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QUARTA-FEIRA, 9 DE FEVEREIRO, 2011 | ANO 3 | Nº 367 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 3,00<br />

Aumento no volume de transações<br />

entre <strong>empresas</strong> globalizadas pede<br />

novo modelo para órgãos nacionais<br />

de defesa da concorrência ➥ P30<br />

Multa por apagão de 2009 não<br />

vai garantir punição a Furnas<br />

Empresa deve contestar na Justiça a penalidade aplicada ontem pela Aneel. Investigação de blecaute de sexta ainda não começou<br />

Mais de um ano após o apagão que deixou<br />

18 estados às escuras, foi definida a punição<br />

para Furnas, uma multa de R$ 43,3<br />

milhões. Valor deve ser contestado na Jus-<br />

tiça. As investigações pela interrupção do<br />

fornecimento de energia da última sextafeira,<br />

que atingiu oito estados do Nordeste,<br />

devem seguir o mesmo caminho. Cer-<br />

Volvo produzirá câmbio<br />

automatizado no <strong>Brasil</strong><br />

Montadora sueca investirá R$ 25 milhões em uma nova fábrica para<br />

nacionalizar a produção da caixa de câmbio I-Shift. No ano passado,<br />

a tecnologia equipou 60% dos caminhões Volvo vendidos no país. ➥ P23<br />

Grife argentina La Martina,<br />

dirigida por Tomás Lanzillotta,<br />

revê estratégia e passa a comandar<br />

sua operação no <strong>Brasil</strong> ➥ P28<br />

Divulgação<br />

Roger Alm, presidente<br />

da Volvo: ”Estamos<br />

preparados para<br />

crescer no país”<br />

ca de 80% do polo petroquímico de Camaçari,<br />

na Bahia, ainda está parado. Em<br />

São Paulo, 2,5 milhões de pessoas ficaram<br />

20 minutos sem energia ontem. ➥ P4<br />

Mais 6 mil<br />

correntistas<br />

milionários<br />

Número de clientes do segmento<br />

conhecido como private banking<br />

aumentou 11% no último ano, para<br />

63 mil pessoas, com aplicações<br />

acima de R$ 1 milhão. O volume de<br />

ativos chegou a R$ 371 bilhões. ➥P32<br />

Descontos de R$ 1 milhão<br />

na conta de luz favoreceram<br />

recicladores do Rio e Ceará. ➥ P16<br />

Inflação sobe e não se limita<br />

apenas ao preço dos alimentos<br />

Indicadores confirmam que a alta do custo de vida é resultado<br />

da demanda aquecida, e não apenas de fatores sazonais. ➥ P12<br />

Genéricos vão movimentar<br />

R$ 600 milhões neste ano<br />

A quebra de patente de pelo menos 11 medicamentos vai estimular as<br />

vendas das indústrias do setor, que faturou R$ 6,2 bilhões em 2010. ➥ P15<br />

Accor adota sistema de franquia<br />

para ser o fast-food dos hotéis<br />

Companhia faz adaptação da bandeira Formule 1 para um modelo<br />

voltado a cidades do interior e para o Nordeste do país. ➥ P20<br />

Aposentadoria deixa de ser o<br />

objetivo da previdência privada<br />

Cerca de 80% dos poupadores no país acumulam recursos para outras<br />

finalidades, como aquisição de imóveis, veículos e viagens. ➥ P34<br />

INDICADORES<br />

TAXAS DE CÂMBIO COMPRA<br />

8.2.2010<br />

VENDA<br />

▼ Dólar Ptax (R$/US$) 1,6703 1,6711<br />

▼ Dólar comercial (R$/US$) 1,6650 1,6670<br />

▲ Euro (R$/€)<br />

2,2791 2,2804<br />

▲ Euro (US$/€)<br />

1,3645 1,3646<br />

▼ Peso argentino (R$/$) 0,4154 0,4161<br />

JUROS META EFETIVA<br />

■ Selic (a.a.)<br />

11,25% 11,17%<br />

BOLSAS VAR. % ÍNDICES<br />

▲ Bovespa - São Paulo 0,63 65.771,33<br />

▲ Dow Jones - Nova York 0,59 12.233,15<br />

▲ Nasdaq - Nova York 0,47 2.797,05<br />

▲ S&P 500 - Nova York 0,42 1.324,57<br />

▲ FTSE 100 - Londres 0,67 6.091,33<br />

▼ Hang Seng - Hong Kong -0,29 23.484,30<br />

Murillo Constantino


2 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

Em alta<br />

Marcela Beltrão<br />

Accor oferece franquias do<br />

Formule 1 no interior do país<br />

O grupo, conhecido mundialmente pelos<br />

hotéis econômicos, adota nova estratégia<br />

no mercado brasileiro, com a oferta de<br />

100 franquias da bandeira Formule 1 a<br />

investidores. O novo formato oferece<br />

edifícios menores, de 60 a 80 quartos,<br />

enquanto as unidades existentes contam<br />

com 200 a 300 acomodações. “Queremos<br />

atender o interior do <strong>Brasil</strong>, que não<br />

comporta uma estrutura como a das<br />

grandes cidades”, diz Abel Castro, diretor<br />

de desenvolvimento da Accor <strong>Brasil</strong>.<br />

A primeira unidade neste formato, com<br />

88 quartos, será inaugurada neste<br />

semestre, em Piracicaba (SP). ➥ P20<br />

São 150 mil brasileiros com<br />

mais de R$ 1 mi para investir<br />

Estimativa é de Celso Portásio, presidente<br />

do comitê de private banking da<br />

Associação Nacional das Entidades dos<br />

Mercados Financeiro e de Capitais<br />

(Anbima), levando em conta pessoas que<br />

disponham de quantias acima de R$ 1<br />

milhão para aplicações financeiras. De<br />

acordo com os dados da Anbima, em um<br />

ano, o número de clientes do chamado<br />

“private banking”, área das instituições<br />

financeiras, que atende o público com<br />

disponibilidades naquela faixa, passou de<br />

56,99 mil para 63,22 mil pessoas. Alguns<br />

bancos, inclusive, elevaram o limite para o<br />

“private”, como o Santander, cujo volume<br />

mínimo, agora, é de R$ 3 milhões. ➥ P32<br />

Whirlpool organiza-se para<br />

enfrentar a LG e a Samsung<br />

A empresa americana que detém as<br />

marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid,<br />

que enfrenta concorrentes tradicionais<br />

como Mabe e Electrolux, prepara-se<br />

também para a entrada das gigantes<br />

coreanas de eletroeletrônicos LG e<br />

Samsung no mercado brasileiro. “Com<br />

a nova realidade econômica do país, as<br />

pessoas estão propícias a adquirir um novo<br />

produto e temos grandes oportunidades<br />

para crescer este ano”, diz Claudia Sender,<br />

diretora de marketing da Whirlpool Latin<br />

America. A empresa aposta na recompra<br />

de bens duráveis por grande parcela da<br />

população, beneficiada pelo aumento da<br />

renda e facilidade de crédito. ➥ P26<br />

NESTA EDIÇÃO<br />

Volvo nacionaliza caixas de câmbio<br />

Fotos: divulgação<br />

Decisão, de acordo com Roger Alm, presidente da Volvo Latin<br />

America, se deve ao aumento da procura pelas caixas de<br />

câmbio automatizadas no país, que tinham participação de 3%<br />

em 2006, passaram para 40% em 2009 e encerraram 2010<br />

com 60%. Serão investidos R$ 25 milhões na unidade. ➥ P23<br />

Novo mínimo pode ser votado na terça<br />

Base governista e oposição se preparam para o primeiro<br />

embatenoplenáriocomavotaçãodoaumentodosalário<br />

mínimo. O Palácio do Planalto, que defende o piso de<br />

R$ 545, quer regime de urgência para a votação. ➥ P14<br />

Fim de patentes agita área de genéricos<br />

São 11 medicamentos, cuja exclusividade acaba no<br />

decorrer deste ano, o que deve acirrar a concorrência<br />

num mercado que movimenta mais de R$ 6 bilhões<br />

e deve receber, no mínimo, mais R$ 600 milhões. ➥ P15<br />

Lixo rende desconto na conta de luz<br />

Iniciativa é da Endesa <strong>Brasil</strong>, que através de suas controladas,<br />

as distribuidoras Coelce, no Ceará, e Ampla, no Rio,<br />

incentiva a população a recolher os materiais recicláveis.<br />

O próximo passo é atrair os shopping centers. ➥ P16<br />

AFRASE<br />

“Em ambos os casos seria<br />

catastrófico para o Egito”<br />

Naguib Sawiris, líder empresarial egípcio, sobre a possibilidade de o clima<br />

político no país evoluir para a intervenção direta do Exército ou para a<br />

ascensão da Irmandade Muçulmana ao poder. Ele defende o afastamento<br />

negociado do presidente Hosni Mubarak e a convocação de eleições.<br />

Harley-Davidson ganha velocidade<br />

A grife das motos planeja atuação mais direta no <strong>Brasil</strong>,<br />

com a ampliação do número de revendas. Duas delas já<br />

foram nomeadas, em São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG),<br />

e iniciam as vendas dos veículos em março e abril. ➥ P18<br />

País disputa nova unidade da Vulkan<br />

Filial brasileira da empresa alemã de motores navais<br />

e industriais reivindica recursos para erguer a nova<br />

fábrica e compete com suas congêneres da China e da<br />

Índia. A decisão deve ser anunciada em abril. ➥ P22<br />

IP direciona produção para países da AL<br />

Com vendas líquidas de US$ 1 bilhão no ano passado,<br />

International Paper decide destinar a produção da unidade<br />

brasileira para os países da América Latina. Atualmente,<br />

metade é destinada ao mercado externo. ➥ P24<br />

Marcela Beltrão<br />

Justiça deve se adaptar ao mundo on-line<br />

“O espaço virtual não preenche mais as características<br />

tradicionalmente avaliadas, já que até agora sempre se<br />

pensou em termos territoriais. É um desafio para o direito de<br />

concorrência”, afirma o prof. Tércio Sampaio,daUSP.➥ P30<br />

La Martina planeja expansão no <strong>Brasil</strong><br />

Grife argentina rompe com a representante e passa a atuar<br />

diretamente no mercado brasileiro, com planos de chegar<br />

90 pontos de venda multimarcas e 15 unidades franqueadas<br />

até 2014. “Não precisamos mais do que isso”, diz Tomás<br />

Lanzillotta, diretor executivo. ➥ P28<br />

LogFashion cuida da logística da moda<br />

Especializada no atendimento de <strong>empresas</strong> de tecnologia,<br />

quando se chamava Tecni Express, empresa troca este<br />

segmento por varejistas e grifes, como Menta, FatalSurf,<br />

ZorbaeHanes,entreoutras.➥P29 Shawn Baldwin/Bloomberg


RENATO RUSSO, VICE-PRESIDENTE DE VIDA E PREVIDÊNCIA DA SULAMÉRICA<br />

É cada vez menor o número de aplicadores em planos de previdência complementar<br />

que destinam os recursos acumulados à aposentadoria, constata Renato Russo,<br />

vice-presidente da Vida e Previdência da SulAmérica. ➥ P34<br />

Presidente do Conselho de Administração<br />

Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos<br />

Diretor-Presidente José Mascarenhas<br />

Diretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro<br />

Diretores Executivos<br />

Alexandre Freeland, Paulo Fraga<br />

e Ricardo Galuppo<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

BRASIL ECONÔMICO é uma publicação<br />

da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar,<br />

CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP),<br />

Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158<br />

Diretor de Redação Ricardo Galuppo<br />

Diretor Adjunto Costábile Nicoletta<br />

Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales, Jiane<br />

Carvalho, Thaís Costa, Produção Editorial Clara Ywata<br />

Editores Conrado Mazzoni (On-line), Fabiana Parajara<br />

(Destaque), Marcelo Cabral (<strong>Brasil</strong>), Márcia Pinheiro<br />

(Finanças), Rita Karam (Empresas)<br />

Subeditores Elaine Cotta (<strong>Brasil</strong>), Estela Silva, Isabelle<br />

Moreira Lima (Empresas), Luciano Feltrin (Finanças),<br />

Micheli Rueda (On-line)<br />

Repórteres Amanda Vidigal, Ana Paula Machado, Ana<br />

Paula Ribeiro, Bárbara Ladeia, Carolina Alves, Carolina<br />

Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli, Daniela Paiva,<br />

Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Eva Rodrigues,<br />

Fabiana Monte, Fábio Suzuki, Felipe Peroni, Françoise<br />

Terzian, João Paulo Freitas, Juliana Rangel, Karen Busic,<br />

Luiz Silveira, Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras,<br />

Mariana Celle, Mariana Segala, Martha S. J. França, Michele<br />

Loureiro, Natália Flach, Nivaldo Souza, Paulo Justus,<br />

Pedro Venceslau, Priscila Dadona, Priscila Machado,<br />

Regiane de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego,<br />

Vanessa Correia, Weruska Goeking<br />

Brasília Maeli Prado, Simone Cavalcanti<br />

Rio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro<br />

Arte Pena Placeres (Diretor), BettoVaz(Editor), Evandro<br />

Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo Roberto<br />

Argento, Renata Rodrigues, Renato B. Gaspar, Tania<br />

Aquino (Paginadores), Infografia Alex Silva (Chefe), Anderson<br />

Cattai, Monica Sobral Fotografia Antonio Milena<br />

(Editor), Marcela Beltrão (Subeditora), Evandro Monteiro,<br />

Henrique Manreza, Murillo Constantino, Rafael<br />

Neddermeyer (Fotógrafos), Angélica Breseghello Bueno,<br />

Carlos Henrique, Fabiana Nogueira, Thais Moreira<br />

(Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tratamento de<br />

imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos Costa Secretaria/Produção<br />

Shizuka Matsuno<br />

Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Executivo<br />

Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial),Júlio<br />

César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Carolina<br />

Corrêa, Sofia Khabbaz, Valquiria Rezende, Wilson<br />

Haddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca (Gerente<br />

Comercial), Celeste Viveiros, Mariana Sayeg (Executivos<br />

de Negócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mercados),<br />

Andréia Luiz (Assistente Comercial)<br />

Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), JoãoFelippe<br />

Macerou Barbosa, Samara Ramos (Coordenadores),<br />

Daiana Silva Faganelli (Analista), Solange<br />

Santos (Assistente Executiva)<br />

Henrique Manreza<br />

Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade<br />

Legal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo),<br />

Adriana Araújo, Valério Cardoso, Carlos Flores (Executivos<br />

de Negócios), Solange Santos (Assistente Comercial)<br />

Departamento de Marketing Evanise Santos (Diretora),<br />

Rodrigo Louro (Gerente de Marketing), Giselle Leme,<br />

Roberta Baraúna (Coordenadores de Marketing).<br />

Operações Cristiane Perin (Diretora)<br />

Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Diretor),<br />

Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria),<br />

Denes Miranda (Coordenador de Planejamento)<br />

Central de Assinantes e Venda de Assinaturas Marcello<br />

Miniguini (Gerente de Assinaturas), Helen Tavares<br />

da Silva (Supervisão de Atendimento), Conceição Alves<br />

(Supervisão)<br />

São Paulo e demais localidades 0800 021 0118<br />

Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100<br />

De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30.<br />

Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14h.<br />

assinatura@brasileconomico.com.br<br />

Central de Atendimento ao Jornaleiro (11) 3320-2112<br />

Sucursal RJ Leila Garcia (Diretoria Comercial),<br />

Cristina Diogo (Gerente Comercial)<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 3<br />

