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. <strong>Análise</strong> <strong>Retrospectiva</strong> <strong>da</strong> <strong>Obra</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> <strong>Duque*</strong><br />

Osterne Carneiro **<br />

José <strong>Guimarães</strong> Duque<br />

1903 – 1978<br />

I - Introdução.<br />

Joaquim<br />

O Nor<strong>de</strong>ste do Brasil é sem sombra <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s uma <strong>da</strong>s regiões mais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s do<br />

globo terrestre nos seus mais variados aspectos. Geógrafos, historiadores, sociólogos,<br />

meteorologistas, religiosos, médicos, jornalistas, engenheiros, biólogos, poetas,<br />

economistas, professores, entre outros têm se ocupado dos distintos problemas<br />

existentes na região nor<strong>de</strong>stina, máxime na sua porção semi-ári<strong>da</strong>. Dentre aqueles que<br />

se <strong>de</strong>dicaram a estu<strong>da</strong>r e apresentar sugestões objetivando o equacionamento dos<br />

problemas regionais, lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque é conferido a José <strong>Guimarães</strong> Duque, que<br />

durante mais <strong>de</strong> 40 anos implementou ações volta<strong>da</strong>s especialmente para o<br />

aproveitamento racional dos recursos hídricos e pedológicos do Nor<strong>de</strong>ste semiárido.Natural<br />

do município <strong>de</strong> Lima Duarte, Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, José <strong>Guimarães</strong><br />

Duque nasceu a 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1903, filho <strong>de</strong> Manoel Jorge Duque e <strong>de</strong> Maria Pia<br />

<strong>Guimarães</strong> Duque. Descen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> família <strong>de</strong> origem rural, seu genitor era proprietário<br />

<strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Sumidouro.No período <strong>de</strong> 1911 a 1915, fez os primeiros estudos na ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora-MG, enquanto o ginasial e os preparatórios foram realizados no<br />

Instituto Grenbery (1916-1918) e no Instituto Gammom (1922-1924) na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Lavras-Estado <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

* Trabalho publicado na Revista Nº 37 do IHGP. João Pessoa, out/2002 set/2003.<br />

** Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, do Instituto Paraibano <strong>de</strong><br />

Genealogia e Heráldica, <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Letras e Artes do Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro - Núcleo<br />

<strong>da</strong> Paraíba, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia<br />

Limoeirense <strong>de</strong> Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri Paraibano e <strong>da</strong><br />

União Brasileira <strong>de</strong> Escritores- Secção <strong>da</strong> Paraiba


Em 1924, matriculou-se na Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura, também situa<strong>da</strong> em<br />

Lavras, on<strong>de</strong> concluiu o curso <strong>de</strong> agronomia em 1928. Convém assinalar que, a Escola<br />

Superior <strong>de</strong> Agricultura <strong>de</strong> Lavras e os Institutos Grenbery e Gammom, foram fun<strong>da</strong>dos<br />

por missionários e mestres católicos oriundos dos Estados Unidos <strong>da</strong> América do Norte<br />

e se constituem centros educacionais responsáveis pela formação <strong>de</strong> técnicos dos mais<br />

competentes e respeitados. Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais tenra i<strong>da</strong><strong>de</strong>, José <strong>Guimarães</strong><br />

Duque começou a li<strong>da</strong>r com os problemas do campo.<br />

Assim, em 1918 quando ain<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>va no Instituto Grenbery ocorreu a epi<strong>de</strong>mia <strong>da</strong><br />

febre espanhola e o jovem <strong>Guimarães</strong> Duque regressou à Fazen<strong>da</strong> Sumidouro, levado<br />

por seu genitor, passando a <strong>de</strong>sempenhar as funções <strong>de</strong> administrador durante quatro<br />

anos, tendo a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicar à agricultura cultivando feijão, fumo e milho e<br />

à pecuária <strong>de</strong> leite, mediante a criação <strong>de</strong> bovinos <strong>da</strong> raça holan<strong>de</strong>sa além <strong>de</strong> suínos.<br />

Naturalmente, essa experiência seria por <strong>de</strong>mais importante não somente no <strong>de</strong>correr<br />

do curso superior, como também no <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong>s funções <strong>de</strong> Engenheiro<br />

Agrônomo, já que aliaria o conhecimento prático à teoria.<br />

Após concluir o curso <strong>de</strong> agronomia, <strong>Guimarães</strong> Duque ingressou no magistério, na<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> professor <strong>da</strong> Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura e Veterinária <strong>de</strong> Viçosa-<br />

ESAV, atual Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa-UFV, localiza<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Viçosa-<br />

MG, on<strong>de</strong> permaneceu <strong>de</strong> 1929 a 1932.<br />

Em 1932, aten<strong>de</strong>ndo a um convite do Engenheiro Agrônomo José Augusto<br />

Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>Guimarães</strong> Duque veio trabalhar no Nor<strong>de</strong>ste, na Inspetoria Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s<br />

Contra as Secas-IFOCS, atual Departamento Nacional <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas-<br />

DNOCS.<br />

II-Atuação <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque no Nor<strong>de</strong>ste Semi-Árido.<br />

Preliminarmente, faz-se mister lembrar que, no período 1930/1932, o Nor<strong>de</strong>ste foi<br />

assolado por uma gran<strong>de</strong> seca, que ocupou uma superfície <strong>de</strong> 650.000 Km2,<br />

esten<strong>de</strong>ndo-se do Piauí a Bahia, afetando uma população <strong>de</strong> 3000.000 <strong>de</strong> pessoas.<br />

