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Ano XV Nº 152<br />
<strong>DE</strong>ZEMBRO 2007<br />
R$ 2,00<br />
www.uruatapera.com<br />
<strong>ANIVERSÁRIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>ORIXIMINÁ</strong><br />
Em clima de Natal e de virada do ano, a Praça do Centenário e a Praça de Santo Antonio, principais logradouros da cidade, se enfeitaram para a tripla comemoração.<br />
A cidade respira festa, em meio a inaugurações de obras e intensa programação que<br />
inclui shows, festivais de teatro e de música, apresentações natalinas e de reveillon.<br />
Mirante, passeios e o orquidário iluminados criam o clima de festa, realçado pela árvore de Natal estilizada. A última semana é curta para tanto que há para festejar na cidade.<br />
INTERAÇÃO<br />
Projeto cria<br />
estímulos aos<br />
novos leitores<br />
A Caravana da Biblioteca em<br />
Ação leva diversão educativa<br />
a crianças,jovens e adultos.<br />
POLÍTICA | PÁG 4.<br />
ESTRATÉGIA<br />
Argemiro já<br />
vê futuro sem<br />
a mineração<br />
Enquanto luta para aumentar<br />
royalties, o prefeito de Ori-<br />
Embarque de bauxita em Porto Trombetas: efi ciência no transporte.<br />
MÚSICA<br />
Secult lança<br />
CD pelo Selo<br />
Paranatinga<br />
Grupo Canto de Várzea, de<br />
Santarém, foi aquinhoado<br />
ximiná planeja alternativas. com a estréia do projeto.<br />
CIDA<strong>DE</strong>S | PÁG 3.<br />
REGIONAL| PÁG 5.<br />
HIDROVIA<br />
Rio Trombetas<br />
é exemplo de<br />
barateamento<br />
O uso do modal signifi ca custo<br />
baixo e alto lucro, sem agressão<br />
ao meio-ambiente.<br />
POLÍTICA | PÁG 4.<br />
Raízes afro-indígenas<br />
na coleta de castanha<br />
Quilombolas se dizem castanheiros em Oriximiná, primeira<br />
a titular terras de comunidades negras no País.<br />
VARIEDA<strong>DE</strong>S | PÁG 7.<br />
Ouriço de castanha, matéria-prima para artesanato e tradição .
2 <strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007<br />
SERVIÇO<br />
Reserva Biológica monitora tartarugas<br />
A Reserva Biológica do<br />
rio Trombetas (Rebio),<br />
em Oriximiná, santuário<br />
ecológico com<br />
diversidade ambiental espantosa,<br />
abriga muitos projetos<br />
científicos, como o desenvolvido<br />
pelo Instituto Nacional<br />
de Pesquisas da Amazônia<br />
(Inpa), de Manaus, em parceria<br />
com o Instituto Brasileiro<br />
do Meio Ambiente e dos Recursos<br />
Naturais Renováveis<br />
(Ibama) e a Mineração Rio<br />
do Norte (MRN). O Projeto<br />
Ecologia de Comunidades de<br />
Quelônios da Amazônia é<br />
um instrumento eficaz para<br />
descobrir as rotas de migração<br />
da tartaruga amazônica, que<br />
começa com sua desova, feita<br />
em tabuleiros nas prais da reserva.<br />
Pouco se conhece sobre<br />
as tartarugas de água doce, daí<br />
o pioneirismo do projeto. As<br />
Um sonho antigo há<br />
muito virou realidade<br />
em Oriximiná, onde os<br />
jovens não precisam mais<br />
sair de sua terra natal para continuar<br />
os estudos. A conquista<br />
foi possível graças à instalação<br />
do núcleo da Universidade<br />
Federal do Pará na cidade, em<br />
parceria com o município.<br />
A produção ceramista<br />
em Oriximiná é voltada<br />
principalmente para a<br />
fabricação de utensílios<br />
domésticos como panelas,<br />
pratos, tigelas, potes e alguidares.<br />
A maior parte dos artesãos<br />
utiliza a técnica do morrão<br />
ou rolinho, além de um tipo<br />
específico de barro limpo,<br />
encontrado em barreiros localizados<br />
em igarapés e cabeceiras<br />
de rios e que só pode ser<br />
retirado na maré baixa.<br />
Para avolumar e dar<br />
mais resistência ao barro, os<br />
artistas utilizam como “fermento”<br />
a casca do cariapé,<br />
espécie de madeira nativa da<br />
Diretora-Editora responsável<br />
Franssinete Florenzano<br />
Colaborador especial<br />
Emanuel Nassar<br />
Editoração eletrônica<br />
Calazans<br />
Fotolito e impressão<br />
Rua Gaspar Viana, 778<br />
Tel. 0xx91.32300777<br />
www.uruatapera.com<br />
uruatapera@uruatapera.com<br />
Av. Independência, 1857<br />
Oriximiná-PA. CEP 68270-000<br />
Tel/Fax. 0xx91.32221440<br />
CNPJ 23.060.825/0001-05<br />
primeiras tentativas de monitoramento,<br />
realizadas em 1989<br />
e em 2002, resultaram em<br />
algumas descobertas importantes<br />
sobre o modo de vida<br />
da espécie. Por exemplo, as<br />
tartarugas da Amazônia, após<br />
a desova, não permanecem no<br />
local, e resta saber para onde<br />
elas migram.<br />
Já foi constatado que,<br />
em dois dias, elas chegam a<br />
percorrer 65 quilômetros, o<br />
que sugere a possibilidade de<br />
que haja intercâmbio entre o<br />
Trombetas com outros rios,<br />
como o Tapajós”, deduz o<br />
doutor Richard Vogt, pesquisador<br />
do Inpa e coordenador<br />
do projeto.<br />
Há 14 espécies de tartaruga<br />
na região amazônica.<br />
Elas sempre retornam ao local<br />
onde nasceram para desovar,<br />
entretanto o tempo que elas<br />
O prefeito Argemiro<br />
Diniz destaca que os jovens<br />
de Oriximiná são privilegiados<br />
em ter uma oportunidade que<br />
é muito rara.”Segundo estudos<br />
realizados pelo Dr. Cristóvão<br />
Diniz, quando reitor<br />
da UFPA, de cada turma que<br />
terminava o ensino médio na<br />
região Amazônica, apenas um<br />
região, ou o cauixi, esponja de<br />
água doce que fica grudada nas<br />
árvores. Já a jutaicica (resina de<br />
jatobá) é utilizada na vedação<br />
interna das peças antes da<br />
queima, que também obedece<br />
um ritual todo especial,<br />
para garantir que a peça fique<br />
mais resistente e escurecida.<br />
A exploração sem replantio<br />
dessas espécies já resulta em<br />
certa dificuldade para encontrar<br />
os materiais utilizados na<br />
fabricação das peças.<br />
“A técnica de produção<br />
de cerâmicas quilombolas<br />
é elaborada, surpreendente<br />
mesmo”, garante Heliana<br />
Henriques, formada em Ar-<br />
TELEFONES ÚTEIS<br />
levam para chegar à fase adulta<br />
e o nível de sobrevivência dos<br />
filhotes após a desova ainda é<br />
desconhecido.<br />
Um dos objetivos das<br />
Milhares de metros cúbicos de madeira eram jogados fora. O município lutou e ganhou.<br />
estudante entrava na universidade,<br />
devido às dificuldades,<br />
principalmente para as pessoas<br />
dos municípios do interior,<br />
que tinham que se deslocar<br />
para os grandes centros urbanos<br />
e ainda concorrer com<br />
alunos da capital que podem<br />
fazer cursinhos especializados<br />
e tudo mais” relata.<br />
PREFEITURA MUNICIPAL <strong>DE</strong> <strong>ORIXIMINÁ</strong> ÀS SUAS OR<strong>DE</strong>NS<br />
Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319<br />
Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224<br />
Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169<br />
Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587<br />
Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119<br />
Além do projeto científi co, o Pé de Pincha preserva os quelônios e educa os ribeirinhos<br />
No início da operação<br />
do Projeto Trombetas,<br />
em 1979 , pela Mineração<br />
Rio do Norte – MRN, a<br />
madeira não considerada de<br />
lei era utilizada na secagem<br />
do minério.<br />
Depois de muita perda econô-<br />
Argemiro diz que o município<br />
vêm investindo na ampliação<br />
do acesso à educação<br />
superior, por acreditar que<br />
é através do conhecimento<br />
que a qualidade de vida da<br />
população pode melhorar. A<br />
prefeitura ainda investe mais<br />
de R$ 11 mil todos os meses<br />
em pessoal nos quadros ad-<br />
mica e, principalmente, ambiental,<br />
a atividade mineradora<br />
em Oriximiná passou a cuidar<br />
desses recursos naturais e a<br />
implantar projetos de manejo<br />
adequados às características<br />
locais. Atualmente os resíduos<br />
da biomassa, removidos<br />
ministrativos, serviços gerais e<br />
manutenção do prédio. “Esse<br />
esforço que estamos fazendo<br />
tem custo elevado, mas é um<br />
investimento que está sendo<br />
feito para a melhoria da qualidade<br />
de vida da população”,<br />
observa o prefeito.<br />
Os cursos hoje oferecidos,<br />
além de atender os<br />
para facilitar a mineração, são<br />
aproveitados para o reflorestamento.<br />
É importante notar<br />
que hoje os efeitos diretos da<br />
mineração não são grandes,<br />
assim como não são tão observáveis<br />
no mapa os efeitos<br />
indiretos.<br />
jovens de Oriximiná, também<br />
acolhem alunos de municípios<br />
vizinhos como Juruti, após ser<br />
firmada uma parceria entre as<br />
prefeituras. “É por isso que<br />
consideramos muito importante<br />
esse esforço, não só para<br />
o nosso município, mas toda<br />
a população desta região”,<br />
finaliza Argemiro.<br />
Cerâmica quilombola oriximinaense tem características especiais<br />
Artesã em processo de secagem de suas peças<br />
tes Industriais e que há cinco<br />
anos acompanha o trabalho<br />
das ceramistas como bolsista<br />
do Museu Paraense Emílio<br />
reservas biológicas é justamente<br />
a proteção dos animais<br />
que vivem nesse habitat, mas<br />
como as tartarugas da Amazônia<br />
não permanecem na<br />
Goeldi. O bonito artesanato<br />
local foi descoberto por<br />
acaso, quando começou o<br />
trabalho de educação junto<br />
reserva após a desova e migram<br />
para outras áreas, é preciso<br />
criar formas eficientes de<br />
proteção desses animais, uma<br />
vez que não adianta proteger<br />
Jovens oriximinaenses têm oportunidade de cursar nível superior<br />
às crianças da região. “A<br />
atividade de ceramista sofria<br />
muito preconceito por parte<br />
dos mais jovens e despertava<br />