EDITORIAL<br />

Os apagões<br />

voltam à<br />

ordem do dia<br />

Uma das maldades cometidas por críticos<br />

da então ministra de Minas e EnergiaDilmaRoussefferadequehaviano<br />

ministério uma torcida permanente<br />

para que o país continuasse com baixas<br />

taxas de crescimento. É que projeções<br />

dos técnicos indicavam a possibilidade<br />

de um colapso no fornecimento de<br />

energia caso a economia registrasse expansão<br />

superior a 5%. Os comentários<br />

maldosos, agora engrossados por apoiadores<br />

de pré-candidatos presidenciais<br />

da oposição, aumentaram quando a então<br />

ministra, já no comando da Casa Civil,<br />

surgiu como a opção petista para<br />

suceder o presidente Luiz Inácio Lula da<br />

Silva. Houve até quem insinuasse que a<br />

crise de 2008 teria ajudado a então précandidata,<br />

com a retração econômica<br />

de 2009 evitando a escassez energética.<br />

Mesmo com a economia ainda retraída,<br />

mas já revelando sinais de recuperação,<br />

cerca de 40% do território nacional<br />

foi atingido por um blecaute na noite de<br />

10 de novembro daquele ano. Responsabilizada<br />

pelo episódio, Furnas Centrais<br />

Elétricas, controlada pela estatal<br />

Eletrobras, recebeu multa de R$ 53,7<br />

milhões aplicada pela Agência Nacional<br />

de Energia Elétrica (Aneel), que ontem<br />

reduziu o valor para R$ 43,3 milhões,<br />

ainda assim o maior já aplicado pela<br />

agência reguladora.<br />

A presidente Dilma Rousseff<br />

decidiu assumir a linha de<br />

frente nas discussões sobre<br />

o apagão de sexta-feira<br />

Cálculos preliminares indicam um<br />

crescimento econômico de 7% a 8%<br />

em 2010, mas o fornecimento de energia<br />

aconteceu sem sobressaltos o ano<br />

todo para desespero dos mais maldosos.<br />

Na madrugada de sexta-feira, contudo,<br />

a gestão Dilma foi surpreendida<br />

pelo seu primeiro apagão, que atingiu<br />

oito estados nordestinos. Ontem, a falha<br />

de um transformador deixou 2,5<br />

milhões de paulistanos sem energia por<br />

quase meia hora.<br />

O “mini pagão” aconteceu no momento<br />

em que os presidentes do Operador<br />

Nacional do Sistema Elétrico e da<br />

Empresa de Pesquisa Energética eram<br />

convocados às pressas pelo Palácio do<br />

Planalto. Uma indicação de que a presidente<br />

Dilma Rousseff decidiu assumir a<br />

linha de frente na solução do problema<br />

e, com isso, tentar evitar que surjam<br />

motivos para novas maldades. ■<br />

Rua do Riachuelo, 359 – 5º andar - CEP 20230-902 –<br />

Rio de Janeiro – RJ - Tel.: (21) 2222-8151 e 2222-8707<br />

Jornalista Responsável Ricardo Galuppo<br />

TABELA DE PREÇOS*<br />

Assinatura Nacional<br />

Trimestral Semestral Anual<br />

R$ 165,00 R$ 276,00 R$ 459,00<br />

*Preços de assinatura com desconto de 13%, 27%<br />

e 39% para vigências trimestral, semestral e anual,<br />

respectivamente, em relação ao preço de capa<br />

Condições especiais para pacotes e projetos corporativos<br />

(circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais)<br />

Auditado pela BDO<br />

Auditores Independentes<br />

Impressão:<br />

Editora O Dia S.A. (RJ)<br />

Nova Forma (SP)<br />

FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO)


4 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

DESTAQUE ENERGIA<br />

Apagão de 2009 ainda<br />

está sem punição<br />

Furnas deve contestar multa na Justiça. Blecaute de sexta tende a ter mesmo caminho<br />

Ricardo Rego Monteiro<br />

rmonteiro@brasileconomico.com.br<br />

Mais de um ano após o traumático<br />

apagão de 2009, que interrompeu<br />

o fornecimento de energia em<br />

quase dois terços do território nacional,<br />

a estatal Furnas Centrais<br />

Elétricas ainda luta contra a milionária<br />

punição aplicada pela<br />

Agência Nacional de Energia Elétrica<br />

(Aneel). Ontem, a diretoria<br />

colegiada do órgão regulador reduziu<br />

em R$ 10 milhões o valor da<br />

multaaplicadanoanopassado—<br />

de R$ 53,7 milhões —, por responsabilidade<br />

no episódio. O valor,<br />

que agora deverá ser questionado<br />

pela estatal na Justiça comum,<br />

caiu para R$ 43,3 milhões,<br />

mas ainda representa a maior<br />

multajáaplicadadesdeacriação<br />

da Aneel, no fim da década de 90.<br />

Oimbróglio,deacordocom<br />

especialistas do setor, indica o<br />

roteiro que provavelmente deverão<br />

seguir as atuais discussões<br />

sobre as causas do apagão da<br />

madrugada da última sexta-feira,<br />

que interrompeu o fornecimento<br />

em oito estados do Nordeste.<br />

Ontem à tarde, dia seguinte<br />

à reunião de mais de quatro<br />

horas do Comitê de Monitoramento<br />

do Setor Elétrico<br />

(CMSE) para discutir as causas da<br />

nova ocorrência, os presidentes<br />

do Operador Nacional do Sistema<br />

Elétrico (ONS), Hermes Chipp, e<br />

da Empresa de Pesquisa Energética<br />

(EPE), Mauricio Tolmasquim,<br />

foram chamados às pressas, para<br />

Brasília, para novo encontro, desta<br />

vez com a presidente Dilma<br />

Rousseff, que decidiu assumir a<br />

linha de frente das discussões.<br />

Com relação à multa aplicada<br />

a Furnas, a diretoria da estatal<br />

informou que só irá se pronunciar<br />

depois de comunicada oficialmente<br />

da decisão pelo órgão<br />

regulador. Fontes ligadas à<br />

companhia, no entanto, admitiram<br />

que a tendência é contestar<br />

judicialmente a punição,<br />

com argumento de que, em relatório,<br />

a própria Eletrobras, a<br />

holding do setor, isentou Furnas<br />

de responsabilidade na pane.<br />

Investigação conduzida pelo<br />

governo atribuiu o problema a<br />

um curto circuito em três circuitos<br />

— supostamente causado<br />

porumraio—daslinhasde<br />

transmissão de Itaipu para o<br />

municípiodeItaberá(SP).<br />

Relator do recurso de Furnas,<br />

Romeu Donizete Rufino, diretor<br />

da Aneel, baseou a decisão, no<br />

entanto, em três argumentos.<br />

Para ele, a empresa teria respon-<br />

Desde ontem,<br />

o ONS trabalha na<br />

versão preliminar do<br />

Relatório de Análise<br />

de Perturbação,<br />

que deverá indicar<br />

as causas do apagão<br />

de sexta-feira (dia 4).<br />

Com o documento,<br />

a Aneel iniciará<br />

um trabalho mais<br />

pormenorizado<br />

de investigação do<br />

problema<br />

sabilidade não só pelo desligamento<br />

das linhas de transmissão<br />

causadoras do apagão, mas também<br />

por não promover a manutenção<br />

adequada do equipamento<br />

e por demorar a recompor<br />

o sistema. “Na visão da fiscalização,<br />

o valor da multa é<br />

compatível com a gravidade da<br />

infração”, disse o relator.<br />

Tensão em Brasília<br />

O julgamento do recurso de Furnas<br />

voltou a ganhar importância<br />

não por causa do apagão da semana<br />

passada, que trouxe novamenteàtonaofantasmadeuma<br />

possível fragilidade do sistema<br />

elétrico brasileiro, e também<br />

pelo turbulento processo de<br />

substituição do comando das estatais<br />

do setor. O episódio só aumentou<br />

a tensão nos corredores<br />

do Ministério de Minas e Energia<br />

e das estatais da área energética.<br />

A tensão é tanta que o próprio<br />

ministro Edison Lobão, recomendou,<br />

durante o encontro,<br />

que os participantes evitassem<br />

falar com a imprensa nas próximas<br />

horas. Apenas o ministro ou<br />

o secretário executivo do Ministério,<br />

Márcio Zimmerman poderiam<br />

se pronunciar oficialmente.<br />

Relatório até o fim da semana<br />

Desde ontem técnicos e a diretoria<br />

do ONS trabalham na elaboração<br />

de uma versão preliminar do<br />

Relatório de Análise de Perturbação<br />

(RAP), que deverá indicar as<br />

causas do apagão de sexta-feira.<br />

A orientação do órgão é para encaminhá-lo<br />

até o fim da semana<br />

para a Central Hidrelétrica do São<br />

Francisco (Chesf), a geradora estataldaregião,eparaasdistribuidoras<br />

dos oitos estados afetados.<br />

De posse do documento, as<br />

<strong>empresas</strong> poderão contestar detalhes<br />

do trabalho e também<br />

acrescentar informações.<br />

ApartirdoRAP,aAneeliniciará<br />

um trabalho mais pormenorizado<br />

de investigação do apagão,<br />

não só com recomendações<br />

de providências, mas também<br />

com eventuais punições. Diagnóstico<br />

preliminar do ONS, divulgado<br />

horas depois do incidente,<br />

indica falha no software que<br />

protege as operações da subestação<br />

de Luiz Gonzaga, da Chesf. O<br />

equipamento interpretou uma<br />

suposta falha no fornecimento e<br />

determinou o desligamento das<br />

linhas como forma de proteger o<br />

sistema. A explicação, no entanto,<br />

não teria convencido a presidente<br />

Dilma Rousseff, segundo<br />

interlocutores do setor. ■<br />

VENCEM EM 2015<br />

Contratos de concessão<br />

seguem sem definição<br />

Com pelo menos 120 contratos de<br />

concessão com data de vencimento<br />

de 2015, o segmento elétrico conta<br />

apenas com a sinalização de Edison<br />

Lobão, ministro de Minas e Energia,<br />

de que o assunto deve ser discutido<br />

ainda este ano. Para Elena Landau,<br />

diretora jurídica da Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira de Companhias de<br />

Energia Elétrica (ABCE), o governo<br />

já está atrasado. “O prazo venceu<br />

no ano passado”, diz. Ela explica<br />

queaausênciadedecisão<br />

impede um posicionamento das<br />

companhias, que, sem detalhes,<br />

não podem discutir internamente<br />

suas condições para a renovação.<br />

É o caso da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />

dos Distribuidores de Energia<br />

Elétrica (Abradee), em que as<br />

opiniões se dividem entre a defesa<br />

darenovaçãodecontratoseade<br />

nova licitação. Sem parâmetro para<br />

discutir o melhor cenário para suas<br />

associadas, a Abradee ainda não<br />

chegou a um consenso sobre qual<br />

será seu posicionamento. Nelson<br />

Leite, presidente da Abradee,<br />

diz que a instituição deve realizar<br />

reuniões ao longo do ano para<br />

que as concessionárias entrem<br />

em acordo. Weruska Goeking<br />

POLO PETROQUÍMICO DE<br />

Associações se<br />

Priscila Machado<br />

pmachado@brasileconomico.com.br<br />

Enquanto o governo não sinaliza<br />

a política que irá adotar<br />

em relação a renovação das<br />

concessões no setor elétrico e<br />

adia a implementação do terceiro<br />

ciclo de revisão tarifária,<br />

as entidades do segmento vão<br />

à Justiça e ao Congresso para<br />

mudar algumas diretrizes da<br />

área de energia.<br />

A Associação Nacional dos<br />

Consumidores de Energia<br />

(Anace) e outras associações<br />

estão batendo na porta dos<br />

parlamentares para evitar que<br />

a prorrogação da Reserva Global<br />

de Reversão (RGR) até 2035<br />

seja mantida. O objetivo é reabrir<br />

o debate sobre o encargo e<br />

impedir que o projeto seja<br />

convertido em lei.<br />

De acordo com Carlos Faria,<br />

presidente da Anace, a RGR gera<br />

um custo adicional na conta de<br />

luz de aproximadamente R$ 2<br />

bilhões ao ano — na estimativa<br />

da Agência Nacional de Energia<br />

Elétrica (Aneel), esse valor é de<br />

R$ 1,66 bilhão — e sua eliminação<br />

promoveria um desconto<br />

entre 1,5% e 3% na conta do<br />

consumidor final. Segundo ele,<br />

em linhas gerais, o recurso é<br />

destinado ao programa Luz Para<br />

Todos e à manutenção do sistema<br />

elétrico. “O caixa da RGR,<br />

administrado pela Eletrobras,<br />

tem cerca de R$ 16 bilhões, esse<br />

recurso por si só é suficiente<br />

para terminar o Luz Para Todos”,<br />

afirma Faria.<br />

Com este argumento, o<br />

presidente da Anace segue dizendoqueaRGR,criadaem<br />

1957, é um encargo que perdeuarazãodeexistirequeos<br />

23 tipos de impostos e 13 tipos


LEIA MAIS<br />

Aneel não exige valor<br />

detalhado aplicado em<br />

manutenção das redes de<br />

transmissão e ainda reduz<br />

multas aplicadas no ano<br />

passado em mais de 40%.<br />

CAMAÇARI ESTÁ PARADO DESDE O APAGÃO DA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA<br />

Mais de 2 milhões de<br />

paulistanos ficaram 20<br />

minutos sem luz ontem, por<br />

problema em transformador.<br />

Aeroporto de Congonhas manteve<br />

operação com geradores.<br />

Depois de comprar<br />

sete <strong>empresas</strong> da área<br />

de transmissão de energia,<br />

chineses devem estabelecer um<br />

novo cenário para o segmento,<br />

forçando queda de tarifas.<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 5<br />

Arestides Baptista/Folhapress<br />

Cerca de 80% do<br />

Polo Petroquímico<br />

de Camaçari, na Bahia,<br />

que abriga <strong>empresas</strong><br />

como Braskem, Dow<br />

e Dupont, está parado<br />

desde a madrugada<br />

da última sexta-feira,<br />

dia 4, em função do<br />

apagão que afetou oito<br />

estados do Nordeste.<br />

Segundo o Comitê<br />

de Fomento Industrial<br />

de Camaçari, os prejuízos<br />

pelos dias parados ainda<br />

estão sendo calculados,<br />

e a estimativa é que<br />

a operação volte<br />

ao normal apenas<br />

na próxima semana.<br />

O fornecimento<br />

de energia no local<br />

foi retomado, mas<br />

oproblemaéque<br />

as <strong>empresas</strong> precisam<br />

fazer ajustes para<br />

retomar a produção<br />

com segurança, visto<br />

que ela foi interrompida<br />

abruptamente.<br />

Doscomplexosdopolo<br />

de Camaçari, apenas<br />

odaFord,quevoltouà<br />

produção normal ainda<br />

nodia4.Deacordo<br />

com a montadora, 400<br />

automóveis Fiesta e<br />

EcoSport deixaram de ser<br />

produzidos, quase metade<br />

da capacidade diária da<br />

unidade. Fabiana Parajara<br />

unem contra fundo estatal do setor<br />

de encargos embutidos na fatura<br />

dariam conta de atender<br />

a demanda de ajustes no segmento.<br />

Além da Anace, outras<br />

13 associações estão em con-<br />

AFRASE<br />

“Quem vai fazer<br />

investimento sem<br />

saber se, a partir<br />

de 2015, vai<br />

ter concessão?”<br />

Carlos Faria,<br />

presidente da Anace<br />

tato com deputados para evitar<br />

a lei. Algumas emendas à<br />

Medida Provisória, publicada<br />

no dia 31 de dezembro, já foram<br />

apresentadas.<br />

Divulgação<br />

Apagão<br />

Questionado sobre a retirada de<br />

um encargo que também é dirigido<br />

a reparos no sistema, dias após<br />

um apagão que deixou sete estados<br />

do Nordeste sem energia, Faria<br />

diz que o <strong>Brasil</strong> tem um sistema<br />

elétrico interligado, o que<br />

pode provocar problemas eventuais<br />

de desligamento. Para ele, a<br />

falha da última sexta-feira remete<br />

a questão das concessões. “Quem<br />

vai fazer investimento se não sabe<br />

se a partir de 2015 vai ter a concessão?”,<br />

questiona (leia mais ao<br />

lado). Segundo Faria, as <strong>empresas</strong><br />

só farão neste momento a manutenção<br />

necessária. Ele destaca<br />

ainda a dificuldade de obter financiamento<br />

neste contexto.<br />

Outras ações<br />

O Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de Defesa<br />

do Consumidor pediu à Aneel a<br />

restrição do sistema pré-pago<br />

de energia nos medidores inteligentes.<br />

Para a entidade, o fornecimentopré-pagofereaLei<br />

de Concessão de Serviços Públicos<br />

e o Código de Defesa do<br />

Consumidor que diz que energia<br />

elétrica é um serviço essencial à<br />

população e, por isso, deve ser<br />

prestado com qualidade, eficiência<br />

e continuidade. A entidade<br />

alerta que o sistema de<br />

pré-pagamento, por proporcionar<br />

a desconexão automática<br />

dos consumidores sem prévio<br />

aviso, coloca o cliente em situação<br />

de vulnerabilidade.<br />

A Associação <strong>Brasil</strong>eira das<br />

Grandes Empresas de Transmissão<br />

de Energia Elétrica (Abrate)<br />

também quer mudança na regulação<br />

do setor. A entidade vai entrar<br />

na justiça contra a metodologia<br />

aplicada pela Aneel na revisão<br />

dos contratos das tarifas cobradas<br />

pelas transmissoras. ■<br />

RGR<br />

✽<br />

Eletrobras administra<br />

caixadeR$16bilhões<br />

A Reserva Global de Reversão<br />

(RGR) é usada em vários<br />

projetos como o Luz para<br />

Todos. Os aportes deste encargo,<br />

criado em 1957, também<br />

são direcionados às obras de<br />

expansão do sistema elétrico,<br />

como a revitalização de parques<br />

térmicos. Na condição de gestora<br />

dos recursos oriundos da RGR,<br />

a Eletrobras administra um<br />

caixa que soma R$ 16 bilhões.