Naquela época, a IFOCS se constituía no único organismo do Governo Fe<strong>de</strong>ral a<br />

atuar na Região, subordinado ao Ministério <strong>da</strong> Viação e <strong>Obra</strong>s Públicas-MVOP, cujo<br />

titular era o Dr. José Américo <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>.<br />

A presença <strong>de</strong> José Américo <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> no MVOP foi por <strong>de</strong>mais proveitosa para o<br />

Brasil e particularmente para a região nor<strong>de</strong>stina, pois graças a sua atuação, a IFOCS foi<br />

contempla<strong>da</strong> com recursos financeiros significativos, fato que só ocorrera durante o<br />

governo do Presi<strong>de</strong>nte Epitácio Pessoa, quando os dispêndios em obras <strong>de</strong> combate aos<br />

efeitos <strong>da</strong>s secas atingiram a 15% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> global do país, conforme HIRSCHMANN<br />

(1965). Afora isso, o Ministro José Américo fez proce<strong>de</strong>r a estudos direcionados<br />

para elaboração do Plano Geral <strong>de</strong> Viação Nacional, man<strong>da</strong>do executar pelo Decreto Nº<br />

24.497, <strong>de</strong> 29.07.1934, <strong>da</strong>ndo inicio ao planejamento na Administração Pública;


aprovou um novo regulamento <strong>da</strong> IFOCS, quando eliminou a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

serviços-Decreto 19.726, <strong>de</strong> 20.02.1931-; executou gran<strong>de</strong>s obras principalmente no<br />

tocante a açu<strong>da</strong>gem; e criou através <strong>de</strong> Portarias <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 12.11.1932, a Comissão<br />

Técnica <strong>de</strong> Piscicultura e a Comissão Técnica <strong>de</strong> Reflorestamento e Postos Agrícolas do<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Essas comissões liga<strong>da</strong>s diretamente ao Gabinete do Ministro foram em<br />

segui<strong>da</strong> transferi<strong>da</strong>s para a administração <strong>da</strong> IFOCS.<br />

O primeiro chefe <strong>da</strong> Comissão Técnica <strong>de</strong> Piscicultura foi o Dr. Rodolpho Theodor<br />

Wilhelm Gaspar von Ihering, Zoólogo natural do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, nascido em 1883 e<br />

falecido em São Paulo em 1939. Por seus trabalhos no campo <strong>da</strong> ictiologia é<br />

consi<strong>de</strong>rado o criador <strong>da</strong> piscicultura brasileira.<br />

Para chefiar a Comissão Técnica <strong>de</strong> Reflorestamento e Postos Agrícolas do<br />

Nor<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>pois transforma<strong>da</strong> em Comissão <strong>de</strong> Serviços Complementares, foi<br />

<strong>de</strong>signado o renomado Engenheiro Agrônomo José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, mineiro nascido<br />

no município <strong>de</strong> Oliveira, em 1896 e formado pela Escola <strong>de</strong> Agronomia <strong>de</strong> Pinheiros,<br />

Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, na turma <strong>de</strong> 1915.<br />

José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> aportou pela primeira vez no Nor<strong>de</strong>ste em 1918, quando<br />

participou dos trabalhos <strong>da</strong> Comissão <strong>de</strong> Combate à Lagarta Rosa<strong>da</strong>, no Estado <strong>da</strong><br />

Paraíba.<br />

Em 1921, passou a dirigir as obras <strong>de</strong> construção do então Patronato Agrícola Vi<strong>da</strong>l<br />

<strong>de</strong> Negreiros situado na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bananeiras-PB, que foi solenemente inaugurado em<br />

07.09.1924, permanecendo à sua frente até 1929, quando retornou a Minas Gerais, para<br />

integrar a corpo docente <strong>da</strong> Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura e Veterinária <strong>de</strong> Viçosa-<br />

ESAV, passando a lecionar a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Botânica Prática, no Curso Técnico Agrícola.<br />

Em 22 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1932, passou a trabalhar no Instituto <strong>de</strong> Meteorologia<br />

sediado na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, quando recebeu o convite do Ministro José<br />

Américo <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> para chefiar a novel Comissão Técnica <strong>de</strong> Reflorestamento e<br />

Postos Agrícolas do Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Segundo GUERRA (1981), “Ao instalar a Comissão, Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> trouxe vários<br />

colaboradores <strong>de</strong> Viçosa, entre os quais o professor José <strong>Guimarães</strong> Duque, que aqui<br />

criou raízes e estudou a fundo o Nor<strong>de</strong>ste, tornando-se um dos maiores expoentes no<br />

terreno <strong>da</strong> agricultura e <strong>da</strong> sócio-economia nor<strong>de</strong>stinas.”<br />

Objetivando a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> suas ações, José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> começou a<br />

implantar os Postos Agrícolas <strong>da</strong> IFIOCS em 1933, preferencialmente junto as gran<strong>de</strong>s<br />

barragens. Concomitantemente, levando em conta a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> incrementar a<br />

pesquisa agrícola em irrigação, em 1937 transformou o Posto Agrícola <strong>de</strong> São Gonçalo,<br />

localizado no município <strong>de</strong> Sousa-PB, em Instituto Experimental <strong>da</strong> Região Seca, que<br />

foi inaugurado em 16 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1940, quando <strong>da</strong> visita do Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República,<br />

Getulio Vargas a São Gonçalo.<br />

Naquele dia, acompanhado do Interventor Fe<strong>de</strong>ral do Estado <strong>da</strong> Paraíba, Dr. Ruy<br />

