"Veritas" - nº2 - Novembro 2011 - Paróquia de Carcavelos

SUMÁRIO
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16 A 19
Veritas
04 A 09
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Ficha Técnica
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CARTA DO PRIOR
04 / 09
TEMA DE FUNDO
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OPINIÃO
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SENTIR DO PASTOR
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OPINIÃO
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VIDAS COM HISTÓRIA
14 / 15
CRITÉRIOS...
16 / 19
À CONVERSA COM...
20 / 27
IGREJA NO MUNDO
20 A 27 PROPRIEDADE : IGREJA PAROQUIAL
DE CARCAVELOS
ADMINISTRAÇÃO, COMPOSIÇÃO E REDACÇÃO:
PRAÇA DA REPÚBLICA, 2775-624 CARCAVELOS
DIRECTOR: PE. ANTÓNIO FERNANDO P. TEIXEIRA
IMPRESSÃO: LISGRÁFICA
DISTRIBUIÇÃO: GRATUITA
TIRAGEM: 5OOO EXEMPLARES
Novembro - 2011 - Nº 02

Caríssimos
Paroquianos
Oferecemo-vos hoje o segundo número do nosso Jornal
“VERITAS”. Após a enorme receptividade do primeiro, depois
de tantas e diversificadas formas de incentivo, decidimos
avançar para a continuação desta forma de
evangelização...
Este número do “VERITAS” chegar-vos-á às mãos já muito
perto do Tempo do Advento. Um Tempo novo, um Tempo de
Graça, um Tempo de apelo, um Tempo de recomeço, um
Tempo de libertação...
Nesse sentido, o Tema de Fundo deste nosso Jornal será,
precisamente, o Tempo do Advento neste ano de 2011,
oportunidade única e irrepetível para nos aproximarmos
mais de Deus, no seio e no coração da Sua Igreja.
Como veremos, dizer Advento é dizer “espera”, é dizer “escuta”,
é dizer “desejo”, é dizer “alegria”, porque para nós um
Menino nos será dado, um Filho nascerá para nós.
Advento, será esse Tempo favorável de quatro semanas
que nos deverão ajudar a preparar intensa e verdadeiramente
o Nascimento de Jesus Salvador.
Quatro semanas onde nos deveríamos decidir a preparar
profundamente, com autenticidade, os corações, a fim de
que o Natal que celebraremos tenha nas nossas casas e,
particularmente, nas nossas vidas, um sabor de paz e de
verdade, as marcas da simplicidade e da partilha, da generosidade
e da beleza. Como naquele Natal primeiro que
tanto nos fascina e nos leva, mais de dois mil anos depois,
a evocá-lo e a celebrá-lo.
A vida agitada que todos vivemos, a crise, económica, financeira,
de valores e objectivos credíveis, de horizontes
válidos, serão ameaça permanente à vivência deste Tempo
único que é o Advento!
Se não estivermos atentos, decididos à sua vivência profunda,
se nos deixarmos distrair pelas “luzes” tantas que
nos vão surgir, acabaremos por chegar ao Natal verdadeiramente
vazios do essencial!
Daí, queridos Paroquianos, que deste o primeiro minuto nos
devamos deixar envolver por esse tempo novo que vem a
nós; nos devamos deixar interpelar pelos desafios que a
própria Palavra de Deus nos há-de dirigir, no sentido de
Novembro - 2011 - Nº 02
CARTA DO PRIOR
preparar os corações para a vinda do Salvador.
Desejo a todos os Paroquianos de Carcavelos essa vontade
e esse desejo de viverem um profundo e autêntico Advento.
Desejo a cada família, a cada coração, essa predisposição
para uma preparação digna a fim de que em cada um se dê
esse encontro maravilhoso entre cada um de nós e o Menino
Deus. Desejo que em cada um de nós surja, ou ressurja,
essa vontade profunda de, como advertirá S. João
Baptista, preparar os caminhos do Senhor...
A todos e a cada um saúdo com profunda amizade e dedicação.
O sempre vosso
Pe. António Fernando P. Teixeira
Oferecemo-vos hoje o segundo número do nosso Jornal “VERITAS”. Após a enorme receptividade do primeiro,
depois de tantas e diversificadas formas de incentivo, decidimos avançar para a continuação desta forma de evangelização...
Este número do “VERITAS” chegar-vos-á às mãos já muito perto do Tempo do Advento. Um Tempo novo, um
Tempo de Graça, um Tempo de apelo, um Tempo de recomeço, um Tempo de libertação...
Veritas
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TEMA DE FUNDO
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Veritas
Novembro - 2011 - Nº 02

Desde essa Noite que Ele permanece
connosco. No meio de nós. Arriscando a
não ser reconhecido. Mas, mesmo sem
O vermos, Ele está. Bate à porta mas
nada pede, pois veio apenas e somente
para dar...
Desde essa Noite em que o Céu se uniu
à Terra, Ele apela ao nosso acolhimento.
Permanentemente. Discretamente. Humildemente.
Se abrirmos, se O recebermos,
se nos deixarmos seduzir e
maravilhar pela Sua Pessoa, se aceitarmos
o Seu Evangelho, se nos deixarmos
desafiar, inquietar e apaixonar pelo
Reino que anuncia e incarna em Si
mesmo, então o Seu Nascimento realizase
definitivamente em nós e neste nosso
mundo.
Se nesta Noite de Natal acolhermos o
“Tempo do Advento”
Desde aquela Noite em que os Anjos cantaram, Ele entrega-Se total
e gratuitamente para nos tornar felizes para sempre.
Menino recém-nascido, então é possível!
É possível sermos homens novos, construtores
de uma nova humanidade, semeadores
de uma outra civilização.
Nasceu há cerca de dois mil anos.
Multidões de gerações partiram já para a
eternidade desde que Esse Menino nasceu,
desde que Esse Filho nos foi dado.
Imensas estações floriram e produziram
frutos em abundância. E também já
houve muita fome desde que Esse Deus
Se fez Homem!
Mais de duas mil voltas da terra à volta
do sol.
Mais de dois mil anos desde que o Menino
de Belém abriu os braços para libertar
o mundo inteiro das garras da
morte! Vinte séculos – já ultrapassados
– de caminhada da humanidade desde
que o Filho de Maria Se manifestou
como Filho de Deus!
Milhões de homens e de mulheres atravessaram
os seus abismos de angústia e
de medo e recolheram as suas colheitas
em festa tendo por viático das suas vidas
o seu amor a Jesus Salvador.
Veio, já há muito tempo. Veio já há muito
o Menino da Noite de Natal! E desde
essa Noite, Cristo Jesus apresenta-Se
às nossas portas batendo discretamente
para ser acolhido nas nossas casas e
permanecer connosco como um de nós!
Desde essa Noite, onde quer que as
pessoas se encontrem, Ele apressa-Se
a ir ao seu encontro para dar a alegre notícia
da ternura de Deus aos que estão
dispostos para O escutar e oferecer a
Sua palavra de reconforto aos fatigados
TEMA DE FUNDO
em busca de coragem.
OS CONVITES DO TEMPO
DO ADVENTO
1. LEVANTAR-SE!
Levantar-se!
É quando se está deitado, adormecido,
perdido, em sonhos, para fugir e escapar
à realidade, tantas vezes agravada pela
doença, pela dor, pelo sofrimento e o
“não-sentido”! Erguer-se, levantar-se,
porque se permanece apático, porque
desiludido de tudo e de todos. Estendido,
em vez de altivamente de pé, como convém
a um filho e a uma filha de Deus.
Levantar-se!
O primeiro convite deste Tempo do Advento,
que consiste em deixar-se acordar
por múltiplos apelos de pessoas, de sen-
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TEMA DE FUNDO
timentos; abrir os olhos com coragem e
ousadia, realismo e confiança, reencontrar
em si as fontes escondidas de energia
e retomar a esperança na vida,
confiar nas pessoas, maravilhar-se como
na manhã de um lindo e novo dia,
quando a luz expulsa a noite com os
seus fantasmas!
“De pé! Levanta-te! Põe-te a caminho!
Eu, o teu Deus, que venho ao teu encontro,
para te dar vigor e vida, força e
renovada esperança de um coração
cheio e feliz”!
Mas, olhamos o mundo, o homem, e
que percebemos, que vislumbramos?
Será realidade esse mundo novo prometido
por Aquele que nasce para
nós?! Demasiado belas para serem
verdadeiras essas profecias de Isaías.
Há muito que deveriam ter-se realizado!
Senhor, há já tanto tempo que
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Veritas
habitas no meio de nós e nada, nada
verdadeiramente mudou! Onde estão
as espadas transformadas em relhas
de arados e as lanças em foices? Onde
estão os carros de assalto transformados
em ceifeiras e debulhadoras?
Onde estão as despesas militares aplicadas
à saúde e à educação? E os capitais
em fundos de desenvolvimento?
Onde está a paz, a justiça, o amor, a
solidariedade, a resplandecerem na
Tua Igreja?
Mas Ele vem! Ele vem em cada homem
acordado e decidido a trilhar outros caminhos;
Ele vem e busca corações decididos
a edificar outra humanidade. E
em vez de nos lamentarmos com a actual
situação do mundo e da história,
eis que nos decidimos a ser fermento
na massa. É que tudo começa ou recomeça
com uma decisão: Deus vem até
nós e quer-nos acordados, erguidos,
para esse acolhimento que tudo renova
e transforma em nós!
2. PREPARAR-SE!
Preparar-se é acolher em nós tudo o que
pode suceder na nossa vida, e aceitá-lo
não como uma fatalidade, mas tentando
sempre descobrir-lhe o sentido.
Preparar-se é ainda deixar-se interpelar
pelos apelos que nos vêm dos outros
convidando-nos a transfigurar mentalidades,
preconceitos e verdades imutáveis
que o não são! Apelos que são
desafio a repensar o nosso jeito de viver,
de estar na vida.
Preparar-se é fazer silêncio em nós para
aprender a discernir, ou seja, a deixar o
inútil e o acessório, o efémero e o supérfluo,
para dar lugar, definitivamente,
em nós, àquilo que é verdadeiramente
essencial.
Preparar-se é ter o coração desperto, à
espreita de tudo o que nos pode converter
em profundidade, para alem das emoções
e dos frémitos, esses precisamente
que se vivem ou se dizem superficialmente
sem nada em nós mudar em profundidade...
Preparar-se é arriscar em Deus. Com
tudo o que isso implica e comporta, significa
e revela, de surpresa e de espanto,
de novidade, de beleza, de mudança de
rumo e adopção de vida genuína e duradoira...
Preparar-se para, na alegria e na liberdade,
na fé e na simplicidade, acolhermos
o “tempo de Deus”.
Esse tempo que vem, em que os homens
enfim se reencontrarão como irmãos, livres
e fraternos, no seu coração, pensamento
e vida, para viver o dom, o dialogo
e a partilha.
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Esse tempo que vem, em que a caridade
dará as mãos à lei, uma lei respeitadora
de todos, que não oprime nem humilha
ninguém, e que estará próximas dos pequenos,
dos simples e dos pobres!
Esse tempo que vem, onde o Amor não
se reduz a um simples verbo a conjugar
ou a uma mera palavra a soletrar em
bocas mentirosas, mas uma realidade
verdadeira, assumida em todas as suas
exigências, e que transforma este mundo
em oásis de alegria e perfume de eternidade
já no meio de nós.
