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PELA ÁGUAURGENTE - Amanco

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tal acesso, e 90% das empresas de saneamento do Brasil são<br />

públicas. A qualidade da água dos rios é diferente dependendo<br />

do acesso a água e do saneamento, são diferentes usos<br />

da água. Nesse ponto estou de acordo plenamente de que,<br />

na medida em que resolvamos o problema do saneamento<br />

público da água, vamos resolver o problema da qualidade do<br />

recurso em nossos rios, porque a indústria já está toda enquadrada.<br />

Portanto, dizer que privatizar o serviço de saneamento<br />

é um mau caminho, porque isso não faz com que as classes<br />

mais baixas tenham acesso a este serviço, não é verdade, é<br />

um falso problema. O problema real é como dar esse acesso<br />

a eles. E aí estamos na mesma linha do pragmatismo inicial,<br />

que comentei aqui. Uma empresa pública não pode fi car em<br />

vermelho, para dar água à população mais necessitada tem<br />

que trabalhar de maneira correta desde o ponto de vista empresarial,<br />

tem que trabalhar com recuperação de seus custos,<br />

se não pretende ter ganhos, tudo bem, não há nenhum problema.<br />

Veja como o Chile resolveu esta questão: criaram um<br />

programa de rendimentos mínimos, em que todos pagam a<br />

água, a energia, inclusive os de menores recursos e a empresa,<br />

pública ou privada, também cobra.<br />

De que maneira devem se estabelecer as relações entre<br />

os atores, para conseguir acordos que sejam mensuráveis<br />

e realistas?<br />

Só podemos trabalhar com o sistema do “ganha-ganha”, porque<br />

se não, sempre fi caremos na retórica, e aí se dará um<br />

confl ito eterno entre os ambientalistas – que dirão que os<br />

capitalistas estão consumindo o planeta – e os capitalistas,<br />

que dirão que os ambientalistas são uns poetas, que não vão<br />

a nenhum lugar. Este sistema ainda não existe, e é isso o que<br />

estamos procurando. Por exemplo, propor as perguntas corretas<br />

sobre o saneamento, não se trata só de privatização. É<br />

uma questão de subsídio às classes trabalhadoras, para que<br />

possam ter acesso, e é o governo e a coletividade que têm de<br />

facilitar essa colaboração. Por exemplo, muitos criticaram o<br />

programa do governo Lula quando criou a bolsa família, mas<br />

a migração interna diminuiu muito após este programa. Claro<br />

que existem distorções, mas vamos trabalhar com as exceções<br />

para dar a notícia? Ainda não contamos com a equação correta,<br />

pois para isso precisamos fazer as perguntas corretas:<br />

Como faço o subsídio para aquele mais necessitado?, Como<br />

crio sistemas efi cientes para o tratamento dos resíduos?, De<br />

que maneira resolveremos o problema da pobreza na África,<br />

onde não existe nenhuma condição favorável para tanto?<br />

Com a ajuda humanitária, com o EPS norte-americano, não se<br />

resolverá. Temos que criar um sistema em que todos ganhem,<br />

esse é o ponto do que falamos, desse pragmatismo, isso que<br />

tem que fi car claro entre os ambientalistas e os desenvolvimentistas,<br />

ou a iniciativa privada, cujo objetivo é obter lucro e<br />

que portanto reclama, ao ter que realizar uma compensação<br />

ambiental, já que isto poderia fazer com que se tornassem<br />

i n e fi c i e n t e s, ou os agricultores que reclamam porque têm que<br />

pagar pela água.<br />

Quem deveria ser o responsável ou qual deve ser o sistema<br />

que permita dar continuidade aos compromissos<br />

assumidos – em nível regional, nacional e global – no<br />

setor, para que tais compromissos sejam efetivamente<br />

realizados e tenham cumprimento de prazos ?<br />

O setor da água é um conjunto, um sistema, e para que tenha<br />

legitimidade institucional no governo precisa de um espaço,<br />

assim como temos um Ministério de Energia, um de Ambiente,<br />

é preciso ter um da Água. Isto é importante, mas não<br />

imprescindível: o importante é ter, como no caso do Brasil,<br />

uma coordenação efi ciente entre os setores, para que a água<br />

seja contemplada em todos eles. Essa coordenação é efetivamente<br />

muito interdisciplinar, como sabemos, teremos a Rio<br />

+20. Estive com o Embaixador André Correia do Lago, organizador<br />

da conferência, e ele entende que a água desempenha<br />

um papel muito importante para o desenvolvimento sustentável,<br />

para o crescimento verde, para a redução da pobreza.<br />

Não precisamos uma convenção internacional sobre a água,<br />

mas que os governos nacionais e locais entendam o papel<br />

da água para o desenvolvimento, o uso efi ciente da mesma<br />

na agricultura, sua reutilização na indústria, o uso da mesma<br />

para gerar energia elétrica, que serve como via de transporte<br />

bem mais barato e efi ciente, que tem menos impacto no meio<br />

ambiente. De maneira que o setor da água trabalhe junto com<br />

outros setores no sentido de planifi car de maneira harmoniosa,<br />

e acho que neste sentido a Agência Nacional das Águas<br />

(ANA) no Brasil é um exemplo para o mundo, pois coordena<br />

um sistema nacional, que engloba planos estatais, de bacias,<br />

plano nacional, de recursos hídricos, que tem que interagir<br />

com os outros setores. Nós, do setor da água, queremos ser<br />

AQUA VITAE 59

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