pouco interesse nas crianças”,<br />
lembra Heliana que,<br />
na época, participava de um<br />
projeto de educação ambiental<br />
e patrimonial realizado<br />
no município pelo Museu<br />
Goeldi e Mineração Rio do<br />
Norte. “No início as crianças<br />
chamavam as cerâmicas de<br />
‘coisa de velho ou de índio’,<br />
mas hoje a situação já se inverteu”,<br />
revela.<br />
Depois de um intenso<br />
trabalho de valorização das<br />
cerâmicas quilombolas, a téc-<br />
apenas o local de desova, alertam<br />
os pequisadores.<br />
Outra informação relevante<br />
é a quantidade de tartarugas<br />
que sobe o rio Trombetas<br />
para desovar. Na década<br />
de 40 havia cerca de 30 mil<br />
tartarugas da Amazônia; nos<br />
anos 70, o número caiu para<br />
8 mil; em 80, eram 800 e,<br />
atualmente, não chega a 200<br />
tartarugas. Um outro desafio<br />
é saber por que esse número<br />
vem caindo.<br />
No início dos estudos,<br />
20 tartarugas da Amazônia<br />
receberam dois tipos de transmissores<br />
de localização: um<br />
por satélite e outro por ondas<br />
de rádio VHF. Além do monitoramento,<br />
o projeto inclui<br />
ainda divulgação e orientação<br />
às comunidades localizadas<br />
nas rotas de migração mais<br />
prováveis das tartarugas.<br />
Destinação sustentável da madeira<br />
nica preservada pela memória<br />
de dona Zuleide, a decana<br />
das artesãs na comunidade<br />
remascente dos antigos quilombos<br />
da Boa Vista, passou<br />
a despertar o interesse de toda<br />
a comunidade, inclusive das<br />
crianças.<br />
Hoje, consciente da importância<br />
deste trabalho para a<br />
preservação cultural e histórica<br />
do seu povo, Zuleide ensina<br />
a técnica a todos aqueles que<br />
a procuram, na sua humilde<br />
casa.Ao lado da cerâmica Konduri,<br />
de influência dos indígenas<br />
que habitavam a região, a<br />
quilombola tem características<br />
marcantes.<br />
Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681<br />
Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072<br />
Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371<br />
Hospital Municipal – (93) 3544 1370<br />
Defensoria Pública – (93) 3544 4000<br />
Fórum – (93) 3544 1299<br />
Polícia Civil – (93) 3544 1219
Oriximiná planeja futuro<br />
sem mineração de bauxita<br />
O projeto “Memórias<br />
do Professor Assunção”,<br />
coordenado pelas<br />
professoras Adriana<br />
Marinho Pimentel e Eldra<br />
Carvalho da Silva, envolveu<br />
toda a comunidade escolar<br />
e resultou em avanços na<br />
qualidade do ensino. As pesquisas<br />
revelaram que o educandário<br />
foi fundado dia 08<br />
de setembro de 1953, com a<br />
denominação de Escola Rural,<br />
na administração do prefeito<br />
Antônio Machado Imbiriba.<br />
O resgate da história<br />
não apenas determinou nomes,<br />
datas ou instrumentos<br />
jurídicos. Também aumentou<br />
a auto-estima de alunos e<br />
ex-alunos, professores e funcionários,<br />
e das pioneiras na<br />
direção da escola, as senhoras<br />
Maria Rosi Calderaro (1ª<br />
diretora), Neide Souza, Ieda<br />
Wanzeller, Raimunda Batista,<br />
Ormezinda Souza, Célia Via-<br />
Escola resgata sua história<br />
na, Carmem da Gama Carvalho,<br />
Fátima Aragão e Lílian dos<br />
Anjos Seixas, que, com todas<br />
as dificuldades enfrentadas, ao<br />
longo do tempo contribuíram<br />
com a trajetória educacional,<br />
social e política da instituição.<br />
O nome Escola Rural<br />
adveio do fato da escola ter<br />
sido construída com verbas<br />
destinadas às escolas da zona<br />
rural, porque sua localização<br />
era fora do perímetro urbano<br />
da época. Após alguns anos,<br />
passou a ser “Escolas Reunidas<br />
Professor Assunção” e, mais<br />
tarde, “Escola Estadual de 1º<br />
grau Professor Assunção”.<br />
Municipalizada através do<br />
Decreto n. º 20/2000, passou<br />
a se chamar “Escola Municipal<br />
de Ensino Fundamental “Professor<br />
Assunção”.<br />
A escola hoje é liderada<br />
por Eldra Carvalho da Silva<br />
(diretora), Heraldina Moitinho<br />
Bentes e Rosana Diniz<br />
(vice-diretoras) e Socorro<br />
Calderaro Andrade (secretária).<br />
Há uma equipe de 51<br />
profissionais, entre funcionários<br />
e professores, e 812<br />
alunos, todos envolvidos no<br />
desenvolvimento um processo<br />
de ensino-aprendizagem de<br />
qualidade.<br />
Os pilares da educação<br />
“saber ser”, “saber fazer” e<br />
“saber conhecer”, inspiram a<br />
escola. A idéia é que o conhecimento<br />
pode ser construído,<br />
e o ser humano precisa ser formado<br />
e se firmar dentro de três<br />
dimensões imprescindíveis:<br />
técnica, política e humanista, de<br />
modo que fique apto e se torne<br />
capaz de influenciar e transformar,<br />
com respeito e cidadania,<br />
a realidade em que vive.<br />
A direção da escola Professor<br />
Assunção enfatiza que<br />
almeja um ensino-aprendizagem<br />
de qualidade, além de<br />
formar cidadãos conscientes<br />
CIDA<strong>DE</strong>S<br />
a correção do solo. “Mas se<br />
PAULO LEANDRO LEAL<br />
ESPECIAL<br />
o agricultor não plantar é retirado<br />
do programa”, explica<br />
A cidade de Oriximiná,<br />
o Secretário de Agricultura e<br />
no oeste do Pará, se<br />
Abastecimento, Alfeu Santos<br />
diferencia das demais<br />
Carpeggiani.<br />
cidades ribeirinhas<br />
Segundo Argemiro<br />
localizadas na margem do Rio<br />
Diniz, o programa tem um<br />
Amazonas. Há mais de dez<br />
mecanismo para evitar a de-<br />
anos, é um canteiro de obras<br />
pendência e incentivar o agri-<br />
permanente. Quase 100% das<br />
cultor a trabalhar sem a ajuda<br />
ruas são asfaltadas. Os prédios<br />
do governo municipal. A cada<br />
públicos são limpos e bem<br />
ano a prefeitura retira um pou-<br />
cuidados. A população tem<br />
co o apoio. No segundo ano,<br />
acesso a uma série de progra-<br />
por exemplo, o produtor já é<br />
mas sociais que não existem<br />
obrigado a arcar com os custos<br />
em outros lugares. As crianças<br />
do combustível utilizado na<br />
têm escolas mais estruturadas.<br />
mecanização. “Eles compram<br />
O Índice de Desenvolvimento<br />
o combustível antecipado”,<br />
Humano está entre os melho-<br />
comemora Argemiro Diniz.<br />
res da região.<br />
Segundo ele, em três anos a<br />
Localizado na margem<br />
produção agrícola no municí-<br />
esquerda do Rio Amazonas, o<br />
pio cresceu mais de 300%. “É<br />
município de Oriximiná tem<br />
uma atividade que gera uma<br />
uma grande reserva de bauxita<br />
cadeia produtiva muito gran-<br />
(matéria-prima do alumínio)<br />
de, com grande capacidade de<br />
em seu território, explorada<br />
geração de emprego e renda”,<br />
pela Mineração Rio do Norte<br />
explica.<br />
(MRN). A exploração mineral<br />
A geração de emprego<br />
garante ao município recursos<br />
e renda também será possí-<br />
de mais de R$ 50 milhões<br />
vel com incentivos à criação<br />
por ano, através do repasse da<br />
de uma cadeia produtiva da<br />
Compensação Financeira pela<br />
piscicultura e avicultura. Atu-<br />
Exploração Mineral (Cfem)<br />
almente, são poucos os cria-<br />
e impostos municipais. Este<br />
dores de peixe em cativeiro no<br />
dinheiro garante a execução<br />
município. Mas esta realidade<br />
das obras e a manutenção dos Argemiro Diniz: é preciso planejar o futuro desde já pode mudar. Um antigo gal-<br />
programas sociais. Mas até<br />
pão abandonado que servia de<br />
quando? E quando o minério estar preparados para isso, com ser plantadas em larga escala. depósito de Castanha do Pará<br />
acabar?<br />
uma diversificação econômica O projeto já vem ajudando a vai dar lugar a uma fábrica de<br />
A expectativa é que o que garanta a sustentabilidade melhorar a qualidade de hor- ração. A prefeitura está inves-<br />
minério localizado naquela de nossa economia e a qualitas comunitárias localizadas tindo mais de R$ 300 mil no<br />
região seja explorado por pelo dade de vida de nosso povo”, no entorno da cidade, mas projeto. A matéria-prima será<br />
menos mais 30 anos. Mas o diz o prefeito, apostando na o objetivo mesmo é expan- adquirida dos agricultores do<br />
município já deve começar a agricultura para garantir um dir a tecnologia para todo o próprio município e a ração<br />
perder receita em 2009, quan- futuro tão rico quando o pre- município.<br />
vai fomentar a criação de<br />
do a MRN vai abrir o Platô sente. “A agricultura é um dos Com os recursos da peixe em cativeiro e a avicul-<br />
Bela Cruz, encravado entre grandes potenciais do nosso mineração, pretende-se distura, com o uso de tecnologias<br />
Oriximiná e o município de município”, diz.<br />
seminar o uso de tecnolo- que garantam aumento da<br />
Terra Santa. A Cfem terá que Uma visita à cidade gias de ponta no campo. A produtividade.<br />
ser dividida com o município mostra que a preocupação mecanização agrícola, por A busca por novas tec-<br />
vizinho. Depois, vai haver relatada pelo prefeito não é exemplo, vem se expandido nologias para a agricultura<br />
divisão de recursos também apenas discurso de político. O em Oriximiná. A prefeitura levou uma equipe da prefei-<br />
com o município de Faro. parque de exposições agrope- mantém um programa que tura até Israel, país que detém<br />
Como manter o padrão da cuárias de Oriximiná é o mais atende pequenos agriculto- tecnologias agrícolas que estão<br />
cidade, os programas sociais e bem estruturado de todo o res. Mais de mil hectares de entre e as mais avançadas do<br />
qualidade de vida da população oeste paraense. Lá também terras foram mecanizadas nos mundo. Lá, o prefeito e sua<br />
sem o dinheiro e os empregos está uma experiência única últimos anos, atendendo mais equipe conheceram técni-<br />
