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O Museu da Emigração e os ''Brasileiros'

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444 MIGUEL MONTEIRO<br />

proprietário <strong>da</strong> Casa que hoje é o <strong>Museu</strong> Casa Rui Barb<strong>os</strong>a; o seu papel de líder na comuni<strong>da</strong>de<br />

de fafenses naquela ci<strong>da</strong>de e por fim o museu <strong>da</strong> emigração e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des como instrumento<br />

de pesquisa e divulgação do fenómeno <strong>da</strong> emigração e retorno na economia, socie<strong>da</strong>de e cultura<br />

portuguesas.<br />

Sabem<strong>os</strong> que cerca de quinze mil pessoas terão embarcado paro o Rio de Janeiro em 1808<br />

acompanhando o Príncipe D. João VI. A corte instala-se no Rio de Janeiro e como seria de<br />

esperar, as elites políticas, administrativas e militares seguem na sua companhia.<br />

O número, além de ser elevado, inscreve-se num âmbito que a emigração não inclui n<strong>os</strong><br />

seus estud<strong>os</strong>. É um fenómeno particular de tipo colectivo e circunstancial. Terão ido famílias<br />

inteiras: pais, mães e filh<strong>os</strong>. Julga-se que terá sido uma saí<strong>da</strong> repentina, mal planea<strong>da</strong> e caótica.<br />

Porém, não teriam lugar além <strong>da</strong>queles a cria<strong>da</strong>gem e serviçais para todo o tipo de funções?<br />

Se sabem<strong>os</strong> quant<strong>os</strong> saíram, seguir <strong>os</strong> rast<strong>os</strong> é tarefa aliciante, mas complexa. Porém, quant<strong>os</strong><br />

deles vieram para Portugal?<br />

Tem<strong>os</strong> o caso do Comen<strong>da</strong>dor Albino de Oliveira Guimarães a casar no Rio com a filha <strong>da</strong><br />

brasileira Castorina Alves Pereira e do português António Mendes de Oliveira Castro. Castorina<br />

era, por sua vez, filha de outro português natural de Rio Maior, Bento Álvares Pereira e que teria<br />

acompanhado D. João VI.<br />

De facto, as trajectórias de retorno de emigrantes na segun<strong>da</strong> metade do século XIX não<br />

deixarão de estar inscritas num fenómeno de regresso de capitais, conhecimento e model<strong>os</strong><br />

económic<strong>os</strong>, sociais, culturais, industriais e ideológic<strong>os</strong> com apropriação em contexto brasileiro,<br />

d<strong>os</strong> que saíram nas primeiras déca<strong>da</strong>s do século XIX.<br />

O Comen<strong>da</strong>dor Albino de Oliveira Guimarães foi uma <strong>da</strong>s personagens mais influentes na<br />

comuni<strong>da</strong>de portuguesa do Rio e, em tempo de retorno, um construtor <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de na<br />

ci<strong>da</strong>de de Fafe. Esta personagem, o estudo e a divulgação do papel d<strong>os</strong> emigrantes de retorno do<br />

Brasil na história e cultura portuguesa constituíram um d<strong>os</strong> motiv<strong>os</strong> para a criação do <strong>Museu</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>Emigração</strong>.<br />

1.1. A origem<br />

1.UM BRASILEIRO<br />

Albino de Oliveira nasceu no dia 4 de Setembro de 1833, na freguesia de Golães, Concelho<br />

de Fafe, Distrito de Braga, filho de J<strong>os</strong>é António Oliveira (+1849) e de Maria Joaquina Silva<br />

Castro (+1875), natural de Santa Cristina de Arões, Fafe, onde residiam e tinham o estatuto de<br />

proprietári<strong>os</strong>.<br />

A freguesia de Golães integrou, até 1853, o Termo de Guimarães e, com a reforma<br />

administrativa liberal, passou a fazer parte do território administrativo do novo concelho de Fafe,<br />

tendo este, até àquele período, a designação de Montelongo.

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