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82 - Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

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Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> <strong>Espíritas</strong> “<strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong>” - Ano 9-nº<strong>82</strong>-Agosto/2008<br />

Distribuição Gratuita<br />

Luís Olímpio<br />

Telles <strong>de</strong> Menezes<br />

Destaques:<br />

Religião no Lar<br />

O Maior Pecado<br />

Sobre Células-Tronco<br />

Viver e Existir<br />

Lembrança da Existência Corporal<br />

Livros: Militares no Além; Ação, Vida e Luz<br />

PROIBIDA A VENDA


Editorial<br />

editorial<br />

O entendimento da Doutrina Espírita está fundamentado no estudo sistemático,<br />

constante, mas não nesses estudos que muitas instituições <strong>de</strong>finem como cursos.<br />

Cursos são estudos para integralizar uma área do entendimento humano, no sentido<br />

<strong>de</strong> se adquirir qualida<strong>de</strong>s para exercer <strong>de</strong>terminada ativida<strong>de</strong>. Isto funciona bem no<br />

aprendizado intelectual, on<strong>de</strong> é mais fácil restringir uma área do conhecimento e<br />

planificar um curso com tempo <strong>de</strong>terminado.<br />

No âmbito do espírito, quem <strong>de</strong> nós po<strong>de</strong>ria admitir a idéia <strong>de</strong> que em três ou cinco<br />

anos <strong>de</strong> um curso, já haveria as condições essenciais para se tornar um trabalhador<br />

na Seara do Mestre, sendo que ainda iríamos acreditar que os que não tivessem feito<br />

tal curso, estes estariam menos preparados? Não é o título ou diploma que importa,<br />

mas o esforço que nós temos <strong>de</strong> fazer para que não apenas “entremos no Evangelho<br />

do Mestre” mas que “o Evangelho d’Ele penetre em nossos corações”.<br />

Diante <strong>de</strong>ste entendimento, e também a pedido <strong>de</strong> nosso Chico Xavier, é que<br />

Roque Jacintho preparou uma nova tradução <strong>de</strong> “O Evangelho Segundo o<br />

Espiritismo”, <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c, diretamente do original, em francês. Chico pediu que<br />

fosse uma tradução numa linguagem totalmente acessível para o povo, sem a<br />

utilização <strong>de</strong> termos <strong>de</strong> difícil entendimento para as criaturas, e sem que se per<strong>de</strong>sse<br />

o conteúdo da obra.<br />

Esta obra, editada pela Editora Luz no Lar, será relançada em novo formato, a um<br />

custo inferior às <strong>de</strong>mais, para que o livro espírita seja cada vez mais razoável a todos,<br />

principalmente aos menos favorecidos economicamente.<br />

O Cristo sempre falou aos mais simples e o Seu Evangelho também <strong>de</strong>ve alcançar<br />

estes corações.<br />

Nós, espíritas, temos o comprometimento com o Cristo para facilitar o acesso a<br />

todos os eventos espíritas sérios, on<strong>de</strong> o Seu Evangelho <strong>de</strong>veria ser levado na<br />

íntegra, sem cobrança <strong>de</strong> absolutamente nada, o que, infelizmente, não vem,<br />

ocorrendo.<br />

Esta obra vem facilitar a que muitos possam ter alcance não só a um livro mais<br />

barato, mas também auxiliar no entendimento <strong>de</strong> obra tão importante para a nossa<br />

renovação interior, por sinal, cada vez menos utilizada em seu conteúdo nos eventos<br />

espíritas, que preferem temas “mais atraentes”, com nomes mirabolantes e que<br />

induzem mais à fantasia do que ao próprio esclarecimento.<br />

Nós precisamos melhorar o nosso interior, e o Evangelho é a melhor fonte <strong>de</strong><br />

esclarecimento para tal intento.<br />

A Editora Luz no Lar, em sua nova fase, continuará com sua tarefa <strong>de</strong> manter as<br />

obras que já fazem parte <strong>de</strong> seu catálogo, relançando as já esgotadas, sendo todas<br />

obras sérias, fiéis aos ensinamentos cristãos, fiéis a Kar<strong>de</strong>c.<br />

É a nós, espíritas, que o Evangelho nos convida e nos alerta em seu capítulo XVIII,<br />

item 15:<br />

“Coragem, trabalhadores do Bem! Tomem as suas gra<strong>de</strong>s e os seus arados!<br />

Trabalhem os seus próprios sentimentos! Livrem-nos das tendências más. Neles<br />

semeiem as sementes generosas que o Senhor lhes confia no Seu Evangelho e o<br />

orvalho do amor as acalentará e as fará produzir os frutos da carida<strong>de</strong>.”<br />

Diante disto, concluímos que não basta que já tenhamos sido chamados ao<br />

trabalho, mas que, pela aceitação do trabalho e no cumprimento <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>veres,<br />

po<strong>de</strong>remos chegar à condição <strong>de</strong> escolhidos. E escolhidos, entendamos bem, é a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar cada vez mais pelo nosso próximo, como nos convida<br />

Jesus.<br />

Equipe Seareiro<br />

ÍNDICE<br />

Gran<strong>de</strong>s Pioneiros: Luís Olímpio<br />

Telles <strong>de</strong> Menezes - Pág. 3<br />

Curiosida<strong>de</strong>: Sobre Células-<br />

Tronco - Pág. 10<br />

Kar<strong>de</strong>c em Estudo: Lembrança<br />

da Existência Corporal - Pág. 14<br />

Cantinho do Verso e Prosa:<br />

Senhor, Ensina-nos - Pág. 15<br />

Pegadas <strong>de</strong> Chico Xavier: Fatos<br />

2<br />

Pitorescos - Pág.15; Na Tarefa<br />

Mediúnica - Pág. 16<br />

Atualida<strong>de</strong>: Viver e Existir - Pág. 16<br />

Família: Religião no Lar - Pág. 17<br />

Clube do Livro: Militares no Além - Pág.<br />

18<br />

Livro em Foco: Ação, Vida e Luz - Pág. 18<br />

Canal Aberto: A Migalha <strong>de</strong> teu Sorriso -<br />

Pág. 19<br />

Contos: O Maior Pecado - Pág. 19<br />

Seareiro<br />

Publicação Mensal<br />

Doutrinária-espírita<br />

Ano9-nº<strong>82</strong>-Agosto/2008<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Estudos</strong> <strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

CNPJ: 03.880.975/0001-40<br />

CCM: 39.737<br />

Seareiro é uma publicação mensal,<br />

<strong>de</strong>stinada a expandir a divulgação da<br />

Doutrina Espírita e manter o intercâmbio<br />

entre os interessados em âmbito<br />

mundial. Ninguém está autorizado a<br />

arrecadar materiais em nosso nome, a<br />

qualquer título. Conceitos emitidos nos<br />

artigos assinados refletem a opinião <strong>de</strong><br />

seu respectivo autor. Todas as matérias<br />

po<strong>de</strong>m ser reproduzidas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

citada a fonte.<br />

Direção e Redação<br />

Rua das Turmalinas, 56 / 58<br />

Jardim Donini<br />

Dia<strong>de</strong>ma - SP - Brasil<br />

CEP: 09920-500<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

Caixa Postal 42<br />

Dia<strong>de</strong>ma - SP<br />

CEP: 09910-970<br />

Tel: (11) 4044-5889 com Eloisa<br />

E-mail: contato@espiritismoeluz.org.br<br />

Conselho Editorial<br />

Eduardo Pereira<br />

Fátima Maria Gambaroni<br />

Geni Maria da Silva<br />

Marcelo Russo Loures<br />

Reinaldo Gimenez<br />

Roberto <strong>de</strong> Menezes Patrício<br />

Rosangela Neves <strong>de</strong> Araújo<br />

Ruth Correia Souza Soares<br />

Silvana S.F.X. Gimenez<br />

Vanda Novickas<br />

Wilson Adolpho<br />

Revisão<br />

A. M. Gauvin<br />

Jornalista Responsável<br />

Eliana Baptista do Norte<br />

Mtb 27.433<br />

Diagramação e Arte<br />

Reinaldo Gimenez<br />

Silvana S.F.X. Gimenez<br />

Imagens da Capa<br />

http://www.fec.org.br/thumbNovo.php?w=25<br />

0&h=250&src=fotos/4839b2dd4ebcf.gif<br />

Impressão<br />

Van Moorsel, Andra<strong>de</strong> & Cia Ltda<br />

Rua Souza Caldas, 343 - Brás<br />

São Paulo - SP<br />

CNPJ: 61.089.868/0001-02<br />

Tel.: (11) 2764-5700<br />

Tiragem<br />

12.000 exemplares<br />

Distribuição Gratuita<br />

Seareiro


Gran<strong>de</strong>s Pioneiros<br />

gran<strong>de</strong>s pioneiros<br />

Luís Olímpio Telles <strong>de</strong> Menezes<br />

A origem familiar dos Telles <strong>de</strong> Menezes tem início no<br />

século XI, em Portugal. Eram fidalgos portugueses e <strong>de</strong><br />

saliência na Côrte, com relevantes serviços prestados ao<br />

Império.<br />

No século XVI, foram <strong>de</strong>stacados três <strong>de</strong> seus membros<br />

para virem ao Brasil, a pedido da Coroa Real, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participarem na oposição às invasões<br />

francesas no litoral brasileiro. Instalaram-se <strong>de</strong> imediato na<br />

Bahia, on<strong>de</strong> tiveram ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque em toda a época<br />

colonial. Um <strong>de</strong>sses membros, que era composto <strong>de</strong> três<br />

irmãos, Diogo Lobo Telles <strong>de</strong> Menezes, veio residir no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, tornando-se o precursor da família nesse Estado<br />

brasileiro. Daí para a frente, os Telles <strong>de</strong> Menezes cresceram<br />

no Brasil. Foram responsáveis por importantes construções<br />

da Colônia e do Império, como: "o juizado <strong>de</strong> órfãos da antiga<br />

Capitania, oArco dos Telles e a Casa do Senado.”<br />

Dentre os familiares que se <strong>de</strong>stacaram na Corte do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, figuravam as do Juiz Francisco Telles Barreto <strong>de</strong><br />

Menezes e Francisco Pinto da Fonseca Telles, esse<br />

conhecido como Barão da Taquara, porque era proprietário<br />

das terras da Taquara e Pau da Fome e União Camorim,<br />

on<strong>de</strong> hoje se localiza a região <strong>de</strong> Jacarepaguá, no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro.<br />

Por volta do ano <strong>de</strong> 1700, a família já era proprietária <strong>de</strong><br />

muitas terras, em toda a Capitania da antiga freguesia <strong>de</strong> S.<br />

João <strong>de</strong> Meriti. O comando <strong>de</strong>ssas terras, que eram cultivadas<br />

por meeiros (divisão pela<br />

meta<strong>de</strong>, do plantio)<br />

pertencia a Luís Telles<br />

Barreto <strong>de</strong> Menezes<br />

e por seu filho<br />

Pedro Antônio.<br />

Este adquire,<br />

tempos <strong>de</strong>pois, outra<br />

área, o Engenho do<br />

Barbosa, mais tar<strong>de</strong><br />

conhecido como a<br />

fazenda dos Telles.<br />

Hoje faz parte do<br />

município <strong>de</strong> Duque<br />

<strong>de</strong> Caxias, no<br />

Estado do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro.<br />

Pedro Antônio<br />

Telles <strong>de</strong> Menezes<br />

era Cavaleiro da<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo. Era também sub<strong>de</strong>legado e Juiz <strong>de</strong> Paz da<br />

Freguesia <strong>de</strong> Meriti e fazen<strong>de</strong>iro no município <strong>de</strong> Iguaçu, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. Foi con<strong>de</strong>corado com a Imperial Or<strong>de</strong>m da Rosa,<br />

com o grau <strong>de</strong> Comendador, ocupando também o cargo<br />

honorífico <strong>de</strong> Delegado da Capitania.<br />

Interessantes todos esses históricos familiares para que<br />

se tenha conhecimento e a confirmação <strong>de</strong> que os espíritos<br />

reencarnados com missões, a serem <strong>de</strong>senvolvidas na<br />

Terra, não se <strong>de</strong>ixam contaminar pelos bens terrenos ou<br />

títulos <strong>de</strong> nobrezas. Souberam passar por essas<br />

reencarnações <strong>de</strong> heranças familiares e, através das<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

Representação dos fenômenos das chamadas "mesas girantes”<br />

experiências, conquistaram o maior título <strong>de</strong> nobreza<br />

espiritual, o <strong>de</strong> serem fiéis servidores <strong>de</strong> Jesus.<br />

E mais um dos vanguar<strong>de</strong>iros da Espiritualida<strong>de</strong> Superior<br />

vem à Terra para dar continuida<strong>de</strong> ao trabalho da divulgação<br />

doutrinária: Luís Olímpio Telles <strong>de</strong> Menezes.<br />

"Lembremo-nos <strong>de</strong> que a vitória do Evangelho, ainda não<br />

alcançada, começou com a congregação <strong>de</strong> doze<br />

aprendizes, humil<strong>de</strong>s e sinceros, em torno <strong>de</strong> um mestre<br />

sábio, paciente, generoso e justo, e continuemos, cada qual<br />

<strong>de</strong> nós, no posto <strong>de</strong> trabalho que nos compete, atentos às<br />

<strong>de</strong>terminações divinas, da execução do próprio <strong>de</strong>ver.”<br />

(Trecho do livro "Doutrina <strong>de</strong> Luz”, psicografia <strong>de</strong> Chico<br />

Xavier, por Emmanuel).<br />

Continuamos a rever e a sentir a "vitória do Evangelho”,<br />

como nos diz Emmanuel, pelo trecho acima <strong>de</strong>scrito, pelos<br />

pioneiros que, vencendo os equívocos, assim como os "doze<br />

aprendizes” que foram os apóstolos <strong>de</strong> Jesus, conseguiram<br />

levar e <strong>de</strong>ixar na Terra os rastros <strong>de</strong> todo o comportamento<br />

reencarnatório.<br />

Para que esses emissários do Cristo pu<strong>de</strong>ssem fazer<br />

valer seus esforços, e que a Doutrina Espírita viesse a ser<br />

reconhecida, foi preciso voltarem-se as atenções para os<br />

fenômenos das chamadas "mesas girantes”. E, aqui no<br />

Brasil, só começou a ter-se notícias sobre o assunto no<br />

<strong>de</strong>correr do ano <strong>de</strong> 1853. Mas esses fenômenos já se<br />

i<strong>de</strong>ntificavam nos países: Estados Unidos da América,<br />

Inglaterra,Alemanha, Espanha, Rússia e França.<br />

Em todos esses países, homens cultos e<br />

pesquisadores <strong>de</strong> vulto, em ciência e<br />

filosofia, começaram a se<br />

interessar pelos<br />

fenômenos das mesas<br />

"girantesoufalantes”.<br />

O assunto<br />

percorria todas as<br />

camadas sociais da<br />

Corte Imperial. Era<br />

o ponto principal <strong>de</strong><br />

quaisquer festejos<br />

ou inaugurações<br />

porque às muitas<br />

perguntas<br />

planejadas pelos<br />

convidados,<br />

precisavam ser<br />

ouvidas as<br />

respostas, muitas vezes vulgares tanto quanto curiosas, sem<br />

sentido útil.<br />

O fenômeno das mesas girantes chega ao Brasil,<br />

empolgando a Corte brasileira no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Ceará,<br />

Pernambuco e Bahia. Figuras ilustres do Império como:<br />

Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba, Barão <strong>de</strong> Cairu, Marquês <strong>de</strong> Olinda,<br />

Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Monte Alegre, entre outros, como os generais<br />

José Inácio <strong>de</strong>Abreu e Lima e Pedro Pinto.<br />

Todos queriam enten<strong>de</strong>r esse fenômeno que causava<br />

tanta euforia, principalmente entre as senhoras da Corte.<br />

Aqui, no Brasil, o caso foi levado a sério, mas a<br />

3


compreensão para que tais fatos mediúnicos fossem<br />

esclarecidos só ocorreu após longo período gestacional na<br />

Espiritualida<strong>de</strong>, com a vinda <strong>de</strong> um precursor, pela<br />

reencarnação no Brasil, ou melhor na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador,<br />

Bahia: o menino Luís Olímpio Telles <strong>de</strong> Menezes, filho do<br />

oficial <strong>de</strong> exército, Fernando Luís <strong>de</strong> Menezes e da senhora<br />

Francisca Umbelina <strong>de</strong> Figueredo Menezes.<br />

Luís Olímpio Telles <strong>de</strong> Menezes nasceu no dia 26 <strong>de</strong> Julho<br />

<strong>de</strong> 1<strong>82</strong>5. Seria ele, no futuro, a pessoa que, em terras<br />

brasileiras, esclareceria os fenômenos vindos da<br />

Espiritualida<strong>de</strong> Superior, com as bases doutrinárias<br />

confiadas aAllan Kar<strong>de</strong>c.<br />

Luís Olímpio crescia com saú<strong>de</strong> e em precocida<strong>de</strong>.<br />