Carneiro, do Interventor Fe<strong>de</strong>ral do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, Dr. Rafael<br />

Fernan<strong>de</strong>s, do Inspetor <strong>de</strong> Secas, Dr. Luis Vieira e <strong>de</strong> outras autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o Presi<strong>de</strong>nte


Getulio Vargas percorreu as instalações <strong>da</strong> instituição, que a partir <strong>da</strong>i passou a existir,<br />

sendo o primeiro centro <strong>de</strong> pesquisa agronômica instalado no Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Com a morte prematura do Dr. José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> ocorri<strong>da</strong> no Recefe-PE, em<br />

09.03.1941, o Instituto Experimental <strong>da</strong> Região Seca passou a <strong>de</strong>nominar-se Instituto<br />

José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> posteriormente <strong>de</strong>signado Instituto Agronômico José Augusto<br />

Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

De acordo com CARNEIRO (1999), “Como reconhecimento do trabalho pioneiro<br />

do Engenheiro Agrônomo José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, no tocante à irrigação, a Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> Irrigação e Drenagem-ABID instituiu em 1982, a Me<strong>da</strong>lha do Mérito <strong>da</strong><br />

Irrigação e Drenagem José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, que se <strong>de</strong>stina a premiar, anualmente,<br />

pessoas físicas nacionais e estrangeiras, que no campo <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s cientificas,<br />

educacionais, administrativas, empresariais, políticas e <strong>de</strong> comunicação relaciona<strong>da</strong>s<br />

com irrigação drenagem, se hajam distinguido <strong>de</strong> forma relevante e notável”.<br />

Como foi dito anteriormente, em 1932, José <strong>Guimarães</strong> Duque iniciou as suas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na IFOCS, como chefe <strong>da</strong> 2ª Inspetoria Regional <strong>da</strong> Comissão Técnica <strong>de</strong><br />

Reflorestamento e Postos Agrícolas do Nor<strong>de</strong>ste, cuja área <strong>de</strong> atuação compreendia os<br />

Estados do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, Paraíba e Pernambuco, sedia<strong>da</strong> no Posto Agrícola do<br />

Açu<strong>de</strong> Público Cruzeta, município <strong>de</strong> Cruzeta-RN.<br />

Posteriormente, passou a chefiar a 1ª Inspetoria Regional <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> Comissão, com<br />

se<strong>de</strong> em Fortaleza-CE.<br />

Em 1936, a se<strong>de</strong> <strong>da</strong> 1ª Inspetoria Regional foi transferi<strong>da</strong> para o Posto Agrícola São<br />

Gonçalo, localizado no Açu<strong>de</strong> Público São Gonçalo, município <strong>de</strong> Sousa-PB. Em 1938,<br />

o Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque afastou-se <strong>da</strong> IFOCS, fixando-se em Fortaleza-CE, como<br />

professor <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Agronomia e prestando também assessoria técnica a firma<br />

Quixadá & Comercial representante <strong>de</strong> tratores e implementos agrícolas.<br />

Com a investidura do Dr. Ruy Carneiro, em 1940, na Interventoria Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong><br />

Paraíba, o Dr. <strong>Guimarães</strong> Duque foi nomeado Secretário <strong>de</strong> Agricultura, Viação e <strong>Obra</strong>s<br />

Públicas do Estado <strong>da</strong> Paraíba, permanecendo no cargo até 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1941,<br />

quando foi chefiar a Comissão <strong>de</strong> Serviços Complementares <strong>da</strong> IFOCS, <strong>da</strong>ndo<br />

continui<strong>da</strong><strong>de</strong> às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pioneiras <strong>de</strong>sempenha<strong>da</strong>s por José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

objetivando o aproveitamento hidro-agrícola no Nor<strong>de</strong>ste.<br />

A respeito <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque do cargo <strong>de</strong> Secretario <strong>de</strong> Estado <strong>da</strong><br />

Paraíba, Ruy Carneiro, em <strong>de</strong>poimento prestado ao CEPDOC, <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Getulio<br />

Vargas, em março <strong>de</strong> 1977 afirmou: “O Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República necessitou do Dr.<br />

<strong>Guimarães</strong> Duque, que é uma gran<strong>de</strong> figura e o levou para dirigir o Serviço <strong>de</strong><br />

Reflorestamento <strong>da</strong>s <strong>Obra</strong>s Contra as Secas”.<br />

Em 1945, a IFOCS transformou-se em DNOCS-Departamento Nacional <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s<br />

Contra as Secas e a Comissão <strong>de</strong> Serviços Complementares, passou a <strong>de</strong>nominar-se<br />

Serviço Agro-Industrial, permanecendo sob o comando do Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque,<br />

com se<strong>de</strong> em Fortaleza-Ce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1941. Durante vários anos foi professor<br />

<strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Recursos Naturais, na Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Ceará. Representou por muito tempo o Ministério <strong>da</strong> Viação e <strong>Obra</strong>s Públicas junto ao


Conselho Deliberativo <strong>da</strong> SUDENE-Superinten<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> Desenvolvimento do<br />

Nor<strong>de</strong>ste, marcando sua presença nos inúmeros pareceres que emitiu por escrito e<br />

através <strong>de</strong> sua palavra fluente e franca.<br />

Foi também um dos fun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong> Companhia Cearense <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Agropecuário-CODAGRO, tendo exercido o cargo <strong>de</strong> Superinten<strong>de</strong>nte Técnico, na sua<br />

primeira diretoria.<br />

Aposentou-se do DNOCS por tempo <strong>de</strong> serviço, a pedido, em 1963, no cargo em<br />

comissão <strong>de</strong> Chefe do Serviço Agro-industrial, sendo posteriormente <strong>de</strong>signado<br />

membro do Conselho Administrativo <strong>da</strong> autarquia.<br />

O Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque, faleceu no dia 12.05.1978. Era casado com Laurinha<br />

