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Professor itinerante - Secretaria de Estado da Educação do Paraná

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<strong>Professor</strong> <strong>itinerante</strong>: possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e percalços <strong>de</strong> atuação<br />

Érica Cristiane <strong>da</strong> Silva<br />

Resumo:<br />

De acor<strong>do</strong> com a Declaração <strong>de</strong> Salamanca (1994) as escolas que se propõem<br />

inclusivas <strong>de</strong>vem receber apoio suplementar com vistas a assegurar uma educação<br />

eficaz para os alunos que apresentem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diferencia<strong>da</strong>s. Assim sen<strong>do</strong>, o<br />

foco <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> é a atuação <strong>do</strong> professor <strong>itinerante</strong> que aten<strong>de</strong> na re<strong>de</strong> regular <strong>de</strong><br />

ensino alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais, bem como a legislação<br />

vigente que respal<strong>da</strong> o atendimento a esses alunos. O texto está fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> na<br />

Legislação Atual, e em <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em uma pesquisa realiza<strong>da</strong> com professores<br />

<strong>itinerante</strong>s e com alguns professores <strong>da</strong> re<strong>de</strong> regular <strong>do</strong> Núcleo Regional <strong>de</strong><br />

<strong>Educação</strong> <strong>de</strong> Umuarama-PR, configuran<strong>do</strong>-se em um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo e qualitativo<br />

que nos leva a análise <strong>de</strong>sse serviço <strong>de</strong> apoio no que diz respeito à construção <strong>da</strong><br />

i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> professor <strong>itinerante</strong> em to<strong>da</strong>s as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> ensino.<br />

Palavras-chave: Ensino <strong>itinerante</strong>, professor <strong>itinerante</strong>, educação inclusiva.<br />

Abstract:<br />

In agreement with the <strong>de</strong>claration of Salamanca (1994) the schools that intend<br />

inclusive they should receive supplemental support with views to assure an effective<br />

education for the stu<strong>de</strong>nts that present differentiated needs. Like this being the focus<br />

of this study is about the itinerant teacher's performance that assists in the teaching<br />

stu<strong>de</strong>nts' regular net with special education needs, as well as the current law that<br />

backs the service the those stu<strong>de</strong>nts. The text is based in the Current Legislation,<br />

and in <strong>da</strong>ta obtained on the Itinerant Teaching in a research accomplished with<br />

itinerant teachers and with some teachers of the regular net of the Regional Nucleus<br />

of Education of Umuarama-PR, being this a <strong>de</strong>scriptive and qualitative study that in<br />

the group the analysis of that support service that <strong>de</strong>pends on some adjustments in<br />

what concerns the construction of the itinerant teacher's i<strong>de</strong>ntity in all of the phases<br />

of the teaching.<br />

Key Words: I teach itinerant, itinerant teacher, inclusive education.<br />

1


INTRODUÇÃO<br />

O cotidiano escolar e as propostas <strong>de</strong> inclusão nos coloca diante <strong>de</strong> um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio, <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r a educação na sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>limitar o momento e<br />

fatos históricos relevantes, a cultura em que o sujeito está inseri<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>rar os<br />

grupos socialmente excluí<strong>do</strong>s e estigmatiza<strong>do</strong>s para trilhar o caminho que nos leva a<br />

inclusão.<br />

A abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> Especial nos leva enten<strong>de</strong>r que é na<br />

procura <strong>do</strong>s atendimentos às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s básicas que o homem constrói a sua<br />

existência. As socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s primitivas valorizavam o belo, o forte, o sábio e<br />

estigmatizavam aquele que não se enquadrava nos padrões <strong>de</strong> normali<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-<br />

estabeleci<strong>do</strong>s pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, omitia-se, segregava-se, faziam-se alusões ao<br />

peca<strong>do</strong>. Tanto no passa<strong>do</strong> como no presente é real a existência <strong>da</strong>quele que se<br />

constitui biológica ou intelectualmente diferente e tratá-lo <strong>de</strong> forma similar aos ditos<br />

normais, implica na exclusão <strong>de</strong> alguns. Surge então o gran<strong>de</strong> leque <strong>de</strong><br />

preocupações com as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>ficientes começam, a percorrer um<br />

longo e tortuoso caminho na luta pelo direito aos atendimentos especializa<strong>do</strong>s e<br />

inclusão social e escolar.<br />

A busca <strong>de</strong> uma escola inclusiva que aten<strong>da</strong> alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

especiais, nos leva ain<strong>da</strong> a pensar sobre as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento e a<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> alunos presentes nas escolas, objetivan<strong>do</strong> uma educação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> o professor valorize o potencial <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s e não suas limitações.<br />

Nesse contexto a escola <strong>de</strong>ve possibilitar o acesso e a permanência <strong>do</strong>s<br />

alunos com <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> re<strong>de</strong> regular <strong>de</strong> ensino com serviços <strong>de</strong> apoio<br />

especializa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ntre estes <strong>de</strong>stacamos o professor <strong>itinerante</strong>.<br />

Refletir sobre este serviço <strong>de</strong> apoio significa ter clareza sobre o papel <strong>de</strong>ste<br />

profissional que atua <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> re<strong>de</strong> regular <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong>svelan<strong>do</strong> as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

2


<strong>de</strong> atuação. Dentre as inúmeras incógnitas sobre a atuação <strong>de</strong>sse profissional,<br />

algumas inquietações se fazem presentes: Como é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> na re<strong>de</strong> pública a<br />

i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> professor <strong>itinerante</strong>? Seriam os espaços e tempos por ele percorri<strong>do</strong>s<br />

suficientes para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>?<br />

Assim sen<strong>do</strong>, o objetivo <strong>de</strong>ste texto é analisar os serviços <strong>de</strong> apoio <strong>da</strong> re<strong>de</strong><br />

regular <strong>de</strong> ensino, mais precisamente a atuação <strong>do</strong> professor <strong>itinerante</strong> e, <strong>de</strong>screver<br />

a concepção <strong>do</strong>s professores <strong>da</strong> re<strong>de</strong> regular <strong>de</strong> ensino sobre esse atendimento.<br />

Para tanto, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> campo utilizan<strong>do</strong> como técnica <strong>de</strong><br />

pesquisa o questionário, junto a <strong>de</strong>z professores <strong>da</strong> re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino <strong>do</strong><br />

Núcleo Regional <strong>de</strong> Umuarama/Pr, sen<strong>do</strong> que, 7 (sete) atuam como <strong>itinerante</strong>s, 2<br />