Avançava nos estudos, trazendo muito orgulho para os pais.<br />

Na adolescência, resolvera seguir a carreira militar. Talvez<br />

por influência do pai, cursou aArtilharia, formando-se. Com o<br />

passar do tempo e sem os primeiros entusiasmos da carreira<br />

militar, percebeu que o magistério o empolgava. Dedicou-se<br />

ao estudo das Letras e, anos <strong>de</strong>pois, diplomou-se como<br />

professor.<br />

Lecionou algum tempo no primário. As crianças se<br />

interessavam pelas aulas <strong>de</strong> leitura literária, isto é, Luís<br />

Olímpio, fazia questão <strong>de</strong> que as crianças passassem a ter<br />

conhecimento pelos escritores que ensinavam, através <strong>de</strong><br />

histórias, fatos educativos e respeitosos para com Deus e a<br />

família. Ensinava, também, às crianças a se interessarem<br />

pela Matemática, porque, através dos números, o raciocínio<br />

teria uma melhor noção para aclarar a inteligência e o<br />

equilíbrio emocional.<br />

Luís Olímpio estudou com muita <strong>de</strong>dicação o Latim. Dizia<br />

que essa matéria era <strong>de</strong> suma importância, para a língua<br />

portuguesa. Chegou a publicar um compêndio: "Ortoépia da<br />

Língua Portuguesa”.<br />

Espírito dinâmico e, trazendo vasto conhecimento em seu<br />

arquivo espiritual, era um autodidata e por isso<br />

interessando-se pela estenografia (técnica <strong>de</strong> escrever por<br />

abreviaturas) estudou-a sozinho, vindo a exercer a profissão<br />

<strong>de</strong> estenógrafo, que era muito rara na época, na Assembléia<br />

Legislativa da Bahia, on<strong>de</strong> trabalhou por trinta anos. Com<br />

isso, cresciam o respeito e a admiração <strong>de</strong> todos para com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua inteligência e cultura.<br />

Aos vinte e quatro anos, conheceu uma bela jovem <strong>de</strong><br />

nome Ana Amélia Xavier que, após algum tempo,<br />

acrescentou Menezes ao seu sobrenome. Após o<br />

casamento, D. Ana procurava acompanhar Luís Olímpio em<br />

4<br />

todas as reuniões literárias e saraus oferecidos pelos amigos<br />

da Corte.<br />

Em 1849, Luís Olímpio juntou-se a um grupo e se<br />

associaram para fundar um jornal tratando <strong>de</strong> assuntos<br />

educativos nas áreas científicas, literárias e históricas. Com<br />

a colaboração do influente Viscon<strong>de</strong> da Pedra Branca, do<br />

Conselho <strong>de</strong> S. M. o imperador D. Pedro II, tornou-se<br />

realida<strong>de</strong> esse objetivo, o qual aten<strong>de</strong>ndo a uma sugestão do<br />

arcebispo D. Romualdo Antônio <strong>de</strong> Seixas, recebeu o nome<br />

<strong>de</strong> “AÉpoca Literária”.<br />

Dom Romualdo achou <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância esse jornal,<br />

porque suas publicações levariam ao povo o conhecimento<br />

dos serviços prestados pelo Clero e pelo Imperador.<br />

Entre os colaboradores da redação, que <strong>de</strong>senvolviam<br />

matérias <strong>de</strong> interesse público, com assuntos variados e<br />

novida<strong>de</strong>s que surgiam na Corte, estavam dois<br />

simpatizantes da Doutrina Espírita, José Álvares doAmaral e<br />

Dr. Inácio José da Cunha.<br />

Luís Olímpio, começando a querer estudar e enten<strong>de</strong>r o<br />

processo espirítico, juntou-se a José Alvarez e ao Dr. Inácio<br />

e, no editorial, que era <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong>, passou a<br />

escrever sobre o assunto. As críticas apareceram <strong>de</strong> todos<br />

os lados, principalmente <strong>de</strong> Dom Romualdo que, sendo<br />

arcebispo, não concordava com essas <strong>de</strong>scrições<br />

"<strong>de</strong>moníacas”. Diante das polêmicas e intrigas e das<br />

pressões políticas, pouco tempo <strong>de</strong>pois, o jornal "A Época<br />

Literária” veio à falência, por não ter meios econômicos para<br />

a sua continuação. Todos culparam Luís Olímpio, menos<br />

seus amigos espíritas. Arrasado por não enten<strong>de</strong>r o porque<br />

<strong>de</strong> tanto radicalismo na questão religiosa, encontrou apoio<br />

nos braços <strong>de</strong> sua esposa dona Ana Amélia. E, aten<strong>de</strong>ndo a<br />

uma sugestão da esposa, publicou uma novela intitulada "Os<br />

Dois Rivais”, com pouca aceitação pelo público, mas que o<br />

fez feliz, por extravasar o que sentia em seu coração. O<br />

tempo passou e suas marcas ficaram.<br />

Luís Olímpio já ouvira algo a respeito das mesas girantes e<br />

ficou curioso. Nos salões da Corte, o burburinho era<br />

constante. O nome <strong>de</strong> um professor, que viera da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Lião na França, já se fazia presente em todas as reuniões<br />

sociais. Diziam que o professor Rivail era digno e correto em<br />

seus atos, portanto as notícias que chegavam ao Brasil<br />

<strong>de</strong>ixavam Luís Olímpio ávido para conhecer mais <strong>de</strong> perto os<br />

acontecimentos.<br />

Dentro do possível, Luís Olímpio dividia seu tempo entre a<br />

família, seu trabalho como estenógrafo na Assembléia<br />

A Casa da Grota, localizada na Venda Velha, foi uma fazenda que pertenceu à família <strong>de</strong> Antônio Telles <strong>de</strong> Menezes, on<strong>de</strong> funcionou a Granja<br />

Santo Antônio,<br />

nas décadas <strong>de</strong> 1930/1940. Encontra-se semi-abandonada mas mantém todas as características originais do século passado:<br />

originalida<strong>de</strong> arquitetônica, assoalhos, forro, lustres, janelas envidraçadas, móveis etc. Foi residência do Dr. Alberto Jeremias da Silveira Menezes,<br />

casado com dona Dulce da Silveira Menezes, neta do Sr. Antônio Telles <strong>de</strong> Menezes.<br />

Seareiro


Legislativa e conversava sobre o<br />

aparecimento da Doutrina Espírita,<br />

que passou ser um ponto muito<br />

importante junto aos conceitos<br />

religiosos que ele estudava. Achava o<br />

catolicismo representado pelo Clero<br />

muito autoritário e intolerante, por ser<br />

a religião única aceita pela instituição<br />

do Império. Por quê? Indagava Luís<br />

Olímpio. Se Deus é justo e generoso,<br />

como sempre apren<strong>de</strong>ra na infância,<br />

on<strong>de</strong> então a justiça e a liberda<strong>de</strong><br />

para cada um crer e usar sua fé? E<br />

nos estudos que fazia e junto aos<br />

amigos, que começaram a abraçar o<br />

Espiritismo, ele encontrava as<br />

respostas.<br />

No dia 3 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1856,<br />

inaugura-se em Salvador o (antigo)<br />

Instituto Histórico da Bahia. As mais<br />

notáveis figuras da cultura baiana ali<br />

estiveram presentes, sendo o<br />

primeiro presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sse marco histórico o arcebispo<br />

D.Romualdo. Luís Olímpio Telles figurou também como<br />

membro <strong>de</strong> nível cultural elevado, pelas conquistas <strong>de</strong><br />

profundo teor que ele trazia no campo dos conhecimentos<br />

históricos e científicos para Salvador. Chegou a ocupar o<br />

cargo <strong>de</strong> tesoureiro e, <strong>de</strong>pois, eleito para a Comissão <strong>de</strong><br />

Fundos e Orçamentos.<br />

Algum tempo <strong>de</strong>pois, o Instituto Histórico passou a ser<br />

presidido pelo novo arcebispo nomeado na Bahia, D. Manuel<br />

Joaquim da Silveira. O arcebispo D. Manuel não aceitava a<br />

idéia da nova doutrina que estava, segundo ele, causando<br />

um caos entre os religiosos e freqüentadores da Igreja, que<br />

achavam interessante o fenômeno das mesas girantes.<br />

Muitos começaram a participar <strong>de</strong>ssa "curiosida<strong>de</strong>", apenas<br />

brincavam e riam muito com as respostas dadas. Lógico que<br />

havia médiuns que não registravam a valida<strong>de</strong> do assunto.<br />

Assim era o Espiritismo, uma palavra estranha para a época;<br />

poucos procuravam se interessar pelo assunto.<br />

Para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os interesses do Clero e <strong>de</strong>monstrar sua<br />

aversão sobre o tema, D. Manuel publica uma pastoral sobre<br />

"os erros perniciosos do Espiritismo ".<br />

Naturalmente, o tumulto foi geral. Uns aplaudiram e outros<br />

censuraram. O Clero <strong>de</strong>u todo apoio<br />

ao arcebispo D. Manuel Joaquim e os<br />

sermões, nas igrejas locais <strong>de</strong><br />

Salvador, uniram-se para combater,<br />

como diziam, "a praga que ameaçava<br />

o Catolicismo e o povo baiano".<br />

Luís Olímpio, ao ler essa<br />

publicação, estudou cuidadosamente<br />

e analisou os conceitos espirituais,<br />

procurando-os entre os a<strong>de</strong>ptos que<br />

<strong>de</strong>fendiam o conhecimento do<br />

professor Rivail (Allan Kar<strong>de</strong>c) sobre<br />

as mesas girantes e fez chegar uma<br />

carta aberta ao Metropolitano e Primaz<br />

do Brasil, apontando a falta <strong>de</strong><br />

conhecimento e precipitação sobre tão<br />

<strong>de</strong>licado tema. E, logo após editada<br />

uma segunda carta, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

abertamente a existência da vida além<br />

da morte e a manifestação dos<br />

Espíritos, dizia também crer na<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

Allan Kar<strong>de</strong>c<br />

reencarnação, juntando a esse<br />

comentário um artigo favorável que fora<br />

publicado no Jornal Jesuítico, o "La<br />

Civita Cattolica", do ano 1857.<br />

O Clero começou a se preocupar<br />

com o aparecimento ostensivo da<br />

Doutrina Espírita, porque o povo já<br />

começava a se interessar pela<br />

divulgação esclarecedora sobre o<br />

Espiritismo.<br />

Luís Olímpio e outros que se fizeram<br />

integrantes do Espiritismo, divulgavam<br />

on<strong>de</strong> podiam publicar matérias sobre os<br />

acontecimentos doutrinários. Isso trazia<br />

aos periódicos, leitores <strong>de</strong> todas as<br />

camadas religiosas, que passaram a<br />

discernir entre o que era real e a<br />

fantasia ou fanatismo religioso.<br />

Esse movimento chegou ao<br />

conhecimento <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c que, em<br />

sua "Revue Spirite", <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong><br />

1865, expressou a sua imensa<br />

satisfação por saber do interesse do povo brasileiro pela<br />

Verda<strong>de</strong> do Cristo. Luís Olímpio e amigos sentiram-se felizes<br />

ao saberem que o Brasil estava sendo citado como o<br />

primeiro país no mundo a projetar a Doutrina Espírita. E Luís<br />

Olímpio não parou por aí. Com todo entusiasmo, ele traduz<br />

do francês para a língua portuguesa um opúsculo sobre O<br />

Espiritismo: "Introdução ao estudo da Doutrina Espírita", que<br />

fora impresso pela “ Tipografia <strong>de</strong> Camillo <strong>de</strong> Lellis Masson &<br />

C." Essas foram páginas retiradas e traduzidas <strong>de</strong> "O Livro<br />

dos Espíritos", <strong>de</strong>Allan Kar<strong>de</strong>c.<br />

Antece<strong>de</strong>ndo esse opúsculo há um prefácio: "Le<strong>de</strong>", on<strong>de</strong><br />

Luís Olímpio cita sua alegria em ter sido o primeiro, na Bahia,<br />

a aceitar com fervor as idéias espíritas e <strong>de</strong> tê-las propagado<br />

por toda a "Nação Brasileira".<br />

A essa altura o Clero manifestava-se contestando o<br />

movimento espírita, divulgando aos fiéis católicos através <strong>de</strong><br />

“A Pastoral”, o cuidado para com as investidas <strong>de</strong> Satanás.<br />

Mas nada disso impediu que o Espiritismo fosse se<br />

multiplicando entre o povo baiano e o <strong>de</strong> outros estados.<br />

Em São Paulo, capital, vem a público uma brochura <strong>de</strong><br />

propaganda editada pela "Tipografia Literária", com o título<br />

"O Espiritismo reduzido à sua mais simples expressão", <strong>de</strong><br />

Allan Kar<strong>de</strong>c.<br />

Luís Olímpio achou curioso o fato<br />

<strong>de</strong>ssa publicação não citar o autor da<br />

tradução do texto que muito lhe<br />

agradou. Procurou memorizar entre<br />

seus amigos tradutores, com<br />

conhecimentos <strong>de</strong> várias línguas, e<br />

lembrou-se <strong>de</strong> seu amigo francês,<br />

Casimir Lientand, hospedado em casa<br />

<strong>de</strong> amigos, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Procurou contatá-lo através <strong>de</strong> uma<br />

carta, on<strong>de</strong> mencionava a propaganda<br />

e o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer essa<br />

edição nova para ele.<br />

Em resposta, Lientand confessa<br />

não ter conhecimento do fato e contalhe<br />

que gostara muito <strong>de</strong> haver sido<br />

lembrado pelo seu amigo Luís<br />

Olímpio, porém jamais ele <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong><br />

Imperador D. Pedro II em 1876<br />

assinar algo <strong>de</strong> sua lavra, porque seu<br />

orgulho não o permitiria. Luís Olímpio<br />

5


sorriu pela sincerida<strong>de</strong> do mesmo. Mais adiante, Casimir<br />

Lientand conta-lhe que havia editado uma obra pequenina,<br />

intitulada “Legado <strong>de</strong> um mestre aos seus discípulos”, um<br />

conjunto <strong>de</strong> contos relativos à moral e algumas poesias em<br />

francês, ressaltando os <strong>de</strong>veres para com o próximo. Essa<br />

idéia surgiu em sua mente, após ter lido, na edição francesa<br />

<strong>de</strong> “O Evangelho Segundo o Espiritismo", <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c,<br />

páginas tão importantes, sobre a moral e o <strong>de</strong>ver.<br />

Lientand volta à França por mais algum tempo, porém seu<br />

<strong>de</strong>sejo era ficar <strong>de</strong>finitivamente no Brasil. Passou a amar<br />

essa terra e seu povo, contava ao seu amigo, Luís Olímpio.<br />

Continuou a enviar cartas da França para o Brasil, contando<br />

sobre seus projetos e sua fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao mestre lionês<br />

Kar<strong>de</strong>c, que ainda estava presente, fisicamente, ministrando<br />

palestras edificantes sobre a Doutrina Espírita. Com isso,<br />

enviava seus apontamentos sobre o que ouvia <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c.<br />

Geralmente, suas correspondências chegavam <strong>de</strong><br />

"Oloron Sainte-Marie", Baixos Pireneus, on<strong>de</strong> grupos<br />

reduzidos <strong>de</strong> espíritas franceses se reuniam para estudar os<br />

cursos básicos <strong>de</strong>Allan Kar<strong>de</strong>c.<br />

Anos <strong>de</strong>pois, para alegria <strong>de</strong> Luís Olímpio e <strong>de</strong> seu amigo<br />

Lientand, o sonho se realizou porque, <strong>de</strong>ixando a França por<br />

motivos pessoais, Lientand muda-se <strong>de</strong>finitivamente para o<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Incentivado por Luís Olímpio, Lientand <strong>de</strong>dica-se às<br />

tarefas doutrinárias da Fe<strong>de</strong>ração Espírita Brasileira e<br />

tornou-se membro do "Grupo Confúcio", aceitando o cargo<br />

<strong>de</strong> tesoureiro da diretoria <strong>de</strong>sse movimento. Luís Olímpio,<br />

sempre que podia, fazia-se presente às reuniões <strong>de</strong>sse<br />

grupo, juntando-se às emoções <strong>de</strong> estar perto <strong>de</strong> uma<br />

pessoa tão estudiosa sobre o Espiritismo, que era Lientand,<br />

a quem ele <strong>de</strong>via seus primeiros exercícios espirituais.<br />

Os Espíritos Superiores, por <strong>de</strong>signação do Alto, a tudo<br />

presidiam e orientavam intuitivamente a Luís Olímpio. Tendo<br />

por compreensão, arquivado em seu espírito empreen<strong>de</strong>dor<br />

a divulgação do Espiritismo em terras brasileiras, unindo<br />

todos os seus esforços e angariando as simpatias <strong>de</strong> outros<br />

companheiros, funda, com as bênçãos <strong>de</strong> Deus e Jesus, o<br />

“Primeiro Grupo Familiar do Espiritismo”.<br />

Nenhuma dificulda<strong>de</strong> impediu que Luís Olímpio fizesse<br />

espalhar as sementes da Terceira Revelação, lançando-as<br />

sobre o solo brasileiro, vindas pelo Estado da Bahia.<br />

Organizou ele uma socieda<strong>de</strong> regida por estatutos que<br />

davam direitos a qualquer pessoa que manifestasse o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> estudar a doutrina para<br />

realizar trabalhos assistenciais,<br />

principalmente entre grupos espíritas.<br />

Na data <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1865,<br />

durante a inauguração do "Grupo<br />

Familiar do Espiritismo", após a prece<br />

<strong>de</strong> gratidão, todos os que ali se<br />

encontravam pu<strong>de</strong>ram ver sendo<br />

psicografada a primeira página<br />

enviada pelo Alto, sendo assinada por<br />

"Anjo <strong>de</strong> Deus". O júbilo <strong>de</strong> Luís<br />

Olímpio trouxe-lhe lágrimas aos olhos.<br />

E esse contentamento passou a ser o<br />

<strong>de</strong> todos, quando a mensagem foi lida.<br />

Notava-se que o Espírito comunicante<br />

revelava altos conhecimentos e<br />

elevação moral, mas entremostrava<br />

alguns laços dos dogmas católicos.<br />

Talvez o comunicante tivesse sido um<br />

sacerdote, <strong>de</strong>sencarnado há pouco<br />

tempo.<br />

6<br />

Castro Alves<br />

Com todo o <strong>de</strong>senvolvimento da Doutrina Espírita e o<br />

registro dos primeiros contatos com o mundo Espiritual, <strong>de</strong>use<br />