Moreira Duque, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tradicional família cearense, filha <strong>de</strong> George Moreira<br />

Pequeno e Laura Fiúza Pequeno.<br />

Quando <strong>da</strong> morte <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque, o Engenheiro Agrônomo Inácio Ellery<br />

Barreira que durante muitos anos exerceu com competência e honesti<strong>da</strong><strong>de</strong>, o cargo <strong>de</strong><br />

seu Adjunto-Substituto, no Serviço Agro-Industrial do DNOCS, em trabalho publicado<br />

no jornal O POVO, edição <strong>de</strong> 21.05,1978 <strong>de</strong>clarou: “O ilustre extinto era possuidor <strong>de</strong><br />

vastos conhecimentos técnicos e científicos, os quais transmitia com sua palavra fácil e<br />

atraente. Era convi<strong>da</strong>do, constantemente para proferir palestras em vários Estados do<br />

Brasil. Falava fluentemente inglês e francês. Por mais <strong>de</strong> uma vez esteve nos Estados<br />

Unidos <strong>da</strong> América, inclusive em Congresso <strong>de</strong> Irrigação e Drenagem. Escreveu vários<br />

livros e colaborou no Boletim do DNOCS e em revistas técnicas. São <strong>de</strong> sua autoria,<br />

<strong>de</strong>ntre outros “,Solo e Água no Polígono <strong>da</strong>s Secas” já na sua 3ª edição e “ O Nor<strong>de</strong>ste<br />

e as Lavouras Xerófilas”, em 2ª edição, que são ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras obras clássicas, no seu<br />

gênero, tendo o autor recebido, pela primeira vez um premio em dinheiro, do Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral”.<br />

Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao Nor<strong>de</strong>ste, recebeu a<br />

Me<strong>da</strong>lha <strong>de</strong> Ouro dos Gran<strong>de</strong>s Moinhos do Recife, sendo igualmente agraciado com a<br />

Sereia <strong>de</strong> Ouro, comen<strong>da</strong> instituí<strong>da</strong> pela Televisão Ver<strong>de</strong>s Mares e <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a premiar<br />

personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que mais se <strong>de</strong>stacam em prol do <strong>de</strong>senvolvimento do Ceará.<br />

II-A obra <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque.<br />

No levantamento que proce<strong>de</strong>mos, o primeiro trabalho técnico <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque<br />

intitula-se “ Notas Sobre a Ensilagem ” e foi publicado no Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong><br />

<strong>Obra</strong>s Contra as Secas, Nº 4-Vol-2-Outubro 1934.<br />

Em segui<strong>da</strong>, o Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas, Nº5-Vol-2-<br />

Novembro 1934, publicou o trabalho “ Notas Sobre a Fenação ”, igualmente <strong>de</strong> autoria<br />

<strong>de</strong> José <strong>Guimarães</strong> Duque.


Em 1935, <strong>Guimarães</strong> Duque publicou dois trabalhos intitulados: “ Notas Sobre o<br />

Posto Agrícola Lima Campos ”. Referidos estudos constam dos Boletins <strong>da</strong> Inspetoria<br />

<strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas <strong>de</strong> Nº6-Volume 3-Junho 1935 e Nº1-Volume 4- Julho 1935.<br />

Em 1937, <strong>Guimarães</strong> Duque publicou no Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as<br />

Secas-Nº2-Volume 8- Out. a <strong>de</strong>z. 1937 um trabalho intitulado “ O Problema <strong>da</strong><br />

Alimentação Animal no Sertão do Nor<strong>de</strong>ste ”. Este trabalho foi republicado no Boletim<br />

Téc. DNOCS, Fortaleza, 38(2): 119-129 jul/<strong>de</strong>z. 1980, em homenagem a memória, do<br />

Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque.<br />

Em 1938, <strong>Guimarães</strong> Duque publicou “Ensaio Preliminar Sobre a Formação <strong>de</strong><br />

Mu<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Oiticica”, constante do Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Nº 1-Vol. 9-Jan. a<br />

mar. 1938 , e “ Ensaio Preliminar <strong>de</strong> Irrigação na Cultura do Algodão “ Express ”, no<br />

Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas, Nº 2-Vol. 9- Abril a jun. 1938.<br />

Em 1939, <strong>Guimarães</strong> Duque voltou a escrever no Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s<br />

Conta as Secas. Assim, o Boletim Número I, volume II, que circulou nos meses <strong>de</strong><br />

janeiro a março <strong>da</strong>quele ano, publicou o trabalho <strong>de</strong> sua autoria e do Engenheiro<br />

Agrônomo Paulo <strong>de</strong> Brito Guerra intitulado “ Observações para a Cultura <strong>da</strong> Oiticica ”,<br />

e o Boletim número 2, volume II, que circulou <strong>de</strong> abril a junho, publicou o trabalho <strong>de</strong><br />

sua autoria “ O fomento <strong>da</strong> Produção Agrícola ”. Ain<strong>da</strong> em 1939, o Boletim <strong>da</strong><br />

Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas que circulou no quarto trimestre, publicou o<br />

trabalho <strong>de</strong> sua autoria e dos Engenheiros Agrônomos Paulo <strong>de</strong> Brito Guerra e Teófilo<br />