da atividade mineral? na região: uma estufa que de 500 produtores de todo o cas de irrigação que podem<br />
Há três anos o prefeito tem capacidade para simular município. Cada agricultor transformar áreas arenosas em<br />
Argemiro Picanço Diniz se faz diversas situações de clima e tem um pequeno pedaço de terrenos férteis para a agricul-<br />
a mesma pergunta, em busca solo, para plantio experimen- terra mecanizado, onde planta tura. “Eles tem uma área lá<br />
de projetos que garantam o tal de diferentes culturas. O arroz, milho, feijão, melancia muito parecida com uma que<br />
futuro de seu município sem objetivo é identificar as cul- e outras culturas. O municí- temos aqui em Oriximiná, no<br />
a atividade mineral. “Um dia o turas que mais se identificam pio ainda garante assistência estuário do Rio Amazonas”,<br />
minério vai acabar e temos que com a região para que possam técnica e o calcário para fazer disse Argemiro.<br />
de seus direitos e deveres, por<br />
isso adaptou o Regimento<br />
Escolar à sua realidade.<br />
Há um atuante serviço<br />
de Coordenação Educacional,<br />
compromissado com o<br />
Projeto Político-Pedagógico<br />
da escola e com a qualidade<br />
da formação de seus alunos,<br />
que busca estratégias para<br />
aprimoramento contínuo da<br />
qualidade da educação. Nesse<br />
sentido, a gestão Escolar e a<br />
equipe são articuladas e centradas<br />
no aluno.<br />
A transversalidade, a<br />
interdisciplinaridade e a contextualização<br />
são pilares em<br />
que se assenta a proposta<br />
pedagógica da “Professor Assunção”.<br />
A qualidade de todos<br />
os trabalhos da Escola, tanto<br />
pedagógicos quanto administrativos,<br />
são debatidos em<br />
palestras e encontros pedagógicos.<br />
A instituição é referência<br />
em Oriximiná.<br />
informes<br />
O<strong>Uruá</strong>-<strong>Tapera</strong> completa,<br />
nesta edição, 16 anos. Um<br />
sonho real, uma ferramenta<br />
efi caz, um espaço genuinamente<br />
regional, fruto de enorme esforço<br />
que gratifica pelo seu alcance.<br />
Aproveitamos para agradecer aos<br />
leitores, colaboradores e anunciantes<br />
a confi ança e o estímulo<br />
que nos impulsionam a continuar<br />
na luta por fazer cada vez mais e<br />
melhor, de modo a oferecer informação<br />
séria e comprometida com<br />
os interesses do nosso Estado. A<br />
todos, um belo e abençoado Natal;<br />
e que no Ano Novo sigamos construindo<br />
uma sociedade mais justa<br />
e igualitária.<br />
16 anos do <strong>Uruá</strong>-<strong>Tapera</strong><br />
<strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007 3<br />
“Uma data em que um projeto sonhado merece<br />
aplausos pela sua e concretização com muita garra<br />
e competência acima de tudo. Parabéns pelo nobre<br />
<strong>Uruá</strong>-<strong>Tapera</strong> que muito bem retrata nosso Oeste<br />
paraense. Em nome de meus conterrâneos oriximinaenses,<br />
felicito a jornalista Franssinete Florenzano pelo<br />
empreendimento”. (Mensagem do Deputado Júnior<br />
Ferrari, que agradecemos, sensibilizados.)<br />
Letras & Música<br />
Foi emocionante o Concerto de Final de Ano, na Casa<br />
de Cultura Historiador João Santos, executado pela<br />
Filarmônica Municipal Professor José Agostinho. Na<br />
ocasião, foi lançada a 5ª edição da obra “Santarém,<br />
Momentos Históricos”, de autoria do maestro Wilde<br />
Fonseca.<br />
1° ano já passou<br />
Teve passeata e ato público de indignação pelo 1º<br />
aniversário de inauguração e não funcionamento<br />
do hospital regional de Santarém. União de Entidades<br />
Comunitárias de Santarém, Pastoral da Criança,<br />
Famcos, Associação de Mulheres Domésticas de<br />
Santarém, profi ssionais liberais e lideranças políticas<br />
engrossaram o protesto. Um manifesto foi distribuído<br />
à população.<br />
Cura natural<br />
As propriedades medicinais dos ungüentos e ervas<br />
usados pelos remanescentes quilombolas em Oriximiná<br />
servirão de base para a tese do doutorando<br />
Danilo de Oliveira. A proposta é revelar substâncias<br />
possíveis de serem usadas na fabricação de remédios<br />
para o sistema respiratório e nervos.<br />
O estudo poderá trazer aproveitamento econômico<br />
para as comunidades negras. Oriximiná tem 33 comunidades<br />
remanescentes de quilombos, onde vivem<br />
cerca de 6 mil pessoas. O prazo para a conclusão<br />
da tese de doutorado é até o início de 2009.<br />
Bom desempenho<br />
A secretária de Pesca, Socorro Pena, está fazendo um<br />
bom trabalho. Alia profi ssionalismo a simpatia, o que<br />
não é pouco e nem comum.<br />
Itaituba reivindica<br />
“Temos 200 Km de malha viária dentro da cidade, dos<br />
quais 120 Km são asfaltados, mas 60% estão danifi -<br />
cados. Esperamos que o Asfalto Participativo possa<br />
atender nossa demanda. Além disso, nossa cidade<br />
não tem um ginásio de esportes e um estádio. Itaituba<br />
tem 120 mil habitantes, e a economia é baseada na<br />
extração da madeira e do ouro, pecuária e agricultura.<br />
Estamos buscando alternativas para ampliar a economia<br />
do município. Temos uma usina de cimento<br />
em nossa cidade, acredito que a verticalização dos<br />
diversos setores dará resultado na geração de emprego<br />
e renda” (prefeito Roselito Soares, de Itaituba,<br />
reivindicando à governadora Ana Júlia).<br />
Asfalto em Almeirim<br />
A Seplan celebrou convênio com a prefeitura de Almeirim<br />
para pavimentação asfáltica de 23 mil metros<br />
quadrados em vias urbanas nos bairros de Intermediário<br />
e Vila Nacional. A obra deve fi car pronta em junho<br />
de 2008, data fi nal de vigência do convênio.
4 <strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007<br />
POLÍTICA<br />
Espera pela energia ganha novo alento<br />
Os municípios da Calha<br />
Norte esperam ansiosos<br />
a execução do projeto<br />
de transmissão de energia<br />
da hidrelétrica de Tucuruí<br />
através da transposição do<br />
rio Amazonas. O prefeito de<br />
Oriximiná, Argemiro Diniz,<br />
lidera o movimento há vários<br />
anos.<br />
O projeto para atender<br />
os municípios da margem esquerda<br />
do rio Amazonas está<br />
pronto e prevê um trecho de<br />
quatro quilômetros de transmissão<br />
do linhão sob o leito<br />
do rio, com uso de tecnologia<br />
dinamarquesa e, segundo<br />
ele, com riscos ambientais<br />
mínimos. Esse trecho de<br />
transmissão subaquática seria<br />
Anualmente passam<br />
pelo porto do rio Trombetas<br />
cerca de 365 navios,<br />
que fazem o transporte<br />
de minério de bauxita, a<br />
custos baixíssimos e de forma<br />
segura. A eficiência do modal<br />
hidroviário é atestada pelos<br />
lucros da Mineração Rio do<br />
Norte, que para desfrutar da<br />
navegabilidade do rio o ano<br />
inteiro precisa se preocupar<br />
apenas em manter a sinalização<br />
e o monitoramento. O<br />
trabalho é executado em duas<br />
regiões distintas, uma a jusante<br />
(rio abaixo) e outra de mesma<br />
extensão, a montante (rio<br />
acima), cada uma com cerca<br />
de 35 km de extensão, com<br />
a cidade de Porto Trombetas<br />
sendo o centro.<br />
Já foram realizadas várias<br />
excursões de pesquisa para a<br />
região, uma na época da enchente,<br />
outra na cheia e uma<br />
na vazante. O objetivo é obter<br />
diferentes amostras para informações<br />
mais precisas sobre o<br />
real impacto da passagem dos<br />
navios. Após essas verificações,<br />
é possível identificar as espécies<br />
existentes, as semelhanças<br />
na composição da ictiofauna<br />
ao longo do rio, além de detalhes<br />
sobre a alimentação e<br />
reprodução dos peixes.<br />
As maioria das pessoas<br />
Diversos programas<br />
são oferecidos pela prefeitura<br />
de Oriximiná<br />
para incentivar o gosto<br />
pela leitura. A Caravana da<br />
Biblioteca em Ação leva a estudantes<br />
diversão educativa. A<br />
cada mês, um grupo de artistas<br />
escolhe uma lenda regional<br />
para ser contada, encenada e<br />
até cantada nas escolas, por um<br />
músico da terra. A Sessão de<br />
Filmes de Literatura Infantil<br />
atrai um bom público toda<br />
sexta-feira para a sala de vídeo<br />
da biblioteca municipal. O<br />
projeto Biblioteca Itinerante<br />
leva obras do acervo da biblioteca<br />
para que crianças que<br />
não podem ir ou moram em<br />
locais distantes tenham acesso<br />
à literatura. Os resultados têm<br />
sido gratificantes. Trata-se de<br />
uma ótima oportunidade para<br />
que os alunos pratiquem o<br />
exercício da leitura.<br />
O Consórcio da Biblioteca<br />
é um interessante<br />
convênio que permite<br />
o registro e o controle da<br />
freqüência com que os estudantes<br />
de dez escolas da<br />
entre os municípios de Santarém<br />
e Alenquer. Depois de<br />
implantada, a linha de transmissão<br />
deverá se estender a<br />
Almeirim, Prainha, Monte<br />
Alegre, Curuá, Alenquer,<br />
Óbidos, Oriximiná, Faro e<br />
Terra Santa.<br />
O secretário de Planejamento<br />
de Oriximiná, Francisco<br />
Florenzano, enfatiza que<br />
os municípios não podem<br />
abrir mão da grande chance<br />
de desenvolvimento que<br />
se apresenta com a energia<br />
farta, que certamente abrirá<br />
novas fronteiras produtivas e<br />
alavancará as oportunidades<br />
de negócios em toda a região,<br />
gerando emprego e renda para<br />
a população.<br />
pensa que não é importante<br />
saber o que o peixe come,<br />
como ele se reproduz, conta<br />
o prefeito de Oriximiná, Argemiro<br />
Diniz. No entanto, o<br />
que se observa é o contrário,<br />
porque esses estudos terão<br />
impactos econômicos, sociais<br />
e ambientais para a Amazônia,<br />