à Bahia o título <strong>de</strong> “berço do Espiritismo” em terras<br />

brasileiras.<br />

Luís Olímpio foi <strong>de</strong>signado para a direção <strong>de</strong>sse grupo,<br />

que se <strong>de</strong>dicou inteiramente a estudar as obras<br />

kar<strong>de</strong>quianas. Espírito imbatível, cumpridor <strong>de</strong> seus<br />

<strong>de</strong>veres, com exemplos <strong>de</strong> honra<strong>de</strong>z e respeitoso chefe <strong>de</strong><br />

família, resistia a todas as investidas das sombras. Os<br />

espíritos inferiores influenciavam os incrédulos e os<br />

fanáticos religiosos. Como a única religião permitida pela<br />

Constituição do Império era o Catolicismo, os sacerdotes se<br />

aproveitavam <strong>de</strong>ssa proteção e perseguiam ferozmente a<br />

Luís Olímpio.<br />

O jornal “Bahia Ilustrada” chegou a fazer várias edições,<br />

com caricaturas <strong>de</strong>preciativas, em relação à doutrina e seus<br />

seguidores, colocando Luís Olímpio, à frente, com o<br />

semblante <strong>de</strong> Satanás. Isso tudo era do conhecimento das<br />

autorida<strong>de</strong>s que faziam vistas grossas, diante do artigo 277<br />

do Código Criminal do Império que prescrevia pena rigorosa<br />

para aqueles que zombassem, ou <strong>de</strong>srespeitassem<br />

qualquer culto que fizesse parte do povo brasileiro. A<br />

Doutrina Espírita, por essa época, já era reconhecida como<br />

religião, tanto que o arcebispo da Bahia, Dom Manuel<br />

Joaquim da Silveira escreveu para “APastoral”:<br />

“O Espiritismo é <strong>de</strong> caráter religioso reconhecidamente<br />

entre seus fiéis, mas, antes <strong>de</strong> tudo, representa um grave<br />

atentado contra a Religião Católica.”<br />

Luís Olímpio recebia várias cartas <strong>de</strong> pessoas, muitas<br />

resi<strong>de</strong>ntes em outros estados do Brasil, com notícias e<br />

davam-lhe apoio para continuar a divulgar os princípios<br />

kar<strong>de</strong>cistas.<br />

Entre essas missivas encontrou uma que lhe<br />

proporcionou imensa alegria, assinada por Castro Alves.<br />

Contou-lhe o poeta que estava estudando o Espiritismo, pelo<br />

interesse do seu escritor favorito, Victor Hugo, autor <strong>de</strong> "Os<br />

Miseráveis", que, em meio à miséria real em que vivia o povo<br />

francês, resolvera escrever essa importante obra, quando<br />

veio a tomar conhecimento dos fenômenos das mesas<br />

girantes. Já na Ilha <strong>de</strong> Jersey, foi visitado pelo seu gran<strong>de</strong><br />

amigo, Auguste Vacquerie, trazendo em sua companhia a<br />

pesquisadora espírita, convicta, sobre o assunto e amiga <strong>de</strong><br />

Allan Kar<strong>de</strong>c, a senhora Emília Girardin. Castro Alves<br />

<strong>de</strong>screvia seu contentamento a Luís Olímpio, quando,<br />

seguindo as orientações do escritor<br />

Victor Hugo, teve em suas mãos "O<br />

Livro dos Espíritos", ainda em fase<br />

primária, vindo pelos amigos<br />

franceses. Seguia dizendo que, após<br />

as questões e respostas <strong>de</strong>sse<br />

verda<strong>de</strong>iro rumo certo, suas poesias<br />

passaram a ter outro sentido, mais<br />

real. Luís Olímpio fechou a missiva<br />

com ares felizes.<br />

Apesar <strong>de</strong> os trabalhos continuarem<br />

os estudos doutrinários, no Grupo<br />

Familiar, começou Luís Olímpio notar<br />

algo diferente entre os participantes.<br />

O incentivo às tarefas realizadas no<br />

campo assistencial mostrava<br />

fragilida<strong>de</strong>. Luís Olímpio passou a<br />

observar o procedimento <strong>de</strong> cada um e<br />

percebeu que o orgulho ferido, sob<br />

forma <strong>de</strong> melindres, estava afastando<br />

os voluntários. Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Seareiro


ajustes, pô<strong>de</strong> ele <strong>de</strong>scobrir o que havia <strong>de</strong> fato. Alguns,<br />

alegando motivos familiares, pediram afastamento das<br />

tarefas. Outros, por motivos religiosos, e outros <strong>de</strong>ixaram<br />

simplesmente <strong>de</strong> freqüentar as reuniões, ausentando-se<br />

totalmente.<br />

O motivo era o mesmo: a falta <strong>de</strong> união. Procurando<br />

acautelar-se, Luís Olímpio procurou ouvir a todos, até<br />

mesmo indo a seus lares, para fazê-los compreen<strong>de</strong>r a<br />

importância do trabalho da Seara do Mestre. Pediu uma<br />

reunião para esclarecimentos.<br />

A fala tranqüila e pausada <strong>de</strong> Luís Olímpio favoreceu a<br />

todos os ouvidos. Depois dos esclarecimentos sobre o<br />

cuidado em manter a união do grupo, os trabalhos seguiram<br />

sua rotina. Tudo voltou à normalida<strong>de</strong>.<br />

Sendo também membro do "Grêmio dos <strong>Estudos</strong><br />

Espiríticos na Bahia", e já tendo Luís Olímpio pesquisado o<br />

aparecimento <strong>de</strong> um órgão doutrinário em Salvador, numa<br />

das reuniões freqüentadas por ele anuncia, a todos, os seus<br />

projetos para que os interessados presentes pu<strong>de</strong>ssem<br />

ajudá-lo para surgir a lume o jornal "O Eco d’Além-Túmulo”.<br />

Seria o primeiro número <strong>de</strong> um periódico que trataria apenas<br />

dos assuntos relacionados à doutrina.<br />

Seus principais aliados, <strong>de</strong> imediato, aceitaram contribuir<br />

monetariamente para que esse jornal não tivesse problemas<br />

econômicos. Entre eles estavam: Dr. Joaquim Carneiro <strong>de</strong><br />

Campos, Dr. Inácio José da Cunha, professor José Francisco<br />

Lopes, o advogado Dr. Manuel Correa Garcia, o professor<br />

Aureliano Henrique Tosta e os farmacêuticos: José Martins<br />

Pena e José Martins dos Santos Pena, pai e filho que, como<br />

os outros, não temiam em serem citados espíritas e<br />

fundadores <strong>de</strong> um jornal <strong>de</strong>sse gênero.<br />

As investidas para impedir a saída legal <strong>de</strong>sse órgão,<br />

foram estarrecedoras. Quantas angústias e amarguras<br />

foram sentidas no coração <strong>de</strong> Luís Olímpio!<br />

Mas, seguro com sua fé em Cristo, e acompanhado pelos<br />

amigos que estavam presentes ao lançamento da idéia<br />

seguiram para diante. E, no mês <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1869, três meses<br />

após o <strong>de</strong>sencarne <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c, o primeiro periódico<br />

espírita aparecia no Brasil: "O Eco d´Além-Túmulo", com o<br />

subtítulo "Monitor do Espiritismo no Brasil". De publicação<br />

bimestral, foi impresso na tipografia do “Diário da Bahia”. Por<br />

essa etapa vencida, Luís Olímpio Telles <strong>de</strong> Menezes e a<br />

equipe <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>sse órgão agra<strong>de</strong>cem a Jesus e<br />

oferecem preces em louvor ao Codificador, Allan Kar<strong>de</strong>c,<br />

pela consolidação <strong>de</strong>ssas obras, verda<strong>de</strong>iro cabedal <strong>de</strong><br />

reconhecimento a Jesus.<br />

A "Socieda<strong>de</strong> Anônima do Espiritismo" <strong>de</strong> Paris, cuja<br />

direção era da conceituada "Revue Spirite", por carta,<br />

agra<strong>de</strong>ce o envio do primeiro jornal "O Eco d´Além-Túmulo"<br />

e enaltece a coragem e o <strong>de</strong>sprendimento dos espíritas<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

brasileiros, representados pela vonta<strong>de</strong> e entusiasmo do<br />

senhor Luís Olímpio em difundir, sobremaneira, o novo órgão<br />

<strong>de</strong> propagação da Doutrina Espírita, no Brasil.<br />

Em outubro <strong>de</strong> 1869, a Revue Spirite, na seção<br />

"Bibliografia", traduz para o francês várias matérias contidas<br />

no jornal "O Eco d’Além-Túmulo". E completa em seu final,<br />

um elogio ao responsável pela edição <strong>de</strong>sse órgão brasileiro,<br />

que, com simplicida<strong>de</strong>, levava a efeito a divulgação das<br />

almas kar<strong>de</strong>quianas, como estímulo edificante à<br />

Humanida<strong>de</strong>, fato esse não conhecido na própria França,<br />

berço do mestre lionês,Allan Kar<strong>de</strong>c.<br />

As trocas <strong>de</strong> correspondência foram constantes, isso<br />

porque Luís Olímpio recebia as matérias que eram<br />

publicadas na Revue Spirite e as traduzia para o português e<br />

eram editadas em "O Eco d’Além-Túmulo" e vice-versa.<br />

Durante algum tempo, Luís Olímpio pô<strong>de</strong> arcar com a<br />

direção <strong>de</strong>sse jornal que fora tão importante, não só para a<br />

Bahia, mas também para o Brasil.<br />

Luís Olímpio, apesar <strong>de</strong> toda a ajuda financeira dos<br />

amigos e <strong>de</strong> seu apoio total, não pô<strong>de</strong> resistir às armadilhas<br />

preparadas pelos opositores, maliciosos e caluniadores. As<br />

barreiras políticas, encabeçadas pelos influentes da Corte<br />

Imperial, fizeram chegar às mãos <strong>de</strong> D. Pedro II um abaixoassinado,<br />

on<strong>de</strong> exigiam que, em nome do Conselho<br />

Constitucional do Império, fossem tomadas medidas<br />

drásticas, isto é, exigiam o fechamento do Jornal "O Eco<br />

d´Além-Túmulo", porque infringia a Lei, publicando matérias<br />

que induziam o povo a "práticas satânicas" e maléficas em<br />

seus cultos estranhos, evocando almas que há tempos já<br />

estavam "mortas".<br />

Baseados nesses fatos alarmistas e tendo as mãos<br />

atadas, Luís Olímpio e seus amigos, assistiam à lacração<br />

das portas do jornal "O Eco d’Além-Túmulo". Com lágrimas a<br />

correr pelas faces, Luís Olímpio agra<strong>de</strong>ceu o empenho <strong>de</strong><br />

todos os colaboradores e dirigindo-se a Jesus, orou:<br />

"Senhor, isso não nos afastará <strong>de</strong> Seu caminho.<br />

Continuaremos a luta para que fantasias e mentiras, em Seu<br />

nome, sejam <strong>de</strong>smistificadas. Por ora, rogamos auxílio e a<br />

presença <strong>de</strong> mentores superiores para que não venhamos a<br />

<strong>de</strong>sistir dos bons propósitos que nos animam a superar o<br />

mal". Os amigos abraçaram Luís Olímpio e, cabisbaixos,<br />

<strong>de</strong>ixaram para trás mais uma fonte <strong>de</strong> luz que não secaria<br />

jamais porque os jornais, que já haviam circulado, por on<strong>de</strong><br />

foram entregues, levaram esse rastro <strong>de</strong> Fé, Carida<strong>de</strong> e<br />

<strong>Amor</strong>.<br />

Luís Olímpio não parou um segundo sequer. Conversando<br />

com os companheiros do i<strong>de</strong>al cristão, eles lançaram mão <strong>de</strong><br />

uma carta manifestando o <strong>de</strong>sejo imediato <strong>de</strong> que a<br />

"Socieda<strong>de</strong> Espírita Brasileira" (antigo Grupo Familiar do<br />

Espiritismo) fosse legalizada oficialmente em seus Estatutos<br />

A Casa do Telles, que ficava localizada em cima do Arco, foi obra <strong>de</strong> José Fernan<strong>de</strong>s Pinto Alpoim, construída em 1730. Pertencia à família Telles<br />

<strong>de</strong> Menezes e atualmente possui apenas um dos casarões originais. O Arco atualmente dá acesso à Travessa do Comércio, antes Beco do Peixe.<br />

No dia em que as fotos foram tiradas, estava sendo realizada uma feira <strong>de</strong> carros antigos.<br />

7


e que, a esse requerimento, fosse incluída a<br />

permissão <strong>de</strong> estudos religiosos e sem<br />

perseguições aos a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>sse culto cristão,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esse último propósito já constava<br />

do <strong>de</strong>creto 2.711 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1860.<br />

Essa carta-requerimento foi enviada ao<br />

Vice-Presi<strong>de</strong>nte da Província da Bahia, o<br />

senhor Dr. Francisco José da Rocha.<br />

Luís Olímpio sabia que, se houvesse<br />

incluído o nome <strong>de</strong> “Associação Literária<br />

Beneficente”, obteria <strong>de</strong> imediato a aprovação<br />

<strong>de</strong> todos os conselheiros do Império. Mas o<br />

que precisaria era a conservação <strong>de</strong><br />

"Espírita", senão qual seria a finalida<strong>de</strong>?<br />

Passando por todos os pareceres dos<br />

componentes do Provedor da Coroa, do<br />

Chefe <strong>de</strong> Polícia e <strong>de</strong> outros, chegou o<br />

processo às mãos do Clero que, mais uma vez, ofereceu<br />

todos os obstáculos a essa “pretensão” dos espíritas<br />

baianos. E continuaram a afirmar que o Espiritismo era “um<br />

atentado contra a verda<strong>de</strong> católica”. E foram mais além,<br />

ainda, <strong>de</strong>clarando que essa seria “uma socieda<strong>de</strong> com o<br />

interesse maior doutrinário <strong>de</strong> contrariar a "Religião do<br />

Estado”, única a ser obe<strong>de</strong>cida. Portanto, aqueles que<br />

seguissem esse culto seriam contrários aos princípios do<br />

Estado, banidos da religião católica e também contrários à<br />

aprovação governamental.<br />

Luís Olímpio reuniu-se à equipe e estudaram com calma o<br />

que fazer, para po<strong>de</strong>rem trabalhar livremente, porque os<br />

Estatutos aprovados lhes garantiriam alguns direitos<br />

constitucionais.<br />

Aluta para que isso acontecesse durou um ano, até que foi<br />

aceita a legalização com o nome <strong>de</strong> “Associação Espírita<br />

Brasileira”, com bases puramente científicas. Baseando-se<br />

nas obras <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c, Luís Olímpio acrescentou ao<br />

requerimento enviado e aceito: “A associação terá por<br />

finalida<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento moral e intelectual do homem,<br />

ampliando suas bases na criação da filosofia espirítica (não<br />

po<strong>de</strong>ndo ser espírita), com exemplos firmados nos preceitos<br />

da carida<strong>de</strong> cristã”. E, no final, Luís Olímpio acrescentou a<br />

esse requerimento: “Fora da Carida<strong>de</strong> não há Salvação”.<br />

O trabalho da divulgação do Espiritismo ganhou mais<br />

vulto. Embora por pouco tempo, o jornal "O Eco d´Além-<br />

Túmulo" fez mais a<strong>de</strong>ptos e, em muitas províncias,<br />

organizaram-se grupos <strong>de</strong> estudos espíritas e várias<br />

socieda<strong>de</strong>s no Pará, Maranhão, Pernambuco e Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. As idéias espiríticas tomaram vulto, principalmente<br />

com o aparecimento <strong>de</strong> mensagens psicografadas através<br />

da médium, a senhora Perret Collard, junto ao<br />

estudioso, amigo particular <strong>de</strong> Luís Olímpio, o<br />

francês Casimir Lientand que projetou no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro vários agrupamentos espiríticos.<br />