A. Pacheco Leão, <strong>de</strong>nominado “Resultado do Ensaio <strong>de</strong> Competição <strong>de</strong> Varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Tomates”.<br />

Em 1944, publicou “Algumas Questões <strong>da</strong> Irrigação no Nor<strong>de</strong>ste ”.<br />

Em 1949, vem a lume a sua gran<strong>de</strong> obra “ Solo e Água no Polígono <strong>da</strong>s Secas ”. Este<br />

livro já foi reeditado varias vezes.<br />

Em 1950 publicou “Apreciações Sobre os Solos do Nor<strong>de</strong>ste” e no ano seguinte, “A<br />

Exploração dos Açu<strong>de</strong>s Públicos”.<br />

Em 1959, em parceria com os Engenheiros Agrônomos Inácio Ellery Barrreira,<br />

Francisco Edmundo Souza Melo e Jairo Padilha, elaborou o trabalho “ Os Serviços<br />

Agronômicos do DNOCS ”, que foi publicado no Boletim do DNOCS Nº 6, Volume 20,<br />

novembro <strong>de</strong> 1959.<br />

Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> sessenta do século passado, <strong>Guimarães</strong> Duque lançou outro gran<strong>de</strong><br />

livro “ O Nor<strong>de</strong>ste as Lavouras Xerófilas ”, que a exemplo <strong>de</strong> “ Solo e Água no<br />

Polígono <strong>da</strong>s Secas ” é uma obra <strong>da</strong>s mais importantes, não somente pelos problemas<br />

ecológicos levados em consi<strong>de</strong>ração, como também, pelos questionamentos<br />

agronômicos relacionados com o aproveitamento <strong>da</strong>s plantas xerófilas.<br />

Em 1972, aten<strong>de</strong>ndo a um convite <strong>da</strong> CNI-Confe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>da</strong> Indústria,<br />

<strong>Guimarães</strong> Duque esteve naquela enti<strong>da</strong><strong>de</strong>, para pronunciar uma conferencia que foi<br />

assisti<strong>da</strong> por diversas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s civis e militares, abor<strong>da</strong>ndo os principais problemas<br />

regionais. A sua exposição intitula<strong>da</strong> “Nor<strong>de</strong>ste Ecologia e Desenvolvimento” alcançou<br />

gran<strong>de</strong> repercussão em virtu<strong>de</strong> do conhecimento <strong>de</strong>monstrado pelo conferencista.


Em 1973, quando ocupávamos o cargo <strong>de</strong> Diretor <strong>da</strong> Diretoria <strong>de</strong> Irrigação do<br />

DNOCS, contratamos o Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque para ministrar um Curso <strong>de</strong> Semi-<br />

Ari<strong>de</strong>z e Lavouras Xerófilas. O curso foi realizado no auditório <strong>da</strong> Direção Geral, do<br />

Departamento Nacional <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas, em Fortaleza-CE, sendo assistido por<br />

diversos técnicos <strong>da</strong>quela autarquia.<br />

No <strong>de</strong>correr do treinamento, o Professor <strong>Guimarães</strong> Duque abordou as causas e<br />

conseqüências <strong>da</strong>s secas, área <strong>de</strong> abrangência do fenômeno, ecologia, solos, vegetação e<br />

regiões naturais existentes no Nor<strong>de</strong>ste, aprofun<strong>da</strong>ndo-se nas questões relaciona<strong>da</strong>s ao<br />

melhoramento <strong>da</strong> pastagem nativa e <strong>da</strong>s lavouras xerófilas.<br />

Outrossim, especialmente para esse curso, o Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque preparou<br />

duas apostilhas mimeografa<strong>da</strong>s, que se constituíram nos últimos trabalhos publicados<br />

em vi<strong>da</strong> por aquele inesquecível profissional.<br />

Em 1982, o Banco do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil, aten<strong>de</strong>ndo a uma solicitação <strong>da</strong> Escola<br />

Superior <strong>de</strong> Agricultura <strong>de</strong> Mossoró e <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção <strong>Guimarães</strong> Duque, publicou “<br />

Perspectivas Nor<strong>de</strong>stinas ” trabalho <strong>de</strong>ixado inédito pelo Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque.<br />

III-Comentários a respeito <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque.<br />

Pelo que foi possível observar, a obra <strong>de</strong> José <strong>Guimarães</strong> Duque é profun<strong>da</strong> e<br />

diversifica<strong>da</strong>. Os trabalhos elaborados na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> trinta e até o final dos anos quarenta<br />

do século passado, abor<strong>da</strong>m <strong>de</strong> preferência, temas eminentemente agronômicos,<br />

relativos à competição e melhoramento <strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantas e preparação <strong>de</strong><br />

forragem -fenação e silagem -.<br />

No final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> quarenta <strong>da</strong> última centúria, ou mais precisamente em 1949,<br />

<strong>Guimarães</strong> Duque lançou “ Solo e Água no Polígono <strong>da</strong>s Secas ”, que revolucionou os<br />

conceitos até então vigentes a respeito <strong>de</strong> semi-árido nor<strong>de</strong>stino.<br />

Neste seu livro, <strong>Guimarães</strong> Duque tomando por base a vegetação, o clima e o solo<br />

refletidos na paisagem e no uso <strong>da</strong> terra, classificou pela primeira vez as Regiões<br />

Naturais existentes no Polígono <strong>da</strong>s Secas afirmando: “Ousamos separar o Polígono<br />