garante, destacando que não<br />
há desenvolvimento sem a exploração<br />
dos recursos naturais.<br />
Segundo o prefeito, sempre há<br />
um preço a ser pago.<br />
No caso do transporte da<br />
bauxita, o produto gera divisas<br />
para o país e promove o crescimento<br />
econômico da região.<br />
Conhecer os eventuais problemas<br />
ambientais decorrentes<br />
da atividade e tentar amenizar<br />
seus efeitos são atividades necessárias.<br />
Argemiro frisa que<br />
esses estudos de impacto são<br />
fundamentais para a credibilidade<br />
dos projetos junto às<br />
comunidades, o que não ocorreu,<br />
por exemplo, quando da<br />
construção da Usina Hidrelétrica<br />
de Balbina, no município<br />
de Presidente Figueiredo. Na<br />
época foram tomadas decisões<br />
políticas que determinaram<br />
que a saída para o problema<br />
da falta de energia elétrica na<br />
região seria a construção da<br />
usina. Houve um preço alto.<br />
Com a obra, parte da reserva<br />
Biblioteca Municipal incentiva gosto pela leitura<br />
rede municipal e estadual<br />
vão até a biblioteca pública<br />
do município.<br />
Há, ainda, um Concurso<br />
de Poemas para os Visitantes<br />
da Biblioteca Municipal. A<br />
iniciativa descobre e incentiva<br />
talentos emergentes, além de<br />
divulgar a arte literária do<br />
município. Através do projeto<br />
Resgate do Acervo, livros que<br />
foram emprestados e não devolvidos<br />
retornam à biblioteca.<br />
Número significativo de obras<br />
já foi recuperado. O projeto<br />
Permuta ou Acervo Excedente<br />
proporciona a troca, entre<br />
outras bibliotecas públicas e<br />
professores, de obras repetidas,<br />
de modo a ampliar a oferta<br />
de títulos aos freqüentadores<br />
da Biblioteca Municipal, que<br />
assim fica permanentemente<br />
atualizada.<br />
Cursos de capacitação<br />
são oferecidos aos funcionários,<br />
como forma de qualificar,<br />
reciclar e aperfeiçoar os<br />
recursos humanos. Os cursos<br />
envolvem atendimento, catalogação<br />
de obras e até restauração<br />
adequada.<br />
Argemiro Diniz tem reivindicado há anos energia do linhão<br />
Proposta de Fundo mineral<br />
baseado em seqüestro de carbono<br />
O Ibram – Instituto Brasileiro<br />
de Mineração<br />
vem discutindo com<br />
empresas mineradoras<br />
a viabilidade de criar um fundo<br />
mineral, com abordagem<br />
conceitual inovadora, utilizando<br />
ferramentas previstas<br />
no Protocolo de Kyoto. A<br />
idéia, explica o prefeito de<br />
Oriximiná, Argemiro Diniz,<br />
é viabilizar o fundo a partir<br />
de ativos que já existem nas<br />
empresas ou que podem vir<br />
a existir, a um custo baixo de<br />
capitalização.<br />
“Um exemplo disso é<br />
a geração de receitas a partir<br />
de projetos de créditos de<br />
seqüestro de carbono”, revela.<br />
De acordo com Argemiro,<br />
o fundo mineral traz em sua<br />
construção vários desafios, a<br />
começar pelo mecanismo de<br />
capitalização via venda de certificados<br />
de CO2. Outro ponto<br />
pioneiro é a possibilidade de<br />
utilizar recursos do fundo para<br />
fazer frente a contingências<br />
ambientais que possam surgir,<br />
o que vem atender demanda<br />
concreta das mineradoras.<br />
Oriximiná é modelo com o desempenho da Hidrovia do Trombetas<br />
Com cuidados permanentes, o Trombetas contribui para viabilizar empreendimentos locais.<br />
indígena Waimiri-Atroari teve<br />
que ser inundada para dar lugar<br />
ao lago, além da perda de espécies<br />
de árvores nativas.<br />
O rio Trombetas é<br />
afluente da margem esquerda<br />
do rio Amazonas.<br />
No início da década de<br />
90, o prefeito Argemiro Diniz<br />
lembra que o Trombetas era<br />
o segundo em quantidade de<br />
espécies de peixes conhecidas<br />
para um único rio (342<br />
espécies), atrás apenas do<br />
rio Negro, com 450. Além<br />
disso, o Trombetas também<br />
apresentava um elevado rendimento<br />
pesqueiro potencial,<br />
com captura por unidade<br />
de esforço de até 100g de<br />
peixe por metro quadrado de<br />
malhadeira armada, por dia.<br />
Estudos mais recentes já apontam<br />
o Trombetas em terceiro<br />
lugar na quantidade de peixe<br />
por metro quadrado por dia,<br />
com 120g, conta.<br />
Entre os locais estudados,<br />
o primeiro é Lago do<br />
Inácio, localizado no muni-<br />
cípio de Manacapuru, com<br />
190g/m2/dia, depois o rio<br />
Araguaia no Parque Estadual<br />
do Cantão, com 181g/m2/dia.<br />
Isso ocorre porque em rios de<br />
águas brancas a quantidade<br />
de nutrientes é maior, uma<br />
vez que os solos são mais<br />
férteis. Nos rios Uatumã, Jaú<br />
e Negro (Arquipélago das<br />
Anavilhanas) são encontrados<br />
apenas 72g, 46g e 41g de peixe<br />
por m2/dia, respectivamente,<br />
porque as águas pretas são<br />
bem menos produtivas.<br />
Em relação à área de<br />
Porto Trombetas, outras variáveis<br />
também influenciam<br />
na diversidade de espécies e<br />
na quantidade de peixes, como<br />
por exemplo, a circulação de<br />
embarcações entre Oriximiná<br />
e porto de Trombetas, além<br />
das comunidades que moram<br />
próximas da região. Outro<br />
fator é a Reserva Biológica<br />
(Rebio) de Trombetas, que<br />
fica próxima a Porto Trombetas<br />
e protege a área de impactos<br />
ambientais mais intensos.<br />
O prédio novo da Biblioteca Municipal , confortável e adequado, facilita as consultas e visitas guiadas de estudantes.
REGIONAL<br />
Deputados aprovam emendas à LOA<br />
A Assembléia Legislação de recursos orçamentários Cavalaria do 3º Batalhão da Antonio Rocha e Carlos foram assegurados recursos Von declarou que ficará<br />
tiva do Estado do Pará para a construção de ponte Polícia Militar – BPM em Martins, foram assegurados adicionais para manutenção vigilante no sentido de que,<br />
aprovou, com emen- em concreto sobre o rio Mo- Santarém, no valor de R$ dois milhões de reais no das atividades do Corpo de tanto os recursos propostos<br />
das, o Projeto de Lei juí, na rodovia estadual PA- 250.000,00, e a implantação Orçamento Geral do Esta- Bombeiros em Santarém, pelos parlamentares quanto os<br />
Orçamentária do Estado do 445, dentro da Vila de Mojuí de Grupamento do Corpo de do/2008 para recapeamento para os próximos 4 anos recursos orçamentários de ini-<br />
Pará para o exercício de 2008, dos Campos, no valor de R$ Bombeiros em Alenquer, no asfáltico de parte da rodovia (2008 – 2011), dentro do ciativa do Governo do Estado<br />
no último dia 18. O deputado 504.426,00.<br />
valor de R$ 275.000,00. Everaldo Martins, que liga Plano Plurianual do Governo sejam efetivamente liberados<br />
Alexandre Von (PSDB-PA) • Além disso, obteve a am- Numa iniciativa con- a cidade de Santarém à Vila do Estado do Pará, da ordem e aplicados em benefício da<br />
conseguiu aprovar a destinapliação do Grupamento de junta de Alexandre Von, de Alter do Chão. Também de R$ 750.000,00/ano. população do Oeste do Pará.<br />
Várias personalidades<br />
de Santarém foram<br />
agraciadas com títulos<br />
de Cidadão do Pará e Honra<br />
ao Mérito, por terem se destacado<br />
ao longo de 2007 em diferentes<br />
ramos de atividades e<br />
relevantes serviços prestados à<br />
população do Pará. Dentre os<br />
homenageados indicados pelo<br />
deputado estadual Alexandre<br />
Alepa concede títulos honorífi cos a personalidades da região<br />
Von, merecedores do respeito,<br />
da gratidão e da importância<br />
do trabalho que prestam à população<br />
do Oeste do Pará, no<br />
ramo da educação e da cultura,<br />
figuram o Irmão José Ricardo<br />
Kinsman, diretor do Colégio<br />
Dom Amando, a quem foi<br />
outorgado o título honorífico<br />
de “Cidadão do Pará”.<br />
O Irmão Ronaldo David<br />
Hein, coordenador da Pastoral<br />
do Menor no município de<br />
Santarém, também recebeu o<br />
título de “Cidadão do Pará”.<br />
O maestro José Agostinho<br />
da Fonseca Neto, coordenador<br />
da Escola de Música<br />
e da Orquestra Jovem Wilson<br />
Fonseca, foi agraciado com o<br />
título de “Honra ao Mérito”,<br />
assim como o maestro Wilde<br />
Secult lança CD Canto de Várzea em Santarém<br />
O governo do Estado,<br />
em parceria com a<br />
Prefeitura Municipal<br />
de Santarém, lança,<br />
nesta sexta-feira (21), o<br />
primeiro CD do grupo<br />
“Canto de Várzea”. Será a<br />
estréia do mais recente projeto<br />
da Secretaria de Estado<br />
de Cultura, o Selo Paranatinga,<br />
criado para divulgar e<br />
promover o registro da obra<br />
de grupos musicais tradicionais<br />
do Pará. O Selo é<br />
uma homenagem ao poeta<br />
Ruy “Paranatinga” Barata.<br />
O Canto de Várzea<br />
completou 25 anos de história<br />
e por ele já passaram<br />
vários músicos, intérpretes<br />
e compositores santarenos.<br />
O grupo é formado<br />
atualmente pelos músicos<br />
Emir Bemerguy Filho,<br />
Beto Paixão, Antônio Álvaro,<br />
Nicolau Paixão, João<br />
Otaviano, Everaldo Martins<br />
Filho, Sebastião Oliveira<br />
e Samuel Lima. O estilo<br />
adotado pelos oito músicos<br />
é tipicamente regional, com<br />
canções que falam da Amazônia,<br />
desde as lendas até as<br />
questões ambientais.<br />
Everaldo Martins Filho<br />
destaca o pioneirismo<br />
da produção. “O Canto de<br />
Várzea é o primeiro grupo<br />
com trabalho registrado<br />
pelo novo selo. É importante<br />
a valorização dos músicos<br />
do interior, somos um dos<br />
poucos grupos que tratam<br />
de questões culturais e<br />
ambientais da nossa região<br />
dentro do nosso trabalho”,<br />
explica. O lançamento terá<br />
show do grupo no Iate<br />
Clube de Santarém, a partir<br />
das 22 horas, com entrada<br />
franca.<br />
Dias da Fonseca, que obteve<br />