Com isso, as obras <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c começaram a<br />

ser procuradas. E, por insistência <strong>de</strong> Lientand,<br />

a Livraria Garnier foi autorizada a traduzir em<br />

português as obras <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c sendo a<br />

primeira a surgir no Brasil: "O Livro dos<br />

Espíritos", obra <strong>de</strong> profunda base da filosofia<br />

espírita. "Com gran<strong>de</strong> entusiasmo, a luz do<br />

Consolador foi recebida com aplausos pelos<br />

corações ansiosos do novo porvir", palavras<br />

escritas por Casimir Lientand, em carta para<br />

Luís Olímpio.<br />

Comparecendo às reuniões da "Associação<br />

Espirítica", Luís Olímpio contava, com alegria<br />

8<br />

O Evangelho Segundo o<br />

Espiritismo - Editora FEB<br />

O Livro dos Espíritos<br />

Editora FEB<br />

contagiante, o progresso que o Espiritismo<br />

estava alcançando, isso porque ficara sabendo<br />

que as obras <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c já estavam penetrando<br />

em outros países. A Rússia e a Espanha já<br />

haviam traduzido para sua línguas as cinco obras<br />

fundamentais <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c.<br />

Deveremos confiar em Jesus por toda essa<br />

edificação do Alto, para vivermos em um mundo<br />

melhor, sem tanto egoísmo e orgulho que levam<br />

os seres a fanatismos e aversões e que só fazem<br />

mal para o crescimento espiritual <strong>de</strong> cada um,<br />

completava Luis à sua equipe <strong>de</strong> trabalho.<br />

Em meio a todos esses acontecimentos, a<br />

esposa <strong>de</strong> Luís Olímpio , dona Ana Amélia vem a<br />

sofrer <strong>de</strong> grave enfermida<strong>de</strong>. Os mais completos<br />

tratamentos e internações hospitalares não lhe<br />

<strong>de</strong>volveram a saú<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>senlace acontece,<br />

<strong>de</strong>ixando Luís Olímpio abalado e sofrido por esse terrível<br />

golpe. Triste e mesmo abatido, após o enterro continua seu<br />

trabalho. Sabia que dona Ana Amélia estaria sempre ao seu<br />

lado.<br />

Sempre pru<strong>de</strong>nte em seu modo <strong>de</strong> ser, Luís Olímpio<br />

procurava manter correspondência com espíritas, não só do<br />

Brasil, como também com espíritas da Europa. Escrevia<br />

artigos relacionados à divulgação do Espiritismo para o<br />

“Diário da Bahia”, que foi o primeiro órgão da imprensa<br />

brasileira a publicar matéria religiosa que não fosse católica,<br />

enfrentando problemas com a Igreja, mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo-se<br />

como “jornalismo leigo”.<br />

Em sua lista <strong>de</strong> trabalhador incansável da doutrina, ainda<br />

se tornou sócio-honorário correspon<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong><br />

Magnética da Itália e membro do corpo social do<br />

Conservatório Dramático da Bahia.<br />

Havia algum tempo que, ao fazer suas preleções na<br />

“Associação Espírítica”, que freqüentava, ele se <strong>de</strong>parava<br />

com uma senhora <strong>de</strong> elegante postura, que o observava<br />

colocando nela muita atenção e participando, com vivo<br />

interesse, dos comentários alusivos ao Evangelho.<br />

Passados alguns meses, ambos seguiam as mesmas<br />

ruas para chegarem às suas residências e, por fim,<br />

acabaram concluindo que eram vizinhos, sem nunca Luís<br />

Olímpio ter percebido. A senhora Elisa, esse era o seu nome,<br />

convidou-o para um chá, mas Luís Olímpio agra<strong>de</strong>ceu-lhe,<br />

marcando buscá-la no dia seguinte para irem à reunião da<br />

Associação.<br />

Luís Olímpio, mesmo com o passar dos dias, continuava<br />

intrigado por não ter notado antes a presença <strong>de</strong> dona Elisa.<br />

Mas o Plano Espiritual precisava dos serviços fiéis <strong>de</strong>le, por<br />

mais algum tempo. A enfermida<strong>de</strong> física já<br />

começava a aparecer. Seu rins estavam<br />

adoecidos e a lacuna <strong>de</strong>ixada por dona Ana<br />

Amélia o fizera mais abatido; porém a fortaleza<br />

espiritual da qual era portador não <strong>de</strong>ixava nada<br />

transparecer. Por isso, sendo assistido pelo<br />

imenso carinho <strong>de</strong> sua primeira esposa e vendoo<br />

tão triste, o Plano Espiritual interferiu junto com<br />

dona Ana Amélia para que a presença <strong>de</strong> dona<br />

Elisa fosse notada.<br />

Aamiza<strong>de</strong> tornou-se em freqüentes encontros.<br />

Luís Olímpio habituara-se a longas<br />

conversações com dona Elisa. Tempos <strong>de</strong>pois,<br />

contraíram núpcias e ela passou a se chamar<br />

Elisa Pereira <strong>de</strong> Figueiredo Menezes. Ela<br />

procurava acompanhá-lo em todas as viagens<br />

para as quais Luís Olímpio era convidado a dar<br />

Seareiro


esclarecimentos sobre as<br />

obras <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c que eram<br />

muito apreciadas, mas <strong>de</strong><br />

difícil compreensão pelos<br />

grupos que se formavam,<br />

ainda imaturos para o<br />

Espiritismo. Luís Olímpio,<br />

com a serenida<strong>de</strong> que lhe<br />

era característica e a<br />

bagagem que trazia em seu<br />

interior, ajudava aos<br />

iniciantes a discernir o<br />

estudo sério dos seres<br />

incautos, que sem o<br />

saberem, levados pelo<br />

orgulho, atrapalhavam o<br />

crescimento espiritual <strong>de</strong><br />

cada um.<br />

A Espiritualida<strong>de</strong> Superior<br />

precisava das colocações sensatas <strong>de</strong> Luís Olímpio porque<br />

muitos <strong>de</strong>sses chamados "incautos" estavam admitindo o<br />

Espiritismo como ciência e filosofia e não como uma religião.<br />

Com isso, estavam aparecendo os grupos que, <strong>de</strong> certa<br />

forma, combatiam o verda<strong>de</strong>iro sentido doutrinário. Luís<br />

Olímpio continuava sua luta na <strong>de</strong>fesa e divulgação do<br />

Espiritismo, até que a nefrite crônica tornou-se mais grave.<br />

Apesar dos cuidados <strong>de</strong> dona Elisa, a doença avançava a<br />

passos largos. Uma série <strong>de</strong> internações em hospitais e<br />

tratamentos <strong>de</strong> nada adiantou. As dores continuavam, seu<br />

estado era crítico e a fraqueza geral o levou ao <strong>de</strong>sencarne.<br />

Foi exatamente às 22 horas e 40 minutos do dia 16 <strong>de</strong> março<br />

<strong>de</strong> 1893.<br />

Luís Olímpio <strong>de</strong>sencarnou na mais extrema miséria. Para<br />

seu sepultamento, foi preciso que os amigos se unissem<br />

para que lhe fosse dado um enterro digno, como sempre fora<br />

sua vida física. Muitos falaram da falta que faria para os<br />

grupos <strong>de</strong> estudos essa criatura que <strong>de</strong>ixara sua presença,<br />

para sempre marcada em todos os processos doutrinários na<br />

Bahia. O corpo <strong>de</strong> Luís Olímpio partia, mas seu Espírito<br />

empreen<strong>de</strong>dor estaria junto <strong>de</strong> todos que se incumbiriam <strong>de</strong><br />

dar continuida<strong>de</strong> a essa importante tarefa, realizada em<br />

nome <strong>de</strong> Jesus.<br />

Luís Olímpio foi enterrado no Cemitério S. Francisco<br />

Xavier, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Dona Elisa Pereira <strong>de</strong> Figueiredo Menezes agra<strong>de</strong>ceu,<br />

emocionada, a ajuda <strong>de</strong> todos, principalmente ao senhor<br />

Antônio Luís Caetano da Silva, que durante vários anos<br />

garantiu-lhe, por sua livre vonta<strong>de</strong>, uma pensão que muito a<br />

ajudou a enfrentar as dificulda<strong>de</strong>s materiais.<br />

O Reformador, órgão Fe<strong>de</strong>rativo, publica no dia 1º <strong>de</strong> abril<br />

<strong>de</strong> 1893 uma homenagem a esse gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor do<br />

Espiritismo, cujo final é o transcrito:<br />

“Era um caráter digno <strong>de</strong> todo apreço pela sua cultura e<br />

elevação <strong>de</strong> sentimentos, apurados por uma longa série <strong>de</strong><br />

infortúnios que soube sempre suportar com honra e<br />

gran<strong>de</strong>za d’alma”.<br />

Todos os jornais do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Bahia e outros estados<br />

brasileiros noticiaram a passagem <strong>de</strong>sse notável trabalhador<br />

do Espiritismo,<br />

Várias enciclopédias, assim como a “Gran<strong>de</strong> Enciclopédia<br />

Delta-Larousse Alfabética”, incluíram em suas páginas<br />

resumos biográficos <strong>de</strong> Luís Olímpio Telles <strong>de</strong> Menezes.<br />

Em 17 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1965, o Departamento dos<br />

Correios e Telégrafos do Rio <strong>de</strong> Janeiro e o <strong>de</strong> Salvador,<br />

Bahia, em homenagem ao fundador do "Grupo Familiar do<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

Espiritismo", Luís Olímpio<br />

Telles <strong>de</strong> Menezes,<br />

aprovaram dois carimbos<br />

postais, aplicados em todas<br />

as correspondências<br />

enviadas para qualquer local<br />

do Brasil ou para outros<br />

países.<br />

No ano seguinte, em 4 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1966, às 15<br />

horas, foi inaugurada uma<br />

placa nominativa,<br />

<strong>de</strong>signando uma rua (Lei n°<br />

1886/66) , em homenagem<br />

ao pioneiro espírita em<br />

terras brasileiras, na cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Salvador, Bahia, em local<br />

Família Telles <strong>de</strong> M Menezes<br />

enezes<br />

central: "Rua Professor<br />

Telles <strong>de</strong> Menezes". Essa lei<br />

foi sancionada pelo prefeito <strong>de</strong> Salvador, constando em ata<br />

dos trabalhos da Câmara Municipal da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador.<br />

Durante o 8º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Jornalistas e<br />

Escritores <strong>Espíritas</strong>, realizado em Salvador, Bahia, no ano <strong>de</strong><br />

19<strong>82</strong>, foi fixado o dia 26 <strong>de</strong> julho como o “Dia Nacional da<br />

Imprensa Espírita”, homenageando, <strong>de</strong>ssa forma, a data <strong>de</strong><br />

nascimento <strong>de</strong> “Luís Olímpio Telles <strong>de</strong> Menezes - O pioneiro<br />

do Espiritismo no Brasil”, o pioneiro da Imprensa Espírita e o<br />

pioneiro a fundar o primeiro “Grupo Familiar do Espiritismo”.<br />

Portanto, nada mais justo que se prestem todas as<br />

homenagens e reconhecimento a esse iluminado Espírito,<br />

escolhido por Jesus para dar continuida<strong>de</strong> a que realmente o<br />

Brasil <strong>de</strong>va lutar, através <strong>de</strong> outros abnegados cristãos, para,<br />

seja lá o tempo que for necessário, que venha a ser: Brasil,<br />

coração do mundo e Pátria do Evangelho.<br />

Eloísa<br />

__________________<br />

N.A.: Aten<strong>de</strong>ndo às inspirações dos amigos espirituais que nos<br />

assistem, com as referências às vidas reencarnatórias dos “Gran<strong>de</strong>s<br />

Vultos”, fizemos uma pequena análise sobre a origem dos familiares<br />

<strong>de</strong> Luís Olímpio e <strong>de</strong>le próprio, o “Gran<strong>de</strong> Vulto” <strong>de</strong>sse mês.<br />

Reencarnações projetadas no século XI, on<strong>de</strong> as famílias traziam<br />

gran<strong>de</strong>s interesses em se tornarem ricas proprietárias <strong>de</strong> terras e <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>res amoedados. Luís Olímpio, nessa reencarnação aqui<br />

transcrita, renasce acompanhado <strong>de</strong> muitos antigos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

que agora são seus opositores, continuando, através do Clero, a ser<br />

senhores po<strong>de</strong>rosos e autoritários. Luís Olímpio, porém, distante<br />

<strong>de</strong>ssa terrível prova, reencarna como missionário, sendo o pioneiro<br />

em trazer o Espiritismo às terras brasileiras.<br />

Nasceu na pobreza, viveu da pobreza e <strong>de</strong>sencarnou na pobreza,<br />

porém rico em ter sido Luz para a Humanida<strong>de</strong>.<br />

Bibliografia<br />

Caminho, Verda<strong>de</strong> e Vida - Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito<br />

Emmanuel, Editora FEB, 5ª ed.,1970.<br />

Gran<strong>de</strong>s <strong>Espíritas</strong> do Brasil - Zêus Wantuil, Editora FEB, 1ª ed., 1969.<br />

Segue-Me - Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel,<br />

<br />

Editora O Clarim, 7ª ed., 1992.<br />

Victor Hugo - A Face Desconhecida <strong>de</strong> um Gênio - Maria do Carmo M.<br />

Schnei<strong>de</strong>r, Editora Lachâtre, 1ª ed., 1999.<br />

Imagens:<br />

http://dalhemongo.files.wordpress.com/2008/05/mesas-girantes.gif<br />

http://baixadafluminense.files.wordpress.com/2007/12/casadagrota.jpg<br />

http://baixadafluminense.files.wordpress.com/2007/12/casadagrota2.jpg<br />

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8a/Pedro_II_of<br />

_Brazil_-_Brady-Handy.jpg/475px-Pedro_II_of_Brazil_-_Brady-<br />

Handy.jpg<br />

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Allan_Kar<strong>de</strong>cX.jpg<br />

http://www.jornallivre.com.br/images_enviadas/O-gran<strong>de</strong>-escritorcastro-alves.jpg<br />

http://www.marcillio.com/rio/centro/prq/cepqprte.jpg<br />

http://www.marcillio.com/rio/centro/prq/cepqartr.jpg<br />

http://www.marcillio.com/rio/centro/prq/cepqarte.jpg<br />

http://www.ipahb.com.br/img/t-men_01.jpg até 08<br />

9


Curiosida<strong>de</strong><br />

10<br />

curiosida<strong>de</strong><br />

Sobre Células-Tronco<br />

“São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm <strong>de</strong> ser completados; em que o véu intencionalmente lançado sobre algumas partes<br />

<strong>de</strong>sses ensinos tem<strong>de</strong>serlevantado;emque aCiência, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong>serexclusivamentematerialista,tem<strong>de</strong>levaremcontaoelemento espiritualeemque a<br />

Religião,<strong>de</strong>ixando<strong>de</strong>ignorarasleisorgânicaseimutáveisdamatéria,comoduasforçasquesão,apoiando-seumanaoutraemarchandocombinadas,se<br />

prestarãomútuoconcurso”.(OEvangelhoSegundooEspiritismo–capítuloI–item8).<br />

Nada mais oportuno, no momento em que a ciência volta<br />

seus olhos para a pesquisa do uso terapêutico das célulastronco<br />

<strong>de</strong> embriões humanos.<br />

O assunto, a par <strong>de</strong> estar sendo objeto <strong>de</strong> estudo nos meios<br />

científicos, é igualmente alvo <strong>de</strong> análise nos meios sociais,<br />

jurídicos e religiosos em todo o mundo e, como não po<strong>de</strong>ria<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, trazendo muita polêmica em todos os<br />

segmentos, à ausência <strong>de</strong> unanimida<strong>de</strong> na admissão, ou não,<br />

do uso pretendido e ocupando lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na mídia<br />

internacional.<br />

No Brasil, não po<strong>de</strong>ria ser diferente.<br />

Colocada em questão a constitucionalida<strong>de</strong> da Lei <strong>de</strong><br />

Biossegurança, no dia 29 <strong>de</strong> maio passado, o Supremo<br />

Tribunal Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>cidiu, por seis votos contra cinco, liberar o<br />

uso <strong>de</strong> células-tronco <strong>de</strong> embriões humanos em pesquisas<br />

científicas.<br />

Todavia, se juridicamente a matéria está pacificada, nos<br />

meios religiosos as opiniões se apresentam controvertidas e<br />

conflitantes, gerando muitas dúvida e indagações.<br />

Diante disso, não po<strong>de</strong> o Espiritismo, como religião e<br />

também ciência que é, manter-se omisso no que diz respeito<br />

à questão, <strong>de</strong>ixando à <strong>de</strong>riva os seus seguidores.<br />

