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Idealização de conceitos para aeronaves destinadas a competição ...

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Resumo<br />

<strong>I<strong>de</strong>alização</strong> <strong>de</strong> <strong>conceitos</strong> <strong>para</strong> <strong>aeronaves</strong> <strong>de</strong>stinadas a<br />

<strong>competição</strong> SAE-aero<strong>de</strong>sign<br />

Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 2 – nº 1 – 2010<br />

Seção – Artigos Técnicos<br />

Diego <strong>de</strong> Matos Monteiro – Graduando em Engenharia Mecânica<br />

O presente artigo tem como objetivo<br />

apresentar a diversida<strong>de</strong> conceitual presente<br />

na <strong>competição</strong> SAE-Aero<strong>de</strong>sign, <strong>para</strong> que se<br />

busque a melhor configuração possível<br />

buscando eficiência aerodinâmica,<br />

simplicida<strong>de</strong> construtiva e eficiência<br />

estrutural. Serão mostrados <strong>conceitos</strong><br />

propostos por autores e <strong>conceitos</strong> já<br />

<strong>de</strong>senvolvidos <strong>para</strong> a <strong>competição</strong>, on<strong>de</strong> não<br />

existe uma tendência única fazendo assim da<br />

SAE-Aero<strong>de</strong>sign, uma <strong>competição</strong><br />

extremamente ampla no que diz respeito a<br />

projeto conceitual.<br />

Palavras-chave<br />

Projeto conceitual, conceito, aero<strong>de</strong>sign.<br />

1- Introdução<br />

Des<strong>de</strong> o inicio do projeto<br />

aeronáutico, a <strong>de</strong>finição do conceito sempre<br />

foi parte fundamental <strong>para</strong> o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> qualquer aeronave.<br />

Nota-se, porém que ocorreu uma gran<strong>de</strong><br />

mudança no conceito das <strong>aeronaves</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

invenção do avião. Analisando por exemplo<br />

os <strong>conceitos</strong> utilizados por Santos Dumont e<br />

os irmãos Wright nota-se que as <strong>aeronaves</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnas são extremamente diferentes.<br />

Reinaldo Sebastião Silva – Professor MSc.<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista – Campus Bauru<br />

diego<strong>de</strong>matos@terra.com.br<br />

As Figuras 1 e 2 mostram as<br />

<strong>aeronaves</strong> <strong>de</strong>senvolvidas pelos projetistas<br />

citados anteriormente.<br />

Figura 1 – 14-bis projetado por Santos<br />

Dumont<br />

Figura 2 – Flyer projetado pelos irmãos<br />

Wright<br />

Os <strong>conceitos</strong> foram evoluindo até a<br />

década <strong>de</strong> 50, on<strong>de</strong> finalmente se consolidou<br />

1


o mo<strong>de</strong>lo mais usado hoje que é apresentada<br />

na forma <strong>de</strong> charuto sobre asas.<br />

Po<strong>de</strong>-se observar pelas Figuras 3 e 4<br />

que não houve mudança significativa na<br />

configuração dos gran<strong>de</strong>s jatos comerciais<br />

lançados no mercado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 50.<br />

Figura 3 – Boeing 707 (1954)<br />

Figura 4- Boeing 787 (2007)<br />

Hoje em dia estudam-se novos<br />

<strong>conceitos</strong> que visam maior eficiência<br />

aerodinâmica e maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

passageiros <strong>para</strong> que se possa economizar<br />

combustível, conseqüentemente aumentando<br />

a rentabilida<strong>de</strong> por vôo e diminuindo a<br />

agressão ao meio ambiente por poluentes.<br />

Assim <strong>de</strong>senvolveram-se protótipos do tipo<br />

Blen<strong>de</strong>d Wing Body (BWB) como mostrado<br />

na Figura 5.<br />

Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 2 – nº 1 – 2010<br />

Seção – Artigos Técnicos<br />

Figura 5 – Conceito Blen<strong>de</strong>d Wing Body<br />

2- Conceitos<br />

Torenbeek [1] fez diversas análises<br />

<strong>para</strong> diversos <strong>conceitos</strong> verificando seu fator<br />

<strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> envergadura <strong>para</strong> arrasto<br />

induzido, mostrando a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a melhoria na eficiência<br />

<strong>de</strong> uma aeronave como mostrado na Figura<br />

6.<br />

Figura 6 – Fator <strong>de</strong> eficiência da<br />

envergadura <strong>para</strong> arrasto induzido.<br />

Analises como estas po<strong>de</strong>m ser feitas<br />

não só <strong>para</strong> <strong>de</strong>sempenho, mas também<br />

po<strong>de</strong>m ser feitas <strong>para</strong> cargas, estruturas,<br />

estabilida<strong>de</strong> e controle. Todas elas sempre<br />

tentando alcançar o ponto ótimo <strong>de</strong><br />

eficiência, o que consolida um ciclo <strong>de</strong><br />

melhoria continua no projeto. Um exemplo<br />

<strong>de</strong> otimização estrutural po<strong>de</strong> ser visto nas<br />

2


Figuras 7 e 8, on<strong>de</strong> a configuração da<br />

aeronave permite uma diminuição na<br />

distribuição do momento fletor da asa.<br />

Figura 7 – Mo<strong>de</strong>lo proposto por<br />

Torenbeek.<br />

Figura 8 – Diminuição da distribuição do<br />

momento fletor.<br />

Outro mo<strong>de</strong>lo que envolve<br />

otimização <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e também<br />

estabilida<strong>de</strong> e controle é o tipo wing-box,<br />

que possui um complexo sistema <strong>de</strong> controle,<br />

mas possui alta eficiência aerodinâmica, a<br />

Figura 9 exemplifica este mo<strong>de</strong>lo.<br />

Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 2 – nº 1 – 2010<br />

Seção – Artigos Técnicos<br />

Figura 9 – Lokcheed wing-box<br />

O grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>para</strong> a escolha<br />

<strong>de</strong> um conceito é extremamente amplo on<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> uma <strong>de</strong>terminada missão não existe<br />

uma única solução.<br />

Isso será visto a seguir on<strong>de</strong> se<br />

verifica que o mo<strong>de</strong>lo vencedor na<br />

<strong>competição</strong> SAE-Aero<strong>de</strong>sign não apresenta<br />

sempre a mesma configuração externa<br />

provando que o conceito não <strong>de</strong>fine<br />

exatamente a qualida<strong>de</strong> do equipamento, e<br />

sim um projeto balanceado <strong>de</strong> bem pensado<br />

po<strong>de</strong> ser a chave do sucesso <strong>para</strong> as equipes<br />

participantes.<br />

3- Aeronaves SAE-Aero<strong>de</strong>sign<br />

A UNESP campus Bauru participa<br />

da <strong>competição</strong> SAE-Aero<strong>de</strong>sign <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001.<br />

Des<strong>de</strong> então foi iniciada uma observação das<br />

<strong>aeronaves</strong> <strong>de</strong> outras equipes.<br />

Serão mostrados então alguns<br />

<strong>conceitos</strong> utilizados na <strong>competição</strong> que<br />

terminaram a <strong>competição</strong> em excelentes<br />

colocações e assim po<strong>de</strong> observar a<br />

diversida<strong>de</strong> conceitual utilizada pelos<br />

estudantes.<br />

3


Figura 10 – Aeronave EESC USP (2001)<br />

Em 2001 o conceito predominante<br />

era semelhante ao da figura 10, on<strong>de</strong> a<br />

aeronave era do tipo asa alta com cauda<br />

convencional e trem <strong>de</strong> pouso triciclo. Notase<br />

que a configuração externa das <strong>aeronaves</strong><br />

é extremamente influenciada pelo grau <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> que o regulamento oferece. Outro<br />