reconhecimento de suas ações<br />
de valorização da educação e<br />
das artes, bem como do resgate<br />
do passado histórico de<br />
Santarém, por indicação do<br />
deputado Carlos Martins.<br />
Wilde Fonseca é autor<br />
do livro “Santarém: Logradouros<br />
Públicos”, lançado<br />
este ano, com a impressão<br />
Ao discutir a proposta<br />
do Executivo para empréstimo,<br />
o deputado Júnior Ferrari<br />
chamou a atenção ao declarar<br />
que é favorável desde que melhore<br />
a qualidade de vida dos<br />
que moram no Pará. Ferrari<br />
referiu-se aos R$ 150 milhões<br />
que, segundo o governo do<br />
Estado, serão aplicados em<br />
recuperação de vicinais. “É<br />
preciso ter responsabilidade<br />
na gestão dessa verba. Todos<br />
os municípios paraenses têm<br />
que ser contemplados com<br />
essa verba e o projeto do<br />
Executivo não especifica”,<br />
sentenciou.<br />
patrocinada pela Prefeitura<br />
de Santearém. Nas 44 páginas<br />
do livro, aborda a história<br />
de praças, avenidas, ruas e<br />
travessas do município. Na<br />
sessão solene, o maestro foi<br />
representado por Benedito<br />
Fonseca, seu filho.<br />
Títulos de “Cidadão do<br />
Pará” também foram concedidos<br />
a personalidades nascidas<br />
Ferrari exemplificou<br />
que a Bolsa Trabalho não<br />
chegou até a região Oeste,<br />
onde atua, e sentiu o impacto<br />
da cobrança. “Tem<br />
muita gente que pergunta:<br />
deputado, o que o senhor está<br />
fazendo lá que não pede por<br />
nós?”, relatou o parlamentar,<br />
que prefere mostrar trabalho<br />
através de projetos, emendas,<br />
requerimentos e moções.<br />
“São muitos os pedidos feitos<br />
pelos deputados estaduais,<br />
mas poucos os contemplados”,<br />
justificou, salientando<br />
que sua maior preocupação é<br />
que “a partir do momento em<br />
<strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007 5<br />
em outros estados brasileiros<br />
ou em outros países, mas<br />
radicados no Pará, e empenhadas<br />
no desenvolvimento<br />
do Estado, como o bispo da<br />
Diocese de Santarém, Dom<br />
Esmeraldo Barreto de Farias,<br />
que recebeu homenagem em<br />
reconhecimento aos serviços<br />
de caráter social e religioso<br />
prestados ao município.<br />
Ferrari cobra investimentos para o Oeste<br />
que aprovamos um montante<br />
de R$ 150 milhões, a mídia<br />
informa à população do fato<br />
e o povo fala, olha lá, os deputados<br />
aprovaram todo esse<br />
dinheiro, aí nosso municípios<br />
vão querer saber: o que vem<br />
para nós? Entende? Nós queremos<br />
o detalhamento dessas<br />
obras, onde serão executadas e<br />
quanto será gasto em cada município”,<br />
cobrou. A PA-254,<br />
por exemplo, não recebeu até<br />
hoje nenhum investimento<br />
em asfalto. “É um trecho<br />
crítico e muito importante<br />
para o Oeste do Pará, ligando<br />
Prainha a Faro, concluiu.
6 <strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007<br />
OPINIÃO<br />
JOSÉ<br />
WILSON<br />
MALHEIROS<br />
www.wilsonmalheiros.mus.br<br />
Consciência negra<br />
Alô, Franssi,<br />
Recentemente tivemos<br />
as merecidas celebrações do<br />
dia da consciência negra.<br />
Muitas cidades do país,<br />
diversas entidades, o povo<br />
puderam, mais uma vez,<br />
rememorar a saga de Zumbi<br />
dos Palmares um dos maiores,<br />
talvez o maior vulto nacional<br />
na luta pela libertação<br />
dos escravos.<br />
Resgato, agora, para a<br />
história, a saga de um perso-<br />
Manhã bem cedo de 24<br />
de novembro de 1999. Saio<br />
de carro de Santarém<br />
acompanhando meu amigo<br />
João Miléo, proprietário<br />
da Loja Regional Muiraquitã,<br />
naquela cidade, com destino a<br />
Alter do Chão. Afinal, Miléo,<br />
além de vender artesanato<br />
da Região, faz também a<br />
divulgação de “Visagens, Assombrações<br />
e Encantamentos<br />
da Amazônia” e tem me dado<br />
um apoio muito grande, o<br />
que mais uma vez está acon-<br />
Era 1836, no período da<br />
Regência, o Grão Pará estava<br />
sendo sacudido pela<br />
violenta Revolução Cabana,<br />
que deixou muita dor e um<br />
rastro sanguinolento de 30<br />
mil mortos.<br />
Próximo à povoação de<br />
Almerim, em uma grande<br />
canoa, equipada com mantimentos<br />
para viagem longa,<br />
navegavam, no caudaloso Rio<br />
Amazonas, um senhor, seus<br />
dois filhos, já homens feitos,<br />
um prático e alguns escravos<br />
remadores. Os três viajantes,<br />
descendentes de portugueses<br />
e perseguidos pelos cabanos,<br />
estavam fugindo de Belém<br />
no rumo incerto do Baixo-<br />
Amazonas. O senhor idoso<br />
era um rico proprietário de<br />
terras, dono de engenhos de<br />
açúcar, no município de Bujaru,<br />
e morava com a família<br />
numa confortável casa da<br />
Cidade Velha.<br />
Sendo mais explícito,<br />
nagem praticamente esquecido<br />
e que merecia, pelo menos<br />
na região do Baixo Amazonas,<br />
ser reverenciado.<br />
Refiro-me a Pai Antônio.<br />
Escravo na região<br />
do Cacoal Grande, na fazenda<br />
pertencente ao Dr.<br />
Gama Abreu, promoveu<br />
uma campanha sistemática<br />
para livrar seus irmãos do<br />
cativeiro.<br />
Tramava fugas, arranjava<br />
remo e canoa, expunha-<br />
WALCYR<br />
MONTEIRO<br />
walcyr@supridados.com.br<br />
A Despedida<br />
tecendo, pois prometeu me<br />
apresentar a diversas pessoas<br />
que conhecem as histórias<br />
desta parte da Amazônia.<br />
E chegando à localidade<br />
que tornou conhecido nacionalmente<br />
o ÇAIRÉ, uma<br />
das mais belas manifestações<br />
folclóricas do Norte, apresenta-me<br />
a D. Neca, como<br />
é mais conhecida Ludinéa<br />
Gonçalves Marinho, 42 anos,<br />
artesã de arranjos florais e<br />
naturezas mortas e uma das<br />
incentivadoras do folclore<br />
A<strong>DE</strong>MAR<br />
AYRES DO<br />
AMARAL<br />
ademar@amazon.com.br<br />
O Solar Do Barão (I)<br />
esse senhor idoso, de nome<br />
Joaquim Gomes do Amaral,<br />
era meu trisavô. Sobre seus<br />
filhos, o mais velho, também<br />
Joaquim Gomes do Amaral,<br />
que foi o meu bisavô, trabalhava<br />
com o pai no engenho<br />
e no comércio. O segundo filho,<br />
Antônio Joaquim Gomes<br />
do Amaral, era um homem<br />
culto e médico formado na<br />
conceituada Universidade de<br />
Coimbra.<br />
Mas, durante a viagem,<br />
o meu trisavô acabou contraindo<br />
malária no estreito<br />
de Breves e estava muito<br />
mal de saúde. Com muito<br />
desvelo, o filho médico fez<br />
o que pôde para salvá-lo,<br />
porém ele acabou vindo a<br />
falecer, tendo sido sepultado<br />
lá mesmo no povoado de<br />
Almerim. Os dois irmãos<br />
conversaram e resolveram<br />
prosseguir viagem. Voltar<br />
para Belém era muito arriscado,<br />
pois estavam sendo<br />
se ao tronco, aos “anjinhos”,<br />
aos baraços e outras torturas,<br />
simplesmente pelo amor à<br />
liberdade.<br />
Com a sua colaboração<br />
logística e estratégica<br />
surgiram os quilombos do<br />
Trombetas, do Curuá e outros<br />
mais que em tamanho<br />
e importância para a região<br />
e para os nossos irmãos negros<br />
que ali se refugiavam<br />
rivalizava até mesmo com<br />
Palmares.<br />
Até hoje ainda existem<br />
na região os remanescentes<br />
desses quilombos, sentinelas<br />
na luta pela liberdade.<br />
Paulo Rodrigues dos<br />
Santos (Tupaiulândia), Vicente<br />
Salles (O negro no<br />
Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro<br />
Mocorongo), Nazareno<br />
Tourinho (peça Teatral<br />
Pai Antônio) nos legaram<br />
informações valiosíssimas<br />
sobre aqueles heróis.<br />
Atanásio, Belisário,<br />
local, fazendo mil e uma<br />
recomendações para que<br />
narrasse as histórias que conhecia,<br />
bem como me levasse<br />
às demais pessoas que tinham<br />
vivenciado ou ouvido falar<br />
de encontros com os seres<br />
fantásticos.<br />
Muito simpática e bem<br />
falante, D. Neca não se fez de<br />
rogada. E, após tomarmos um<br />
excelente café, perguntou:<br />
- Conheceu o Dr. Fernando<br />
Guilhon?<br />
- Sim, conheci. Exerceu<br />
várias funções importantes<br />
no Estado do Pará, tendo sido<br />
governador de 1971 a 1975.<br />
- Pois é ele mesmo! O Dr.<br />
Fernando Guilhon era muito<br />
querido aqui em Alter do<br />
Chão. A comunidade gostava<br />
demais dele porque, quando<br />
ele vinha aqui, parava na casa<br />
de seu Ernestino, de apelido<br />
Neco, e de D. Deodora, que a<br />
gente chama de Doca, e daí o<br />
Dr. Guilhon saía andando com<br />
o povo todo atrás. Ele se dava<br />
com todo mundo e foi muito<br />
caçados pelos revoltosos e<br />
marcados para morrer.<br />
O episódio brutal que os<br />
fez tomar a atitude de fugir,<br />
aconteceu numa madrugada<br />
chuvosa de Belém, quando a<br />
casa deles, na Cidade Velha,<br />
foi invadida por dois cabanos.<br />
Diante da desgraça iminente,<br />
meu bisavô reagiu para<br />
defender o pai e a família,<br />
e matou os dois invasores a<br />
bordunadas, usando para isso<br />
a primeira arma que lhe veio<br />
às mãos: uma pesada tranca<br />
de porta.<br />
Os dois irmãos continuaram<br />
seguindo contra a<br />
correnteza do rio, a partir de<br />
Almerim, e só pararam na<br />
cidade de Santarém, com a<br />
finalidade de comprar mantimentos.<br />
Nunca tinham visto<br />
nada tão encantador e belo<br />
como o encontro das águas<br />
do Tapajós com o Amazonas.<br />
O médico, meu tio-bisavô<br />
Antônio, de cara simpatizou<br />
com a cidade e viu que<br />
ali poderia se estabelecer<br />
como profissional no ramo<br />
da medicina, visto que não<br />
havia médico no lugar. Já o<br />
irmão mais velho, meu bisavô<br />
Joaquim, de espírito pra<br />
lá de aventureiro, resolveu<br />