Procuraremos assim, neste singelo estudo, com<br />

fundamento e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> aos ensinamentos básicos da<br />

codificação kar<strong>de</strong>quiana, fazer uma análise do assunto, à luz<br />

da doutrina, sem preten<strong>de</strong>r nos tornar formadores <strong>de</strong><br />

opiniões. Muito pelo contrário, o nosso objetivo precípuo é<br />

<strong>de</strong>spertar o interesse <strong>de</strong> nossos confra<strong>de</strong>s para o estudo<br />

sistemático da doutrina, <strong>de</strong>ixando ao critério do bom senso e<br />

livre-arbítrio <strong>de</strong> cada um, as próprias conclusões.<br />

Primeiramente, é necessário que se entenda o que são<br />

células-tronco, também conhecidas como células-mãe ou<br />

células estaminais.<br />

São células que possuem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se dividir, dando<br />

origem a células semelhantes às progenitoras; e as célulastronco<br />

dos embriões, que são o objeto do nosso estudo, têm a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se transformar em outros tecidos do corpo,<br />

como ossos, nervos, músculos e sangue.<br />

Devido a essa característica, são importantes,<br />

principalmente na aplicação terapêutica, uma vez que são<br />

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potencialmente úteis em terapias <strong>de</strong> combate a doenças<br />

cardiovasculares, neuro<strong>de</strong>generativas, aci<strong>de</strong>ntes vasculares<br />

cerebrais, doenças hematológicas, traumas na medula<br />

espinhal e nefropatias. Exemplos: diabetes tipo 1,<br />

hipertensão, câncer, mal <strong>de</strong> Alzheimer, reumatismo,<br />

esclerose múltipla, artrite, glaucoma e mal <strong>de</strong> Parkinson.<br />

E o principal objetivo das pesquisas com células-tronco<br />

embrionárias é usá-las para recuperar tecidos danificados<br />

por essas doenças e traumas.<br />

A gran<strong>de</strong> indagação que torna bastante penosa às religiões<br />

opinar pelo sim, ou pelo não, é: QUANDO COMEÇA AVIDA?<br />

Uma visão materialista leva a admitir a vida somente a partir<br />

do nascimento, razão pela qual, para estes, nenhum<br />

obstáculo existe para a realização dos experimentos.<br />

Outros enten<strong>de</strong>m que a vida existe a partir da fecundação, a<br />

partir do que, qualquer ato que possa impedir o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do embrião é consi<strong>de</strong>rado como atentatório<br />

à vida.<br />

E para nós, espíritas, quando começa a vida?<br />

A nossa idéia <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> acordo com os ensinamentos dos<br />

Espíritos, é muito mais ampla e complexa, uma vez que não<br />

consi<strong>de</strong>ramos somente a simples existência material, ou<br />

somente a vida corpórea. Há sim, para nós, momentos<br />

diversos da vida, formas diferentes: na matéria, ou no mundo<br />

espiritual.<br />

A vida espiritual é a vida normal; a vida corpórea é uma fase<br />

temporária da vida do Espírito que se reveste <strong>de</strong> envoltório<br />

material — o corpo — do qual <strong>de</strong>ve se <strong>de</strong>spir por ocasião da<br />

morte, para nós, do <strong>de</strong>sencarne.<br />

Ora estamos encarnados, ora <strong>de</strong>sencarnados, daí a vida<br />

material e a vida espiritual, mas sempre VIDA, a partir da<br />

Criação. Não há, portanto, solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>,<br />

conforme nos esclarecem os Espíritos no Capítulo XI - item 22<br />

<strong>de</strong> “AGênese”.<br />

Assim admitindo, vamos ver o que eles nos explicam,<br />

reportando-nos a “O Livro dos Espíritos”:<br />

“Questão 78: — Os Espíritos tiveram princípio, ou existem,<br />

como Deus, <strong>de</strong> toda a eternida<strong>de</strong>?<br />

— Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus,<br />

quando, ao invés, são criação sua e se acham submetidos à<br />

sua vonta<strong>de</strong>. Deus existe <strong>de</strong> toda a<br />

eternida<strong>de</strong>, é incontestável. Quanto,<br />

porém, ao modo por que nos criou e em que<br />

momento o fez, nada sabemos. Po<strong>de</strong>s<br />

dizer que não tivemos princípio, se<br />

quiseres com isso significar que, sendo<br />

eterno, Deus há <strong>de</strong> ter sempre criado<br />

ininterruptamente. Mas, quando e como<br />

cada um <strong>de</strong> nós foi feito, repito-te, nenhum<br />

Você po<strong>de</strong>rá obter<br />

informações sobre o<br />

Espiritismo, encontrar<br />

matérias sobre a<br />

Doutrina e tirar dúvidas<br />

sobre Espiritismo por email.<br />

Po<strong>de</strong>rá também<br />

comprar livros espíritas<br />

e ler o Seareiro<br />

eletrônico.<br />

o sabe: aí é que está o mistério.”<br />

E, para melhor enten<strong>de</strong>rmos a<br />

perpetuida<strong>de</strong> da vida, vamos examinar o<br />

que nos dizem os Espíritos:<br />

Seareiro


“Questão 83: — Os Espíritos têm fim?<br />

Compreen<strong>de</strong>-se que seja eterno o princípio don<strong>de</strong><br />

eles emanam, mas o que perguntamos é se suas<br />

individualida<strong>de</strong>s têm um termo e se, em dado<br />

tempo, mais ou menos longo, o elemento <strong>de</strong> que<br />

são formados não dissemina e volta à massa<br />

don<strong>de</strong> saiu, como suce<strong>de</strong> com os corpos materiais.<br />

É difícil <strong>de</strong> conceber-se que uma coisa que teve<br />

começo possa não ter fim.<br />

— Há muitas coisas que não compreen<strong>de</strong>is, porque ten<strong>de</strong>s<br />

limitada a inteligência. Isso, porém, não é razão para que as<br />

repilais. O filho não compreen<strong>de</strong> tudo o que a seu pai é<br />

compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreen<strong>de</strong>.<br />

Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o<br />

que po<strong>de</strong>mos, por agora, dizer.”<br />

Portanto, as concepções materialistas e religiosas que<br />

mencionamos, sobre qual é o momento do início da vida,<br />

trazem uma visão acanhada e restrita, visando apenas e tãosomente<br />

um momento da vida.<br />

Feitas estas consi<strong>de</strong>rações, <strong>de</strong>vemos esclarecer que, para<br />

as pon<strong>de</strong>rações sobre o uso das células-tronco em pesquisas<br />

científicas, estamos consi<strong>de</strong>rando o início da vida no corpo<br />

físico, ou seja, uma fase temporária da vida do Espírito; esta<br />

sim, vida que tem seu tempo e seu termo.<br />

Mais uma vez vamos recorrer às orientações contidas em<br />

“O Livro dos Espíritos”:<br />

“Questão 344: — Em que momento a alma se une ao<br />

corpo?<br />

— A união começa na concepção, mas só é completa por<br />

ocasião do nascimento. Des<strong>de</strong> o instante da concepção, o<br />

Espírito <strong>de</strong>signado para habitar certo corpo a este se liga por<br />

um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao<br />

instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recémnascido<br />

solta, anuncia que ele se conta no número dos vivos e<br />

dos servos <strong>de</strong> Deus.<br />

Questão 345: — É <strong>de</strong>finitiva a união do Espírito com o corpo<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento da concepção? Durante esta primeira fase,<br />

po<strong>de</strong>ria o Espírito renunciar a habitar o corpo que lhe está<br />

<strong>de</strong>stinado?<br />

— É <strong>de</strong>finitiva a união, no sentido <strong>de</strong> que outro Espírito não<br />

po<strong>de</strong>ria substituir o que está <strong>de</strong>signado para aquele corpo.<br />

Mas, como os laços que ao corpo o pren<strong>de</strong>m são ainda muito<br />

fracos, facilmente se rompem e po<strong>de</strong>m romper-se por<br />

vonta<strong>de</strong> do Espírito, se este recua diante da prova que<br />

escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga.”<br />

Como se vê, po<strong>de</strong> o Espírito, diante dos comprometimentos<br />

carreados durante as suas várias encarnações, escolher a<br />

prova a que <strong>de</strong>seja se submeter a fim <strong>de</strong> resgatar os débitos<br />

contraídos. E consi<strong>de</strong>rando estarmos ainda em um mundo <strong>de</strong><br />

expiações e provas, nada mais a<strong>de</strong>quado para alcançar o seu<br />

objetivo.<br />

Ocorre que, como é do conhecimento geral,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer filosofia ou credo,<br />

inquestionável é o controle da natalida<strong>de</strong> em todo o orbe.<br />

Haja vista a limitação, na China, a um único filho, e que,<br />

somente após o último gran<strong>de</strong> terremoto, recentemente<br />

ocorrido, liberou para que tivessem mais um os casais que<br />

tiveram o seu filho <strong>de</strong>sencarnado na catástrofe.<br />

Também não é <strong>de</strong> se fazer vistas grossas para o fato <strong>de</strong> que<br />

em tempo algum já se viu tantos reencarnes assumidos<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”<br />

<br />

<br />

<br />

Informe-se através:<br />

E-mail: contato@espiritismoeluz.org.br<br />

www.espiritismoeluz.org.br<br />

(11) 4044-5889 (com Eloísa)<br />

Caixa Postal 42 - CEP 09910-970 - Dia<strong>de</strong>ma - SP<br />

prematuramente por mães-meninas, que em tenra ida<strong>de</strong> já<br />

convivem com as responsabilida<strong>de</strong>s ou a irresponsabilida<strong>de</strong><br />

da maternida<strong>de</strong>, sem nenhum preparo físico ou psicológico<br />

para assumir essa posição, e materialmente em condições<br />

extremamente precárias.<br />

Dir-se-á talvez: mas esta foi a escolha do Espírito<br />

reencarnante! E nós ousamos dizer: quem sabe, até, por falta<br />

<strong>de</strong> escolha. Não temos nós a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber se os<br />

reencarnes hão sido compulsórios; e nem o por quê. Mas a<br />

verda<strong>de</strong> é que as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reencarne vão se<br />

escasseando a cada dia.<br />

Na introdução do livro “Escutando Sentimentos”, <strong>de</strong> autoria<br />

espiritual <strong>de</strong> Ermance Dufaux, Cal<strong>de</strong>raro, instrutor <strong>de</strong> André<br />

Luiz na obra “No Mundo Maior”, assim se expressa:<br />

“Em tempo algum, como atualmente, no orbe terreno,<br />

tivemos mais que 1/5 (um quinto) <strong>de</strong> sua população geral em<br />

processo <strong>de</strong> reencarnação. Reencarnar não é tão fácil quanto<br />

possa parecer. É oportunida<strong>de</strong> rara e 'disputada'.Cada<br />

história individual requer inúmeros quesitos para ser<br />

disponibilizada. Laços afetivos, urgência das necessida<strong>de</strong>s<br />

sociais, natureza dos compromissos com os seres das<br />

regiões da malda<strong>de</strong>. Os pontos <strong>de</strong> análise que pesam para a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um Espírito reencarnar são muito variados.<br />

Há corações que nesse trajeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>portação, ou seja, nos<br />

últimos quarenta mil anos, estiveram no corpo menos <strong>de</strong> vinte<br />

vezes. O que significa afirmar que reencarnam<br />

aproximadamente <strong>de</strong> dois em dois mil anos. Outros não<br />

reencarnam há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil anos.”<br />

Diante <strong>de</strong>stas consi<strong>de</strong>rações, e sem jamais esquecer a<br />

implacável Lei <strong>de</strong> Causa e Efeito, da qual nenhum <strong>de</strong> nós se<br />

furta, po<strong>de</strong>mos admitir que muitos são os Espíritos que vêem<br />

frustradas as suas pretensas reencarnações, quando não,<br />

bastante dificultadas.<br />

Mas também não po<strong>de</strong>mos esquecer que a misericórdia<br />

divina sempre atua em nosso benefício e, portanto, sabemos<br />

que não estamos con<strong>de</strong>nados às penas eternas, como<br />

preten<strong>de</strong>m alguns.<br />

Não é incomum que <strong>de</strong>ntre os mais diversos<br />

comprometimentos que, com certeza, todos nós temos,<br />

muitos carregamos sérias lesões perispirituais, gravadas<br />

pelas mais diversas causas, e que, para a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />

pequeno estudo, no momento é irrelevante analisar, porém<br />

são causas que po<strong>de</strong>m ter, <strong>de</strong> alguma forma, lesado algum<br />

órgão físico nosso próprio, ou <strong>de</strong> outrem.<br />

A verda<strong>de</strong> é que, assim comprometidos, é da lei que<br />

reparemos todo e qualquer dano por nós causado.<br />

É perfeitamente viável que os Espíritos comprometidos<br />

possam, ao escolher a sua prova reencarnatória, encontrar a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa reparação através das soluções<br />

científicas cujas pesquisas ora se iniciam, seja em seu próprio<br />

benefício, seja em benefício daquele a quem prejudicou.<br />

<strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> <strong>Espíritas</strong> “<strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong>”<br />

Reuniões: 2ª, 4 ª e 5 ª às 20 horas<br />

3 ª e 6 ª às 15 horas<br />

Domingo às 10 horas<br />

Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões<br />

Atendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas<br />

Artesanato: Sábado das 10 às 16 horas<br />

Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Jardim Donini - Dia<strong>de</strong>ma - SP<br />

<br />

Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª às 19h45<br />

3 ª e 6ª às 14h45<br />

11


Destacamos aqui a matéria<br />

do editorial da revista espírita<br />

Seareiro, número 77, <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 2008:<br />

“O Plano Superior, ao<br />

permitir que tenhamos acesso<br />

a esta técnica, vem nos<br />

auxiliar na recomposição que<br />

possa favorecer o nosso<br />

corpo físico, como também<br />

favorecer aos <strong>de</strong>sencarnados<br />

que tenham ligações com os<br />

embriões <strong>de</strong> on<strong>de</strong> são<br />

extraídas as células-tronco<br />

embrionárias.”<br />

E prossegue:<br />

“Assim, no processo <strong>de</strong><br />

utilização das células-tronco<br />

embrionárias, não somente o<br />

encarnado será beneficiado,<br />

mas também o Espírito que se<br />

encontra ligado ao embrião <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> foram extraídas as<br />

células, que po<strong>de</strong>rá se<br />

recompor com este ato <strong>de</strong><br />

amor.”<br />

Lembremo-nos <strong>de</strong> que, para<br />

nós, espíritas, como já<br />

dissemos, essa seria apenas mais uma etapa da VIDA, assim<br />

como a enten<strong>de</strong>mos.<br />

Assim, quer nos parecer que a pesquisa científica <strong>de</strong> que<br />

tratamos não é contrária à Lei. Ao contrário, se, pela própria<br />

natureza, e <strong>de</strong> acordo com as orientações da Espiritualida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>vemos cuidar do corpo e do Espírito, a coerência<br />

doutrinária é inquestionável, conforme nos revelam os<br />

Espíritos no capítulo I, item 8 <strong>de</strong> “O Evangelho Segundo o<br />

Espiritismo”:<br />

“É toda uma revolução que neste momento se opera e<br />

trabalha os Espíritos. Após uma elaboração que durou mais<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito séculos, chega ela à sua plena realização e vai<br />

marcar uma nova era na vida da Humanida<strong>de</strong>. Fáceis são <strong>de</strong><br />

prever as conseqüências; acarretará para as relações sociais<br />

inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se<br />

opor, porque elas estão nos <strong>de</strong>sígnios <strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong>rivam da<br />

Lei do Progresso, que é lei <strong>de</strong> Deus.”<br />

Como se vê, tudo é previsto e tem seu tempo. Se essas<br />

revelações nos foram dadas há mais <strong>de</strong> cento e cinqüenta<br />

anos, continuam atuais e perfeitamente aplicáveis a este<br />

momento da nossa escalada espiritual.<br />

Todos temos o direito e o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> buscar a melhor<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, quer material, quer espiritual, fazendo aos<br />

outros o que gostaríamos que fizessem por nós.<br />

É assim que <strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r o que nos ensina “O<br />

Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo II, item 6:<br />

“...o homem, instintivamente, procura o seu bem-estar e,<br />

embora certo <strong>de</strong> que só por pouco tempo permanecerá no<br />

lugar em que se encontra, cuida <strong>de</strong> estar aí o melhor ou o<br />

menos mal que lhe seja possível. Ninguém há que, dando<br />

com um espinho <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> sua mão, não a retire, para se<br />

não picar. Ora, o <strong>de</strong>sejo do bem-estar força o homem a tudo<br />

melhorar, impelido que é pelo instinto do progresso e da<br />

conservação, que está nas leis da Natureza.”<br />

Está ai abraçada pela doutrina a pesquisa científica.<br />

E, se doar é ato <strong>de</strong> amor, receber é ato <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong>.<br />