<strong>da</strong>s Secas em caatinga, sertão, seridó, agreste, carrasco e serras nomes que vieram <strong>da</strong><br />

língua indígena ou foram escolhidos pelas populações locais”.<br />

Ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>ssas regiões natural é <strong>de</strong>scrita inclusive no tocante a área <strong>de</strong><br />

abrangência, tipos <strong>de</strong> solos, clima e vegetação.Especial atenção é conferi<strong>da</strong> ao<br />

xerofilismo e a fauna do Nor<strong>de</strong>ste semi-árido.<br />

Ao longo do seu substancioso trabalho, <strong>Guimarães</strong> Duque trata também dos métodos<br />

<strong>de</strong> cultivos e tipos <strong>de</strong> lavouras nas áreas <strong>de</strong> clima quente, <strong>de</strong>stacando as lavouras secas<br />

como o algodoeiro mocó, a carnaubeira, a oiticica, a agave, o caroá, a maniçoba, o<br />

umbuzeiro, o pequizeiro, a palma sem espinho, e outras que resistem às estiagens e


estão a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s as condições ecológicas prevalecentes no <strong>de</strong>nominado Polígono <strong>da</strong>s<br />

Secas.<br />

Os levantamentos <strong>de</strong> solos do Nor<strong>de</strong>ste iniciados por especialistas <strong>da</strong> então IFOCS,<br />

através <strong>da</strong> Comissão <strong>de</strong> Serviços Complementares e posteriormente pelo Serviço Agroindustrial<br />

do DNOCS, contando com a <strong>de</strong>cisiva participação <strong>de</strong> técnicos do Instituto<br />

José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, constam do livro <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque.<br />

Capitulo especial é <strong>de</strong>dicado à agricultura irriga<strong>da</strong> e a colonização <strong>da</strong>s terras úmi<strong>da</strong>s<br />

localiza<strong>da</strong>s próximas do Polígono <strong>da</strong>s Secas.<br />

O outro gran<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque, “ O Nor<strong>de</strong>ste e as Lavouras Xerófilas<br />

”,foi lançado em 1964. A ecologia regional, a ari<strong>de</strong>z, o clima e a vegetação xerófila são<br />

focalizados <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente no trabalho.<br />

De outra parte, tomando por base distintos outros estudos, inclusive aqueles<br />

constante do seu livro “ Solo e Água no Polígono <strong>da</strong>s Secas ”, cuja primeira edição <strong>da</strong>ta<br />

<strong>de</strong> 1949, <strong>Guimarães</strong> Duque elaborou um mapa <strong>da</strong>s Regiões Naturais, que se constitui<br />

em anexo <strong>de</strong> “O Nor<strong>de</strong>ste e as Lavouras Xerófilas”.<br />

Outras contribuições importantes <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque direciona<strong>da</strong>s para a<br />

compreensão e o equacionamento <strong>da</strong> problemática nor<strong>de</strong>stina são encontra<strong>da</strong>s na<br />

conferencia proferi<strong>da</strong> na CNI, em 1972, intitula<strong>da</strong> “ Nor<strong>de</strong>ste Ecologia<br />

Desenvolvimento ”, nas duas apostilhas lança<strong>da</strong>s quando ministrou em 1973, o Curso<br />

<strong>de</strong> Semi Ari<strong>de</strong>z e Lavouras Xerófilas, contratado pela Diretoria <strong>de</strong> Irrigação do<br />

DNOCS, bem como em sua obra póstuma lança<strong>da</strong> em 1982. ANDRADE (1967), outro<br />

gran<strong>de</strong> estudioso dos problemas nor<strong>de</strong>stinos, analisando os principais trabalhos <strong>de</strong><br />

<strong>Guimarães</strong> Duque, chama atenção para o aspecto ecológico que permeia sua obra.<br />

Entretanto, no nosso mo<strong>de</strong>sto entendimento, quem melhor sintetizou a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e a importância <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque foi SOUZA (1979), às fls 88 do seu livro<br />

sobre o Nor<strong>de</strong>ste, quando afirmou: “A obra do Agrônomo <strong>Guimarães</strong> Duque, que<br />

chefiou por muitos anos o Serviço Agroindustrial do DNOCS, é a mais importante <strong>de</strong><br />

quantas foram feitas sobre a sub-região semi-ári<strong>da</strong>, pela amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos<br />

teóricos e práticos que reúne, graças à mente pragmática, experimental e imaginativa<br />

do autor, capaz <strong>de</strong> discutir com segurança tanto os condicionamentos naturais quanto<br />

socioeconômicos”.<br />

Em segui<strong>da</strong>, <strong>de</strong>clarou que o máximo <strong>da</strong> contribuição <strong>de</strong> <strong>Guimarães</strong> Duque encontrase<br />

em “Solo e Água no Polígono <strong>da</strong>s Secas” e “O Nor<strong>de</strong>ste e as Lavouras Xerófilas”,<br />

obras clássicas, “Mas insuficientemente divulga<strong>da</strong>s especialmente a primeira, que está<br />

a exigir com urgência não uma, porém várias novas edições”.<br />

IV- Consi<strong>de</strong>rações finais.