prosseguir sozinho, subindo<br />
o Amazonas em busca do<br />
seu horizonte. Passou por<br />
Óbidos, entrou no Trombetas,<br />
parou na Vila de <strong>Uruá</strong>-<br />
<strong>Tapera</strong>(Oriximiná) e depois<br />
mais alguns dias em Terra<br />
Balduíno, Nego Cirilo,<br />
Nego Felix, Maria Felipa,<br />
José Sapateiro entre outros<br />
são os heróis hoje praticamente<br />
esquecidos de nós<br />
todos, mas que tiveram<br />
importância fundamental<br />
na luta de nossos irmãos<br />
afro-descendentes pela justa<br />
liberdade.<br />
Hoje é fácil ser oposição.<br />
Mas já imaginaram que<br />
as punições para um escravo<br />
rebelde poderiam chegar à<br />
castração, à imersão num<br />
tacho de azeite fervente, à<br />
amputação de membros ou<br />
a deformação da formosura<br />
se fosse uma bela escrava a<br />
despertar ciúmes na sinhá?<br />
Pai Antônio, após um<br />
julgamento forjado, um<br />
verdadeiro simulacro, uma<br />
aberração jurídica, foi condenado<br />
á forca.<br />
Esse mártir da liberdade,<br />
como disse antes, está<br />
totalmente esquecido pela<br />
bom com todos nós. O senhor<br />
viu esta estrada bonita que lhe<br />
permitiu chegar até aqui?<br />
- Claro que vi, pois foi por<br />
ela que vim...<br />
- Pois foi ele que mandou<br />
abrir para nós esta estrada,<br />
que tanto agradecemos e devemos<br />
a ele. Mas não foi só a<br />
estrada, o doutor, como nós<br />
chamávamos ele, fez muitas<br />
coisas boas por Alter do Chão<br />
e por todos nós. E o doutor<br />
chegava aqui e se misturava<br />
com a gente, com o povo,<br />
conversava com um, brincava<br />
com outro, tomava café na<br />
casa de outro. Quando ele<br />
vinha, Alter do Chão parava<br />
pra ficar com ele... Ainda não<br />
tinha visto um governador<br />
assim. Se ficasse um dia, dois<br />
dias, o povo tava lá com ele...<br />
É bem verdade que depois<br />
veio o Jader Barbalho! Mas<br />
o primeiro foi o Dr. Guilhon<br />
a se misturar com a<br />
comunidade...<br />
A esta altura da conversa<br />
eu já estava um pouco im-<br />
Santa. Resolveu, finalmente,<br />
se estabelecer no humilde<br />
vilarejo de Faro, onde, anos<br />
depois, se tornou homem reconhecido<br />
e conceituado no<br />
ramo do comércio. Em Faro<br />
ele conheceu e se apaixonou<br />
pela jovem Maria Emília de<br />
Souza Paes de Andrade, a<br />
minha bisavó. Ela era filha do<br />
coronel Romualdo Paes de<br />
Andrade e, pelo lado materno,<br />
descendia dos Souza, sem<br />
nenhuma comprovação que<br />
tivesse algum parentesco com<br />
a família do escritor Inglês de<br />
Souza, o que também não<br />
deixa de ser uma possibilidade.<br />
Afinal, as terras do Coronel<br />
Romualdo abrangiam<br />
diversas glebas que eram<br />
vizinhas das terras dos Souza,<br />
fosse no Curumucuri, onde<br />
nasceu o meu avô, que mais<br />
tarde se tornou o poderoso<br />
coronel Joaquim Gomes do<br />
Amaral(o terceiro Joaquim da<br />
linhagem), fosse no Paraná da<br />
D. Rosa, para onde depois a<br />
minha família se mudou.<br />
O irmão do meu bisavô,<br />
Antônio Joaquim Gomes<br />
do Amaral, se estabeleceu<br />
como o primeiro médico<br />
de Santarém. Teve sucesso<br />
na profissão e acabou figura<br />
muito conceituada naquela<br />
região. E até mesmo pela sua<br />
atividade, houve uma natural<br />
aproximação com as pessoas<br />
mais importantes do lugar.<br />
Entre essas, a personalidade<br />
mais famosa e carismática era<br />
história. Merece ser resgatado<br />
e lembrado.<br />
Mas os tempos vão passando<br />
e ainda existem neste<br />
nosso amado país muitos<br />
casos de escravatura. Não<br />
mais aqueles que vinham<br />
em navios negreiros, mas os<br />
irmãos que nascem nos guetos,<br />
nas baixadas, morrem<br />
na porta dos hospitais públicos,<br />
não encontram escola<br />
para estudar nem trabalho<br />
condigno.<br />
Em homenagem a Pai<br />
Antônio e sua plêiade de<br />
heróis, terminei de compor<br />
há poucos dias uma<br />
ÓPERA que se chama PAI<br />
ANTÔNIO, baseada na<br />
saga heróica, nos fatos reais<br />
contados na bibliografia<br />
que acima mencionei.<br />
Se me faltam méritos<br />
como compositor, pois<br />
me considero apenas um<br />
mero escrivinhador de pobres<br />
melodias, essa ópera,<br />
paciente. Claro que sabia do<br />
prestígio do Dr. Fernando<br />
Guilhon não só em Alter<br />
do Chão, mas também em<br />
Santarém. Sua esposa, Dra.<br />
Norma Guilhon, também<br />
é muito querida e inclusive<br />
escreveu o livro “Confederados<br />
em Santarém”, que fala<br />
das famílias de americanos<br />
sulistas que para ali haviam<br />
emigrado após a Guerra da<br />
Secessão, nos Estado Unidos.<br />
Mas – perguntava de mim<br />
para comigo – o que é que o<br />
ex-governador Guilhon tem<br />
a ver com as histórias que<br />
estou pesquisando?<br />
Como se adivinhasse<br />
meu pensamento, D. Neca<br />
continuou:<br />
- Como lhe disse, o Dr.<br />
Guilhon visitava a todos e<br />
não se estranhava quando<br />
se via ele dentro das casas.<br />
E numa manhã, quando<br />
D. Doca estava preparando<br />
o café na cozinha da casa<br />
dela e arrumando a mesa<br />
da varanda pra trazer o café,<br />
a do senhor Miguel Antônio<br />
Pinto Guimarães, dono de<br />
um lindo e luxuoso solar<br />
de três andares, num lugar<br />
privilegiado da primeira rua,<br />
e com vistas para o encontro<br />
das águas do belo Tapajós.<br />
Como homem abastado e<br />
prestigiado chefe político,<br />
não demorou para se tornar<br />
íntimo da corte imperial, no<br />
Rio de Janeiro, para onde<br />
sempre viajava, tendo recebido,<br />
em 1871, o título de<br />
Barão de Santarém das mãos<br />
da princesa Isabel.<br />
Um dia, não tenho idéia<br />
como, meu pai conseguiu<br />
e guardou por muitos anos,<br />
uma preciosa receita do Dr.<br />
Antônio Amaral, mas essa<br />
relíquia, que eu cheguei a<br />
ver, acabou se perdendo no<br />
tempo. Como médico, meu<br />
tio-bisavô devia freqüentar<br />
profissionalmente, ou até<br />
mesmo como visitante, o lindo<br />
solar do importante Barão<br />
de Santarém, de quem acabou<br />
se tornando grande amigo<br />
e, mais tarde, genro, tendo<br />
casado com senhorita Maria<br />
Francisca Pinto Guimarães,<br />
a filha mais velha do Barão.<br />
E em 1872, aproveitando o<br />
prestígio e na base de um<br />
“quem indica” do poderoso<br />
sogro, meu tio-bisavô foi nomeado<br />
Deputado Provincial,<br />
em 1877, Deputado Geral e,<br />
em 1885, recebeu do Imperador<br />
Pedro II, a nomeação para<br />
Senador Vitalício do Império<br />
se encenada, tem uma finalidade<br />
didática de valorizar<br />
nossa história e despertar<br />
nas gerações atuais o amor<br />
libertário.<br />
Dediquei-a ao meu avô<br />
José Agostinho, um mulato,<br />
filho de pai lusitano e mãe<br />
negra. É o mínimo que eu<br />
poderia fazer para homenagear<br />
essa raça tão bonita,<br />
que nos legou, por exemplo,<br />
o samba, o chorinho, o jazz<br />
e tantas outras coisas boas<br />
da vida.<br />
Em Tempo: Terminei,<br />
também, a orquestração da<br />
ópera VITÓRIA-RÉGIA,<br />
onde sou parceiro de meu<br />
pai, Maestro Izoca, por escolha<br />
dele, em vida. É a versão<br />
oficial.<br />
Feliz Natal e um Ano<br />
Novo venturoso a todos<br />
aqueles me honram com a<br />
leitura e com o apelido carinhoso<br />
de Pimpão (os meus<br />
reais amigos).<br />
ela, lá naquele entra-e-sai da<br />
cozinha pra a varanda, viu<br />
o vulto do doutor passando<br />
assim de uma porta pra outra<br />
da varanda...<br />
Aí ela parou, olhou na<br />
direção da porta, e perguntou<br />
pra ela mesma: - Mas<br />
será que o doutor tá aqui? E<br />
voltou pra cuidar do café. Mal<br />
terminou de botar a mesa,<br />
quando sentaram pra tomar<br />
o café, bateu o sino da igreja,<br />
sino anunciando que alguém<br />
tinha morrido...! Quando<br />
isto acontece, todo mundo<br />
sai pro meio da rua pra saber<br />
quem morreu. E ela correu<br />
também...<br />
Ao chegar defronte da<br />
igreja, fica sabendo que o<br />
Dr. Guilhon tinha falecido<br />
em Belém!<br />
D. Doca até hoje diz que o<br />
Dr. Guilhon veio se despedir<br />
do seu povo de Alter do Chão,<br />
veio avisar que já tinha ido do<br />
meio de nós, que já tinha ido<br />
deste mundo, que já tinha<br />
abandonado a gente aqui...!<br />
do Brasil.<br />
Historiador amador de<br />
rara vocação e um curioso<br />
na busca das nossas origens,<br />
meu pai também pesquisou<br />
e encontrou, no cemitério de<br />
Santarém, a sepultura desse<br />
meu tio-bisavô que, segundo<br />
ele, ficava bem próxima do<br />
imponente jazigo do Barão<br />
que, ainda hoje, é o que mais<br />
chama a atenção de qualquer<br />
visitante que adentre naquele<br />
campo santo.<br />
Bom, em 1958 e por<br />
uma dessas estranhas coincidências<br />
da vida, eu, com<br />
meus 10 anos de idade e sem<br />
saber absolutamente nada a<br />
respeito desse passado familiar<br />
que eu acabo de narrar<br />
aqui, cheguei para estudar no<br />
Ginásio D. Amando, em Santarém,<br />
e fui morar com meus<br />
tios Zeca, o famoso BBC,<br />
e minha tia Maria Ayres,<br />
exatamente, adivinhem, no<br />
segundo andar do grande<br />
solar do Barão de Santarém<br />
onde, provavelmente, o meu<br />
tio-bisavô também morou<br />
em alguma época. Naquela<br />
altura, o Solar do Barão não<br />
mostrava mais a opulência<br />
dos seus dias de glória e já havia<br />
se tornado uma casa cheia<br />
de lendas, mistérios e assombrações.<br />
Um desses casos de<br />
assombração eu presenciei lá<br />
e quase morri de susto, mas<br />
sobre isso eu conto com mais<br />
detalhes numa outra crônica<br />
do próximo mês.
