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ANIVERSÁRIO DE ORIXIMINÁ - Uruá-Tapera

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6 <strong>DE</strong>ZEMBRO - 2007<br />

OPINIÃO<br />

JOSÉ<br />

WILSON<br />

MALHEIROS<br />

www.wilsonmalheiros.mus.br<br />

Consciência negra<br />

Alô, Franssi,<br />

Recentemente tivemos<br />

as merecidas celebrações do<br />

dia da consciência negra.<br />

Muitas cidades do país,<br />

diversas entidades, o povo<br />

puderam, mais uma vez,<br />

rememorar a saga de Zumbi<br />

dos Palmares um dos maiores,<br />

talvez o maior vulto nacional<br />

na luta pela libertação<br />

dos escravos.<br />

Resgato, agora, para a<br />

história, a saga de um perso-<br />

Manhã bem cedo de 24<br />

de novembro de 1999. Saio<br />

de carro de Santarém<br />

acompanhando meu amigo<br />

João Miléo, proprietário<br />

da Loja Regional Muiraquitã,<br />

naquela cidade, com destino a<br />

Alter do Chão. Afinal, Miléo,<br />

além de vender artesanato<br />

da Região, faz também a<br />

divulgação de “Visagens, Assombrações<br />

e Encantamentos<br />

da Amazônia” e tem me dado<br />

um apoio muito grande, o<br />

que mais uma vez está acon-<br />

Era 1836, no período da<br />

Regência, o Grão Pará estava<br />

sendo sacudido pela<br />

violenta Revolução Cabana,<br />

que deixou muita dor e um<br />

rastro sanguinolento de 30<br />

mil mortos.<br />

Próximo à povoação de<br />

Almerim, em uma grande<br />

canoa, equipada com mantimentos<br />

para viagem longa,<br />

navegavam, no caudaloso Rio<br />

Amazonas, um senhor, seus<br />

dois filhos, já homens feitos,<br />

um prático e alguns escravos<br />

remadores. Os três viajantes,<br />

descendentes de portugueses<br />

e perseguidos pelos cabanos,<br />

estavam fugindo de Belém<br />

no rumo incerto do Baixo-<br />

Amazonas. O senhor idoso<br />

era um rico proprietário de<br />

terras, dono de engenhos de<br />

açúcar, no município de Bujaru,<br />

e morava com a família<br />

numa confortável casa da<br />

Cidade Velha.<br />

Sendo mais explícito,<br />

nagem praticamente esquecido<br />

e que merecia, pelo menos<br />

na região do Baixo Amazonas,<br />

ser reverenciado.<br />

Refiro-me a Pai Antônio.<br />

Escravo na região<br />

do Cacoal Grande, na fazenda<br />

pertencente ao Dr.<br />

Gama Abreu, promoveu<br />

uma campanha sistemática<br />

para livrar seus irmãos do<br />

cativeiro.<br />

Tramava fugas, arranjava<br />

remo e canoa, expunha-<br />

WALCYR<br />

MONTEIRO<br />

walcyr@supridados.com.br<br />

A Despedida<br />

tecendo, pois prometeu me<br />

apresentar a diversas pessoas<br />

que conhecem as histórias<br />

desta parte da Amazônia.<br />

E chegando à localidade<br />

que tornou conhecido nacionalmente<br />

o ÇAIRÉ, uma<br />

das mais belas manifestações<br />

folclóricas do Norte, apresenta-me<br />

a D. Neca, como<br />

é mais conhecida Ludinéa<br />

Gonçalves Marinho, 42 anos,<br />

artesã de arranjos florais e<br />

naturezas mortas e uma das<br />

incentivadoras do folclore<br />

A<strong>DE</strong>MAR<br />

AYRES DO<br />

AMARAL<br />

ademar@amazon.com.br<br />

O Solar Do Barão (I)<br />

esse senhor idoso, de nome<br />

Joaquim Gomes do Amaral,<br />

era meu trisavô. Sobre seus<br />

filhos, o mais velho, também<br />

Joaquim Gomes do Amaral,<br />

que foi o meu bisavô, trabalhava<br />

com o pai no engenho<br />