Esse tempo que vem, em que a terra
dará frutos de justiça, de amor e de paz,
que podem ser colhidos por todos –
todos sem excepção – nos dias dos tempos
novos, próprios de quem acolhe em
si o dom que é o Emanuel, Deus-connosco.
Esse tempo que vem, onde sentimos e
pressentimos que Deus chama. E que
diante desse chamamento não podemos
permanecer no mesmo lugar, impávidos,
apáticos, serenos! Porque o Advento é
também esse tempo de bem-fazer em
que cada outro pode maravilhar-se daquilo
que nunca tinha escutado.
Advento, essa preparação, esse tempo
inolvidável, estação do perdão, não apenas
na ponta dos lábios mas – e sobretudo
– no mais fundo do nosso próprio
coração.
Advento, essa preparação, esse tempo e
esse espaço de acolhimento, aceitando
a palavra do outro que vem mexer nas
nossas convicções...
3. PÔR-SE À ESCUTA E
DE OLHOS ABERTOS
Por toda a parte e à nossa volta cânticos
e pedidos, gritos e exortações, lamentações
e desalentos, que brotam a cada
instante.
A cada momento a nossa atenção voltase
para qualquer recanto deste nosso
planeta para escutar relatos de acontecimentos
ou ouvir opiniões sobre tudo e
sobre todos!
Vivemos, existimos, num tempo e num
mundo que é verdadeiramente uma “aldeia
global” onde não se dispensa a comunicação.
Podemos – e devemos –
escutar os gemidos e as palpitações
deste nosso mundo e assistir às mudan-
ças trágicas e profundas a levarem-nos
para um futuro absolutamente incerto,
ansioso, que profundamente ignoramos.
Neste mundo repleto de ruídos, barulhos
e imagens, num grande e derradeiro esforço,
ousemos fazer silêncio. Esse silêncio
que, de verdade, nos permite
escutar Aquele que vem, teimosamente,
para nos falar.
Limpemos os nossos ouvidos desses
ruídos, algazarras, tagarelices, mexericos,
mentiras, que retêm a nossa atenção
mas que apenas nos anestesiam e
atordoam!
Então seremos verdadeiramente capazes
da necessária e urgente atitude de
escuta, para tentar iluminar a nossa vida
à luz da Palavra de Deus revelada em
Jesus Cristo.
E no meio de tantas palavras, atrevamonos
a escutar Aquele que é a Palavra,
Os nossos olhos estão cegos!
Cegos do essencial!
Cegos de genuíno e do profundo.
Cegos do “mais” e do “melhor”!
Cegos!
Contemplam-se e maravilham-se estes
TEMA DE FUNDO
nossos olhos com o cintilar de luzes e
lantejoulas, mas não conseguem ver,
não querem reparar nas rugas, nas lágrimas
e nas cicatrizes de cada irmão!
Os nossos ouvidos estão surdos!
Não procuram senão escutar doces melodias
e harmoniosas sinfonias, mas que
ignoram os gritos de desespero de quem
chora e sofre!
Por isso, é preciso recomeçar uma estrada
de verdade, de vida verdadeira, de
coração purificado, de existência diferente
e transfigurada!
É preciso que se abram as nossas mãos,
os nossos olhos e os nossos ouvidos, ao
dom, à atenção, à generosidade, à escuta.
É que apenas assim conseguiremos captar
a harmonia e a cacofonia, o belo e o
feio, a verdade e a mentira, a justiça e a
ignomínia, deste nosso tempo e, infelizmente,
muitas vezes, desta nossa Igreja!
Que se abra o Céu, que se rompam as
nuvens, e desça depressa o enviado de
Deus. Para que sejamos libertados das
cegueiras que não nos deixam ver no
outro um irmão; para que sejamos curados
da nossa surdez que nos impede de
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TEMA DE FUNDO
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Veritas
escutar os gemidos e os gritos, as preces
e os “obrigados” de cada outro. Que
se abra o Céu e sobre esta nossa humanidade
desça, de novo, o Justo, que consegue
curar-nos...
4. ALEGRAR-SE!
Em cada Natal, repete-se o convite: alegrai-vos!
Em cada Natal, acontece a Boa-Notícia:
alegrai-vos!
Palavras fáceis de cantar, de dizer!
Mas como poderemos alegrar-nos com
cânticos e danças quando em tantas partes
do mundo – a começar bem aqui ao
nosso lado – há guerras com o seu cortejo
de morte, sangue e dor? Como experimentar
uma alegria quando em
demasiados rostos escorrem, teimosamente,
lágrimas de desespero e de desânimo,
de angústia e de sofrimento?
Precisamos de nos alegrar na fé.
E em Advento, reaprendemos essa alegria
interior que nos segreda essa verdade
maior que sublinha e garante a
visita de um Deus que é Menino.
Aprender a alegria do Evangelho, que
agradece o dom de Deus e que nos reforça
no empenho de um trabalho solidário
e cúmplice para que a festa e
alegria não seja apenas de uns mas de
todos. Uma alegria que brota da capacidade
e da decisão de dar pão a quem
tem fome, de espalhar a esperança aos
corações desanimados, oferecer a concórdia
e o perdão a quantos são subjugados
à divisão e à mágoa.
Alegrar-se. Um dom e um empenho.
Alegrar-se. Uma graça e um compromisso.
Conhecemos muitas, tantas, e diversificadas
alegrias superficiais, destinadas a
fazerem-nos esquecer por momentos as
preocupações, os fracassos, os sofrimentos
os medos.
O Advento desafia e sugere uma alegria
diferente. A alegria de uma vinda, a alegria
de um encontro, a alegria de um
abraço, entre o céu e a terra
Deus vem ao coração deste homem concreto.
E essa é a maior e mais profunda
das alegrias. Dessas alegrias que não
passam, não perdem o vigor, sentido,
oportunidade. Uma alegria que brota
dessa certeza imutável de que um Menino
e um Deus verdadeiro vem habitar
no meio de nós; alegria que consiste
nessa verdade definitiva de que n’Essa
Criança se cumpre o nosso futuro e o
nosso destino.
Onde nenhum medo conseguirá destruir
essa esperança de que Deus está connosco
para sempre.
Novembro - 2011 - Nº 02

Ele é a nossa paz; por isso a nossa alegria.
Ele é a nossa vida; por isso a nossa
alegria. Ele é a nossa força; por isso a
nossa alegria. Ele é a nossa festa; por
isso a nossa alegria.
5. REENCONTAR
Longamente preparada, meditada e esperada,
ei-la agora realizada: Deus cumpre
a Promessa.
O Povo da Antiga Aliança tinha tudo previsto
e imaginado: os sacrifícios no Templo,
a Lei a cumprir para agradar a Deus.
Mas, surpresa das surpresas, eis que
nada acontece como estava previsto!
Deus não nasce em Jerusalém. Deus
não está rodeado dos grandes da Cidade
Santa! Porque com Ele começa uma
Nova e definitiva Aliança. Mais que os rituais
e as normas, o importante é o
homem. O homem que a partir de agora,
e para todo o sempre, tem um companheiro
de viagem, de peregrinação, de
existência.
Advento: oportunidade sempre renovada
para encontrar uma luz, uma paz, uma alegria,
uma força, um alento que jamais se
desvanecerá.
Um tempo novo começa em cada Advento,
pois que renasce no coração dos simples
a mais bela das verdades: Deus e o
Homem encontram-se definitivamente.
Naquele tempo – é hoje – todos os
povos da terra receberam a grande notícia:
das trevas dos ódios e das guerras,
uma luz esplendorosa resplandeceu!
E foi um imenso alívio, pois que toda a
humanidade entra em festa! É como se
um jardim verdejante irrompesse e tivesse
florido no meio do deserto!
Advento: decisão interior e profunda de
que tem de acabar a fome que mata milhões
e o ódio que obscurece olhares e
endurece corações.
Advento: compromisso decisivo para
que terminem as guerras, longínquas e
bem próximas, as opressões e humilha-
TEMA DE FUNDO
ções desenfreadas e pecaminosas, que
colocam homens contra homens, irmãos
contra irmãos!
Nasce-nos um Menino que nos traz e esclarece
o projecto de Deus para nós e
para este nosso mundo.
Sabemos o Seu nome: Sabedoria, Justiça,
Paz.
A cada um de nós é confiado um Menino.
Que não tem exércitos nem, nem força, nem
poder, nem glória ao jeito do mundo. Mas um
Menino que vem renovar a terra inteira.
Um Menino que vem renovar este meu
coração
Advento é caminho de vida para um encontro
derradeiro com a Vida.
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OPINIÃO
Quem anda atento às mudanças sociais e culturais e não se esquece que a Igreja
está ao serviço da sociedade e das pessoas tem consciência de que muitas coisas
têm de mudar na acção pastoral. Nem sempre as mudanças são aquelas de
que as pessoas falam, movidas por razões sopradas e pouco sabedoras do que
na Igreja é essencial. O concílio Vaticano II foi o acontecimento com maior força
propulsora da mudança a operar-se na Igreja. Realizou-se para isso mesmo, segundo
os objetivos criados por João XXIII, que queria não a continuação de uma
Igreja clerical, mas o surgir de uma Igreja Povo de Deus, marcada pela Comunhão
e pela Missão. Uma Igreja capaz de entender a sociedade e de dialogar
com ela sobre o desígnio de Deus a operar-se na história humana. Uma autêntica
mudança que toca em conceitos e critérios, em atitudes e projectos.
Não era fácil a conversão, sobretudo dos que, embrenhados nas estruturas e
nos modelos tradicionais, teriam sempre grande dificuldade em se libertarem para
poderem adquirir a liberdade interior sem a qual não são possíveis as verdadeiras
mudanças. Quem viveu o antes do Concílio, e logo o seu depois, entende
estas dificuldades porque as sentiu. Destes, os primeiros, dependia muito o rumo
e o impulso conciliar. Foi-se, porém, pelo mais fácil e espetacular, passou-se, em
muitos casos, ao lado dos grandes apelos á conversão, sossegou-se a consciência
pensando que os outros é que tinham de mudar, deu-se lugar a superficialidades
que não seriam inócuas, pôs-se patine em muitas coisas velhas. O
ambiente era de cristandade e mera conservação, com sentença de morte anunciada
a partir dele próprio, pensando-se, logicamente, que não sobrevivera. Acabou
por ser ele mesmo a marcar o ritmo da anti mudança. Com tudo isto,
andou-se para trás e deram-se muitos passos em vão.
Bento VXI disse, recentemente na Alemanha, que na Igreja, “há mundo a mais e
Espirito a menos”. E falou que, sem a conversão profunda do Papa, dos bispos
e padres, dos religiosos e leigos, de toda a Igreja, não haverá mais lugar para o
Espírito. Mundo a mais, quer dizer que os critérios profano e as preocupação
temporais se sobrepõem á moção do Espírito, o Único que pode dar a vida.
O Concilio foi uma lufada de ar fresco para a Igreja, que tanto pode perdurar
ainda, como ter sido esquecido uma mera recordação. Os textos conciliares deixaram
de ser lidos, meditados, entendidos como rumo e caminho. Muita gente da
Igreja voltou a velha rotina, a programar para conservar, sem se interrogar se por
aí pode alguma vez passar o vento da renovação pastoral. Os esquemas pastorais,
a utilização dos recursos humanos e materiais, a linguagem, mesmo com as
novas técnicas, parecem permanecer ao serviço de um passado que nada diz ás
pessoas de hoje. A maioria destas teve acesso generalizado ao ensino, experimentou
a democracia, tomou consciência do seu valor como pessoa, sente o direito
e dever de participar. Os tempos de cristandade sempre de sabor clerical.
