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Imagem e marketing turístico - UFMG

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS<br />

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS<br />

CURSO DE GRADUAÇÃO EM TURISMO<br />

IMAGEM E MARKETING TURÍSTICO: ANÁLISE DO MATERIAL<br />

PROMOCIONAL DISTRIBUÍDO PELA BELOTUR E SUA INFLUÊNCIA<br />

NA DIVULGAÇÃO DA CIDADE DE BELO HORIZONTE<br />

Belo Horizonte,<br />

Dezembro de 2006<br />

Daniela Soares Coelho Jácome


Daniela Soares Coelho Jácome<br />

IMAGEM E MARKETING TURÍSTICO: ANÁLISE DO MATERIAL<br />

PROMOCIONAL DISTRIBUÍDO PELA BELOTUR E SUA INFLUÊNCIA<br />

NA DIVULGAÇÃO DA CIDADE DE BELO HORIZONTE<br />

Monografia apresentada ao Curso de Turismo<br />

do Instituto de Geociências da Universidade<br />

Federal de Minas Gerais para obtenção de título<br />

de Bacharel em Turismo.<br />

Belo Horizonte<br />

Instituto de Geociências da <strong>UFMG</strong><br />

Dezembro de 2006<br />

Orientadora: Ana Paula Guimarães Santos<br />

2


FOLHA DE APROVAÇÃO<br />

DANIELA SOARES COELHO JÁCOME<br />

<strong>Imagem</strong> e Marketing Turístico: Análise do material promocional distribuído pela Belotur e<br />

sua influência na divulgação da cidade de Belo Horizonte<br />

Banca Examinadora<br />

Professora Ana Paula Guimarães Santos<br />

Professora Cláudia Freitas Magalhães<br />

Belo Horizonte, dezembro de 2006.<br />

Monografia apresentada como exigência<br />

para a obtenção do Título Bacharel em<br />

Turismo à Universidade Federal de Minas<br />

Gerais, no curso de graduação em<br />

Turismo.<br />

3


RESUMO<br />

Esta pesquisa buscou avaliar como as imagens de Belo Horizonte são divulgadas pelo órgão<br />

responsável por sua promoção turística, a Belotur, Empresa Municipal de Turismo de Belo<br />

Horizonte. Por meio de uma fundamentação teórica, nota-se a importância que a imagem<br />

possui na divulgação de destinações turísticas, sendo que sua utilização pode ser estratégica<br />

dentro dos planos de <strong>marketing</strong>. Para ser eficaz, as imagens utilizadas em propagandas devem<br />

aproximar-se da realidade. Para isso, optou-se pela comparação entre as imagens promovidas<br />

pela Belotur, que foram distribuídas no período compreendido entre janeiro a novembro de<br />

2006, com outros tipos de materiais, que são imparciais quanto à necessidade de persuadir um<br />

público a conhecer uma determinada destinação. Para que a comparação fosse eficiente,<br />

optou-se por mensurar as imagens dos materiais consultados para a pesquisa, por meio de um<br />

modelo teórico desenvolvido pelos autores Echtner e Ritchie. Dessa forma, este trabalho<br />

definiu quais são as imagens propaladas pelo material de propaganda turística impresso<br />

distribuído pela Belotur, se estas imagens condizem com a realidade e, principalmente, se tal<br />

divulgação é favorável à promoção do turismo na cidade.<br />

Palavras-chave: imagem, <strong>marketing</strong>, promoção turística, material promocional, mensuração de<br />

imagens.<br />

4


LISTA DE FIGURAS<br />

FIGURA 1 Informações que interferem nos objetivos da empresa _________________<br />

FIGURA 2 Marketing: atenção aos fatores que influem na produção e no consumo ____ 19<br />

FIGURA 3 Esquema geral do processo de <strong>marketing</strong>____________________________ 20<br />

FIGURA 4 Lista de peças e formatos adequados às técnicas e aos objetivos de<br />

<strong>marketing</strong> ____________________________________________________<br />

FIGURA 5 Sete fases da experiência de uma viagem ____________________________ 32<br />

FIGURA 6 Fatores que influenciam a formação da imagem turística para<br />

consumidores _________________________________________________ 33<br />

FIGURA 7 Fatores da <strong>Imagem</strong> e seus atributos _________________________________ 35<br />

FIGURA 8 Exemplo ilustrativo dos quatro componentes da imagem de destinações.<br />

(Nepal) _______________________________________________________ 40<br />

FIGURA 9 Os componentes de uma imagem de destinações em seus três aspectos ______ 41<br />

FIGURA 10 Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens<br />

percebidas em materiais imparciais, nas dimensões: Características<br />

funcionais X psicológicas; e holístico X atributo _______________________ 63<br />

FIGURA 11 Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens<br />

percebidas em materiais imparciais, nas dimensões: Características<br />

funcionais X psicológicas; e comum X único _________________________ 66<br />

FIGURA 12 Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens<br />

percebidas em materiais imparciais, nas dimensões: comuns X<br />

únicas; e atributo X holístico ________________________________________ 69<br />

FIGURA 13 Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens<br />

Percebidas no material promocional da Belotur, nas dimensões:<br />

Características funcionais X psicológicas; e holístico X atributo __________ 71<br />

FIGURA 14 Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens<br />

Percebidas no material promocional da Belotur, nas dimensões:<br />

Características funcionais X psicológicas; e comum X único _____________ 72<br />

FIGURA 15 Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens<br />

Percebidas no material promocional da Belotur, nas dimensões:<br />

comuns X únicas; e atributo X holístico ______________________________ 74<br />

18<br />

27<br />

5


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

AMM – Associação Mineira de Municípios<br />

Belotur – Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte<br />

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento<br />

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo<br />

FID – Festival Internacional de Dança<br />

FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos<br />

FIT – Festival Internacional de Teatro<br />

OMT – Organização Mundial do Turismo<br />

ONU – Organização das Nações Unidas<br />

ProParque – Programa de Recuperação e Obras nos Parques<br />

<strong>UFMG</strong> – Universidade Federal de Minas Gerais<br />

UIOOT - União Oficial das Organizações Oficiais do Turismo<br />

PUC – MG – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais<br />

Sindhorb - Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Belo Horizonte<br />

6


SUMÁRIO<br />

1 – INTRODUÇÃO _______________________________________________________<br />

1.1 - A contextualização da imagem e do <strong>marketing</strong> no turismo _____________________<br />

2 - OBJETIVOS__________________________________________________________<br />

3 – METODOLOGIA _____________________________________________________ 13<br />

3.1 – Procedimentos metodológicos ___________________________________________ 14<br />

4 – REFERENCIAL TEÓRICO ______________________________________________<br />

17<br />

4.1 – Marketing Turístico ___________________________________________________<br />

17<br />

4.1.1 – Promoção Turística ____________________________________________<br />

23<br />

4.1.1.1 – Material Impresso______________________________________<br />

26<br />

4.2 – <strong>Imagem</strong> de Destinações Turísticas _______________________________________<br />

28<br />

4.3 – <strong>Imagem</strong> e Marketing de destinações turísticas _____________________________<br />

35<br />

4.3.1 – O modelo de Echtner & Ritchie__________________________________<br />

39<br />

5 – OBJETO DE ESTUDO _________________________________________________<br />

42<br />

5.1 – Imagens de Belo Horizonte _____________________________________________<br />

42<br />

5.2 – Belotur – A Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A ____________<br />

48<br />

6 – APLICAÇÃO DA TEORIA DE ECHTNER E RITCHIE ______________________<br />

61<br />

6.1 – Mensuração das imagens encontradas nos materiais imparciais _________________<br />

61<br />

6.2 – Mensuração das imagens encontradas no material da Belotur __________________<br />

70<br />

6.3 – Comparação das imagens ______________________________________________<br />

75<br />

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________________<br />

77<br />

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________<br />

83<br />

9 – ANEXOS ___________________________________________________________<br />

8<br />

8<br />

12<br />

87<br />

7


1 – INTRODUÇÃO<br />

1.1 - A contextualização da imagem e do <strong>marketing</strong> no turismo<br />

A imagem é um tema que desperta interesse em diversos pesquisadores dos mais variados<br />

ramos do estudo, inclusive aqueles que se empenham em explorar a atividade turística. Isto<br />

ocorre porque ela é um fator de grande influência na escolha das destinações pelos turistas<br />

potenciais. Para Ituassu (2004), existem várias outras áreas do conhecimento que pesquisam a<br />

imagem, das quais a autora destaca a filosofia, a semiótica, a teologia, a comunicação, a<br />

economia e o <strong>marketing</strong>. Seu significado vai muito além de tudo aquilo que é apenas visto<br />

pelos olhos, pois a imagem é uma soma de todas as crenças, idéias e impressões que uma<br />

pessoa pode ter de um objeto ou até mesmo de uma destinação, conforme afirmam Barich &<br />

Kotler (1991) e Crompton 1 (1979, apud JENKINS, 1999).<br />

Por ser um tema muito amplo e trabalhoso, a imagem chega a ser intrigante e, dessa forma, a<br />

necessidade de explorá-la justifica não somente os estudos sobre o tema, como também o<br />

interesse dos administradores de <strong>marketing</strong> em utilizá-la como um objeto capaz de gerar<br />

vantagens em um mercado lucrativo como o turismo.<br />

Nota-se que a importância da imagem mesmo no final da Idade Média, onde algumas cidades<br />

européias, como Veneza, destacavam-se turisticamente por causa da sua beleza e da sua<br />

riqueza, além dos seus atrativos. Também é notória a importância da imagem entre os séculos<br />

XVII e XVIII, pois, de acordo com Goeldner et al. (2002), as viagens conhecidas por Grand<br />

Tour, que eram realizadas com fins de estudo, caracterizavam-se, também, por serem uma<br />

busca pelo prazer. Além disso, acreditava-se que não haveria mais nada a ser conhecido no<br />

mundo civilizado além da Europa, o que comprova que a imagem que se tinha de destinações<br />

turísticas naquela época estava direcionada somente para a Europa.<br />

O <strong>marketing</strong> é, de acordo Kotler (1998: p.27), “um processo social e gerencial pelo qual<br />

indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e troca de<br />

produtos de valor com outros”. Acerenza (1991) acrescenta que, no turismo, essa troca é<br />

realizada entre os fabricantes, ou prestadores dos serviços <strong>turístico</strong>s, e os consumidores finais,<br />

ou turistas. No <strong>marketing</strong>, várias são as estratégias para elaborar um plano satisfatório, este<br />

1 CROMPTON, J. L., An Assessment of the image of Mexico as a vacation destination and the influence of<br />

geographical location upon that image, Journal of Travel Research, 17 (4), 18-23, 1979.<br />

8


deve surgir de uma pesquisa de opinião pública e possui a finalidade de alavancar a atividade<br />

de uma região, conforme afirma Acerenza (1991). Dentre essas estratégias, encontra-se no<br />

<strong>marketing</strong> o ramo das comunicações, denominado de promoção. Seus métodos são<br />

amplamente utilizados para a divulgação da localidade, e a imagem das destinações turísticas<br />

surge como um fator relevante da decisão do cliente potencial na escolha de seu destino de<br />

viagem. Como um elemento utilizado nas formas de comunicação, a imagem é utilizada de<br />

maneira estratégica na atividade turística.<br />

Indícios do <strong>marketing</strong> podiam ser percebidos mesmo nas épocas mais antigas da atividade<br />

turística. Entre os anos 160 e 180 d.C., o turismo era estruturado de maneira semelhante ao<br />

que é realizado nos dias atuais, pois, segundo Goeldner et al. (2002), os romanos já utilizavam<br />

guias profissionais e também adquiriam souvenirs das localidades visitadas. Interessante<br />

ressaltar que, nesta mesma época, um grego de nome Pausanias escreveu um Guia Turístico<br />

da Grécia. Pausanias foi considerado um marco na história do turismo e percebe-se que a<br />

utilização de materiais manuseáveis descrevendo a destinação turística já era um recurso<br />

empregado em épocas bem remotas, algo amplamente utilizado nas promoções do turismo na<br />

atualidade.<br />

Apesar de grandes avanços apresentados pelo turismo no intervalo entre o século XVIII e<br />

XIX, foi a partir de meados do século XIX que a inclusão do <strong>marketing</strong> adquire notoriedade<br />

entre a atividade turística, quando Thomas Cook, na Inglaterra, percebeu que organizar<br />

viagens poderia ser uma inovação rentável dentro do turismo. Desta forma, ele tornou-se o<br />

primeiro agente de viagens ferroviárias do mundo. Além disso, ele também foi pioneiro em<br />

várias estratégias empregadas atualmente no turismo, como a criação do primeiro itinerário<br />

oficial descritivo de viagem, o Handbook of the Trip (ACERENZA, 2002), um outro tipo de<br />

material manuseável, entregue ao viajante, utilizado com a finalidade de beneficiar a atividade<br />

turística por meio da comunicação.<br />

Em estudo realizado pela UIOOT 1 - União Oficial das Organizações Oficiais do Turismo -<br />

afirmou-se que os anos seguintes após a inovação introduzida por Cook demonstraram que o<br />

turismo tinha adquirido a capacidade de se expandir no mundo sendo, em muitos casos, um<br />

dos principais geradores de renda das localidades. Novas empresas, de esferas diferentes do<br />

turismo, buscaram possibilidades de investir de forma produtiva na atividade, introduzindo<br />

1 UIOOT. Estudo Sobre as Formas Atuais e Potenciais dos Canais de Distribuição. Documento D.2.1.<br />

9


técnicas de <strong>marketing</strong> já conhecidas, mas que eram utilizadas em outros ramos do mundo dos<br />

negócios.<br />

Por meio do progresso histórico do turismo no mundo, com conseqüente crescimento da<br />

atividade em várias regiões do país, nota-se como a sua importância se torna, cada vez mais,<br />

relevante para a economia das destinações. Cada vez mais é necessário que os envolvidos no<br />

setor, e os que pretendem ser beneficiados por ele, utilizem de vários artifícios do <strong>marketing</strong>,<br />

inclusive divulgar as potencialidades de sua região. Caso contrário, a falta de informações<br />

pode acarretar um desinteresse dos turistas pelo destino, uma vez que as pessoas são<br />

estimuladas a conhecer as regiões com uma imagem mais difundida. É nesse contexto que<br />

muitas organizações, públicas e particulares, desenvolvem métodos de divulgação de seus<br />

atrativos utilizando os meios de comunicação. Com uma imagem satisfatoriamente promovida<br />

de suas potencialidades, cria-se um destino fortemente reconhecido como <strong>turístico</strong>. Para Vaz<br />

(1999), é importante conquistar o público mediante os meios de comunicação, instigando o<br />

interesse do consumidor em conhecer a localidade. Para que isto ocorra, segundo o autor, é<br />

necessário que a atratividade do destino seja bem divulgada, capaz de difundir uma imagem<br />

com competência suficiente para colocar a destinação em posição favorável na mente dos<br />

consumidores.<br />

Desta forma, é inegável a importância da imagem na divulgação de um atrativo, bem como de<br />

uma destinação. Muitos são os estudiosos que reconhecem o valor deste elemento, chegando<br />

alguns a criar modelos ou discutir meios que determinem qual a maneira ideal de se divulgar<br />

uma localidade por meio da sua imagem. Segundo Sá (2002), a divulgação ocorrerá de forma<br />

positiva quando ela não se distanciar da realidade. Portanto, é fundamental a estruturação do<br />

destino para que ele esteja de acordo com as expectativas do cliente, ou até mesmo acima<br />

dela, pois a localidade deve justificar sua imagem publicada.<br />

Entretanto, é desconhecida a maneira pela qual alguns órgãos públicos responsáveis pelo<br />

turismo em seus municípios escolhem as imagens divulgadas em seu material promocional.<br />

Apesar da infinidade de estudos sobre o tema, a pesquisa nem sempre é um hábito quando se<br />

trata, na prática, da divulgação de destinações turísticas. Tendo em vista esse problema, a<br />

presente pesquisa foi desenvolvida a partir da necessidade de se entender melhor os<br />

procedimentos utilizados pela prefeitura de Belo Horizonte, por meio do órgão responsável<br />

pela sua divulgação turística, para promover o município. Ela visa analisar o material <strong>turístico</strong><br />

promocional impresso distribuído pela Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte –<br />

10


Belotur – durante o período que vai de janeiro a outubro de 2006, atentando ao fato de como<br />

as imagens de Belo Horizonte são divulgadas.<br />

Enfim, esta pesquisa procura investigar se as imagens divulgadas pela Belotur transmitem<br />

informações que condizem com as das imagens divulgadas em outros materiais que se<br />

preocuparam em destacar as características da cidade. Como todo o material que servirá de<br />

base para comparação é imparcial quanto a questão do interesse em promover turisticamente a<br />

cidade, as impressões por eles transmitidas aproximam-se das reais impressões que um<br />

indivíduo pode ter ao conhecer Belo Horizonte.<br />

Desta forma, a questão a ser respondida nesta pesquisa é: Será que as imagens de Belo<br />

Horizonte, divulgadas no material produzido pela Belotur em 2006, condizem com as<br />

impressões transmitidas em materiais que são imparciais quanto à divulgação da destinação?<br />

11


2 – OBJETIVOS<br />

O objetivo principal desta pesquisa é descobrir se o material promocional impresso da<br />

Belotur, distribuído durante o período de janeiro a novembro de 2006, divulga as imagens de<br />

Belo Horizonte de maneira satisfatória e, fundamentalmente, condizendo com a sua realidade.<br />

Os objetivos específicos são:<br />

- Entender a importância da imagem no processo de divulgação de destinações<br />

turísticas;<br />

- analisar as imagens de Belo Horizonte oriundas de pesquisas científicas, bem como em<br />

materiais promocionais que não foram desenvolvidos pela Belotur, a fim de identificar<br />

como a cidade é divulgada nesses meios;<br />

- investigar se ocorreu uma coleta de dados, com posterior análise, que desencadeou em<br />

um plano de ação para o alcance de uma imagem mais positiva dos pontos divulgados.<br />

12


3 - METODOLOGIA<br />

Toda pesquisa científica necessita de um processo investigativo capaz de trilhar as idéias de<br />

forma organizada, oferecendo o máximo de veracidade aos resultados alcançados. Uma<br />

análise dos diferentes tipos de pesquisa mostra que muitas são as possibilidades de se<br />

desenvolver um trabalho, sendo que a metodologia escolhida deve representar o melhor<br />

caminho para se alcançar a meta da pesquisa.<br />

De acordo com Cervo & Bervian (1996), existem técnicas que, quando complementadas por<br />

outras formas de se arrecadar informações, como testes em laboratórios, pesquisas com dados<br />

estatísticos e entrevistas, entre outros, constituem o que se pode chamar de método.<br />

No presente trabalho, adotou-se uma abordagem de natureza qualitativa, pois, de acordo com<br />

Creswell (1994), este modelo de pesquisa inclui os avanços realizados em outras pesquisas de<br />

abordagens qualitativas. Nele discutem-se os dados alcançados e adquiridos em<br />

procedimentos coletados anteriormente, especificando os passos verificados e delineando<br />

outros estudos relacionados ao tema proposto.<br />

Outro aspecto da metodologia empregado nesta pesquisa é o seu objetivo exploratório,<br />

conforme foi definido por Gil (1996). Como este tipo de pesquisa explicita o problema ou cria<br />

hipóteses, seu fundamento é o aprimoramento de idéias. Conforme afirma Selltiz et al. 1 (1967:<br />

p.63 apud Gil 1996), esse tipo de objetivo envolve levantamento bibliográfico, entrevistas<br />

com pessoas relacionadas ao problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a sua<br />

compreensão. Nesta pesquisa, apresentou-se um estudo de caso sobre a divulgação da imagem<br />

de Belo Horizonte pela sua Empresa Municipal de Turismo, a Belotur. Portanto, foi retratada a<br />

realidade deste órgão no que diz respeito ao seu material de promoção turística.<br />

Contudo, também foi utilizado o procedimento apresentado por Cervo & Bervian (1996) sobre<br />

o tipo de pesquisa embasado em coleta de informações bibliográficas. Para os autores, a<br />

pesquisa bibliográfica visa justificar um problema por meio das opiniões publicadas de outros<br />

autores. Desta forma, esta pesquisa pretendeu investigar e entender as contribuições de outros<br />

autores para se alcançar o seu objetivo proposto.<br />

Desta forma, o trabalho foi trilhado pelo método de natureza qualitativa apresentado por<br />

Creswell (1994), de objetivo exploratório conforme explicitado por Gil (1987), além de seu<br />

1 SELLTIZ, C. et. al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Helder, 1967.<br />

13


embasamento teórico ser fundamentado em fontes de informações bibliográficas, conforme<br />

apresentado por Cervo & Bervian (1996). Para um melhor entendimento das etapas realizadas,<br />

segue uma apresentação dos procedimentos metodológicos desenvolvidos ao longo da<br />

pesquisa.<br />

3.1 – Procedimentos metodológicos<br />

Inicialmente, investigou-se a natureza de dois elementos essenciais para a divulgação de<br />

destinações turísticas. Esta ocorreu por meio de uma revisão bibliográfica sobre a imagem e o<br />

<strong>marketing</strong>, com ênfase nos elementos que estão diretamente relacionados aos objetos de<br />

estudo e que são capazes de direcionar o trabalho para o seu objetivo declarado. Nesta fase,<br />

ocorreu uma entrevista com a Cristiana Trindade Ituassu, cuja tese de mestrado destaca a<br />

importância da imagem para a campanha publicitária da EMBRATUR na divulgação do<br />