Auxilia doador e receptor a exercitarem o <strong>de</strong>sapego e a<br />

12<br />

aceitação.<br />

Nós <strong>de</strong>sconhecemos todos os elos que nos unem uns aos<br />

outros. Todavia, o fato <strong>de</strong> não conhecê-los, não quer significar<br />

que não existam.<br />

Recomenda, pois, a prudência, que nos acautelemos em<br />

nossas conclusões. Antes, busquemos o conhecimento<br />

<strong>de</strong>ntro das explicações que a própria doutrina, pela<br />

misericórdia divina e boa vonta<strong>de</strong> dos amigos espirituais nos<br />

são concedidas, sem jamais per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista a recomendação<br />

do mestre lionês que nos orientou a acatar a Ciência, se entre<br />

esta e a doutrina houver incompatibilida<strong>de</strong>, tal como está<br />

expresso no livro “AGênese”, capítulo I, item 55:<br />

“Caminhando <strong>de</strong> par com o progresso, o Espiritismo jamais<br />

será ultrapassado, porque, se novas <strong>de</strong>scobertas lhe<br />

<strong>de</strong>monstrassem estar em erro acerca <strong>de</strong> um ponto qualquer,<br />

ele se modificaria nesse ponto. Se uma verda<strong>de</strong> nova se<br />

revelar, ele a aceitará.”<br />

Ocorre que não nos parece existir, neste caso, nenhuma<br />

incompatibilida<strong>de</strong>.<br />

O aval da mais alta corte <strong>de</strong> justiça <strong>de</strong> nosso país, o<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, com certeza chegou na hora<br />

exata, no momento oportuno em que a Espiritualida<strong>de</strong><br />

confiou na Ciência, creditando-lhe a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conduzir os<br />

seus experimentos <strong>de</strong> forma construtiva e salvadora, posto<br />

que é nosso <strong>de</strong>ver cuidar do corpo e do espírito, e<br />

<strong>de</strong>positando no homem a confiança <strong>de</strong> que é chegada a hora<br />

<strong>de</strong> sair da estagnação e evoluir.<br />

No livro “A Caminho da Luz”, capítulo I, Emmanuel, já nos<br />

<strong>de</strong>ixava isso bastante claro, ao dizer:<br />

“A Ciência <strong>de</strong> todos os séculos está cheia <strong>de</strong> apóstolos e<br />

missionários. Todos eles foram inspirados ao seu tempo,<br />

refletindo a clarida<strong>de</strong> das Alturas, que as experiências do<br />

Infinito lhes imprimiram na memória espiritual, e<br />

exteriorizando os <strong>de</strong>feitos e concepções da época em que<br />

viveram, na feição humana <strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong>.”<br />

Tem-se por óbvio que a cada um, segundo as suas obras e<br />

que a lei natural jamais será revogada, portanto, usando do<br />

livre-arbítrio, cada um respon<strong>de</strong>rá pelo mau uso do benefício<br />

Seareiro


divino que ora nos é concedido, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />

utilizado em benefício da própria Humanida<strong>de</strong>.<br />

Não tenhamos dúvida <strong>de</strong> que Espíritos amoráveis estão<br />

mobilizados e empenhados em nos assistir, inspirando<br />

aqueles que reúnem as condições necessárias para assimilar<br />

o empenho da Espiritualida<strong>de</strong> em mais este passo evolutivo,<br />

trazendo a lume conhecimentos científicos que, por certo,<br />

antes <strong>de</strong> serem materializados em nosso benefício, já se<br />

encontram consolidados nas esferas espirituais.<br />

Vamos ver o que nos explica Emmanuel, através das mãos<br />

do nosso querido Francisco Cândido Xavier, no livro “O<br />

Consolador”:<br />

“Questão 90 — As ciências aplicadas, como a Agricultura, a<br />

Engenharia, a Medicina, a Educação e a Economia<br />

representam o campo <strong>de</strong> esforço dos Espíritos encarnados,<br />

para amplificação dos conhecimentos do homem, em<br />

benefício da Humanida<strong>de</strong>?<br />

— As ciências aplicadas são as forças que se mobilizam<br />

para as comodida<strong>de</strong>s da civilização; todavia, apesar <strong>de</strong> suas<br />

características materiais, é <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus quadros que se<br />

organizam os esforços abençoados do Espírito, em provas <strong>de</strong><br />

regeneração ou em missões purificadoras, na sua marcha<br />

ascensional para o Perfeito.”<br />

Entrosando-se com as ativida<strong>de</strong>s complementares das<br />

<strong>de</strong>mais expressões científicas do planeta, todas se<br />

harmonizam, nas lutas do homem, com recursos terrenos<br />

para o <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato das finalida<strong>de</strong>s divinas.<br />

“Questão. 91: — No quadro das ciências, as inspirações do<br />

Plano Superior são <strong>de</strong>stinadas a <strong>de</strong>terminados estudiosos,<br />

ou lançadas <strong>de</strong> maneira geral para todos os cientistas?<br />

— Nos <strong>de</strong>partamentos da ativida<strong>de</strong> científica existe, às<br />

vezes, esse ou aquele missionário, com tarefa especializada<br />

e conferida tão- somente ao seu esforço.”<br />

Em se tratando, porém, <strong>de</strong> idéias e aparelhos novos, nos<br />

movimentos evolutivos, as inspirações do Plano Espiritual<br />

são distribuídas em todas as correntes do pensamento<br />

humano, percebendo-as, contudo, somente aqueles que se<br />

encontram sintonizados com as suas vibrações.<br />

Estamos percebendo que, na medida em que buscamos<br />

explicações <strong>de</strong>ntro dos compêndios doutrinários, mais se<br />

confirma a necessida<strong>de</strong> da perfeita sintonia entre ciência e<br />

religião, na busca do crescimento espiritual.<br />

Atentemos para a questão 260 do mesmo livro, “O<br />

Consolador”:<br />

“— Em face da Ciência e da Filosofia como interpretar a<br />

Religião nas ativida<strong>de</strong>s da vida?<br />

— Religião é o sentimento divino cujas exteriorizações são<br />

sempre o <strong>Amor</strong>, nas expressões mais sublimes. Enquanto a<br />

Ciência e a Filosofia operam o trabalho da experimentação e<br />

do raciocínio, a Religião edifica e ilumina os sentimentos.”<br />

As primeiras se irmanam na Sabedoria, a segunda<br />

personifica o <strong>Amor</strong>, as duas asas divinas com que a alma<br />

humana penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da<br />

Espiritualida<strong>de</strong>.<br />

Lembremos, ainda, as palavras <strong>de</strong>André Luiz na lição 43 do<br />

livro “Conduta Espírita”:<br />

“Colaborar com as iniciativas que enobreçam as pesquisas<br />

e os estudos da inteligência, sem propósitos <strong>de</strong>strutivos.<br />

Livros básicos da doutrina espírita. Temos os 419 livros<br />

psicografados por Chico Xavier, romances <strong>de</strong> diversos<br />

autores, revistas e jornais espíritas. Distribuição<br />

permanente <strong>de</strong> edificantes mensagens.<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

Toda ciência que objetiva o progresso humano vem do<br />

socorro espiritual”.<br />

Confiemos, trabalhemos e busquemos aprimorar a nossa<br />

sensibilida<strong>de</strong> para receber dos Espíritos, as recomendações<br />

que nossos ouvidos mortais são incapazes <strong>de</strong> registrar.<br />

No livro “Entre Irmãos <strong>de</strong> Outras Terras”, pela psicografia <strong>de</strong><br />

Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, na lição 31,<br />

vejamos o que diz Gabriel Delanne, em uma das questões<br />

formuladas porAndré Luiz:<br />

“— Para que região <strong>de</strong>vemos, nós, a seu ver, conduzir a<br />

pesquisa científica na Terra, <strong>de</strong> vez que a conquista da<br />

paisagem material <strong>de</strong> outros planetas não adiantará muito ao<br />

progresso moral das criaturas?<br />

— Devemos estimular os estudos em torno da matéria e da<br />

reencarnação, analisar o reino maravilhoso da mente e situar<br />

no exercício da mediunida<strong>de</strong> as obras da fraternida<strong>de</strong>, da<br />

orientação, do consolo e do alívio às múltiplas enfermida<strong>de</strong>s<br />

das criaturas terrenas...”<br />

Assim, benditos seremos nós, a Humanida<strong>de</strong>, se<br />

caminharmos ombreando com os Espíritos abnegados que<br />

nos indicam os caminhos das novas <strong>de</strong>scobertas. Mas pobre<br />

Humanida<strong>de</strong>, se <strong>de</strong>svirtuarmos as sagradas finalida<strong>de</strong>s das<br />

faculda<strong>de</strong>s ora em nossas mãos <strong>de</strong>positadas!<br />

Ciência e Religião <strong>de</strong>vem caminhar em uníssono. Aliás, a<br />

comunhão religiosa entre os mais diversos segmentos já não<br />

é uma quimera. Ao contrário, é <strong>de</strong> se observar que já se<br />

esboça uma discreta união entre as religiões profetizadas por<br />

alguns povos.<br />

Se a Ciência faz avanços, cabe às religiões <strong>de</strong>scerrar o véu<br />

da ignorância e colocar-lhe lado a lado, o <strong>Amor</strong>, regra primeira<br />

<strong>de</strong> todos os credos.<br />

E se a doutrina dos Espíritos já <strong>de</strong>scerrou esse véu, a sua<br />

parte está cumprida e disponibilizada a todos aqueles que<br />

queiram ter olhos <strong>de</strong> ver e ouvidos <strong>de</strong> ouvir.<br />

Permita Deus que aprendamos a efetivamente abrir os<br />

nossos olhos espirituais, que é o que nos compete. Paremos<br />

<strong>de</strong> ficar inertes, acomodados no conformismo, que mais se<br />

revela preguiça do que dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão.<br />

Sem dúvida nenhuma, a matéria é vasta, séria e merece a<br />

atenção <strong>de</strong> todos. Porém, procuremos nos ater somente aos<br />

princípios básicos da doutrina.<br />

Diante <strong>de</strong> tais princípios, somos levados a admitir que a<br />

Ciência está buscando uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida para<br />

tantos irmãos nossos que sofrem com as enfermida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

que estão acometidos, sem que isso signifique violação às<br />

leis naturais, aos princípios morais, à misericórdia divina.<br />

Ao contrário, é a Lei do <strong>Amor</strong> atuando. É a certeza <strong>de</strong> que,<br />

como sempre apren<strong>de</strong>mos, Jesus veio para que todos<br />

tenham vida, e vida em abundância e que a sabedoria e o<br />

conhecimento científico nos foram concedidos para<br />

evoluirmos.<br />

Confiemos em Deus. Confiemos no homem, criado à sua<br />

imagem e semelhança!<br />

“UM POUCO DE CIÊNCIA NOS AFASTA DE DEUS.<br />

MUITA, NOS APROXIMA” (Louis Pasteur).<br />

Indaiá<br />

Bibliografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula-tronco<br />

Banca <strong>de</strong> Livros <strong>Espíritas</strong> “Joaquim Alves (Jô)”<br />

Praça Presi<strong>de</strong>nte Castelo Branco<br />

Centro - Dia<strong>de</strong>ma - SP<br />

Telefone (11) 4043-4500 com Roberto<br />

Horário <strong>de</strong> funcionamento: 8 às 19h30<br />

Segunda-feira a Sábado<br />

13


Kar<strong>de</strong>c em Estudo<br />

kar<strong>de</strong>c em estudo<br />

Lembrança da Existência Corporal<br />

O Livro dos Espíritos - Livro II<br />

“ ”<br />

Capitulo VI - Vida Espírita<br />

Questão 308 – O Espírito se lembra <strong>de</strong> todas as existências que prece<strong>de</strong>ram a última, que acaba <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar?<br />

“Todo o seu passado se <strong>de</strong>senrola diante <strong>de</strong>le, como as etapas do caminho que o viajante percorreu. Mas dissemos que ele<br />

não se lembra <strong>de</strong> maneira absoluta <strong>de</strong> todos os seus atos, recordando-os em razão da influência que têm sobre seu estado<br />

presente. Quanto às primeiras existências, as que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar a infância do Espírito, per<strong>de</strong>m-se no vago e<br />

<strong>de</strong>saparecem na noite do esquecimento.”<br />

14<br />

Ao <strong>de</strong>sencarnar, tudo, a princípio, é confuso.<br />

O Espírito se acha aturdido, necessita <strong>de</strong> algum<br />

tempo para se orientar sobre sua situação.<br />

Esta perturbação que segue à morte do<br />

corpo varia muito <strong>de</strong> Espírito para Espírito,<br />

po<strong>de</strong>ndo levar algumas horas, muitos meses ou<br />

muitos anos.<br />

A perturbação é menos longa para o homem<br />

<strong>de</strong> Bem, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua vida terrena se<br />

prepara para a vida futura, o que lhe permite um<br />

<strong>de</strong>spertar tranqüilo no plano espiritual. Já os<br />

que não têm a consciência pura, a perturbação<br />

é cheia <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> e angústias, que<br />

aumentam à medida que ela se reconhece.<br />

Quanto mais a influência da matéria diminui,<br />

a luci<strong>de</strong>z das idéias e a memória do passado<br />

voltam.<br />

Ao <strong>de</strong>sencarnar, a lembrança da existência<br />

corporal não se apresenta ao Espírito <strong>de</strong><br />

maneira completa e <strong>de</strong> súbito, mas sim<br />

gradualmente, semelhante a algo que vai<br />

surgindo <strong>de</strong> um nevoeiro até que o Espírito<br />

consegue fixar sua atenção.<br />

O Espírito se recorda dos acontecimentos,<br />

em razão das conseqüências que tiveram sobre<br />

a sua situação atual. Po<strong>de</strong>ria se lembrar dos<br />

<strong>de</strong>talhes e <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes mais minuciosos, seja<br />

<strong>de</strong> acontecimentos, ou até mesmo <strong>de</strong> seus<br />

pensamentos, contudo, muitas circunstâncias<br />

não são consi<strong>de</strong>radas importantes, e, por não<br />

terem utilida<strong>de</strong>, nem procura se lembrar.<br />

Quando <strong>de</strong>sencarnado, o Espírito vê e<br />

compreen<strong>de</strong> muito melhor, do que quando<br />

encarnado, a finalida<strong>de</strong> da vida terrena, a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>purar para progredir e<br />

sabe que, em cada existência, se liberta <strong>de</strong><br />

algumas impurezas.<br />

A vida passada se retrata na memória do<br />

Espírito ou por um esforço da sua imaginação,<br />

ou como numa tela ou num quadro que tenha<br />

diante dos olhos. Todos os atos que são <strong>de</strong> seu<br />

interesse ele lembra, como se fossem atuais,<br />

outros ficam mais ou menos vagos ou<br />

totalmente esquecidos.<br />

Quanto mais se <strong>de</strong>smaterializa, menos<br />

importância atribui ao que é material e passa a<br />

ver as coisas com maior clareza e se lembra<br />

muito bem dos fatos principais que o ajudaram a<br />

procurar meios <strong>de</strong> se tornar melhor.<br />

As lembranças das primeiras existências, as<br />

consi<strong>de</strong>radas como a infância do Espírito,<br />

per<strong>de</strong>m-se no tempo e <strong>de</strong>saparecem no<br />

esquecimento.<br />

Lembremos que a recordação do passado,<br />

ao <strong>de</strong>sencarnar, somente acontece quando tem<br />

utilida<strong>de</strong> para o esclarecimento espiritual. Tanto<br />

a reencarnação, quanto a <strong>de</strong>sencarnação são<br />

assistidas por bons Espíritos, que sabem do<br />

que precisa o Espírito <strong>de</strong>sencarnado e quais<br />

experiências são importantes para serem<br />

recordadas e, mesmo assim, a recordação do<br />

passado não é absoluta.<br />

Diante dos esclarecimentos acima, estamos<br />

preparados para o <strong>de</strong>sencarne?<br />

Como tem sido o seu dia-a-dia?<br />

Preparemo-nos, através do estudo <strong>de</strong> obras<br />

sérias como as <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c e <strong>de</strong> Chico Xavier;<br />

façamos o culto do Evangelho em nosso lar;<br />

freqüentemos instituições sérias; pratiquemos<br />

a Carida<strong>de</strong> começando com a nossa família e<br />

esten<strong>de</strong>ndo-a ao próximo; analisemo-nos para<br />

verificar se estamos dando o máximo <strong>de</strong> nós<br />

mesmos; aproveitemos todas as oportunida<strong>de</strong>s<br />

do trabalho no campo do Bem.<br />

“Fora da carida<strong>de</strong> não há salvação!” O<br />

Mestre Jesus nos ensinou isto, através <strong>de</strong> Seus<br />

exemplos.<br />

O “<strong>Amor</strong>” é a cura para todos os males!<br />

Então, o que estamos esperando para nos<br />

preparar para a vida futura? Comecemos agora<br />

e aqui, em nossa vida terrena!<br />

Silvana Gimenez<br />

Bibliografia: O Livro dos Espíritos - Allan Kar<strong>de</strong>c -<br />

tradução <strong>de</strong> Salvador Gentile, Ed. IDE, 124ª ed., 1999.<br />

Imagem:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/comm<br />

ons/7/71/Nebel_Alle_Fog.JPG<br />

Seareiro


Cantinho do Verso em Prosa<br />

cantinho do verso em prosa<br />

Senhor, Ensina-nos<br />

Senhor!<br />

Sabemos o que nos dizes. Ensina-nos a escutar-Te.<br />

Conhecemos o caminho. Ensina-nos a percorrê-lo.<br />

Procuramos a paz. Ensina-nos a <strong>de</strong>scobri-la.<br />

Possuímos o amor. Ensina-nos a sublimá-lo.<br />

Temos o trabalho. Ensina-nos a servir.<br />

Conce<strong>de</strong>ste-nos a fé. Ensina-nos a mantê-la.<br />

Colhemos o benefício. Ensina-nos a plantá-lo.<br />

Admiramos a humilda<strong>de</strong>. Ensina-nos a adquiri-la.<br />

Medimos o tempo. Ensina-nos a aproveitá-lo.<br />

Retemos recursos. Ensina-nos a distribuí-los.<br />

Necessitamos da or<strong>de</strong>m. Ensina-nos a guardá-la.<br />

Numa sexta-feira, em Uberaba, uma senhora, trazendo<br />

em seus braços uma criança excepcional, perguntou ao<br />

Chico:<br />

— Chico, sou mãe <strong>de</strong>ssa criança especial. Veja meu<br />

estado, sofrido e muito amargo. Queria muito ser mãe, mas<br />

gostaria <strong>de</strong> saber <strong>de</strong> seu guia Emmanuel, por que... por<br />

que tenho que passar por isso?<br />

Chico olhando-a com brandura e, certamente orando,<br />

enquanto a ouvia... respon<strong>de</strong>u:<br />

— Minha filha, a maternida<strong>de</strong> é um privilégio que Deus<br />

conce<strong>de</strong> à mulher. Se você <strong>de</strong>sfruta <strong>de</strong>sse privilégio da<br />