(duas) possuem alunos inclusos e recebem esse serviço <strong>de</strong> apoio e 1 (uma) atua<br />

em instituição especializa<strong>da</strong>.<br />

O texto apresenta num primeiro momento a fun<strong>da</strong>mentação teórica<br />

abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> os aspectos históricos e legais <strong>da</strong> educação especial, a segun<strong>da</strong> parte<br />

faz inferência aos serviços <strong>de</strong> apoio, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s apresentações <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e<br />

consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

1.DA SEGREGAÇÃO À INCLUSÃO<br />

Ao falarmos <strong>do</strong> Ensino Itinerante, inevitavelmente somos leva<strong>do</strong>s a principiar<br />

pelo contexto histórico, cujo papel é fornecer <strong>da</strong><strong>do</strong>s e bases para construção <strong>de</strong> um<br />

sistema educacional que aten<strong>da</strong> a to<strong>do</strong>s para tanto faremos uma breve discussão <strong>da</strong><br />

literatura relativa a implementação <strong>da</strong> escola inclusiva para posteriormente<br />

abor<strong>da</strong>rmos os serviços <strong>de</strong> apoio.<br />

A <strong>Educação</strong> Especial contemporânea passa por um momento muito<br />

importante, que se caracteriza pelo seu encontro com a <strong>Educação</strong> Comum. Assim<br />

como as águas <strong>do</strong>ces encontra-se com as águas salga<strong>da</strong>s forman<strong>do</strong> a pororoca<br />

inauguramos este movimento <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>Educação</strong> Inclusiva. E esse movimento<br />

não surgiu ao ocaso, mas é conseqüência <strong>da</strong>s transformações ocorri<strong>da</strong>s nas<br />

3


atitu<strong>de</strong>s sociais que foram se estabelecen<strong>do</strong> ao longo <strong>da</strong> história, em relação ao<br />

tratamento <strong>da</strong><strong>do</strong> às pessoas com <strong>de</strong>ficiência, e <strong>da</strong>s políticas públicas.<br />

Extermínio, segregação, discriminação, reabilitação, integração e inclusão são<br />

fases que marcaram a história <strong>da</strong> educação <strong>da</strong>s pessoas com <strong>de</strong>ficiências.<br />

Mazzotta (1993) aponta três atitu<strong>de</strong>s sociais que marcaram a história <strong>da</strong><br />

<strong>Educação</strong> Especial no tratamento <strong>da</strong><strong>do</strong> às pessoas com <strong>de</strong>ficiência: marginalização,<br />

assistencialismo e educação/reabilitação. Ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>ssas posições marca um<br />

perío<strong>do</strong> on<strong>de</strong> as atitu<strong>de</strong>s eram mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s por um sentimento específico, que sinaliza<br />

as formas como a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> vê e trata as pessoas com <strong>de</strong>ficiência. Esses aspectos<br />

postos levam-nos a perceber que sempre existiu uma relação entre a forma <strong>de</strong><br />

representação social sobre as <strong>de</strong>ficiências e as atitu<strong>de</strong>s sociais.<br />

Numa rápi<strong>da</strong> exposição <strong>da</strong> trajetória, é possível i<strong>de</strong>ntificar o perío<strong>do</strong> que<br />

antece<strong>de</strong> o século XX, marca<strong>do</strong> por atitu<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> exclusão, on<strong>de</strong> os alunos<br />

com <strong>de</strong>ficiência eram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s indignos <strong>de</strong> uma educação escolar. Na déca<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> 1950 é que começaram a surgir as primeiras escolas especializa<strong>da</strong>s e,<br />

posteriormente, as classes especiais. Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70 os alunos com <strong>de</strong>ficiência<br />

começaram a ser admiti<strong>do</strong>s em classes comuns, com o surgimento <strong>da</strong> proposta <strong>de</strong><br />

integração.<br />

A idéia <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Inclusiva é dissemina<strong>da</strong> nessa mesma déca<strong>da</strong> nos EUA<br />

em 1975 com a lei pública nº. 94.142, que abriu possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

alunos com <strong>de</strong>ficiência na escola comum. Nesse momento a educação inclusiva se<br />

limitava apenas à inserção física <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ficientes na escola comum.<br />

A matriz <strong>da</strong> política educacional <strong>de</strong> inclusão é a Declaração <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />

para To<strong>do</strong>s, resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Conferência <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> para To<strong>do</strong>s, realiza<strong>da</strong> em<br />

Jontien, na Tailândia , em 1990, e o plano Decenal <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Para To<strong>do</strong>s.<br />

(BRASIL, 1993)<br />

Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990, o conceito <strong>de</strong> educação inclusiva se amplia, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ser apenas “inserção física”. De acor<strong>do</strong> com a Declaração Salamanca (1994) as<br />

escolas que se propõem inclusivas <strong>de</strong>vem receber apoio suplementar com vistas a<br />

4


assegurar uma educação eficaz para os alunos que apresentem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

diferencia<strong>da</strong>s.<br />

• To<strong>da</strong> criança tem direito fun<strong>da</strong>mental à educação e <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir e manter um nível a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

aprendizagem;<br />

• To<strong>da</strong> criança possui características, interesses, habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> aprendizagem que são únicas;<br />

• Sistemas educacionais <strong>de</strong>veriam ser <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s e programas<br />

educacionais <strong>de</strong>veriam ser implementa<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> levar em<br />

conta a vasta diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tais características e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />

• Aqueles com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais <strong>de</strong>vem ter<br />

acesso à escola regular, que <strong>de</strong>veria acomodá-los <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

pe<strong>da</strong>gogia centra<strong>da</strong> na criança, capaz <strong>de</strong> satisfazer tais<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />

Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem<br />

os meios mais eficazes <strong>de</strong> combater atitu<strong>de</strong>s discriminatórias,<br />

crian<strong>do</strong>-se comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s acolhe<strong>do</strong>ras, construin<strong>do</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

inclusiva alcançan<strong>do</strong> educação para to<strong>do</strong>s; além disso, tais escolas<br />

provêem uma educação efetiva à maioria <strong>da</strong>s crianças aprimoram a<br />

eficiência e, em última instância, o custo <strong>da</strong> eficácia <strong>de</strong> to<strong>do</strong> sistema<br />

educacional. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.1)<br />

O que mu<strong>da</strong> na proposta <strong>de</strong> educação inclusiva em relação à <strong>de</strong> integração, é<br />

que os sistemas educacionais passam a ser responsáveis por criar condições para<br />

promover uma educação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para to<strong>do</strong>s e fazer a<strong>da</strong>ptações que aten<strong>da</strong>m<br />

às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais <strong>do</strong>s alunos com <strong>de</strong>ficiência.<br />