Por isso estão desadequados e fora de tempo . Teimar neles é produzir o vácuo
religioso e eclesial, continuara construir muros que dividem as valas intransponí-
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“Resistências à Mudança”
Veritas
veis. O problema não está em sentir a dificuldade das mudanças que se impõem,
mas em teimar em não querer, nem procurar caminhos novos que permitam os
rumos novos que urgem a Igreja.
Os decisores eclesiais, mesmo quando inovam, estão rodeados de caminhos de
tropeços que não os deixam andar. Uns incómodos, outros acarinhados. Uns
doem, outros agradam. Estes tropeços tanto se chamam grupos corporativos,
como costumes, bairrismos impensáveis, bairrismo impensáveis, ânsia de honras
e vaidades, que o Concílio execrou mas que continuaram a prodigalizar. Não
se entende, quando o grito evangelizador é insistente, que se perca tempo e se
desgastem energias em banalidades e disputas que cheiram a mofo e sujam a
imagem da Igreja.
As maiores recriminações de Cristo foram feitas aos conservadores interessados
do seu tempo, que não queiram andar, nem deixaram que outros andassem.
Parece que a história se repete, com prejuízo irreparável das pessoas e da sociedade.
Ao repensar a acções da Igreja hoje, há que estar atento porque, em alguns
casos, os falar-se de coisas novas, o horizonte é muito curto, o que não
admira pelo pouco que se estuda, lê e reflecte, se escuta, avalia e inova. Os que
parece que querem são agentes promovidos.
D. António Marcelino,
Bispo emérito de Aveiro, in, Notícias de Beja
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“Não insubstituíveis,
mas fundamentais”!
"Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo" afirmou categoricamente Jesus
aos Seus discípulos e, portanto, a cada um de nós. Reconheço nestas palavras do
Mestre a nossa sublime vocação, o espantoso chamamento que nos é dirigido, a
fim de deixarmos este mundo diferente daquilo que o encontrámos. Ser «sal» é
prontificarmo-nos a viver de tal forma que possamos dar renovado «sabor» a esta
sociedade, a este tempo, que se caracteriza por uma insalubridade medonha, um
insosso que assusta e atemoriza até! Sobre cada um de nós «recai» essa missão
e tarefa apaixonantes de sermos esse «sal» e essa «luz» que conseguem, pela
graça do Espírito de Deus, transfigurar o sentido da História. Ela avançará, ou não,
mediante a nossa presença e compromisso fecundos nos diversos ambientes, estruturas,
que nos são dadas viver!
É verdade que não somos insubstituíveis; mas não é menos verdade que
somos fundamentais e decisivos para orientar este tempo para aquilo que chamamos
Reino de Deus.
Se a nossa entrega e a nossa fé tiverem os traços da verdade e da confiança,
se a nossa pertença à Igreja, às Comunidades, sentirem os efeitos da nossa
adesão comprometida, fecunda, generosa e abnegada, necessariamente o
nosso tempo «respirará» outro «ar»; a nossa sociedade e a nossa Igreja poderão
sentir o «odor» de um «perfume» outro, que não se dilui com o vento por
mais forte que ele possa ser.
"Sem Mim nada podereis fazer; coMigo, fareis coisas maiores do que Eu" é
promessa de Jesus Cristo. Na verdade, quando deixamos que Deus nos impregne,
quando aceitamos valorizar mais a Sua palavra que a dos homens,
quando acreditamos na Sua presença misteriosa mais que naquela visível e falível
do e de quem vemos, a vida ganha outros contornos, a esperança é verdade
a acontecer, o sonho é realidade que nos envolve e apaixona...
Quando, ao contrário, deixamos que a apatia e a inércia, a falta de compromisso
e o comodismo se apoderem dos nossos corações, transformamo-nos
em «velhos do Restelo» para que nada está bem, para quem em nada já crê,
para quem desconfia da beleza da vida e do mundo que nos envolve.
Ser «sal» e ser «luz» implicará desassossego, é certo; trará inquietações,
atrairá sobre nós provocações que, esponjados nos nossos sofás não trariam!
Mas, ao mesmo tempo, a História e a Igreja ficariam privadas dos talentos e
dos dons que o Céu nos concedeu! E, por consequência, tudo será mais triste,
mais pobre, mais desanimador, mais negativo!
É importante, é urgente, revalorizar a nossa missão apostólica a fim de que outros
se sintam e saibam envolvidos nessa aventura inenarrável de transformar
a realidade com os critérios d'Aquele Galileu que passou a marcar e a contar
a História de forma distinta.
Somos únicos. Somos especiais. Somos precisos. Deus quer as nossas mãos
e os nossos pés; quer a nossa boca e o nosso coração. Sem nós, Deus ficará
mais pobre. E a tarefa da construção do mundo permanecerá inacabada...
P.A.
SENTIR DE PASTOR
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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OPINIÃO
“O maior desafio feito à Igreja”
Gostaria de perguntar a muitos cristãos, leigos e clérigos,
dos mais diversos meios e idades, qual consideram
ser o grande, senão mesmo o maior, desafio
que a Igreja enfrenta hoje. Admito que uns falariam
da crise de vocações, do desnorte das famílias, da
idade avançada dos padres, da evangelização, assim
em geral, como que a dizer tudo e a não dizer nada.
Também se poderiam ouvir as dificuldades da linguagem
para comunicar o Evangelho, os diminutos
passos dados no diálogo com o mundo da cultura
emergente, da crise da vida comunitária das pessoas
e das estruturas pastorais. Talvez ainda, apesar dos
ecos favoráveis das Jornadas Mundiais da Juventude,
em Madrid, falariam do desafio que os jovens
constituem. Todos estes e muitos outros temas, em
campo, constituem, por certo, problemas e desafios
incómodos e difíceis. Mas qual o maior?
Não podemos deixar de concretizar, a ponto de incomodar,
aquele que se poderá considerar o desafio
mais englobante, no qual vão entroncar todos os outros.
Será, talvez, a debilidade da fé dos que se dizem
crentes e consideram a Igreja como espaço que
ainda lhes diz algum respeito. Não há meios técnicos
para medir a autenticidade e a verdade da fé das pessoas.
Cada um tem o seu itinerário religioso próprio,
foram diferentes oportunidades que se lhe abriram
para crescer na fé, e, ao afirmar-se cristão, ninguém
gosta que duvidem da sua religiosidade. A prova final
é a vida de cada um. Há gente com grande coerência
entre o que acredita e o que vive. Outra que deixa
os sentimentos e as coisas religiosas para determinados
dias, acontecimentos e lugares. Alguém disse
que, tal como na sociedade actual, também na Igreja
reina o caos, onde se encontra tudo. Aí se expressam
as maiores diversidades e opções em relação à prática
religiosa, ao estilo de família, à intervenção social
e política, para não falarmos já dos que permanecem
no templo e exprimem a pluralidade de caminhos de
acção, da liturgia às estruturas de participação, dos
leigos agindo quase por favor, àqueles que evoluíram
e reivindicam, legitimamente, o direito à iniciativa, à
palavra, à liberdade de associação. É neste contexto,
a meu ver, que emerge o grande problema: uma
Igreja que, por sua natureza, é uma comunidade de
crentes adultos e na qual muitos dos seus membros
não o são, nem têm vontade ou motivação para o vir
a ser. O ambiente é marcado por valores e tradições
12
Veritas
cristãs, que permitem a humanização da vida e a sua
dimensão transcendente. Porém, os dinamismos
mais influentes da sociedade, nem sempre contrários
à Igreja, processam-se, normalmente, à margem da
Igreja, sem que se vislumbrem propostas alternativas.
Dir-se-á que ainda há igrejas cheias. É verdade.
O pluralismo é um valor estimável, que nem sempre
se vê assumido e promovido nas comunidades com
marcas de um clericalismo serôdio. João Paulo II levantou
a bandeira da «nova evangelização» para ir
ao encontro dos cristãos tradicionais, adormecidos ou
convencidos. Bento XVI caminha no mesmo sentido.
Mas, a nova evangelização não vive de acontecimentos
de massa, ou de iniciativas de passagem que
podem comover, mas não chegam a converter. A pedagogia
de uma nova evangelização com futuro é de
promoção e aproveitamento das relações primárias,
de modo a gerar motivação; de formação de líderes
que testemunhem, com normalidade, a sua fé; de
criação de grupos, não nascidos por força de decisões
superiores, mas propostas de reflexão serena,
aberta e de confronto com a Palavra de Deus; de uma
prática orante adequada; de progressiva abertura aos
outros e às suas condições de vida Evangelizar as
pessoas, pelo anúncio jubiloso de Jesus Cristo, Redentor
e Salvador, exige que, ao mesmo tempo, para
que o seja depois de modo mais alargado, tocar nos
ambientes e nas estruturas da sociedade. Evangelizar
não é fazer praticantes de culto, mas crentes adultos
com testemunho de vida e compromisso
apostólico.
Bento XVI fala de uma Igreja na Alemanha com muita
organização e pouco espírito, com muito mundo e
pouca espiritualidade. Também se pode falar nos países
de tradição religiosa, como Portugal, de uma
Igreja ainda mais voltada para conservar tradições e
estruturas paralisantes e menos atenta a caminhos
novos, exigidos pelas mudanças sociais e culturais, e
por ser uma necessidade urgente de tornar o Evangelho
acessível. Com esta apreciação pouco optimista,
como se pode pensar, não se podem esquecer
as muitas iniciativas válidas e promissoras, não se
pode passar ao lado do esforço generoso de bispos,
padres e leigos que, na sua vida e acção, animados
pelo Espírito vão criando caminhos novos. Mas, até
neste ponto, no conjunto nacional, dentro das dioceses
e paróquias, há estrangulamentos individuais lamentáveis.
A evangelização não dispensa
testemunhos comunitários e estes não se improvisam.
A. M.
Novembro - 2011 - Nº 02

Uma lição bem estudada
O nome desta professora de Benguela não é comum, mas a vida em Inglaterra fez
com que gostasse de ser tratada por Susy. E é assim que a vamos chamar. Vive em
Manchester há dois anos e visitou o Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos
(CCPC) para voltar a ver as pessoas que antes a ajudaram.
Fugir a uma guerra
Nasceu em Angola e teve uma infância perfeitamente feliz. Vivia com os pais e tinha
uma boa vida. Ao contrário de algumas crianças em Angola, pôde estudar e fez um
curso profissional para se tornar professora primária. Não casou porque nunca
achou importante, mas tinha uma relação estável com um companheiro e trabalhava
“por desporto” como a própria admitia, sem ter necessidade para isso. Vivia
em Benguela e o companheiro era militar de alta patente.
Quando a guerra surgiu em 1992 “foi como que dormir e acordar num outro mundo”,
como a própria relembra. A guerra fez com que tivesse de abandonar a sua casa somente
com a roupa que tinha no corpo. Partiram do Congo, ela num dia com três
dos seus cinco filhos e o companheiro no dia seguinte. Os filhos mais velhos já cá
estavam com a avó e os tios e foi a família do companheiro, que Susy ainda não conhecia,
que a foi receber ao aeroporto. “Foi tudo muito estranho”, confessa. Tinha
24 anos quando veio para Portugal e a saída atribulada de Angola fez com que
nunca tivesse surgido o desejo de regressar.