6 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

DESTAQUE ENERGIA<br />

Aneel não<br />

exige valor<br />

detalhado de<br />

manutenção<br />

Ao prestar contas, <strong>empresas</strong> juntam novos<br />

investimentos com preservação de antigos<br />

Juliana Rangel<br />

jrangel@brasileconomico.com.br<br />

Apesar de o governo insistir que<br />

a manutenção da subestação de<br />

Luiz Gonzaga, em Pernambuco,<br />

estava em dia quando ocorreu o<br />

apagão do Nordeste na semana<br />

passada, a Eletrobras, estatal<br />

que abriga Chesf, Eletronorte,<br />

Furnas e Eletrosul, não detalha<br />

quanto do orçamento de suas<br />

<strong>empresas</strong> vai para preservação e<br />

reparo de equipamentos antigos.<br />

O bolo, divulgado sob a rubrica<br />

transmissão, inclui o total<br />

destinado a ampliação e construção<br />

de novas linhas.<br />

Segundo a empresa, a Agência<br />

Nacional de Energia Elétrica<br />

(Aneel) não exige a discriminação.<br />

O procedimento, na avaliação<br />

de técnicos, impede um<br />

acompanhamento acurado da<br />

qualidade dos investimentos e<br />

da preocupação das <strong>empresas</strong><br />

com a manutenção de sistemas.<br />

Por e-mail, a assessoria de imprensa<br />

disse que, para levantar a<br />

informação, a Eletrobras teria<br />

que “consultar cada contrato de<br />

obra e analisá-lo de maneira a<br />

separar o que é manutenção,<br />

manutenção relacionada à implantação<br />

de novas linhas e subestações<br />

novas e investimentos<br />

apenas em novas linhas de<br />

transmissão e subestações”.<br />

No ano passado, Furnas aplicou<br />

20% de seus investimentos<br />

totais, de R$ 1,245 bilhão, em<br />

transmissão de acordo com a<br />

Eletrobras. Ou seja, R$ 249 milhões<br />

que incluem tanto o que foi<br />

destinado à preservação de peças<br />

e equipamentos antigos quanto o<br />

que foi para a expansão da rede.<br />

No caso da Chesf, responsável<br />

pela região onde ocorreu o apagão<br />

na última sexta-feira, os investimentos<br />

totais em transmissão<br />

somam 58% do orçamentonoano,ouR$457,9milhões.<br />

Na Eletronorte, o valor foi<br />

equivalente a 84% do orçamento:<br />

R$ 351,4 milhões. E, na Eletrosul,<br />

16%, ou R$ 100 milhões.<br />

Umtécnicodosetorquejá<br />

trabalhou para o governo acha<br />

que existe falta de transparência<br />

na fiscalização da Aneel e<br />

na imputação de multas (leia<br />

mais no box ao lado). Ele também<br />

ressalta que até hoje o<br />

“Tudobemumsistema<br />

cair. Acontece.<br />

Mas deixar os<br />

estados sem luz por<br />

mais de três horas<br />

é totalmente absurdo<br />

Luiz Pinguelli Rosa,<br />

diretor da Coppe UFRJ<br />

FALHA EM SUBESTAÇÃO NA MARGINAL PINHEIROS PROVOCA QUEDA DE ENERGIA EM PARTE<br />

apagão de Furnas em novembro<br />

de 2009 não foi esclarecido.<br />

A justificativa oficial foi de que<br />

um raio provocou a queda de<br />

energia em 18 estados.<br />

Na época, a presidente Dilma<br />

Rousseff estava às vésperas de<br />

lançar sua pré-candidatura pelo<br />

PT. Por ter sido ministra de Minas<br />

e Energia durante o primeiro<br />

mandato do Lula — e crítica contumaz<br />

do racionamento energético<br />

na gestão Fernando Henrique<br />

Cardoso, em 2001 —, a avaliação<br />

entre os especialistas na<br />

áreaédequeumainvestigação<br />

mais profunda foi evitada para<br />

não prejudicar a candidata.<br />

Obstáculos<br />

De acordo com o mesmo técnico,<br />

que prefere não se identificar, os<br />

maiores gargalos estão na fronteira<br />

da rede básica — formada por<br />

linhas e subestações acima de 230<br />

mil volts. No fim de cada rede básica<br />

há uma conexão com sistemas<br />

de distribuição. “Os problemas<br />

de hoje decorrem de fragilidade<br />

nessa fronteira ou de atraso<br />

na rede básica”, explica.<br />

No caso da subestação Luiz<br />

Gonzaga, na avaliação dele, a<br />

cartela que desligou todo o sistema<br />

até poderia estar ruim. “Mas,<br />

écomoseaplacadoseunotebook<br />

queimasse e isso estragasse<br />

todos os computadores em rede”,<br />

diz. “Cartela dá problema todo<br />

dia porque os componentes não<br />

têm vida eterna, só não podem<br />

provocar esse distúrbio”.<br />

Ex-presidente da Eletrobras,<br />

Luiz Pinguelli Rosa diz que o sistema<br />

brasileiro não é seguro. “Tudo<br />

bem ele cair. Mas deixar os estados<br />

sem luz por mais de três horas<br />

é totalmente absurdo”. Pinguelli<br />

lembra que a rede de transmissão<br />

tem sido expandida e interligada.<br />

Hoje, está em torno de 100 mil<br />

quilômetros. Para ele, o sistema<br />

precisa de reforços, que vão do<br />

treinamento da mão de obra à<br />

adequação de equipamentos. ■


DE SÃO PAULO<br />

Antonio Milena<br />

Cerca de 2,5 milhões de<br />

paulistanos ficaram sem<br />

energia elétrica, na tarde<br />

de ontem, após falha<br />

de um transformador da<br />

subestação Bandeirantes,<br />

localizada na Zona Sul<br />

de São Paulo. O problema<br />

durou quase 30 minutos.<br />

A Companhia de<br />

Transmissão e Energia<br />

Elétrica Paulista (Cteep)<br />

responsável pela<br />

transmissão de energia<br />

na cidade — diz que<br />

o sistema de segurança<br />

acabou desligando<br />

automaticamente<br />

os outros dois<br />

transformadores da<br />

unidade. Segundo o<br />

Operador Nacional do<br />

Sistema Elétrico (ONS),<br />

a falha teve início<br />

às 15h11 e a energia foi<br />

restabelecida às 15h34.<br />

Entre as regiões<br />

atingidas estavam<br />

a da Avenida Paulista,<br />

Pinheiros, Perdizes, Vila<br />

Leopoldina, Vila Mariana,<br />

Vila Olímpia, Brooklin,<br />

Jabaquara, Moema<br />

e Ibirapuera. O aeroporto<br />

de Congonhas, na Zona<br />

Sul, também registrou<br />

falta de energia, mas<br />

as operações de pouso<br />

e decolagem não foram<br />

prejudicadas porque<br />

o terminal tem gerador.<br />

José Aníbal, secretário<br />

estadual de energia,<br />

marcou para hoje uma<br />

reunião com a direção<br />

da Cteep, representantes<br />

do Operador Nacional<br />

do Sistema (ONS) e<br />

da Aneel para descobrir<br />

as causas do problema<br />

e tomar as medidas<br />

cabíveis. Segundo<br />

Aníbal, a empresa<br />

pode ser multada.<br />

Weruska Goeking<br />

Com recursos, multas caem em 40% em 2010<br />

Após avaliar recursos, a diretoria<br />

da Agência Nacional de Energia<br />

Elétrica (Aneel) — última instância<br />

para <strong>empresas</strong> recorrerem de<br />

multas, reduziu as penalidades<br />

de 2010 em 40,9%.<br />

A Superintendência de Fiscalização<br />

de Serviços de Eletricidade<br />

da Aneel (SFE) imputou sobre<br />

as transmissoras 39 multas<br />

que somaram R$ 85,2 milhões<br />

no ano passado. Após as<br />

<strong>empresas</strong> recorrerem à própria<br />

SFE, o valor caiu para R$ 71,3<br />

milhões. Na última instância,<br />

o total recuou para R$ 50,3<br />

milhões, incluindo a multa<br />

de ontem aplicada a Furnas —<br />

que sozinha foi penalizada<br />

em R$ 43,3 milhões. Em 2009,<br />

foram aplicadas 45 multas<br />

que somaram R$ 12 milhões.<br />

Após os recursos, elas baixaram<br />

para R$ 10,8 milhões na<br />

segunda instância e para<br />

R$ 10,4 milhões na última, uma<br />

queda de 13,9%. Em 2008, entre<br />

a primeira e a última instância,<br />

os valores caíram 7,16%.<br />

Em 2007, 31,17%; em 2005 e 2006,<br />

se mantiveram iguais. A maior<br />

redução foi em 2004: de 76,9%. J.R.<br />

ENTREVISTA CÉSAR DE BARROS PINTO Diretor executivo da Abrate<br />

Com menor custo na produção<br />

de equipamentos, asiáticos<br />

terão tarifas mais competitivas<br />

Priscila Machado<br />

pmachado@brasileconomico.com.br<br />

Como diretor da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />

das Grandes Empresas de<br />

Transmissão de Energia Elétrica<br />

(Abrate), Cesar de Barros Pinto<br />

prevê um novo cenário para o<br />

segmento com a entrada de grupos<br />

chineses, que compraram<br />

recentemente sete <strong>empresas</strong><br />

brasileiras. Por terem menor<br />

custo de produção de equipamentos,<br />

esses concorrentes terão<br />

tarifas mais competitivas.<br />

O mercado de <strong>empresas</strong><br />

que atuam em transmissão no<br />

<strong>Brasil</strong> está aquecido. Como<br />

a Abrate observa o interesse<br />

dos chineses pelo segmento?<br />

Os chineses compraram, de<br />

uma só vez, sete <strong>empresas</strong>, isso<br />

por si só irá provocar um rearranjo<br />

no segmento. Eles são<br />

enormes, insaciáveis e trabalham<br />

com custos baixos em todas<br />

as áreas. Poderão fazer disjuntores<br />

e outros equipamentos<br />

a custos muito mais baixos e<br />

oferecer uma tarifa menor.<br />

Eles são, tradicionalmente,<br />

compradores de commodities,<br />

de produtos que podem ser<br />

transportados para a China.<br />

Por que eles estão comprando<br />

ativos na área de energia?<br />

Eles podem estar interessados<br />

nestes ativos para ter garantida<br />

disponibilidade de energia<br />

aqui, para a fabricação de outros<br />

produtos. Eles irão levar<br />

essa energia para a China embutida<br />

nos produtores que poderão<br />

fabricar aqui. Quando se<br />

exporta alumínio, por exemplo,<br />

exporta-se também a energia<br />

usada no processo.<br />

Eoquetemmotivadoasaída<br />

dos espanhóis do segmento?<br />

Os espanhóis entraram firme no<br />

começo dos leilões, depois recuaram<br />

com a crise financeira mundial,<br />

que fez secar as principais<br />

fontes de subsídio na Espanha.<br />

Eles deixaram de ser tão competitivos<br />

nos leilões e outras <strong>empresas</strong><br />

passaram a concorrer. Muitos<br />

também são apenas investidores e<br />

atuam apenas nos primeiros cinco<br />

anos. Depois que o dinheiro<br />

para de girar e entra na rotina de<br />

operação e manutenção, o negócio<br />

deixa de ser tão atrativo.<br />

Apesar de se tratar de um<br />

mercado aquecido, ainda<br />

há uma série de gargalos.<br />

Quais são os principais<br />

problemas enfrentados<br />

hoje pelas transmissoras?<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 7<br />

Chineses irão mudar<br />

área de transmissão<br />

Barros Pinto:<br />

“custos que<br />

Aneel usa como<br />

referência são<br />

inadequados“<br />

“Em março, vamos<br />

entrar na Justiça<br />

contra a metodologia<br />

usada na revisão<br />

tarifária. Vamos<br />

questionar o custo<br />

médio do capital<br />

e as comparações<br />

de eficiência entre<br />

as companhias<br />

A movimentação mais forte dos<br />

chineses na área de transmissão<br />

no <strong>Brasil</strong> se deu por meio da<br />

State Grid Corporation of China<br />

que adquiriu sete concessionárias<br />

de quatro acionistas espanhóis:<br />

Cobra, Elecnor, Isolux e<br />

Abengoa, por R$ 3,1 bilhões.<br />

A saída dos espanhóis do<br />

segmento se acentuou nos<br />

últimos dias. A Companhia de<br />

Transmissão de Energia Elétrica<br />

Divulgação<br />

Novas dificuldades estão surgindo,<br />

como a limpeza nas faixas<br />

de linhas de transmissão.<br />

Não pode ter qualquer construção<br />

ou árvores próximas à linha,<br />

mas para fazermos os reparos<br />

é necessário uma licença<br />

para supressão de vegetação<br />

quedemoraachegar.Quando<br />

desligamos um equipamento<br />

para reparo, pagamos até 10<br />

vezes a receita do período.<br />

Muitas vezes, quando pedimos<br />

o desligamento, o Operador<br />

Nacional do Sistema (ONS) não<br />

autoriza para não correr o risco<br />

de cair o fornecimento.<br />

Esses problemas têm<br />

dificultado a manutenção<br />

do sistema?<br />

Sim. A manutenção é cara e os<br />

custos que Aneel [Agência Nacional<br />

de Energia Elétrica] usa<br />

como referência são inadequados.<br />

Em março, vamos entrar na<br />

Justiça contra a metodologia<br />

usada na revisão tarifária. Vamos<br />

questionar o custo médio<br />

do capital e as comparações de<br />

eficiência entre as companhias.<br />

Entre as <strong>empresas</strong> pode ter discrepâncias<br />

que a Aneel costuma<br />

usar maliciosamente. ■<br />

Chineses compram sete <strong>empresas</strong> de uma vez<br />

Paulista (Cteep) exerceu seu<br />

direitodepreferêncianacompra<br />

da Interligação Elétrica de<br />

Minas Gerais (IEMG), na parte<br />

que pertencia à Cymi Holding.<br />

A Eletrosul investiu R$ 163,8<br />

milhões no aumento da sua<br />

participação acionária nas<br />

<strong>empresas</strong> Uirapuru e Artemis.<br />

O controle acionário de ambas<br />

as companhias até então era<br />

também da espanhola Cymi. P.M.


8 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

DESTAQUE ENERGIA<br />

ENTREVISTA STEVE SAWYER Secretário-geral do Comitê Internacional de Energia Eólica<br />

Expansão das eólicas exigirá mais<br />

investimento em transmissão<br />

Para especialista, <strong>Brasil</strong> é o país com o maior potencial entre os emergentes e já atrai novas companhias<br />

Priscila Machado<br />

pmachado@brasileconomico.com.br<br />

Steve Sawyer, secretário-geral do<br />

Comitê Internacional de Energia<br />

Eólica (Gwec, na sigla em inglês),<br />

é hoje um dos principais<br />

especialistas em geração de<br />

energia a partir dos ventos. De<br />

passagem pelo país, onde participou<br />

ontem da terceira edição<br />

do Wind Forum Brazil, ele falou<br />

ao BRASIL ECONÔMICO sobre os<br />

principais desafios para a consolidação<br />

regional deste segmento.<br />

Como o <strong>Brasil</strong> se posiciona no<br />

mundo hoje no que se refere<br />

ao potencial de geração eólica?<br />

O <strong>Brasil</strong> hoje, entre emergentes<br />

como México, Chile, África do<br />

Sul, Coreia do Sul e Filipinas, é<br />

o país que apresenta maior potencial,<br />

ainda que partindo de<br />

uma base considerada pequena.<br />

Tem sido alvo de interesse<br />

de companhias de todos os<br />

segmentos da cadeia eólica. Eu<br />

venho ao <strong>Brasil</strong> desde 1988 e é a<br />

primeira vez que vejo com otimismoainserçãodaenergia<br />

eólica na matriz.<br />

E o país está preparado<br />

para atender essa demanda<br />

crescente? Quais são<br />

os principais desafios<br />

a serem superados?<br />

Esse crescimento terá um impacto<br />

significativo. Os sistemas<br />

operados com base em energia<br />

eólica passarão a ter um peso<br />

maior na matriz energética.<br />

Será necessário criar novas práticas<br />

de administração do sistema<br />

elétrico para absorver essa<br />

nova fonte que passa a ser injetada<br />

na rede. À medida que a<br />

geraçãoeólicacresceeamplia<br />

sua participação, as fontes mais<br />

tradicionais irão reagir. Esses<br />

dois fatos, a inserção da energia<br />

eólicanosistemaeaconvivência<br />

com outras fontes devem estarconsolidadosemumperíodo<br />

de três a cinco anos.<br />

E o <strong>Brasil</strong> está estruturalmente<br />

preparado para isso?<br />

O sistema elétrico brasileiro de<br />

forma geral é robusto, preparado<br />

para lidar com grandes estruturas.<br />

Mas as transmissoras<br />

de energia, especialmente, terão<br />

que fazer investimentos. Se<br />

confirmado o crescimento em<br />

geraçãoeólicaesperadoparaa<br />

região Nordeste, será exigido<br />

um reforço no sistema atual.<br />

Para essa nova configuração,<br />

como ficam os segmentos de<br />

geração e distribuição?<br />

“As distribuidoras<br />

vão precisar rever<br />

seus métodos<br />

de trabalho, porque<br />

as centrais geradoras<br />

de energia eólica<br />

estão próximas<br />

dos grandes centros<br />

e será necessária<br />

uma melhor<br />

administração<br />

do consumo<br />

As principais discussões deverão<br />

deixar de ser referentes à geração<br />

e passarão a ser da distribuição,<br />

onde deverão ocorrer os maiores<br />

desafios. As distribuidoras vão<br />

precisar rever seus métodos de<br />

trabalho porque as centrais geradoras<br />

de energia eólica estão<br />

próximas dos grandes centros e<br />

será necessária uma melhor administração<br />

do consumo.<br />

Como se darão os preparativos?<br />

Não é por meio de obras estruturais,<br />

mas por softwares, redes<br />

inteligentes (smart grids). Também<br />

será necessário aprimorar<br />

os métodos de previsibilidade<br />

da geração por vento.<br />

Como a Gwec procura<br />

contribuir para o<br />

desenvolvimento da energia<br />

eólica no <strong>Brasil</strong>?<br />

Procuramos discutir questões<br />

técnicas, práticas e econômicas<br />

e colaboramos no intercâmbio<br />

de experiências. A instituição<br />

busca diminuir o preconceito<br />

que ainda existe em relação às<br />

energias renováveis de que o<br />

sistemaelétricosefazapenas<br />

com grandes obras. Aqui no<br />

<strong>Brasil</strong> temos um bom diálogo<br />

com a Empresa de Pesquisa<br />

Energética (EPE).<br />

E quais são as principais<br />

demandas que o senhor<br />

Henrique Manreza<br />

Para Sawyer, gás natural não deve<br />

ser considerado fonte alternativa<br />

pretende apresentar aos<br />

membros do governo que<br />

participarão do Fórum de<br />

Energia Eólica [que está<br />

acontecendo em São Paulo]?<br />

Irei reforçar que o país não precisa<br />

de mais fontes fósseis no<br />

sistema e pedir a não inclusão do<br />

gás natural nos leilões de fontes<br />

alternativas.<br />

Apesar da questão ambiental,<br />

o aspecto econômico do<br />

gás natural e do pré-sal é<br />

muitoforte.Comoargumentar<br />

em relação a esse fato?<br />

Mostrando que investir em energias<br />

renováveis também é importante<br />

para a economia. ■


Resultado e Patrimônio Líquido<br />

No exercício findo em 31 de dezembro de 2010, o BES Investimento do<br />

<strong>Brasil</strong> S.A.- Banco de Investimento apresentou lucro líquido de<br />