É necessário então a compreensão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, a participação social e<br />

política, o reconhecimento <strong>do</strong>s direitos e <strong>de</strong>veres, os quais nos levaram a atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cooperação e repúdio às injustiças e discriminações feitas aos <strong>de</strong>ficientes ao longo<br />

<strong>do</strong>s anos. Cumpre ressaltar que a Declaração Salamanca (1994) fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na<br />

Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong> Homem (1789) objetiva garantir a educação<br />

para to<strong>do</strong>s, indistintamente, quaisquer que sejam suas origens ou condições sociais.<br />

Nesse enfoque <strong>de</strong>stacamos:<br />

• To<strong>do</strong> ser humano, em to<strong>da</strong>s as suas dimensões, é o centro e o<br />

foco <strong>de</strong> qualquer movimento para sua promoção. O princípio é vali<strong>do</strong><br />

tanto para as pessoas consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s normais e para as ligeiramente<br />

afeta<strong>da</strong>s como também para as gravemente prejudica<strong>da</strong>s, que<br />

exigem uma ação integra<strong>da</strong> <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> realizações<br />

pluridirecionais.<br />

• To<strong>do</strong> ser humano conta com possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s reais, por mínimas<br />

que sejam, <strong>de</strong> alcançar pleno <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

<strong>de</strong> obter positiva a<strong>da</strong>ptação ao ambiente normal.<br />

5


• To<strong>do</strong> ser humano tem direito <strong>de</strong> reivindicar condições<br />

apropria<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, aprendizagem e ação, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong><br />

convivência condigna e <strong>de</strong> aproveita<strong>da</strong>s experiências que lhe são<br />

ofereci<strong>da</strong>s para <strong>de</strong>sempenhar como pessoa e membro atuante <strong>de</strong><br />

uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

• To<strong>do</strong> ser humano, por menor contribuição que possa <strong>da</strong>r à<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve fazer jus ao direito <strong>de</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

que lhe assiste como integrante <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

• To<strong>do</strong> ser humano, sejam quais forem as suas condições <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong>, tem direito <strong>de</strong> ser trata<strong>do</strong> com respeito e digni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

(DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM_1780)<br />

A Constituição Fe<strong>de</strong>ral no seu artigo 208 <strong>de</strong>fine o atendimento especializa<strong>do</strong>,<br />

enfocan<strong>do</strong> esse atendimento na re<strong>de</strong> regular:<br />

III_ Atendimento educacional especializa<strong>do</strong> aos porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência,<br />

preferencialmente, na re<strong>de</strong> regular <strong>de</strong> ensino. (grifo nosso)<br />

Esse processo implica na superação <strong>de</strong> barreiras bem como no conhecimento<br />

<strong>de</strong> características fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong>s dimensões sociais, materiais e histórico-<br />

culturais para construção <strong>de</strong> um processo transforma<strong>do</strong>r que possibilite a inclusão<br />

tanto no contexto escolar como no social.<br />

Pauta<strong>do</strong>s no acor<strong>do</strong> firma<strong>do</strong> nas Diretrizes Nacionais Para <strong>Educação</strong> Especial<br />

Básica (2001) o Brasil assume o compromisso <strong>de</strong> traçar políticas públicas para<br />

aten<strong>de</strong>r a essa <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, o Plano Decenal <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> para To<strong>do</strong>s (BRASIL, 1993) e<br />

as diretrizes e estratégias e orientações para educação <strong>de</strong> crianças com<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais em creches e pré-escolas orientam as<br />

crianças <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> intervenção precoce em escolas ou instituições<br />

especializa<strong>da</strong>s públicas ou priva<strong>da</strong>s, estabelecen<strong>do</strong> convênios e parceria com as<br />

áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e assistência social, para avaliação i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

específicas, apoio, a<strong>da</strong>ptações, complementações ou suplementações que se<br />

fizerem necessárias, ten<strong>do</strong> em vista o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o<br />

processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong>ssas crianças.<br />

Nesta perspectiva, enten<strong>de</strong>-se que a <strong>Educação</strong> Especial passa a ser<br />

entendi<strong>da</strong> como o conjunto <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a garantir o atendimento<br />

educacional aos <strong>de</strong>ficientes. Essas garantias são sistematiza<strong>da</strong>s pela LDBEN (Lei<br />

9394/96), que estabelece os rumos e os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> educação brasileira,<br />

6


econhecen<strong>do</strong> a importância <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> Especial em seu capítulo V, artigos 58,<br />

59 e 60.<br />

As Diretrizes Nacionais para <strong>Educação</strong> Especial na <strong>Educação</strong> Básica (2001)<br />

por sua vez em seu artigo 2º orientam que: “Os sistemas <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>vem matricular<br />

to<strong>do</strong>s os alunos, caben<strong>do</strong> às escolas organizar-se para o atendimento aos<br />

educan<strong>do</strong>s com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais, asseguran<strong>do</strong> as condições<br />

necessárias para uma educação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para to<strong>do</strong>s O Plano Nacional <strong>de</strong><br />

<strong>Educação</strong> (2001) <strong>de</strong>staca no capítulo <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> Especial que: “o gran<strong>de</strong> avanço<br />

que a déca<strong>da</strong> <strong>da</strong> educação <strong>de</strong>veria produzir seria a construção <strong>de</strong> uma escola<br />

inclusiva que garantisse o atendimento à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana”. Esse processo<br />

exige mu<strong>da</strong>nças, a<strong>da</strong>ptações nos currículos e nas ações educacionais.<br />

A inclusão segun<strong>do</strong> Lima (2006) <strong>de</strong>ve ser vivencia<strong>da</strong> intensa e<br />

conscientemente pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e sistema educacional, pois, estamos diante <strong>de</strong><br />

uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista e exclu<strong>de</strong>nte, assim sen<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> que a inclusão esteja<br />

engaja<strong>da</strong> política e historicamente o momento requer mu<strong>da</strong>nças e exige posturas<br />

diferencia<strong>da</strong>s mesmo que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> exclu<strong>de</strong>nte sob os efeitos históricos <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>scrença na pessoa com <strong>de</strong>ficiência exerça influências sobre o nosso dia a dia, a<br />

revolução <strong>da</strong> inclusão existe e é nela que temos que acreditar e é por ela que<br />

temos <strong>de</strong> lutar, afinal o papel <strong>da</strong> escola é humanizar.<br />