e no comércio. O segundo filho,<br />

Antônio Joaquim Gomes<br />

do Amaral, era um homem<br />

culto e médico formado na<br />

conceituada Universidade de<br />

Coimbra.<br />

Mas, durante a viagem,<br />

o meu trisavô acabou contraindo<br />

malária no estreito<br />

de Breves e estava muito<br />

mal de saúde. Com muito<br />

desvelo, o filho médico fez<br />

o que pôde para salvá-lo,<br />

porém ele acabou vindo a<br />

falecer, tendo sido sepultado<br />

lá mesmo no povoado de<br />

Almerim. Os dois irmãos<br />

conversaram e resolveram<br />

prosseguir viagem. Voltar<br />

para Belém era muito arriscado,<br />

pois estavam sendo<br />

se ao tronco, aos “anjinhos”,<br />

aos baraços e outras torturas,<br />

simplesmente pelo amor à<br />

liberdade.<br />

Com a sua colaboração<br />

logística e estratégica<br />

surgiram os quilombos do<br />

Trombetas, do Curuá e outros<br />

mais que em tamanho<br />

e importância para a região<br />

e para os nossos irmãos negros<br />

que ali se refugiavam<br />

rivalizava até mesmo com<br />

Palmares.<br />

Até hoje ainda existem<br />

na região os remanescentes<br />

desses quilombos, sentinelas<br />

na luta pela liberdade.<br />

Paulo Rodrigues dos<br />

Santos (Tupaiulândia), Vicente<br />

Salles (O negro no<br />

Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro<br />

Mocorongo), Nazareno<br />

Tourinho (peça Teatral<br />

Pai Antônio) nos legaram<br />

informações valiosíssimas<br />

sobre aqueles heróis.<br />

Atanásio, Belisário,<br />

local, fazendo mil e uma<br />

recomendações para que<br />

narrasse as histórias que conhecia,<br />

bem como me levasse<br />

às demais pessoas que tinham<br />

vivenciado ou ouvido falar<br />

de encontros com os seres<br />

fantásticos.<br />

Muito simpática e bem<br />

falante, D. Neca não se fez de<br />

rogada. E, após tomarmos um<br />

excelente café, perguntou:<br />

- Conheceu o Dr. Fernando<br />

Guilhon?<br />

- Sim, conheci. Exerceu<br />

várias funções importantes<br />

no Estado do Pará, tendo sido<br />

governador de 1971 a 1975.<br />

- Pois é ele mesmo! O Dr.<br />

Fernando Guilhon era muito<br />

querido aqui em Alter do<br />

Chão. A comunidade gostava<br />

demais dele porque, quando<br />

ele vinha aqui, parava na casa<br />

de seu Ernestino, de apelido<br />

Neco, e de D. Deodora, que a<br />

gente chama de Doca, e daí o<br />

Dr. Guilhon saía andando com<br />

o povo todo atrás. Ele se dava<br />

com todo mundo e foi muito<br />

caçados pelos revoltosos e<br />

marcados para morrer.<br />

O episódio brutal que os<br />

fez tomar a atitude de fugir,<br />

aconteceu numa madrugada<br />

chuvosa de Belém, quando a<br />

casa deles, na Cidade Velha,<br />

foi invadida por dois cabanos.<br />

Diante da desgraça iminente,<br />

meu bisavô reagiu para<br />

defender o pai e a família,<br />

e matou os dois invasores a<br />

bordunadas, usando para isso<br />

a primeira arma que lhe veio<br />

às mãos: uma pesada tranca<br />

de porta.<br />

Os dois irmãos continuaram<br />

seguindo contra a<br />

correnteza do rio, a partir de<br />

Almerim, e só pararam na<br />

cidade de Santarém, com a<br />

finalidade de comprar mantimentos.<br />

Nunca tinham visto<br />

nada tão encantador e belo<br />

como o encontro das águas<br />

do Tapajós com o Amazonas.<br />

O médico, meu tio-bisavô<br />

Antônio, de cara simpatizou<br />