R$ 71.088, correspondente à rentabilidade anualizada de 16,86%<br />

sobre o patrimônio líquido inicial de R$ 421.540. Esse resultado<br />

foi 24,5% inferior quando comparado ao resultado de 2009,<br />

decorrente principalmente da redução de 38,9% do resultado não<br />

recorrente obtido pela sua controlada indireta em 2010 (R$ 29.010)<br />

em relação a 2009 (R$ 47.481), o qual está representado<br />

principalmente pela receita proveniente da venda das ações de<br />

emissão da BM&F Bovespa S.A., líquidas dos efeitos tributários.<br />

O patrimônio líquido atingiu R$ 476.390 ao final do período,<br />

com crescimento de 13,0% em relação a dezembro 2009, após<br />

considerar o aumento de capital com subscrição de ações no<br />

montante de R$ 8.862 e os lucros acumulados, deduzidos dos<br />

juros sobre o capital próprio no montante de R$ 25.100. Para o<br />

segundo semestre, foi proposto o pagamento de juros sobre o<br />

capital próprio no montante de R$ 12.550.<br />

Ativos<br />

O ativo total alcançou R$ 6.007.770 ao final do período,<br />

com crescimento de 45,4% em relação a dezembro 2009.<br />

As aplicações interfinanceiras de liquidez e a carteira de títulos<br />

e valores mobiliários e instrumentos financeiros derivativos<br />

atingiram R$ 4.974.903 com crescimento de 47,5% em relação<br />

a dezembro 2009.<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

3.259<br />

2008 2009<br />

Ativo 2010 2009<br />

Circulante<br />

e Realizável a Longo Prazo 5.809.791 3.978.135<br />

Disponibilidades 2.372 9.272<br />

Aplicações interfinanceiras<br />

de liquidez 97.455 460.149<br />

Títulos e valores mobiliários<br />

e instrumentos financeiros<br />

derivativos 4.877.448 2.913.091<br />

Operações de crédito 741.376 528.403<br />

Provisão para créditos<br />

e outros créditos de<br />

liquidação duvidosa (4.654) (4.045)<br />

Outros créditos 93.644 70.098<br />

Outros valores e bens 2.150 1.167<br />

Permanente 197.979 153.782<br />

Investimentos 190.673 148.600<br />

Imobilizado de uso 5.976 2.919<br />

Intangível e diferido 1.330 2.263<br />

Total 6.007.770 4.131.917<br />

Relatório da Administração<br />

Desempenho das Atividades (Em Milhares de Reais)<br />

Destaques <strong>Econômico</strong>s e Financeiros (Em Milhões de Reais)<br />

Balanço Patrimonial<br />

31 de dezembro de 2010 e 2009<br />

(Em Milhares de Reais)<br />

A carteira de títulos e valores mobiliários atingiu R$ 4.428.321,<br />

correspondente a 73,7% dos ativos totais. Representada por<br />

72,2% em títulos de emissão do Tesouro Nacional e 27,8% em<br />

títulos de emissão privada. Dessa carteira, o Banco classificou<br />

31,7% dos títulos na categoria “títulos mantidos até o<br />

vencimento”, em razão da intenção da Administração e da<br />

capacidade financeira do Banco em mantê-los até o<br />

vencimento. O Banco manteve a sua posição de alta liquidez<br />

encerrando o período com uma carteira de títulos livres da<br />

ordem de R$ 2.466.490, correspondente a 5,2 vezes o<br />

patrimônio líquido final.<br />

A carteira de crédito atingiu o saldo de R$ 741.376 ao final do<br />

período, com crescimento de 40,3% em relação a dezembro de<br />

2009. Essa carteira, incluindo as fianças prestadas no montante<br />

de R$ 615.368, atingiu o saldo de R$ 1.356.744 ao final do<br />

período, com crescimento de 50,6% em relação a dezembro de<br />

2009. Merece destaque, a boa qualidade da carteira de crédito<br />

demonstrada pela concentração de 97,7% das operações<br />

classificadas entre os níveis de risco “AA” a “C” em conformidade<br />

com a regulamentação em vigor do Banco Central do <strong>Brasil</strong>.<br />

O saldo da provisão para créditos de liquidação duvidosa atingiu<br />

R$ 4.654, correspondente 0,62% da carteira de crédito,<br />

montante superior ao mínimo requerido pela Resolução BACEN<br />

nº 2682, sendo constituída de forma a apurar a adequada<br />

provisão em montante suficiente para cobrir riscos específicos e<br />

globais, associada à provisão calculada de acordo com os níveis<br />

de risco e os respectivos percentuais mínimos estabelecidos pela<br />

regulamentação do Banco Central do <strong>Brasil</strong>.<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 9<br />

Recursos Captados<br />

Os recursos captados totalizaram R$ 5.116.087, com crescimento<br />

de 42,3% em relação a dezembro de 2009, o que demonstra o<br />

bom conceito e prestígio que o Banco possui junto a seus<br />

clientes e instituições financeiras nos mercados doméstico<br />

e internacional. Esses recursos estavam representados por:<br />

R$ 259.486 em depósitos interfinanceiros; R$ 1.841.496 em<br />

depósitos a prazo; R$ 1.552.010 em captações no mercado<br />

aberto; R$ 117.508 em repasses do BNDES; R$ 1.084.669 em<br />

títulos emitidos no exterior; R$ 169.520 em letras financeiras e de<br />

crédito do agronegócio e R$ 91.398 em CDB subordinado. Merece<br />

destaque, a captação através da emissão de títulos no exterior no<br />

montante de US$ 500 milhões ao final do primeiro trimestre, com<br />

vencimento em 25.03.2015 e juros de 5,625% a.a..<br />

Impostos e Contribuições<br />

Os impostos e contribuições, inclusive previdenciárias, pagos ou<br />

provisionados, decorrentes das atividades desenvolvidas pelo<br />

Banco totalizaram R$ 52.317 no ano.<br />

Agradecemos aos nossos clientes, funcionários e acionistas pela<br />

colaboração que nos permitiu alcançar os resultados registrados<br />

no período e a constante melhoria de nossos produtos e serviços.<br />

Ativo Patrimônio Líquido Recursos Captados Lucro Líquido<br />

4.132<br />

6.008<br />

2010<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

252<br />

422<br />

2008 2009<br />

476<br />

2010<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

2.365<br />

3.593<br />

2008 2009<br />

Passivo 2010 2009<br />

Circulante<br />

e Exigível a Longo Prazo 5.530.666 3.710.041<br />

Depósitos 2.100.982 2.604.260<br />

Captações no mercado aberto 1.552.010 394.082<br />

Recursos de emissão de títulos 1.254.189 428.652<br />

Relações de interdependência – 1.580<br />

Obrigações por repasses do País -<br />

instituições oficiais 117.508 75.012<br />

Instrumentos financeiros derivativos 300.869 22.631<br />

Outras obrigações 205.108 183.824<br />

Resultado de Exercícios Futuros 714 336<br />

Patrimônio Líquido 476.390 421.540<br />

Total 6.007.770 4.131.917<br />

Ratings BESI <strong>Brasil</strong><br />

5.116<br />

2010<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

58<br />

2008 2009<br />

A ADMINISTRAÇÃO<br />

Demonstração de Resultado<br />

31 de dezembro de 2010 e 2009<br />

(Em Milhares de Reais)<br />

94<br />

71<br />

2010<br />

2010 2009<br />

Receitas da intermediação financeira 362.899 352.011<br />

Despesas da intermediação financeira (280.114) (251.968)<br />

Resultado Bruto da<br />

Intermediação Financeira 82.785 100.043<br />

Outras Receitas/Despesas<br />

Operacionais 5.204 25.079<br />

Receitas de prestação de serviços 44.221 37.215<br />

Despesas de pessoal<br />

e administrativas (61.669) (65.549)<br />

Resultado de participações<br />

em controladas 37.172 54.070<br />

Outras despesas operacionais (14.520) (657)<br />

Resultado Operacional 87.989 125.122<br />

Resultado não Operacional 1.308 290<br />

Resultado antes da Tributação<br />

sobre o Lucro e Participações 89.297 125.412<br />

Imposto de renda e contribuição social (8.567) (23.591)<br />

Participação dos empregados no lucro (9.642) (7.602)<br />

Lucro Líquido do Exercício 71.088 94.219


10 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

OPINIÃO<br />

José Sarney<br />

Presidente do Senado<br />

2010 versus 2011<br />

O clima político em 2010 foi contaminado pela disputa<br />

eleitoral, num ano em que se escolhiam presidente,<br />

governadores e parlamentares. Aplicou-se a máxima<br />

de Lenine, de que o adversário é um inimigo a destruir.<br />

Isto repercutiu sobre toda a sociedade, afetando sobretudo<br />

o trabalho no Congresso Nacional, que se afastou<br />

das grandes reformas necessárias.<br />

Mas Lula fez um governo admirável e além do que<br />

realizou internamente na área social, com distribuição<br />

de renda e melhoria de vida das classes mais pobres,<br />

elevouo<strong>Brasil</strong>aumpatamarinternacionalqueocoloca<br />

entre os mais importantes países do Ocidente, participando<br />

da formulação das políticas mundiais. Depois fez<br />

a sua sucessora, seu braço direito na administração pública<br />

ao longo de seu mandato. Assim, estamos vivendo<br />

acontinuidadesemcontinuísmoeapresidenteimprimindo,<br />

como era natural, o seu próprio estilo, marcado<br />

pela firmeza com que exerce sua autoridade.<br />

No Congresso, este ano de 2011 deve ser um ano em<br />

que as questões de fundo vão emergir para discussão,<br />

colocadas no centro das decisões. Dentre elas a prioridadeéareformapolítica,semprepostergadaenecessária<br />

para que haja melhoria no desempenho dos nossos<br />

costumes políticos.<br />

No <strong>Brasil</strong>, sempre tivemos, talvez como herança do<br />

Estado português presente em nossos hábitos desde a<br />

Colônia e muitos remanescentes até hoje, a cobrança pela<br />

melhoria dos nossos costumes políticos, que não davam<br />

legitimidade às eleições. Chegamos a ter uma reforma<br />

eleitoral, feita pelo Conselheiro Saraiva, pelos anos 1980<br />

do século 19, que todos acreditavam iria resolver de vez<br />

essa questão. Criou-se o voto distrital que permaneceu<br />

até a República, sucedido pelo voto proporcional, reminiscência<br />

dos ideais positivistas do fim do século 19, implantado<br />

sob a inspiração de Assis <strong>Brasil</strong>.<br />

O voto proporcional uninominal que temos no <strong>Brasil</strong><br />

é um modelo que praticamente desapareceu no mundo,<br />

e não é adotado em nenhum país com nossas características<br />

de extensão territorial e população. A fórmula ideal<br />

talvez seja o voto distrital misto, que reúne o sistema de<br />

distritos majoritários com o voto em listas partidárias,<br />

atendendo às necessidades de representatividade e<br />

construção de partidos fortes, programáticos.<br />

Outro problema que temos de atacar,<br />

saindo do sonho para o feijão, é a<br />

infraestrutura brasileira de portos,<br />

aeroportos e estradas<br />

Outro problema que temos de atacar, saindo do sonho<br />

para o feijão, é a infraestrutura brasileira de portos, aeroportos,<br />

estradas, todos afogados pelo nosso crescimento<br />

econômicoeanecessidade de escoar a produção, não só<br />

para o consumo interno, como para a selva da disputa do<br />

mercado internacional, onde já somos presença importante,<br />

sobretudo na exportação de produtos agrícolas e<br />

minérios. Temos que dar atenção especial a nossas ferrovias,<br />

como já tive oportunidade de escrever aqui.<br />

Não podemos esquecer o trinômio educação, saúde e<br />

segurança, os problemas que mais preocupam os brasileiros,<br />

em que temos um atraso grave, que afeta diretamente<br />

o nosso futuro. Contabilizamos termos saído<br />

bemdacriseeconômicaeareduçãodapobreza.Coma<br />

segurança da presidente, vamos buscar soluções brasileiras<br />

e avançar no caminho aberto por Lula. ■<br />

Roberto Jefferson<br />

Presidente do PTB<br />

Reforma política já!<br />

No período de transição do regime militar para a democracia<br />

e durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte,<br />

era comum que as dificuldades e torpezas da vida<br />

política fossem atribuídas à falta de experiência. Era difícil<br />

encontrar quem discordasse. Afinal, é pura verdade que a<br />

história republicana foi marcada por rupturas institucionais,<br />

irregularidade nas eleições e vida partidária frágil.<br />

A República Velha era tudo, menos democrática. O<br />

sistema político instaurado após a redemocratização de<br />

1945 não durou 20 anos e foi demolido e soterrado pelas<br />

duas décadas de governos militares com a política em liberdade<br />

condicional, quando muito. A atual Constituição,<br />

com seus 22 anos, ultrapassou a marca simbólica da<br />

maioridade e já é mais que evidente que não será com o<br />

andar da carreta que se arranjarão as abóboras políticas.<br />

Tampouco o será com um “freio de arrumação”.<br />

O sistema político eleitoral brasileiro é, atualmente, o<br />

que há de mais arcaico e ineficaz de todas as dimensões<br />

da vida nacional. Temos uma economia dinâmica, uma<br />

cultura rica, uma ciência e uma tecnologia que merecem<br />

reconhecimento internacional e uma população cada<br />

vez mais consciente de seus direitos e deveres, composta<br />

por pessoas que exercem sua cidadania. O <strong>Brasil</strong> deixou<br />

deoscilarentreocenáriodautopiaeopalcodafarsa.<br />

Quando defendo a urgência<br />

de uma reforma política profunda,<br />

nãoofaçocomofrancoatirador<br />

Nosso sistema político eleitoral, entretanto, é pior do<br />

que lamentável. É um tremendo estorvo, um corpo em<br />

acelerado processo de necrose que não pode mais ser<br />

tratado com band-aid, analgésico e homeopatia. É preciso<br />

uma intervenção cirúrgica. Não daquelas praticadas<br />

em hospitais de campanha a base de amputações<br />

sem anestesia, mas à semelhança dos excelentes hospitais<br />

e médicos com que contamos, ainda que infelizmente<br />

sem a abrangência necessária.<br />

Estamos no início do ano legislativo, de um novo governo<br />

e de uma nova legislatura. Volta-se a falar em reforma<br />

política e o cidadão que acompanha o noticiário,<br />

quando se dá ao trabalho de ouvir a íntegra das reportagens<br />

a respeito, dificilmente tem outra reação que a de<br />

desdém. Isso tem que mudar e tem que mudar já.<br />

Quando defendo a urgência de uma reforma política<br />

profunda, não o faço como um franco atirador, um crítico<br />

distante dos parlamentares e dos partidos, mas como<br />

alguém que fez da política a sua vida. Faço-o como um<br />

dos que tem o dever – e a honra – de assumir essa responsabilidade<br />

perante seus conterrâneos. A inércia não<br />

levará a nada, enquanto a colocação dos interesses particulares<br />

como medida e justificativa para endossar ou<br />

recusar propostas de mudanças em relação a questões<br />

como financiamento público de campanhas e posse de<br />

suplentes, para citar apenas dois, conduz ao pior dos<br />

mundos políticos, com o qual já flertamos em demasia.<br />

É preciso entender que, no tocante à reforma política,<br />

jánãoháespaçoparaadistinçãoentreinteressescoletivos,<br />

de grupos ou pessoais. Hoje, aquele que pensa que<br />

tem a ganhar no varejo está condenado a perder no atacado<br />

porque não fazer uma reforma política profunda já<br />

nãoéumaquestãodedar-seaoluxooudepagarum<br />

preço elevado. Ela é indispensável para que tenhamos<br />

instituições dignas dos brasileiros e para que não venhamosatersaudadesdomensalão.<br />