De uma vivenda para um “bairro de lata”
Da vivenda que tinha em Benguela, Susy, filhos e companheiro, passaram a morar
numa habitação precária de dois quartos onde tiveram de se apertar com mais 4
pessoas, nos chamados “bairros de lata”. Vivia com a mãe e tios até conseguirem
uma “barraca” maior e a família de Susy ficou então na mais pequena. Com o desmantelar
deste tipo de bairros, Susy conseguiu uma casa num bairro social em S.
Miguel das Encostas.
Em Portugal, trabalhar já não era apenas “por desporto”. Era preciso alimentar a família.
Mas Susy não era mulher de cruzar os braços e conseguiu de imediato um
emprego na Abla (Associação de beneficência Luso Alemã) como auxiliar de educação
na creche. Apesar da experiência em educação, não renovaram o contrato a
Susy. Mas nem isso a desanimou: trabalhou ainda um tempo como empregada doméstica
numa casa particular e depois num hipermercado. Tudo o que trouxesse comida
à mesa serviria. Até mesmo um trabalho numa lavagem de carros.
Trabalhou como lavadoura de automóveis e foi a primeira mulher neste ofício. Diz
com um sorriso que o facto de ser pioneira levou a que aparecesse no Jornal da Região.
Contudo também não conseguiu manter este emprego. Engravidou, e depois
de a criança nascer e da licença de maternidade, a empresa dispensou-a.
Um Centro Comunitário diferente
As dificuldades foram-se intensificando e pensou que o Centro Comunitário a poderia
ajudar. Já tinha tido contacto com o Centro através da “Porta Aberta”, as actividades
de verão para crianças, e sabia pelo entusiasmo dos filhos que o CCPC
era um sítio especial. “Falavam tanto do Centro e levavam para casa livros e outras
ofertas feitas pelos monitores. Tive curiosidade em conhecer e foi assim que tive o
primeiro contacto com a Dr.ª. Zulmira e a Dr.ª. Marta”. Susy foi ajudada com apoio
alimentar e na procura de trabalho.
Foi através do gabinete de emprego do Centro que voltou ao serviço doméstico e
passou a trabalhar para uma psicóloga em 2004. Tinha boas condições de trabalho
e uma boa relação com a patroa. Passados três anos a psicóloga mudou-se para o
Centro de Lisboa e reduziu o período de trabalho. Para Susy, o tempo de trabalho
já não compensava a viagem, e acabou por ficar de novo desempregada.
Vidas com história
Nova viagem, nova aventura
Com 35 anos tornava-se difícil encontrar trabalho e o regresso ao ponto de partida
fazia com que Susy quisesse uma mudança mais significativa na sua vida. Já tinha
família e conhecidos em Manchester e já la tinha ido visitar a cidade durante as férias.
Entusiasmou-se com a ideia de ir para lá trabalhar, através de descrições feitas
pelos amigos, que diziam ser fácil conseguir emprego e apoio. Aproveitou o
pouco dinheiro que tinha posto de parte e achou que ou saía naquela altura ou já
não saía de todo. Voltou assim a abandonar um país, desta vez sem ser forçada, e
com o entusiasmo de uma nova vida.
Em Inglaterra a adaptação não foi fácil, especialmente pela língua, que Susy não
percebia nem gostava. Gradualmente foi ultrapassando os obstáculos e hoje já consegue
“respirar” sem estar constantemente a pensar como irá alimentar os filhos no
dia seguinte.
Não conseguiu trabalho no imediato mas está a aprender inglês e a fazer voluntariado
para ter experiência e conseguir arranjar emprego. Ainda ficou uns tempos a
viver na casa de um familiar mas conseguiu finalmente o apoio que precisava para
ter casa própria e assim levar a sua vida avante.
A Susy que veio visitar novamente o Centro é hoje uma mulher feliz, bem-disposta,
e com vontade de começar de novo num país que a recebeu de braços abertos. A
Portugal regressa nas férias para rever a família e os amigos que cá deixou. Mas
agora a aventura é outra, e esta professora não vai deixar a lição a meio.
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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CRITÉRIOS...
Os tempos de crise e também de renovação na nossa comunidade são propícios à
interpelação. Nas suas homilias o Padre António questiona-nos sobre se acreditamos
ou não que Deus nos tem sempre no seu coração. Será que para mim basta
Deus e só Deus? Afinal o que é ser cristão hoje e, mais ainda, ser cristão para quê? 1
Neste início do advento senti-me tentado a partilhar partes de uma obra, de um
autor que me tem interpelado de modo especial e me oferece respostas com que
me identifico. Trata-se de Timothy Radcliffe, frade dominicano, que escreveu o livro
Ser cristão para quê? , este ano editado em Portugal e cujo primeiro capítulo é
sobre a ESPERANÇA, tão urgente entre nós, como nos questiona o P. António.
De facto se a humanidade está destinada a tomar parte na inexprimível felicidade
de Deus, então isso deverá ser o objectivo da minha vida (), pois se isso não for
verdade () deverei deixar a Igreja. Porque acho que é verdade isso tem de, obrigatoriamente,
reflectir-se na minha vida, duma forma que esteja para além das pa-
14
Veritas
TEMPO DE ADVENTO,
TEMPO DE ESPERANÇA
lavras, pois Deus está para lá delas e os sinais que falam são os mais eficazes.
Então, qual o sentido de ser cristão, se perante tantas contradições do mundo e da
igreja apetece, por vezes, desistir? Mas, como afirma Pascásio Radberto, o desespero
não tem pés para andar o caminho que é Cristo. Como acredito no que Cristo
me propõe é preciso ousar ter ESPERANÇA, na qual caminharemos e peregrinaremos
nesta vida, ao Seu encontro. Mas caminhamos para algum lado ou andamos
às voltas como os israelitas no deserto?
Olhamos () para trás, para a Criação, e para a frente, para o Reino, isto é, vimos
de Deus e voltamos outra vez para Ele. É essa caminhada que exprime a nossa
ESPERANÇA; precisamos caminhar juntos para um destino comum.
Apesar da perda de confiança que actualmente se sente, das guerras, da violência
e da crise () este é, potencialmente, um momento maravilhoso para o Cristianismo,
se formos capazes de encontrar maneiras de viver e partilhar a nossa ES-
Novembro - 2011 - Nº 02

PERANÇA cristã, oferecemos aquilo de que o mundo está sedento.
Foi num período de crise () onde as expectativas dos apóstolos se desmoronaram
completamente () que () Jesus tomou o pão, o abençoou e partiu Não lhes deu
um itinerário, pelo contrário fez desaparece-lo, mas a intimidade com o Senhor cresceu
() de tal modo que todos os dias celebramos esse momento. A Igreja nasceu
assim de uma ESPERANÇA no meio de uma crise bem maior do que aquela por que
estamos a passar agora!
Então interroguemo-nos: () será que oferecemos uma história alternativa para o
futuro? Acreditamos na vitória do bem sobre o mal () e na vinda do reino e no fim
de todo o sofrimento e morte?
Certamente, não será um cristianismo de puro entusiasmo e exaltação da experiência
religiosa, como é corrente hoje, afastado da cruz, das questões da justiça
dos pobres e das limitações da condição humana.
A ESPERANÇA não é a convicção de que alguma coisa acabará bem, mas a certeza
que alguma coisa tem sentido, independentemente do modo como acabar. É
a convicção que acabaremos por descobrir que tudo aquilo para que vivemos, felicidade
e desgosto, vitória e derrota, tem algum sentido e que apesar das loucuras
do último século, a existência não está condenado ao absurdo.
Como cristãos pomos a ESPERANÇA () na eternidade, mas esta não é o que
acontece no fim dos tempos, quando já tivermos morrido. Começa agora, sempre
que tomamos parte na vida de Deus, sempre que superamos o ódio com o amor.
Ter ESPERANÇA é viver neste preciso momento, agora, em que alguma coisa pode
acontecer.
Se as pessoas vissem que os cristãos são capazes de uns gestos um pouco loucos,
em vez de recuarem sempre timidamente, quer por acharem que não são capazes
quer porque têm medo que os outros não apreciam o que fazem, então poderiam
captar uma lufada da nossa extravagante ESPERANÇA que é algo raro e extraordinário
que temos para oferecer: a ESPERANÇA despojada das suas muletas seculares,
nova, fresca e desejável.
O sentido do cristianismo é mostrar-nos que há um sentido para as nossas vidas,
convida-nos a uma liberdade e a uma felicidade específicas, que são partilha da vitalidade
própria de Deus.
Os nossos sonhos são demasiado pequenos e, se Deus os desfaz, é para que nos
possamos aventurar no espaço mais vasto da vida. Ele liberta-nos de pequenas
ambições para que possamos aprender a ter uma ESPERANÇA mais extravagante.
E quantas vezes os nossos projecto são mesmo pequeninos!
E onde está a alegria e a beleza? O último salmo do Saltério diz: Louvai ao som da
trombeta, louvai-o com a harpa e a cítara! Louvai-o com tambores e danças, louvaio
com instrumentos de corda e flautas! Quantas vezes somos monocórdicos e sem
beleza!
O nosso bispo D. José Policarpo, na sua recente entrevista à Voz da Verdade 2 , diznos
() que a força da Igreja é ela ser um povo, ser uma comunidade crente e que
um dos contributos que ela dá à humanidade hoje é suscitar a ESPERANÇA! Mas
cautela, é preciso não identificar a ESPERANÇA com as expectativas humanas. A
ESPERANÇA cristã tem sempre uma raiz que é Nosso Senhor Jesus Cristo e a ES-
PERANÇA de uma vida nova. E aqui é preciso vencer a rotina; tem de haver um
alerta, dinamismos internos da Igreja para voltar a descobrir, adaptando ao tempo
que passa, o ardor e a frescura da Verdade inicial. E como se vence a rotina? Ele
próprio responde: fazendo as coisas como se fosse a primeira e a última vez, com
a verdade fundamental que nos mobilizou no início.
Como nos diz Timothy () podemos encontrar esta mesma liberdade e alegria entre
pessoas de outras fés ou de nenhumas. Não podemos pretender ter o exclusivo na
partilha da vida de Deus.
E neste tempo do Advento, em que preparamos a celebração do dia em que o Filho
se incarnou em Jesus, no seio de uma família em que o Espírito Santo se personalizou
em Maria e em que Deus não apenas assumiu a realidade de Jesus, mas
também foi assumida a paternidade humana de José (Redemptoris Custos, n. 21) 3
, um bom projecto de vida será ir ao encontro do apelo do nosso bispo.
CRITÉRIOS...
Parece-me matéria interessante para reflectirmos enquanto esperamos a Sua vinda.
Termino com o poema de Emily Dickinson , citado por Timothy Radclifffe no final do
primeiro capítulo do seu livro::
ESPEREANÇA é a coisa com penas
Que se empoleira na alma
E canta a melodia sem palavras
E nunca para - absolutamente
FF
1 RADCLIFFE, Timothy (2011) – Ser cristão para quê? Lisboa: Paulinas Editora
2D. José Policarpo em entrevista a Diogo Paiva Brandão. VOZ DA VERDADE ano
78 n.º 4004, 30 Outubro de 2011-11-09
3 BOFF, Leonardo (2005) – São José a personificação do Pai; Campinas: Versus
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
Editora
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À CONVERSA COM...
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Nesta edição do nosso Jornal “VERITAS” conseguimos conversar com um personagem fundamental
deste Tempo do Advento que viveremos muito em breve: S. João Baptista.
Na verdade, João é o Precursor, é aquele que prepara os caminho e aponta para Jesus como O
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, como o Salvador...