fato é que as equipes ainda não tinham<br />

experiência suficiente <strong>para</strong> inovar no<br />

conceito <strong>de</strong> projeto. Conforme os anos<br />

passaram, os projetos se tornaram mais<br />

maduros, o que da mais segurança <strong>para</strong> as<br />

equipes inovarem em seus <strong>conceitos</strong>.<br />

Figura 11 – Aeronave UDESC (2002)<br />

Em 2002 o regulamento era<br />

semelhante ao <strong>de</strong> 2001, assim novamente o<br />

mesmo conceito foi predominante nesta<br />

<strong>competição</strong>. Porem foi o segundo ano on<strong>de</strong><br />

Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 2 – nº 1 – 2010<br />

Seção – Artigos Técnicos<br />

uma equipe apareceu com a configuração<br />

asa baixa. A mesma equipe <strong>de</strong>senvolvera um<br />

mo<strong>de</strong>lo semelhante em 2001.<br />

Figura 12 – Aeronave MFB-03<br />

Unesp Bauru (2003)<br />

No ano <strong>de</strong> 2003 a equipe<br />

MecBauFlyer <strong>de</strong>senvolveu sistemas <strong>de</strong><br />

ponta <strong>de</strong> asa (winglets) que apresentaram<br />

certa melhora no <strong>de</strong>sempenho da aeronave,<br />

mas apresentava uma certa <strong>de</strong>ficiência <strong>para</strong><br />

pousos com ventos <strong>de</strong> través o que invalidou<br />

alguns vôos da equipe.<br />

Neste ano o regulamento limitava<br />

apenas a envergadura máxima utilizada.<br />

Assim surgiram <strong>aeronaves</strong> do tipo<br />

multiplanos na <strong>competição</strong>, entre elas<br />

po<strong>de</strong>m ser citadas <strong>aeronaves</strong> feitas pela<br />

UFMG e UDESC.<br />

Figura 13 – Aeronave UDESC (2003)<br />

4


Em 2004, com o regulamento<br />

semelhante ao <strong>de</strong> 2003, on<strong>de</strong> a envergadura<br />

máxima permitida era b = 1,83 m, <strong>aeronaves</strong><br />

do tipo biplano obtiveram os melhores<br />

resultados.<br />

Figura 14 – Aeronave Car-Kará<br />

UFRN (2004)<br />

Em 2005 com a diminuição da<br />

envergadura <strong>para</strong> b = 1,59 m, forçou as<br />

equipes a <strong>de</strong>senvolverem multiplanos, on<strong>de</strong><br />

a predominância era da <strong>de</strong> biplanos. Nesta<br />

ocasião surgiram triplanos como mostrado<br />

na Figura 13.<br />

Figura 15 – Aeronave Poli Aclive<br />

USP – Poli (2005)<br />

Em 2006 surgiu a primeira aeronave<br />

com conceito BWB feito pela UFSC. A<br />

aeronave campeã em 2006 foi projetada pela<br />

equipe Keep Flying, on<strong>de</strong> foi o terceiro ano<br />

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consecutivo que <strong>aeronaves</strong> biplanas<br />

conquistaram a primeira colocação na<br />

<strong>competição</strong>.<br />

Figura 16 – Aeronave Céu Azul<br />

UFSC (2006)<br />

Figura 17 – Aeronave Keep Flying<br />

USP – Poli (2006)<br />

2007 foi o ano on<strong>de</strong> se verifica o<br />

grau <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projeto e varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>conceitos</strong> elaborados pelas equipes. A<br />

Unesp Bauru levou <strong>conceitos</strong> com cauda em<br />

“T”e um classe aberta <strong>de</strong> conceito Blen<strong>de</strong>d<br />

Wing Body, conceito que chamou a atenção<br />

dos juízes da <strong>competição</strong>.<br />

5


Figura 18 – MBF-07 (2007)<br />

Figura 19 – Canarinho Open (2007)<br />

O ano <strong>de</strong> 2008 apresentou uma<br />

mudança bem interessante no regulamento,<br />

on<strong>de</strong> ocorreu a segmentação <strong>de</strong> pista.<br />

Existiam dois espaços <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (30,5m<br />

e 61m) on<strong>de</strong> existia uma pontuação distinta<br />

em função <strong>de</strong>sse espaço diferente. É notável<br />

neste ano a hegemonia <strong>de</strong> <strong>aeronaves</strong> do tipo<br />

monoplano na classe regular.<br />

Figura 20 – Aeronave Uai-so-Fly (2008)<br />

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Seção – Artigos Técnicos<br />