È através <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> diferenças e oposições que os<br />

grupos sociais são torna<strong>do</strong>s “diferentes”, é através <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong> diferenças que nós nos tornamos “nós” eles “eles”, é<br />

em oposição à categoria ”negro” que a <strong>de</strong> “branco” é construí<strong>da</strong> e é<br />

em contraste com a <strong>de</strong> “mulher” que a categoria “homem” adquire<br />

senti<strong>do</strong>. As “diferenças” não existem fora <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />

representações. (SILVA. 1995 apud OLIVEIRA, 2002, p.158)<br />

O movimento <strong>da</strong> inclusão consi<strong>de</strong>ra necessária uma política pública que<br />

tenha como objetivo a modificação <strong>do</strong> sistema, organização estrutura, <strong>do</strong><br />

funcionamento educativo, e a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> como eixo central <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

aprendizagem, na classe comum. Essa mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> concepção baseia-se nas<br />

crenças <strong>de</strong> que as mu<strong>da</strong>nças estruturais, organizacionais e meto<strong>do</strong>lógicas po<strong>de</strong>rão<br />

respon<strong>de</strong>r às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas e beneficiar to<strong>da</strong>s as crianças, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> apresentarem qualquer tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Por outro la<strong>do</strong>, não se po<strong>de</strong> negar as<br />

<strong>de</strong>ficiências e as restrições <strong>de</strong>las provenientes. Por isso, as Diretrizes Nacionais<br />

7


para <strong>Educação</strong> Especial na <strong>Educação</strong> Básica (BRASIL, 2001) <strong>de</strong>terminam que os<br />

sistemas escolares se organizem para o atendimento na classe comum, mediante a<br />

elaboração <strong>de</strong> projetos pe<strong>da</strong>gógicos orienta<strong>do</strong>s pela política <strong>da</strong> inclusão. No Projeto<br />

Político Pe<strong>da</strong>gógico <strong>de</strong>ve estar claro o compromisso <strong>da</strong> escola com êxito no<br />

processo <strong>de</strong> ensino aprendizagem, com provimento <strong>de</strong> recursos pe<strong>da</strong>gógicos<br />

especiais necessários, apoio aos programas educativos e capacitação <strong>de</strong> recursos<br />

humanos para aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sses alunos (BRASIL, 2001).<br />

Apesar <strong>de</strong>sse avanço conceitual, é necessário reconhecer a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

articulação <strong>da</strong>s políticas e <strong>de</strong> ações práticas efetivas e integra<strong>da</strong>s entre os setores<br />

governamentais que <strong>de</strong>senvolvem essas políticas, para que as crianças com<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais tenham acesso aos recursos e equipamentos<br />

especiais necessários ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e aprendizagem em to<strong>da</strong>s<br />

as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino. Os focos <strong>da</strong> política pública como vem enfatizan<strong>do</strong><br />

Sassaki (1997) <strong>de</strong>vem ser: o <strong>de</strong>senvolvimento humano, a equi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas e a participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Enfatizan<strong>do</strong> o eixo <strong>da</strong><br />

humanização, <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento integral e <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> aprendizagem, o<br />

acesso ao mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> cultura e <strong>do</strong> conhecimento não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sfoca<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma<br />

política <strong>de</strong> educação que se diz <strong>de</strong>mocrática.<br />

2.REDE DE APOIO NAS ESCOLAS REGULARES<br />

A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio constitui-se em um conjunto <strong>de</strong> serviços, oferta<strong>do</strong>s pela<br />

escola e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> em geral, que objetiva <strong>da</strong>r respostas educativas para as<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem apresenta<strong>da</strong>s pelos alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

educacionais especiais.<br />

Os serviços e apoios especializa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as Diretrizes <strong>de</strong><br />

<strong>Educação</strong> Especial na <strong>Educação</strong> Básica (Brasil 2001) <strong>de</strong>stinam-se ao atendimento<br />

<strong>de</strong> alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong>s <strong>de</strong>ficiências<br />

intelectuais, visuais, física-neuromotoras e sur<strong>de</strong>z, <strong>da</strong>s condutas típicas <strong>de</strong> quadros<br />

neurológicos e psiquiátricos e psicológicos graves e <strong>da</strong>s altas<br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s/super<strong>do</strong>tação.<br />

8


Esses apoios, quan<strong>do</strong> oferta<strong>do</strong>s no contexto <strong>do</strong> ensino regular, são<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s pela legislação <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Resol. CNE/CEB n. 01/02 e Del. CEE<br />

02/03 <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> apoio pe<strong>da</strong>gógico especializa<strong>do</strong>, os quais <strong>de</strong>vem ser oferta<strong>do</strong>s<br />

no turno ou contra turno <strong>de</strong> matrícula <strong>do</strong> aluno. Quan<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s em classes,<br />

escolas especiais <strong>da</strong> re<strong>de</strong> convenia<strong>da</strong> e em interface com as áreas <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

Trabalho e Ação Social, Justiça, Transportes entre outras, são <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s<br />

serviços especializa<strong>do</strong>s.<br />

Os serviços <strong>de</strong> apoio pe<strong>da</strong>gógico especializa<strong>do</strong> realizam-se no contexto <strong>da</strong><br />

sala <strong>de</strong> aula, ou em contra turno, por meio <strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> recursos humanos, técnicos,<br />

tecnológicos, físicos e materiais e têm por objetivo possibilitar o acesso e a<br />

complementação <strong>do</strong> currículo comum ao aluno.<br />

A ampliação <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais<br />

a serem atendi<strong>do</strong>s no contexto <strong>da</strong> escola regular está condiciona<strong>da</strong> tanto à<br />

viabilização <strong>da</strong>s a<strong>da</strong>ptações curriculares quanto à expansão <strong>de</strong>sses apoios, como é<br />

o caso <strong>do</strong> profissional intérprete <strong>de</strong> língua <strong>de</strong> sinais para alunos sur<strong>do</strong>s, o material<br />

amplia<strong>do</strong> ou em Braille para os alunos com <strong>de</strong>ficiência visual, as salas <strong>de</strong> recursos<br />

para alunos com <strong>de</strong>ficiência intelectual matricula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries, o<br />

enriquecimento curricular para alunos com altas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s/super<strong>do</strong>tação,<br />

professores <strong>de</strong> apoio permanente para alunos com graves comprometimentos físico-<br />

motores, entre outros.<br />

Em primeiro lugar, é importante argumentar que a segregação não po<strong>de</strong> ser<br />

discuti<strong>da</strong> como um <strong>da</strong><strong>do</strong> essencializa<strong>do</strong>, mas sim como fruto <strong>de</strong> uma construção<br />

social e histórica <strong>da</strong> <strong>de</strong>ficiência. Se refletirmos sobre as representações sociais<br />

construí<strong>da</strong>s historicamente sobre as pessoas com <strong>de</strong>ficiência, constataremos que a<br />

exclusão (ou segregação) é materializa<strong>da</strong> em diferentes “lugares”, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong><br />

lógica <strong>da</strong>s relações sociais <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> época: o extermínio, a reclusão em<br />

casa, os asilos e manicômios, as escolas especiais, as classes especiais, a<br />

permanência “física” em classes regulares sem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> efetiva<br />

aprendizagem/participação.<br />

9


Tanto as escolas especiais quanto as escolas comuns po<strong>de</strong>m ser espaços <strong>de</strong><br />

segregação se, em seu interior, não forem discuti<strong>da</strong>s e problematiza<strong>da</strong>s as<br />

concepções <strong>de</strong> sujeito e aprendizagem coloca<strong>da</strong>s em prática.<br />