José <strong>Guimarães</strong> Duque que durante tantos anos estudou e trabalhou no Nor<strong>de</strong>ste, era<br />

dono <strong>de</strong> uma personali<strong>da</strong><strong>de</strong> marcante fazendo-se respeitar por quantos tivessem a<br />

satisfação <strong>de</strong> conhecê-lo.<br />

Na IFOCS posteriormente transforma<strong>da</strong> em DNOCS, todos o chamavam Dr. Duque<br />

e somente o meu pai, médico Francisco <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Carneiro, que trabalhou no DNOCS<br />

por mais <strong>de</strong> quarenta anos e o Engenheiro Agrônomo Trajano Pires <strong>da</strong> Nóbrega, que<br />

também foi funcionário do Departamento <strong>de</strong> Secas, o chamavam Duque.<br />

Até o Senador Ruy Carneiro, que tinha uma amiza<strong>de</strong> e uma admiração profun<strong>da</strong> por<br />

José <strong>Guimarães</strong> Duque (este foi seu Secretário <strong>da</strong> Agricultura, no Governo <strong>da</strong> Paraíba),<br />

o chamava <strong>de</strong> Dr.<strong>Guimarães</strong> Duque.<br />

Conhecemos Dr. Duque, no inicio dos anos quarenta do século pretérito, no Açu<strong>de</strong><br />

Público São Gonçalo, município <strong>de</strong> Souza-PB, on<strong>de</strong> nasci e on<strong>de</strong> meu pai era médico <strong>da</strong><br />

então IFOCS, lotado inicialmente na Comissão do Alto Piranhas e em segui<strong>da</strong> no<br />

Instituto José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>.-IJAT.<br />

Naquela época, estavam sendo implanta<strong>da</strong>s as obras <strong>de</strong> transformação hidroagricolas<br />

do Projeto <strong>de</strong> Irrigação do Açu<strong>de</strong> São Gonçalo (construção <strong>de</strong> canais, drenos e<br />

estra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> penetração), o IJAT funcionava plenamente e nessas condições o Dr. Duque<br />

freqüentemente ali estava inspecionando os trabalhos em an<strong>da</strong>mento.<br />

Quando concluímos o curso <strong>de</strong> Agronomia, em 1961, diferentemente do que<br />

acontece atualmente, quando o <strong>de</strong>semprego é uma constante, recebemos convites para<br />

trabalhar na ANCAR (atual EMATER), no Instituto Agronômico do Nor<strong>de</strong>ste–IPEANE<br />

e no Ministério <strong>da</strong> Agricultura.<br />

Entretanto, como havíamos nascido em São Gonçalo e fizéramos estágio no IJAT,<br />

preferimos ingressar no DNOCS, no dia 08.02,1962, sendo <strong>de</strong>signado pelo Chefe do<br />

Serviço Agro-Industrial, Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque para trabalhar na nossa terra no<br />

Instituto José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, atualmente <strong>de</strong>nominado Instituto Agronômico José<br />

Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>-IAJAT.<br />

Em São Gonçalo, tivemos o ensejo <strong>de</strong> ler “ Solo e Água no Polígono <strong>da</strong>s Secas ”,<br />

uma espécie <strong>de</strong> bíblia dos Engenheiros Agrônomos do DNOCS <strong>da</strong>quele tempo.<br />

Em 1963, através <strong>da</strong> Portaria Nº 02-S, <strong>de</strong> 14.01.1963, do Chefe do Serviço Agro-<br />

Industrial do DNOCS, Engenheiro Agrônomo José <strong>Guimarães</strong> Duque, fomos elogiado,<br />

em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> atuação <strong>de</strong>cisiva que possibilitou a conclusão em tempo, dos prédios do<br />

Centro <strong>de</strong> Treinamento do Instituto José Augusto Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ao que sabemos, fomos um<br />

dos poucos a receber elogio do Dr. Duque.<br />

Trabalhamos em outros setores do DNOCS, mas em 1965 retornamos a São<br />

Gonçalo, com a missão <strong>de</strong> chefiar o IAJAT.<br />

A partir <strong>de</strong> 1971, quando passamos a trabalhar na Direção Geral do DNOCS em<br />

Fortaleza mantivemos freqüentes contatos com Dr. Duque, principalmente quando ele<br />

integrava o Conselho <strong>de</strong> Administração e nós exercíamos o cargo <strong>de</strong> Diretor <strong>da</strong><br />

Diretoria <strong>de</strong> Irrigação o que possibilitou contratá-lo, em 1973, para ministrar um Curso


<strong>de</strong> Semi Ari<strong>de</strong>z e Lavouras Xerófilas. Foi, portanto, com sau<strong>da</strong><strong>de</strong> que levantamos a sua<br />

bibliografia e procuramos analisar o seu pensamento.<br />

Bibliografia<br />

ANDRADE, Francisco Alves. Agronomia e Humanismo. Problemas <strong>de</strong> Política<br />

Econômica e Educacional Agrária . Fortaleza, Imprensa Universitária do Ceará, 1967.<br />

BARRREIRA, Inácio Ellery. Excerto <strong>da</strong> Biografia do Dr. José <strong>Guimarães</strong> Duque .<br />

Jornal O POVO, edição <strong>de</strong> 21.05.1978.<br />

CARNEIRO, Ruy . Depoimento .Prestado em março <strong>de</strong> 1977, ao CEPDOC, <strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong>ção Getulio Vargas (mimeografado).<br />

CARNEIRO, Joaquim Osterne. Consi<strong>de</strong>rações Sobre os Recursos Hídricos Da Paraíba<br />

.Conferencia realiza<strong>da</strong> em 09.09.1999, em comemoração aos 75 anos <strong>de</strong> criação do<br />

Colégio Agrícola Vi<strong>da</strong>l <strong>de</strong> Negreiros. Bananeiras, PB, 09 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1999(mimeografado).<br />

DUQUE, José <strong>Guimarães</strong>. Notas Sobre a Ensilagem. Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s<br />

Contra as Secas. Nº 4-Vol. 2-Outubro 1934.<br />

_____________________ . Notas Sobre a Fenação . Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s<br />

Contra as Secas. Nº 5-Vol 2-Novembro 1934.