Muitos participantes a achavam que<br />

em 2009 não seria diferente <strong>de</strong> 2008 on<strong>de</strong><br />

<strong>aeronaves</strong> que <strong>de</strong>colassem no primeiro<br />

segmento <strong>de</strong> pista seriam as <strong>aeronaves</strong> <strong>de</strong><br />

melhor resultado. Mas o regulamento sofreu<br />

modificações on<strong>de</strong> alem da divisão da pista<br />

em duas partes, existiam limites <strong>para</strong><br />

somatória <strong>de</strong> comprimento dos elementos da<br />

aeronave máxima e mínima. Assim<br />

obtiveram-se resultados bem diferenciados.<br />

Os primeiros colocados foram <strong>aeronaves</strong> do<br />

tipo monoplano.<br />

Figura 21 – Prototipo Cefast (2009)<br />

Já na classe aberta apareceram 2<br />

<strong>conceitos</strong> notáveis.<br />

A equipe EESC Charlie levou uma<br />

configuração que lembra muito o conceito<br />

sugerido pela Figura 8, o que provavelmente<br />

aperfeiçoou a estrutura da asa.<br />

Figura 22- EESC Charlie (2009)<br />

6


Outra configuração muito<br />

interessante foi a aeronave levada pela Feb<br />

Open, que possuía uma cauda em “V”<br />

invertida e configuração Blen<strong>de</strong>d Wing<br />

Body, o que melhorou muito sua<br />

aerodinâmica. Esta foi a primeira aeronave<br />

com esta configuração no aero<strong>de</strong>sign.<br />

Figura 23 – Feb Open (2009)<br />

4- Conclusões<br />

O presente artigo mostrou que não<br />

existe um conceito pré-<strong>de</strong>finido que será o<br />

vencedor, pois anualmente o regulamento<br />

sofre mudanças influenciando<br />

completamente na configuração externa do<br />

avião. Tudo isso é verificado pelas<br />

diferentes configurações que apareceram ao<br />

<strong>de</strong>correr dos anos da <strong>competição</strong>.<br />

Assim é possível criar uma aeronave<br />

com alto grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> em seu conceito,<br />

mas tendo sempre como objetivo a<br />

maximização do carregamento alar e<br />

conseqüentemente a diminuição da relação<br />

potencia/peso.<br />

Para tal é necessário o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos não somente do<br />

conceito em si, mas também é preciso<br />

<strong>de</strong>senvolver o <strong>de</strong>sempenho, on<strong>de</strong><br />

aerodinâmica, estabilida<strong>de</strong> e controle são<br />

fatores cruciais <strong>para</strong> tal. A adoção <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>los numéricos coerentes, ou <strong>de</strong><br />

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Seção – Artigos Técnicos<br />

mo<strong>de</strong>los que <strong>de</strong>ram certo em anos anteriores<br />

na participação da equipe são <strong>de</strong>terminantes<br />

<strong>para</strong> o sucesso <strong>de</strong> uma aeronave com o<br />

conceito diferenciado.<br />

5- Referencias Bibliográficas<br />

[1] TOREMBEEK, EGBERT. Blen<strong>de</strong>d<br />

Wing Body and all Wings. European<br />

workshop on aircraft Design Education,<br />

Samara, Russia, 2004.<br />

[2] RAYMER, D. P. (1989). Aircraft <strong>de</strong>sign:<br />

a conceptual approach. American Institute<br />

of Aeronautics and Astronautics, Inc.<br />

Washington, D. C.<br />

[3] STINTON, D. (1983). The Design of the<br />

Aeroplane. Granada Publishing, EUA.<br />

[4] HALE, F. J. (1999). Aircraft<br />

performance, selection, and <strong>de</strong>sign. John<br />

Wiley & Sons. New York.<br />

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