Providência Divina, essa filha especial, como você diz, lhe<br />

foi confiada por Deus porque esses espíritos só são<br />

confiados pelo Pai Criador às gran<strong>de</strong>s mulheres, porque só<br />

elas é que são capazes <strong>de</strong> amar até o Infinito. Um dia, na<br />

Eternida<strong>de</strong>, esse espírito lhe retribuirá, em dobro, os<br />

cuidados e o amor que, hoje, você lhe oferece.<br />

E a senhora, chorando, beija as mãos daquela criatura que<br />

soube fazê-la compreen<strong>de</strong>r que ser mãe é amar o<br />

reencarnante, não por seu estado físico, mas, sim, pelo seu<br />

estado espiritual. E ela voltou ao seu lar, animada e feliz,<br />

acariciando a filha que sorria, aparentando ter ouvido as<br />

palavras <strong>de</strong> Chico Xavier.<br />

(Esse acontecimento foi presenciado por todos aqueles<br />

que participaram na reunião <strong>de</strong> sexta-feira, em Uberaba -<br />

Minas Gerais, em setembro <strong>de</strong> 1970).<br />

***<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

Ansiamos por mais luz. Ensina-nos a estendê-la.<br />

Assimilamos a cultura. Ensina-nos a iluminá-la.<br />

Senhor!<br />

On<strong>de</strong> estivermos, e com quem estivermos; sejam<br />

quais forem as nossas dificulda<strong>de</strong>s e problemas;<br />

faze-nos reconhecer que somos Teus aprendizes!<br />

Por acréscimo <strong>de</strong> misericórdia, não nos entregues a<br />

nós mesmos!<br />

Renova-nos no que somos para que sejamos o que<br />

<strong>de</strong>vemos ser, <strong>de</strong> acordo com os Teus Desígnios!<br />

E seja qual for a tarefa em que a Tua Infinita Bonda<strong>de</strong><br />

nos situe, ensina-nos, Senhor, a compreen<strong>de</strong>r e<br />

amar, abençoar e servir contigo, hoje e sempre.<br />

Emmanuel<br />

Nessa edição do Verso e Prosa, trazemos um belo poema do Espírito-Guia do nosso Francisco Cândido Xavier - Emmanuel.<br />

E é, <strong>de</strong>le mesmo, a prosa, on<strong>de</strong> sentimos a emoção <strong>de</strong>ssa poesia e conversa com Jesus.<br />

Senhor, Ensina-nos.<br />

Elielce<br />

Bibliografia: Recanto <strong>de</strong> Paz - Francisco Cândido Xavier / Espíritos Diversos, Editora Fundação Marietta Gaio, 1ª ed., 1976.<br />

Pegadas <strong>de</strong> Chico Xavier<br />

pegadas <strong>de</strong> chico xavier<br />

Fatos Pitorescos<br />

Quando Chico fazia as<br />

peregrinações, nas noites<br />

<strong>de</strong> sábado, visitando os<br />

lares carentes dos bairros<br />

próximos à Comunhão<br />

Espírita Cristã, ele, nas<br />

conversações durante o<br />

trajeto, citava muitas<br />

passagens do Evangelho,<br />

que eram verda<strong>de</strong>iros<br />

mananciais <strong>de</strong> sabedoria.<br />

Ex.: Dizia Chico:<br />

— Quando Jesus curou<br />

um cego, os ju<strong>de</strong>us foram<br />

saber do cego o que Ele<br />

havia feito.<br />

“Não sei, disse o cego,<br />

Ele apenas mandou-me que<br />

fosse ao tanque; fui e laveime...<br />

e voltei a ver.”<br />

Vemos aí, dizia Chico, o ensinamento <strong>de</strong> Jesus — A<br />

obrigação foi para cego procurar o tanque, achá-lo e crer. E,<br />

principalmente, lavar-se das impurezas. Foi aí que o cego<br />

enxergou a Verda<strong>de</strong>.<br />

Num outro comentário, Chico relembra para todas as<br />

pessoas, que o acompanhavam na peregrinação, a<br />

passagem on<strong>de</strong> Jesus ressuscita Lázaro, dizendo:<br />

“Lázaro, vem para fora, saia <strong>de</strong>sse túmulo.”<br />

De imediato, Lázaro volta à vida; saiu <strong>de</strong> seu atrofiamento<br />

espiritual, mas o esforço foi <strong>de</strong>le, o <strong>de</strong> vencer o egoísmo que o<br />

fazia estacionar no crescimento espiritual.<br />

15


E Chico prosseguia:<br />

— Não po<strong>de</strong>mos curar um cego, como fez Jesus, mas<br />

po<strong>de</strong>mos ajudá-lo na sua movimentação, lermos uma página<br />

<strong>de</strong> um livro edificante e tratá-lo como um ser comum para<br />

vencer uma fase <strong>de</strong> reconstrução espiritual.<br />

Não po<strong>de</strong>mos ressuscitar um morto, como fez Jesus, mas<br />

Na Tarefa Mediúnica<br />

Entrevista feita com Chico Xavier em 17 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1988, por Geraldo Lemos Neto.<br />

Pergunta: Chico, em seu primeiro encontro com<br />

Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina. Teria falado algo<br />

mais?<br />

Resposta: Depois <strong>de</strong> haver salientado a disciplina como<br />

elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me<br />

disse: "Temos algo a realizar."<br />

Repliquei, <strong>de</strong> minha parte, qual seria esse algo e o benfeitor<br />

esclareceu: "trinta livros pra começar!"<br />

Consi<strong>de</strong>rei, então: como avaliar esta informação se somos<br />

uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio<br />

trabalho diário, e a publicação <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong>manda tanto<br />

dinheiro!... Já que meu pai lidava com bilhetes <strong>de</strong> loteria, eu<br />

acrescentei: Será que meu pai vai tirar a sorte gran<strong>de</strong>?<br />

Emmanuel respon<strong>de</strong>u: "Nada, nada disso. A maior sorte<br />

gran<strong>de</strong> é a do trabalho com a fé viva na Providência <strong>de</strong> Deus.<br />

Os livros chegarão através <strong>de</strong> caminhos inesperados!"<br />

Algum tempo <strong>de</strong>pois, enviando as poesias <strong>de</strong> "Parnaso <strong>de</strong><br />

Além-Túmulo" para um dos diretores da Fe<strong>de</strong>ração Espírita<br />

Brasileira, tive a grata surpresa <strong>de</strong> ver o livro aceito e<br />

publicado em 1932. A este livro, seguiram-se outros e, em<br />

1947, atingimos a marca <strong>de</strong> 30 livros.<br />

Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se<br />

a tarefa estava terminada. Ele, então, consi<strong>de</strong>rou, sorrindo:<br />

"Agora começaremos uma nova série <strong>de</strong> trinta volumes."<br />

Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara.<br />

Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava quase<br />

<strong>de</strong> mudança para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba, on<strong>de</strong> cheguei a 5 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1959. O gran<strong>de</strong> benfeitor explicou-me, com<br />

paciência: "Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa<br />

Atualida<strong>de</strong><br />

Viver e Existir<br />

Comece a viver, amando. Enquanto você não doar um<br />

tanto <strong>de</strong> sua própria alma à edificação daqueles que partilham<br />

<strong>de</strong> sua caminhada na presente experiência reencarnatória,<br />

você continuará existindo apenas.<br />

Existir, porém, não é viver. Existimos no mundo por força da<br />

Criação Divina.<br />

Não po<strong>de</strong>remos, entanto, equiparar-nos aos vegetais e aos<br />

animais que <strong>de</strong>sfrutam conosco a escala zoológica apenas<br />

num <strong>de</strong>grau inferior, simplesmente <strong>de</strong>sfrutando um lugar ao<br />

sol.<br />

Somos chamados a <strong>de</strong>senvolver-nos em sentido maior.<br />

Deveremos criar, também, à nossa volta.<br />

Criar, contudo, apenas no sentido <strong>de</strong> conforto físico não<br />

nos faz melhores que um joão-<strong>de</strong>-barro, que também edifica a<br />

sua própria casa; ou que uma serpente que apropria o seu<br />

16<br />

atualida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>mos orar pela sua liberda<strong>de</strong> espiritual e consolar a<br />

família que, muitas vezes, entra em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão.<br />

Precisamos espalhar os ensinamentos do Cristo. Senão a<br />

nossa culpa será maior do que aqueles que nada crêem.<br />

Érica<br />

Imagem:http://www.universoespirita.org.br/chicoxavier/chico_fotos/f<br />

oto277.gif<br />

tarefa estava completa e quero informar a você<br />

que os mentores da Vida Maior, perante os quais<br />

<strong>de</strong>vo também estar disciplinado, me advertiram<br />

que nos cabe chegar ao limite <strong>de</strong> cem livros."<br />

Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram. Quando<br />

alcançamos o número <strong>de</strong> 100 volumes publicados, voltei a<br />

consultá-lo sobre o termo <strong>de</strong> nossos compromissos. Ele<br />

esclareceu, com boa vonta<strong>de</strong>: "Você não <strong>de</strong>ve pensar em agir<br />

e trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação <strong>de</strong><br />

dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos<br />

orientam, expediram certa instrução que <strong>de</strong>termina seja a sua<br />

atual reencarnação <strong>de</strong>sapropriada, em benefício da<br />

divulgação dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a<br />

sua existência, do ponto <strong>de</strong> vista físico, à disposição das<br />

entida<strong>de</strong>s espirituais que possam colaborar na execução das<br />

mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto<br />

para as nossas ativida<strong>de</strong>s."<br />

Muito <strong>de</strong>sapontado, perguntei: então <strong>de</strong>vo trabalhar na<br />

recepção <strong>de</strong> mensagens e livros do mundo espiritual até o fim<br />

da minha vida atual? Emmanuel acentuou: "Sim, não temos<br />

outra alternativa!"<br />

Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a<br />

interrogar: e se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita<br />

ensina que somos portadores do livre-arbítrio para <strong>de</strong>cidir<br />

sobre os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então, <strong>de</strong>u<br />

um sorriso <strong>de</strong> benevolência paternal e me cientificou: "A<br />

instrução a que me refiro é semelhante a um <strong>de</strong>creto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sapropriação, quando lançado por autorida<strong>de</strong> da Terra. Se<br />

você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os<br />

orientadores <strong>de</strong>ssa obra <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>dicarmos ao Cristianismo<br />

Redivivo, <strong>de</strong> certo que eles terão autorida<strong>de</strong> bastante para<br />

retirar você <strong>de</strong> seu atual corpo físico!"<br />

Quando eu ouvi sua <strong>de</strong>claração, silenciei para pensar na<br />

gravida<strong>de</strong> do assunto, e continuo trabalhando, sem a menor<br />

expectativa <strong>de</strong> interromper ou dificultar o que passei a chamar<br />

<strong>de</strong> "Desígnios <strong>de</strong> Cima."<br />

covil. Certo é que nossas obras po<strong>de</strong>rão ser mais<br />

sofisticadas, já que utilizamos os apêndices que a<br />

Providência Divina nos oferece por braços e mãos e a<br />

imaginação que <strong>de</strong>senvolvemos no curso <strong>de</strong> milênios <strong>de</strong><br />

busca do bem-estar.<br />

Nossa criação <strong>de</strong>ve ten<strong>de</strong>r para o sublime.<br />

Serão os bens do campo da alma — únicos que não se<br />

<strong>de</strong>stroem com o tempo e nem po<strong>de</strong>m ser tomados<br />

in<strong>de</strong>bitamente, já que ninguém manuseará o que somos na<br />

intimida<strong>de</strong> do ser.<br />

Integremo-nos na ação divina. O mundo precisa <strong>de</strong> nossa<br />

colaboração, a fim <strong>de</strong> dinamizar o seu panorama espiritual,<br />

para crescer no sentido da própria vida, sem que sejamos<br />

semelhantes a parasitas que sobrevivem da seiva alheia.<br />

Quanta insatisfação — por lutar contra a nossa natureza.<br />

Quanta frustração — por alimentarmo-nos <strong>de</strong> ilusões.<br />

Quanto egoísmo — por sermos tardos <strong>de</strong> afeto.<br />

Quanto orgulho — por não medir o que ignoramos.<br />

Quanta angústia — por existir sem viver.<br />

Seareiro


Uma percentagem arrasadora <strong>de</strong> nossos sofrimentos po<strong>de</strong> porque preferimos existir embrionariamente, fugindo da<br />

ser imputada a essa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ausentes da vida, já que nos délivrance maior.<br />

comprazemos em apenas existir e proclamamos a existência Integremo-nos com nossos semelhantes. Sirvamos<br />

qual se fora a própria vida.<br />

sempre.Aprendamos a viver, apren<strong>de</strong>ndo a amar.<br />

Só o amor faz-nos nascer para a Vida.<br />

J. Alexandre<br />

Estamos, quase todos, num longo e moroso processo <strong>de</strong><br />

gestação espiritual, ignorando a real luz <strong>de</strong> nosso mundo,<br />

1<br />

__________________<br />

1<br />

Délivrance, palavra francesa, significa: entrega, libertação; em<br />

termos médicos, parto, nascimento.<br />

Família<br />

Religião no Lar<br />

Não é nossa intenção exercer qualquer crítica sobre o<br />

comportamento dos pais, uma vez que reconhecemos o livrearbítrio<br />

<strong>de</strong> cada um, mas queremos apenas relembrar a<br />

importância da religião no lar.<br />

Não nos cabe, também, indicá-las mas, <strong>de</strong>ntro da Doutrina<br />

Espírita, uma das palavras respeitabilíssimas é do nosso<br />

Francisco Cândido Xavier (nosso Chico), que nos <strong>de</strong>ixa lições<br />

tão profundas, principalmente quando dirigidas à família e aos<br />

pais, essas criaturas que, pela Misericórdia Divina, por<br />

empréstimo, acolhem os filhos <strong>de</strong> Deus como seus, com o<br />

compromisso <strong>de</strong> os educarem para o <strong>de</strong>senvolvimento moral<br />

e material.<br />

Esquecendo-se <strong>de</strong>sse compromisso, vão direto para a<br />

pseudo “felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les”. Boas babás,<br />

brinquedos mo<strong>de</strong>rnos, escolinhas etc. Mas<br />

nosso Chico, alertando-os, diz:<br />

“Reconheçamos, <strong>de</strong>sse modo, que a<br />

instrução da inteligência, por si só, não nos<br />

basta ao equilíbrio e à felicida<strong>de</strong>. Em tempo<br />

algum ser-nos-á lícito menosprezar o apoio<br />

da orientação espiritual que tão-somente a<br />

fé religiosa po<strong>de</strong> proporcionar ao coração.”<br />

(lição 24).<br />

É consi<strong>de</strong>rável colocar seus filhos nas<br />

melhores escolas, conce<strong>de</strong>ndo-lhes os<br />

possíveis bens materiais, mas nosso<br />

Chico, preocupado com as quedas morais,<br />

nos ensina:<br />

“Sem a cooperação no lar cristão, é<br />

quase impossível a escola cristã operar<br />

com eficiência necessária. Impossível<br />

relegar aos professores todos os<br />

problemas da formação espiritual <strong>de</strong> uma<br />

criança. A tarefa dos pais e das mães é uma<br />

tarefa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais para ser esquecida.<br />