com a cidade e viu que<br />

ali poderia se estabelecer<br />

como profissional no ramo<br />

da medicina, visto que não<br />

havia médico no lugar. Já o<br />

irmão mais velho, meu bisavô<br />

Joaquim, de espírito pra<br />

lá de aventureiro, resolveu<br />

prosseguir sozinho, subindo<br />

o Amazonas em busca do<br />

seu horizonte. Passou por<br />

Óbidos, entrou no Trombetas,<br />

parou na Vila de <strong>Uruá</strong>-<br />

<strong>Tapera</strong>(Oriximiná) e depois<br />

mais alguns dias em Terra<br />

Balduíno, Nego Cirilo,<br />

Nego Felix, Maria Felipa,<br />

José Sapateiro entre outros<br />

são os heróis hoje praticamente<br />

esquecidos de nós<br />

todos, mas que tiveram<br />

importância fundamental<br />

na luta de nossos irmãos<br />

afro-descendentes pela justa<br />

liberdade.<br />

Hoje é fácil ser oposição.<br />

Mas já imaginaram que<br />

as punições para um escravo<br />

rebelde poderiam chegar à<br />

castração, à imersão num<br />

tacho de azeite fervente, à<br />

amputação de membros ou<br />

a deformação da formosura<br />

se fosse uma bela escrava a<br />

despertar ciúmes na sinhá?<br />

Pai Antônio, após um<br />

julgamento forjado, um<br />

verdadeiro simulacro, uma<br />

aberração jurídica, foi condenado<br />

á forca.<br />

Esse mártir da liberdade,<br />

como disse antes, está<br />

totalmente esquecido pela<br />

bom com todos nós. O senhor<br />

viu esta estrada bonita que lhe<br />

permitiu chegar até aqui?<br />

- Claro que vi, pois foi por<br />

ela que vim...<br />

- Pois foi ele que mandou<br />

abrir para nós esta estrada,<br />

que tanto agradecemos e devemos<br />

a ele. Mas não foi só a<br />

estrada, o doutor, como nós<br />

chamávamos ele, fez muitas<br />

coisas boas por Alter do Chão<br />

e por todos nós. E o doutor<br />

chegava aqui e se misturava<br />

com a gente, com o povo,<br />

conversava com um, brincava<br />

com outro, tomava café na<br />

casa de outro. Quando ele<br />

vinha, Alter do Chão parava<br />

pra ficar com ele... Ainda não<br />

tinha visto um governador<br />

assim. Se ficasse um dia, dois<br />

dias, o povo tava lá com ele...<br />

É bem verdade que depois<br />

veio o Jader Barbalho! Mas<br />

o primeiro foi o Dr. Guilhon<br />

a se misturar com a<br />

comunidade...<br />

A esta altura da conversa<br />

eu já estava um pouco im-<br />

Santa. Resolveu, finalmente,<br />

se estabelecer no humilde<br />

vilarejo de Faro, onde, anos<br />

depois, se tornou homem reconhecido<br />

e conceituado no<br />

ramo do comércio. Em Faro<br />

ele conheceu e se apaixonou<br />

pela jovem Maria Emília de<br />

Souza Paes de Andrade, a<br />

minha bisavó. Ela era filha do<br />

coronel Romualdo Paes de<br />

Andrade e, pelo lado materno,<br />

descendia dos Souza, sem<br />

nenhuma comprovação que<br />

tivesse algum parentesco com<br />

a família do escritor Inglês de<br />

Souza, o que também não<br />

deixa de ser uma possibilidade.<br />

Afinal, as terras do Coronel<br />

Romualdo abrangiam<br />

diversas glebas que eram<br />

vizinhas das terras dos Souza,<br />

fosse no Curumucuri, onde<br />

nasceu o meu avô, que mais<br />

tarde se tornou o poderoso<br />

coronel Joaquim Gomes do<br />

Amaral(o terceiro Joaquim da<br />

linhagem), fosse no Paraná da<br />

D. Rosa, para onde depois a<br />

minha família se mudou.<br />

O irmão do meu bisavô,<br />

