o presente, em 30 de agosto de 2007. Foto de Fernanda Kieling Pedrazzi Nas várias visitas ao Antigo Cemitério foram realizadas mais de duas mil fotografias que retraram diferentes momentos: dos vestígios de um cemitério comum, com seus túmulos e adornos, ao abandono a desocupação. Para Machado (2004, p. 36) as fotografias são indícios de uma determinada época e por isso possibilita uma retomada da história. Ao longo dos anos de 2007 e 2008, enquanto o projeto estava sendo desenvolvido, houve uma troca permanente de informações entre a Prefeitura de Frederico Westphalen e o acadêmico e a orientadora. No período vigente do Edital de Chamamento Público (No 001/2007, de 7 de novembro de 2007) publicado pelo poder executivo, enquanto os cidadãos faziam a retirada e traslado dos restos mortais do cemitério foram feitas fotografias que trazem imagens de situações delicadas.
Ilustração 3 – Família Millani desenterra o patriarca, em 28 de fevereiro de 2008. Foto de Fernanda Kieling Pedrazzi Entre os documentos mais tocantes estão as imagens do desenterro de um pai por sua família, bem como os vestígios de quem ali esteve: as covas abertas de modo permanente, ossadas aos pedaços, roupas, sapatos, dentaduras, objetos pessoais... O que outrora era intacto e escondido agora estava ficava extravasado. Ilustração 4 – Parte de um crânio desenterrado no antigo cemitério de Frederico Westphalen, em 24 de março de 2008. Foto de Fernanda Kieling Pedrazzi Situações como a retirada de um corpo intacto, onde se podia observar até a pele, ser desenterrado e depois dobrado em frente a câmera fazem do trabalho fotojornalístico uma tarefa que mistura prazer e sensações de desconforto.
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