■<br />

Ciro Dias Reis<br />

Presidente da Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira das Agências<br />

de Comunicação (Abracom)<br />

Oolhodofuracão<br />

No <strong>Brasil</strong>, o verbo prevenir é conjugado menos do<br />

que seria desejável, inclusive no meio empresarial.<br />

As políticas corporativas capazes de integrar a leitura<br />

crítica de cenários, a identificação de riscos<br />

potenciais e o uso de sistemas de prevenção e gestão<br />

de crises não ocupam o topo da agenda da maioria<br />

dos executivos em posição de liderança nas grandes<br />

<strong>empresas</strong>. Frequentemente, o olhar do board está<br />

tão voltado para as metas de vendas, aumento da<br />

participação de mercado e retorno aos acionistas<br />

que outros tópicos não focados em performance<br />

acabam relegados a um segundo plano.<br />

Uma pesquisa mostra que as crises corporativas no<br />

<strong>Brasil</strong> somaram 397 ocorrências em 2007, subiram<br />

para 402 em 2008, alcançaram 502 em 2009 e caíram<br />

para 353 ocorrências em 2010. Uma análise cuidadosa<br />

mostra que pelo menos dois terços desses casos poderiam<br />

ter sido evitados ou ter seus impactos negativos<br />

diminuídos se as <strong>empresas</strong> tivessem à sua disposição<br />

mecanismos estruturados para prevenir situações limite<br />

e/ou lidar com seus efeitos negativos.<br />

O economista Nouriel Roubini foi um dos poucos<br />

que se arriscaram a prever uma terrível turbulência<br />

no sistema financeiro internacional nos<br />

longínquos anos de 2006 e 2007. Para ele, seu mérito<br />

consistiu em montar um quebra-cabeças cujas<br />

peças estavam disponíveis para quem quisesse ver<br />

e tivesse paciência de encaixar.<br />

Um dos principais gurus corporativos da atualidade,<br />

Jim Collins afirma que as <strong>empresas</strong> “feitas<br />

para vencer” não se concentram apenas no que fazer<br />

para alcançar excelência, mas também no que<br />

não fazer e no que parar de fazer.<br />

Esperar que a crise comece é abrir<br />

mão da responsabilidade de líder.<br />

Engana-se a liderança que se<br />

considera capaz de improvisar ou<br />

construir uma estratégia quando<br />

o olho do furacão já está próximo<br />

Crises podem ser evitadas se os radares corporativos<br />

estiverem regulados para captar e/ou repelir a<br />

aproximação de fator ou conjunto de fatores indesejáveis.<br />

A inclusão de tal atitude pró-ativa e protetora<br />

entre as prioridades dos executivos permite<br />

queotemapermeieaempresaesetransformeem<br />

ativo da cultura interna. Esse estado de alerta garante<br />

simultaneamente monitoramento de ameaças<br />

e identificação de novas oportunidades.<br />

Empresas que enfrentam situações indesejáveis<br />

ao sabor do improviso raramente obtêm os melhores<br />

resultados na defesa dos seus relacionamentos,<br />

seus negócios, sua imagem e reputação. Peter<br />

Drucker, referência do universo corporativo até<br />

sua morte em 2006, dizia: “A tarefa mais importante<br />

do líder de uma organização é se antecipar às<br />

crises. Talvez não para evitá-las, mas a fim de estar<br />

de prontidão para encará-las e transpô-las.<br />

Esperar até que a crise comece é abrir mão da responsabilidade<br />

de líder”.<br />

Engana-se a liderança que se considera capaz<br />

de improvisar ou construir uma estratégia quando<br />

o olho de furacão já está próximo. ■


Toru Yamanaka/AFP<br />

ENTREVISTA PEDRO JANOT Presidente da Azul Linhas Aéreas<br />

Ribeirão Preto, São José do Rio<br />

Preto e Araçatuba são algumas<br />

das cidades de interesse<br />

Fábio Suzuki<br />

fsuzuki@brasileconomico.com.br<br />

O presidente da Azul Linhas Aéreas,<br />

Pedro Janot, viajou recentemente<br />

dois mil quilômetros<br />

para prospectar negócios, identificou<br />

oportunidades em várias<br />

cidades do interior de São Paulo<br />

e considera que o <strong>Brasil</strong> tem<br />

muito ainda para crescer.<br />

Japoneses em busca do primeiro emprego<br />

Cheio de tradições que às vezes espantam os ocidentais, os japoneses<br />

podem ser ainda mais surpreendentes quando o assunto é trabalho. Ontem,<br />

1,5 mil universitários recém-formados participaram de cerimônia em Tóquio<br />

para dar bons auspícios na procura do primeiro emprego. Com uma das<br />

economias mais atingidas pela crise mundial de 2008 e sofrendo um largo<br />

período de estagnação que se arrasta por quase duas décadas, só mesmo<br />

com muita fé energia para encarar o desafio de começar a carreira.<br />

Como avalia o momento atual<br />

da aviação brasileira?<br />

Não dá para falar de <strong>Brasil</strong> sem<br />

falar de oportunidades e a Azul<br />

tem isso comoconceito. Em<br />

2010, foram 66 milhões de passageiros<br />

e podemos chegar a<br />

200 milhões. Para isso temos<br />

que oferecer condições para que<br />

o brasileiro utilize uma aeronave<br />

como meio de transporte.<br />

Quais os planos de expansão<br />

daAzulparaesteano?<br />

Tem cidades com energia eco-<br />

nômica mas com falta de serviços<br />

aéreos. Recentemente, viajei<br />

dois mil quilômetros para<br />

analisar algumas regiões e as<br />

oportunidades são muitas. Cidades<br />

como Ribeirão Preto, São<br />

José do Rio Preto, Presidente<br />

Prudente, Araçatuba, Marília...<br />

apresentaram crescimento de<br />

10% a 12% no ano passado sobre<br />

2009 e com ambientes favoráveis<br />

para negócios.<br />

Qual o balanço que o senhor<br />

faz da atuação da Azul?<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 11<br />

CHEFE RAONI, ÍCONE INTERNACIONAL DO MOVIMENTO EM DEFESA DA AMAZÔNIA, EM PROTESTO CONTRA A USINA DE BELO MONTE<br />

Em Brasília, integrantes da comunidade indígena do Alto Xingu ameaçados por barragens ficaram concentrados durante o dia de ontem em<br />

frente ao Congresso Nacional em ato público contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, cuja construção poderá destruir pelos menos 400 mil<br />

hectaresdaflorestaeaexpulsarmaisde40milindígenaseribeirinhos.OchefeRaoni,datriboCaiapódaAmazônia,integrouadelegação<br />

do movimento e entregou à Presidência da República uma agenda de reivindicações com mais de 500 mil assinaturas contra a hidrelétrica.<br />

Além de Raoni, símbolo internacional do movimento de defesa da Amazônia, mais de 100 índios da etnia Kayapó participaram do protesto.<br />

Azul identifica oportunidades no interior<br />

Divulgação<br />

“O cenário<br />

é muito<br />

favorável, com<br />

crédito, renda,<br />

mercado<br />

otimista... basta<br />

aproveitar as<br />

oportunidades”<br />

Reuters<br />

Depois de dois anos, estamos<br />

com26aeronavesevamosreceber<br />

mais 12 jatos da Embraer<br />

para fechar este ano com 38 aeronaves.<br />

Esta semana vamos<br />

atingir 7 milhões de passageiros,oquenosdá8%departicipação.<br />

Isso tudo sem roubar<br />

montes da concorrência e sim<br />

criando montes estimulando as<br />

pessoas a voarem. O cenário é<br />

muito favorável, com crédito,<br />

renda, mercado otimista... basta<br />

para a empresa aproveitar as<br />

oportunidades. ■


12 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

BRASIL<br />

IPCA mostra pressão generalizada<br />

Índice confirma<br />

que elevação não<br />

se deve apenas aos<br />

alimentos e que<br />

surge na carona da<br />

demanda aquecida<br />

Eva Rodrigues<br />

evarodrigues@brasileconomico.com.br<br />

Os números da inflação oficial<br />

divulgados ontem acabaram<br />

com as dúvidas: a elevação de<br />

preços registrada ao longo dos<br />

últimos meses não é apenas uma<br />

variação sazonal, mas também<br />

consequência do aquecimento<br />

na demanda interna.<br />

Uma primeira análise dos dados<br />

do Índice Nacional de Preços<br />

ao Consumidor Amplo (IPCA) —<br />

elevaçãode0,83%nomêse<br />

5,99% ao longo de 12 meses —<br />

poderia levar a outra conclusão.<br />

Afinal, o fator que mais pesou na<br />

composição do indicador em janeiro<br />

foram os reajustes em<br />

transporte, um item que tradicionalmente<br />

sobe no início do<br />

ano (veja a reportagem ao lado).<br />

Mas a constatação da existência<br />

de uma inflação de demanda<br />

surgeapartirdaobservaçãoda<br />

média dos chamados núcleos, que<br />

expurgam do cálculo as maiores<br />

volatilidades: eles já estão próximos<br />

ou mesmo acima do índice<br />

completo. Além disso, outros fatorescomoaelevaçãodoíndicede<br />

difusão — aquele que mede a<br />

quantidade de itens em alta —<br />

para 69,3%, pior resultado desde<br />

maio de 2008, reforça a análise.<br />

Também entra no cálculo a alta do<br />

segmento de serviços (7,88%) no<br />

períodode12meses.<br />

Como não é um item submetido<br />

a importações e que é diretamenteligadoàmelhoranarenda<br />

do brasileiro, a inflação dos serviços<br />

é vista como o melhor sinal de<br />

que a inflação nacional não está<br />

restrita a fatores sazonais. “O fato<br />

de não serem importáveis torna<br />

os serviços mais sensíveis ao excesso<br />

de demanda interna”, diz o<br />

economista da Tendências Consultoria,<br />

Thiago Curado.<br />

Contágio<br />

Quem discorda da análise de que<br />

os preços dos alimentos são o<br />

grande vilão da inflação é a economista<br />

do Santander Tatiana Pinheiro.<br />

Ela observa que, mesmo<br />

com a desaceleração desse segmento<br />

em janeiro, o IPCA ainda<br />

manteve a tendência de alta.<br />

“Isso é indicativo de que os ou-<br />

Mesmo com a<br />

desaceleração dos<br />

alimentos em janeiro,<br />

o índice total continua<br />

a exibir sinalização de<br />

alta, o que mostra um<br />

contágio da elevação<br />

para os demais<br />

preços da economia<br />

TRAJETÓRIA<br />

ASCENDENTE<br />

Evolução do IPCA,<br />

o índice oficial<br />

de inflação 4,59%<br />

Jan/10<br />

ONDE A ALTA DE PREÇOS PESA NO BOLSO<br />

VARIAÇÃO ACUMULADA EM 12 MESES<br />

ARTIGOS DE RESIDÊNCIA<br />

SAÚDE E CUIDADOS PESSOAIS<br />

Fonte: IBGE<br />

HABITAÇÃO<br />

VESTUÁRIO<br />

TRANSPORTE<br />

DESPESAS PESSOAIS<br />

EDUCAÇÃO<br />

COMUNICAÇÃO<br />

0 2 4 6 8<br />

Quais serviços e produtos ficaram mais caros<br />

ALIMENTOS E BEBIDAS 10,42%<br />

1,17%<br />

tros grupos de preços aceleram e<br />

bastante, considerando-se que o<br />

grupo alimentos tem um peso<br />

maior (23%) no IPCA”. Ou seja, a<br />

alta está se espalhando para outros<br />

preços da economia.<br />

Essa tendência de contágio se<br />

comprova por meio do índice de<br />

difusão, que mede a quantidade<br />

de itens que sobem dentro do<br />

IPCA. O indicador saiu de 48,7%<br />

em julho do ano passado para<br />

2,5%<br />

4,83%<br />

3,36%<br />

5,36%<br />

5,18%<br />

5,17%<br />

6,26%<br />

69,3% em janeiro. “E, mesmo se<br />

excluirmos alimentos, ele sai de<br />

48% em julho para 67,6% em janeiro.<br />

Ou seja, é um movimento<br />

generalizado de alta”, reforça.<br />

A média dos núcleos de inflação<br />

calculada pela Tendências<br />

Consultoria é outra indicação<br />

nesse sentido. Ela fechou janeiro<br />

em 0,70% e em 12 meses registra<br />

alta de 5,72%, ligeiramente abaixo<br />

do IPCA (5,99%). “Esse resul-<br />

5,26%<br />

7,32%<br />

7,42%<br />

5,22%<br />

4,84%<br />

Jun/10<br />

A despeito das<br />

influências<br />

sazonais, que<br />

afetam preços<br />

de transportes,<br />

por exemplo,<br />

a tendência ainda<br />

é de alta no custo<br />

de vida e na<br />

inflação oficial<br />

10 12<br />

tado é péssimo, considerando que<br />

a medida de núcleo serve justamente<br />

para eliminar as maiores<br />

volatilidades”, pondera Curado,<br />

para quem já ficou claro “que a inflação<br />

no <strong>Brasil</strong> ultrapassou questões<br />

de sazonalidade ou de choques<br />

de preços internacionais”.<br />

A consequência mais imediata<br />

é que, além do aperto monetário<br />

via alta dos juros, o governo deverá<br />

ser levado adotar novas medi-


4,60%<br />

4,49%<br />

VARIAÇÃO EM JANEIRO<br />

ALIMENTOS E BEBIDAS 1,16%<br />

HABITAÇÃO<br />

ARTIGOS DE RESIDÊNCIA<br />

VESTUÁRIO<br />

TRANSPORTE<br />

SAÚDE E CUIDADOS PESSOAIS<br />

DESPESAS PESSOAIS<br />

EDUCAÇÃO<br />

COMUNICAÇÃO<br />

0,12%<br />

Ag. Vale<br />

nos preços<br />

4,70%<br />

0,25%<br />

0,30%<br />

0,29%<br />

das para o controle inflacionário,<br />

afirma o professor de macroeconomiadaFundaçãoGetulioVargas,<br />

Rogério Mori. Isso, apesar do<br />

otimismo manifestado ontem<br />

pelo ministro da Fazenda, Guido<br />

Mantega. “Não devem ser descartadas<br />

novas medidas de cunho<br />

monetário (como compulsórios)<br />

ou de crédito, caso o Banco Central<br />

julgue adequado conter a expansão<br />

da oferta”, analisa. ■<br />

5,20 5,20%<br />

0,47%<br />

<strong>Brasil</strong> terá US$ 350 bilhões para mineração<br />

O <strong>Brasil</strong> terá US$ 350 bilhões até 2030 para investir no setor de<br />

mineração, segundo projeção do Plano Nacional de Mineração 2030,<br />

apresentado ontem pelo Ministério de Minas e Energia. Os investimentos<br />

previstos são em pesquisa e exploração. A previsão é que desse total,<br />

US$ 64,8 bilhões sejam investidos pelo setor privado entre 2011 e 2015,<br />

dos quais dois terços serão de capital nacional. Em 2010, o setor faturou<br />

US$ 157 bilhões e foi responsável por 25% das exportações brasileiras.<br />

0,61%<br />

Infografia Alex Silva sobre foto de Henrique Manreza<br />

0,83%<br />

5,63 5,63%<br />

5,91 5,91%<br />

1,55%<br />

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0<br />

AFRASE<br />

Murillo Constantino<br />

“Inflação oficial<br />

deve começar a<br />

diminuir a partir<br />

de março”<br />

Guido Mantega,<br />

ministro da Fazenda<br />

5,99%<br />

Jan/11<br />

AGENDA DO DIA<br />

● Saem os números da produção<br />

industrial regional de janeiro.<br />

● IBGE divulga dados sobre<br />

a produção agrícola do país.<br />

● Ipea lança estudo sobre<br />

como a população percebe<br />

a eficácia dos serviços de saúde.<br />

● Sai a inflação pelo IPC-Fipe.<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 13<br />