Antônio Joaquim Gomes<br />

do Amaral, se estabeleceu<br />

como o primeiro médico<br />

de Santarém. Teve sucesso<br />

na profissão e acabou figura<br />

muito conceituada naquela<br />

região. E até mesmo pela sua<br />

atividade, houve uma natural<br />

aproximação com as pessoas<br />

mais importantes do lugar.<br />

Entre essas, a personalidade<br />

mais famosa e carismática era<br />

história. Merece ser resgatado<br />

e lembrado.<br />

Mas os tempos vão passando<br />

e ainda existem neste<br />

nosso amado país muitos<br />

casos de escravatura. Não<br />

mais aqueles que vinham<br />

em navios negreiros, mas os<br />

irmãos que nascem nos guetos,<br />

nas baixadas, morrem<br />

na porta dos hospitais públicos,<br />

não encontram escola<br />

para estudar nem trabalho<br />

condigno.<br />

Em homenagem a Pai<br />

Antônio e sua plêiade de<br />

heróis, terminei de compor<br />

há poucos dias uma<br />

ÓPERA que se chama PAI<br />

ANTÔNIO, baseada na<br />

saga heróica, nos fatos reais<br />

contados na bibliografia<br />

que acima mencionei.<br />

Se me faltam méritos<br />

como compositor, pois<br />

me considero apenas um<br />

mero escrivinhador de pobres<br />

melodias, essa ópera,<br />

paciente. Claro que sabia do<br />

prestígio do Dr. Fernando<br />

Guilhon não só em Alter<br />

do Chão, mas também em<br />

Santarém. Sua esposa, Dra.<br />

Norma Guilhon, também<br />

é muito querida e inclusive<br />

escreveu o livro “Confederados<br />

em Santarém”, que fala<br />

das famílias de americanos<br />

sulistas que para ali haviam<br />

emigrado após a Guerra da<br />

Secessão, nos Estado Unidos.<br />

Mas – perguntava de mim<br />

para comigo – o que é que o<br />

ex-governador Guilhon tem<br />

a ver com as histórias que<br />

estou pesquisando?<br />

Como se adivinhasse<br />

meu pensamento, D. Neca<br />

continuou:<br />

- Como lhe disse, o Dr.<br />

Guilhon visitava a todos e<br />

não se estranhava quando<br />

se via ele dentro das casas.<br />

E numa manhã, quando<br />

D. Doca estava preparando<br />

o café na cozinha da casa<br />

dela e arrumando a mesa<br />

da varanda pra trazer o café,<br />

a do senhor Miguel Antônio<br />

Pinto Guimarães, dono de<br />

um lindo e luxuoso solar<br />

de três andares, num lugar<br />

privilegiado da primeira rua,<br />

e com vistas para o encontro<br />

das águas do belo Tapajós.<br />

Como homem abastado e<br />

prestigiado chefe político,<br />

não demorou para se tornar<br />

íntimo da corte imperial, no<br />

Rio de Janeiro, para onde<br />

sempre viajava, tendo recebido,<br />

em 1871, o título de<br />

Barão de Santarém das mãos<br />

da princesa Isabel.<br />

Um dia, não tenho idéia<br />

como, meu pai conseguiu<br />

e guardou por muitos anos,<br />

uma preciosa receita do Dr.<br />

Antônio Amaral, mas essa<br />

relíquia, que eu cheguei a<br />

ver, acabou se perdendo no<br />

tempo. Como médico, meu<br />

tio-bisavô devia freqüentar<br />

profissionalmente, ou até<br />

mesmo como visitante, o lindo<br />

solar do importante Barão<br />

de Santarém, de quem acabou<br />

se tornando grande amigo<br />

e, mais tarde, genro, tendo<br />

casado com senhorita Maria<br />

Francisca Pinto Guimarães,<br />

a filha mais velha do Barão.<br />

E em 1872, aproveitando o<br />

prestígio e na base de um<br />

“quem indica” do poderoso<br />

sogro, meu tio-bisavô foi nomeado<br />

