visões e desafios na américa latina - America Latina e Marx ...
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Lodola, por sua vez , considera o “neopopulismo” como um movimento de<br />
caráter compensatório “aos perdedores <strong>na</strong> mudança econômica <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>”.<br />
Por essa razão, se definiria como uma estratégia política norteada por cinco<br />
pontos: a) um padrão de lideranças perso<strong>na</strong>lizado, não necessariamente<br />
carismático; b) uma coalização de apoio multiclassista; c) uma forte mobilização<br />
social vertical („de cima para baixo‟); d) um uso sistemático de métodos<br />
redistributivos. O autor, ao enfocar as características desse fenômeno político,<br />
desconsidera que essas formas desenvolvem-se em razão de intensos movimentos<br />
sociais. Por sua vez, a maneira como ocorrem essas formas distributivas são muito<br />
relativas, em relação aos governos locais, uma vez que essas são adotadas e<br />
aconselhadas pelo Banco Mundial.<br />
A lucidez neoliberal de Jorge Castaneda, por sua vez, permite compreender<br />
com maior precisão o atual quadro político latino-americano. Ele não tem problema<br />
ao considerar que as reformas econômicas realizadas no período da<br />
democratização não produziram os resultados prometidos.<br />
Se você permite que as pessoas votem livremente em países cujas<br />
economias não prosperam, não é portanto um milagre haver um movimento<br />
para a esquerda. (...). Os pobres, a grande massa de excluídos, votam pelos<br />
políticos e pelos partidos que, assim esperam, os farão menos pobres<br />
(Castañeda, 2006:J4).<br />
Desse quadro político, ele caracteriza o aparecimento de duas esquerdas: a<br />
“populista” e a “boa”.<br />
A esquerda “populista” seria Hugo Chávez, Nestor Kirchner e outros<br />
herdeiros do populismo e do <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lismo. Nesse sentido, repetiria o populismo do<br />
passado: “Sua solução para os problemas é distribuir dinheiro público. É assim que<br />
tenta incluir as massas”. É o que faz Chávez com a gente pobre dos ranchos de<br />
Caracas. Ele dá dinheiro porque tem dinheiro, graças ao petróleo.” (...). “O mesmo<br />
ocorre com Kirchner, <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>. Ele não tem uma política econômica de geração<br />
de emprego, de busca de competitividade, de melhoria da educação.”. Afirmação<br />
equivocada em dois sentidos. Em primeiro lugar, a característica populista de Perón<br />
e Vargas foi integrar setores margi<strong>na</strong>lizados urbanos no sistema político, por meio<br />
da legislação trabalhista, regulamentação salarial e, em especial, sistema de