Precisa <strong>de</strong> um reavivamento profundo no que se reporta à fé<br />

cristã, entre as pare<strong>de</strong>s domésticas, para que a nossa<br />

civilização possa sobreviver.” (lição 68).<br />

Quando ele nos diz “sobreviver”, é por conhecer nossas<br />

fraquezas e o pouco preparo que possuímos para não<br />

cairmos em tentações e vícios <strong>de</strong> todos os prismas.<br />

Pais, todo esforço será pequeno para que o Evangelho se<br />

faça presente em seu lar, trazendo momentos abençoados a<br />

todos.<br />

Dentre tantas lições <strong>de</strong> nosso Chico, uma é tão carinhosa<br />

que não po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> transcrevê-la, como prenúncio<br />

da renovação do lar:<br />

“Ainda mesmo quando o pai não tenha vocação suficiente<br />

para conversar em torno dos temas do Nosso Senhor Jesus<br />

Cristo, aos quais ele, um dia, fatalmente se afeiçoará, porque<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

familia<br />

são os temas da verda<strong>de</strong>, esse pai <strong>de</strong>ve reunir-se com a<br />

família, pelo menos semanalmente e conversar com amor,<br />

perguntar aos filhos o que sentem e o que pensam da escola,<br />

se estão <strong>de</strong>frontados por algum problema e que problema<br />

vem a ser esse, suprimir-lhes a irritação ou o <strong>de</strong>sgosto quando<br />

aparecem, sindicar dos filhos a razão <strong>de</strong> uma nota menos alta<br />

no ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> lições e indagar por que não se <strong>de</strong>sincumbiram<br />

das tarefas escolares com a eficiência precisa. Geralmente,<br />

atribuímos às mães a obrigação total <strong>de</strong> amparar moralmente<br />

os filhos, mas urge notar que a cooperação do pai é<br />

indispensável, principalmente em matéria <strong>de</strong> educação,<br />

porque a escola não prescin<strong>de</strong> da paz no lar.” (lição 77).<br />

Notemos que os compromissos materiais foram<br />

preservados, pois a sua evolução é também necessária,<br />

porém nada po<strong>de</strong>rá ser aproveitado integralmente se,<br />

paralelamente, não forem <strong>de</strong>senvolvidos os princípios<br />

espirituais / morais, pois, sem os quais, os filhos serão<br />

aqueles profissionais que só executarão<br />

suas obrigações na medida dos valores<br />

monetários pagos.<br />

Sabemos que muitos pais estão<br />

questionando as razões <strong>de</strong> insistirmos<br />

tanto no que se refere à Família Cristã,<br />

lembrando que, nos dias atuais, os pais<br />

querem ser “bonzinhos” e não “bons<br />

pais” e há uma gran<strong>de</strong> diferença. Muitas<br />

vezes, ouvimos falar que ser mãe é<br />

sofrer no paraíso e é uma gran<strong>de</strong><br />

realida<strong>de</strong>, já que muitas e muitas vezes<br />

temos que falar “não” ao filho quando, no<br />

íntimo, nossa vonta<strong>de</strong> é <strong>de</strong> atendê-lo.<br />

Lembramos, nesse momento, nossos<br />

pais que são <strong>de</strong>srespeitados, pois não<br />

enten<strong>de</strong>mos, até agora, que a educação<br />

que nos <strong>de</strong>ram foram as melhores<br />

possíveis. Sabiam eles que só agradar<br />

não educa um filho.<br />

Busquemos, <strong>de</strong>ntro do Evangelho, as<br />

orientações necessárias, <strong>de</strong>ixando por<br />

instantes as revistas e os jornais, lendo livros que possam<br />

reavivar o Cristianismo em nosso coração para levá-lo ao lar,<br />

com o respeito e a dignida<strong>de</strong> que se fazem necessários.<br />

Para completarmos, nosso Chico lembra:<br />

“Incentivemos o culto do Evangelho <strong>de</strong> Jesus em casa, com<br />

o hábito da oração. Na edificação <strong>de</strong>ste propósito, não<br />

olvi<strong>de</strong>mos o concurso dos pais cristãos ao das mães cristãs.<br />

Os homens entregaram às suas esposas sacrificadas por<br />

afazeres domésticos todos os serviços <strong>de</strong> formação espiritual<br />

dos filhos. Quantos <strong>de</strong> nós, homens, quando assumimos a<br />

responsabilida<strong>de</strong> com a formação <strong>de</strong> uma casa, quantos <strong>de</strong><br />

nós abandonamos à companheira aquele filho que o Senhor<br />

nos confiou e acreditamos que este serviço pertence a ela, e<br />

não a nós, e não achamos nem mesmo tempo para uma<br />

conversa semanal, pelo menos, com os filhos, a respeito das<br />

17


necessida<strong>de</strong>s espirituais em que se encontram! Não<br />

ignoramos que as mães fornecem habitualmente o tempo<br />

integral do dia à assistência familiar, mas é preciso que os pais<br />

encontrem ocasião para o diálogo... Acreditamos que só um<br />

sentimento religioso amplamente <strong>de</strong>senvolvido po<strong>de</strong><br />

enriquecer o lar <strong>de</strong> bênçãos da doutrina cristã e que está<br />

Clube do Livro<br />

Enviado aos assinantes do<br />

Clube do Livro Espírita<br />

“Joaquim Alves (Jô)”, no mês<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2008, o resultado<br />

do trabalho psicografado por<br />

Francisco Cândido Xavier,<br />

através <strong>de</strong> Espíritos que foram<br />

militares em sua última<br />

encarnação.<br />

O livro em foco traz<br />

mensagens, organizadas por<br />

Wanda <strong>Amor</strong>im Joviano e<br />

colaboradores das reuniões<br />

realizadas do culto no lar, no<br />

Grupo Doméstico Arthur Joviano, entre os anos <strong>de</strong> 1936 a<br />

1952, na Fazenda Mo<strong>de</strong>lo, em Pedro Leopoldo - MG.<br />

Relata mensagens diversas <strong>de</strong> Espíritos trazendo<br />

reconforto, agra<strong>de</strong>cimento e, antes <strong>de</strong> mais nada, o<br />

fortalecimento para o trabalho no campo do bem, diante das<br />

dificulda<strong>de</strong>s que iam sendo enfrentadas,como por exemplo,<br />

na enfermida<strong>de</strong> do General Aurélio <strong>de</strong> <strong>Amor</strong>im, avô <strong>de</strong><br />

Livro em Foco<br />

18<br />

clube do livro<br />

Militares no Além<br />

livro em foco<br />

Ação, Vida e Luz<br />

Apresentamos neste mês o comentário sobre o livro “Ação,<br />

Vida e Luz”, que teve a sua 1ª edição em<br />

1991, e que traz várias mensagens<br />

psicografadas pelo nosso querido Chico<br />

Xavier, <strong>de</strong>ntre elas algumas <strong>de</strong> 1936 e 1938,<br />

período anterior à 2ª Guerra Mundial.<br />

Sabedores, hoje, dos acontecimentos<br />

políticos e sociais que levaram à 2ª Guerra<br />

Mundial, ao lermos as mensagens <strong>de</strong><br />

Emmanuel, verificamos os alertas para a<br />

prevenção da guerra que este valoroso<br />

companheiro espiritual emitia, quando<br />

escrevia sobre as funestas conseqüências<br />

das ditaduras européias.<br />

Ressalta ainda a necessida<strong>de</strong> sempre<br />

presente da cooperação entre as nações,<br />

fazendo um aviso que po<strong>de</strong> ser muito bem<br />

estendido para os dias atuais:<br />

“O que verificamos é que, sem a prática da<br />

fraternida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira, todos esses<br />

movimentos pró-paz são encenações<br />

diplomáticas, sem um fundo prático, apesar<br />

Francisco Cândido Xavier,<br />

Espíritos Diversos<br />

Editora CEU<br />

108 páginas - 1ª edição - 1991<br />

vacinado contra as aventuras que nós estamos vendo aí, aos<br />

milhares, todos os dias, através da nossa imprensa, que<br />

veicula notícias do mundo inteiro.” (lição 76).<br />

Jesus, sua benção!<br />

Vanda<br />

Bibliografia: O Evangelho <strong>de</strong> Chico Xavier - Carlos A Baccelli, Editora<br />

Didier, 6ª ed., 2003; Imagem: http://farm3.static.flickr.com/2088/25081<br />

99353_6ccb30d548.jpg?v=0<br />

Francisco Cândido Xavier<br />

Espíritos Diversos<br />

Editora Vinha <strong>de</strong> Luz<br />

176 páginas - 1ª edição - 2008<br />

Wanda, em que recebem uma mensagem intitulada: Não se<br />

curvem diante da sombra.<br />

Wanda conta a experiência vivenciada pelos seus avós<br />

maternos, General Aurélio <strong>de</strong> <strong>Amor</strong>im e Júlia Pêgo <strong>de</strong><br />

<strong>Amor</strong>im, que passavam férias anuais ao lado <strong>de</strong> Chico,<br />

quando o mesmo registrava diversas mensagens <strong>de</strong> Espíritos<br />

que tinham sido militares em sua última encarnação.<br />

Destaque pelo esforço <strong>de</strong> Da. Júlia, uma das<br />

colaboradoras, que, ao verificar a necessida<strong>de</strong>, após Chico<br />

ter recebido uma mensagem em braile (alfabeto utilizado<br />

pelos <strong>de</strong>ficientes visuais), <strong>de</strong>senvolveu grandiosa tarefa,<br />

buscando apren<strong>de</strong>r o alfabeto em braile e em 1939, iniciou a<br />

transcrição do Dicionário da Língua Portuguesa, trabalho<br />

esse que durou cerca <strong>de</strong> 4 anos, dando, ao todo, 64 volumes.<br />

No livro, estão <strong>de</strong>scritas diversas mensagens sobre a<br />

continuida<strong>de</strong> da vida no Plano Espiritual, além <strong>de</strong> exemplos<br />

do amor na busca das superações para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

espiritual.<br />

Por fim, nos traz ainda cópias das cartas originais<br />

psicografadas por Chico durante as reuniões realizadas.<br />

Marcelo e Rosangela<br />

<strong>de</strong> suas intenções respeitáveis.”<br />

Ou seja, para que a paz se faça presente é necessário que o<br />

homem tome a iniciativa <strong>de</strong> agir. Palavras e intenções, sem<br />

ação, não se concretizarão.<br />

E para que comecemos a plantar a semente da<br />

paz, Emmanuel e outros espíritos escrevem sobre<br />

a família, lembrando que “é nesse colégio sagrado<br />

da afetivida<strong>de</strong> fraternal que se educarão as<br />

energias, para a consecução dos planos<br />

grandiosos da Humanida<strong>de</strong> terrena, no porvir.”<br />

Será, então, no seio familiar, com o auxílio do<br />

carinho materno, que as almas serão reeducadas<br />

moralmente.<br />

“As mães po<strong>de</strong>riam operar os movimentos<br />

internacionais em favor da paz, com muito mais<br />

proveito que os políticos e sociólogos <strong>de</strong> todos os<br />

matizes.”<br />

Sobre o título da obra, esclarece-nos o prefácio<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir, <strong>de</strong>ntro da vida, para<br />

assimilarmos a Luz Espiritual que emana do Mais<br />

Alto.<br />

É por estes temas abordados e muitos outros,<br />

importantes para o nosso estudo e reflexão, que<br />

recomendamos a leitura <strong>de</strong>ste livro.<br />

Vitório<br />

Seareiro


Canal Aberto canal aberto<br />

Este espaço é reservado para respon<strong>de</strong>rmos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito <strong>de</strong> fazer modificações nos textos a serem publicados.<br />

Contos<br />

A Migalha <strong>de</strong> teu Sorriso<br />

O Maior Pecado<br />

Um sábio sacerdote, <strong>de</strong>sejando ensinar o caminho para<br />

Deus àqueles que confiavam Nele e O seguiam, rogou a<br />

Jesus, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longas meditações e sacrifícios, que lhe<br />

fosse revelado qual o maior impedimento contra a<br />

progressão espiritual.<br />

Mais tranqüilo, dormiu e sonhou que era conduzido à<br />

Porta Celestial. Lá, foi recebido bondosamente por um<br />

Espírito muito iluminado.<br />

— Mensageiro <strong>de</strong> Deus! — suplicou o sacerdote — venho<br />

rogar a verda<strong>de</strong> para as ovelhas humanas que me<br />

seguem...<br />

— O que <strong>de</strong>seja saber? — perguntou o Espírito.<br />

— Peço esclarecimento sobre o maior obstáculo para a<br />

evolução do Espírito. Sei que temos sete pecados mortais<br />

que aniquilam em nós a ascensão para o Alto. Sob a<br />

influência <strong>de</strong>stes "monstros", <strong>de</strong>spenca o Espírito no<br />

<strong>de</strong>spenha<strong>de</strong>iro infernal. Entretanto, peço explicações mais<br />

claras sobre o problema do mal, porque nossas faltas<br />

normalmente se repetem.<br />

O Espírito sorriu e consi<strong>de</strong>rou:<br />

— A solução é simples. Quais são os pecados a que se<br />

refere?<br />

O sacerdote movimentou os <strong>de</strong>dos e respon<strong>de</strong>u:<br />

— Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça.<br />

Deles nascem as <strong>de</strong>mais imperfeições.<br />

O mensageiro, contudo, acrescentou:<br />

— No fundo, porém, po<strong>de</strong>mos reduzi-los a um. Todos os<br />

pecados têm origem <strong>de</strong> uma única fonte.<br />

O sacerdote, curioso, suplicou:<br />

— Oh! Espírito amigo, por favor, me esclareça! Há muitos<br />

aprendizes, na Terra, aguardando a minha palavra!...<br />

Órgão divulgador do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong><br />

<strong>Espíritas</strong> <strong>Amor</strong> e <strong>Esperança</strong><br />

A migalha que cai <strong>de</strong> tua mesa<br />

Enriquece, feliz, a minha vida!<br />

Deixa minha alma <strong>de</strong>scontraída<br />

E me traz, da vida, a BELEZA!<br />

Essa migalha me dá a certeza,<br />

De que a existência é colorida<br />

De que a afeição bela é vivida<br />

Quando temos <strong>Amor</strong>, a fortaleza.<br />

***<br />

“Faze o bem e alcance a paz, que Deus abençoa e autentica pois o<br />

pequeno bem que não se faz é um gran<strong>de</strong> mal que se pratica...” André Luiz<br />

Domingos A. Monzillo - São Bernardo do Campo - SP<br />

Ilustração: Marcelina Santos Meira<br />

contos<br />

Essa migalha, que parece um nada,<br />

Me dá a força <strong>de</strong> que eu preciso<br />

Para vencer toda a “empreitada”,<br />

Para vencer o feio e o iracundo,<br />

Pois a MIGALHA do teu “sorriso”<br />

Me torna mais feliz neste mundo!<br />

O emissário da Esfera Superior, sem qualquer presunção<br />

<strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong>, passou a esclarecer:<br />

— Escuta com atenção!<br />

Se o soberbo trabalhasse para o bem <strong>de</strong> todos, não<br />

encontraria oportunida<strong>de</strong> para cultivar o orgulho e a vaida<strong>de</strong><br />

que o levam a acreditar ser o ponto central do Universo.<br />

Se o avarento conhecesse a vantagem do suor, na<br />

felicida<strong>de</strong> dos semelhantes, não se entregaria à volúpia da<br />

posse que o obriga a acumular dinheiro inutilmente.<br />

Se o homem inclinado à tentação dos prazeres fáceis<br />

apren<strong>de</strong>sse a empregar as próprias forças em favor da<br />

elevação coletiva, não disporia <strong>de</strong> ocasião para pren<strong>de</strong>r-se<br />

às paixões <strong>de</strong>struidoras que o arrastam ao crime.<br />

Se as pessoas facilmente propensas à irritação<br />

estivessem dispostas a servir <strong>de</strong> acordo com os <strong>de</strong>sígnios<br />

divinos, não envenenariam a própria saú<strong>de</strong> com remorsos e<br />

angústias injustificáveis.<br />

Se o guloso vivesse atento à tarefa construtiva que lhe<br />

cabe no mundo, não se escravizaria aos apetites<br />

<strong>de</strong>vastadores que lhe arruínam o corpo e a alma.<br />

E se o invejoso utilizasse a existência, no trabalho digno,<br />

não gastaria tempo acompanhando maliciosamente as<br />

iniciativas do próximo, complicando o próprio <strong>de</strong>stino...<br />

Como vê, o maior dos pecados, a causa primordial <strong>de</strong><br />

todos os males, é a preguiça.<br />

Desta forma, dê trabalho edificante às tuas ovelhas e<br />

saiba que, na posse do serviço, não se afastarão do<br />

caminho justo.<br />

O sacerdote não mais teve o que perguntar.<br />

Despertou edificado e, do dia seguinte em diante, o povo<br />

reparou que o sacerdote modificara as suas pregações e<br />

atitu<strong>de</strong>s.<br />

Texto adaptado por Silvana e Reinaldo<br />

Bibliografia: Alvorada Cristã - Francisco Cândido Xavier, pelo<br />

Espírito Neio Lúcio - Ed. FEB, 8ª. ed., 1986.<br />

19


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