Brasil como destino <strong>turístico</strong>.<br />

Procurou-se, também, descrever a imagem turística de Belo Horizonte explicitada em<br />

pesquisas científicas relacionadas ao tema, como a desenvolvida por Pereira (2003) sobre o<br />

planejamento urbano e o turismo cultural em Belo Horizonte e a pesquisa apresentada por<br />

Figueiredo (2001) sobre a imagem de Belo Horizonte e o turismo como estratégia de<br />

desenvolvimento local. Outros materiais foram consultados, como reportagens publicadas em<br />

jornais e o guia <strong>turístico</strong> de uma empresa privada, todos confeccionados sem aparente<br />

influência de propagandas do organismo responsável pela promoção turística de Belo<br />

Horizonte e o outro objeto de estudo da presente pesquisa, a Belotur. Essa pesquisa paralela à<br />

análise do material da empresa de turismo da cidade teve como fundamento que as imagens<br />

descritas não tivessem relação com o material promocional analisado e, desta forma,<br />

possibilitasse um paralelo entre os dois resultados encontrados.<br />

Realizou-se uma pesquisa sobre a Belotur por meio da coleta de informações que fossem<br />

relevantes para um conhecimento da instituição: busca pelo material que descrevesse seus<br />

aspectos como a origem, as responsabilidades e as áreas de atuação; comparecimento em uma<br />

palestra do presidente sobre as estratégias de <strong>marketing</strong> utilizadas; entrevistas nos setores de<br />

<strong>marketing</strong>, promoção turística da cidade e distribuição do material promocional; e coleta do<br />

material impresso distribuído pela instituição e de utilização para a propaganda da cidade.<br />

Para complementar a pesquisa, foi realizada uma entrevista com um dos responsáveis pela<br />

14


promoção turística da Belotur, na entrevista foram destacadas o <strong>marketing</strong>, a imagem e o<br />

material promocional impresso.<br />

Logo após obter informações capazes de dar suporte à pesquisa, foram analisadas as peças<br />

promocionais distribuídas pela Belotur no período de janeiro a novembro de 2006, sendo estes<br />

considerados objetos de estudo. Pretendeu-se investigar quais tipos de imagens foram<br />

difundidas nesse material e se as suas escolhas consistiram, de alguma forma, em modelos e<br />

conceitos teóricos apresentados ao longo deste trabalho.<br />

Para realizar a análise, os materiais foram divididos da seguinte forma:<br />

- Primeiro conjunto – Folders de divulgação de roteiros específicos em Belo<br />

Horizonte. Estes foram analisados separadamente da seguinte forma: 1. Praça<br />

da Liberdade; 2. Pampulha e Igreja São Francisco de Assis; 3. Compras;<br />

4. Museus; 5. Parques e Ecoturismo;<br />

- Segundo conjunto – Folder de divulgação da Igreja São Francisco de Assis;<br />

- Terceiro conjunto – Folders destacando variados atrativos de Belo Horizonte<br />

em um mesmo material;<br />

- Quarto conjunto – Guia Turístico;<br />

- Quinto conjunto – Brochura destinada a investidores;<br />

- Sexto conjunto – Brochuras distribuídas durante o período em que se realizou a<br />

reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID;<br />

- Sétimo Conjunto – Cartão para captação do Congresso Brasileiro de<br />

Anestesiologia.<br />

Realizou-se a mensuração das imagens de Belo Horizonte divulgadas no material promocional<br />

impresso da Belotur e nos materiais imparciais, por meio de um modelo teórico de<br />

mensuração de imagens, apresentado pelos autores Echtner & Ritchie(1991). Entretanto, foi<br />

necessária uma valorização quantitativa das imagens mensuradas de acordo com a forma<br />

como cada uma foi divulgada, sendo que as imagens que foram promovidas como atrativos<br />

mais importantes receberam uma classificação numérica maior, e as que foram menos<br />

promovidas receberam classificação menor. A utilização quantitativa nas análises permitiu<br />

definir a porcentagem que cada elemento possui de importância no total das imagens de Belo<br />

15


Horizonte, divulgadas tanto no material promocional da Belotur quanto nas fontes imparciais<br />

pesquisadas.<br />

Após encontrados os dois resultados apontados como as imagens de Belo Horizonte, ocorreu<br />

uma comparação entre ambos. Esta permitiu definir se as imagens influenciadoras do turismo<br />

apresentadas pela Belotur condizem com as imagens analisadas pelos outros meios<br />

pesquisados.<br />

16


4 – REFERENCIAL TEÓRICO<br />

Após reconhecidos os propósitos da pesquisa, bem como a metodologia aplicada para se<br />

alcançar a veracidade nos resultados que devem ser encontrados no presente estudo, faz-se<br />

necessário que este se apóie em uma fundamentação teórica. Desta forma, foram descritos o<br />

<strong>marketing</strong> e a imagem, bem como os seus elementos constituintes que se relacionam com o<br />

tema deste trabalho, todos capazes de fornecer o material necessário para a análise do objeto<br />

de estudo em um âmbito <strong>turístico</strong>.<br />

4.1 – Marketing Turístico<br />

Nota-se que o público em geral, e até mesmo administradores experientes, consideram o<br />

<strong>marketing</strong> como o uso exagerado da propaganda da venda, sendo este um fator de persuasão<br />

capaz de direcionar os consumidores a obterem um produto que muitas vezes pode ser<br />

desnecessário, ou até mesmo indesejado. Após declarar este conceito errôneo, Kotler (1998)<br />

desmente tal idéia e afirma que o <strong>marketing</strong> é muito mais do que um departamento de vendas.<br />

Na realidade, ele é “um processo ordenado e criativo de pensar e planejar para os mercados”<br />

(Kotler, 1998: p. 14).<br />

Desta forma, Kotler (1998: p. 27) define o <strong>marketing</strong> como “um processo social e gerencial<br />

pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e<br />

troca de produtos de valor com outros”. O autor procura identificar o <strong>marketing</strong> como um<br />

setor de grande importância para uma empresa, que busca atingir as metas organizacionais e<br />

satisfazer as necessidades e desejos de um determinado mercado-alvo.<br />

Segundo Kotler (1978), para que uma troca aconteça, é necessária a existência de duas partes,<br />

sendo que cada uma deve possuir algo de valor para oferecer a outra. Quando uma das duas<br />

não possui algo de valor, a troca não pode ocorrer. De acordo com o autor, são três os<br />

elementos que podem satisfazer os desejos da outra parte: os bens, objetos capazes de saciar<br />

determinados desejos; os serviços, atos que um indivíduo pode realizar capazes de satisfazer<br />

os anseios da outra parte; e o dinheiro, um título generalizado de valor que pode ser dado em<br />

troca de bens e serviços.<br />

17


Para Cobra (1985: p. 22), deve-se entender o <strong>marketing</strong> como:<br />

...uma filosofia, uma norma de conduta para a empresa, onde as necessidades<br />

latentes, quer no plano qualitativo, quer no quantitativo, impõem a dedução dos<br />

objetivos que a empresa deve ter em mente, para definir as características dos<br />

produtos ou serviços a serem elaborados e as respectivas quantidades a serem<br />

oferecidas.<br />

Cobra (1985) acredita que o <strong>marketing</strong> surge no mercado a partir da necessidade de um<br />

equilíbrio entre a produção e o consumo. O desequilíbrio faz parte da economia de mercado,<br />

pois são inúmeros os fatores que influenciam a capacidade de produção e de compra dos<br />

consumidores. Sobre a capacidade de produção, Cobra (1985) cita como elementos<br />

influenciadores: falta de matéria-prima, os impostos e taxas, a falta de mão-de-obra e a<br />

ausência de tecnologia. Influenciam na capacidade de compra elementos como a inflação, a<br />

mudança de hábito de compra, os valores sociais, as calamidades, a concorrência e as<br />

restrições cretídicas, conforme se pode observar na figura 1, apresentada abaixo:<br />

Assim sendo, o <strong>marketing</strong> interfere neste mercado para reorientar os objetivos da empresa<br />

(FIGURA 2):<br />

FIGURA 1: Informações que interferem nos objetivos da empresa.<br />

Fonte: (COBRA 1985: p. 25)<br />

18


Para Cobra (1985), as empresas enfrentam diversas dificuldades em face de uma concorrência<br />

mais competitiva. Além disso, os consumidores estão cada vez mais esclarecidos quanto às<br />

suas necessidades de consumo. Assim sendo, as estratégias do <strong>marketing</strong> passam a ser<br />

essenciais para uma empresa.<br />

Contudo, o primeiro passo a ser dado é a obtenção de informações proveitosas para a tomada<br />

de decisões. Essa coleta de dados é denominada pesquisa de <strong>marketing</strong>. Segundo Cobra<br />

(1985), ela é um importante instrumento capaz de detectar as oportunidades do mercado, além<br />

de ser bastante útil para estudos exploratórios sobre novos produtos. De acordo com Kotler et<br />

al. (1994) e Acerenza (1991), a pesquisa de <strong>marketing</strong> é um método capaz de reunir as<br />

informações relevantes de um mercado ao qual se pretende atuar. No turismo, estas<br />

informações são:<br />

FIGURA 2: Marketing: atenção aos fatores que influem na<br />

produção e no consumo.<br />

Fonte: (COBRA, 1985: p.24)<br />

... as características do consumidor e seu comportamento com relação às viagens, as<br />

ofertas apresentadas pelas regiões concorrentes, os canais de distribuição realizados<br />

pela concorrência, bem como os sistemas de promoção e vendas utilizados, e,<br />

finalmente, as características dos meios de comunicação disponíveis e seu<br />

respectivo custo. (ACERENZA, 1991: p. 5)<br />

Logo após consolidar a pesquisa de <strong>marketing</strong>, parte-se para a tomada de decisões. Elas<br />

orientam os processos de comercialização e venda da oferta turística. Acerenza (1991) e<br />

Kotler et al. (1994) denominam esses processos de plano de <strong>marketing</strong>. É no plano de<br />

<strong>marketing</strong> que, a partir dos dados coletados, definem-se as decisões que deverão ser tomadas<br />

com relação aos seguintes elementos da atividade turística: mercado, tipo de produto, canais<br />

de distribuição que provavelmente serão utilizados para que o produto chegue ao consumidor,<br />

preço, promoção e vendas do produto (ACERENZA, 2001).<br />

Todo o processo descrito pode ser observado na seguinte figura (FIGURA 3):<br />

19


FIGURA 3: Esquema geral do processo de <strong>marketing</strong><br />

Fonte: (ACERENZA, 1991: p. 6)<br />

No turismo, de acordo com Acerenza (1991), o <strong>marketing</strong> diferencia-se do <strong>marketing</strong> de<br />

produtos físicos pela suas características particulares, apesar de ambos terem os mesmos<br />

objetivos de troca. A primeira característica apresentada pelo autor é a natureza dos serviços,<br />

que é dividida em: intangibilidade, pois o produto <strong>turístico</strong> não pode ser consumido durante a<br />

sua venda, ao contrário do produto físico; inseparabilidade, pois é o turista que tem que<br />

trasladar-se para consumir o produto, enquanto o produto físico geralmente pode transferido<br />

para outro lugar para ser consumido; heterogeneidade, porque em cada localidade, os produtos<br />

costumam ser diferentes dos outros, enquanto os físicos podem ser produzidos semelhantes e<br />

20


em larga escala; perecibilidade, pois quando um produto <strong>turístico</strong> é comprado e não utilizado<br />

no mesmo momento que deveria ser consumido, como por exemplo, em um quarto de hotel,<br />

eles serão desperdiçados pois, não se tem como voltar atrás, ao passo que os produtos físicos<br />

podem ser estocados para utilização posterior.<br />

A segunda característica apresentada diz respeito às particularidades do produto: o produto<br />

<strong>turístico</strong> é uma complementação entre os elementos que o integram, como os atrativos, a infra-<br />

estrutura e a prestação de serviços oferecidos (ACERENZA, 1991).<br />

A terceira característica é o grau de incerteza das decisões, exemplificados pelo autor com os<br />

três seguintes motivos: alteração nas condições econômicas do mercado emissor, pois ele pode<br />

interferir no poder aquisitivo da população; condições climáticas do lugar de destino, já que<br />

uma condição pode ser preferencial para um tipo de turista e, geralmente, este é o principal<br />

fator das oscilações existentes no turismo de uma localidade; e os acontecimentos políticos,<br />

que podem alterar a ordem social da destinação, implicando situações de insegurança na<br />

localidade. Entretanto, apesar das diferenças acima apresentadas, a figura 3 é empregada por<br />

Acerenza (1991) na utilização tanto para <strong>marketing</strong> dos produtos físicos como para <strong>marketing</strong><br />

<strong>turístico</strong>, pois em ambos os casos, o autor considera que o processo de <strong>marketing</strong> ocorre da<br />

mesma forma.<br />

Como se pode perceber, “o propósito do <strong>marketing</strong> é alcançar os objetivos organizacionais”<br />

KOTLER (1978: p.21). Coerentemente, o setor comercial visa o lucro. No entanto, no setor<br />

não-comercial, o objetivo é declarado como de interesse público.<br />

De acordo com Kotler (1978), uma organização que não visa lucro interessa-se pelo <strong>marketing</strong><br />

devido à eficiência que este proporciona às organizações de alcançarem seus objetivos.<br />

Para Kotler (1978), pode-se considerar três tipos de <strong>marketing</strong> praticado por empresas. Cada<br />

uma escolhe seu estilo compativelmente com suas metas, sejam elas comerciais ou não-<br />

comerciais: 1) o <strong>marketing</strong> agressivo – neste tipo de <strong>marketing</strong>, os investimentos em<br />

promoção de vendas são grandes, buscando as empresas que a empregam um elevado número<br />

de demanda. Ele pode ser encarado como uma atividade de pressão e geralmente é aplicado<br />

por empresas comerciais; 2) <strong>marketing</strong> mínimo – ao contrário do agressivo, o <strong>marketing</strong><br />

existente não é feito de forma consciente neste tipo de empresa. Acredita-se que o produto terá<br />

uma demanda considerável simplesmente pelo fato deste ser bem oferecido e devido à sua<br />

qualidade; 3) <strong>marketing</strong> equilibrado - como mesmo afirma Kotler (1978: p. 29): “mistura<br />

21


todos os elementos numa composição eficaz que propicia uma elevada eficiência transacional<br />

e satisfação do consumidor”, esse tipo de <strong>marketing</strong> é o mais utilizado pelas organizações que<br />

não visam lucro.<br />

O autor apresenta questões sobre as dúvidas freqüentemente levantadas a respeito da ética do<br />

<strong>marketing</strong>. Kotler (1978) descreve os tipos de críticas feitas à atividade e justifica o porquê<br />

destas não se encaixarem nas acusações mais comuns:<br />

A primeira declaração seria a de que o <strong>marketing</strong>, quando empregado em uma entidade que<br />

não visa lucro, causaria o desperdício do dinheiro público. Neste caso, o autor defende a<br />

atividade afirmando que, quando uma organização pública gasta com o <strong>marketing</strong>, mesmo que<br />

seu valor absoluto seja alto, ele será recompensado desde que tenha um fundamento<br />

condizente com a necessidade apresentada. No entanto, as empresas devem satisfações ao<br />

público quanto ao gasto realizado nessa atividade, conforme afirma o autor:<br />

... é importante que os administradores das organizações que não visam lucro<br />

considerem os sentimentos do público quanto ao <strong>marketing</strong> e que estejam<br />

preparados para explicar os benefícios esperados do nível planejado de despesas.<br />

KOTLER (1978: p. 27)<br />

A segunda declaração seria a de que a atividade de <strong>marketing</strong> é uma intrusa. Neste tópico,<br />

autor evidencia o incomodo causado pela pesquisas, peça indispensável para a obtenção de um<br />

plano de <strong>marketing</strong> bem elaborado. Como os pesquisadores geralmente perguntam sobre os<br />

gostos e aversões, percepções, rendas e demais assuntos pessoais, os entrevistados sentem-se<br />

incomodados ao fornecerem tantas informações, além de que eles apresentam-se insatisfeitos<br />

por perceberem que o dinheiro destinado a benefícios públicos estejam sendo empregados em<br />

pesquisas. Por conseguinte, Kotler (1978) defende a atividade afirmando que o motivo da<br />

pesquisa está intrinsecamente relacionado aos interesses do público-alvo, pois quando a<br />

organização conhece melhor seu público, pode proporcionar a este satisfação de maneira<br />

direcionada.<br />

O último tópico que ataca o <strong>marketing</strong> como uma atividade não ética apresentado por Kotler<br />

(1978) é o de que ele é manipulador. Nesta declaração, o autor argumenta que, como as<br />

organizações que não visam lucro almejam um bem público, os meios utilizados são<br />

apropriados para satisfazer a sociedade, e não um instrumento para induzir as pessoas a<br />

consumirem o produto.<br />

22


Acerenza (1991) também enfatiza a questão de que as entidades públicas participam dos<br />

planos constituintes do <strong>marketing</strong> <strong>turístico</strong>. Para ele, um plano de <strong>marketing</strong> deve propiciar<br />

uma cooperação de todos os participantes que buscam incrementar a atividade turística de sua<br />

destinação.<br />

Chama-se mix de <strong>marketing</strong>, ou os “4Ps”, a simplificação organizada do composto do<br />

<strong>marketing</strong>. Ele subdivide-se em quatro elementos, todos criados e implantados para atender ao<br />

consumidor-alvo, conforme afirma Cobra (1985) e Kotler (1978): produto, preço, ponto (ou<br />

praça) e promoção. No entanto, para Goeldner et al.(2002), apesar desta ser uma forma<br />

simplificada de se mostrar com organização a estrutura do <strong>marketing</strong>, ela parece ser<br />

exagerada, pois o produto não inclui apenas os atributos físicos reais, mas também outras<br />

características como o planejamento e o desenvolvimento.<br />

Apesar do plano de <strong>marketing</strong> envolver programas de produção, distribuição, estratégia,<br />

promoção e vendas do produto <strong>turístico</strong>, conforme foi citado anteriormente e aplicado por<br />

Acerenza (1991), e do <strong>marketing</strong> subdividir-se em “4Ps”, produto, preço, ponto (ou praça) e<br />

promoção, condizendo com o termo apresentado por Cobra (1985) e Kotler (1987) e citado<br />

por Shimp (2002), neste trabalho dar-se-á atenção à promoção do produto <strong>turístico</strong>.<br />

4.1.1 – Promoção Turística<br />

As atividades de comunicação no <strong>marketing</strong> são tradicionalmente denominadas de promoção.<br />

Segundo Kotler (1987), a promoção é constituída por todo instrumento do <strong>marketing</strong> que tem<br />

como papel a comunicação persuasiva.<br />

A comunicação é um aspecto de grande relevância para uma empresa e um dos principais<br />

fatores pelo sucesso de seu produto. Segundo Shimp (2002), as organizações modernas, sejam<br />

elas comerciais ou organizações que não visam o lucro, usam a comunicação para atingir os<br />

seus anseios financeiros ou não-financeiros.<br />

Massari (2003) utiliza definições de Kotler 1 (2000) para justificar que toda empresa deve<br />

assumir um papel de comunicadora e promotora. De acordo com Kotler (1987), o mix da<br />

comunicação do <strong>marketing</strong> subdivide-se em cinco formas de comunicação: propaganda,<br />

1 KOTLER. Philip. Administração de Marketing. 10º. Edição. São Paulo: Prentice Hall. 2000.<br />

23


promoção de vendas, relações públicas e publicidade, vendas pessoais e <strong>marketing</strong> direto.<br />

Shimp (2002) também utiliza uma divisão semelhante à empregada por Kotler (1978).<br />

A propaganda, de acordo com Kotler (1998), Shimp (2002) e Goeldner et al.(2002) é qualquer<br />

apresentação impessoal e de promoção que seja paga por um patrocinador identificado, o<br />

anunciante. A propaganda é impessoal porque, de acordo com Shimp (2002), a empresa<br />

anunciante comunica-se simultaneamente com múltiplos receptores, oferecendo, desta forma,<br />

uma visão geral do produto para um grande público, e não especificamente para uma pessoa.<br />

No turismo, conforme afirma Goeldner et al. (2002), as mensagens exibidas visam apresentar<br />

e divulgar uma destinação, a fim de atrair os consumidores. Para Vaz (1999), a propaganda no<br />

turismo é utilizada majoritariamente para a popularização da atividade turística na destinação,<br />

por meio de mensagem que procuram cativar o consumidor mostrando imagens positivas da<br />

localidade. Estas são representadas por belas paisagens e outras peculiaridades locais, além da<br />

divulgação do portfólio, por meio de anúncios em mídia impressa, que contenham<br />

informações de pacotes <strong>turístico</strong>s e preços. Goeldner et al. (2002), assim como Kotler (1978),<br />

apontam os vários meios de propagar um produto, inclusive as destinações turísticas: jornais e<br />

revistas; rádio e televisão; outdoors (posters, cartazes e letreiros no céu); calendários;<br />

catálogos; cartazetes em carros e ônibus; listas e referências; cardápios; circulares; malas-<br />

diretas; sites na internet; agências de propaganda, etc. Nas instituições que não visa lucro,<br />