É uma oportunidade única para nós como forma de nos ajudar a viver mais intensa e profundamente
este Tempo de Deus que se avizinha no horizonte próximo...
Caro João Baptista, verdadeiramente, é para a Paróquia de Carcavelos, uma
grande honra poder contar com alguns minutos do seu precioso tempo. Ficam
desde já os nossos sinceros agradecimentos...
1. Em primeiro lugar, gostaríamos de saber um pouco sobre a sua vida,
sobre a sua vocação. Chegou-nos a informação que tinha o hábito de
baptizar os pecadores, os impuros... Como surgiu essa iniciativa? Qual
o impacto desse acto na vida das pessoas com essa (aparente) má conduta?
Veritas
S. JOÃO BAPTISTA
Olá, muito bom dia a todos... para mim é também uma imensa alegria poder
estar aqui em Carcavelos, no seio da vossa Paróquia...
Quanto à questão colocada, de facto, essa foi a minha missão durante algum
tempo; senti no mais fundo do meu ser que a minha tarefa era, precisamente,
preparar, com autenticidade, os corações para esse “Encontro” que Deus tinha
sonhado para cada coração...
Sentia, melhor, sabia interiormente, que a Promessa da vinda do Messias se
iria cumprir brevemente; sabia, sentia, que os corações humanos estavam demasiadamente
distraídos do essencial e que deveriam converter-se, transfigurar-se,
para poderem, com verdade, profundidade e alegria, encontrar-se
Novembro - 2011 - Nº 02

com O Cordeiro de Deus que viria tirar o pecado do mundo.
Qualquer momento importante nas nossas vidas é sempre precedido de alguma
preparação, de um “antes” para a beleza e a importância desse “depois”
que se há-de viver...
É nesse sentido que decido tomar esta iniciativa, essa “hora”, esse acto interior,
que deveria preparar a intimidade mais profunda de cada coração, para
esse derradeiro encontro com o Filho que estaria para chegar...
Muitos entenderam a mensagem, muitos aceitaram o apelo à mudança de vida,
à conversão dos corações, à opção e escolha pelo essencial. Foi bonito olhar
e perceber a verdade do encontro entre esses corações e Jesus Cristo que
passava, permanecia, desafiava, propunha, ousava...
Creio, de verdade, que esse “baptismo” em água que celebrei com essas multidões
no rio Jordão foi caminho de verdade e de vida para imensos homens e
mulheres que, dessa forma, conseguiram aceitar a verdade de Cristo e se predispuseram
a seguir o Evangelho do Reino incarnado na pessoa d’Esse Salvador
que para nós nascia, vivia, morria e ressuscitava...
2. Dada a época do ano em que já nos encontramos, sinto-me obrigada
a mudar um pouco o rumo da nossa conversa... Não podia ser mais
pertinente a ocasião em que decidiu passar por Carcavelos... O Advento
está a chegar... No entanto, com o clima que se faz sentir até
agora neste nosso tempo, neste pais, penso que a grande maioria das
pessoas não tomará consciência da proximidade do Tempo de preparação
para o Natal! Sabemos que veio anunciar a chegada de Jesus, do
Messias prometido. Como tal, temos muita curiosidade em perceber
como é que se preparou para essa mesma chegada. Rezava muito?
Fazia jejum?
Afirmava atrás que senti dentro de mim mesmo esse “encontro” que estaria
prestes a dar-se... Pressenti que a história dos homens e do mundo se iria
transformar profunda e radicalmente. Deus serve-Se dos homens para Se revelar,
para salvar, redimir, libertar... Assim, senti o chamamento para a preparação,
em mim e nos demais, para a vinda do Salvador do mundo a esta nossa
terra, a esta nossa humanidade, às nossas vidas, aos nossos corações...
Sinto, creio, que para determinados momentos, etapas, episódios, das nossas
vidas, devemos preparar-nos adequadamente, o melhor possível... Assim, ao
vislumbrar o nascimento, s vinda do Messias à nossa História, senti que deveria
viver esse “acontecimento”, esse milagre, o mais profundamente que
fosse capaz. Rezava, jejuava, procurava a conversão, buscava a autenticidade
de vida, do coração... Queria muito – muito mesmo – que quando O encontrasse,
O visse, Lhe falasse, o meu coração estivesse o mais puro e verdadeiro
possível...
Sabia, acreditava, que era Deus que viria à minha vida. De forma única, decisiva,
definitiva. Não podia não preparar essa vinda, esse encontro! Como nestes
novos tempos, não podemos – não devemos – cair na tentação de celebrar
um acontecimento tão fecundo quando fascinante, sem o preparar, o desejar
profundamente! Se esse encontro com o “Emanuel”, Esse Deus-connosco não
for desejado intensamente por cada um de nós, pois esse encontro não se verificará
mesmo! Falar-se-á dele, poderá até celebrar-se mas será sempre de
forma exteriorizada, epidérmica, não comprometida, mundana! E isso apenas
conseguirá o empobrecimento da beleza, da “magia”, da radicalidade, desse
momento sempre único nas nossas vidas...
Hoje, como ontem, creio firmemente que importa preparar o Natal de Jesus, de
forma séria, autêntica, para não corrermos mais o risco de deixar esta Festa
presa e dependente de artifícios e acessórios que a despem e privam daquilo
que ele é: vida, ternura, verdade, partilha, justiça, amor, paz, generosidade,
fraternidade...
À CONVERSA COM...
3. Imagino que tenha sido um enorme choque para si ver como é o
Natal dos nossos dias. Sinto-me até um pouco envergonhado perante o
seu testemunho... Mas pelo menos há algo positivo, o Natal hoje é sinónimo
de “Reunião Familiar”, é como se fosse a Festa da Família. Isto
tem um fundo positivo, não concorda?
Sabe, às vezes tenho as minhas dúvidas! O Natal de Jesus Cristo é a Festa
do Seu Nascimento e de tudo quanto isso significa e implica. É o cumprimento
da Promessa, é a Aliança Nova e definitiva, é o Amor de Deus derramado nestas
criaturas que nós somos... Não é propriamente a festa da família! Para a
Festa da Família existe uma outra celebração e uma outra data específicas...
É o chamamento de toda a Humanidade para viver unida e solidária, como
grande família humana e não como uma “colecção” de famílias em festa, isoladas
e esquecidas umas das outras!
Na verdade, quantas vezes esses denominadas “reuniões familiares” acabam
simplesmente por ser uma rejeição de Jesus e da Sua Palavra?! Quantas
vezes essas celebrações de família não são sinónimo de negação da verdade,
da justiça, da caridade, da humildade, da paz?! Quantas vezes esses encontros
familiares, ditos em nome do Natal, de Jesus, não são simplesmente lu-
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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À CONVERSA COM…
gares onde Jesus não tem lugar?! Encontros de famílias em nome de Jesus
onde Este é, simplesmente, secundarizado, esquecido, rejeitado?! Será isso
Natal?! Quantas vezes essas mesmas “reuniões” não estão absolutamente
desprovidas de Deus?! Reúnem-se, encontram-se, festejam, em Seu nome,
por Sua causa , mas Ele, em Si mesmo, não ocupa um lugar de destaque, o
lugar primeiro e privilegiado que deveria ocupar como verdadeiro e único protagonista
da Festa!
Homenageia-se Alguém que é esquecido e relevado para um plano imensamente
inferior!
Daí que, como referi atrás, às vezes duvido muito do “positivo” que isso seja!
Natal é família, família humana unida, congregada, em nome de Deus. Família
humana que se faz e consegue com a união de todas as famílias. Celebrar
o Natal em festa familiar é, com certeza, deveras importante; acolher o Menino
Deus em espírito de encontro familiar, de corações, de intimidade, é fundamental.
Mas famílias que acolhem, amam e adoram Esse Menino que nos
foi dado, Esse Filho que nasce para nós...
Em não poucas famílias reunidas para celebrar o Natal, aquilo que se verifica
é a “tradução”, a “actualização” daquela expressão do Evangelho que afirma
que não havia lugar para Ele nas hospedarias! Cheios do sentido da festa,
ocupados e preocupados na celebração familiar, nos presentes, na ceia, nos
adornos, acabam por ficar cheios de si mesmos, atafulhados em acessórios,
não deixando tempo nem espaço para Deus que nasce para nós! Que tremendo
paradoxo! Mais sublinhado ainda quando estas realidades se verificam
em lares e famílias que se afirmam cristãs! Vale mais um encontro de pessoas,
uma ceia de natal, uma troca de presentes naquela noite única que a celebração
em Família cristã, em Família comunitária, eclesial, do Nascimento
d’Aquele a Quem chamam de Salvador! Incongruências que jamais se entenderão...
Natal é Jesus Cristo!
Natal é aquela gruta despojada, marcada pela simplicidade, pelo despojamento,
pelo essencial, pelo amor profundo, autêntico, derradeiro, definitivo...
Natal é pureza de sentimentos, é paz verdadeira e permanente, é vida aberta
aos outros e partilhada sem medos nem condições...
Natal é Cristo!
E só! O resto é mera construção humana! O resto é secundário. E não pode-
18
Veritas
mos nem devemos trocar o eterno pelo instante! Desafio-vos a celebrar este
Advento e este Natal com outro espírito, isto é, onde Jesus Menino é tudo! Celebrá-l’O
com os outros, em Família, em Comunidade, mas onde Ele é verdadeiramente
o centro, o eixo, , o “mais”, de todos os encontros, palavras, gestos,
ternura, festa... Celebrá-l’O com toda a intensidade possível, onde cada momento,
cada minuto e segundo deste Natal que se aproxima seja um sinal da
presença de Jesus Menino nas nossas próprias vidas. Um Natal onde Deus é
a razão da Festa. Um Natal onde nos apagamos a nós próprios, onde diminuímos
nós próprios, para que aquela Luz do mundo brilhe verdadeira e profundamente
no coração de cada homem, a começar no nosso...
Em família, em famílias, na comunhão com a grande Família Humana, mas
onde Jesus Menino é a razão, a causa, o princípio e o fim desses mesmos encontros...
4. Gostaria que nos descrevesse o sentido original e profundo do Natal.
Sem saber que me pediria essa explicação ou descrição, creio que acabei de
o fazer na questão anterior...
Mas posso – e quero – sublinhar de novo aquilo que importa reter em cada celebração
do Natal: Jesus Cristo.
Jesus é o Natal e apenas n’Ele perceberemos o sentido da celebração e da
festa. Natal significa nascimento. É a celebração do nascimento de Deus segundo
a Carne, no coração da história humana. E é esse mistério de amor, de
entrega e doação que faz, cria e recria, o verdadeiro e único sentido desta
quadra especial que atravessaremos brevemente. Todos os demais aspectos
das festividades, todos os outros elementos das celebrações, serão sempre
acessório, acrescento. Que poderão ser importantes desde que não secundarizem
e banalizem, sempre que não relativizem o que é essencial: numa
manjedoura, permanece o Omnipotente, apresentado na pobreza e na fragilidade,
despojamento e simplicidade daquela Gruta de Belém.
Ter a coragem de olhar para Belém, para o Presépio, e deixar-se maravilhar
diante do que podemos e devemos contemplar: Deus Omnipotente revelado na
Sua omni-impotência! Isso é o Natal, e o seu verdadeiro e único sentido e significado.
5. Baseando-se na sua experiência única de “preparar os caminhos do
Novembro - 2011 - Nº 02

Senhor”, como nos relatam os Evangelhos, peço-lhe que deixe à Paróquia
de Carcavelos dois conselhos para seguirmos e vivermos fielmente
este Advento de 2011.