São 33 comunidades<br />
- cerca de seis mil pessoas<br />
com relação de<br />
parentesco - ocupando<br />
uma área de seis mil<br />
quilômetros quadrados. Oriximiná<br />
equivale à metade do<br />
Estado de São Paulo. O cotidiano,<br />
as cerimônias, a cultura<br />
dos remanescentes dos antigos<br />
quilombos que vivem da pesca<br />
e da agricultura de subsistência,<br />
as raízes afro-indígenas<br />
chamam a atenção. Uma das<br />
aiuê (festa em kimbundo,<br />
dialeto africano) mais importantes<br />
é a de São Benedito, que<br />
no candomblé é Ossaim, orixá<br />
da floresta, dono das ervas,<br />
o médico de todo o panteão<br />
afro. Ela é celebrada no dia 6<br />
de janeiro na comunidade de<br />
Jauari, quando os quilombolas<br />
saúdam o padroeiro e as riquezas<br />
obtidas durante o ano.<br />
O prefeito Argemiro<br />
Diniz gosta de relatar que os<br />
quilombos de Oriximiná são<br />
preservados até hoje. Para<br />
chegar nesses lugares antes<br />
inacessíveis, só de avião ou<br />
viajando dias de barco. Para<br />
uma comunidade quilombola<br />
visitar outra, por exemplo, às<br />
vezes são necessárias 12 horas<br />
de navegação.<br />
O extrativismo da castanha<br />
determinou uma ocupação<br />
peculiar do território pelos<br />
quilombolas no município.<br />
Os principais mocambos ficavam<br />
nos altos dos rios, em<br />
trechos navegáveis, acima das<br />
cachoeiras dos rios Curuá,<br />
Trombetas e Erepecuru. As<br />
áreas das residências e dos<br />
roçados - habitualmente localizados<br />
nas margens dos rios<br />
e dos lagos - são ocupadas no<br />
verão (para nós a seca), período<br />
em que os comunitários se<br />
dedicam mais intensamente às<br />
atividades agrícolas e à pesca. Já<br />
na época das chuvas, muitos<br />
quilombolas (às vezes famílias<br />
inteiras) vão para as matas a<br />
fim de coletar a castanha.<br />
Os quilombolas de Oriximiná<br />
têm conseguido na titulação<br />
de seus territórios fazer<br />
valer o direito de propriedade<br />
das áreas de extrativismo. Há<br />
quatro áreas tituladas: Boa<br />
Vista, Água Fria, Trombetas<br />
e Erepecuru, além do Alto<br />
Trombetas, parcialmente titulado<br />
(31% da área total).<br />
A castanha, que eles coletam<br />
e comercializam desde<br />
o século XIX, representa para<br />
eles importante fonte de renda<br />
e é um dos elos que os une aos<br />
ancestrais. O conhecimento<br />
dos castanhais é considerado<br />
uma herança deixada pelos antepassados.<br />
Dizem as comunidades<br />
remanescentes que<br />
foram os negros fugitivos que<br />
“descobriram” os castanhais.<br />
Até hoje, os conhecimentos<br />
sobre a atividade de extração<br />
da castanha são transmitidos<br />
de geração para geração.<br />
Não por acaso a coleta<br />
da castanha-do-pará é forte<br />
elemento da identidade<br />
étnica dos quilombolas de<br />
Oriximiná, onde os setores<br />
da população rural da região<br />
se dedicam preferencialmente<br />
à agricultura e à pecuária, a<br />
ponto de muito comumente<br />
se auto-definirem como<br />
“castanheiros”.<br />
Os territórios quilombolas<br />
em Oriximiná ainda<br />
registram grandes ocorrências<br />
de castanhais que - como as<br />
demais áreas de extrativismo,<br />
as zonas de caça, rios e os<br />
lagos onde se pratica a pesca<br />
- são considerados bens de<br />
uso comum. Isso significa<br />
que qualquer integrante das<br />
comunidades tem o direito de<br />
explorar os recursos naturais<br />
dessas áreas.<br />
Os quilombolas sempre<br />
enfrentaram muitas dificuldades<br />
na atividade da castanha.<br />
Havia uma carência enorme<br />
de meios de transporte e de<br />
condições para armazenar<br />
a produção. Acabavam dependendo<br />
de intermediários,<br />
conhecidos como regatões,<br />
que compravam o produto<br />
por preços irrisórios e vendiam<br />
a preços abusivos. Hoje<br />
os quilombolas contam com<br />
uma estrutura de transporte,<br />
comunicação e armazenamento<br />
que possibilita a venda<br />
da castanha direto às usinas de<br />
beneficiamento em Oriximiná,<br />
Óbidos e Belém.<br />
ATUALIDA<strong>DE</strong>S<br />
Raiz afro-indígena<br />
pulsa em Oriximiná<br />
Há muito eu havia prometido<br />
ao violonista paraense<br />
Maurício Gomes, que mora<br />
em Barcelona (Escola Superior<br />
de Música da Catalunha), escrever<br />
novas composições para<br />
violão, instrumento que andei<br />
arranhando, na juventude.<br />
Meu instrumento básico é o<br />
piano, que toco desde criança.<br />
Mas o violão me despertou<br />
caminhos para a composição<br />
popular, pois eu vinha de uma<br />
formação erudita, no Conservatório<br />
de Rachel Peluso, em S.<br />
Paulo. Com meu pai, aprendi a<br />
flexibilizar a divisão que puristas<br />
fazem entre música popular<br />
e a chamada erudita.<br />
Enviei ao Maurício a minha<br />
Ave Maria (Duo de Violão<br />
e Flauta), que ele repassou<br />
aos professores Xavier Coll<br />
(violão) e Montserrat Gascón<br />
(flauta); o arranjo, para Violão,<br />
de Lua Branca (Wilson Fonseca<br />
e Paulo Rodrigues dos Santos);<br />
e a minha Valsa Santarena nº 1<br />
(Violão).<br />
Ainda vinha surpresa por<br />
aí. Maurício está formando um<br />
duo de canto e violão com a<br />
soprano Patrícia Endo, gaúcha,<br />
que mora em Milão. E me solicitou<br />
obras para o repertório<br />
do novo duo. Ele reside na<br />
Espanha e ela, na Itália, mas<br />
pretendem divulgar a música<br />
VICENTE<br />
MALHEIROS<br />
DA FONSECA<br />
vjmf@terra.com.br<br />
Ária, bandola e violão<br />
nacional.<br />
Da conversa virtual entre<br />
o Brasil e a Europa, compus<br />
a Ária para Patrícia (Duo<br />
para Soprano e Violão), que<br />
dediquei à notável soprano<br />
brasileira.<br />
Dela recebi esta mensagem:<br />
“Caríssimo Vicente:<br />
adorei a ‘nossa’ ária. Realmente<br />
gostei muitíssimo e agora estou<br />
já me perguntando como devo<br />
resolver a questão do acento<br />
paraense. Você a concebeu com<br />
todos os acentos regionais?<br />
Parabéns e estou muito emocionada.<br />
Obrigada, Patrícia”.<br />
Respondi-lhe: “meu pai<br />
costumava dizer que a partitura<br />
é apenas um projeto arquitetado<br />
pelo compositor; mas a música<br />
se realiza, se completa, com<br />
a interpretação. Assim, deixo a<br />
seu critério o modo como a<br />
ênfase rítmica ou musical será<br />
aplicada, na execução da peça.<br />
A meu ver, o intérprete tem<br />
que ser livre diante das idéias<br />
sugeridas pelo compositor.<br />
Mário de Andrade dizia que<br />
o compositor oferece a síntese<br />
essencial, deixando as sutilezas<br />
para a invenção do executor da<br />
obra. Não tenho dúvida de que<br />
a sua experiência e o seu talento<br />
saberão aproveitar e enriquecer<br />
os valores prosódicos da<br />
alma brasileira para extrair os<br />
<strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007 7<br />
elementos essenciais e imprescindíveis<br />
que a música possa<br />
oferecer. Na verdade, nem sei<br />
lhe dizer bem se eu concebi<br />
a peça com acentos regionais.<br />
O ato de compor me parece<br />
tão espontâneo, intuitivo e até<br />
vital, que nem me dou conta<br />
do que acontece. Quando mais<br />
do que de repente... a música<br />
está feita. Tudo vem de uma<br />
fagulha de inspiração. Depois,<br />
é claro, a paciência, os mínimos<br />
detalhes e o acabamento final,<br />
que demandam uma tarefa de<br />
muita dedicação, mas bastante<br />
prazerosa. É isso aí... Mas é<br />
claro que me sinto, aqui na<br />
minha ‘aldeia’, um músico<br />
amazônico-brasileiro, talvez<br />
com pretensões (veja só a ousadia)<br />
de ser universal.”<br />
Outra surpresa. A pedido<br />
da soprano Carla Maffioletti,<br />
brasileira, que mora na Holanda<br />
e integra o corpo de cantores<br />
da Orquestra de André Rieu,<br />
compus peças para o Mandoline-Ensemble<br />
The Strings<br />
(onde ela toca violão), dirigido<br />
por Annemie Hermans,<br />
dedicando-lhe o chorinho<br />
Irurá (Quarteto de Bandolim,<br />
Bandola e Violões). Ela gostou<br />
da peça e vai gravá-la.<br />
Incentivado com a idéia,<br />
escrevi arranjos para violão<br />
(18, até agora), sobre músicas<br />
de meu avô José Agostinho da<br />
Fonseca, enquanto aguardo a<br />
realização de um projeto concebido<br />
pelo violonista Salomão<br />
Habib: a edição de uma coletânea<br />
de transcrições de minhas<br />
músicas para violão.<br />
Termino com o fecho da<br />
letra da ária, um acróstico:<br />
“E no acalanto que vem da<br />
canção/Nesta modinha que é<br />
ária também/Dou meu recado<br />
com muito fervor/O mistério<br />
da vida bem diz: faço tudo com<br />
amor”.