Kotler (1978) denomina de propaganda para as organizações governamentais quando um<br />

destino utiliza da propaganda para atrair novos moradores, turistas e empreendedores<br />

industriais.<br />

A promoção de vendas, de acordo com Kotler (1998), são incentivos em curto prazo para<br />

estimular o consumo ou a experimentação do produto ou serviço. Essa técnica, de acordo com<br />

Vaz (1999), envolve uma oferta de vantagens para os consumidores tentando atrair sua<br />

atenção. A partir dessa atração, pretende-se que o produto conquiste a aceitação do público,<br />

induzindo-o a comprá-lo em outras ocasiões. De acordo com Shimp (2002), a promoção de<br />

vendas pode ser orientada tanto para o comércio (atacadistas e varejistas), quanto para os<br />

consumidores. No comércio, utiliza-se de concessões que estimulem a resposta dos atacadistas<br />

e varejistas, enquanto a promoção para os consumidores envolve a utilização de brindes,<br />

cupons, prêmios, amostras grátis, etc. No caso do turismo, conforme declara Vaz (1999), o<br />

incentivo mais comum da promoção de vendas é a distribuição de artigos que despertem o<br />

interesse do público em conhecer a localidade, como brindes, degustações, espetáculos<br />

representando as festividades locais e a hospitalidade da sua população. Também são<br />

24


utilizados sorteios de pacotes, assim como o sistema de acumulação de pontos aplicado em<br />

empresas de transporte aéreo. No entanto, Kotler (2004) afirma que a promoção de vendas não<br />

é eficaz e que apenas 17% das campanhas apresentadas geram lucros para suas respectivas<br />

empresas. Geralmente, essa pequena porcentagem de eficácia está inserida nos produtos que<br />

tem qualidade superior aos outros, mas que, curiosamente, eram desconhecidos.<br />

As relações públicas e a publicidade são os programas planejados para promover a imagem de<br />

uma empresa e de seus produtos individuais, conforme afirma Kotler (1998). Essa forma de<br />

comunicação, assim como a propaganda, é impessoal e direcionado para um público de massa.<br />

Contudo, de acordo com Shimp (2002), a companhia que patrocina o produto não paga pelo<br />

espaço da propaganda. Os itens são mencionados na publicidade gratuitamente por serem<br />

considerados, pelos representantes dos veículos de comunicação, pertinentes e interessantes ao<br />

seu público. De forma mais simplificada, Vaz (1999) explica que o recurso utilizado para esse<br />

tipo de comunicação é a criação de fatos ou situações na destinação que possuam interesse<br />

jornalístico capaz de transformar-se numa matéria. Para isso, segundo Goeldner et al. (2002),<br />

é necessário uma boa relação com o público, oferecendo a este uma informação real de sua<br />

área pois, assim como Kotler (1978) afirmou, a organização que tem a intenção de promover o<br />

produto tem pequeno controle sobre o conteúdo da publicidade final, correndo o risco de obter<br />

um comercial negativo para o seu produto. Vaz (1999) ainda afirma que o turismo é um setor<br />

econômico em que as relações públicas participam consideravelmente e praticamente em todo<br />

o seu processo de gerenciamento mercadológico.<br />

Kotler (1998) e Shimp (2002) consideram a venda pessoal uma interação direta com os<br />

consumidores potenciais, a fim de realizar a apresentação das vendas, responder dúvidas,<br />

tentar convencer os clientes potenciais a consumir o produto e retirar os pedidos dos clientes.<br />

A função desse meio de comunicação no turismo, definida por Vaz (1999) é a da<br />

comercialização do produto, podendo ser desempenhada pelo trade 1 da localidade ou pelas<br />

organizações intermediárias, como as operadoras e agentes de viagem. Desta forma, sua<br />

posição é notoriamente parcial, pois o interesse é em vender o produto e a técnica utilizada é a<br />

persuasão para consumo imediato do produto. Nota-se nesta forma de comunicação, no que<br />

diz respeito às instituições governamentais, que seus funcionários não são treinados<br />

adequadamente para manter o devido cuidado com os clientes (KOTLER, 1978).<br />

1 Goeldner et al. (2002) definem o trade <strong>turístico</strong> como “aquelas organizações, empresas e indivíduos que<br />

fornecem vários elementos da experiência turística total”.<br />

25


Finalmente, o último elemento que compreende o mix do <strong>marketing</strong> de comunicações é o<br />

<strong>marketing</strong> direto. Kotler (1998) o determina como o uso das ferramentas de contato impessoal,<br />

como o correio, o e-mail e o fax, para comunicar sobre um produto ou mesmo requerer<br />

respostas dos consumidores-potenciais.<br />

4.1.1.1 – Material Impresso<br />

O material impresso, no composto do <strong>marketing</strong>, é um pequeno elemento diante de um grande<br />

conjunto de estratégias para promover uma destinação turística. No entanto, é inegável que<br />

esta simples “peça” do <strong>marketing</strong>, assim denominada por Vaz (1999), é amplamente utilizada<br />

pelas destinações turísticas. Middleton (2002) comprova esta utilização massiva de materiais<br />

impressos definindo que o grande volume produzido deste material têm sido, e ainda é, uma<br />

característica marcante que distingue o <strong>marketing</strong> em viagens.<br />

Para Middleton (2002), as informações impressas, normalmente denominadas nos EUA de<br />

materiais adicionais, seria um elemento distinto da comunicação de <strong>marketing</strong>, assim como a<br />

publicidade e as relações públicas, a propaganda, a venda pessoal, a promoção de vendas e o<br />

merchandising 1 . Apesar desta afirmação, concluiu-se anteriormente neste trabalho que o<br />

material impresso faz parte da propaganda realizada para alavancar a atividade turística de<br />

uma destinação, pois, assim como foi descrito por Kotler (1998), Shimp (2002) e Goeldner et<br />

al. (2002), ele caracteriza-se por divulgar uma destinação impessoalmente, sendo que possui<br />

um anunciante que pagará pela divulgação desse material. Além disto, ele oferece uma visão<br />

do produto para um grande público, conforme for a sua distribuição. Como material de<br />

1 Apesar do merchandising não ser classificado por Kotler (1998) dentro dos elementos do composto de<br />

comunicação de <strong>marketing</strong>, ele é, assim como a propaganda, citado como um elemento de persuasão. Devido à<br />

sua inserção nesse trabalho como uma técnica de comunicação de objetivo semelhante ao da propaganda e além<br />

da sua importância no <strong>marketing</strong>, tornou-se adequada a sua definição, independente de não pertencer ao<br />

composto ao qual esse trabalho se embasou. Vaz (1999) classifica o merchandising como uma técnica da<br />

comunicação em que se insere fisicamente ou psicologicamente um produto nos ambientes freqüentados pelo seu<br />

público-alvo. Na inserção física, pretende-se, por meio da exibição notável do produto ou da facilidade de acesso<br />

ao mesmo, estimular o ato da compra Já na inserção psicológica, o efeito é alcançado quando se contextualiza o<br />

produto dentro de um enredo propício à sua divulgação. Essa técnica é normalmente utilizada em cinemas e<br />

outras mídias visuais.<br />

26


divulgação das destinações, as peças impressas utilizam-se de imagens positivas da localidade,<br />

popularizando a atividade turística, assim como foi definido por Vaz (1999).<br />

Além das definições que comprovam que o material é uma forma de propaganda, pode-se,<br />

também, utilizar as definições de Vaz (1999) para identificar qual a técnica promocional foi<br />

empregada em uma peça de divulgação. De acordo com o autor, quando se define que o<br />

público deve ser conquistado, o objetivo a ser alcançado é o da persuasão, e, desta forma, a<br />

técnica utilizada deve ser o merchandising ou a propaganda. O autor apresenta uma figura em<br />

que a folheteria é classificada como um tipo de peça com o objetivo da persuasão (FIGURA<br />

4).<br />

Peça Formato<br />

Notícia Reportagem, Nota, Entrevista, Crítica<br />

Matéria Informativa Comunicação à Imprensa (press release)<br />

Conhecimento Filme e vídeo Documentário, Release Eletrônico, Vídeo<br />

e Conceito Viagem de Familiarização (Fam Tour)<br />

(Jornalismo e Demonstrações Degustação, Mostruário (Show room)<br />

Relações Públicas) e Programa, Dramatização, Exibição<br />

manifestações (performance), Exibição Itinerante (Road Show)<br />

Exposição<br />

Apoio Institucional Patrocínio<br />

Comercial Anúncio, Classificado, Falado (Spot), Cantado<br />

(Jingle), Filme Publicitário, Desenho Animado<br />

Persuasão Infomercial Programa, Edumercial, Publiturismo<br />

(Merchandising e Ambientação Ficção, Decoração<br />

Propaganda) Cartaz Outdoor, Pôster, Retrato, Cartazete, Selo<br />

Móbile Faixa, Objeto, Balão<br />

Folheteria Volante, Encarte, Brochura, Catálogo, Folheto<br />

Desdobrável (Folder), Manual<br />

Prêmio Brinde, Concurso, Sorteio<br />

Discurso, Fala, Palestra, Conferência, Mesa de Negociação<br />

Predisposição Pronunciamento (Work shop), Serviço de Informações,<br />

e Decisão Conversa<br />

(Promoção de Sistema de Negociação Representação, Visita, Proposta, Contrato,<br />

Vendas e Venda) e Atendimento Encomenda (Delivery), Marketing de Rede<br />

Marketing Direto Mala Direta, Formulário, Pedido, Ordem<br />

Eletrônica, Carta, Relatório, Proposta,<br />

Questionário<br />

FIGURA 4: Lista de peças e formatos adequados às técnicas e aos objetivos de <strong>marketing</strong>.<br />

Fonte: (VAZ, 1999: p. 225)<br />

O material impresso não apresenta apenas a função de promover a atividade turística, ele<br />

também pode ser informativo e facilitar a visita do turista à destinação (MIDDLETON, 2002).<br />

27


Desta forma, a folheteria possui múltiplas finalidades, Middleton (2002) afirma que ele pode<br />

ter o poder de conscientização. Neste caso, o material deve ter a aparência em seu design<br />

capaz de chamar a atenção do público-alvo, atraindo a atenção. A folheteria também tem a<br />

finalidade de ser promocional e atua como um estimulante de compra do produto. Ela pode<br />

surgir como um mecanismo de acesso, compra e pesquisa, pois oferece facilidades quando<br />

possuem formulários de reservas para os consumidores-alvo preencherem, que podem facilitar<br />

a compra do produtos ou até mesmo funcionar como uma pesquisa de <strong>marketing</strong>. O material<br />

informativo é utilizado também como um substituto tangível de um produto que não pode ser<br />

inspecionado diretamente na hora da decisão do seu consumo. Com isso, Middleton (2002)<br />

também afirma que esse material pode servir de consolo para compensar as expectativas do<br />

público enquanto a viagem não se concretiza. Outra vantagem do material impresso é que ele<br />

diminui o tempo de contato com o cliente, já que é capaz de esclarecer muitas dúvidas sobre<br />

produto. E, finalmente, a folheteria pode agir como educadora, levando informações que<br />

induzam o turista a criar e ajudar a manter o ambiente sempre atraente e saudável.<br />

A crescente utilização dos meios virtuais para a divulgação de destinações turísticas deve-se,<br />

primeiramente, ao seu preço, bem mais em conta que o dinheiro gasto com a produção de<br />

folheteria turística, e também devido ao fato de o <strong>marketing</strong> eletrônico oferecer às<br />

organizações que promovem do destino a capacidade de se alcançar um público maior que a<br />

das técnicas impressas, conforme afirma a OMT (2003). Pode-se dizer que as vantagem<br />

oferecidas pelo material impresso enfrenta problemas quando se observa o desperdício<br />

causado por sua confecção pois, assim como diz o Relatório Travel Trade Gazzete, citado por<br />

Middleton (2002), quando se imprime dez brochuras, apenas uma ira gerar alguma venda, e<br />

98% será jogada fora. Contudo, acredita-se que o material impresso é uma representação do<br />

portátil do local, pois pode acompanhar o turista antes e durante a viagem. Outra característica<br />

que mantêm a sua utilização é a vantagem visual de um material impresso bem produzido ao<br />

material virtual, que dificilmente poderá ser substituído ao contato do consumidor-alvo.<br />

4.2 – <strong>Imagem</strong> de Destinações Turísticas<br />

A imagem, como parte integrante da atividade turística, tem um papel fundamental em sua<br />

expansão. Desta forma, ela provoca um interesse em diversos estudiosos do turismo, que<br />

buscam suas explicações para as mais variadas características da atividade. Para melhor<br />

28


entender a imagem e, em seguida, conhecer sua influência na promoção de destinações<br />

turísticas, esta pesquisa analisou primeiramente os conceitos relacionados à imagem.<br />

Numerosos foram os estudos internacionais realizados sobre o tema imagem, com diferentes<br />

enfoques e dimensões, o que possivelmente acarretou a criação de conceitos e significados.<br />

Apesar da utilização de muitos conceitos, acredita-se que a amplitude da imagem pode<br />

dificultar uma significação precisa. Segundo Pearce (1988 apud LEAL, 2002), a conotação da<br />

palavra imagem é tão popular que torna-se difícil defini-la academicamente. Santos (2004)<br />

declara que é difícil encontrar uma definição simples capaz de recobrir todos os seus<br />

empregos. No entanto, alguns autores a conceituaram quando desenvolveram suas idéias e<br />

teorias sobre a imagem, assim como Barich & Kotler (1991: p. 95) determinaram a imagem<br />

como:<br />

“... a soma de crenças, atitudes e impressões que uma pessoa ou um grupo tem de<br />

um objeto. O objeto pode ser uma companhia, marca, lugar ou pessoa. A impressão<br />

pode ser verdadeira ou falsa, real ou imaginária. Certa ou errada, as imagens guiam<br />

e definem comportamentos” (tradução da autora) 1<br />

Lynch (1982), ao discutir a imagem de uma cidade, caracteriza-a como o composto resultante<br />

de todos os sentidos que uma pessoa tem ao observar um determinado elemento e afirma que,<br />

na maioria das vezes, a percepção de uma imagem não é íntegra, e sim consideravelmente<br />

parcial, fragmentada e influenciada por outras referências.<br />

Já para Sá (2001), um dos poucos autores que escreveram sobre imagem no Brasil, a imagem<br />

associa-se às percepções a respeito de algo, à representação de um objeto ou de um ser, a uma<br />

determinação de futuro, assim como a uma recordação passada.<br />

Outros autores brasileiros também descreveram a imagem:<br />

O termo imagem é pleno de conotações, umas abstratas (reprodução analógica de<br />

um ser, uma coisa qualquer; manifestação sensível do invisível e do abstrato, isto é,<br />

representação mental de origem sensível, etc.) outras concretas (do domínio da<br />

física, da química, da matemática, da geometria, como a imagem da televisão, o<br />

cinema...), outras filosóficas, literárias, religiosas. (JOLY 2 , 1994 apud SANTOS,<br />

1996)<br />

1 “the sum of beliefs, attitudes, and impressions that a person or group has of an object. The object may be a<br />

company, product, brand, place or person. The impression may be true or false, real or imagined. Right or wrong,<br />

images guide and shape behavior”.<br />

2 JOLY, M. Introdução aos estudos da imagem. Campinas: Papirus, 1996.<br />

29


Figueiredo (2001, p.80) afirma que “a imagem é criada a partir da percepção de alguém, ou<br />

seja, adiciona-se a informação aos conhecimentos, crenças, sentimentos e sensações de um<br />

indivíduo”.<br />

Compreende-se, desta forma, que a imagem não se relaciona somente ao que é concreto e<br />

tangível, mas que ela pode possuir, além da visão proporcionada por um determinado<br />

elemento, a sua identidade vinculada ao que é percebido e ao que é representado, assim como<br />

Santos (2004) discute a respeito das idéias de Kincheloe 1 (1997) sobre a existência de três<br />

domínios da imagem: o cognitivo 2 , o emocional e o político. Para Santos (2004) o domínio<br />

político poderia ser comparado à imagem vista, a imagem cognitiva ao domínio cognitivo e o<br />

domínio emocional à imagem representada graficamente.<br />

Santos (2004) afirma que a imagem visível está relacionada ao pensamento inicial de que a<br />

imagem é unicamente aquilo que se vê. A imagem cognitiva é aquela que se mentaliza sobre<br />

uma realidade, selecionando informações que são processadas de acordo com interesses e<br />

necessidades do receptor. Já a imagem representada, ou o domínio emocional, seria a<br />

reprodução da imagem por meio de mapas, fotografias, desenhos e surgiria a partir da imagem<br />

que foi mentalizada pelo receptor.<br />

Segundo Jenkins (1999) a definição de imagem de destinação turística mais citada pelos<br />

autores que já escreveram sobre o tema é a de Crompton 3 (1979: p.18): “a soma de crenças,<br />

idéias e impressões que uma pessoa tem de uma destinação” (tradução da autora da<br />

monografia) 4 . Assemelha-se bastante a essa definição de Crompton (1979: p.18) a definição<br />

dada à imagem de um objeto por Barich & Kotler (1991), citada anteriormente.<br />

De fator determinante para a decisão de escolha de uma destinação turística, a imagem tem a<br />

capacidade de oferecer satisfação ao turista. De acordo com Viana (1998 apud FIGUEIREDO,<br />

2001), sua influência pode superar pequenas desvantagens entre empresas sendo o único<br />

prestigioso valor capaz de decidir situações de empate.<br />

1 KINCHELOE, J. L. A formação do professor como compromisso político: mapeando o pós-moderno.<br />

Tradução de Nize M. C. Pellanda. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.<br />

2 A definição de Cognição apresentada por SOUZA foi a de DEL RIO & OLIVEIRA (1996 apud SANTOS,<br />

1999:62): “ Cognição é o processo mental mediante o qual, a partir do interesse e da necessidade, estruturamos<br />

e organizamos nossa interface com a realidade e o mundo, selecionando as informações percebidas,<br />

armazenando-as e conferindo-lhes significado” .<br />

3 CROMPTON, J. L., An Assessment of the image of Mexico as a vacation destination and the influence of<br />

geographical location upon that image, Journal of Travel Research, 17 (4), 18-23, 1979.<br />

4 “ The sumo of beliefs, ideas and impressions that a person has of a destination” (CROMPTON, 1979:18)<br />

30


Sá (2001) reforça a idéia de que viagens a lugares diferentes proporcionam valores diferentes,<br />

satisfazendo, assim, a necessidade que cada tipo de turista deseja obter: uma pessoa que vai<br />

para a França e conhece a Torre Eiffel terá uma sensação diferente de quem vai para Machu<br />

Picchu. No entanto, os dois poderão se sentir satisfeitos por terem presenciado o que foi<br />

almejado, ou por a imagem obtida daquela região saciar suas expectativas, mesmo que essa<br />

mesma localidade possa não ter o mesmo significado para outra pessoa. Figueiredo (2001)<br />

classifica essa impressão que uma pessoa adquire de uma destinação como individualidade da<br />

imagem, pois, assim como Sá (2001), ela enuncia que diferentes indivíduos obterão diferentes<br />

reações, e justifica que isto acontece porque eles têm seus referenciais e experiências<br />

individuais.<br />

A satisfação de um consumidor poderá ser ameaçada se a imagem presenciada não condizer<br />

com a imagem formada anteriormente à chegada ao destino. O turista, antes de viajar, tem<br />

adquirida uma idéia do produto que irá conhecer e sua expectativa quanto à viagem baseia-se<br />

nesta idéia intangível, geralmente uma imagem formada da qual a origem não é confiável,<br />

pois cada pessoa constrói uma imagem específica sobre um mesmo elemento, conforme<br />

afirma Sá (2001). Segundo Figueiredo (2001), a decepção causada por uma imagem gerada<br />

pela divulgação incoerente com a realidade da destinação pode causar uma decepção<br />

irreversível no público alvo.<br />

Outra característica da imagem turística observada por Sá (2001) é a sua dinamicidade, isto é,<br />

uma imagem se altera no tempo e no espaço. Desta forma, as impressões que um indivíduo<br />

tem de uma localidade, ao conhecê-la, podem ser totalmente diferentes das impressões obtidas<br />

por outros meios, sejam eles por fotografias, mapas, livros ou mesmo pela opinião de outras<br />

pessoas que já visitaram a localidade. Uma imagem adquirida em certa ocasião também pode<br />

diferir da imagem deste mesmo local obtida em outra época.<br />

Reynolds 1 (1965 apud ECHTNER e RITCHIE, 1991) descreve a imagem de uma destinação<br />

como as impressões escolhidas de uma enchente de informações. Estas informações são<br />

obtidas por meio de muitos recursos como materiais promocionais, opinião de outras pessoas<br />

e visitação da destinação. Desta forma, a imagem será afetada e modificada.<br />

1 REYNOLDS. The role of the consumer in image building. California Management Review, Spring, 69-76,<br />

1965.<br />

31


Estes vários recursos da informação tiveram a sua influência esquematizada por Gunn (1988<br />

apud ECHTNER e RITCHIE, 1991). Ele apresentou um modelo descrevendo sete fases da<br />

experiência adquirida em uma viagem (FIGURA 5):<br />

FIGURA 5: Sete fases da experiência de uma viagem.<br />

Fonte: (GUNN, 1988 apud ECHTNER E RITCHIE, 1991)<br />

Neste modelo, Gunn (1988 apud ECHTNER e RITCHIE, 1991) rotula que a imagem da<br />

destinação forma-se na primeira fase como uma imagem orgânica. Isto ocorre porque nesta<br />

fase ela é assimilada por recursos não <strong>turístico</strong>s e não comerciais, simplesmente pelas<br />

experiências já adquiridas de outras viagens. Já na segunda fase, ela recebe informações<br />

comerciais, como materiais promocionais e opinião de amigos ou parentes.<br />

Outro modelo apresentado sobre como a imagem de destinações é formada foi a de Stabler 1<br />