Inflação menor,<br />

só a partir de<br />

marçoouabril<br />

Em fevereiro, o reajuste das<br />

mensalidades escolares<br />

continua a pressionar o IPCA<br />

A inflação de 0,83% registrada<br />

pelo IPCA de janeiro — o índice<br />

oficial do governo — foi a maior<br />

desde abril de 2005. Esse resultado<br />

foi influenciado, principalmente,<br />

pelo aumento nos preços<br />

dos alimentos, bebidas e nos<br />

transportes, que juntos influenciam<br />

67% do indicador. No caso<br />

específico dos transportes, cuja<br />

inflação foi de 3,47% no mês<br />

passado, a pressão veio dos reajustes<br />

das passagens aéreas<br />

(6,21%), do ônibus urbano<br />

(4,13%), ônibus interestadual<br />

(3,63%), ônibus intermunicipal<br />

(2,50%) e das corridas de táxi,<br />

que ficaram 2,03% mais caras.<br />

“Com essas altas, os preços administrados<br />

subiram 0,94% em<br />

janeiro, o que é uma influência<br />

játradicionalnoprimeiromês<br />

do ano”, diz o economista da<br />

Tendências, Thiago Curado.<br />

No caso dos alimentos e bebidas<br />

houve uma desaceleração<br />

nos preços em relação a dezembro,<br />

apesar desses produtos<br />

ainda terem influência negativa<br />

sobre os rumos da inflação.<br />

Além dos altos preços das<br />

commodities agrícolas no mercado<br />

internacional, as chuvas<br />

na região Sudeste do <strong>Brasil</strong> contribuíram<br />

para altas expressivas<br />

nos chamados alimentos ‘in natura’,<br />

caso do chuchu, que ficou<br />

88,17% mais caro, do tomate<br />

(27,11%) e da cenoura (22,32%).<br />

“Em fevereiro a produção de<br />

alimentos deve melhorar a ofer-<br />

FGV<br />

A expectativa de<br />

melhora na safra<br />

de alimentos e a<br />

consequente oferta<br />

maior pode resultar<br />

em mais estabilidade<br />

de preços nos<br />

próximos meses<br />

ta e, com isso, trazer mais estabilidade<br />

as preços, com possibilidade<br />

de queda a partir de março”,<br />

avalia Curado.<br />

A precisão é semelhante a do<br />

ministro da Fazenda, Guido<br />

Mantega, que minimizou ontem<br />

a aumento da inflação. “O IPCA<br />

de janeiro já era esperado um<br />

pouco mais forte porque juntou a<br />

inflação de commodities, com o<br />

mês de janeiro, que costuma ter<br />

umapressãodetransportee<br />

educação”, disse. Na visão de<br />

Mantega, os preços das commodities<br />

devem recuar ou se manter<br />

estáveis nos próximos meses.<br />

“Isso significa que a tendência é<br />

de arrefecer a inflação. Não digo<br />

fevereiro, porque ainda tem uma<br />

pressão de transporte, mas a<br />

partir de março e abril”, ponderou<br />

o ministro. ■ E.R. com ABr<br />

Inflação do varejo e do atacado tem alta<br />

de 0,98% em janeiro, mas deve arrefecer<br />

A inflação medida pelo Índice<br />

Geral de Preços-Disponibilidade<br />

Interna (IGP-DI) acelerou<br />

fortemente em janeiro, em razão<br />

de maiores custos, tanto no<br />

varejo quanto no atacado. Mas,<br />

na avaliação da Fundação Getulio<br />

Vargas (FGV), responsável<br />

pela pesquisa do indicador,<br />

a alta dos preços deve arrefecer<br />

nos próximos meses. Em janeiro,<br />

ainflaçãodoIGP-DIfoide<br />

0,98%, ante taxa de 0,38% em<br />

dezembro. A previsão dos<br />

analistas era de inflação de 0,9%.<br />

“Houve uma aceleração depois<br />

de uma taxa muito baixa em<br />

dezembro que não tinha como<br />

persistir”, diz o economista<br />

Salomão Quadros, da FGV. “Em<br />

2010, houve uma recuperação<br />

de preços que trouxe altas<br />

muito fortes que não devem se<br />

repetir esse ano. Vai ser uma<br />

desaceleração suave e ao longo<br />

do ano”, acrescentou. O mês de<br />

janeiro refletiu impactos sazonais<br />

no varejo, altas de produtos<br />

alimentícios, especialmente das<br />

commodities, como milho e soja.


14 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

BRASIL<br />

TRANSPORTE<br />

Senado prorroga MP que trata das<br />

garantias para o financiamento do trem-bala<br />

O Senado prorrogou por mais 60 dias a Medida Provisória (MP) que<br />

trata das garantias do financiamento para a construção do trem de alta<br />

velocidade (TAV), no trecho entre o Rio e Campinas (SP). A MP ganhou<br />

a adesão dos Correios, que pretende investir no projeto. De acordo com<br />

a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a participação dos<br />

Correios não altera o edital ou a data do leilão, prevista para 29 de abril.<br />

Planalto trabalha para que valor de R$ 545 seja votado com urgência; oposição vai batalhar por R$ 600<br />

Pedro Venceslau<br />

pvenceslau@brasileconomico.com.br<br />

Umasemanadepoisdaposse<br />

dos novos parlamentares no<br />

Congresso Nacional, a oposição<br />

e a base do governo se preparam<br />

para o primeiro embate em plenário.<br />

A presidente Dilma Rousseff<br />

mobilizou ontem suas tropas<br />

para enfrentar o cabo de<br />

guerra em torno do reajuste no<br />

valor do salário mínimo.<br />

O Palácio do Planalto trabalha<br />

para que o projeto de elevar o mínimo<br />

para R$ 545 tramite em regime<br />

de urgência e seja votado no<br />

plenário da Câmara na próxima<br />

terça-feira. Antes, portanto, das<br />

medidas provisórias que estão<br />

trancando a pauta da Casa. Dessa<br />

Governo paulista<br />

deve anunciar hoje<br />

salário mínimo<br />

estadual com<br />

valor igual ou<br />

superior a R$ 600<br />

Carlos Eduardo Cardoso/Ag. O Dia<br />

forma, o novo valor do mínimo já<br />

estaria em vigor em março.<br />

A decisão foi comunicada ao<br />

líder do governo na casa, Cândido<br />

Vaccarezza (PT-SP), que por<br />

sua vez repassou o recado para a<br />

bancada petista. “A base governista<br />

na Câmara está unificada na<br />

proposta do governo de manter a<br />

política de valorização do salário<br />

mínimo para 2011 e dar o reajuste<br />

para R$ 545”, afirmou Vaccarezza.Ogovernotambémpromete<br />

corrigir a tabela do Imposto<br />

de Renda da Pessoa Física com<br />

basenocentrodametadeinflação,<br />

que é de 4,5%. De Dacar, no<br />

Senegal, onde participa do Fórum<br />

Social Mundial, o secretário-geral<br />

da Presidência, Gilberto<br />

Carvalho, mandou um recado em<br />

CARNAVAL 2011<br />

Prefeitura do Rio vai liberar R$ 3 milhões<br />

para escolas de samba afetadas por incêndio<br />

Um dia após um incêndio que destruiu fantasias e alegorias de três<br />

escolas de samba do Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB),<br />

anunciou uma ajuda financeira de R$ 3 milhões para Portela, União da<br />

Ilha e Grande Rio, escolas que tiveram suas alegorias completamente<br />

destruídas. A Grande Rio, que investiu R$ 10 milhões no Carnaval e a mais<br />

afetada pelo incêndio do início da semana, vai receber R$ 1,5 milhão.<br />

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr<br />

Cândido Vaccarezza está na<br />

linha de frente na defesa<br />

de R$ 545 para o mínimo<br />

Governo quer antecipar votação<br />

do mínimo para a próxima semana<br />

nome do governo. “Na questão<br />

do mínimo, nós entendemos que<br />

não há mais negociação”.<br />

Contra-ofensiva<br />

No embalo da agitação governista,<br />

a oposição também começou<br />

a se manifestar. PSDB e o PPS —<br />

que abraçaram a bandeira de José<br />

Serra na campanha presidencial<br />

—defendemoaumentodomínimo<br />

para R$ 600, uma das proposta<br />

do então candidato.<br />

O movimento pretende trazer<br />

Serra de volta ao cenário. “Quero<br />

que o Serra seja convidado para<br />

vir aqui explicar sua proposta”,<br />

disse ao BRASIL ECONÔMICO osenador<br />

Itamar Franco (PPS-MG).<br />

“É legítimo que o Serra seja o<br />

porta-voz dessa proposta”, afir-<br />

AGORA VAI?<br />

Aécio Neves assume<br />

comissão de reforma<br />

política no Senado<br />

O presidente do Senado, José<br />

Sarney (PMDB-AP), convidou o<br />

senador Aécio Neves (PSDB-MG)<br />

para participar da comissão da<br />

casa que vai debater o projeto de<br />

reforma política. Convite aceito,<br />

Aécio já faz planos. Ele quer<br />

evitar que o projeto seja<br />

pretensioso demais, o que<br />

significaria mais uma temporada<br />

lenta no Congresso. O senador<br />

mineiro pretende priorizar alguns<br />

pontos específicos e que geram<br />

menos resistência: a cláusula<br />

de desempenho, que dificulta<br />

a vida dos partidos nanicos,<br />

o financiamento público<br />

de campanha e o voto distrital<br />

misto. P.V.<br />

ma o deputado federal Otávio<br />

Leite (PSDB-RJ). Na Câmara, o<br />

PPS já apresentou uma proposta<br />

de salário mínimo de R$ 600.<br />

A decisão federal de acelerar o<br />

processo do salário mínimo refletiu<br />

em São Paulo. O governador<br />

Geraldo Alckmin (PSDB)<br />

deve anunciar hoje que o piso salarial<br />

paulista vai subir para um<br />

valor igual ou superior a R$ 600.<br />

Se confirmada, a decisão terá<br />

impacto direto em Brasília e<br />

dará munição para a oposição,<br />

que usaria o exemplo para fustigar<br />

o governo. “Isto ajuda a<br />

impulsionar nossa estratégia de<br />

R$ 600. A decisão de Geraldo<br />

Alckmin repercute em todo<br />

país”, diz Imbassahy. ■ Colaborou<br />

Rafael Abrantes


DIPLOMACIA<br />

Governo brasileiro decide não encaminhar<br />

nota de protesto ao governo egípcio<br />

O governo do <strong>Brasil</strong> recuou na decisão de encaminhar nota de protesto ao<br />

governo do Egito em decorrência do tratamento inadequado dispensado<br />

a jornalistas brasileiroseaumdiplomata no país. Segundo o Ministério<br />

das Relações Exteriores a decisão foi tomada porque a Embaixada<br />

do Egito no <strong>Brasil</strong> se desculpou formalmente ao divulgar nota em que<br />

lamentou “o caos a que os jornalistas brasileiros foram submetidos.”<br />

DESASTRE NATURAL<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 15<br />

Prejuízo de empresários da região serrana<br />

do Rio de Janeiro chega a R$ 470 milhões<br />

O prejuízo dos empresários da região serrana do Rio com as fortes<br />

chuvas de janeiro chegaram a R$ 469,2 milhões, segundo cálculos<br />

da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).<br />

A pesquisa mostra que 84% dos comerciantes da região foram afetados e<br />

que a recuperação deve durar cerca de dois anos. O maior prejuízo foi em<br />

Nova Friburgo, com perdas estimadas em R$ 211,1 milhões.<br />

Queda de patentes injetará R$ 600 mi<br />

no mercado de genéricos em 2011<br />

Vencimento de 11 registros de marcas deve turbinar vendas do setor, que movimentou R$ 6,2 bilhões no ano passado<br />

Ruy Barata Neto<br />

rneto@brasileconomico.com.br<br />

Um total de onze medicamentos,<br />

cujas patentes expiram entre<br />

2010 e 2011, estão sendo<br />

lançados como remédios genéricos<br />

nas farmácias e devem injetar<br />

no setor um montante de<br />

R$ 600 milhões, segundo a Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira das Indústrias<br />

de Medicamentos Genéricos<br />

(Pró-genéricos). Nesta lista<br />

estão drogas como a Abacept,<br />

com patente reservada a Bristol-<br />

Myers-Squibb, comercializada<br />

sob a marca Orencia e indicada<br />

para tratamento da artrite reumatóide.<br />

Mas ainda há medicamentos<br />

que estrearam nas prateleiras<br />

em 2010 e ainda passam<br />

por processo de consolidação<br />

das vendas. É o caso do Valsartana,<br />

versão genérica do anti-hipertensivo<br />

Diovan, lançado em<br />

janeiro pelo laboratório EMS depois<br />

de receber liberação de registro<br />

pela Agência Nacional de<br />

Vigilância Sanitária (Anvisa),<br />

em dezembro do ano passado.<br />

SegundoopresidentedaPrógenéricos,<br />

Odnir Finotti, a demora<br />

na liberação dos registros<br />

para o lançamentos das versões<br />

de genéricos é um dos entraves<br />

para a expansão mais acelerada<br />

do setor. Pelos dados da Anvisa,<br />

existem 49 medicamentos cujas<br />

patentes estão vencidas, mas<br />

que ainda aguardam os registros<br />

para serem lançados como genéricos<br />

nas prateleiras. A lista<br />

soma um mercado a ser explorado<br />

de R$ 2,8 bilhões. “Depois<br />

que o pedido para o lançamento<br />

dogenéricoéfeito,aAnvisatem<br />

90 dias para se manifestar. Mas<br />

esse processo tem durado até 15<br />

meses, o que é um prazo longo”,<br />

afirma Finotti.<br />

A ânsia dos laboratórios para<br />

lançar um medicamento como<br />

genérico se dá pela musculatura<br />

que este mercado ganhou depois<br />

do fim da patente de remédios<br />

conhecidos e bastante utilizados<br />

- caso do Viagra, liberado<br />

no ano passado. A droga<br />

contra impotência sexual chegouaomercadoemjunhode<br />

2010 e, sozinha, deve responder<br />

por R$ 150 milhões em vendas.<br />

O medicamento contribuiu para<br />

turbinar os resultados do setor<br />

ao longo de 2010, considerado o<br />

Divulgação<br />

Odnir Finotti<br />

Presidente<br />

da Pro-genéricos<br />

“Os genéricos já representam<br />

17% do negócio da indústria<br />

farmacêutica e a participação<br />

deve crescer com novos<br />

investimentos para ampliar<br />

capacidade de produção e em<br />

pesquisa e desenvolvimento”<br />

melhor ano da história pela Pró-<br />

Genéricos. As vendas somaram<br />

R$ 6,2 bilhões no período, o que<br />

representa alta de 37,7 % em relação<br />

ao ano anterior (R$ 4,5 bilhões).<br />

“Foi o maior crescimento<br />

desde 2002, que não conta<br />

portersidooprimeiroanoem<br />

que auferimos vendas e quando<br />

os genéricos passaram a ser efetivamente<br />

comercializados no<br />

<strong>Brasil</strong>”, afirma Finotti. A queda<br />

das patentes somadas ao aumento<br />

da renda do trabalhador<br />

nos últimos anos foram responsáveis<br />

pelo bom resultado.<br />

Arecenteiniciativadogoverno<br />

federal em distribuir gratuitamente<br />

medicamentos para<br />

hipertensão arterial e diabetes<br />

devem inflar ainda mais o resultado<br />

deste ano. “A expectativa é<br />

que o crescimento em 2011 não<br />

seja menor que 25%”, diz Finotti.<br />

Some-se a isso a abertura<br />

de um novo mercado: o de medicamentos<br />

biológicos. “A regulamentação<br />

está aprovada, mas<br />

dependemos dos registros da<br />

Anvisa”, diz. O mercado potencial<br />

que se abre para o segmento<br />

é da ordem de R$ 3 bilhões, estima<br />

a Pró-Genéricos. ■<br />

VENDAS<br />

444,3 mi<br />

foi o número de caixas<br />

de medicamentos genéricos<br />

comercializadas ao longo<br />

do ano passado.<br />

Marino Azevedo<br />

INVESTIMENTO<br />

R$ 1,5 bi<br />

éomontantedeinvestimento<br />

estimado para ampliação da<br />

produção dos laboratórios de<br />

genéricos nos próximos três anos.<br />

FARMÁCIA POPULAR<br />

R$ 150 mi<br />

éovalordoreembolsoanual<br />

do governo federal por meio<br />

do programa Farmácia Popular<br />

para a indústria de genéricos.<br />

Marcela Beltrão<br />

Medicamentos genéricos:<br />

tendência de alta nas vendas<br />

deve continuar neste ano<br />

Elebrás Projetos S.A.<br />

CNPJ/MF nº 04.823.041/0001-39 - NIRE 43 3 0005189 7<br />

Ata da 2ª Assembléia Geral Extraordinária<br />

1. Data, Hora e Local: Realizada no dia 27 de outubro de 2010, às 16:00hs, na sede da Companhia, na<br />

Rua Rua Mostardeiro, 366 - conjunto 501, Moinhos de Ventos, CEP 90430-000, na Cidade de Porto<br />

Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. 2. Convocação e Presença: Presentes os acionistas que representam<br />

a totalidade do capital social, conforme assinaturas constantes do Livro de Presença de Acionistas da<br />

