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AMOR PATERNO - AMOR MATERNO - Instituto Paulo Freire

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onde gente era comprada e vendida. O Brasil é um país que nasceu com a marca da<br />

exclusão. Herdamos, portanto, a insensibilidade diante da miséria.<br />

À insensibilidade social soma-se ainda o preconceito de muitos livros didáticos.<br />

Que referencial positivo pode ter a criança negra que vê no livros didáticos o negro<br />

sempre como escravo ou foragido e nunca como advogado, engenheiro ou médico? A<br />

criança negra acaba se envergonhando da sua história. Como pode ela construir a sua<br />

auto-estima e considerar a contribuição da nação afro-brasileira como marca da cultura<br />

brasileira se ela vê o negro representando sempre o submisso?<br />

Em algum lugar é preciso começar a desatar esse nó e todo lugar é válido: na<br />

escola, na universidade, na empresa, na família dos que a tem bem constituída. Mas<br />

além de mexer com a mentalidade, que leva tempo, é preciso atender, com urgência<br />

essas crianças através do trabalho, do estudo e da constituição da família, natural ou<br />

social, da criação de ambientes adequados que minimizem a falta de laços afetivos. É<br />

preciso acima de tudo de afeto no seu sentido etimológico, de “afetar”. Todos<br />

precisamos nos sentir afetados e responsáveis, mesmo não estando no trabalho de<br />

educar crianças em situação de risco. Não há problemas humanos para os quais não<br />

tenhamos dentro de nós todos recursos para solucioná-los.<br />

6 - O NASCIMENTO DO PAI-MÃE<br />

Se para o primeiro casamento o amor entre os noivos pode ser suficiente para<br />

iniciar uma relação feliz, não o é, certamente, para o segundo. Sempre disse e continuo<br />

dizendo para a Rejane, minha mulher: “Você não casou com este Moacir daqui apenas.<br />

Este Moacir daqui se chama também Dimitri e Inaê. Você está casa com três e agora<br />

com mais dois: a Tábata e, em breve, a Tainá”. E surgem também questões concretas<br />

sobre as quais é preciso falar: “como é que vai ficar quando você quiser ver a sua novela<br />

e a Inaê, o desenho animado? E nas férias? Você está disposta a viver com meus<br />

filhos?”<br />

Para que um segundo casamento “dê certo” é preciso, entre outras coias, muita<br />

conversa. Será preciso todo um trabalho, um trabalho paciente de conhecimento mútuo,<br />

de respeito, de consultas. Mas, sobretudo de respeito, respeito à individualidade do<br />

outro, dos outros. Só uma coisa não é suportável em qualquer relacionamento:<br />

humilhar o outro. A humilhação é o fim de qualquer relação. Ela começa pelo<br />

desrespeito. Ao contrário, uma relação só se alimenta e cresce humanamente quando se<br />

trata o outro com dignidade.<br />

Um segundo casamento costuma ser complicado porque permanecem sempre<br />

relações anteriores enquanto surgem novas relações: avós, tios, sobrinhos, conhecidos,<br />

etc. Afinal, deixa-se ou não de ter sogra, sogro, tio, tia...? Toca o telefone e os amigos<br />

não sabendo das mudanças, confundem os nomes. Ou pior (melhor?): os filhos tentam<br />

explicar a situação nova: pai, mãe, namorado, namorada, sogro, sogra... “Como devo<br />

chamar fulano ou fulana?” “O que ele é meu, pai?”... Essa confusão pode ser deliciosa<br />

se bem tratada. Mas pode transforma-se em tragédia se não for levada esportivamente,<br />

sem traumas, a sério, se não for aceita com serenidade e paciência. Porque estamos<br />

muito sensíveis logo após a separação, em geral, somos levados a dramatizar essas<br />

situações. Nesse momento, atitudes de respeito e serenidade, tão difíceis numa primeira<br />

fase de ruptura de um casamento, são muito importantes para o crescimento emocional<br />

dos filhos.<br />

Para os casais que vêem e vivem a separação como um drama interminável, tudo<br />

parece conspirar contra eles e contra os filhos que estão neste “páreo”. Como enfrentar?<br />

Minha reposta é simples: só com a verdade, a transparência. Finalmente, só se sustenta a<br />

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