(1988 apud JENKINS, 1999), de que a imagem é um misto das informações obtidas por meio<br />

das motivações, percepções, características psicológicas, experiências, boatos, <strong>marketing</strong><br />

<strong>turístico</strong>, mídia, educação e características sócio-econômicas da destinação (FIGURA 6):<br />

1 STABLER, M. J. The image of destination regions: theoretical and empirical aspects, in Godal, B.and<br />

Ashworth, G (Editors): Marketing in the Tourism Industry – The Promotion of Destination Regions.<br />

London: Routledge. 1988, 133-159.<br />

32


FIGURA 6: Fatores que influenciam a formação da imagem<br />

turística para consumidores.<br />

Fonte: (STABLER, 1988 APUD JENKINS, 1999).<br />

Outra característica da destinação turística é a instabilidade que suas imagens podem ter. De<br />

acordo com Figueiredo (2001), ela, além de instável, pode ser independente e de longo prazo.<br />

Figueiredo (2001), por meio das idéias de Rezende 1 (1992), descreve que as modificações que<br />

uma imagem pode sofrer são resultantes de fatores internos e externos. Os internos são<br />

aqueles advindos de políticas e ações governamentais e os externos são os associados às<br />

modificações causadas pelo meio ambiente.<br />

Lynch (1980) destaca a capacidade do homem em remodelar o seu meio ambiente, e como<br />

esta se tornou mais comum e significativa com o passar dos anos:<br />

O homem primitivo era forçado a melhorar o seu meio ambiente adaptando a sua<br />

percepção à paisagem existente. Podia efectuar transformações de menor<br />

importância com túmulos, fogueiras ou sinais nas árvores, mas as transformações<br />

substanciais para uma clareza ou interligação visuais estavam limitadas a locais<br />

para a construção de casas ou recintos religiosos. Só civilizações poderosas podem<br />

começar a actuar no seu meio ambiente de um modo significante. Apenas<br />

recentemente se tornou possível a consciente remodelação em larga escala de meios<br />

ambientes físicos (...). (LYNCH, 1980: p. 23)<br />

Exemplos de que a imagem turística pode sofrer alterações internas e, desta forma, definir ou<br />

mudar o seu tipo de público, podem ser percebidas no artigo de Boon et al. (2005) sobre as<br />

pesquisas desenvolvidas por Calantone et al. 2 (1989), Fakeye e Crompton (1991) 1 , Gray 2<br />

1 REZENDE, S. F. L. Não bastam apenas aplausos: um estudo sobre o relacionamento empresa-cultura.<br />

1992. 141 f. Dissertação ( Mestrado em Administração) : Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade<br />

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte, 1992.<br />

2 Calantone, R., Benedetto A., A. Hakam, e D. Bojanic .“Multiple Multinational Tourism Positioning Using<br />

Correspondence Analysis.” Journal of Travel Research, 28: 25-32, 1989.<br />

33


(1986), Mainsfeld 3 (1992), Palmer e Bejou 4 (1995) e Telisman-Kosuta 5 (1989) que<br />

comprovam a manipulação dos atributos de atmosferas turísticas - tais como paisagens,<br />

atrativos históricos, infra-estrutura e acomodações - por alguns administradores do turismo,<br />

possivelmente relacionados aos órgãos governamentais, criando imagens direcionadas aos<br />

turistas potenciais.<br />

No artigo escrito por Boon et al. (2005) sobre o turismo em Tampa Bay, na Flórida, pode-se<br />

notar exemplos de impactos causados por fatores externos que influenciaram negativamente a<br />

atividade turística nos Estados Unidos. Os fatores citados pelos autores foram: o impacto da<br />

recessão econômica mundial, o terrorismo e a guerra, todos ocorridos durante o ano de 2001.<br />

Estes modificaram a imagem do país de forma negativa, sendo que esta se tornou a de um<br />

local perigoso, onde as pessoas corriam risco de sofrerem ataques. Estes fatores foram capazes<br />

de distanciar o público potencial da localidade, afetando a quantidade de visitantes<br />

internacionais.<br />

A imagem turística também pode ser classificada, conforme destaca Miossec (1977 apud<br />

SANTOS 2004), de três formas: global, tradicional e atual: A imagem global representa as<br />

aspirações do ser humano por conhecer novos locais. Ela nasce a partir da necessidade de se<br />

experimentar aquilo que ainda não foi absorvido pelo visitante. Percebe-se que este tipo de<br />

imagem tem como foco a necessidade de se conhecer ambientes novos, da possibilidade de<br />

sair do meio em que o indivíduo se encontra. A imagem tradicional é aquela que, ao longo do<br />

tempo, vai se adaptando ao ambiente. Nesta, a cultura é absorvida pelo visitante, permitindo-<br />

lhe um conhecimento, um entendimento da paisagem em que ele se encontra. Já a imagem<br />

atual é aquela que segue os padrões da moda e beleza e que se apresenta como a imagem<br />

produzida pela mídia.<br />

1 Fakeye, P. C., e CROMPTON, J. L. , “Image Differences between Prospective, First Time, and Repeat Visitors<br />

to the Lower Rio Grande Valley.” Journal of Travel Research, 30 (Fall): 10-16, 1991.<br />

2 Gray, J., “Marketing to Tourism.” Speech to Northeast Missouri Travel and [Tourism] Conference, Hannibal,<br />

1986<br />

3 Mansfield, Y. (1992). Tourism: Toward a Behavioral Approach. Oxford: Pergamon.<br />

4 Palmer, A., e D. Bejou (1995). “Tourism Destination Marketing Alliances.” Annals of Tourism Research, 3:<br />

616-29.<br />

5 Telisman-Kosuta, R. (1989). “Tourist Destination Image.” In The Tourism Marketing and Management<br />

Handbook, edited by S. Witt and L. Moutinho. London: Prentice Hall, pp. 555-61.<br />

34


4.3 – <strong>Imagem</strong> e Marketing de destinações turísticas<br />

Conforme já foi discutido, o <strong>marketing</strong> é “um processo social e gerencial pelo qual indivíduos<br />

e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e troca de produtos de<br />

valor com outros” (KOTLER, 1998, p. 27).<br />

Uma das mais importantes alternativas utilizadas para alavancar a atividade turística de<br />

destinações é o seu emprego estratégico. Para ser competitiva, ela deve ter um diferencial e<br />

estar positivamente posicionada na mente dos consumidores.<br />

Barich & Kotler (1991) discutiram a importância da imagem para o <strong>marketing</strong> de empresas.<br />

Segundo ele, a imagem influencia o comportamento de vários públicos, encorajando-os ao<br />

consumo e incentivando-os a recomendar o produto. Segundo os autores, compõem a imagem<br />

de uma corporação vários de seus atributos, conforme mostra o esquema a seguir (FIGURA<br />

7):<br />

FIGURA 7: Fatores da <strong>Imagem</strong> e seus atributos.<br />

Fonte: (BARICH & KOTLER, 1991, p. 97)<br />

35


O modelo apresentado por Barich & Kotler (1991) (FIGURA 5), foi utilizado como base<br />

teórica para Figueiredo (2001) em sua pesquisa qualitativa que envolveu a aplicação de<br />

questionários em alguns moradores do município de Belo Horizonte. A autora buscou<br />

caracterizar os vários atributos da cidade para definir qual a sua imagem, sendo que, desta<br />

forma, ela confirmou a utilidade dessa teoria, mesmo que adaptada para a realidade local,<br />

como de possível utilização para definir a imagem de destinações turísticas.<br />

Barich & Kotler (1991) propuseram um modelo de acompanhamento e gerenciamento da<br />

imagem de uma organização, por meio de seus atributos (FIGURA 5). O modelo apresentado<br />

segue um processo de quatro fases: o design da imagem, coleta de dados, análise dos dados, e<br />

ações e encaminhamento das modificações da imagem. Na primeira fase, o design da imagem,<br />

definem-se quais são os atributos da imagem serão medidos, qual será o público-alvo, as<br />

estratégias de amostragem e a periodicidade das pesquisas; a segunda fase, denominada coleta<br />

de dados, assemelha-se à pesquisa de <strong>marketing</strong> proposta por Kotler (1978) e Acerenza<br />

(1991). No entanto, Barich & Kotler (1991) enfatizam o telefone como importante para a<br />

materialização desta fase. Leal (2005) acrescenta que, nos tempos atuais, outros tipos de<br />

tecnologia podem ser utilizados para a concretização desta fase como, por exemplo, a internet;<br />

a terceira fase é a análise dos dados, que pode ser analogicamente comparada à estrutura do<br />

processo de <strong>marketing</strong>, apresentada por Acerenza (1991) (FIGURA 3). Nesta fase, as<br />

percepções da imagem da organização são comparadas na visão de públicos de regiões<br />

distintas, em períodos diferentes; a quarta e última fase é a das ações e encaminhamento das<br />

modificações da imagem: é a partir dos resultados encontrados nas outras etapas que se<br />

elaboram planos de ações capazes de tornar a imagem da corporação mais positiva para a<br />

percepção de seu público-alvo. Nota-se, desta maneira, que o modelo de acompanhamento e<br />

gerenciamento da imagem de uma organização apresentados por Barich & Kotler (1991)<br />

seguem a mesma linha do processo de <strong>marketing</strong> idealizado por Kotler (1978) e Acerenza<br />

(1991), discutido anteriormente nesta pesquisa.<br />

A imagem de destinações influi no processo de escolha feita pelos turistas potenciais. Os<br />

publicitários interessam-se pelo seu conceito, já que ele está diretamente relacionado às<br />

decisões de compra de produtos e serviços <strong>turístico</strong>s (JENKINS, 1999). A imagem é uma<br />

variável relevante da destinação, sendo que esta deve ser bem criada e administrada<br />

(CALANTONE et. al,1989 apud ECHTNER & RITCHIE, 1991).<br />

36


Deve se tomar cuidado na divulgação da imagem já que, na maioria das vezes, no turismo<br />

“toma-se a parte visível pelo todo” (Sá, 2002), e a imagem de uma localidade é, antes de ser<br />

visitada, formada a partir da sua divulgação por meio de recursos capazes de persuadir o<br />

público-alvo, como a propaganda e a promoção de vendas, apresentados por Kotler (1978)<br />

como componentes da comunicação de <strong>marketing</strong>, além dos recursos não <strong>turístico</strong>s e não<br />

comerciais como, por exemplo, a opinião de parentes e amigos (ECHTNER & RITCHIE,<br />

1991).<br />

A classificação de Jenkins (1999) para os meios em que o público potencial adquire a<br />

informação são chamadas de informações orgânicas ou ingênuas e não-turísticas. Elas são<br />

assim denominadas quando se referem aos meios imparciais de informação como:<br />

documentários de televisão, livros, lições escolares e histórias de experiências de outras<br />

pessoas. As informações adquiridas por meio de brochuras de viagem, publicidade e anúncios<br />

são chamadas de informações indutoras ou promotoras. As imagens denominadas de<br />

induzidas modificadas são aquelas provindas do resultado de experiências turísticas pessoais.<br />

A imagem formada por um cliente potencial de uma destinação bastante divulgada, porém de<br />

uma localidade não estruturada, incentivado por informações indutoras, pode ter um resultado<br />

satisfatório. No entanto, a informação orgânica, oferecidas por meios imparciais, pode agir<br />

negativamente na escolha do indivíduo por aquela região. Esta informação será ainda mais<br />

prejudicada quando o cliente conhecer a destinação e percebê-la totalmente diferente, e<br />

inferior, à imagem formada pelos dos meios indutores. Segundo Sá (2002), a imagem tem de<br />

se manter semelhante à sua realidade local, pois, uma imagem construída sem bases sólidas,<br />

desestimulará os clientes que, com o tempo, influenciarão negativamente os clientes em<br />

potencial. Para Kotler et al. (1994), as imagens não são fáceis de serem elaboradas ou mesmo<br />

alteradas. Entretanto, caso isto seja necessário, exige-se uma pesquisa sobre a opinião dos<br />

moradores e pessoas de fora sobre como estes enxergam o local. Na opinião do autor, a<br />

escolha de uma nova imagem deve ser desenvolvida por meio de um consenso entre<br />

comunidade local, os empresários e outros atores da atividade.<br />

Kotler et al. (1994) localiza as imagens em seis situações que influenciam a eficácia das<br />

estratégias aplicadas na destinação e suas possíveis formas de atuação: 1) <strong>Imagem</strong> positiva – é<br />

a imagem das cidades que são satisfatórias, a ponto de certos defeitos não afetarem na sua<br />

divulgação. Normalmente, esse tipo de destinação não necessita de estratégias que mudem a<br />

visão de sua imagem, mas aconselha-se que esta seja ampliada e divulgada para um público-<br />

37


alvo maior. 2) <strong>Imagem</strong> pobre – é a dos locais que não se destacam pela sua imagem, pois são<br />

pequenos, sem atrações e não fazem publicidade. O autor sugere que essas destinações devem<br />

criar atividades para a autopromoção. Algumas localidades que não divulgam suas<br />

potencialidades possuindo, desta forma, a imagem denominada pobre, podem ser atraentes.<br />

No entanto, estas evitam a sua divulgação por resistirem à difusão da atividade turística em<br />

seu território. 3) <strong>Imagem</strong> negativa – Essas localidades, como por exemplo a de um local<br />

violento, pretendem reprimir a divulgação de sua imagem, chamando pouca atenção, ou então<br />

descobrir uma grande potencialidade capaz de se criar uma nova imagem que ofuscasse a<br />

antiga. No entanto, para que essa nova divulgação ocorra, é necessário que a antiga seja<br />

sanada, tornando a estratégia bem sucedida. 4) <strong>Imagem</strong> mista – é a localidade com elementos<br />

positivos e negativos. Geralmente, as localidades com esse tipo de imagem procuram valorizar<br />

suas virtudes e evitar a divulgação dos elementos negativos. 5) <strong>Imagem</strong> contraditória –<br />

localidades que transmitem uma imagem que gera perspectivas diferentes de uma mesma<br />

localidade, uma extremamente oposta a outra. A estratégia sugerida pelo autor neste caso é a<br />

de salientar o que é positivo para que as pessoas não acreditem na imagem oposta. No entanto,<br />

reverter a que é negativa é difícil, e somente deve ser realizada se essa característica for<br />

sanada. 6) <strong>Imagem</strong> demasiadamente atraente – Alguns locais, por serem extremamente<br />

atraentes, podem ter seu território prejudicado pelo excesso de turistas. Em muitas destas<br />

localidades, promove-se um <strong>marketing</strong> ao contrário, o chamado anti<strong>marketing</strong>: a divulgação<br />

de uma imagem negativa para desestimular o interesse dos clientes.<br />

De qualquer forma, a imagem sozinha não garante o sucesso de uma destinação como<br />

turística, segundo Ahmed 1 (1991 apud JENKINS, 1999) outras variáveis podem ser mais<br />

influentes da decisão de escolha de uma localidade como, por exemplo, o preço e o acesso.<br />

Porém, o escopo do presente trabalho é a discussão da importância da imagem na divulgação<br />

de destinações turísticas, mesmo porque sua relevância motivou diversos estudos sobre o<br />

tema.<br />

Devido à sua grande importância na divulgação de destinações turísticas e também à falta de<br />

um modelo referencial para servir como embasamento teórico, Echtner & Ritchie(1991)<br />

desenvolveram um modelo para o entendimento e mensuração da imagem de destinações<br />

turísticas. Esse modelo foi abordado neste trabalho por sua grande aceitação no meio<br />

acadêmico.<br />

1 AHMED, Z. The influence of the components of a State´s tourist image on product positioning strategy.<br />

Tourism Management. December, 1991, 331-540.<br />

38


4.3.1 – O modelo de Echtner e Ritchie<br />

Ao se estudar imagens de destinações turísticas, percebe-se que os autores Echtner &<br />

Ritchiesão amplamente citados, bem como a sua importância no meio acadêmico: Jenkins<br />

(1999) afirma que o modelo desenvolvido pelos autores foi o maior estudo de mensuração de<br />

imagem de destinações turísticas já desenvolvido até então e que os dois partiram do<br />

pressuposto que muitas das definições utilizadas em estudos anteriores são bastante vagas.<br />

Leal (2006) afirma que esse estudo foi bastante aceito pelo meio acadêmico desde a sua<br />

publicação em 1991, e que ele pode ser reconhecido como referência “obrigatória” para<br />

pesquisas de mensuração de imagens.<br />

Admitindo a importância da imagem no <strong>marketing</strong> de destinações turísticas frente ao<br />

crescimento da indústria do turismo, os autores afirmam que ela constitui um diferencial para<br />

a competição entre as destinações turísticas na mente dos consumidores. Eles fazem um breve<br />

relato dos estudos anteriores sobre a importância da imagem no turismo e, a partir desse<br />

argumento, prevêem a necessidade da criação de um modelo eficaz e referencial para o estudo<br />

da mensuração da imagem de destinações, sem desmerecer os estudos anteriores.<br />

O modelo apresentado é de grande valia para localidades como países, estados e grandes<br />

cidades. Os autores identificam três dimensões básicas que devem ser consideradas na<br />

mensuração:<br />

A primeira dimensão é a da imagem apresentada como holística ou como um atributo: os<br />

produtos são percebidos em termos de atributos individuais ou de uma impressão holística.<br />

Pode se considerar como imagem holística aquela que, quando percebida, representa toda a<br />

destinação. Os atributos são as imagens que se destacam na destinação, contudo não a ponto<br />

de serem referências que remetem diretamente à destinação.<br />

A segunda dimensão do estudo é a da imagem classificada como característica funcional ou<br />

psicológica. Os componentes funcionais são considerados como os observáveis ou<br />

mensuráveis. Já os psicológicos são aqueles que não podem ser diretamente medidos, como a<br />

hospitalidade e a atmosfera.<br />

A terceira dimensão apresentada pelos autores é a que classifica as imagens como comuns e<br />

únicas de uma destinação. As comuns são aquelas que podem ser encontradas em muitas<br />

destinações, enquanto as únicas são aquelas peculiares de uma localidade, não sendo<br />

reconhecidas em outra destinação.<br />

39


Após apresentar essa nova estruturação conceitual para a imagem de destinações turísticas,<br />

Echtner & Ritchie (1991: p. 8) definem:<br />

... imagem de uma destinação é definida não somente como a percepção de seus<br />

atributos individuais, mas também das impressões holísticas provindas dela. Ela<br />

consiste em características funcionais, no que diz respeito aos seus aspectos mais<br />

tangíveis e características psicológicas, relacionando-se aos seus aspectos mais<br />

intangíveis. Além disso, as imagens de destinações podem ser dispostas em um<br />

continuum que varia dos atrativos geralmente apresentados em vários destinos<br />

àqueles que são únicos para poucas destinações. (tradução da autora) 1<br />

Inicialmente, os autores apresentam apenas as duas primeiras dimensões acima citadas. Na<br />

figura 8, pode-se perceber como eles demonstram que a imagem pode ser classificada<br />

inicialmente entre quatro componentes: holístico, atributos, características funcionais e<br />

características psicológicas. Nota-se que uma imagem pode ser um atributo de características<br />

funcionais ou psicológicas ou pode ser holística com características funcionais ou<br />

psicológicas. Neste caso, eles utilizaram o país Nepal e suas imagens como exemplo:<br />

É perceptível que a imagem do Nepal como uma destinação de viagens não é somente baseada<br />

em atributos psicológicos e funcionais, mas também nas mais holísticas figuras mentais ou<br />

físicas.<br />

FIGURA 8: Exemplo ilustrativo dos quatro<br />

componentes da imagem de destinações. (Nepal)<br />

Fonte: (ECHTNER & RITCHIE, 1991; p. 6)<br />

1 “... destination image is defined as not only the perceptions of individual destination attributes but also the<br />

holistic impression made by the destination. Destination image consists of functional characteristics, concerning<br />

the more tangible aspects of the destination, and psychological characteristics, concerning the more intangible<br />

aspects. Furthermore, destination images can be arranged on a continuum ranging from traits which can be<br />

commonly used to compare all destinations to those which are unique to very few destinations.”<br />

40


A terceira dimensão é acrescentada a seguir, a partir da percepção de que uma imagem pode<br />

obter um aspecto único que pode ser incluído como holístico ou psicológico. O outro aspecto<br />

percebido foi que os aspectos comuns são considerados atributos ou características funcionais,<br />

sendo acrescentados à ilustração esquemática da seguinte forma (FIGURA 9):<br />

FIGURA 9: Os componentes de uma imagem de<br />

destinações em seus três aspectos.<br />

Fonte – (ECHTNER & RITCHIE, 1991: p. 6)<br />

Após desenvolverem essa representação esquematizando a sua teoria, Echtner &<br />

Ritchie(1991) explicam que a maioria dos estudos realizados anteriormente sobre esse tema<br />

obtinha um foco maior nos aspectos comuns. Estes são atributos que não estão relacionados<br />

aos componentes holísticos e únicos. Logo, o enfoque desenvolvido pelos autores tinha uma<br />

abrangência maior e mais aproximada da realidade. Geralmente, os estudos de imagem<br />

realizados até então evidenciavam como único atributo psicológico a hospitalidade.<br />