Se persistir a concepção patológica <strong>do</strong>s sujeitos com <strong>de</strong>ficiência, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

que a perspectiva <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia dispensa<strong>da</strong> tenha que ter caráter corretivo, o que se<br />

buscará é o enquadramento <strong>de</strong>ssas pessoas nas chama<strong>da</strong>s “condições <strong>de</strong><br />

normali<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Sabemos que essa concepção <strong>de</strong> “cura” está presente tanto na escola<br />

especial quanto na escola comum, levan<strong>do</strong> à exclusão.<br />

É partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse pressuposto que enten<strong>de</strong>mos que embora a escola regular<br />

seja o local preferencial para a promoção <strong>da</strong> aprendizagem e inclusão <strong>de</strong> alunos<br />

com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais, sua presença nesse contexto não assegura que,<br />

mesmo com apoios e serviços especializa<strong>do</strong>s, não se configure uma situação <strong>de</strong><br />

“segregação” física e/ou simbólica.<br />

É importante lembrar que, mesmo os alunos atendi<strong>do</strong>s em instituições<br />

especializa<strong>da</strong>s, não constituem um grupo homogêneo, suas diferenças individuais<br />

<strong>de</strong>verão ser respeita<strong>da</strong>s, por meio <strong>da</strong> execução <strong>de</strong> propostas diversifica<strong>da</strong>s, o que<br />

acarretará, muitas vezes, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um plano individual <strong>de</strong> ensino.<br />

Estamos diante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a to<strong>do</strong>s na escola regular, não<br />

po<strong>de</strong>mos negar que obtivemos avanços tanto nas políticas quanto na prática<br />

pe<strong>da</strong>gógica, se voltarmos uma déca<strong>da</strong> visualizamos o panorama <strong>da</strong>s salas<br />

especiais e <strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> recursos que atendiam alunos com vários tipos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiências, hoje temos as salas <strong>de</strong> recursos multifuncionais, que aten<strong>de</strong>m<br />

separa<strong>da</strong>mente as altas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, transtornos globais <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

alunos com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação e sinalização diferencia<strong>da</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais<br />

alunos, bem como outros serviços que garantem o atendimento <strong>do</strong>s alunos com<br />

<strong>de</strong>ficiências em salas comuns.<br />

Os professores especializa<strong>do</strong>s estão presentes nas escolas para <strong>da</strong>r suporte<br />

tanto para alunos, como para professores <strong>da</strong>s salas comuns.<br />

Serviços <strong>de</strong> apoio pe<strong>da</strong>gógicos.<br />

10


Esses serviços tem por objetivo apoiar, complementar e suplementar e<br />

escolarização formal <strong>do</strong>s alunos que apresentam necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais<br />

especiais e está subdividi<strong>do</strong> em :<br />

Intérprete <strong>de</strong> Libras/língua portuguesa – esse apoio é realiza<strong>do</strong> por profissional<br />

bilíngüe que atua no contexto <strong>do</strong> ensino regular on<strong>de</strong> há alunos sur<strong>do</strong>s, usuários <strong>da</strong><br />

língua <strong>de</strong> sinais, regularmente matricula<strong>do</strong>s nos diferentes níveis e mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong><br />

<strong>Educação</strong> Básica. A atuação <strong>do</strong> profissional intérprete caracteriza suporte<br />

pe<strong>da</strong>gógico e não o exercício <strong>de</strong> <strong>do</strong>cência; portanto, a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela<br />

aprendizagem <strong>do</strong> aluno é <strong>do</strong> professor regente.<br />

Instrutor sur<strong>do</strong> <strong>de</strong> Libras – profissional que atua nos CAES, escolas especiais e/ou<br />

NRE, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s ao ensino e à difusão <strong>da</strong> Língua<br />

Brasileira <strong>de</strong> Sinais – Libras e <strong>de</strong> aspectos socioculturais <strong>da</strong> sur<strong>de</strong>z na comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

escolar. No âmbito pe<strong>da</strong>gógico, atua como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação lingüístico-<br />

cultural para as crianças sur<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a oportunizar a apropriação <strong>de</strong> Libras<br />

como primeira língua no currículo escolar.<br />

Escolas para Sur<strong>do</strong>s – escolas especiais que oferecem, em contra turno,<br />

atendimento <strong>de</strong> natureza pe<strong>da</strong>gógica, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por professores especializa<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong> natureza terapêutica <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por fonoaudiólogos (terapia <strong>de</strong> fala, indicação<br />

e a<strong>da</strong>ptação <strong>de</strong> próteses, estimulação auditiva entre outros) e/ou assistencial,<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por psicólogo e/ou assistentes sociais.<br />

<strong>Professor</strong> <strong>de</strong> apoio permanente – profissional especializa<strong>do</strong> que atua no contexto <strong>da</strong><br />

sala <strong>de</strong> aula, utilizan<strong>do</strong> a comunicação alternativa e aumentativa para atendimento<br />

aos alunos com <strong>de</strong>ficiência física/neuromotora acentua<strong>da</strong>, com limitação na fala e<br />

escrita, nos estabelecimentos <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental, Ensino Médio e <strong>Educação</strong> <strong>de</strong><br />

Jovens e Adultos.<br />

Sala <strong>de</strong> Recursos (1ª a 4ª e 5ª a 8ª séries) – serviço oferta<strong>do</strong> por profissional<br />

especializa<strong>do</strong> <strong>de</strong> natureza pe<strong>da</strong>gógica que apóia e complementa o atendimento<br />

educacional realiza<strong>do</strong> em classe comum utilizan<strong>do</strong> equipamentos e materiais<br />

específicos, volta<strong>do</strong> ao atendimento especializa<strong>do</strong> <strong>de</strong> alunos que apresentam<br />

problemas <strong>de</strong> aprendizagem com atraso acadêmico significativo, distúrbio <strong>de</strong><br />

aprendizagem e/ou <strong>de</strong>ficiência mental conduta típica e super<strong>do</strong>tação. Esse trabalho<br />

complementar ou suplementar <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>do</strong> em pequenos grupos, em outro<br />

