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Leia mais... - De Sambas e Congadas

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O<br />

Jongo é uma expressão cultural de origem<br />

banto-africana que combina música,<br />

dança, textos por vezes improvisados,<br />

e elementos mágico poéticos, presente na região<br />

sudeste do Brasil, em partes dos Estados situados<br />

no Vale do Paraíba, com São Paulo, Rio de<br />

Janeiro, sul de Minas Gerais e Espírito Santo. É<br />

manifestação relacionada à cultura cafeeira e açucareira<br />

da região do vale do Rio Paraíba do sul,<br />

expressão celebrada em ocasiões como o dia Treze<br />

de maio, em louvor a São Benedito, na Festa do<br />

Divino Espírito Santo, festas juninas, festividades<br />

dedicadas a divindades afro-brasileiras como Pretos<br />

velhos e Iemanjá, e também para pagamento<br />

de promessas. <strong>De</strong>nominado em algumas regiões<br />

como Caxambu, Tambu, Tambor e Batuque, o<br />

Jongo no território paulista está presente em cidades<br />

como Guaratinguetá, Cunha, São Luiz do<br />

Paraitinga, Lagoinha e Piquete. São três os instrumentos<br />

centrais do Jongo: o tambú (tambor<br />

maior), o candongueiro (tambor menor) – ambos<br />

de tronco escavado, cobertos com couro na parte<br />

superior, afinados no calor de uma fogueira, por<br />

meio da distensão do couro, – além do chocalho,<br />

chamado por angóia, guaiá ou inguaiá (Ver DIAS;<br />

DURANTE, 2007. RIBEIRO, 1984). Já foram observados<br />

outros instrumentos também, como a<br />

puíta, espécie de cuíca rústica, ancestral, elaborada<br />

com bambu e maneira (ver RIBEIRO, 1984).<br />

O modo de dançar o Jongo varia de acordo<br />

com a localidade em que é praticado. Em algumas<br />

cidades, como Cunha, aparece como dança<br />

coletiva, uma grande roda, na qual os jongueiros<br />

dançam em sentido anti-horário com os instrumentos<br />

ao centro. Já em outras localidades, como<br />

em Guaratinguetá, os jongueiros formam uma<br />

grande roda com um casal ao centro, o qual se re-<br />

~ 59 ~<br />

veza conforme o desenvolvimento do festejo. Em<br />

alguns grupos, a umbigada aparece como gesto<br />

coreográfico, como no Jongo da Serrinha (RJ). O<br />

canto ocorre por meio de cantigas denominadas<br />

“pontos” – com linguagem metafórica, enigmática<br />

– os quais devem ser “desatados”, ou seja, decifrados.<br />

Como explica Ribeiro, o ponto é tudo<br />

o que é cantado ou dito pelo jongueiro no momento<br />

da dança. Carregados de forte significado,<br />

os pontos de Jongo são classificados em diversas<br />

modalidades, como os pontos de visaria (relata<br />

o cotidiano da comunidade), de louvação (para<br />

iniciar o Jongo, remete às entidades espirituais e<br />

aos antepassados), os de goromenta ou demanda<br />

(composto de desafios, os quais ocorrem por<br />

meio de enigmas, necessitando de “desate” por<br />

parte do oponente). O canto metafórico é herança<br />

dos tempos da escravidão, em que o negro fazia<br />

uso de linguagem cifrada no momento do batuque,<br />

compreensível aos escravos, porém canto<br />

ininteligível aos senhores e feitores. Esta manifestação<br />

cultural foi inicialmente dança de escravos,<br />

mas, com o transcorrer do tempo, assim como as<br />

de<strong>mais</strong> manifestações aqui abarcadas, também<br />

passou a ser prática de brancos e pardos. A autora<br />

Maria Borges Ribeiro (1984, p.23) listou e classificou<br />

os tipos de pontos observados em suas pesquisas:<br />

Ponto de louvação – no início, para louvação;<br />

Ponto de saudação – para saudar ou “sarava”<br />

alguém;<br />

Ponto de visaria ou bizarria – para alegrar<br />

a dança;<br />

Ponto de despedida – para o final do jongo;<br />

Ponto de demanda ou porfia – para desafio;<br />

Ponto de gurumenta ou gromenta – para<br />

briga;<br />

Ponto encante – para magia.<br />

Os quatro primeiros são enfeixados sob a<br />

denominação geral de visaria ou bizarria.<br />

Os três últimos são indiferentemente demanda,<br />

gurumenta ou gromenta.<br />

André - Jongo do Tamandaré

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