41


5 – OBJETOS DE ESTUDO<br />

Para o progresso do presente trabalho, foi imprescindível a análise de Belo Horizonte por<br />

meio de pesquisas científicas que se preocuparam em descobrir quais as imagens da cidade.<br />

Também se fez necessário considerar as imagens de Belo Horizonte promovidas em materiais<br />

publicitários como jornais, guias e sites de internet, desde que estes não possuíssem ligação<br />

aparente com a Belotur. Desta forma, estabeleceu-se um paralelo entre as imagens da cidade<br />

definida por meio destes recursos e as imagens que são divulgadas pela Belotur.<br />

5.1 – Imagens de Belo Horizonte<br />

Belo Horizonte é uma capital que se localiza na região central do estado de Minas Gerais, no<br />

Brasil. De acordo com dados da Associação Mineira de Municípios, AMM (2006), o<br />

município tem uma população de cerca de 2.375.000 habitantes. É no contexto de uma capital,<br />

cidade com a maior população e município pólo de seu estado que esta pesquisa se baseará.<br />

Figueiredo (2001) definiu as imagens de Belo Horizonte utilizando o modelo desenvolvido<br />

por Barich & Kotler (1991) (FIGURA 5) sobre os atributos que formam uma imagem<br />

corporativa. Ela analisou cada um dos atributos citados pelos autores e empregou-os na<br />

caracterização da imagem de uma destinação turística.<br />

Segundo Figueiredo (2001), apesar das características de uma metrópole, como o crescimento<br />

da violência, o trânsito intenso e a perda da memória histórica, Belo Horizonte ainda apresenta<br />

elementos típicos de uma cidade interiorana, sendo que os problemas sociais não são graves<br />

quando comparados com outras metrópoles brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. De<br />

acordo com a pesquisa, os serviços básicos de educação e saúde são considerados de boa<br />

qualidade e a segurança, apesar de grande preocupação entre os entrevistados pela autora,<br />

ainda não foi apontado como um problema.<br />

Segundo os dados apresentados por Figueiredo (2001), o povo belo-horizontino é visto como<br />

o típico mineiro de interior: tradicional, reservado e hospitaleiro. O empresariado da cidade<br />

também é bem visto, no entanto é considerado conservador e desinteressado pela cidade.<br />

Um dos pontos mais favoráveis à cidade que foi apontado por Figueiredo (2001) é a sua<br />

localização privilegiada, pois a cidade encontra-se entre o trecho de estados que se destacam<br />

economicamente no país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.<br />

42


Outro fator que evidencia favoravelmente as imagens da cidade é sua boa infra-estrutura de<br />

comunicação.<br />

O trânsito é considerado confuso e sua sinalização incapaz de atender ás necessidades dos<br />

motoristas. O que Figueiredo (2001) lamenta, é o fato de, na condição de cidade planejada,<br />

Belo Horizonte ainda atrapalhar-se com seu trânsito, devido às suas ruas implantadas de forma<br />

retas que se cruzam como um “jogo de xadrez”. Outro fator negativo levantado sobre o<br />

trânsito da cidade é o grande número de automóveis que circulam pelas suas ruas. Figueiredo<br />

(2001) também declara que o serviço público de transportes é ineficiente, pois o metrô não<br />

atende à população e os ônibus não conseguem satisfazer a sua demanda. O único serviço de<br />

qualidade reconhecido na cidade, o transporte por meio do táxi, tem o defeito de ser caro para<br />

a maioria da população.<br />

Um aspecto bastante relevante de Belo Horizonte é sua grande quantidade de bares e<br />

restaurantes. Essa característica, de acordo com a matéria do Estado de Minas de 1 de Junho<br />

de 2005, é vista como um compensador da carência da cidade em praias. A cidade, conforme<br />

diz a reportagem do jornal Estado de Minas do dia 22 de janeiro de 2006, é nacionalmente<br />

conhecida como a capital dos barzinhos e tem o título de uma das melhores noites do Brasil. O<br />

que tradicionalmente comprova essa sua fama é o fato da cidade abrigar o festival Comida di<br />

Buteco. O evento completou sua sétima edição em 2006 e, em reportagem publicada em 22 de<br />

março de 2005, afirma-se que este é um festival que ocorre em lugares considerados<br />

“sagrados” para seus freqüentadores: os bares. A grande vantagem desse evento para os<br />

proprietários dos estabelecimentos é que, assim como afirma a reportagem de 6 de janeiro de<br />

2006, o evento atrai uma multidão para os bares de Belo Horizonte e ainda incentiva a criação<br />

de pratos diferenciados que misturam ingredientes sofisticados com os tradicionais tira-gostos<br />

servidos em botecos.<br />

Com destaque especial concedido por Figueiredo (2001), a cultura belo-horizontina é<br />

consideravelmente valorizada pelos seus habitantes, principalmente as manifestações sociais e<br />

a capacidade de aglutinação dos moradores sem motivos importantes para tal ato. Para Pereira<br />

(2003), foi atribuído à produção cultural da cidade um vínculo com sua imagem, de forma que<br />

este pode ser verificado no Primeiro Diagnóstico do Setor Cultural 1 , de autoria da Prefeitura<br />

Municipal de Belo Horizonte. Este diagnóstico sugeriu à prefeitura a certificação de artistas<br />

1 BELO HORIZONTE, PREFEITURA MUNICIPAL (1996). Primeiro diagnóstico da Área Cultural de Belo<br />

Horizonte. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Cultura.<br />

43


do mercado cultural da cidade, a fim de proteger e preservar a sua qualidade de produção<br />

cultural. Pereira (2003) separa o turismo cultural de Belo Horizonte em três modalidades: 1)<br />

Cidade-Espetáculo – segundo o autor, a cidade organiza grandes espetáculos e importantes<br />

eventos para promover a sua fama na modalidade. Ele afirma que o objetivo para com esses<br />

eventos são mantê-los cronologicamente para que eles ocorram constantemente, e assim Belo<br />

Horizonte esteja persistentemente ofertando produtos culturais. Pereira (2003) exemplifica os<br />

esforços para tal citando os eventos FIT (Festival Internacional de Teatro), FID (Festival<br />

Internacional de Dança), FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), Encontro Mundial de<br />

Artes Cênicas, entre outros; 2) Cidade da Moda – Pereira (2003) afirma que esta modalidade<br />

tem uma importância econômica crescente na cidade. Para justificar tal afirmação, o autor<br />

exemplifica como grande pólo da moda e confecção a região do Barro Preto, um bairro que se<br />

localiza na parte central de Belo Horizonte. Pereira (2003) também afirma que a<br />

administração pública buscou a qualificação da mão-de-obra, preterindo a inserção na cidade<br />

no circuito internacional. No Guia Unibanco Minas Gerais, esta modalidade recebe uma<br />

atenção especial, pois a cidade, que revelou grandes talentos do cenário fashion nacional,<br />

cresce neste setor. No entanto, ela ainda não possui uma semana oficial da moda, como ocorre<br />

em São Paulo e Rio de Janeiro; 3) Rock`cidade – Ainda de acordo com Pereira (2003), Belo<br />

Horizonte é considerada um dos maiores pólos de produção musical no Brasil. Grandes nomes<br />

reconhecidos nacionalmente e internacionalmente como Clube da Esquina e Milton<br />

Nascimento, bem como a banda de Thrash Metal Sepultura, e também outros ícones nacionais<br />

como Skank, Jota Quest e Pato Fu justificam a afirmação do autor de que Belo Horizonte é<br />

uma cidade musical. Além disso, a cidade tem sediado eventos musicais de grande porte como<br />

os anuais Pop Rock Brasil e Festival de Música Eletrônica.<br />

De acordo com o Guia Unibanco de Minas Gerais (2005), notáveis grupos mineiros de dança<br />

contemporânea, teatro e música possuem importância no mercado estrangeiro, desta forma, o<br />

guia destaca o Grupo Corpo, uma referência internacional de virtuosismo na dança; Grupo<br />

Galpão, um dos mais respeitados grupos teatrais da cidade; o Grupo Giramundo, famoso<br />

teatro reconhecido internacionalmente, caracterizado por seus personagens de bonecos; além<br />

de outras companhias de teatro e dança.<br />

No guia Unibanco Minas Gerais (2005), a região comercial da Savassi ganha espaço como<br />

local de convivência social e um dos lugares mais agitados da cidade, apresentando um<br />

público bastante heterogêneo. A região, nos finais de semana, torna-se palco de manifestações<br />

culturais como exposições e shows ao ar livre. Culturalmente, também pode-se considerar<br />

44


turisticamente atrativos alguns complexos arquitetônicos de Belo Horizonte. Recebem atenção<br />

especial no guia Unibanco Minas Gerais (2005) o Complexo da Praça da Liberdade e o<br />

Complexo da Pampulha. Outro complexo que tem adquirido destaque na imprensa regional é<br />

o complexo da Praça da Estação que, de acordo com matéria apresentada no Jornal Estado de<br />

Minas de 30 de julho de 2004, foi completamente reformada para tornar-se palco para<br />

manifestações culturais. Um ano depois, na matéria de julho de 2005 do mesmo jornal, é<br />

confirmada a sua utilidade não só como endereço de grandes eventos culturais, mas como<br />

também um local de descanso e lazer. Na edificação da Estação Central, onde atualmente<br />

funciona a estação de metrô, foi construído o primeiro museu brasileiro completamente<br />

homenageando as artes dos ofícios e trabalhos do Brasil.<br />

Belo Horizonte destaca-se, também, como cidade comercial. Figueiredo (2001) afirma que é<br />

aparentemente viável a vocação de Belo Horizonte para o setor de serviços. A Savassi,<br />

conforme afirma o Guia Unibanco Minas Gerais, é um centro comercial com lojas de grifes,<br />

vários locais de convivência cultural como bares, cafés e boates, além de um sofisticado<br />

shopping e da maior casa de shows da capital. A matéria publicada no dia 11 de janeiro de<br />

2004, confirma a questão de que, além de um centro de compras, ela se tornou um ambiente<br />

de entretenimento cultural e gastronomia. Outro ponto comercial de destaque na capital é a<br />

feira da Afonso Pena. Ela acontece todos os domingos do ano e, segundo o Guia Unibanco<br />

Minas Gerais, é considerada uma das maiores do gênero da América Latina. O mercado<br />

central, inicialmente criado como um empreendimento sustentando pela resistência dos<br />

feirantes mineiros, é hoje considerado um atrativo <strong>turístico</strong> de Belo Horizonte. Em matéria de<br />

5 de setembro de 2004 do jornal Estado de Minas, nota-se que o mercado atualmente oferece<br />

ao seu público uma estrutura completa, até mesmo com caixas eletrônicos e estacionamento.<br />

O mercado além de um importante local de comércio da capital, é também um lugar de<br />

convívio social.<br />

Além da grande caracterização cultural de Belo Horizonte, assim como suas características<br />

comerciais, outro ponto de destaque da cidade é a sua ascendência para os grandes eventos de<br />

negócios, sendo um dos principais geradores da demanda de turistas para o município. De<br />

acordo com Figueiredo (2001), a atração de turistas a negócios em Belo Horizonte é mais<br />

eficiente que a lazer. Essa afirmação confirma que, mesmo sendo fortemente caracterizada<br />

pelas suas características culturais, nota-se que a vocação para turismo de eventos em Belo<br />

Horizonte têm sido o maior fator de atração de turistas para o município. Em abril de 2006, a<br />

capital mineira sediou o encontro do BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento.<br />

45


Neste evento, acreditou-se que seria oportuno consolidar a cidade na rota do turismo de<br />

negócios e, desta forma, ocorreu uma forte divulgação da cidade como pólo de turismo de<br />

negócios no Brasil. Segundo matéria apresentada no Estado de Minas em 25 de janeiro de<br />

2006, o presidente da Belotur afirma que a reunião do BID 2006 atrairia muitas pessoas à<br />

capital, sendo que a grande maioria viria por causa desta tipologia turística. Aproveitou-se o<br />

evento para valorizar as qualidades presentes na localidade, reforçando mais uma vez que a<br />

cidade está estruturada para os negócios conforme pode ser observado no site oficial da<br />

reunião do BID 2006, em Belo Horizonte, onde se afirma que a cidade é um dos principais<br />

pólos desta tipologia além de ser indicada pela “ Population Crisis Commitee” da ONU, como<br />

a metrópole de melhor qualidade de vida na América Latina.<br />

Em matéria publicada no dia 15 de Outubro de 2006, no Jornal Estado de Minas, estruturações<br />

foram realizadas no município para fortalecer o turismo de negócios na cidade. Segundo a<br />

matéria, o turista de negócios é bom consumidor e gasta mais que um turista de lazer. Em<br />

Belo Horizonte, vários foram os investimentos em infra-estrutura para garantir a atividade na<br />

cidade, como a inauguração e ampliação do Expominas, uma grande estrutura direcionada à<br />

realização de eventos; a transferência de grande parte dos vôos do município: do pequeno<br />

aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves,<br />

em Confins, que é mais capacitado para atender grandes quantidades de vôos; e a implantação<br />

da linha-verde, um conjunto de obras que ligará o aeroporto da cidade de Confins ao centro de<br />

Belo Horizonte. Neste tópico, Figueiredo (2001) notou em sua pesquisa que eram comuns as<br />

reclamações sobre a dificuldade de acesso até o aeroporto de Confins, entretanto, a pesquisa<br />

realizada pela autora ocorreu anteriormente ao início da implantação da linha-verde.<br />

Figueiredo (2001) afirma que as estratégias implantadas para o turismo de negócios da cidade<br />

foram bem aceitas pelos seus moradores. Contudo, ela critica a sinalização deficiente de Belo<br />

Horizonte, bem como a carência de qualidade do material promocional do município. A autora<br />

também conclui em sua pesquisa que a hotelaria vem melhorando consideravelmente no<br />

município, Isso pode ser comprovado na matéria do dia 15 de Outubro de 2006 do Jornal<br />

Estado de Minas que mostra que o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes da cidade – o<br />

Sindhorb – avalia que o setor deve crescer em cerca de 10% em 2006 em relação ao ano de<br />

2005. Outro fator que comprova o crescimento da indústria hoteleira em Belo Horizonte é que<br />

a sua taxa de ocupação em 2006 deve fechar entre 60% a 65%, enquanto em 2005 ela<br />

registrou ocupação entre 55% a 60%.<br />

46


As características naturais são pouco divulgadas como atrativos <strong>turístico</strong>s nos materiais<br />

utilizados para a pesquisa das imagens de Belo Horizonte. No entanto, fala-se a respeito da<br />

importância geológica da Serra do Curral, que foi tombada como patrimônio histórico<br />

nacional em 1960, conforme afirma o Guia Unibanco Minas Gerais. Nesse material, também<br />

se encontra críticas quanto à atual situação da serra, que em parte está devastada devido aos<br />

anos de atividade mineradora no local. Para Costa e Braga (2002), a mineração na serra é um<br />

problema emblemático que envolve o interesse da exploração dos recursos naturais contra a<br />

preservação paisagística da serra e das nascentes de sua encosta. Críticas quanto à situação da<br />

Serra do Curral também podem ser percebidas na reportagem de 17 de maio de 2004, do<br />

Jornal Estado de Minas, que afirma que, apesar do título de Símbolo de BH recebido em 1995,<br />

toda a biodiversidade da serra sofreu com o crescimento da capital, com a especulação<br />

imobiliária, a mineração e com os incêndios criminosos. Contudo, na mesma reportagem,<br />

afirma-se que apesar de todos os problemas enfrentados, encontram-se espécies raras de flora,<br />

assim como uma variedade de fauna. Conforme afirma a matéria do Jornal Estado de Minas,<br />

de 21 de fevereiro de 2005, um projeto de construção de um parque chamado Paredão da Serra<br />

visa a preservação do local, além de tornar o lugar mais apropriado para a atividade turística,<br />

com a legalização de trilhas e sistema de segurança física e eletrônica que tornará possível<br />

evitar incêndios na região.<br />

Outros parques e áreas verdes de BH têm recebido maior atenção por parte da prefeitura<br />

quanto às suas preservações. Em reportagem de 26 de setembro de 2006, no Jornal Estado de<br />

Minas, nota-se que a Fundação de Parques Municipais tem recebidos benefícios, por meio do<br />

ProParque, que proporcionaram melhorias na infra-estrutura dos parques, nos tratamentos<br />

paisagísticos, a revitalização das áreas verdes e a compra de novos equipamentos. Recebe um<br />

tratamento especial o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, que é mais antigo que a<br />

própria capital. Outro parque que tem recebido uma boa parcela da renda do ProParque é o das<br />

Mangabeiras, que passou boa parte do ano de 2006 em reforma. Uma grande parcela da renda<br />

destinada aos parques vai principalmente para a segurança e vigilância, o que mostra que os<br />

parques têm sido capacitados para receber a atividade turística.<br />

Após a análise de Belo Horizonte, percebe-se que as imagens da capital mineira que a<br />

destacam como destinação turística, são as de uma cidade cultural, comercial, com atrativos<br />

naturais em expansão e, principalmente, bem estruturada para grandes eventos de negócios.<br />

47


5.2 – Belotur – A Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A<br />

A Belotur foi criada pela lei n° 3.237, de 11/08/80 e regulamentada pelo decreto n° 3.838, de<br />

30/10/80, tendo seu estatuto sido aprovado pelo decreto n° 3.839, de 31/10/80 com<br />

personalidade jurídica de direito privado, patrimônio próprio e autonomia administrativa,<br />

técnica e financeira, com sede e foro na cidade de Belo Horizonte e prazo de duração<br />

indeterminado.<br />

Originalmente foi vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes.<br />

Entretanto, ocorreu um desmembramento destes e, em 15/07/93, pela lei n°6.352, vinculou-se<br />

diretamente ao Prefeito, anexando-se, em 2000, à Secretaria Municipal de Governo,<br />

Planejamento e Coordenação Geral (lei n° 8.146, de 29/12/2000) e, em seguida, retornou a sua<br />

ligação direta com o Gabinete do Prefeito.<br />

A missão da Belotur é transformar a cidade em um pólo <strong>turístico</strong> com visibilidade nacional e<br />

internacional. A empresa pretende tornar a cidade uma referência em turismo de negócios,<br />

eventos, lazer, entretenimento, cultura e atividades complementares.<br />

De acordo com José Geraldo Dolabella, membro da gerência de promoção turística, o setor de<br />

promoção é estratégico para cumprir essa missão e os objetivos da empresa.<br />

As atividades realizadas pela empresa são:<br />

- realização dos eventos Carnaval, Arraial de Belo, Natal (iluminação festiva da<br />

cidade e chegada do Papai Noel) e Reveillon;<br />

- Apoio às diversas festividades realizadas na capital;<br />

- serviços de informação turística por meio dos postos instalados nos aeroportos,<br />

rodoviária e outros locais da capital e por meio de telefone;<br />

- Publicação técnica direcionada aos investidores;<br />

- sinalização turística;<br />

- criação de um calendário de eventos da cidade;<br />

- Infotur, sistema de banco de dados com as informações sobre os atrativos<br />

<strong>turístico</strong>s da cidade.<br />

48


Segundo as informações cedidas pela Belotur, a empresa realiza pesquisas para mensurar<br />

vários aspectos da atividade turística a fim de delimitar programas e direcionar as suas ações.<br />

Contudo, o que se percebe, por meio das entrevistas realizadas entre os membros da promoção<br />

turística, é que uma pesquisa eficaz baseada em princípios da administração só foi realizada<br />

este ano e direcionada ao material que deverá ser desenvolvido a partir do ano de 2007.<br />

Atualmente, a empresa tem investido na captação de eventos de diversas categorias<br />

profissionais para BH. Conforme afirmou o presidente da Belotur 1 , a cidade, com o apoio do<br />

governo do Estado e do governo Federal, tem conseguido captar grandes eventos para a<br />

cidade, em parceria com a Convention and Visitors Bureau 2 .<br />

Os materiais promocionais desenvolvido pela Belotur são: guia <strong>turístico</strong> de BH, banners,<br />

pôsteres e folders. Cada peça foi analisada para posterior aplicação da teoria de Echtner &<br />

Ritchie (1991).<br />

5.2.1 - Primeiro conjunto: Folders de divulgação de roteiros específicos de Belo<br />

Horizonte (ANEXO 1)<br />

Esse primeiro conjunto, que já era distribuído antes de 2006, é composto por cinco folders,<br />

com diferentes roteiros e temas: Compras, Museus, Pampulha, Parques e Ecoturismo e Praça<br />

da Liberdade. Cada um possui uma cor diferente, porém o mesmo estilo de composição dos<br />

elementos de fotografias e de textos no papel. Todos podem ser encontrados em quatro<br />

idiomas: português, inglês, espanhol e francês. Esse material é distribuído em feiras,<br />

congressos e postos de informações da Belotur e seu objetivo é, além de promover a cidade<br />

turisticamente, informar os visitantes sobre os atrativos da cidade.<br />

5.2.1.1 – Folder Compras<br />

O folheto é composto por capa, verso e quatro páginas internas de informação.<br />