Talvez esta seja a questão mais fácil de responder, até porque nas respostas
anteriores já conseguem discernir e entender vários conselhos para a real vivência
do Tempo do Advento que prepara o momento maior e mais solene que
é o silêncio amoroso e salvador daquela Noite Santa do Nascimento do Salvador,
o Senhor Jesus...
Primeiro conselho: ter a consciência de que a todos é dado uma nova oportunidade
de conversão e de adesão à intimidade com Deus. Querer conscientemente
dar-se conta de cada um dos dias do Tempo do Advento. Para que não
chegue o dia solene de Natal, sem ter a consciência de que o tempo da preparação
já terminou!!!
Segundo: ousar a experiencia da partilha. Ou seja, encarnar em si mesmo o espírito
do Natal, que é entrega, doação, despojamento, partilha... Do que se é
e do que se tem. Não como purificação da consciência e como forma de justificar
todos os supérfluos e acessórios em que sempre nos deixamos envolver.
Ser capaz de partilhar com os mais pobres – e não podemos esquecer a crise
em que se está mergulhado, os novos e envergonhados pobres que connosco
convivem diariamente -; ser capaz de partilhar com os mais necessitados, algo
que nos custe, no sentido de que seja gesto que ultrapasse a nossa habitual
“caridadezinha”, que suplante a normal doação do que não nos faz falta e do
que nos sobra!
Quantos corações poderiam sentir e viver o Natal de Jesus, um Natal diferente
se fossemos capazes nós mesmos, de ser diferentes, se ousássemos fazer
do Natal aquilo que ele verdadeiramente é: Deus simples, Deus humilde, Deus
pobre, Deus despojado!
6. Daquilo que já teve oportunidade de observar na nossa Paróquia,
considera que a nossa Comunidade tem produzido “bons frutos” e conseguirá
a experiência fecunda de um sério Advento?
Tenho sempre presente aquelas palavras de Jesus no Evangelho: “Não julgueis
e não sereis julgados”! Isto significa que não posso nem devo fazer julgamentos
da vida particular de cada um de vós, da vossa interioridade e
seriedade de vida e de fé...
Cada um deveria, isso sim, ser capaz, com frequência, fazer um profundo e
sério exame de consciência, sobre como está a viver a sua fé, a sua pertença
a Cristo e à Igreja, comparando a sua vida pessoal persistente e autenticamente
com o Evangelho.
Que frutos “doces” e “saborosos” como a simplicidade e a verdade, a disponibilidade
e a transparência, a justiça e a generosidade, a alegria e a esperança,
temos dado a quantos se cruzam connosco e fazem caminho com cada um de
nós?! Ou que frutos “azedos” e “amargos” como sejam a mentira e a hipocrisia,
a corrupção e a maledicência, a apatia e a indiferença, o egoísmo e as
fraudes, os diversificados adultérios e comodismos, a inveja e a inércia, tenho
eu oferecido e partilhado com quem me olha, me sente, me vê?!
O Advento e o consequente Natal, são sempre essa oportunidade de Deus
para “arrepiarmos” caminhos mal andados e regressarmos à “estrada” que nos
conduz ao seio de Deus. Estes tempos litúrgicos que se avizinham já no nosso
horizonte são, de facto “o tempo favorável” para recomeçar uma história de
amor e de santidade possível a esta nossa condição de peregrinos...
Mas atrevo-me a dizer também à Paróquia de Carcavelos, como anunciei há
tanto tempo atrás: “Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas”!
Escutem sempre esta palavra como dirigida aos vossos corações e não as enderecem
aos outros! Foram, e continuam a ser proclamadas, para o vosso bem
À CONVERSA COM…
e santificação, para a vossa felicidade e a vossa paz duradouras...
Não acreditem jamais, nunca mesmo, não se convençam de que já fizeram
tudo quanto podiam fazer; não amaram tanto quanto conseguem e podem
amar; não caminharam até onde conseguem ir; não se converteram nunca o
suficiente. Por isso mesmo, de novo vos segredo: “Preparai o caminho do Senhor”!
Preparai os vossos corações para a vinda d’Aquele que vos ama como
nunca alguém alguma vez amou... preparai as vossas almas, transformai-as,
para que elas tenham os contornos da Gruta de Belém e nelas o Senhor Jesus
possa nascer verdadeiramente.
E será Natal, e haverá Natal, nas vossas vidas, nas vossas famílias, na vossa
Paróquia, neste nosso mundo...
(Entrevista orientada por Raquel Abecassis)
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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IGREJA NO MUNDO
Visita à Escola EB1 de Carcavelos
Centro Comunitário Dda
Paróquia explica a Pobreza
às crianças
No dia 17 de Outubro celebrou-se o
Dia Mundial para a Erradicação da
Pobreza e da Exclusão Social e a
Escola EB1 dos Lombos convidou o
Centro Comunitário para ir explicar
às crianças o trabalho que desenvolve
na luta contra a exclusão social.
A tarefa coube à Marta
Pereira, técnica de serviço social do
projeto INTERVIR .
A Marta explicou o trabalho que o
Centro desenvolve e lançou ainda
um desafio às crianças: fazer uma
campanha para recolha de produtos
para bebés, uma necessidade que
é sempre difícil de suprir pelo apoio
social do Centro.
A Escola correspondeu, as turmas
organizaram-se, e em apenas uma
semana conseguiram-se: 49 embalagens
de toalhitas, 15 embalagens
de fraldas, 9 fraldas de pano, 10
embalagens de champô, 10 embalagens
de gel de banho, 4 embalagens
de Pó de talco, mais de 50
peças de roupa de bebé, 22 chupetas,
32 embalagens de papa, e muitos
outros produtos para o banho,
higiene oral, boiões de fruta e leites,
num total de 873 produtos.
O Centro Comunitário e as famílias
que vão usufruir destes produtos
agradecem todo o empenho e dedicação
dos colaboradores da escola,
das crianças que mobilizaram as
suas famílias, e um especial agradecimento
ao professor António
Mouta que organizou o evento e a
campanha!
Os produtos que venham a ser angariados
serão muito importantes para ajudar
as famílias que recorrem ao Centro!
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Veritas
Marta Pereira na Escola EB1 de Carcavelos; Alguns dos produtos angariados na campanha.
Novembro - 2011 - Nº 02

Cabazes de Natal 2011
Campanha de recolha de
produtos para as famílias
apoiadas pelo Centro
Comunitário da Paróquia
de Carcavelos
Em Novembro e Dezembro o Centro Comunitário
da Paróquia de Carcavelos
(CCPC) fará a recolha de alimentos para
os cerca de 100 cabazes de Natal que
todos os anos tornam o Natal de muitas
famílias um pouco melhor.
Cada cabaz é composto por: 1 litro de
azeite, 1 kg de arroz, 1 litro de vinagre, 1
kg de bacalhau, 1 kg de açúcar, 1 kg de
batatas, 2 litros de leite, 1 kg de fruta em
calda, 1 kg de farinha, esparguete, frutos
secos, 1 lata de leguminosas, 2 latas
de salsichas, 2 latas de atum, chocolates,
fraldas e artigos para bebé e bolorei.
Os contributos para os cabazes são oferecidos
por particulares, comércio, empresas
e escolas da zona, que se
organizam para oferecer cabazes já
completos.
A organização dos cabazes e festa de
Natal é da responsabilidade da equipa
do Projeto Intervir: Zulmira Pechirra e
10º. Aniversário da Casa Jubileu
Foi num verdadeiro ambiente de festa
e confraternização que no mês passado
a Casa Jubileu, pertença e valência
do Centro Comunitário da
Paroquia de Carcavelos celebrou o
seu 10º. Aniversário de existência.
Com simplicidade, e com a presença
dos actuais e antigos residentes da
Casa, na partilha de testemunhos de
vida, da importância da permanência
e da vivência naquela Casa, seguida
de um Lanche/Jantar, comemorou-se
essa importante efeméride.
A Casa Jubileu conta com a presença
de doze residente (está completa) e
com a ajuda e colaboração de vários
técnicos e voluntários que ajudam a
ultrapassar situações deveras difíceis
para quem chega.
Muitas destas vidas trazem consigo
marcas profundas dos mundos da toxicodependência,
do álcool, da experiência
nua e crua de viverem na rua
anos seguidos, sem a experiência de
afectos, de ternura, de sociabilidade,
acabando por “abraçarem” uma tremenda
solidão como “companheiros”
de jornada!
Na Casa Jubileu, os técnicos que os
acolhem (médicos, psicólogos, terapeutas,
conselheiros, assistentes sociais,
etc.) são uma preciosa e
indispensável ajuda a erguer esperanças
e em tantos conseguirem a redescoberta
de um sorriso, de uma nova
oportunidade de vida.
Quando se encontram já com capacidade
de trabalhar, de se tornarem de
novo responsáveis por si, pelas suas
vidas, podem viver em duas casas de
saída que o Centro Comunitário também
faculta até que consigam a sua
total integração na sociedade, a nível
profissional, económico, social.
Dez anos da Casa Jubileu...onde muitos
corações desesperados e perdidos
IGREJA NO MUNDO
Marta Pereira. O papel dos voluntários
também é fundamental, podendo ajudar
de diversas maneiras: preparação
e distribuição dos cabazes e animação
e organização da Festa de Natal especialmente
pensada para as crianças.
Também podem ajudar nesta causa oferecendo
um pouco do seu tempo como
voluntário, ou oferecendo produtos para
os cabazes. Deixe o seu donativo na Paróquia
de Carcavelos até dia 10 de Dezembro.
Se quiser ser voluntário pode
inscrever-se no Centro Comunitário de
Carcavelos!
reencontraram a alegria de viver, a esperança
de recomeçar, o sorriso para
continuar, um dia de cada vez, a aventura
de uma vida marcada pela dignidade
que um dia lhes tinha sido
roubada.
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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IGREJA NO MUNDO
DISTRIBUIÇÃO DO JORNAL “VERITAS”
Foram vários os adolescentes e jovens
que aderiram à chamada e logo se prontificaram
para a distribuição pelos muitos
correios da Paróquia do primeiro número
do Jornal “VERITAS”, o Jornal de Informação
Religiosa da Paróquia de Carcavelos.
Naquele sábado, pelas 10h, começaram
a chegar à igreja paroquial. Pouco a
pouco formou-se um grupo de cerca de
trinta pessoas que, em cinco carros, se
distribuíram por várias zonas da Paróquia
e, dessa forma, levarem uma “voz” e
um “rosto” diferentes da fé e da Igreja
que somos, tanto a nível universal como
a nível local.
Em ambiente de amizade e confraternização,
perceberam que estavam ao serviço
da fé e da Comunidade e,
rapidamente, distribuíram cerca de 4000
Jornais.
No fim da jornada, a alegria estava estampada
naqueles rostos juvenis que,
também dessa forma, aprendiam a ser
mensageiros da fé, missionários de
Cristo, aqui na Paróquia de
Carcavelos.
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Veritas
Novembro - 2011 - Nº 02

IGREJA NO MUNDO
Começo dos “Grupos de Vida” em Carcavelos
Início da Catequese
Infantil
Também nesse fim-de-semana de 23
de Outubro se iniciou a Catequese Infantil
da Paróquia. Do 1º. ao 6º. Ano,
várias crianças com os seus Catequistas
e acompanhados dos Pais “arrancaram”
para uma nova etapa da sua
formação cristã.
