16.04.2013 Views

Compreensão de Texto prof. Daniel Lima - Caminho das Pedras

Compreensão de Texto prof. Daniel Lima - Caminho das Pedras

Compreensão de Texto prof. Daniel Lima - Caminho das Pedras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

quando entra ele em crise — quando minha liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolher amorosa ou política ou<br />

<strong>prof</strong>issionalmente resulta em sofrimento —, posso aliviar-me procurando uma solução que substitua<br />

meu papel <strong>de</strong> sujeito pelo <strong>de</strong> objeto.<br />

Roberto Janine Ribeiro. A cultura ameaçada pela natureza. Pesquisa Fapesp Especial, p. 40 (com adaptações).<br />

Consi<strong>de</strong>rando o texto acima, julgue os itens subseqüentes.<br />

139. (STF/ANALISTA ADM./06/07/2008) O emprego <strong>de</strong> verbos e pronomes como ―somos‖ (linha 1),<br />

―se busca‖ (linha 5), ―eu‖ (linha 5) e ―minha‖ (linha 6) mostra que os argumentos se opõem pela ligação<br />

<strong>de</strong> alguns a um sujeito coletivo e, <strong>de</strong> outros, a um sujeito individual, associando o<br />

coletivo a sujeito social e o individual a objeto, coisa.<br />

―Aceitar que somos in<strong>de</strong>terminados naturalmente, que seremos lapidados pela educação e pela cultura,<br />

que disso <strong>de</strong>correm diferenças relevantes e irredutíveis aos genes é muito difícil.<br />

(....)<br />

Parece que se busca conforto na condição <strong>de</strong> coisa. Se eu for objeto, isto é, se eu for natureza, meus<br />

males in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> minha vonta<strong>de</strong>.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

Se a perspectiva do político é a perspectiva <strong>de</strong> como o po<strong>de</strong>r se constitui e se exerce em<br />

uma socieda<strong>de</strong>, como se distribui, se difun<strong>de</strong>, se dissemina, mas também se oculta, se dissimula<br />

em seus diferentes modos <strong>de</strong> operar, então é fundamental uma análise do discurso que nos permita<br />

4 rastreá-lo. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discussão da questão política e do exercício do po<strong>de</strong>r está em que, em<br />

última análise, todos os grupos, classes, etnias visam, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, o controle do<br />

po<strong>de</strong>r político. Porém, costumamos ver o po<strong>de</strong>r como algo negativo, perverso, no sentido da<br />

dominação, da submissão. Não há, entretanto, socieda<strong>de</strong> organizada sem formas <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong><br />

8 po<strong>de</strong>r. A questão, portanto, <strong>de</strong>ve ser: como e em nome <strong>de</strong> quem este po<strong>de</strong>r se exerce?<br />

Danilo Marcon<strong>de</strong>s. Filosofia, linguagem e comunicação. São Paulo: Cortez, 2000, p. 147-8 (com adaptações).<br />

Em relação às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens a seguir.<br />

140. (STJ/ANALISTA ADM./28/09/2008) Segundo o texto, é inútil discutir o po<strong>de</strong>r, pois seu aspecto<br />

negativo, <strong>de</strong> submissão, é inevitável e aparece em to<strong>das</strong> as relações <strong>de</strong> dominação, seja <strong>de</strong> classe, seja<br />

<strong>de</strong> etnia.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

5<br />

8<br />

11<br />

15<br />

18<br />

23<br />

Meu pai era um homem bonito com muitas namora<strong>das</strong>, jogava tênis, nadava, nunca<br />

pegara uma gripe — até ter um <strong>de</strong>rrame cerebral. Vivia envolvido com ―sirigaitas‖, como minha mãe<br />

as chamava, e com fracassos comerciais crônicos.<br />

Tivera uma peleteria numa cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> fazia um calor dos infernos quase o ano inteiro.<br />

Claro que foi à falência, mas suas freguesas nunca foram tão bonitas, embora tão poucas. Antes<br />

tivera uma chapelaria, e as mulheres haviam <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> usar chapéus. No fim, tinha um pequeno<br />

armarinho — sempre tivera lojas que fossem frequenta<strong>das</strong> principalmente por mulheres — na rua<br />

Senhor dos Passos. Minha mãe costumava aparecer na loja, para ver se alguma sirigaita andava<br />

por lá. Às vezes, eles discutiam na hora do jantar; na verda<strong>de</strong>, minha mãe brigava com ele, que<br />

ficava calado; se ela não parava <strong>de</strong> brigar, ele se levantava da mesa e saía para a rua. Minha mãe<br />

ia para o quarto chorar, nesses dias. Eu ia para a janela, cuspir na cabeça <strong>das</strong> pessoas que<br />

passavam e olhar para o letreiro luminoso <strong>de</strong> néon da loja em frente. Essa é uma luz que até hoje<br />

me atrai e que não foi ainda captada nem pelo cinema nem pela televisão. Quando meu pai voltava,<br />

bem mais tar<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>sespero da minha mãe havia passado e eu a via ir à cozinha preparar um copo<br />

<strong>de</strong> leite quente para ele. Um dia ele me disse que era uma pena que os homens tivessem <strong>de</strong> ser<br />

julgados como cavalos <strong>de</strong> corrida, pelo seu retrospecto. ―O problema do seu pai‖, minha mãe me<br />

disse certa ocasião, ―é que ele é muito bonito‖. Ela não o viu ficar paralítico, nem teve <strong>de</strong> suportar a<br />

tristeza incomensurável do olhar <strong>de</strong>le pensando nas sirigaitas. Sim, meu pai ainda era um homem<br />

bonito quando minha mãe morreu.<br />

A impiedosa luci<strong>de</strong>z com que eu agora pensava em meu pai encheu-me <strong>de</strong> horror — não<br />

po<strong>de</strong>mos ver as pessoas que amamos como elas realmente são, impunemente. Pela primeira vez<br />

eu vira o pungente rosto <strong>de</strong>le, naquele espelho, o rosto <strong>de</strong>le que era o meu. Como podia eu estar<br />

ficando igual a meu pai, aquele, o doente?<br />

Rubem Fonseca. Vastas emoções e pensamentos imperfeitos.<br />

São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p. 12-3 (com adaptações).<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 42

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!