1 Palestra realizada pelo presidente da Belotur aos alunos de Turismo da Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

cujo tema foi Marketing de Cidades: estratégias de <strong>marketing</strong> aplicadas para desenvolver o turismo na<br />

cidade de Belo Horizonte, setembro de 2006.<br />

2 A Convention and Visitors Bureau, segundo a apresentação institucional da Belotur, é uma organização<br />

cooperativa de <strong>marketing</strong> encarregada de vender a imagem da capital para atrair negócios de turismo e canalizálos<br />

para seus associados.<br />

49


Na capa desse material encontram-se elementos de artesanato. No entanto, nenhuma<br />

informação sobre este é encontrada.<br />

No interior do folder, regiões da cidade, bem como produtos nela vendidos, são destacados em<br />

textos e pequenas fotos: Feira de artesanato da Afonso Pena, Feira Tom Jobim, Mercado<br />

Central, Pedras Preciosas, Savassi, shoppings centers, Barro Preto e artesanato mineiro.<br />

Cabe ressaltar que, nesse material, os textos são mais valorizados que as fotos, uma vez que<br />

elas aparecem com pouco destaque apenas ilustrando as partes escritas que transmitem as<br />

informações necessárias.<br />

Em seu verso, são destacados os endereços das regiões comerciais como feiras, mercados,<br />

centros de artesanato e shoppings.<br />

O que se percebe nesse material é que a questão do comércio é destacada, assim como as<br />

possibilidades que ele pode proporcionar ao turista. Pouco se fala da cultura belo-horizontina,<br />

no entanto, pode-se encontrar frases que demonstram que ela está presente nos pontos citados<br />

como: “Os botequins são uma tradição na cidade”, ou “objetos de diversos materiais e<br />

técnicas variadas traduzem a riqueza cultural do povo”.<br />

Desta forma, como a importância dada à cultura não é relevante, a imagem transmitida nesse<br />

material é a de uma cidade voltada para o comércio.<br />

5.2.1.2 – Folder Museus<br />

Na capa desse material, encontra-se a foto do museu Abílio Barreto. No entanto, não existe<br />

nenhuma indicação de seu nome na capa. Já no interior, o museu é citado, porém a foto<br />

encontrada, assim como o texto, não estabelecem relação com a foto do exterior.<br />

Na parte interna, são destacados o Museu de Arte da Pampulha, Museu Histórico Abílio<br />

Barreto, Museu de Ciências Naturais da PUC-MG, Museu de História Natural/Presépio do<br />

Pipiripau, Museu de Artes e Ofícios, Museu de Ciências Morfológicas da <strong>UFMG</strong>, Museu<br />

Giramundo, Museu de Mineralogia Djalma Guimarães e Museu Mineiro.<br />

Esse folder possui maior número de páginas internas de informações que o folder de Compras,<br />

enquanto o outro tem quatro, esse tem seis. Assim sendo, um maior destaque são dadas às<br />

50


fotos do Museu de Ciências Naturais da PUC-MG, Museu de História Natural/Presépio do<br />

Pipiripau e Museu de Artes e Ofícios.<br />

No verso do folheto, são informados os endereços de todos os museus integrantes do folheto.<br />

As belas fotos e as informações dos textos transmitem uma variedade de alternativas culturais<br />

para quem visitar a cidade. Assim sendo, a imagem transmitida nesse material é o de uma<br />

cidade composta por diversos museus.<br />

5.2.1.3 – Folder Pampulha<br />

A foto inicial é da Igreja de São Francisco de Assis. Apesar de não ter nenhum nome<br />

indicando esta, a foto apresentada no interior do folder, juntamente com as informações deste,<br />

é semelhante à da capa, facilitando a percepção do turista quanto à localidade que está em<br />

evidência.<br />

São destacados, nas quatro páginas internas do material, os seguintes elementos: Oscar<br />

Niemeyer, o arquiteto responsável pelas obras da Pampulha; Igreja de São Francisco de Assis;<br />

Estádio do Mineirão; Estádio do Mineirinho; Casa do Baile; Museu de Arte da Pampulha;<br />

Jardim Botânico e Jardim Zoológico. O material em inglês aparenta ser atualizado e nele é<br />

acrescentado o Parque ecológico Francisco Lins do Rego.<br />

Nesses folhetos, as fotos recebem pequeno destaque diante dos grandes textos que descrevem<br />

cada localidade. Destaca-se o valor histórico das obras da Pampulha por estas serem os<br />

primeiros projetos arquitetônicos de Niemeyer, além das características naturais do parques,<br />

jardins, zoológico e lagoa, presentes na região.<br />

O verso é composto por um mapa, de difícil interpretação, da lagoa, com as localidades<br />

apresentadas no folder pontuadas e os endereços destas localizados em uma legenda.<br />

Neste folder, percebe-se que a imagem divulgada é da região da Pampulha com grandes<br />

valores arquitetônicos e algumas belezas naturais.<br />

51


5.2.1.4 – Folder Parques e Ecoturismo<br />

São duas as versões encontradas para esse folder: na primeira, a capa é composta pela<br />

fotografia do Parque Ecológico José Lins do Rego, que pode ser facilmente identificado<br />

dentro do folheto, já que a figura utilizada é a mesma; na segunda, encontra-se destacada uma<br />

foto do Parque das Mangabeiras, de difícil percepção para quem vê a foto, uma vez que não a<br />

relação desta com os outros elementos do folder.<br />

No interior de ambos, que possuem apenas duas páginas, são destacados o Parque das<br />

Mangabeiras, o Jardim Zoológico e Jardim Botânico, o Parque Ecológico Francisco Lins do<br />

Rego, o Parque Municipal e as possibilidades de ecoturismo em Belo Horizonte e em seu<br />

entorno.<br />

As informações do folheto destacam não somente as áreas verdes presentes na capital, mas<br />

também valorizam as condições do relevo, as nascentes e o solo, todos favoráveis à prática de<br />

esportes radicais.<br />

No verso do folheto, encontram-se as informações sobre os parques e fundações apresentadas<br />

no interior deste.<br />

Desta forma, o material sobre parques e ecoturismo destaca as características naturais da<br />

cidade.<br />

5.2.1.5 – Folder Praça da Liberdade<br />

O folder relacionado à Praça da Liberdade e seu conjunto arquitetônico, tem na capa a<br />

fotografia das palmeiras formando um caminho até o Palácio do Governo.<br />

Internamente, são destacados o Palácio da Liberdade, Museu de Mineralogia Djalma<br />

Guimarães, o Palacete Dantas, as Secretarias e o prédio arquitetado por Oscar Niemeyer.<br />

Neste, algumas fotos são mais destacadas enquanto outras são difíceis de enxergar, pois são<br />

bem pequenas.<br />

No verso, existe um mapa com a numeração e os endereços de algumas edificações que se<br />

localizam na praça e próximas dela, com seus respectivos endereços escritos em letras<br />

pequenas.<br />

52


A imagem transmitida que se nota nesse material é a de uma praça que se destaca pelas suas<br />

características arquitetônicas, de valor histórico.<br />

5.2.2 – Segundo conjunto: Folder de divulgação da Igreja São Francisco de Assis<br />

(ANEXO 2)<br />

O folheto da Igreja São Francisco de Assis já era distribuído antes do ano de 2006 em feiras,<br />

congressos e postos de informação.<br />

Esse folder, dobrado em três páginas, apresenta, inicialmente, uma bela fotografia da<br />

Pampulha, evidenciando a Igreja de São Francisco de Assis, a Lagoa da Pampulha e o Estádio<br />

Magalhães Pinto, o Mineirão. Na capa, o nome da Igreja apresenta-se identificado, assim<br />

como a região da Pampulha. Nesta parte, a folha é pontilhada, dando idéia de um cartão<br />

postal, sendo que o verso desta assemelha-se ao cartão.<br />

As páginas do interior do material apresentam fotografias de pinturas e da fachada da Igreja.<br />

Além disso, o folder contém informações referentes à Igreja, como os nomes de grandes<br />

artistas que participaram da construção, decoração e pintura dos seus elementos.<br />

No verso encontra-se o endereço da Igreja de São Francisco de Assis, assim como a marca das<br />

entidades que apoiaram a criação do material: Belotur, Universidade Católica de Minas Gerais<br />

e Prefeitura de Belo Horizonte. Também encontra-se no verso as informações referentes à<br />

Belotur, como endereço, telefone e endereços eletrônicos.<br />

Percebe-se que a imagem promovida neste material é a da Pampulha, com ênfase na<br />

arquitetura da Igreja São Francisco de Assis.<br />

5.2.3 – Terceiro conjunto: Folders destacando vários atrativos de Belo Horizonte em um<br />

mesmo material<br />

Neste tópico, serão analisados dois tipos de folders, ambos distribuídos em quatro idiomas:<br />

português, inglês, espanhol e francês. Esse material também pode ter o idioma alterado,<br />

dependendo do local onde é distribuído e do público que se pretende atingir. Eles podem ser<br />

53


encontrados em feiras, congressos e postos de informação e sua distribuição inicial é anterior<br />

ao ano de 2006.<br />

5.2.3.1 – Folder BH – Belo Horizonte/Brasil (ANEXO 3)<br />

Este folder possui duas versões de capa. Na primeira, que é uma atualização da segunda, a<br />

foto destacada é a da Praça da Estação, enquanto na outra, a imagem que se tem é das curvas<br />

do edifício Niemeyer, que se localiza na Praça da Liberdade. Ambos não estabelecem relação<br />

entre a fotografia e o nome do local. O primeiro, da Praça da Estação, sequer faz algum tipo<br />

de alusão á imagem da capa da sua parte inferior. Já o segundo, o do edifício Niemeyer,<br />

mostra as curvas do edifício que não evidencia tratar-se de um prédio residencial, no entanto,<br />

instiga a busca de sua identificação no interior do folder, que é facilmente encontrada.<br />

O folheto, dobrado em formato de sanfona, possui quatorze páginas de informações em seu<br />

interior, organizadas na frente e no verso do folheto. As informações de ambos são idênticas,<br />

sendo que estes destacam: Praça da Liberdade, localização estratégica da cidade, áreas verdes,<br />

Pampulha, Praça do Papa, vocação para turismo de eventos, representações artísticas,<br />

compras, história, culinária, bares, gastronomia e tecnologia.<br />

As fotos são de fácil visibilidade, pois estão em bom tamanho apesar dos textos serem longos<br />

e detalhados, o que pode ser cansativo para um possível leitor.<br />

O verso dos folders é a continuação da fotografia da capa, com o nome, o endereço, o<br />

endereço eletrônico e o e-mail da Belotur.<br />

Enfim, o que o material transmite é uma cidade de múltiplas características, sendo que as mais<br />

destacadas são: cidade com belezas arquitetônicas com destaque para o Complexo<br />

Arquitetônico da Praça da Liberdade e da Pampulha; cheia de elementos naturais, inclusive<br />

cercada por uma serra onde é possível se avistar a cidade panoramicamente; com vocação para<br />

o turismo de negócios e eventos, com localização privilegiada para tal; cidades de<br />

manifestações artísticas; um local com várias opções comerciais; rica em variedades<br />

gastronômicas e bares; e, por fim, uma cidade desenvolvida tecnologicamente.<br />

54


5.2.3.2 – Folder Belo Horizonte: O nome dá a dica, mas não conta tudo (ANEXO 4 )<br />

Na capa desse folder está destacada a Igreja de São Francisco de Assis sem nenhuma opção<br />

que permita relacioná-la ao seu nome ou localização, tanto na parte externa, quanto na parte<br />

interna.<br />

O interior do folheto, que é dobrado em sanfona, possui quatorze páginas. Nestes, as fotos são<br />

grandes e com destaque maior que os textos, que são sucintos e diretos, proporcionando<br />

equilíbrio na composição do material.<br />

São evidenciados no folder: Praça da Estação, vista de Belo Horizonte da Serra do Curral,<br />

arquiteturas e simetria de ruas e quarteirões típicos de cidade planejada, Pampulha (sem<br />

nenhuma foto da Igreja São Francisco de Assis), grande índice de áreas verdes, museus e<br />

construções históricas, bares e restaurantes, comércio das feiras e do mercado central e infra-<br />

estrutura turística.<br />

O verso não contém nenhum elemento visual que influencie na formação de uma imagem da<br />

cidade, apenas informações sobre a Belotur, com sua logomarca, a logomarca com alô<br />

turismo, do Mercocidades e da Prefeitura de Belo Horizonte.<br />

O que se observa é que, no material, são destacadas aos seguintes imagens de Belo Horizonte:<br />

cidade com muitas belezas arquitetônicas, com destaque para a Praça da Liberdade e<br />

Pampulha; cheia de elementos naturais, inclusive a Serra do Curral, de onde pode se avistar<br />

toda a cidade; com edificações históricas e culturais, com ênfase para os museus; cidade rica<br />

em variedades gastronômicas e bares; local com várias opções comerciais; e um município<br />

bem estruturado para a atividade turística.<br />

5.2.4 – Quarto conjunto: Guia Turístico (ANEXO 5)<br />

O guia <strong>turístico</strong> de Belo Horizonte é distribuído mensalmente pela Belotur, com tiragem<br />

mensal de 30000 peças. Esse material é encontrado em hotéis, restaurantes, postos de<br />

informações turísticas, feiras e congressos. A cada mês, a fotografia da capa é alterada, sendo<br />

que nenhuma delas possui indicação de qual atrativo está divulgado nesta. O público a que<br />

essa material se destina são turistas e moradores de Belo Horizonte, a fim de informá-los e<br />

guiá-los dentro da capital.<br />

55


O guia conta com telefones úteis, como: polícia, hospitais, órgãos <strong>turístico</strong>s, correios, postos<br />

telefônicos, bancos, aeroportos, rodoviária e estação ferroviária.<br />

O guia também apresenta roteiros <strong>turístico</strong>s da cidade, como: Pampulha, Praça da Liberdade,<br />

Centro-sul, Mangabeiras, Praça da Estação, Museus, e opções noturnas de lazer.<br />

São mencionadas informações para visitantes dos municípios e circuitos <strong>turístico</strong>s próximos a<br />

Belo Horizonte. Além disso, o guia também contém a programação cultural do mês vigente,<br />

fornecendo informações de exposições de arte, cinemas, grupos de dança, literatura, museus,<br />

músicas, shows e teatros.<br />

Grande parte do livreto apresenta a relação de bares, restaurantes, hotéis, lanchonetes,<br />

estabelecimentos comerciais e outros serviços. Como esta parte é patrocinada, nem todos os<br />

estabelecimentos da cidade são inseridos em seu conteúdo. Entretanto, é possível notar a<br />

grande quantidade de bares e restaurantes existentes na cidade. Os hotéis também estão<br />

presentes no guia em grande quantidade. Isto transmite a imagem de uma cidade com muitas<br />

opções de gastronomia e boa infra-estrutura turística. No entanto, a inclusão de propagandas<br />

de estabelecimentos no guia causa a impressão de que a cidade destaca-se, também, na prática<br />

do turismo sexual, uma vez que boates de strip-tease costumam inserir comerciais com<br />

fotografias sensuais de mulheres e estes são amplamente divulgados no livreto.<br />

Um mapa <strong>turístico</strong> da área central da cidade é sempre anexado ao guia. Ele destaca elementos<br />

considerados atrativos <strong>turístico</strong>s da cidade. Estes são representados por pictóricos numerados,<br />

com seus respectivos nomes inseridos em uma legenda.<br />

Outros elementos encontrados no guia são os horários dos vôos nos dois aeroportos que<br />

ofertam viagens para a cidade e horários de saída dos ônibus da rodoviária de Belo Horizonte.<br />

O que se nota, ao ler o guia, é que ele transmite as seguintes imagens da cidade: local de belos<br />

elementos arquitetônicos, com destaque para a Pampulha, Praça da Liberdade e as construções<br />

históricas e culturais dos museus; cidade com diversos bares e opções gastronômicas; com<br />

infra-estrutura turística; e propícia ao turismo sexual.<br />

56


5.2.5 – Quinto conjunto: Brochura destinada a investidores (ANEXO 6)<br />

O Investir BH é um guia cuja tiragem anual é de 3000 peças que são distribuídas em feiras e<br />

congressos. O público-alvo desse material é, principalmente, investidores. Entretanto, essa<br />

brochura também é cedida para estudantes e para o trade <strong>turístico</strong> da cidade.<br />

A brochura, que está em sua nona edição, com distribuição no ano de 2006, possui 100<br />

páginas e é um material que mostra amplamente as características de Belo Horizonte em<br />

diversos aspectos. A capa, tanto na frente quanto no verso, é representada por uma parte do<br />

mapa do centro da cidade, o que evidencia a organização das ruas e avenidas em linhas<br />

paralelas e perpendiculares.<br />

O conteúdo do guia é dividido em três partes: a cidade, governo e turismo.<br />

Na primeira parte, é apresentado um histórico do município, o IDH, os prêmios que a cidade<br />

recebeu e os dados gerais, como moeda, idioma, localização, demografia, etc. A primeira parte<br />

também destaca a boa infra-estrutura que a cidade possui, com rede de abastecimento de água<br />

e rede de esgoto, abastecimento de energia elétrica, limpeza urbana, transporte, vias de acesso<br />

e telecomunicações. A parte cidade também destaca o comércio de Belo Horizonte, composto<br />

por vários centros, shoppings e amplo sistema bancário.<br />

Na segunda parte, denominada governo, considera-se Belo Horizonte uma cidade que<br />

combina modernidade, avanço tecnológico e sociedade que cresce justa e fraterna. Acredita-se<br />

que a vocação da cidade é de diversificação industrial e negócios em tecnologia. Nesta parte,<br />

Belo Horizonte é tratada como cidade internacional por ter se consolidado como sede de<br />

importantes eventos internacionais, manter relações institucionais e comerciais com cidades e<br />

países de diversas localidades mundiais e ter localização geográfica e ligações aéreas<br />

estratégicas com os países da América do Sul. Nesta parte, Belo Horizonte é valorizada como<br />

um município modernizado. Isto se deve ao fato da cidade possuir um portal virtual de<br />

conteúdo completo e superior às demais capitais nacionais. Outro fator citado nessa parte são<br />

as obras realizadas na localidade: duplicação de avenidas que dão acesso aos aeroportos que<br />

servem à cidade, programas de urbanização de vilas e favelas, projeto de saneamento básico<br />

que prevê tratamento para 140 quilômetros de cursos d’água, obras e projetos sociais e projeto<br />

de desenvolvimento da bacia da Pampulha. A questão social é destacada com ênfase na saúde,<br />

educação, inclusão social, habitação, juventude, cultura, segurança pública; todos descritos de<br />

forma positiva.<br />

57


A terceira parte, chamada de turismo, destaca o turismo de eventos como um fator de grande<br />

importância que vem crescendo na cidade. Nesta parte, Belo Horizonte recebe o título de<br />

cidade inovadora e moderna, importante centro de moda do país, de culinária típica, rico em<br />

turismo histórico e cultural e que tem como atrações os parques, as praças, a Pampulha, os<br />

museus, as feiras, os clubes esportivos e os eventos. Além disso, esta ultima parte destaca a<br />

sinalização, que está em progresso; a evolução da hotelaria; e a existência de agências de<br />

receptivo.<br />

Enfim, as imagens que foram exibidas com maior evidência no guia investir BH foram: cidade<br />

com boa infra-estrutura básica, boa estrutura turística, com o comércio dinâmico, cidade<br />

moderna e tecnológica, de vocação para o turismo de eventos, rica culturalmente e com<br />

diversos atrativos naturais.<br />

5.2.6 – Sexto conjunto: Brochuras distribuídas durante o período de realização da<br />

reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID (ANEXO7)<br />

O sexto conjunto, material promocional distribuído durante o BID, teve uma tiragem de 1000<br />

exemplares e foi distribuído durante a realização do evento com a finalidade de captar turistas<br />

que já estavam em Belo Horizonte, mas que são públicos potenciais para retornarem ao<br />

destino ao até mesmo divulgá-lo favoravelmente.<br />

Esse grupo é composto por duas brochuras, uma destacando os atrativos <strong>turístico</strong>s da cidade e<br />

a outra a infra-estrutura direcionada ao turismo. Ambos são envolvidos em uma caixa que tem<br />

o layout semelhante ao de um envelope. Tal idéia é representada por meio de uma ilustração<br />

de fita que atravessa a caixa, uma espécie de adesivo com o nome da cidade em que a reunião<br />

aconteceu anteriormente e réplicas de selos em que as imagens destacadas são a da Igreja de<br />

São Francisco de Assis e a do Museu de Arte, ambos localizados na Pampulha.<br />

5.2.6.1 – Brochura Atrativos Turísticos<br />

Na capa dessa brochura encontra-se uma fotografia da Igreja de São Francisco de Assis com<br />

as cores alteradas para uma tonalidade sépia.<br />

58


O material é rico em imagens representadas por fotos grandes e profissionais. Os textos são<br />

bastante reduzidos e apresentados em quatro idiomas: Português, inglês, espanhol e japonês.<br />

Percebe-se que a preocupação maior neste material é promover a cidade por meio de belas<br />

paisagens e não pelas informações escritas destas. No entanto, todas as fotos possuem<br />

indicação de qual atrativo representam.<br />

Nota-se a repetição de páginas no material. Para cada idioma, as mesmas fotos são utilizadas,<br />

com o mesmos textos, escritos na outra língua. Essa repetição de imagens é desnecessária,<br />

uma vez que as imagens não mudam por causa do idioma e, dessa forma, desperdiçou-se um<br />

material que poderia ser aproveitado para novas informações ou até mesmo paisagens. O<br />

verso do material contêm informações sobre a Belotur, além da sua marca, a marca do<br />

Encontro do BID em 2006, da prefeitura de Belo Horizonte e do governo do estado de Minas<br />