Na Missa das 12h desse Domingo,
diante de toda a Comunidade cristã
presente, de joelhos diante do Altar,
todos os Catequistas celebraram o
seu Compromisso. Uma entrega a
Deus e à Igreja neste serviço tão especial
e importante que é levar a Boa
Nova de Jesus aos mais pequeninos
da Comunidade.
Um Compromisso, um gesto, que a
ninguém deixou indiferente, pois que
foram autêntico testemunho de serviço
a Deus, de entrega à Igreja, de amor
à Comunidade de Carcavelos.
Assim todos os presentes se predispusessem
a aprender estes “sinais”
com que Deus vai presenteando o peregrinar
de cada um!
Às quartas, às sextas, aos Sábados e
Domingos, conforme o número de inscritos,
a Paróquia tenta dar resposta a
esta obra pastoral fundamental que é
a Catequese Infantil.
Apesar de se terem já iniciado as actividades,
todas as Crianças interessadas
podem ainda inscrever-se na
Catequese. Basta aparecer num dos
dias da Catequese (4ª.feira e 6ª.feira
às 17h 30; Sábados e Domingos às
10h 30, no salão paroquial) e dirigirse
a um Catequista.
Foi no passado dia 21 de Outubro que se
deu início a mais um ano de actividades
com os “Grupos de Vida” da Paróquia de
Carcavelos.
Os “Grupos de Vida” compõem-se de adolescentes
e jovens, a partir dos 12 anos.
Em grupos etários, orientados por dois ou
três Responsáveis, buscam olhar paras as
suas vidas com os olhos da fé. Após a primeira
etapa da denominada Catequese Infantil,
que acaba com a Festa da Profissão
de Fé, no sexto ano, iniciam uma outra caminhada
de fé nos “Grupos”.
Com uma orgânica e dinamização distintas
da Catequese Infantil, intenta-se que cada
adolescente e jovem saiba viver a sua fé no
concreto da sua vida escolar, familiar, social,
eclesial, universitária, etc.
Este ano pastoral, para alem dos quatro
grupos habituais, iniciou-se um quinto
grupo para todos aqueles que já haviam recebido
o Sacramento do Crisma mas pretendiam
continuar a sua caminhada
humana e cristã. A este Grupo pertencem
também jovens que, mesmo sem terem recebido
a Confirmação, têm a idade dos primeiros
e, em Grupo, preparar-se-ão devida
e atempadamente para a celebração desse
Sacramento.
Jerusalém: Religiosa belga
distinguida no memorial
do Holocausto
A falecida religiosa belga Philomène
Smeers foi proclamada ‘justa entre as
nações’ em inícios do mês, em Jerusalém,
numa cerimónia que decorreu no
memorial ‘Yad Vashem’.
O título foi atribuído pela autoridade memorial
pelas vítimas e heróis do Holocausto,
criada pelo Governo de Israel,
destacando a protecção concedida a jovens
judaicas, durante a ocupação
alemã, no convento de La Hulpe, “salvando-as
dos campos de concentração”,
referiu a Rádio Vaticano.
A religiosa, que assumiu o nome de
Maria Verónica, faleceu em 1973, aos 98
anos de idade.
Este ano, com a entrada do novo Pároco,
os “Grupos de Vida” começaram todos juntos,
no salão paroquial, com a apresentação
do novo Prior a cada um e umas
palavras de incentivo para o novo ano que
se inicia e para aquilo que se espera dos
“Grupos”.
Todas as sextas-feiras, no salão paroquial,
aí estão esses “valentes” que buscam consolidar
a sua fé. E para pertencer aos “Grupos”
basta aparecer e ter vontade de ser
mais discípulo, mais amigo, mais cúmplice,
de Jesus ao serviço da Igreja.
No primeiro encontro estavam presentes
cerca de 120 adolescentes e jovens juntamente
com os seus Responsáveis.
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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IGREJA NO MUNDO
Assis 2011: «Nunca mais a guerra,
nunca mais o terrorismo»
Bento XVI e mais de 300 líderes religiosos
e académicos realizaram a um encontro
de oração e reflexão pela paz e a
América/Vaticano: Igreja preocupada
com difusão da pobreza e da violência
O Vaticano e os líderes da Igreja Católica
no continente americano manifestaram
a sua preocupação pela
difusão da “pobreza e da violência”
nos países da região, revelou há dias
um comunicado da Santa Sé.
O documento apresentou as conclusões
da 16ª reunião do Conselho Especial
para a América, da Secretaria
Geral do Sínodo dos Bispos, que decorreu
nos dias 27 e 28 de Outubro,
no Vaticano.
Em especial, comentou-se “a difícil
situação no Haiti”, que ainda sofre as
consequências do terramoto de Janeiro
de 2010, com a difusão de
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Veritas
justiça no mundo, reunidos na cidade italiana
de Assis, sob o lema ‘Nunca mais a
guerra, nunca mais o terrorismo’.
doenças e um sentimento de “malestar”
na população.
Outro fenómeno analisado foi o movimento
migratório, “que representa
hoje um dos principais desafios para
a nova evangelização”.
Já a relação com as seitas foi considerada
um "verdadeiro desafio para
a Igreja”.
Os participantes falaram em “interferência
do Estado” na relação entre
as religiões, “ignorando” o papel histórico
da Igreja Católica “na primeira
evangelização do Continente, bem
como na formação da identidade das
nações”.
As palavras de João Paulo II, lançadas
em Assis, em Janeiro de 2002 (pouco
depois dos atentados do 11 de Setembro,
nos EUA), foram pronunciadas em
diversas línguas durante um vídeo que
recordava o Dia Mundial de Oração
pela Paz, convocado pelo mesmo
Karol Wojtyla, há precisamente 25
anos.
O filme retomou várias intervenções dos
últimos dois Papas, em favor da paz e da
defesa do ambiente, recordando ainda
imagens e sons dos conflitos mais sangrentos
do último quarto de século.
Nos ecrãs passaram ainda protagonistas
destes 25 anos, como o sul-africano
Nelson Mandela ou a birmanesa Aung
San Suu Kyi.
Após uma viagem de comboio, Bento
XVI e os representantes religiosos dirigiram-se
para a basílica de Santa
Maria dos Anjos, onde foram acolhidos
pelo cardeal Peter Turkson, presidente
do Conselho Pontifício Justiça e Paz,
organismo da Santa Sé, que sublinhou
o "chamamento comum a viver juntos
em paz".
Em seguida, tiveram início as intervenções
de dez líderes de religiões e
uma representante dos não crentes,
com o patriarca ecuménico de Constantinopla
(Igreja Ortodoxa), Bartolomeu
I, a declarar que “todo o diálogo
verdadeiro” traz em si as sementes de
uma “metamorfose possível”
“É da indiferença que nasce o ódio”,
referiu o patriarca, que recordou a “primavera
árabe” e alertou para a situação
dos cristãos no Médio Oriente
Por seu lado, Rowan Williams, arcebispo
da Cantuária, primaz da Comunhão
Anglicana (Inglaterra), deixou
aos presentes uma convicção que diz
ser partilhada por todos os crentes:
“Em última instância, não somos estranhos
uns para os outros”.
Novembro - 2011 - Nº 02

Bispos europeus reclamam
maior «corresponsabilidade»
social na procura de soluções
Os Bispos europeus reclamaram maior
“corresponsabilidade” social na procura de
soluções para a crise financeira, no final de
uma reunião em Bruxelas, Bélgica, onde
também foi analisada o "futuro da integração
europeia”.
De acordo com um comunicado da comissão
das Conferências Episcopais da União
Europeia (COMECE), do encontro sobressaiu
ainda a necessidade de “uma visão
política a longo prazo”, no sentido de ultrapassar
a actual conjuntura.
Peter Wagner, representante da União Europeia,
falou sobre a missão do grupo de
trabalho recentemente criado para a Grécia,
um dos países em maiores dificuldades
na chamada Zona Euro.
A partir de uma análise feita por diversos
especialistas económicos, como Jean-
Pierre Jouyet, presidente da Autoridade
João Paulo II: Possível milagre estudado
no México para lançar canonização
Um possível milagre atribuído à intercessão
de João Paulo II (1920-2005), no México,
poderia abrir caminho à declaração
como “santo” do Papa polaco, beatificado
em Maio, revela a Rádio Vaticano.
O padre Jorge Oscar Herrera Vargas,
porta-voz da arquidiocese de Yucatán, revelou
que o caso vai ser julgado por um tribunal
eclesiástico e enviado ao postulador
da causa de canonização, padre Slawomir
Oder.
Em causa está a cura “repentina” de Sara
Guadalupe Fuentes, recuperada de um
tumor que obstruía, em 80%, a sua garganta
e a impedia de comer devidamente,
numa altura em que as relíquias do beato
João Paulo II visitaram o México.
O Papa polaco foi proclamado beato por
Bento XVI a 1 de Maio, na Praça de São
Pedro, numa cerimónia em que participaram
cerca de um milhão de pessoas, encerrando
a penúltima etapa para a
declaração da santidade, na Igreja Católica.
De acordo com o direito canónico, para a
canonização é necessário um novo milagre
atribuível à intercessão do beato João
Francesa dos Mercados Financeiros
(FFMA), foi possível verificar que a crise
está ligada a “políticas eleitoralistas e de
curto prazo que foram consecutivamente
implementadas nas últimas décadas”.
Para a COMECE, ainda que “essas escolhas
se tenham reflectido frequentemente
num consumismo desenfreado, a atribuição
de culpas não levará a lado nenhum”.
“Os cidadãos europeus têm de se manter
unidos e exercer da sua solidariedade para
ultrapassar a crise, que pode ser uma oportunidade
de renovação”, salientam os prelados.
Quanto ao contributo que a Igreja pode dar,
no sentido de aplicar estas ideias, os bispos
mostram-se convencidos de que ela
será sobretudo “uma força de coesão e de
esperança”, no meio de uma sociedade
“ameaçada pelo populismo e a divisão”.
Paulo II a partir desse dia.
Concluídas estão, em definitivo, as investigações
sobre as chamadas “fama de santidade”
e “virtudes heróicas” de Karol
Wojtyla (1920-2005), eleito Papa em Outubro
de 1978, o que torna o processo de canonização
menos moroso.
O Vaticano escolheu o dia 22 de Outubro,
início de pontificado de João Paulo II, para
a celebração da memória litúrgica do
beato.
A Santa Sé dispõe um calendário próprio
para a diocese de Roma (da qual todos os
Papas são bispos) e as dioceses da Polónia
(país natal de João Paulo II), regulando
o “culto litúrgico” ao futuro beato.
Outras conferências episcopais, dioceses
ou famílias religiosas podem apresentar
um “pedido de inscrição” desta memória litúrgica
nos seus calendários próprios, por
causa do “carácter de excepcionalidade”
de que se revestiu esta beatificação.
Nesse sentido, é permitido que, no primeiro
ano após a cerimónia, seja possível
celebrar uma “Missa de agradecimento a
Deus” em locais e dias “significativos”, por
decisão de cada bispo diocesano.
IGREJA NO MUNDO
Vaticano: Papa pede respeito
pela liberdade de culto
Bento XVI recebeu no Vaticano o novo embaixador
da Holanda, pedindo respeito pela
liberdade de culto e deixando críticas ao
que classificou como “mentalidade antirreligiosa”.
