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em revista - AAI Brasil/RS

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Passarela “verde” <strong>em</strong> São Paulo: lixo, pneus, tubos de pasta de dente, bambu, madeira de d<strong>em</strong>olição e telhado verde foram <strong>em</strong>pregados na transformação<br />

da antiga passarela do bairro Pinheiros. A reformulação custou dez vezes menos do que derrubar a estrutura existente e construir uma nova<br />

combustível e os níveis de poluição do ar e sonora. Assim como<br />

a densificação dos lotes e quarteirões precisa ser controlada, a<br />

permeabilidade do solo, garantida, evita redes públicas superdimensionadas<br />

de saneamento. Uma alternativa possível, na visão<br />

de Pasquali, baseia-se <strong>em</strong> cidades compactas, de tamanho médio,<br />

com limites definidos, densidade suficiente para sustentar<br />

comércio e serviços públicos de qualidade, variada <strong>em</strong> termos<br />

de usos e classes sociais, com distâncias que pod<strong>em</strong> ser percorridas<br />

a pé e estreita relação com o entorno verde. A descrição do<br />

professor da Unisinos é a meta do Transition Towns, explica Zaida.<br />

Segundo ela, a arquitetura sustentável propagada pelo movimento<br />

“busca edificações inteligentes, que olh<strong>em</strong> e se integr<strong>em</strong><br />

com as áreas ao redor, e regiões que possuam mobilidade, sejam<br />

policêntricas, ecológicas e mais bonitas”.<br />

Uma passarela diferente<br />

Uma intervenção urbana que agrega os conceitos propostos<br />

pelas Cidades <strong>em</strong> Transição é a primeira passarela “verde” do<br />

País, erguida sobre a avenida Eusébio Matoso, no bairro de Pinheiros,<br />

<strong>em</strong> São Paulo. Resultado da parceria entre a prefeitura<br />

municipal da capital paulista e do Unibanco, <strong>em</strong> 2008, a antiga<br />

estrutura de ferro existente foi reaproveitada e transformada <strong>em</strong><br />

símbolo de um projeto público sustentável na cidade. “A intenção<br />

era colocarmos <strong>em</strong> prática tudo o que era possível <strong>em</strong> relação<br />

aos materiais ecológicos naquele momento, <strong>em</strong> que as opções<br />

eram poucas”, relata um dos responsáveis pelo <strong>em</strong>preendimento,<br />

o arq. Marcelo Todescan, sócio do escritório Todescan Siciliano<br />

Arquitetura. M<strong>em</strong>bro e articulador das Redes <strong>Brasil</strong>eiras de Cidades<br />

<strong>em</strong> Transição, ele conta que utilizaram na obra “madeira plástica”<br />

feita a partir do lixo, borracha de pneus reciclados no piso<br />

e ecoplacas (produzidas com tubos de pasta de dente) como moldura<br />

dos dois elevadores que facilitam a acessibilidade ao local.<br />

O bambu foi escolhido para o revestimento do trecho central<br />

da cobertura devido às suas vantagens, como o crescimento acelerado,<br />

durabilidade (s<strong>em</strong>elhante a da madeira, quando recebe<br />

tratamento adequado) e por absorver 30% mais carbono que outras<br />

vegetações s<strong>em</strong>elhantes. A passarela recebeu telhado verde<br />

<strong>em</strong> determinadas áreas, com espécies resistentes à estiag<strong>em</strong>. To-<br />

descan salienta que o objetivo era que as pessoas que circulam<br />

pelo lugar percebess<strong>em</strong> a diferença da sensação térmica dos pontos<br />

onde há laje convencional daqueles <strong>em</strong> que existe vegetação.<br />

“A variação da t<strong>em</strong>peratura pode chegar até três graus”, observa.<br />

Como el<strong>em</strong>ento decorativo, foi <strong>em</strong>pregada madeira de d<strong>em</strong>olição<br />

nas laterais da passarela. A ação envolveu também o entorno da<br />

região, abrangendo as praças Eugene Boudin e Antônio Sabino, as<br />

quais tiveram o piso trocado por outro mais permeável. Para melhor<br />

absorção da água da chuva, foram utilizados blocos assentados<br />

sobre areia, s<strong>em</strong> cimento. Elas ganharam ainda novo paisagismo,<br />

com o plantio de ipês roxos e amarelos, goiabeiras e jabuticabeiras.<br />

Segundo o arquiteto, a reutilização de edificações e estruturas<br />

é mais uma forma de economizar energia, um dos princípios<br />

de fendidos pelo Transition Towns. Todescan informa que o resultado<br />

foi dez vezes mais barato do que derrubar a antiga passarela<br />

e começar uma do zero. “É importante que as pessoas entendam<br />

o movimento, saiam do discurso e pass<strong>em</strong> a agir”, reforça. Com<br />

custo aproximado de R$ 1,2 milhão, a estrutura foi dotada de<br />

lâm padas de alta eficiência e de coletores de lixo reciclável.<br />

T<strong>em</strong>a de casa<br />

Começa no meio acadêmico a formação de uma geração de<br />

arquitetos preocupada com as questões relacionadas à sustentabilidade.<br />

As universidades estão conectadas a essa realidade e vêm<br />

tratando do assunto <strong>em</strong> diferentes disciplinas. Para a professora<br />

da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos Izabele Colusso,<br />

a utilização de critérios de redução de danos ambientais nos<br />

projetos desenvolvidos pelos alunos deve s<strong>em</strong>pre ser abordada<br />

pelos docentes para que os estudantes entr<strong>em</strong> <strong>em</strong> contato com<br />

esse t<strong>em</strong>a, cada vez mais presente e necessário desde a graduação.<br />

Fernando Pasquali, também professor da Unisinos, acrescenta que<br />

as discussões <strong>em</strong> sala de aula envolv<strong>em</strong> desde a escala urbana (o<br />

uso misto, a densidade populacional, os sist<strong>em</strong>as de transporte e<br />

o acesso a equipamentos urbanos) até a concepção arquitetônica<br />

e as preocupações quanto ao conforto ambiental, consumo energético<br />

e proteção solar. “Ocorre ainda o debate sobre os sist<strong>em</strong>as<br />

construtivos, com atenção a forma de produção, minimização de<br />

resíduos, durabilidade e des<strong>em</strong>penho térmico”, comenta.

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