11


perío<strong>do</strong>, para não interferir no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas ao<br />

retirar o aluno <strong>da</strong> rotina escolar.<br />

Serviços Itinerantes: serviço oferta<strong>do</strong> por profissional especializa<strong>do</strong> em educação<br />

especial, na educação infantil, no ensino fun<strong>da</strong>mental e médio. Esse serviço <strong>de</strong><br />

apoio pe<strong>da</strong>gógico especializa<strong>do</strong> é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por professor <strong>itinerante</strong><br />

especializa<strong>do</strong> em educação especial. Esse profissional participará <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e aprendizagem nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s escolares, avalia e aju<strong>da</strong> a elaborar<br />

objetivos, a <strong>de</strong>lineia os conteú<strong>do</strong>s, as estratégias e procedimentos relativos à<br />

dinâmica <strong>da</strong> sala <strong>de</strong> aula e <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a rotina escolar. Inclui-se, nessa forma <strong>de</strong> apoio<br />

pe<strong>da</strong>gógico especializa<strong>do</strong>, também o professor intérprete.<br />

O professor <strong>itinerante</strong>s ganhos novos espaços, além <strong>de</strong> percorrer escolas orientan<strong>do</strong><br />

professores, alunos, equipe pe<strong>da</strong>gógica, famílias, também faz itinerância <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

algumas escolas <strong>do</strong> ensino fun<strong>da</strong>mental, médio e EJA. Ele auxilia to<strong>da</strong>s as<br />

patologias e dá encaminhamento pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong>s linguagens e códigos necessários<br />

á aprendizagem, à comunicação e locomoção.<br />

Centro <strong>de</strong> Atendimento Especializa<strong>do</strong> – é um serviço <strong>de</strong> apoio especializa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

natureza pe<strong>da</strong>gógica nas áreas <strong>da</strong> <strong>de</strong>ficiência física, visual e <strong>da</strong> sur<strong>de</strong>z, que<br />

complementa a escolarização <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s na <strong>Educação</strong> Infantil, Ensino<br />

Fun<strong>da</strong>mental e Médio e <strong>Educação</strong> <strong>de</strong> Jovens e Adultos. Os CAEs têm a mesma<br />

função e natureza <strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> recursos; a diferença resi<strong>de</strong> no aspecto <strong>de</strong> não<br />

haver limite <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> para atendimento.<br />

Centro <strong>de</strong> Apoio Pe<strong>da</strong>gógico para atendimento às pessoas com <strong>de</strong>ficiência visual<br />

(CAP) – no <strong>Paraná</strong> são cinco uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> serviço responsáveis pela oferta material<br />

pe<strong>da</strong>gógico transcrito em Braille para alunos cegos e materiais com caracteres<br />

amplia<strong>do</strong>s aos alunos com baixa visão, matricula<strong>do</strong>s na <strong>Educação</strong> Básica. São<br />

ofereci<strong>do</strong>s, também, materiais e equipamentos para o atendimento às<br />

especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> área <strong>da</strong> <strong>de</strong>ficiência, tais como: máquina Perkins, softwares<br />

específicos (Virtual Vision, Dos Vox, Jaws) recursos ópticos (luminária, lupa,<br />

telelupa) e kits <strong>de</strong> baixa visão.<br />

Classe Hospitalar: Esse serviço é oferta<strong>do</strong> por professor especializa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a<br />

prover, mediante atendimento especial, a educação escolar a alunos<br />

impossibilita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> frequentar as aulas em razão <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que<br />

implique internação hospitalar ou atendimento ambulatorial. Esse trabalho é <strong>de</strong><br />

caráter temporário e tem por objetivo <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong><br />

12


<strong>de</strong>senvolvimento e aprendizagem <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s ou não nos centros <strong>de</strong><br />

educação infantil, contribuin<strong>do</strong> para o acesso, retorno e reintegração <strong>da</strong> criança ao<br />

grupo escolar.<br />

Atendimento Domiciliar: o atendimento <strong>do</strong>miciliar é um serviço oferta<strong>do</strong> por<br />

profissional especializa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a oferecer orientações à família sobre o<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e aprendizagem <strong>de</strong> alunos que estejam<br />

impossibilita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> frequentar a escola em função <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que<br />

implique em permanência prolonga<strong>da</strong> em <strong>do</strong>micílio.<br />

Recentemente são instituí<strong>da</strong>s as salas <strong>de</strong> recursos multifuncionais, bem como<br />

o ensino <strong>itinerante</strong> como serviços <strong>de</strong> apoio sob um novo prisma que nos conduz ao<br />

êxito <strong>do</strong> atendimento <strong>do</strong>s alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais inclusos<br />

em nossas escolas, visto que este é o momento em que buscamos alternativas que<br />

favoreçam o atendimento educacional especializa<strong>do</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, tornan<strong>do</strong> a escola<br />

mais acessível.<br />

As salas <strong>de</strong> recursos multifuncionais diferenciam-se <strong>do</strong>s espaços<br />

tradicionalmente organiza<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> assim o direito à escolarização em classes<br />

comuns <strong>do</strong> ensino regular <strong>de</strong>ve ser garanti<strong>do</strong> aos alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

educacionais especiais bem como o atendimento educacional especializa<strong>do</strong> é<br />

assegura<strong>do</strong> nas salas <strong>de</strong> recursos multifuncionais, através <strong>da</strong> mediação <strong>do</strong>cente o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s processos cognitivos garantem a produção <strong>do</strong> conhecimento,<br />

o diferencial <strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> recursos multifuncionais consiste no fato <strong>de</strong> que elas<br />

estão equipa<strong>da</strong>s para aten<strong>de</strong>r as diferentes <strong>de</strong>ficiências.<br />

Esses serviços <strong>de</strong> apoio promovem o acesso ao currículo e a escolarização,<br />

garantin<strong>do</strong> os direitos <strong>do</strong>s alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais <strong>de</strong><br />

participar efetivamente <strong>do</strong> contexto educacional.<br />

3. RESULTADOS DA PESQUISA<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s evi<strong>de</strong>nciaram que <strong>da</strong>s sete professoras <strong>itinerante</strong>s a maioria estão<br />

forma<strong>da</strong>s há aproxima<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>z anos e atuan<strong>do</strong> como <strong>itinerante</strong> entre três e seis<br />

anos. As formações são em diversas áreas: Pe<strong>da</strong>gogia, Letras, Geografia, com<br />