“Essa liberdade não é ameaçada apenas
por restrições legais nalgumas partes do
mundo, mas por uma mentalidade antireligiosa
dentro de muitas sociedades,
mesmo quando a liberdade de religião é
protegida pela lei. É por isso que esperamos
que o seu Governo seja vigilante,
para que a liberdade religiosa e a liberdade
de culto continuem a ser protegidos
e promovidos, tanto na sua terra quanto
no exterior", disse o Papa ao diplomata
holandês, Joseph Weterings.
A Igreja Católica na Holanda conta com
4,26 milhões de fiéis, mais de 25% da população
e é o maior “grupo religioso” no
país, segundo dados do Vaticano, apesar
da diminuição do número de baptizados
nas últimas décadas.
Bento XVI abordou também a questão da
identidade da Santa Sé, afirmando que
esta não é “um poder económico ou militar”,
“A sua voz moral exerce considerável influência
à volta do mundo. Uma das razões
para isso é precisamente o facto de
a instância moral da Santa Sé não ser
afectada por interesses políticos ou económicos
ou coerções eleitorais de um par-
tido político. A sua contribuição à diplomacia
internacional consiste largamente
em articular os princípios éticos que deveriam
sustentar a ordem política e social
e em chamar a atenção para a necessidade
de acções para remediar as violações
de tais princípios", referiu o Papa.
Segundo Bento XVI, a diplomacia da
Santa Sé “não é conduzida por motivos
confessionais ou pragmáticos, mas com
base em princípios universalmente aplicáveis
que são tão reais quanto os elementos
físicos do ambiente natural”.
"Como uma voz para os que não têm
voz, e defendendo os direitos dos indefesos,
incluindo os pobres, doentes, não
nascidos, idosos e os membros de grupos
minoritários que sofrem injustas discriminações,
a Igreja procura sempre
promover a justiça natural”, acrescentou.
O Papa admitiu que os membros da
Igreja “nem sempre vivem à altura dos
parâmetros morais que ela propõe”, mas
entende que isso não a impede de “continuar
a exortar as pessoas para procurarem
fazer o que está de acordo com a
justiça”.
Em conclusão, Bento XVI destacou pontos
de colaboração em comum entre a
Santa Sé e a Holanda, particularmente
no que diz respeito à resolução pacífica
de conflitos internacionais e à oposição
à proliferação de armas.
Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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IGREJA NO MUNDO
Cardeal-Patriarca diz que
actual crise pode «pôr
em questão» nível de vida
O Cardeal-Patriarca de Lisboa e Presidente
da Conferência Episcopal Portuguesa
(CEP) afirmou há dias em Fátima
que a actual crise económica no país
“pode pôr em questão níveis de vida conseguidos”
e agravar “a exigência da austeridade”.
Na abertura dos trabalhos da 178ª Assembleia
Plenária do Episcopado católico,
D. José Policarpo admitiu que “este
agravamento pode, porventura, ser o resultado
das medidas adoptadas para
vencer a presente crise”.
Este responsável apelou ainda à “equidade,
nos sacrifícios que se pedem, nos
contributos que se esperam de cada pessoa
ou de cada grupo social”.
“Pode acontecer que se peçam sacrifícios
que acabem por prejudicar o bem
colectivo”, advertiu.
O Patriarca de Lisboa disse que a sociedade
portuguesa está a “atravessar um
período difícil” que traz exigências “para
todos” e pode agravar “a situação dos
mais desfavorecidos”.
“A todos os portugueses, de modo particular
aos nossos irmãos para quem este
período vai ser mais duro e exigente, dirigimos
uma palavra de muito amor. Os
mais pobres e os que sofrem serão sempre
os nossos aliados privilegiados”, referiu,
em nome dos bispos.
“A Igreja fará por vós e convosco, tudo o
que puder. Queremos ser, para todos,
porta de acolhimento e lugar da partilha”,
acrescentou D. José Policarpo.
O presidente da CEP disse que não compete
ao episcopado católico “apresentar
soluções ou criticar as soluções apresentadas
por quem tem a missão democrática
de o fazer”, mas “proclamar
valores fundamentais”.
Entre estes, o Cardeal-Patriarca apelou
em particular à “verdade”, “no concreto
das situações”.
“Que ninguém atraiçoe a verdade, que
ninguém se sirva do sofrimento colectivo
para impor as suas verdades”, alertou.
Mais à frente, D. José Policarpo pediu
“solidariedade”, considerando que “esta
exige que cada um dê prioridade aos outros,
aceite que faz parte da solução colectiva”.
26
Veritas
“A solidariedade denuncia todas as atitudes
individualistas, quer de indivíduos,
quer de grupos ou classes. A sociedade
é um todo, deve ser comunidade e buscar
o bem comum, não apenas o bem individual
e particular”, precisou.
Neste contexto, o presidente da CEP observou
que “ninguém, pessoas, grupos e
instituições, está isento de procurar perceber
qual é o seu contributo para a solução
das dificuldades”, criticando os que
“teimam em pedir tudo ao Estado”.
O Cardeal-Patriarca dirigiu-se explicitamente
a “políticos, governantes, empresários,
dirigentes das associações de
trabalhadores”, referindo que “só os que
servem merecem as honras da glória e
do triunfo”.
D. José Policarpo aludiu ainda às questões
que vão ocupar os bispos durante
os próximos dias, como “encontrar caminhos
de pastoral para a renovação da
Igreja em Portugal” e a redefinição das
Comissões Episcopais.
Individualismo ameaça
catolicismo português,
diz Bispo do Porto
O “individualismo”, “imediatismo” e “tolerantismo”
constituem “grandes desafios” ao catolicismo
em Portugal, afirmou o Bispo do
Porto numa conferência realizada na Fundação
Inês de Castro, em Coimbra.
As “instituições sobrevivem com dificuldades,
dada a grande instabilidade dos itinerários
individuais, tanto físicos como
mentais” e “o cristianismo não é totalmente
alheio a este movimento”, apontou D. Manuel
Clemente no discurso publicado no site
da diocese portuense.
O historiador referiu que “a realização comunitária
da religião mantém-se mal num
mundo tão disperso e os ritmos comunitários
de iniciação e prática cederam face a
outros ritmos de socialização e encontro,
mais particulares e variáveis”.
No âmbito da cultura, “a revisão constante
de certezas adquiridas, a desconfiança pósmoderna
em relação às pré e metanarrativas”
e a “comercialização geral e publicitária
dos gostos e comportamentos” contribuem
para que o catolicismo sofra “uma erosão
permanente”.
“Estes e outros factores dificultam ponderações
comunitárias ou mesmo individuais,
retraem para a sensibilidade ocasional, ‘cultivam’
pouco ou nada as opções, reagem
instintivamente às normas recebidas, desconfiam
geralmente das instituições que as
transportam”, indicou.
Na intervenção intitulada “O catolicismo português
de ontem para amanhã”, o Prémio
Pessoa 2009 assinalou que “as afirmações
definidas dalgum crente são facilmente tomadas
como fanatismo ou despropósito” e
“a proposta que faça a terceiros dum caminho
religioso” é qualificada de “intromissão
abusiva”.
“Não sendo esse o seu sentido original e de
algum modo esquecendo o papel histórico
que realmente desempenhou, a “tolerância”
pode significar hoje, pura e simplesmente,
“abandono de campo”, decaindo em tolerantismo”,
acrescentou.
O prelado considera que seria “complexo”
para o catolicismo e outras confissões religiosas
a repercussão daquele “estado de
espírito em políticas públicas que extravasassem
o (legítimo) aconfessionalismo estatal
no (incorrecto) aconfessionalismo da
sociedade”, que se mantém “religiosa em
grande parte”.
“Como instituição quase global e mais antiga
na sociedade portuguesa”, o catolicismo
“tenta redefinir-se e relançar-se, com
algumas linhas maiores de pensamento e
acção”, como “dar visibilidade ao testemunho
cristão, fazer da caridade a prioridade
dos programas pastorais” e conceder “precedência
à intimidade com Deus”.
Novembro - 2011 - Nº 02

Papa critica uniões conjugais fora
do matrimónio, feitiçaria e tribalismo
étnico em Angola e São Tomé
O Papa criticou as uniões conjugais fora do sacramento do matrimónio,
a feitiçaria e o tribalismo étnico que ocorrem em Angola e São
Tomé e Príncipe, durante a audiência que concedeu no Vaticano a Bispos
daqueles países.
No discurso revelado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Bento XVI
afirmou que o primeiro dos “três escolhos” onde “naufraga a vontade de
muitos santomenses e angolanos que aderiram a Cristo” é o “chamado
‘amigamento’, que contradiz o plano de Deus para a geração e a família
humana”.
“O reduzido número de matrimónios católicos, nas vossas comunidades,
indica uma hipoteca que grava sobre a família, cujo valor insubstituível
para a estabilidade do edifício social conhecemos”, acentuou o
Papa.
Depois de lembrar que a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé
“escolheu o matrimónio e a família como prioridades”, Bento XVI vincou
que o “amor esponsal” deve ser “único e indissolúvel”, sendo este um
“tesouro precioso” que “deve ser salvaguardado, custe o que custar”.
O segundo obstáculo que a Igreja Católica deve resolver é a divisão
IGREJA NO MUNDO
“entre o cristianismo e as religiões tradicionais africanas” patente nos baptizados:
“Aflitos com os problemas da vida, não hesitam em recorrer a práticas
incompatíveis com o seguimento de Cristo”.
“Efeito abominável é a marginalização e mesmo o assassinato de crianças
e idosos, a que são condenados por falsos ditames de feitiçaria”, denunciou
o Papa, que pediu aos prelados para chegarem a um método que conduza
à “definitiva erradicação” daquelas práticas, “com a colaboração dos governos
e da sociedade civil”.
A intervenção de Bento XVI também mencionou os “resquícios de tribalismo
étnico palpáveis nas atitudes de comunidades que tendem a fechar-se, não
aceitando pessoas originárias doutras partes da nação”.
Na Igreja “não há lugar para qualquer tipo de divisão”, dado que o “vínculo
de fraternidade é mais forte” do que o das famílias e das tribos, salientou o
Papa.
“Os cristãos respiram o espírito do seu tempo e sofrem a pressão dos costumes
da sociedade em que vivem; mas, pela graça do Baptismo, são chamados
a renunciar às tendências nocivas imperantes e a caminhar
contracorrente”, frisou Bento XVI.
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Novembro - 2011 - Nº 02 Veritas
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HORÁRIOS DA PARÓQUIA
Missas
2ª feira – 10h e 19h 15
3ª. feira – 10h – Celebração da Palavra com distribuição da Sagrada Comunhão
3ª.feira – 19h 15
4ª.feira – 10h e 19h 15
5ª.feira – 10h e 19h 15
6ª.feira – 10h e 19h 15
Sábado – 10h e 19h
Domingo – 10h 30, 12h e 19h
Igreja
De 2ª. feira a 6ª. feira – 9h às 12h e das 16h às 20h
Sábados e Domingos – 9h às 13h e das 17h às 20h
Cartório
2ª. feira a 6ª.feira – 9h às 12h
2ª. feira – 16h às 19h
3ª. feira – 18h às 20h
4ª. feira a 6ª. feira – 16h às 20h
Acolhimento
2ª. a 6ª. feira - 9h às 12h e das 16h às 19h
Sábados e Domingos - 9h às 13h e das 17h às 20h
Contactos da Igreja - tel: 214 569 660 I www.paroquiadecarcavelos.com
Contactos do Centro Comunitário - tel: 214 578 952 I www.centrocomunitário.net
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