Companhia, em razão do que fica dispensada a convocação, nos termos do art. 124, § 4º, da Lei nº<br />

6.404/76, conforme alterada. 3. Mesa: Sr. António Manuel Barreto Pita de Abreu - Presidente; e Sra.<br />

Andréa Mazzaro Carlos De Vincenti - Secretária. 4. Ordem do Dia: Eleição de novo membro da Diretoria<br />

da Companhia. 5. Deliberações: 5.1 Os acionistas, por unanimidade dos presentes, elegeram para o<br />

mandato em curso, ou seja, até a data de 30/03/2013, o Sr. Renato Volponi Lício, brasileiro, casado,<br />

engenheiro, portador da Cédula de Identidade RG nº 2.490.344-5 IFP/RJ, inscrito no CPF/MF sob nº<br />

245.721.287-15, residente e domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial na<br />

Rua Joaquim Floriano, 413 - 17º andar - Itaim Bibi, Edifício Result Corporate Plaza, CEP 04534-010 - São<br />

Paulo - SP, para ocupar o cargo de “Diretor” da Companhia. O Diretor ora eleito, neste ato e/ou por<br />

declaração própria, tomou ciência de sua eleição e a aceitou, declarando não estar incurso em nenhum<br />

crime que o impeça de exercer atividades mercantis. 5.2 Tendo em vista a deliberação acima, a Diretoria<br />

da Companhia passa a ter a seguinte composição, com mandato até a data de 30/03/2013: Diretor<br />

Presidente: Sr. Miguel Nuno Simões Nunes Ferreira Setas, português, casado, engenheiro, portador<br />

da cédula de identidade RNE nº V533027-Y, inscrito no CPF/MF sob o nº 233.022.348-05, residente e<br />

domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial na Rua Bandeira Paulista, nº 530<br />

- 14º andar, CEP 04532-001; Diretor: Sr. Carlos Emanuel Baptista Andrade, brasileiro, casado,<br />

economista, portador da Cédula de Identidade RG nº 1.699.133 SSP/PE, inscrito no CPF/MF sob nº<br />

364.349.064-04, residente e domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial na<br />

Rua Bandeira Paulista, nº 530 - 4º andar, CEP 04532-001; e Diretor: Sr. Renato Volponi Lício, brasileiro,<br />

casado, engenheiro, portador da Cédula de Identidade RG nº 2.490.344-5 IFP/RJ, inscrito no CPF/MF sob<br />

nº 245.721.287-15, residente e domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial<br />

na Rua Joaquim Floriano, 413 - 17º andar - Itaim Bibi, Edifício Result Corporate Plaza, CEP: 04534-010.<br />

6. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, o Sr. Presidente ofereceu a palavra a quem dela<br />

quisesse fazer uso e, como ninguém a pediu, declarou encerrados os trabalhos e suspensa a assembléia<br />

pelo tempo necessário à lavratura desta ata, a qual, reaberta a sessão, foi lida, aprovada e por todos os<br />

presentes assinada. Presidente da Mesa: António Manuel Barreto Pita de Abreu. Secretária: Andréa<br />

Mazzaro Carlos De Vincenti. Acionistas: EDP - Renováveis <strong>Brasil</strong> S.A., representada por seu Diretor<br />

Presidente Sr. Miguel Nuno Simões Nunes Ferreira Setas e por seu Diretor Sr. Carlos Emanuel Baptista<br />

Andrade; e António Manuel Barreto Pita de Abreu. Declaro que a presente é cópia fiel extraída do<br />

original. Andréa Mazzaro Carlos De Vincenti - Secretária da Mesa. Registrada na JUCERGS sob o nº<br />

3413971 em sessão de 18/01/2011. Sérgio José Dutra Kruel - Secretário Geral.


16 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

INOVAÇÃO & GESTÃO<br />

Natália Flach<br />

nflach@brasileconomico.com.br<br />

A conta de luz de Rosângela<br />

Calvet diminuiu consideravelmente<br />

desde que a comerciante<br />

começou a separar materiais recicláveis<br />

e entregá-los no posto<br />

de coleta mais próximo de sua<br />

casa, em Niterói (RJ). À primeira<br />

vista, pode não fazer muito sentido<br />

trocar lixo por descontos na<br />

faturadeenergia.Masaexplicação<br />

é simples: quem está por<br />

trás desta iniciativa éaempresa<br />

do setor elétrico Endesa <strong>Brasil</strong>.<br />

Desde que foi criado em<br />

2008, o projeto já distribuiu R$ 1<br />

milhão em descontos para 300<br />

mil famílias do Rio de Janeiro e<br />

do Ceará — estados onde a empresa<br />

atua — e reciclou 9,5 mi-<br />

lhões de toneladas de lixo. “Tem<br />

gente que prefere doar o benefício<br />

para organizações não-governamentais<br />

cadastradas no<br />

programa”, conta André Moragas,<br />

diretor de relações institucionais<br />

da companhia.<br />

A ideia do projeto surgiu de<br />

uma pesquisa realizada em 184<br />

comunidades de baixa renda da<br />

Grande Fortaleza, disse o executivo.<br />

Constatou-se, na ocasião,<br />

que a maior parte dos moradores<br />

desses municípios depositava<br />

o lixo doméstico em<br />

locais impróprios e ainda detinha<br />

os maiores índices de inadimplência<br />

e furto de energia<br />

elétrica do estado.<br />

FoiaíqueaEndesa<strong>Brasil</strong>—<br />

por meio de sua subsidiária<br />

Coelce — fez uma parceria com<br />

QUINTA-FEIRA<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

a Universidade de Fortaleza, a<br />

companhia Knowledge Networks<br />

and Business Solutions e<br />

a empresa de coleta de resíduos<br />

Organizações Gonçalves.<br />

O objetivo era desenvolver um<br />

sistema que fosse capaz de<br />

computar os bônus adquiridos<br />

com a troca dos materiais recicláveis.<br />

E assim foi criado o<br />

programa Ecoelce que, no ano<br />

seguinte, chegou ao Rio de Janeiro<br />

com o nome Ecoampla —<br />

referência à subsidiária fluminense<br />

Ampla.<br />

Pelo programa, o morador<br />

recebe um cartão que armazena<br />

o quanto ele arrecadou com a<br />

coleta seletiva. Os créditos são<br />

enviados, por meio da tecnologiadetelefoniaGPRS,paraa<br />

central de processamento da<br />

SEXTA-FEIRA<br />

TECNOLOGIA<br />

Reciclagem é revertida em abono<br />

Iniciativa da Endesa <strong>Brasil</strong> já beneficiou 300 mil moradores do Rio de Janeiro e do Ceará. Desde o início do projeto<br />

A TROCA DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS É FEITA EM POSTOS DE COLETA<br />

A ideia do projeto<br />

surgiu de uma<br />

pesquisa realizada<br />

em 184 comunidades<br />

de baixa renda<br />

da Grande Fortaleza.<br />

Constatou-se, na<br />

ocasião, que a maioria<br />

dos moradores<br />

depositava o lixo<br />

doméstico em<br />

locais impróprios<br />

e ainda detinha os<br />

maiores índices de<br />

inadimplência e furto<br />

de energia do estado<br />

empresa que trata os dados e os<br />

remete ao sistema de faturamento,<br />

que é responsável por<br />

transformar o crédito em desconto<br />

na conta de energia.<br />

Moragas afirma que a Endesa<br />

<strong>Brasil</strong> não tem ganhos financeiros<br />

com o programa. Ele explica<br />

que se um morador leva o equivalente<br />

a R$ 100 de lixo reciclável<br />

a um posto cadastrado, R$ 20<br />

ficam com a empresa que faz a<br />

coleta. Já os R$ 80 restantes são<br />

encaminhados para a companhiadosetorelétricoeestevalor<br />

é descontado da conta de luz do<br />

cliente. “Estamos tentando adequar<br />

o consumo à realidade das<br />

pessoas”, diz.<br />

Próximos passos<br />

Os shoppings cearenses serão


SEGUNDA-FEIRA<br />

EDUCAÇÃO<br />

TERÇA-FEIRA<br />

EMPREENDEDORISMO<br />

na conta de luz<br />

em 2008, os descontos nas faturas totalizaram R$ 1 milhão<br />

No posto de coleta de Niterói (RJ), a comerciante Rosângela Calvet troca<br />

resíduos recicláveis por crédito na conta de luz. Ela é uma das 300 mil pessoas<br />

do Rio de Janeiro e do Ceará que já foram beneficiadas pelo projeto criado<br />

pela empresa do setor elétrico Endesa <strong>Brasil</strong>. A companhia tem planos<br />

de replicar o programa em outros países onde atua, como Peru e Colômbia.<br />

■ INVESTIMENTO<br />

Desde 2008, a Endesa <strong>Brasil</strong><br />

já alocou no programa<br />

R$3,2 mi<br />

os próximos alvos do Ecoelce.<br />

De acordo com Moragas, a<br />

companhia vai instalar lixeiras<br />

nas praças de alimentação dos<br />

centros comerciais para atrair<br />

clientes das classes mais altas<br />

para o programa.<br />

Enquanto isso, no Rio de Janeiro,<br />

a Ampla está de olho nos<br />

clientes corporativos. A ideia é<br />

instalar recipientes dentro de<br />

fábricas e <strong>empresas</strong> e fazer o recolhimento<br />

do material arrecadado<br />

periodicamente. O teste<br />

será feito com a fabricante de<br />

embalagens Itaquera, que fica<br />

em Magé. “Temos ainda o projeto<br />

de levar postos itinerantes<br />

para cidades onde não há pontos<br />

de coleta. A ideia é deixálospordoismesesemcadamunicípio”,<br />

acrescenta. ■<br />

■ BENEFÍCIOS<br />

Os descontos nas contas das<br />

300 mil famílias somam<br />

R$1 milhão<br />

FORA DO BRASIL<br />

Projeto chega ao Chile e deve ir para o Peru<br />

Depois do sucesso no <strong>Brasil</strong>,<br />

a Endesa levou o projeto que<br />

faz a troca de lixo reciclável por<br />

descontos na conta de luz para<br />

o Chile, país onde também atua.<br />

Segundo André Moragas,<br />

diretor de relações institucionais<br />

da companhia, o programa<br />

Ecochilectra entrou em operação<br />

em setembro do ano passado,<br />

em uma região carente chamada<br />

Peñalolén, em Santiago. Cerca<br />

de 470 famílias já participaram e,<br />

no período, foram arrecadados<br />

7,6 toneladas de resíduos.<br />

“Pelos números obtidos até<br />

agora, acredito que será um<br />

■ RECICLAGEM<br />

Fotos: divulgação<br />

O total reciclado pelo<br />

programa chega a (em t)<br />

9,5 milhões<br />

sucesso. Estudamos agora levar o<br />

projeto para o Peru e Colômbia.”<br />

O executivo acrescenta que<br />

o investimento no programa<br />

é feito pela Endesa e pelos<br />

parceiros que fazem a coleta dos<br />

materiais. Até hoje, a Ampla,<br />

subsidiária do Rio de Janeiro,<br />

já investiu no Ecoampla<br />

R$ 1,3 milhão. O estado possui<br />

13 postos de coleta e conta com<br />

os parceiros Clin, Pakera, Mafis,<br />

Lopes Meriti e Coopreserva.<br />

Já o Ecoelce possui 55 postos de<br />

coleta no Ceará, sendo 33 fixos<br />

e22móveis,eaCoelcejáinvestiu<br />

quase R$ 2 milhões no programa.<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 17<br />