13


especialização em <strong>Educação</strong> Especial, área <strong>de</strong> concentração em DM (<strong>de</strong>ficiência<br />

mental), apenas uma com formação em DV (<strong>de</strong>ficiência visual), <strong>da</strong>s três professoras<br />

<strong>da</strong> re<strong>de</strong> regular que participaram o tempo <strong>de</strong> serviço é entre <strong>de</strong>zenove e vinte e seis<br />

anos.<br />

Foi constata<strong>do</strong> que as professoras <strong>itinerante</strong>s atuam em uma única escola no<br />

ensino Fun<strong>da</strong>mental e Médio <strong>de</strong> Jovens e Adultos (EJA), aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

disciplinas. A itinerância <strong>de</strong> 3 (três) <strong>da</strong>s professoras é realiza<strong>da</strong> nas salas com os<br />

alunos que necessitam <strong>de</strong> atendimento especializa<strong>do</strong>, as outras 4 (quatro)<br />

professoras aten<strong>de</strong>m os alunos em espaços específicos <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> escola. Outro<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> salutar verifica<strong>do</strong> diz respeito à carga horária, as 7 (sete) professoras são<br />

estatutárias, concursa<strong>da</strong>s para carga horária <strong>de</strong> vinte horas e somente 4 (quatro)<br />

possuem 4 (quatro) horas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Enten<strong>de</strong>-se portanto, que, a forma <strong>de</strong><br />

atendimento e a carga horária <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a planejamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> escola, e<br />

não <strong>da</strong> legislação que norteia esse tipo <strong>de</strong> atendimento.<br />

Os encaminhamentos <strong>do</strong>s alunos para atendimento são realiza<strong>do</strong>s pelo<br />

professor ou coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> escola, os alunos com <strong>de</strong>ficiências são atendi<strong>do</strong>s por<br />

professores especializa<strong>do</strong>s na área, portanto se houver alunos com <strong>de</strong>ficiências<br />

diversas e se não houver professor especializa<strong>do</strong> para o atendimento o professor <strong>da</strong><br />

educação especial <strong>de</strong>verá atendê-lo.<br />

Os recursos didáticos usa<strong>do</strong>s e pontua<strong>do</strong>s pelos professores <strong>itinerante</strong>s são:<br />

laboratório <strong>de</strong> informática, apostilas, dicionários, revistas, jogos, <strong>de</strong>safios, chara<strong>da</strong>s,<br />

caça palavras, livros didáticos, material específico para ca<strong>da</strong> aluno. O atendimento é<br />

oferta<strong>do</strong> tanto para o aluno como para o professor. O número <strong>de</strong> alunos<br />

caracteriza<strong>do</strong>s como <strong>de</strong>ficientes intelectuais atendi<strong>do</strong>s por professor varia <strong>de</strong> <strong>de</strong>z a<br />

<strong>de</strong>zoito, sen<strong>do</strong> que são atendi<strong>do</strong>s na maioria <strong>da</strong>s vezes em grupos <strong>de</strong> 4 (quatro) a<br />

5 (cinco) alunos por vez. Raramente o atendimento é individual <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> alunos atendi<strong>do</strong>s por professor.<br />

No que se refere ao número <strong>de</strong> atendimentos aos alunos constata-se que, 4<br />

(quatro) professores dão atendimento 2 (duas) vezes por semana no individual e os<br />

<strong>de</strong>mais to<strong>do</strong>s os dias, nos atendimentos em grupo.<br />

14


O diálogo com o professor <strong>da</strong> sala só se efetiva com os professores que<br />

dispõe <strong>de</strong> hora ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

temos:<br />

Quanto aos pontos positivos e negativos pontua<strong>do</strong>s pelo professor <strong>itinerante</strong>,<br />

ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS<br />

A segurança <strong>do</strong> aluno por ter um<br />

professor que o aju<strong>de</strong>.<br />

Contato com o professor <strong>da</strong> sala que<br />

muitas vezes não compreen<strong>de</strong> o ritmo<br />

<strong>do</strong> aluno.<br />

Falta <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> alguns professores<br />

<strong>de</strong> um professor <strong>de</strong> educação especial<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua sala,<br />

Falta <strong>de</strong> tempo para preparar materiais<br />

diferentes para os alunos principalmente<br />

nos casos que os professores não têm<br />

hora ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Dosagem <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s. Um único professor <strong>itinerante</strong> para<br />

Mais oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o aluno<br />

questionar.<br />

Rever e refazer suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com<br />

auxílio <strong>do</strong> professor.<br />

aten<strong>de</strong>r to<strong>da</strong>s as áreas <strong>do</strong><br />

conhecimento, quan<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ria ser<br />

dividi<strong>do</strong> por área <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

professor<br />

Falta <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> como se <strong>de</strong>ve<br />

realizar os atendimentos.<br />

Falta <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> número <strong>de</strong> alunos a<br />

ser atendi<strong>do</strong> por professor.<br />

Atendimento mais individualiza<strong>do</strong>. Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> professor <strong>itinerante</strong> em<br />

aten<strong>de</strong>r to<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>ficiências<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua formação.<br />

Materiais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s. In<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> professor<br />

<strong>itinerante</strong>.<br />

Em relação às três professoras <strong>da</strong> re<strong>de</strong> regular, foi possível constatar que as<br />

formações são distintas, a saber: <strong>Educação</strong> Artística, Letras e Pe<strong>da</strong>gogia, duas com<br />

15


“Muitas vezes a escola acha que o professor <strong>itinerante</strong> é o “cara” e po<strong>de</strong><br />

solucionar to<strong>do</strong>s os problemas relaciona<strong>do</strong>s à inclusão <strong>do</strong>s alunos na escola,<br />

quan<strong>do</strong> nós também buscamos respal<strong>do</strong> para nossa prática pe<strong>da</strong>gógica que não<br />

está bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>”.<br />

Profª. 4:<br />

“Ain<strong>da</strong> é obscura a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> professor <strong>itinerante</strong> é necessário <strong>de</strong>finir<br />

uma proposta <strong>de</strong> trabalho que não sobrecarregue este profissional, mas que venha<br />

contribuir ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente para inclusão e atendimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>do</strong>s alunos<br />

com <strong>de</strong>ficiência nas escolas”.<br />

<strong>itinerante</strong>”.<br />

Profª. 5:<br />

“A i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste profissional ain<strong>da</strong> está em construção”.<br />

Profª. 6:<br />

“Há muitas dúvi<strong>da</strong>s, equívocos, dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para atuação <strong>do</strong> professor<br />