8 <strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007<br />
VARIEDA<strong>DE</strong>S<br />
Escola de Música de Óbidos<br />
ganhou patrocínio da MRN<br />
A Prefeitura de Óbidos<br />
assinou convênio com a<br />
Mineração Rio do Norte,<br />
no valor de 55 mil<br />
reais, destinados à compra<br />
de 205 instrumentos para<br />
equipar a Escola de Música<br />
Manoel Rodrigues, criada<br />
em 2005 para trabalhar o<br />
desenvolvimento educacional<br />
e social das crianças,<br />
adolescentes e jovens em<br />
situação de risco. O projeto<br />
vem alcançando cada vez<br />
mais seus objetivos e, hoje,<br />
a escola já conta com 475<br />
alunos, sendo que os cursos<br />
estão disponíveis para toda a<br />
população de Óbidos.<br />
Para José Haroldo de<br />
Criado em 2003, o Museu<br />
já é um dos pontos<br />
turísticos da cidade e a<br />
expectativa é de que a<br />
visitação aumente. Cerca de<br />
350 peças integram o museu<br />
santareno. O sino, de 1895,<br />
por exemplo, badalou em<br />
muitos Círios. Por 10 anos<br />
uma berlinda estilo Luiz XV<br />
conduziu a imagem da padroeira<br />
pelas ruas. O fato de que<br />
a maioria das cidades da região<br />
amazônica foi fundada por<br />
missões jesuítas resultou em<br />
uma coleção significativa de<br />
Paula, a proposta da empresa<br />
é sempre apoiar projetos<br />
que possam gerar melhorias<br />
sociais constante, sustentado<br />
em quatro pilares: desenvolvimento<br />
social, educação, saúde<br />
e segurança e meio ambiente.<br />
“O projeto Escola de Música<br />
sensibilizou a MRN e casa<br />
perfeitamente com a nossa<br />
política de responsabilidade<br />
social. Para a MRN, é um<br />
orgulho poder contribuir<br />
com um projeto tão relevante<br />
para o município de Óbidos”,<br />
afirma. A Sra. Aldanete dos<br />
Santos Faria diz que, com essa<br />
doação, será possível concretizar<br />
o plano de formar uma<br />
orquestra na cidade.<br />
peças que remetem à religiosidade<br />
e compõem importante<br />
acervo histórico.<br />
Localizado no centro da<br />
cidade, anexo à Igreja Matriz<br />
de Nossa Senhora da Conceição,<br />
o museu é climatizado,<br />
tem música ambiente o dispõe<br />
de imagens, indumentárias e<br />
quadros.<br />
A igreja de Nossa Senhora da<br />
Conceição, um dos monumentos<br />
históricos mais importantes<br />
de Santarém, completou<br />
250 anos de existência. Fundada<br />
em 1757, sua história come-<br />
Integrantes da Escola<br />
de Música de Óbidos recentemente<br />
ganharam curso de<br />
capacitação de monitores para<br />
formação de coral e bandas,<br />
em Belém, através de parceria<br />
da Fundação Carlos Gomes<br />
com a Prefeitura Municipal.<br />
No ano passado, a Escola de<br />
Música, que funciona no<br />
prédio do antigo Quartel,<br />
promoveu um curso com<br />
30 alunos, quando se formaram<br />
7 e, desses, foram<br />
selecionados 3 como instrutores<br />
da escola. Hoje, quatro<br />
músicos compõem a equipe:<br />
José Salomão, contrabaixista,<br />
responsável pela musicalização<br />
infantil; Joelson Araújo,<br />
çou ainda no século XVIII com<br />
as missões religiosas. A chegada<br />
de missionários jesuítas estabeleceu<br />
a missão Tapajós,<br />
comandada pelo padre João<br />
Felipe Bettendorf.<br />
No dia 22 de abril de<br />
1757, o então bispo do Pará,<br />
Dom Miguel de Bulhões e<br />
Sousa, extinguiu a missão<br />
dos jesuítas entre os índios<br />
Tupaius e criou a paróquia ou<br />
freguesia de Nossa Senhora da<br />
Conceição em Santarém. Assim<br />
começou um novo período<br />
na história do povo católico<br />
violonista; Ivair Tavares,<br />
tecladista, responsável pela<br />
turma de jovens e Genilton<br />
Sousa, flautista, responsável<br />
pelas turmas da terceira idade<br />
e coordenador do projeto.<br />
O professor Genilton<br />
salienta que a região é muito<br />
carente e até certo ponto<br />
esquecida pelo Estado, e somente<br />
agora está tendo oportunidade,<br />
através do novo governo,<br />
de participar de cursos<br />
de aperfeiçoamento musical,<br />
o que vai contribuir bastante e<br />
aprimorar a qualidade de seus<br />
instrutores’. Para o professor<br />
Salomão, “cursos como esse<br />
precisam ser realizados com<br />
mais freqüência”.<br />
que morava às margens da foz<br />
do rio Tapajós.<br />
A primeira capela foi<br />
construída em 1661, onde é<br />
hoje a Praça Rodrigues do<br />
Santos e somente em 1757 foi<br />
lançada a pedra fundamental<br />
da Catedral. O museu de arte<br />
sacra registra a evolução da<br />
Igreja. De acordo com a historiadora<br />
Terezinha Amorim,<br />
a Catedral apresentava traços<br />
completamente diferentes do<br />
que tem hoje. “As torres eram<br />
mais baixas, havia vários altares<br />
laterais, os confessionários, os<br />
O professor Joelson<br />
destacou as dificuldades de<br />
patrocínio. ‘O município<br />
e as instituições obidenses<br />
precisam olhar com mais<br />
carinho para esse projeto e<br />
o esforço dos músicos que<br />
fazem parte da equipe quanto<br />
ao apoio financeiro que permita<br />
viagens a Belém para a<br />
realização de cursos. "Isso é<br />
bom para todos, instrutores,<br />
alunos e, principalmente para<br />
o município, que terá bons<br />
músicos formados’.<br />
A Escola de Música Manoel<br />
Rodrigues atende 334<br />
crianças de 7 a 12 anos, 107<br />
adultos e uma turma de 40<br />
idosos.<br />
Museu de Arte Sacra de Santarém conta 250 anos da Catedral<br />
couros aí na entrada”, conta a<br />
historiadora. A primeira imagem<br />
da Virgem da Conceição<br />
foi esculpida em carvalho,<br />
pintada pelo padre Felipe Bettendorf<br />
e pelos índios. “Essa<br />
imagem veio de Portugal e<br />
foi durante anos considerada<br />
a imagem principal aqui da<br />
Catedral. Era a mais venerada<br />
pelos santarenos. Só que por<br />
ela ser de madeira muito pesada,<br />
era difícil a remoção, por<br />
isso foi esculpida a imagem<br />
que hoje é peregrina”, informa<br />
a historiadora.<br />
XIV Mostra de<br />
Teatro inicia<br />
comemoração<br />
dos 130 anos de<br />
Oriximiná<br />
Com o clima de festa<br />
pelo Natal, Ano Novo<br />
e, principalmente, pelo<br />
aniversário da cidade, A<br />
XIV Mostra de Teatro Amador<br />
deu início à programação<br />
comemorativa. Na abertura,<br />
a Secretária de Cultura, Desporto<br />
e Lazer, Hilda Viana deu<br />
boas vindas a todos dizendo<br />
ser grande sua satisfação na<br />
abertura das festividades do<br />
aniversário da cidade. O auditório<br />
da Casa de Cultura ficou<br />
lotado com a apresentação do<br />
divertido grupo “Os Espocas”,<br />
coordenado por Cleones<br />
Batista.<br />
O espetáculo “Encantos<br />
de Natal” foi aplaudido de pé<br />
pelo público. A autora da peça,<br />
Aniely, disse que se sentiu<br />
gratificada com a sintonia da<br />
platéia e prometeu caprichar<br />
ainda mais no ano que vem.<br />
No encerramento do evento,<br />
houve formatura da turma<br />
de Música e ainda escolha<br />
da Rainha do Festival, título<br />
disputado por estudantes da<br />
rede pública de ensino.