Deputado Provincial,<br />

em 1877, Deputado Geral e,<br />

em 1885, recebeu do Imperador<br />

Pedro II, a nomeação para<br />

Senador Vitalício do Império<br />

se encenada, tem uma finalidade<br />

didática de valorizar<br />

nossa história e despertar<br />

nas gerações atuais o amor<br />

libertário.<br />

Dediquei-a ao meu avô<br />

José Agostinho, um mulato,<br />

filho de pai lusitano e mãe<br />

negra. É o mínimo que eu<br />

poderia fazer para homenagear<br />

essa raça tão bonita,<br />

que nos legou, por exemplo,<br />

o samba, o chorinho, o jazz<br />

e tantas outras coisas boas<br />

da vida.<br />

Em Tempo: Terminei,<br />

também, a orquestração da<br />

ópera VITÓRIA-RÉGIA,<br />

onde sou parceiro de meu<br />

pai, Maestro Izoca, por escolha<br />

dele, em vida. É a versão<br />

oficial.<br />

Feliz Natal e um Ano<br />

Novo venturoso a todos<br />

aqueles me honram com a<br />

leitura e com o apelido carinhoso<br />

de Pimpão (os meus<br />

reais amigos).<br />

ela, lá naquele entra-e-sai da<br />

cozinha pra a varanda, viu<br />

o vulto do doutor passando<br />

assim de uma porta pra outra<br />

da varanda...<br />

Aí ela parou, olhou na<br />

direção da porta, e perguntou<br />

pra ela mesma: - Mas<br />

será que o doutor tá aqui? E<br />

voltou pra cuidar do café. Mal<br />

terminou de botar a mesa,<br />

quando sentaram pra tomar<br />

o café, bateu o sino da igreja,<br />

sino anunciando que alguém<br />

tinha morrido...! Quando<br />

isto acontece, todo mundo<br />

sai pro meio da rua pra saber<br />

quem morreu. E ela correu<br />

também...<br />

Ao chegar defronte da<br />

igreja, fica sabendo que o<br />

Dr. Guilhon tinha falecido<br />

em Belém!<br />

D. Doca até hoje diz que o<br />

Dr. Guilhon veio se despedir<br />

do seu povo de Alter do Chão,<br />

veio avisar que já tinha ido do<br />

meio de nós, que já tinha ido<br />

deste mundo, que já tinha<br />

abandonado a gente aqui...!<br />

do Brasil.<br />

Historiador amador de<br />

rara vocação e um curioso<br />

na busca das nossas origens,<br />

meu pai também pesquisou<br />

e encontrou, no cemitério de<br />

Santarém, a sepultura desse<br />

meu tio-bisavô que, segundo<br />

ele, ficava bem próxima do<br />

imponente jazigo do Barão<br />

que, ainda hoje, é o que mais<br />

chama a atenção de qualquer<br />

visitante que adentre naquele<br />

campo santo.<br />

Bom, em 1958 e por<br />

uma dessas estranhas coincidências<br />

da vida, eu, com<br />

meus 10 anos de idade e sem<br />

saber absolutamente nada a<br />

respeito desse passado familiar<br />

que eu acabo de narrar<br />

aqui, cheguei para estudar no<br />

Ginásio D. Amando, em Santarém,<br />

e fui morar com meus<br />

tios Zeca, o famoso BBC,<br />

e minha tia Maria Ayres,<br />

exatamente, adivinhem, no<br />

segundo andar do grande<br />

solar do Barão de Santarém<br />

onde, provavelmente, o meu<br />

tio-bisavô também morou<br />

em alguma época. Naquela<br />

altura, o Solar do Barão não<br />

mostrava mais a opulência<br />

dos seus dias de glória e já havia<br />

se tornado uma casa cheia<br />

de lendas, mistérios e assombrações.<br />

Um desses casos de<br />

assombração eu presenciei lá<br />

e quase morri de susto, mas<br />

sobre isso eu conto com mais<br />

detalhes numa outra crônica<br />

do próximo mês.

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