Profª 7:<br />

“Não tenho contato algum com o professor <strong>itinerante</strong> o me impossibilita <strong>de</strong><br />

respon<strong>de</strong>r as questões”.<br />

Profª 8:<br />

“Os profissionais <strong>itinerante</strong>s contribuem para inclusão, pois fomenta e realiza,<br />

na escola, ações <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s que envolvam to<strong>do</strong>s os agentes <strong>do</strong> processo escolar<br />

para efetivação <strong>da</strong> educação inclusiva”.<br />

Profª. 9:<br />

“Ain<strong>da</strong> é muito recente no Brasil os estu<strong>do</strong>s acerca <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> ensino<br />

<strong>itinerante</strong>, há muito que explorar e investigar sobre o assunto.”<br />

Profª 10:<br />

“ Muitos ajustes precisam ser feitos em relação a atuação <strong>do</strong> professor<br />

<strong>itinerante</strong> para que esse profissional possa colaborar efetivamente com a<br />

inclusão”.<br />

A fala <strong>de</strong>stes profissionais <strong>de</strong>monstra a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> no que tange à construção<br />

<strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> professor <strong>itinerante</strong> e algumas falhas que este serviço <strong>de</strong> apoio<br />

apresenta.<br />

17


CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s evi<strong>de</strong>nciam que o professor <strong>itinerante</strong> não possui clareza <strong>da</strong> sua<br />

função. Em nenhum momento foi verifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> fato a utilização <strong>de</strong> recursos<br />

específicos como, por exemplo, aos alunos com <strong>de</strong>ficiência visual. Esse profissional<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o relato não possui i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>monstram ter apenas uma certeza:<br />

aten<strong>de</strong>r ao aluno com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiais.<br />

É importante salientar que, até então, o professor <strong>itinerante</strong> era aquele<br />

profissional que fazia visitas periódicas nas escolas, serviço <strong>de</strong> supervisão e<br />

orientação pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> por professores especializa<strong>do</strong>s, que atendiam<br />

alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais e seus respectivos professores.<br />

Agora sob um novo perfil e sob uma nova <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, este profissional ganhou novos<br />

espaços, faz também itinerância <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma única escola nas salas <strong>de</strong> aula, não<br />

em contra turno, mas conjuntamente com o professor <strong>da</strong> sala comum.<br />

A política <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong> alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais<br />

requer mais <strong>do</strong> que a permanência <strong>de</strong>stes alunos nas escolas, requer o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> seu potencial, o respeito por suas diferenças e isso exige a<br />

revisão <strong>do</strong>s parâmetros que norteiam a o atendimento a esses alunos <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s<br />

escolas públicas.<br />

Esses atendimentos, como dito anteriormente, po<strong>de</strong>m ocorrer <strong>de</strong> várias<br />

formas, mas, em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> serviço <strong>itinerante</strong>, estariam esses professores<br />

participantes <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> esse serviço? Ou estariam eles<br />

realizan<strong>do</strong> apoio pe<strong>da</strong>gógico? Os atendimentos em alguns casos não se<br />

assemelham aos <strong>da</strong> sala <strong>de</strong> recursos? Essa in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> ação é resultante <strong>do</strong><br />

quê?<br />

O que cabe a esse profissional?<br />

Nossas in<strong>da</strong>gações não foram respondi<strong>da</strong>s assim como muitas in<strong>da</strong>gações<br />

<strong>do</strong>s professores que se predispuseram a participar <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

18


A partir <strong>do</strong> momento que é obrigatória a matrícula <strong>do</strong>s alunos com<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais especiais <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s escolas públicas, também é<br />

necessário mu<strong>da</strong>nças no sistema <strong>de</strong> ensino. Enten<strong>de</strong>mos como obrigatória a<br />

capacitação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os professores que irão aten<strong>de</strong>r os mesmos, bem como<br />

abertura <strong>de</strong> novas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento.<br />

A pesquisa <strong>de</strong>monstrou que o ensino <strong>itinerante</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s escolas é uma<br />

gran<strong>de</strong> ferramenta no processo <strong>de</strong> inclusão, um serviço <strong>de</strong> apoio que visa aten<strong>de</strong>r<br />

tanto o aluno com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiais, como o professor <strong>da</strong> sala comum,<br />

fazen<strong>do</strong> a<strong>da</strong>ptações curriculares, <strong>do</strong>san<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>s, porém muitos são os<br />

percalços relaciona<strong>do</strong>s a esse atendimento.<br />

Não po<strong>de</strong>mos abarcar uma visão generalista <strong>da</strong> educação, quan<strong>do</strong> tratamos<br />

<strong>do</strong> atendimento <strong>de</strong> alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiais, com tantas áreas<br />

diferencia<strong>da</strong>s, visual, físico, intelectual, auditivo, transtornos globais <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, altas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Começam a repousar angústias neste<br />

profissional, pois não é possível contemplar tanta diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que não<br />

encontramos nos <strong>do</strong>cumentos oficiais formas <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional,<br />

principalmente se compara<strong>da</strong> aos <strong>do</strong>cumentos que norteiam a prática pe<strong>da</strong>gógica<br />

<strong>do</strong>s profissionais que atuam nas salas <strong>de</strong> recursos. Quanto a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />

profissional, é necessário <strong>de</strong>finir qual a sua função, on<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>, quem aten<strong>de</strong>,<br />

quantos aten<strong>de</strong> e <strong>de</strong> que forma.<br />

Outro aspecto preocupante diz respeito ao <strong>de</strong>sconhecimento, por parte <strong>de</strong> um<br />

<strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> classe comum sobre o ensino <strong>itinerante</strong>, porém muitos são os<br />

que não o conhecem, isso <strong>de</strong>monstra a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sse serviço <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a difusão<br />

até a carência <strong>de</strong> capacitação.<br />

A guisa <strong>de</strong> conclusão acreditou que esse profissional configura-se <strong>de</strong> suma<br />

importância uma vez que a inclusão está posta em âmbito nacional e as lacunas<br />

referentes ao processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem <strong>do</strong>s alunos com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

educacionais especiais precisam ser sana<strong>da</strong>s ou ao menos minimiza<strong>da</strong>s. Contu<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> não se tem uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> fica difícil encontrar o<br />

caminho certo a seguir.<br />

19


Por enquanto há apenas uma certeza, continuamos sen<strong>do</strong> co-partícipes tanto<br />

<strong>do</strong> sucesso quanto <strong>do</strong> fracasso <strong>de</strong>sse aluna<strong>do</strong>.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Atendimento Educacional Especializa<strong>do</strong>. <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Especial. Brasília.<br />

2006.<br />

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Fun<strong>da</strong>mental. Brasília. <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Especial. 2005.<br />

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20


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