Gerais.<br />

Assim sendo, as imagens apresentadas nas 132 páginas de material são: Igreja de São<br />

Francisco de Assis; visão de toda a cidade com a Serra do Curral ao fundo; cidade planejada<br />

com ruas, avenidas e quarteirões simétricos; cidade de muitos parques e áreas verdes; Parque<br />

Municipal e Palácio das Artes; Praça da Liberdade; cidade de variedade gastronômica e<br />

muitos bares; cidade de muitos museus; Complexo Arquitetônico da Pampulha; cidade de<br />

grandes representações artísticas e culturais; com diversas opções comerciais; próxima às<br />

cidades históricas; próxima ao roteiro da estrada real; capital de um estado com diversos<br />

parques ecológicos, reservas naturais e circuito das águas.<br />

5.2.6.2 - Brochura Infra-Estrutura<br />

Na capa dessa brochura encontra-se uma fotografia do Edifício Niemeyer, que se localiza na<br />

Praça da Liberdade. A cor original foi alterada e a foto apresenta uma tonalidade azulada.<br />

Da mesma forma que a brochura de atrativos <strong>turístico</strong>s, essa também apresenta quatro<br />

idiomas: português, inglês, espanhol e japonês. Outras semelhanças com o material de<br />

atrativos são: a utilização de grande quantidade de fotografias para ilustrar as resumidas<br />

informações, a repetição desnecessária de imagens para cada idioma; e também as<br />

informações encontradas no verso.<br />

As imagens transmitidas nas 28 páginas dessa brochura são: terceira cidade mais importante<br />

do país com bons indicadores econômicos, qualidade de vida e do ar, clima agradável e<br />

59


localização privilegiada; cidade hospitaleira e de setor hoteleiro de qualidade; e cidade<br />

propícia ao turismo de negócios.<br />

5.2.7 – Sétimo Conjunto: Cartão para captação do Congresso Brasileiro de<br />

Anestesiologia<br />

A fim de atrair o evento Congresso Brasileiro de Anestesiologia para Belo Horizonte no ano<br />

de 2012, foram desenvolvidos 5000 cartões para distribuição entre os organizadores e<br />

participantes do congresso que foi realizado em novembro de 2006 na cidade do Rio de<br />

Janeiro.<br />

Na parte frontal da peça, que se assemelha a um cartão postal, é evidenciada a Igreja São<br />

Francisco de Assis, sem nenhuma relação da fotografia com o seu nome. No verso, encontra-<br />

se um texto descrevendo as características da cidade.<br />

São destacadas como imagens de Belo Horizonte: A Igreja de São Francisco de Assis, a<br />

hospitalidade do belo-horizontino, os bares e a diversidade gastronômica.<br />

60


6 – APLICAÇÃO DA TEORIA DE ECHTNER E RITCHIE<br />

Para facilitar a comparação entre as dimensões das imagens evidenciadas nas duas análises,<br />

faz-se necessária a aplicação da mesma teoria para ambas pois, dessa maneira, iguala-se os<br />

padrões de comparação. Assim sendo, foram mensuradas as imagens de Belo Horizonte<br />

definidas nas fontes imparciais que divulgaram a cidade como destinação turística e as<br />

imagens encontradas no material promocional da Belotur:<br />

6.1 – Mensuração das imagens divulgadas nos materiais imparciais<br />

A análise das diversas imagens captadas nos materiais que divulgam Belo Horizonte com<br />

imparcialidade permitiu a identificação de variadas imagens da cidade.<br />

Uma determinação quantitativa das vezes que os atrativos apareceram em todas as fontes<br />

utilizadas nessa pesquisa é inviável uma vez que é ilimitado o número de materiais que podem<br />

divulgar o município. Desta forma, para mensurar os atrativos proporcionalmente à sua<br />

importância demonstrada nas fontes de pesquisa, tornou-se necessária a classificação por<br />

ordem de importância de cada imagem na motivação da atividade para a capital. Assim sendo,<br />

foram classificadas, em uma ordem de importância de 1 a 3, cada imagem apresentada na<br />

análise, sendo que receberam importância 3 aquelas que são influenciadoras da atividade<br />

turística em Belo Horizonte e que estão fortemente relacionadas à sua identidade; a<br />

importância 2 foi dada às imagens que são amplamente relacionadas ao turismo, mesmo que<br />

não sejam as que mais motivam a atividade; e importância 1 àquelas que foram consideradas<br />

características que, de alguma forma, fazem parte da atividade turística na cidade.<br />

Uma vez determinada a classificação, foram consideradas imagens de Belo Horizonte com<br />

importância 3 e, consequentemente, possuem 10,71% da importância total:<br />

- Hospitalidade típica de cidade interiorana: essa característica é fortemente<br />

percebida quando se fala da população belo-horizontina (10,71%);<br />

- bares e diversidade gastronômica: característica forte do turismo em Belo<br />

Horizonte, que proporciona à cidade o título de possuir uma das melhores<br />

noites do Brasil (10,71%);<br />

61


- cultura e manifestações artísticas: outra característica que foi fortemente citada<br />

nos meios pesquisados e que caracteriza amplamente o município (10,71%);<br />

- comércio (feiras, shoppings, Savassi, mercados): o comércio também é<br />

considerado um dos fatores que tem grande grau de atratividade para a<br />

atividade turística (10,71%);<br />

- vocação para turismo de negócios: um dos maiores geradores de renda do<br />

município provinda do turismo (10,71%);<br />

- estruturado para abrigar eventos: juntamente com o turismo de negócios, um<br />

dos maiores geradores de renda da capital (10,71%).<br />

As classificadas com importância 2, e porcentagem 7,15%, foram:<br />

- Infra-estrutura básica e turística: importante para sustentar o turismo na cidade<br />

(7,15%);<br />

- complexo Arquitetônico da Praça da Liberdade: um dos símbolos<br />

arquitetônicos da capital. É atrativo, porém não é considerado como um forte<br />

elemento de captação de turistas (7,15%);<br />

- complexo Arquitetônico da Pampulha: imagem fortemente relacionada à<br />

cidade, contudo sua influência como captadora da atividade turística para a<br />

região não é forte como os negócios, eventos, cultura e gastronomia (7,15%);<br />

- atrativos naturais em expansão: tem potencial para a atração de turistas, mas<br />

ainda é necessária a preservação da paisagem (7,15%).<br />

As imagens que receberam importância 1, e 3,15% do total, foram:<br />

- Localização privilegiada: influencia a atividade turística, mas não é um fator<br />

diretamente ligado a isto (3,57%);<br />

- capital e município pólo do estado: de acordo com os dados, essas<br />

características influenciam no perfil do público que se encontra na localidade<br />

(3,57%).<br />

62


Echtner & Ritchie (1993), ao demonstrar na prática como ocorria a mensuração das imagens<br />

por meio dos modelos apresentados, examinaram inicialmente as dimensões características<br />

funcionais X psicológicas e holístico X atributo. Caracterizando, dessa forma, as imagens<br />

percebidas no material imparcial que divulga Belo Horizonte para esses elementos, tem-se o<br />

seguinte esquema (FIGURA 10):<br />

FIGURA 10: Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens percebidas<br />

em materiais imparciais, nas dimensões: Características funcionais X psicológicas; e<br />

holístico X atributo.<br />

Fonte: Dados da pesquisa.<br />

Foram caracterizados como atributos de características funcionais as seguintes imagens:<br />

- Atrativos naturais em expansão (Serra do Curral, parques e arborização): além de serem<br />

atrativos que compõem o todo de Belo Horizonte, são mensuráveis e tangíveis;<br />

63


- comércio das feiras, shoppings, Savassi e mercados: estabelecimentos comerciais fazem<br />

parte da potencialidade da cidade. Apesar de sua existência considerável e de fazerem parte da<br />

cultura do Belo-horizontino, os estabelecimentos comerciais não se destacam como atrativos<br />

que representem holisticamente Belo Horizonte;<br />

- bares e diversidade gastronômica: os bares são uma tradição em Belo Horizonte e parte da<br />

cultura local, no entanto sua divulgação como imagem de Belo Horizonte tem um enfoque<br />

maior na diversidade, assim como a gastronomia. Assim sendo, os bares são atributos<br />

tangíveis;<br />

- infra-estrutura básica e turística: a capacidade de atender a população bem como os turistas é<br />

de extrema importância para a atividade, mas é apenas um dos fatores propiciadores do<br />

turismo em Belo Horizonte, sendo que é apenas um dos atributos da cidade. A infra-estrutura<br />

é, também uma característica tangível e mensurável;<br />

- estrutura para abrigar eventos: Estruturas de eventos são tangíveis e, apesar de Belo<br />

Horizonte ser considerada como uma capital de vocação para o turismo de eventos, este não se<br />

destaca como um elemento que represente holisticamente da cidade;<br />

- vocação para o turismo de negócios: o turismo de negócios é apresentado como um fator em<br />

expansão em Belo Horizonte, sua existência é propiciada por meio da sua percepção em<br />

diversos outros elementos da cidade. Como é possível mensurá-lo por meio de registros feitos<br />

em hotéis e nos eventos voltados para a tipologia, ele pode ser considerado como funcional;<br />

- localização privilegiada: a localização é um atributo por ser uma característica que compõe a<br />

imagem de Belo Horizonte, é funcional já que a localização é concreta;<br />

- capital e município pólo do estado: ser capital e pólo é um atributo pois é apenas um<br />

elemento que caracteriza as possíveis tipologias da localidade, é funcional pois os valores de<br />

capital e pólo são mensuráveis.<br />

O atributo com característica psicológica é:<br />

- Cultura e manifestações artísticas: a cultura, bem como a forma que ela se manifesta, é algo<br />

que se percebe em uma destinação, mesmo sem ela ser um elemento tangível. Apesar da forte<br />

referência cultural de Belo Horizonte, esse não é percebido como um representante holístico<br />

da localidade, pois a cultura provinda de Belo Horizonte é típica de todo o Estado de Minas<br />

64


Gerais e, dessa forma, sua percepção é diretamente relacionada a todo o povo mineiro, e não<br />

especificamente à sua capital.<br />

As características funcionais que podem ser classificadas como holísticas são:<br />

- Complexo Arquitetônico da Pampulha/ Igreja de São Francisco de Assis: O complexo da<br />

Pampulha é caracterizado pelas construções peculiares que são projetos desenvolvidos pelo<br />

famoso arquiteto mineiro Oscar Niemeyer, com destaque para a Igreja de São Francisco de<br />

Assis, que é a edificação mais famosa do conjunto. O complexo localiza-se em volta da Lagoa<br />

da Pampulha e, além de seus elementos serem tangíveis, representam fortemente a cidade de<br />

Belo Horizonte, sendo sua imagem imediatamente relacionada à cidade, representando-a<br />

holisticamente;<br />

- Complexo Arquitetônico da Praça da Liberdade: Esse complexo destaca-se por possuir<br />

edificações que marcam diversos momentos da cidade de Belo Horizonte durante a sua<br />

existência. As construções contornam uma praça bastante arborizada e freqüentada pelos<br />

moradores e turistas que visitam a cidade. A praça também tem sua imagem diretamente<br />

relacionada à cidade, principalmente por ter construções do arquiteto Oscar Niemeyer e pelo<br />

prédio do governo do Estado localizar-se nela.<br />

Nessa primeira percepção dos elementos que compõem as imagens de Belo Horizonte, foram<br />

classificadas como características psicológicas que são holísticas:<br />

- Hospitalidade típica de cidade interiorana: a hospitalidade é uma característica e positiva dos<br />

habitantes de uma localidade. Pode ser classificada como holística por fazer parte dos<br />

elementos que compõem o produto <strong>turístico</strong> e justificar-se como peculiaridade da região de<br />

Belo Horizonte. Sua existência não é mensurável e tampouco tangível.<br />

Num segundo momento, Echtner & Ritchie(1993) mensuraram esses mesmos elementos com<br />

outras variáveis. Desta vez, as características funcionais X psicológicas cruzam-se com os<br />

conceitos comum X único, conforme mostra a figura a seguir (FIGURA 11):<br />

65


FIGURA 11: Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens percebidas<br />

em materiais imparciais, nas dimensões: Características funcionais X psicológicas; e<br />

comum X único.<br />

Fonte: Dados da pesquisa.<br />

Nessa segunda análise, foram classificadas como imagens comuns de características<br />

funcionais:<br />

- Atrativos Naturais (Serra do Curral, parques e arborização): atrativos como parques e locais<br />

arborizados são encontrados em outras destinações turísticas. Embora as grandes capitais<br />

tenham perdido essa característica, Belo Horizonte mantêm-na em grande quantidade. Outras<br />

cidades também se localizam em depressões e, consequentemente, são cercadas por serras,<br />

como é o caso de Belo Horizonte. Assim sendo, pode-se classificar estas como imagens<br />

comuns;<br />

66


- comércio de feiras, shoppings, Savassi e mercados: centros comerciais, como shoppings,<br />

bairros de compras e mercados são comumente encontrados em outras destinações turísticas,<br />

apesar de, em Belo Horizonte, alguns desses pontos terem uma importância na cultura.<br />

- bares e diversidade gastronômica: Belo Horizonte é considerado a capital brasileira dos<br />

bares, contudo a existência desses, e também dos estabelecimentos gastronômicos, não são<br />

exclusividade da cidade, sendo comumente encontradas em outras cidades e capitais<br />

brasileiras;<br />

- infra-estrutura básica e turística: toda destinação turística deve ter uma boa infra-estrutura<br />

básica e turística, sendo que este é um elemento comum;<br />

- estrutura para abrigar eventos: as localidades que investem em turismo de eventos possuem<br />

infra-estrutura para abrigar tal tipologia;<br />

- vocação para o turismo de negócios: Várias são as localidades que se caracterizam por serem<br />

propensas às atividades de negócios, principalmente as capitais. Logo, essa imagem é comum<br />

entre determinadas destinações turísticas;<br />

- localização privilegiada: a localização privilegiada é comum, pois outros municípios podem<br />

se beneficiar por possuir essa característica;<br />

- capital e município pólo do estado: outras cidades são capitais e pólos, logo essa<br />

característica é comum.<br />

Não se encontram elementos comuns de características psicológicas. No entanto, foram<br />

percebidos os seguintes elementos únicos com características funcionais:<br />

- Complexo Arquitetônico da Pampulha/ Igreja de São Francisco de Assis: esse atrativo é<br />

considerado único por não ser encontrado outro com essas mesmas características em outras<br />

localidades.<br />

- Complexo Arquitetônico da Praça da Liberdade: esse complexo também é considerado único<br />

porque possui uma variedade de construções de diferentes épocas num mesmo lugar: em torno<br />

de uma praça com grande variedade de flora. O conjunto representa o poder do Estado de<br />

Minas Gerais, pois os prédios são ocupados por secretarias do governo do Estado. Essas<br />

características são determinantes para que esse tipo de atrativo não seja facilmente encontrado<br />

67


em outras localidades. Logo, o Complexo Arquitetônico da Praça da Liberdade pode ser<br />

classificado como único.<br />

As imagens únicas de características psicológicas encontradas nessa segunda análise foram:<br />

- Cultura e manifestações artísticas: Belo Horizonte destaca-se por possuir um leque de<br />

variedades de opções culturais, grupos artísticos que se destacam no mundo com a música, a<br />

dança e o teatro. Além disso, o mineiro é um povo que preserva suas tradições,e os moradores<br />

da capital também apresentam esses hábitos. Desta forma, a cultura e as suas formas de se<br />

manifestar são únicas na cidade, sendo que é difícil encontrar uma outra localidade com as<br />

mesmas características nesse aspecto;<br />

- Hospitalidade típica de cidade interiorana: o mineiro tem uma forma especial de acolher<br />

aqueles que visitam sua terra, o Belo-horizontino também apresenta essa característica,<br />

mesmo morando na capital, onde é mais difícil possuir relações de confiança entre os<br />

indivíduos. O povo mineiro é caracterizado pela sua maneira especial de acolher seus<br />

visitantes. Essa característica pode ser considerada única pois é difícil encontrar uma capital<br />

com o porte de Belo Horizonte, principalmente no Brasil, que possua relações tão agradáveis<br />

com o visitante.<br />

Após determinadas quais as imagens encaixam-se nas características determinadas pelo<br />

modelo de Echtner & Ritchie (1991), os autores propuseram a terceira análise. A forma como<br />

as imagens se enquadram nas características e são posicionadas na figura são provenientes das<br />

análises realizadas anteriormente. Assim sendo, a terceira classificação do modelo de Echtner<br />

& Ritchie (1991) estabelece a relação entre a dimensão comum X único e a dimensão atributo<br />

X holístico, representados na seguinte figura (FIGURA 12):<br />

68


FIGURA 12: Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens percebidas<br />

em materiais imparciais, nas dimensões: comuns X únicas; e atributo X holístico.<br />

Fonte: Dados da pesquisa.<br />

Finalmente, essa análise leva a concluir que:<br />

64,28% das imagens são atributos de características funcionais, 10,71% são atributos com<br />

características psicológicas, 14,3% são holísticas e funcionais e apenas 10,71% são<br />

psicológicas e holísticas.<br />

Na segunda figura, constata-se que 64,28% das imagens são comuns de características<br />

funcionais, nenhuma é comum e psicológica, 14,3% são únicas de característica funcional e<br />

21,42% são únicas com características psicológicas.<br />

69


A terceira análise, que é conseqüente das outras, fornece as seguintes informações: são<br />

imagens atributos e comuns 64,28%, 10,71% são atributos únicos da cidade; nenhuma<br />

imagem é classificada como comum e holística e 25,01% do total são únicas e holísticas.<br />

6.2 – Mensuração das imagens divulgadas no material da Belotur<br />

Após a análise do material desenvolvido pela Belotur, foi captada a divulgação de treze<br />

características da cidade de Belo Horizonte. A seguir, são enumeradas todas as imagens<br />

apresentadas com as respectivas quantidades de materiais que abordaram cada uma. A<br />

porcentagem do total de vezes que cada imagem é encontrada no material também é<br />

determinada abaixo:<br />

- Complexo Arquitetônico da Pampulha/ Igreja São Francisco de Assis – 7 (14%)<br />

- Atrativos naturais (Serra do Curral, parques, arborização) – 7 (14%)<br />

- Comércio (feiras, shoppings, Savassi, mercados) – 5 (10%)<br />

- Bares e diversidade gastronômica – 5 (10%)<br />

- Cultura e manifestações artísticas – 5 (10%)<br />

- Complexo Arquitetônico da Praça da Liberdade – 4 (8%)<br />

- Infra-estrutura básica e turística – 4 (8%)<br />

- Museus – 4 (8%)<br />

- Desenvolvimento tecnológico/ econômico – 3 (6%)<br />

- Vocação para turismo de negócios – 2 (4%)<br />

- Estruturado para abrigar eventos – 2 (4%)<br />

- Propensão ao turismo sexual – 1 (2%)<br />

- Hospitalidade – 1 (2%)<br />

Da mesma forma que foi realizada a mensuração das imagens provindas de materiais sem<br />

interesse de persuasão, neste tópico encontram-se os seguintes resultados:<br />

70


FIGURA 13: Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio de imagens percebidas<br />

no material promocional da Belotur, nas dimensões: Características funcionais X<br />

psicológicas; e holístico X atributo.<br />

Fonte: Dados da pesquisa.<br />

Foram considerados atributos com características funcionais, além dos já classificados no<br />

tópico anterior:<br />

- Museus: apesar da grande quantidade de museus na cidade, estes são apenas considerados<br />

mais um dos atributos <strong>turístico</strong>s da capital, além de serem elementos tangíveis;<br />

- desenvolvimento tecnológico e econômico: o desenvolvimento pode ser entendido como<br />

uma característica psicológica, uma vez que não é tangível. No entanto, o desenvolvimento<br />

tecnológico, assim como o econômico, podem ser mensuráveis e, desta forma, são<br />

considerados funcionais.<br />

71


Os atributos com características psicológicas que são divulgados no material da Belotur e que<br />

não foram ainda classificados no tópico dos materiais imparciais são:<br />

- Propensão ao turismo sexual: a existência de um ambiente propício para um determinado<br />

tipo de turismo é algo que é percebido, e não tangível. Dessa forma, a propensão ao turismo<br />

sexual é um atributo, pois não é uma imagem que represente fortemente a cidade, e possui<br />

característica psicológica;<br />

Nessa primeira percepção dos elementos que compõem as imagens de Belo Horizonte, foram<br />

classificadas como característica psicológica que é holística apenas a hospitalidade.<br />

Assim como Echtner & Ritchie (1993) procederam após a primeira análise, foi levantado um<br />

segundo esquema. Nesta análise, foram consideradas as características funcionais X<br />

psicológicas e os tipo de elementos comuns X únicos (FIGURA 14):<br />

FIGURA 14: Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens percebidas<br />

no material promocional da Belotur, nas dimensões: Características funcionais X<br />

psicológicas; e comum X único.<br />

Fonte: Dados da pesquisa.<br />

72


Nessa segunda análise, foram também classificadas como imagens comuns de características<br />

funcionais:<br />

- Museus: são comumente encontrados em outras destinações turísticas;<br />

- desenvolvimento tecnológico/ econômico: o desenvolvimento tecnológico de uma destinação<br />

turística existe quando a localidade investe nisso. Normalmente, destinações que buscam o<br />

turismo como fonte de renda visam o desenvolvimento econômico, logo essas características<br />

são elementos comuns das destinações.<br />

São considerados elementos comuns de características psicológicas:<br />

- Propensão ao turismo sexual: a tipologia do turismo sexual é comum em diversas<br />

localidades, inclusive destinações brasileiras, logo não é algo que se encontre unicamente em<br />