____________________. Notas Sobre o Posto Agrícola Lima Campos . Boletim <strong>da</strong><br />

Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Nº 6-Vol. 3- Junho 1935.<br />

___________________. Notas Sobre o Posto Agrícola Lima Campos. Boletim <strong>da</strong><br />

Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Nº 1-Vol. 4- Julho 1935.<br />

____________________. O Problema <strong>da</strong> Alimentação Animal no Sertão do Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Nº2-Vol. 8- out. a <strong>de</strong>z. 1937.B. Téc.<br />

DNOCS, Fortaleza, 38(2): 119-129, jul/<strong>de</strong>z. 1980.<br />

_______________________. Ensaio Preliminar Sobre a Formação <strong>de</strong> Mu<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

Oiticica . Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Nº 1-Vol. 9- Jan a mar. 1938.<br />

____________________. Ensaio Preliminar <strong>de</strong> Irrigação na Cultura do Algodão<br />

‘”Express” . Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Nº 2- Vol.9-Abr. a jun a<br />

Set. 1938.<br />

DUQUE, José <strong>Guimarães</strong> e GUERRA, Paulo <strong>de</strong> Brito. Observações para a Cultura <strong>da</strong><br />

Oiticica. Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Nº 1-Vol. II-Jan a mar.1939.<br />

DUQUE, José <strong>Guimarães</strong>. O fomento <strong>da</strong> Produção Agrícola. Boletim <strong>da</strong> Inspetoria <strong>de</strong><br />

<strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Nº 2-V0L. II-Abr. a jun. 1939.<br />

DUQUE, José <strong>Guimarães</strong>, GUERRA, Paulo <strong>de</strong> Brito e LEÃO, Teófilo A. Pacheco.<br />

Resultado do Ensaio <strong>de</strong> Competição <strong>de</strong> Varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Tomates. Separata do Boletim <strong>da</strong><br />

Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas do 4º trimestre <strong>de</strong> 1939.


DUQUE, José <strong>Guimarães</strong>. Algumas Questões <strong>da</strong> Irrigação no Nor<strong>de</strong>ste. pp. 1-<br />

24(mimeografado)1944.<br />

___________________. Solo e Água no Polígono <strong>da</strong>s Secas. Publicação Nº 154,<br />

Serie I, A, Departamento Nacional <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Agro-Industrial,<br />

Fortaleza, Ceará-Iª edição, 1949.<br />

______________ . Apreciações Sobre os Solos do Nor<strong>de</strong>ste. Separata. “Anais do<br />

Instituto Nor<strong>de</strong>ste”.Fortaleza, 1950.<br />

DUQUE, José <strong>Guimarães</strong>, BARREIRA, Inácio Ellery, MELO, F.E. Souza e PADILHA,<br />

Jairo. Os Serviços Agronômicos do DNOCS. Boletim do DNOCS Nº 6, Vol. 20,<br />

novembro <strong>de</strong> 1959.<br />

DUQUE, José <strong>Guimarães</strong>. O Nor<strong>de</strong>ste e as Lavouras Xerófilas . BNB-ETENE,<br />

Fortaleza, 1964.<br />

______________________ . Nor<strong>de</strong>ste Ecologia e Desenvolvimento. Confe<strong>de</strong>ração<br />

Nacional <strong>da</strong> Indústria. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1972.


__________________________. Curso <strong>de</strong> Semi-Ari<strong>de</strong>z e Lavouras Xerófilas. Iº<br />

Volume. Ministério do Interior. DNOCS/Diretoria <strong>de</strong> Irrigação. Fortaleza-CE,<br />

1973(mimeografado).<br />

____________________________ Curso <strong>de</strong> Semi-Ari<strong>de</strong>z e Lavouras Xerófilas.<br />

Melhoramento <strong>da</strong> Pastagem Nativa como Fator Econômico Auxiliar e Complementar <strong>da</strong><br />

Lavoura Xerófila. 2º Volume. Ministério do Interior. DNOCS/Diretoria <strong>de</strong> Irrigação.<br />

Fortaleza-CE, 1973 (mimeografado).<br />

_____________________________ . Perspectivas Nor<strong>de</strong>stinas. <strong>Obra</strong> Póstuma.<br />

Fun<strong>da</strong>ção <strong>Guimarães</strong> Duque. Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura <strong>de</strong> Mossoró. Banco do<br />

Nor<strong>de</strong>ste do Brasil S.A. Escritório Técnico <strong>de</strong> Estudos Econômicos do Nor<strong>de</strong>ste-<br />

ETENE. Fortaleza, 1982.<br />

GUERRA, Paulo <strong>de</strong> Brito . A Civilização <strong>de</strong> Seca .Ministério do Interior. Departamento<br />

Nacional <strong>de</strong> <strong>Obra</strong>s Contra as Secas. Fortaleza, DNOCS, 1981.<br />

HIRSCHANN, Albert O. Política Econômica na América Latina . Editora Fundo <strong>de</strong><br />

Cultura. São Paulo-SP, 1965.<br />

SOUZA, João Gonçalves <strong>de</strong>. O Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro: Uma Experiência Regional .<br />

Fortaleza; Banco do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil, 1979.

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