Belo Horizonte, mas sim em várias destinações turísticas.<br />

Foram percebidos como elementos únicos com características funcionais: Complexo<br />

Arquitetônico da Pampulha/ Igreja São Francisco de Assis e Complexo Arquitetônico da<br />

Praça da Liberdade.<br />

As imagens únicas de características psicológicas encontradas nessa segunda análise foram a<br />

cultura, as manifestações artísticas e a hospitalidade.<br />

Após essa segunda análise, Echtner & Ritchie (1993) realizaram uma terceira. Desta vez, foi<br />

traçado um esquema que cruzava os elementos comuns X únicos com os atributos X<br />

holísticos. O resultado encontrado nesse terceiro esquema é conseqüente das divisões<br />

realizadas anteriormente (FIGURAS 13 E 14).<br />

Percebe-se claramente um desequilíbrio entre o significado das imagens encontradas no<br />

material promocional da Belotur, sendo que esse resultado pode ser conferido na figura<br />

seguinte (FIGURA 15):<br />

73


FIGURA 15: Componentes da imagem de Belo Horizonte, por meio das imagens percebidas<br />

no material promocional da Belotur, nas dimensões: comuns X únicas; e atributo X<br />

holístico.<br />

Fonte: Dados da pesquisa.<br />

Considerando as porcentagens apresentadas que representam a quantidade de vezes que cada<br />

imagem foi destacada no material, pode-se caracterizar as imagens de Belo Horizonte<br />

divulgadas no material promocional da Belotur da seguinte forma:<br />

De acordo com a figura 13, 64% das imagens divulgadas pela Belotur são de atributos da<br />

cidade com características funcionais; 12% são de atributos com características psicológicas;<br />

22% são de imagens holísticas com características funcionais; e apenas 2% foram<br />

consideradas holísticas com características psicológicas.<br />

Pela figura 14, pode-se encontrar os seguintes dados divulgados pela Belotur: 64% das<br />

imagens são comuns e com características funcionais; 2% são comuns e de características<br />

74


psicológicas; 22% são imagens únicas com características funcionais; e 12% são únicas com<br />

características psicológicas.<br />

Na figura 12, são extraídas as seguintes informações: 66% das imagens promovidas pela<br />

Belotur são atributos comuns; 10% são atributos únicos; 24% são imagens holísticas únicas; e<br />

não há nenhum tipo de imagem holística comum.<br />

6.3 – Comparação das imagens<br />

Apesar da utilização de valores, representados por porcentagens, para facilitar a classificação<br />

dos elementos, uma análise final comparando ambos também deve ter uma ênfase na<br />

percepção qualitativa da distribuição dos elementos. Por isso, levou-se em conta não somente<br />

os valores encontrados por meio das porcentagens, mas os motivos que levaram à<br />

determinação destes.<br />

Na primeira classificação, onde foram consideradas as dimensões características funcionais X<br />

psicológicas e atributo X holístico, os resultados encontrados foram, em ambas as análises,<br />

cerca de 64% valorizando os atributos com características funcionais como imagens que<br />

representam a cidade. Existe, também, uma aproximação dos valores quanto a classificação<br />

das imagens que são atributos com características psicológicas. Nota-se que, nos materiais<br />

imparciais, 10,71% das imagens são consideradas atributos psicológicos enquanto no material<br />

da Belotur esse valor é de 12%. Já na determinação de elementos holísticos e funcionais,<br />

14,3% são assim consideradas pelos materiais imparciais enquanto no material da Belotur esse<br />

número chega a 22%. Essa disparidade se deve ao valor que cada tipo de fonte determina para<br />

os complexos arquitetônicos da Pampulha e da Praça da Liberdade, já que em ambos a<br />

classificação é a mesma, mas a importância dada a cada um é diferente. Finalmente, as<br />

características psicológicas e holísticas determinadas foram: 10,71% na primeira análise e<br />

apenas 2% na segunda. Essa classificação também se deve ao grau de importância dada aos<br />

elementos hospitalidade determinada em cada fonte.<br />

Na segunda classificação, que evidenciava as características funcionais X psicológicas e as<br />

comum X únicas, os resultados obtidos foram: em ambos, cerca de 64% das imagens são<br />

comuns de características funcionais. Na primeira análise, não foi encontrada uma imagem<br />

comum com característica psicológica, enquanto na segunda apenas 2% são classificadas<br />

como tal. Apesar da pequena diferença entre ambos, vale lembrar que os 2% encontrados no<br />

75


material da Belotur são indicando a existência do turismo sexual, que é divulgado no guia de<br />

Belo Horizonte. Como a divulgação nesse material é paga, sua classificação prejudica a<br />

promoção do município, devido à falta de determinação da qualidade quanto aos possíveis<br />

patrocinadores dos guias, o que pode levar a uma conclusão precipitada das possíveis<br />

tipologias turísticas da cidade. As imagens únicas com características funcionais somam cerca<br />

de 14,3% contra 22% do material da Belotur. Já as únicas com características psicológicas são<br />

pontuadas como 21,42% nos materiais imparciais contra 12% dos promocionais distribuídos<br />

pela Belotur. Assim como na análise da figura que estabelece relação entre características<br />

funcionais X psicológicas e atributos X holística, as duas últimas porcentagens são<br />

determinadas por causa da importância dada aos elementos por cada material, pois os as<br />

imagens classificadas são as mesmas.<br />

Já na terceira análise, a que surge conseqüente das análises anteriores, são fornecidas as<br />

seguintes informações: as determinações de imagens atributos comuns são de 64,28% na<br />

primeira e 66% na segunda. Os atributos únicos são 10,71% nos materiais imparciais e 10%<br />

nos da Belotur. Em nenhum dos dois casos, encontra-se imagens comuns e holísticas e<br />

25,01% são classificadas como únicas e holísticas enquanto no material da Belotur, esse<br />

número é 24%. As classificações da terceira análise é bastante semelhante nos os dois casos.<br />

76


7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O objetivo principal apresentado nesta pesquisa foi descobrir se o material promocional<br />

impresso da Belotur, distribuído durante o período de janeiro a novembro de 2006, divulga as<br />

imagens de Belo Horizonte de maneira satisfatória e, fundamentalmente, condizendo com a<br />

sua realidade.<br />

Como a imagem é um dos principais fatores de divulgação de uma destinação turística, capaz<br />

de influenciar a escolha dos clientes potenciais, pode-se considerar que muitas vezes a<br />

definição do destino visitado acontece apenas pela idéia que se tem dele. Muitos estudiosos do<br />

turismo interessam-se por conhecê-la mais profundamente. Assim sendo, o caminho escolhido<br />

nesta pesquisa foi a comparação entre as imagens promovidas pelo material da Belotur com as<br />

apresentadas por outros meios, que se preocuparam em transmitir impressões da cidade para<br />

seus leitores sem interesses próprios para a sua divulgação. Escolheu-se para representar os<br />

meios imparciais de divulgação das imagens: trabalhos científicos, pois estes se<br />

fundamentarem em metodologias capazes de comprovar a sua eficácia; um guia do Estado de<br />

Minas Gerais, já que este pode fornecer dados diretamente relacionados ao turismo; e matérias<br />

de jornais, pois essas não só demonstram as potencialidades turísticas, como também os<br />

problemas enfrentados pela capital. A sua escolha também se deve ao grande alcance que este<br />

possui em toda a população do estado de Minas Gerais.<br />

Para fornecer informações reais de uma destinação, espera-se que estas se fundamentem em<br />

referenciais e metodologias apropriadas para uma correta divulgação de suas potencialidades,<br />

o que pode transformar-se numa grande vantagem competitiva para as destinações. Pesquisas<br />

baseadas em princípios do <strong>marketing</strong> devem ser utilizadas para melhor conhecer o mercado<br />

em que se está atuando. No caso do turismo, esse mercado chama-se trade. Em relação ao<br />

órgão municipal responsável pela divulgação de Belo Horizonte, pesquisas do perfil do turista<br />

da cidade foram realizadas nos anos de 1996, 1999 e 2002, a fim de descobrir apenas as<br />

opiniões destes quanto ao turismo na capital e fornecer informações sobre o setor, excluindo<br />

as opiniões dos outros agentes da atividade. Além disso, essas pesquisas não influenciaram na<br />

criação de materiais promocionais apropriados para a divulgação da cidade. Entretanto, isso<br />

deveria ocorrer, pois, a partir das pesquisas de <strong>marketing</strong> é que se obtêm as informações sobre<br />

um determinado mercado para assim se estabelecer as melhores estratégias para nele atuar.<br />

Contudo, no ano de 2006 foi contratada uma empresa internacional especializada em<br />

<strong>marketing</strong> de destinações turísticas, a Chias Marketing. De acordo com membros da Belotur,<br />

77


essa empresa atualmente desenvolve pesquisas de <strong>marketing</strong> envolvendo todos os agentes do<br />

trade <strong>turístico</strong> de Belo Horizonte e, em 2007, apresentará um projeto com as ações a serem<br />

realizadas, tanto na estruturação mais adequada quanto nas imagens apropriadas para a uma<br />

divulgação eficaz da destinação. Contudo, o material promocional que será desenvolvido a<br />

partir deste plano de <strong>marketing</strong> tem previsão de distribuição para 2007. Como o presente<br />

trabalho teve como foco o material distribuído entre janeiro e novembro de 2006, trata-se de<br />

um objeto de estudo desenvolvido sem nenhuma metodologia teórica.<br />

Ao analisar os meios de informação imparciais sobre a cidade de Belo Horizonte, notou-se um<br />

destaque especial para a cultura, as manifestações artísticas e a hospitalidade da população,<br />

características psicológicas que estão fortemente ligadas não só à capital mineira, mas ao<br />

estado de Minas Gerais. Outra característica amplamente divulgada nesses meios foi a<br />

diversidade de bares e gastronomia. A existência de bares na cidade não está apenas<br />

relacionada à quantidade, mas também faz parte da cultura do povo belo-horizontino, que<br />

utiliza esses lugares como pontos de encontro e confraternização. A tradição em bares e na<br />

gastronomia é tão forte na capital mineira que até mesmo eventos com a temática voltada para<br />

a culinária dos bares, como o “Comida di Buteco”, tem grande reconhecimento e é fortemente<br />

posicionado como um acontecimento típico da cidade. O comércio também possui grande<br />

importância na imagem do município. Sua existência, assim como a dos bares, também está<br />

ligada à cultura da população, pois lugares como a Savassi e o mercado central são<br />

tradicionais no município e também servem como descontraídos pontos de encontro dos<br />

habitantes. Outros locais, como shoppings e centros comerciais são bem característicos da<br />

capital. Juntamente com toda a estrutura voltada para os eventos, o turismo de negócios tem se<br />

concretizado como grande gerador de renda e um dos principais motivadores da atividade<br />

turística da capital, o crescimento da ocupação hoteleira em Belo Horizonte se deve ao que<br />

essa tipologia tem proporcionado à capital. Os complexos arquitetônicos, que<br />

paisagisticamente possuem imagens fortemente ligadas à cidade de Belo Horizonte, perdem<br />

um pouco de sua importância para as outras características, pois não são motivadores da<br />

atividade e sim atrativos que podem ser visitados durante a estadia na capital. Mesmo que não<br />

tenham sidos reconhecidos como as outras características classificadas, estes foram lembrados<br />

em quase todos os materiais pesquisados. Os atrativos naturais são bem representados nos<br />

materiais, contudo, a Serra do Curral, eleita símbolo de Belo Horizonte em 1995, apresenta<br />

problemas devido aos maus tratos causados pelo tempo, como a mineração e as queimadas.<br />

Em todo o material pesquisado, os pontos negativos são destacados e, dessa forma, a sua<br />

78


imagem perde um pouco do poder de atração. Belo Horizonte também se caracteriza por<br />

possuir diversos parques, todos eles, por meio de um projeto (ProParque) que beneficia a<br />

Fundação dos Parques Municipais, têm sido favorecidos no ano de 2006.<br />

A análise do material promocional impresso distribuído pela Belotur forneceu imagens de<br />

Belo Horizonte que, mesmo sendo atributos ou holísticas, apresentavam características<br />

funcionais. Assim sendo, os elementos que mais se destacaram foram os tangíveis, com<br />

destaque para os complexos arquitetônicos da Pampulha e da Praça da Liberdade. A Pampulha<br />

é sempre lembrada como uma grande obra do arquiteto Oscar Niemeyer e sua representação<br />

mais evidente é a Igreja de São Francisco de Assis. A Praça da Liberdade é recordada como<br />

uma mistura de estilos arquitetônicos, porém os destaques maiores são direcionados ao<br />

edifício Oscar Niemeyer e ao Palácio do Governo, com as palmeiras imperiais que formam<br />

um caminho até a sua entrada. Outros elementos que foram amplamente divulgados nos<br />

materiais são os atrativos naturais. Segundo a Belotur, Belo Horizonte destaca-se como uma<br />

capital com grandes espaços de área verde, além de ser cercada pela Serra do Curral. Os bares,<br />

a diversidade gastronômica e o comércio são recordados de forma considerável no material,<br />

porém o foco da propaganda é mais quantitativa, enquanto é pouco evidenciada a carga<br />

cultural que os lugares e os seus produtos possuem. Elementos que são valorizados nos outros<br />

materiais e que até mesmo a Belotur reconhece como importante para o turismo da capital, as<br />

tipologias de eventos e negócios, não recebem o destaque condizente com a sua importância e<br />

reconhecimento. Investe-se em eventos divulgando os outros atrativos em eventos específicos<br />

e não se produzem materiais que divulguem exatamente esses tipos de turismo. A cultura é<br />

representada no material, e especificamente destaca as manifestações artísticas. A<br />

hospitalidade é pouco divulgada. Uma das imagens que é promovida, especificamente no guia,<br />

é a propensão pra o turismo sexual. Como esse material aceita a inserção de anúncios pagos,<br />

boates e casas de strip-tease patrocinam propagandas de seus estabelecimentos, e divulgam<br />

fotos sensuais que evidenciam o turismo sexual. Como essas propagandas, geralmente,<br />

localizam-se em locais de destaque do guia, como nas capas coloridas e também em páginas<br />

centrais, e suas inserções ocupam muito espaço, essa tipologia é amplamente divulgada. No<br />

entanto, esta não é uma das imagens que foram encontradas nos materiais que divulgam Belo<br />

Horizonte com imparcialidade.<br />

Ao mensurar as imagens utilizando a teoria de Echtner & Ritchie (1991), nota-se que as<br />

divulgações de Belo Horizonte promovidas pela Belotur e pelas das fontes imparciais se<br />

aproximam em alguns aspectos. Percebe-se que, em ambas as análises, a maior parte das<br />

79


imagens de Belo Horizonte são compostas por atributos com características funcionais, além<br />

de estas serem comuns a outras destinações. Desta forma, a maioria das imagens turísticas de<br />

Belo Horizonte são comumente encontradas em outras destinações, são concretas e visíveis e,<br />

além disso, não representam BH de forma holística.<br />

Por outro lado, algumas imagens receberam ênfase nas fontes imparciais e não foram tão<br />

valorizadas no material promocional da Belotur, como as características psicológicas.<br />

Enquanto 21,42% das imagens da cidade são consideradas únicas e holísticas, apenas 12% são<br />

reconhecidas no material da Belotur. Essa diferença existe porque a hospitalidade, algo<br />

intangível e abstrato, não é apresentado no material, apenas recebe uma pequena consideração.<br />

O que se percebe é que existe uma preocupação em mostrar elementos concretos, pois esses<br />

são mais fáceis de serem representados. Porém, a hospitalidade é consideravelmente<br />

valorizada nas outras fontes consultadas.<br />

Em contrapartida, o material da Belotur valoriza as características funcionais que são apenas<br />

encontradas em Belo Horizonte e que tem uma representação holística da cidade, como é o<br />

caso dos complexos arquitetônicos da Pampulha e da Praça da Liberdade. Neste aspecto,<br />

outras fontes também divulgam esses destinos, porém estes não são tão valorizados como<br />

outros elementos mais comuns a outras destinações e que, no entanto, motivam mais a<br />

atividade turística na região que os complexos arquitetônicos.<br />

Um ponto bastante negativo observado no material da Belotur que em momento algum foi<br />

comentado nos outros materiais é a divulgação do turismo sexual. O que se percebe, por meio<br />

dos outros materiais, é que essa tipologia não é uma característica que compõe a imagem<br />

turística da cidade, e o grande erro da Belotur é divulgá-la mediante pagamento de um espaço<br />

de propaganda no guia <strong>turístico</strong> mensal. Com essa divulgação, o turismo sexual foi<br />

considerado o único atributo psicológico classificado entre as imagens de Belo Horizonte, e<br />

apesar de representar apenas 2% do total das imagens divulgadas, vale ressaltar que o guia é a<br />

peça de maior tiragem e em maior quantidade de vezes entre todos os outros materiais,<br />

segundo a Belotur.<br />

As características naturais também possuem divergências entre os objetos de estudo, pois<br />

enquanto o material da Belotur as divulgam como um grande potencial, os materiais<br />

imparciais apontam os problemas enfrentados por esses elementos.<br />

80


Ao comparar as duas análises, percebe-se que a divulgação das imagens da Belotur aproxima-<br />

se à do outros meios, mesmo apesar das divergências acima representadas. Nota-se que, se a<br />

imagem divulgada deve condizer com a realidade, e se essa realidade estiver mais próxima de<br />

tudo que é divulgado nos meios que não têm o interesse de persuadir um público alvo a se<br />

interessar por conhecer a localidade, o material da Belotur tem seguido um caminho certo,<br />

porém ainda não é o mais apropriado. Cabe, ainda, ressaltar que os materiais podem aliar-se<br />

ainda mais à realidade, pois a eficácia da divulgação está diretamente relacionada à sua<br />

proximidade com o verdadeiro. Assim sendo, a Belotur poderia divulgar com maior<br />

intensidade a hospitalidade do povo belo-horizontino, bem como relacionar diversos atributos<br />

que já são bastante divulgados, como o grande número de bares, restaurantes e centros<br />

comerciais, com a cultura da população local. Outro ponto que também pode receber um<br />

destaque maior é a vocação para turismo de eventos e de negócios, pois esses têm sido<br />

importantes geradores de renda para a capital, com destaque nacional. Até mesmo a Belotur<br />

reconhece que a vocação do turismo na cidade está voltada para essas tipologias, e o<br />

reconhecimento pode ser percebido na quantidade de eventos captados para a cidade pela<br />

própria empresa, assim como o crescimento da ocupação hoteleira nos últimos anos.<br />

A pesquisa foi uma forma de comparar como a divulgação persuasiva é feita em contrapartida<br />

à divulgação imparcial. Contudo, uma maneira de obter de forma precisa as imagens que<br />

devem ser divulgadas no material é a utilização de pesquisas de <strong>marketing</strong> envolvendo todo o<br />

trade <strong>turístico</strong> de Belo Horizonte. Segundo a Belotur, essa pesquisa foi realizada durante o<br />

ano de 2006, pela empresa especializada em <strong>marketing</strong> <strong>turístico</strong> Chias, e o plano de <strong>marketing</strong><br />

oriundo dessa pesquisa deve ser apresentado no ano de 2007. Dentre as estratégias<br />

apresentadas no plano, existirá uma nova proposta de material promocional impresso para a<br />

divulgação da capital mineira.<br />

Vale ressaltar que outros fatores podem influir na divulgação de uma destinação turística feita<br />

em material de propaganda impresso. Os outros fatores são: qualidade do papel, das<br />

fotografias e do design; quantidade de materiais que são desenvolvidos para divulgar uma<br />

destinação; e a tiragem destes. No caso da Belotur, o papel utilizado na produção dos<br />

materiais é couchet com variadas espessuras, sendo que as brochuras possuem capa dura. As<br />

fotografias, mesmo sem apresentar os créditos, são feitas por fotógrafos profissionais e o<br />

design e preparado por uma agência de publicidade. O material da Belotur analisado tem um<br />

total de 14 peças, cada um com uma tiragem diferente. Obviamente, determinar a qualidade do<br />

material, nestes aspectos, demandaria novas análises com outros direcionamentos.<br />

81


Enfim, após esta pesquisa, pode-se concluir que a imagem divulgada no material promocional<br />

impresso da Belotur aproxima-se da imagem imparcial que se tem da cidade e que, nesse<br />

aspecto, a divulgação de Belo Horizonte é favorável, mesmo não sendo a ideal.<br />

82


8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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REIS, Graziela. A Nova Savassi. Estado de Minas, Belo Horizonte, 11. jan. 2004. Caderno<br />

Economia. p. 6.<br />

86


9 – ANEXOS<br />

ANEXO 1 - Folders de divulgação de roteiros específicos de Belo Horizonte<br />

87


ANEXO 2 - Folder de divulgação da Igreja São Francisco de Assis<br />

88


ANEXO 3 - Folder BH – Belo Horizonte/Brasil<br />

89


ANEXO 4 - Folder Belo Horizonte: O nome dá a dica, mas não conta tudo<br />

90


ANEXO 5 - Quarto conjunto: Guia Turístico<br />

91


ANEXO 6 - Brochura destinada a investidores<br />

92


ANEXO 7 - Brochuras distribuídas durante o período de realização da reunião do<br />

Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID<br />

93

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