RAFAEL TELLO<br />

Professor e pesquisador do<br />

Centro de Desenvolvimento da<br />

Sustentabilidade na Construção<br />

da Fundação Dom Cabral<br />

E se a sustentabilidade<br />

se tornar rentável?<br />

A empresa de energia Endesa, por meio da Coelce, sua<br />

distribuidora no estado do Ceará, desenvolveu uma<br />

engenhosa ação para promover a consciência sobre reciclagem.<br />

O Programa Ecoelce oferece crédito aos consumidores<br />

que levam resíduos selecionados para postos<br />

de coleta autorizados. Este valor pode ser debitado<br />

na conta de luz do depositante ou doado a instituições<br />

filantrópicas cadastradas.<br />

À primeira vista, este projeto parece um exemplo<br />

claro de sustentabilidade corporativa, já que a empresa<br />

promoveu melhorias ambientais, por estimular as pessoas<br />

a reciclarem seu lixo, e sociais, por distribuir recursos<br />

que beneficiam especialmente as classes com<br />

menor renda. No entanto, para ser caracterizada como<br />

sustentável, seria preciso que esta ação gerasse resultados<br />

econômicos positivos também para a empresa. É<br />

provável que, com o programa, a redução no índice de<br />

inadimplência e os ganhos com imagem possam ter superado<br />

os gastos com o programa. Mas é preciso refletir:<br />

um programa dessa natureza deve ser o objetivo de<br />

<strong>empresas</strong> que buscam uma atuação mais sustentável?<br />

É aí que entra a inovação. Apesar de o programa ser<br />

incontestavelmente inovador, ele está desatrelado do<br />

core business de uma<br />

empresaquegeraedis-<br />

Quando as novas<br />

alternativas de<br />

soluções de<br />

problemas<br />

ambientais são<br />

capazes de<br />

promover o<br />

desenvolvimento<br />

das <strong>empresas</strong>,<br />

há ganhos maiores<br />

para todos<br />

os envolvidos<br />

tribui energia — o setor<br />

mais vigiado por ativistas<br />

do clima. Nesse sentido,<br />

o recente trabalho<br />

do professor de Harvard<br />

Michael Porter, defendendo<br />

a geração de valor<br />

compartilhado, se<br />

torna uma grande inspiração<br />

para as <strong>empresas</strong>.<br />

Segundo Porter,<br />

elas precisam observar<br />

seu ambiente de atuação<br />

e buscar neles oportunidades<br />

de gerar soluções,<br />

que promovam<br />

simultaneamente lucros<br />

e ganhos para a sociedade.<br />

É preciso re-<br />

fletir sobre o valor das ações realizadas, ou seja, os ganhos<br />

gerados em relação aos custos incorridos.<br />

É possível imaginar algumas questões que irão afetar<br />

o negócio da Endesa. Atualmente, grande parte das organizações<br />

e da sociedade está refletindo sobre formas<br />

de reduzir o consumo de energia. O modelo de negócios<br />

da empresa está preparado para este ambiente? Quais<br />

as inovações necessárias na empresa e em sua cadeia<br />

produtiva para torná-lo rentável neste novo ambiente?<br />

Estas reflexões têm o potencial de explicitarem um<br />

conjunto de temas capaz de promover melhorias para a<br />

sociedade, por meio do desenvolvimento de novos negócios<br />

para a empresa.<br />

A Endesa demonstrou capacidade de inovação com<br />

seu programa de apoio à reciclagem, agora cabe a ela<br />

aproveitar a estrutura construída inovando também<br />

em áreas ligadas ao seu negócio. O sistema de créditos<br />

pode ser usado para financiamento de equipamentos<br />

de baixo consumo, promovendo eficiência energética<br />

e, assim, possibilitando que a empresa busque créditos<br />

de carbono.<br />

A inovação é a base do desenvolvimento, inclusive o<br />

sustentável. Novas alternativas para a solução de problemas<br />

ambientais, econômicos e sociais são sempre<br />

bem vindas. Porém, quando elas também são capazes<br />

de promover o desenvolvimento das <strong>empresas</strong>, há ganhos<br />

ainda maiores para todos os envolvidos. ■


18 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

ENCONTRO DE CONTAS<br />

Ronco<br />

grosso<br />

LURDETE ERTEL<br />

A Harley-Davidson<br />

prepara uma nova<br />

arrancada no mercado<br />

brasileiro em 2011.<br />

Depois de chegar a um<br />

acordo com o grupo<br />

HDSP/ Izzo, distribuidor<br />

exclusivo de suas motos<br />

no país até o ano passado<br />

e alvo de um processo<br />

judicial, a legendária<br />

marca americana começa<br />

a acelerar uma atuação<br />

mais direta no <strong>Brasil</strong>.<br />

A meta dos próximos<br />

meses é procriar revendas<br />

no país. Duas novas<br />

concessionárias Harley-<br />

Davidson já foram<br />

nomeadas – uma em<br />

São Paulo (SP) e uma em<br />

Belo Horizonte (MG).<br />

Ambas começam a vender<br />

motos em março e abril,<br />

respectivamente.<br />

Ademais, novas lojas da<br />

marca oferecerão<br />

serviços de assistência<br />

técnica a partir de março<br />

no Rio (RJ), Curitiba (PR),<br />

Campinas (SP), Porto<br />

Alegre (RS) e Goiânia (GO.<br />

Troca de cilindradas<br />

A antiga concessionária da<br />

Harley-Davidson na Avenida<br />

dos Bandeirantes, em São<br />

Paulo, já trocou de bandeira.<br />

A megaloja da HDSP/Izzo,<br />

ex- distribuidor exclusivo da<br />

Harley no país, passou a abrigar<br />

uma revenda da marca austríaca<br />

KTM, que também tem grandes<br />

metas para o mercado brasileiro.<br />

A montadora de motos esportivas<br />

já anunciou planos de fabricar<br />

alguns de seus modelos<br />

de baixa cilindrada no <strong>Brasil</strong>.<br />

Entreeles,anovaDuke125.<br />

Pandeiro<br />

Começaram a ir abaixo nesta<br />

semana as paredes internas da<br />

antiga casa de shows Imperator,<br />

no Méier – Rio de Janeiro.<br />

O prédio será reformulado<br />

para receber o Centro Cultural<br />

João Nogueira, investimento<br />

de R$ 21 milhões do município.<br />

O local abrigou no passado o<br />

maior cinema da América Latina<br />

— o Cine Imperador, de 1954.<br />

O lado lucrativo da força<br />

Mesmo sem novos filmes ou mesmo<br />

reprises, a saga Star Wars continua<br />

mostrando sua força para atrair cifras.<br />

As aventuras intergalácticas criadas por<br />

George Lucas faturaram US$ 510 milhões<br />

em 2010, com a venda de videogames<br />

inspirados na série.<br />

Foi um recorde absoluto para um ano sem<br />

“Por favor,<br />

preciso de<br />

ajuda.Me<br />

responda<br />

antes que seja<br />

tarde demais<br />

para os dois.<br />

Devo minha<br />

vida a você<br />

eestoua<br />

seu serviço,<br />

disposto a<br />

morrer por<br />

você. Não são<br />

só palavras”<br />

Pradeep Manukonda,<br />

homem que tem<br />

atormentado o fundador do<br />

Facebook. Mark Zuckerberg<br />

acaba de conseguir ordem<br />

de afastamento na Justiça.<br />

lançamentos relacionados à epopéia.<br />

Para os especialistas, a chave deste sucesso<br />

está na série animada The Clone Wars,<br />

que permitiu uma nova geração de fãs<br />

conhecerem o fascínio do sabre de luz.<br />

Na cola vieram novos brinquedos da<br />

Lego e da Hasbro, marcas que já têm<br />

longa fidelidade ao clássico.<br />

Amos Gumulira/AFP<br />

Miguel Riopa/AFP<br />

O assédio parece ter inspirado a Fox Home<br />

Entertainment a tirar sua lasca da nova<br />

febre em torno de Star Wars.<br />

O estúdio prepara para setembro<br />

o lançamento da coleção completa<br />

da série em formato blu-ray.<br />

Será a primeira vez que a saga volta<br />

com os seis filmes de George Lucas.<br />

▲<br />

Palavra dada<br />

não volta atrás<br />

A família da menina adotada por<br />

Madonna no Malawi está ameaçando<br />

entrar na Justiça contra a cantora.<br />

Eles alegam que a popstar não está<br />

cumprindo o acordo que fez no momento<br />

da adoção, em junho de 2009.<br />

Madonna teria prometido à família de<br />

Mercy James visitas periódicas à garota.<br />

Como a mãe biólogica de Mercy morreu<br />

cinco dias após o parto, a criança foi<br />

criada pelos avos e tios, sob os cuidados<br />

da Aldeia de Crianças Kondanani.<br />

Os avos biólogicos da menina garantem<br />

que, para levar Mercy, a cantora não<br />

só prometeu contato regular, como<br />

disse que a garota poderia voltar<br />

a viver com eles depois de adulta.<br />

“Nós sabemos que Madonna deu um<br />

monte de dinheiro para o orfanato,<br />

e as pessoas nos convenceram<br />

a deixá-la levar a nossa menina.<br />

Nenhum de nós deseja uma briga<br />

judicial que possa prejudicar Madonna.<br />

Só que até agora só vimos fotos<br />

de Mercy em jornais. Nos sentimos<br />

enganados, e minha mãe é idosa e está<br />

sofrendo muito. Ela perdeu a filha e<br />

agora a neta”, desabafou a tia de Mercy.


Realeza por perto<br />

O <strong>Brasil</strong> virou queridinho<br />

de Mônaco — e não apenas por<br />

conta das jovens princesas<br />

Charlotte e Andrea Casiraghi,<br />

e o príncipe Pierre, que se<br />

tornaram presença cativa no país<br />

desde que a primeira começou<br />

a namorar um brasileiro.<br />

O departamento de turismo<br />

do principado na Riviera<br />

Francesa vai instalar no <strong>Brasil</strong><br />

o seu primeiro escritório de<br />

representação na América do Sul.<br />

O posto avançado deverá ser<br />

aberto em São Paulo até maio.<br />

Atualmente, a única cidade das<br />

Américas a contar com um<br />

escritório de Mônaco é Nova York.<br />

Bola no balcão<br />

Reprodução<br />

O Vasco prepara a abertura<br />

de três lojas da bandeira oficial<br />

Gigante da Colina até março.<br />

Todas em shoppings<br />

do Rio de Janeiro.<br />

Hoje com apenas uma loja em<br />

São Januário, o clube pretende<br />

chegar a 15 até dezembro.<br />

A Francap, responsável pelo<br />

franqueamento, negocia a<br />

instalação de pontos em Vitória<br />

(ES), Manaus (AM) e Brasília (DF).<br />

Cutuco no para-choque<br />

Depois de ter seus comerciais<br />

suspensos pelo Conar no ano<br />

passado por queixa da<br />

concorrência, a montadora<br />

Nissan vai voltar à carga com<br />

mais uma campanha polêmica.<br />

A marca coloca na rua<br />

a partir de hoje novos anúncios<br />

que prometem cutucar<br />

os carros das rivais.<br />

Em setembro passado, a Nissan<br />

teve que suspender a veiculação<br />

de reclames provocativos<br />

emquecitavaasconcorrentes<br />

GM, Fiat e Honda.<br />

Roubo real<br />

Um hacker britânico chamado Ashley Mitchell conseguiu entrar<br />

nos servidores do Zynga, os criadores do FarmVille para Facebook,<br />

e roubou nada menos que 400 bilhões de fichas virtuais de jogo,<br />

equivalentes, no mundo real, a cerca de R$ 20 milhões.<br />

Mitchell esperava conseguir cerca de U$ 300 mil com<br />

a venda das fichas no mercado negro, mas admitiu o roubo,<br />

e agora corre o risco de ser preso.<br />

Bisturi<br />

virtual<br />

Mais um erro<br />

grave no uso<br />

do Photoshop<br />

conseguiu acabar<br />

com a perfeição<br />

geralmente vista<br />

nas fotos da<br />

modelo Marisa<br />

Miller. O braço<br />

da top foi<br />

completamente<br />

apagado em um<br />

catálogo da<br />

Victoria’s Secret.<br />

A imagem em<br />

quealoira<br />

aparece de<br />

camiseta polo<br />

foi publicada<br />

no site da grife.<br />

Marcelo Faustini<br />

MARCADO<br />

● O ministro de Turismo<br />

da Argentina, Enrique<br />

Meyer, participa hoje<br />

do 3º Workshop Mundo<br />

Agaxtur, que a operadora<br />

turística promove<br />

no Expo Barra Funda,<br />

em São Paulo.<br />

De peito aberto<br />

Desembarca nas prateleiras<br />

das lojas da rede Hering<br />

Store nas próximas<br />

semanas a coleção 2011<br />

da já clássica camiseta com<br />

o ícone azul da campanha<br />

O Câncer de Mama no<br />

Alvo da Moda.<br />

A nova linha, criada neste<br />

ano pela estilista Simone<br />

Nunes, foi apresentada<br />

durante a recente São<br />

Paulo Fashion Week,<br />

com a apresentadora<br />

Angélica como principal<br />

garota-propaganda.<br />

As estampas desenhadas<br />

por Simone têm cerca<br />

de 10 versões diferentes.<br />

Inspirada em uma<br />

iniciativa do estilista<br />

RalphLaurenem<br />

NovaYork,em1994,<br />

a campanha já teve a<br />

adesão de 19 famosos<br />

estilistas brasileiros, que<br />

deixaram suas marcas<br />

em modelos especialmente<br />

criados para a causa.<br />

Chega ao mercado em maio mais uma linha de acessórios<br />

para enlouquecer os Beatlemaníacos. A nova coleção da<br />

Acme Studio inclui uma edição limitada de canetas, relógios,<br />

caixasdecartãoecaixasdeóculosdosTheBeatles.<br />

As canetas serão vendidas em caixas com quatro peças,<br />

uma de cada Beatle, ao preço de US$ 450.<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 19<br />

encontrodecontas@brasileconomico.com.br<br />

GIRO RÁPIDO<br />

Para todos<br />

OprojetoCinema Nacional<br />

Legendado & Audiodescrito<br />

vaiexibirofilmeOBem<br />

Amado, do diretor Guel<br />

Arraes, em sessões especiais<br />

paracegosesurdos—que<br />

não podem desfrutar do<br />

cinema sem audiodescrição<br />

e legenda closed caption,<br />

nosdias12e13,noCCBB-Rio,<br />

no Rio de Janeiro.<br />

Nova casa<br />

A Hope acaba de inaugurar<br />

sua 15ª loja no estado<br />

de São Paulo. A unidade,<br />

no Shopping Eldorado,<br />

é a 55ª da rede.<br />

Para comemorar os 45 anos<br />

em 2011, a marca também<br />

está investindo em uma<br />

nova campanha com<br />

a top Gisele Bündchen.<br />

Fábrica de chocolate<br />

A Katz Chocolates<br />

se prepara para abrir<br />

100 lojas até 2014.<br />

A fábrica, criada<br />

em Petrópolis (RJ),<br />

é reconhecida pela<br />

qualidade dos<br />

chocolates e biscoitos<br />

há mais de 50 anos.<br />

Surpresa<br />

A Viva! Experiências,<br />

empresa nacional de<br />

caixas-presentes, deve<br />

espalhar mais de 100<br />

pontos de venda até<br />

dezembro deste ano.<br />

A empresa fechou 2010<br />

com faturamento de<br />

mais de R$ 4 milhões<br />

e venda de 40 mil caixas.<br />

Fotos: divulgação<br />

Com Karen Busic<br />

kbusic@brasileconomico.com.br


20 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

EMPRESAS<br />

Grupo Accor abre<br />

franquia para ser<br />

fast-food de hotéis<br />

Rede francesa planeja levar a bandeira Formule 1 para<br />

o interior dos estados com a abertura de 100 unidades<br />

Amanda Vidigal Amorim,<br />

de Tanger*<br />

avidigal@brasileconomico.com.br<br />

Depois de se consolidar como<br />

líder mundial no mercado de<br />

hospedagem econômica, o grupo<br />

Accor pretende dar impulso<br />

a um movimento de “fast-food”<br />

de hotéis. A mudança começa<br />

na presidência mundial da Accor.<br />

Denis Hennequin, atual comandante<br />

do grupo, é ex-presidente<br />

do McDonald’s Europa,<br />

com vasta experiência em franquias.<br />

A mudança na direção<br />

reflete na nova postura da rede,<br />

que quer expandir sua atuação<br />

em novos nichos de mercado.<br />

Para o <strong>Brasil</strong>, o grupo lança uma<br />

estratégia agressiva — vender<br />

100 franquias da bandeira Formule<br />

1 a investidores locais.<br />

Diferentemente do projeto já<br />

existente, onde são construídas<br />

unidades com 200 e 300 quartos,<br />

o novo formato oferece hotéis<br />

menores de 60 a 80 ocupações.<br />

“Queremos atender o interior,<br />

cidades que não comportam<br />

uma estrutura como a das<br />

metrópoles. Fizemos uma reformulação<br />

no projeto arquitetônico<br />

e no custo da obra”, diz Abel<br />

Castro, diretor de desenvolvimento<br />

da Accor <strong>Brasil</strong>.<br />

O investimento é baixo, se<br />

levado em consideração o custo<br />

de um Formule 1 nas grandes cidades.<br />

Enquanto ofereciam hotéis<br />

com o custo de R$ 65 mil<br />

por quarto, a nova franquia oferece<br />

quartos na mesma metragem<br />

por R$ 45 mil. “As franquias<br />

variam de R$ 4 milhões a<br />

R$ 6 milhões o valor de construção<br />

e compra de lote”, diz.<br />

O custo mais baixo foi conseguido<br />

com a mudança de acabamentos<br />

no hotel. Esquadrias, pisos<br />

e até portas são diferenciados<br />

atingindo um custo mais baixo<br />

do que o convencional. Os hotéis<br />

existentes no <strong>Brasil</strong> oferecem isolamento<br />

acústico e gerador para<br />

todo o edifício. As franquias não<br />

contam com esses diferenciais.<br />

Mas isso não assustou os investidores.<br />

Ao contrário, pare-<br />

A Accor já fez<br />

150 contatos com<br />

investidores para<br />

apresentar o novo<br />

projeto e teve<br />

91 cartas de intenção<br />

assinadas. A unidade<br />

modelo será<br />

inaugurada ainda<br />

neste semestre,<br />

no interior<br />

de São Paulo<br />

ce ter atraído. As 150 apresentações<br />

feitas a potenciais interessados<br />

renderam à empresa,<br />

emmenosdeummês,91cartas<br />

de intenção assinadas. Esses<br />

documentos ainda não são contratos,<br />

mas já assinalam o interesse<br />

do investidor em fechar a<br />

parceria, além de garantir prioridade<br />

no negócio. Aproximadamente<br />

30% das cartas são<br />

para instalar unidades em municípios<br />

do Nordeste.<br />

Para mostrar como seria esse<br />

novo conceito, a empresa construiu<br />

com investimento próprio<br />

uma unidade em Piracicaba, interior<br />

de São Paulo. Com inauguração<br />

prevista para este semestre,<br />

o hotel contará com 88<br />

quartos e terá a mesma estrutura<br />

vendida para as franquias.<br />

Como toda franquia, o franqueado<br />

pagará royalties para a<br />

Accor. Para marketing são cobrados<br />

3% sobre a receita bruta<br />

e 2% para o uso da marca. Para<br />

ter a porcentagem de royalties<br />

sobre marketing reduzida para<br />

2% é preciso atingir os critérios<br />

de excelência exigidos pela Accor.<br />

“Todo hotel tem metas a<br />

cumprir, aqueles que atingirem<br />

essas metas ganham redução<br />

para pagamento dos royalties.”<br />

Apesar de o grupo não possuir<br />

nenhuma bandeira em algumas<br />

capitais do país, Castro<br />

diz que esse projeto é direcionado<br />

apenas para cidades do<br />

interior. O Nordeste, que é uma<br />

região de pouca presença da<br />

Accor, também está na mira de<br />

Castro. Foi lá a primeira apresentação<br />

do projeto de franquia<br />

para investidores. “Devemos<br />

inaugurarembreveumFormule1emNatal.”<br />

As bandeiras econômicas,<br />

como Ibis e Formule 1 são as<br />

que mais crescem no país e no<br />

mundo, mas novidades estão a<br />

caminho. Em março será inaugurado<br />

um hotel da bandeira<br />

Pullman, um cinco estrelas ainda<br />

inédito no país. O primeiro<br />

será em São Paulo, mas outros<br />

dois estão em negociação. ■<br />

*Viajou a convite<br />

Abel Castro, diretor de<br />

desenvolvimento: interior é novo<br />

ponto de atenção do grupo<br />

DIÁRIA DA FRANQUIA<br />

R$ 80<br />

é o preço que a Accor sugere<br />

para as novas unidades que<br />

serão franqueadas do Formule 1.<br />

O preço de diárias em capitais<br />

gira em torno de R$ 180.<br />

Segundo Abel Castro, cada cidade<br />

apresenta valores diferenciados<br />

dependendo de sua capacidade<br />

de ocupação e população.<br />

NOVAS UNIDADES<br />

100 franquias<br />

Formule 1 serão abertas<br />

no <strong>Brasil</strong>. Com projeto mais<br />

horizontalizado, o que faz com<br />

que o gasto de ar-condicionado<br />

seja menor, custa de R$ 4 milhões<br />

a R$ 6 milhões. A primeira<br />

unidade é da própria Accor<br />

e será aberta ainda neste ano<br />

em Piracicaba (SP).


Tomohiro Ohsumi/Bloomberg<br />

Lucro trimestral da Toyota cai à metade<br />

A queda de 48% apurada pela Toyota Motor em seu lucro trimestral<br />

evidenciou a exposição da montadora ao iene valorizado. Ainda assim,<br />

a companhia elevou suas previsões para o fechado do ano para além<br />

das estimativas de mercado, apoiada em fortes vendas e corte de custos.<br />

A queda vista pela Toyota, no entanto, pode ser considerada a maior<br />

entre as montadoras japonesas, considerando sua maior exposição a<br />

exportações não rentáveis do Japão.<br />

Marcela Beltrão<br />

Mesmo sem citar Olimpíada e Copa, rede diz que <strong>Brasil</strong> é estratégico<br />

Com muitas <strong>empresas</strong> mostrando<br />

interesse em abrir negócios<br />

no <strong>Brasil</strong> por causa da Copa e da<br />

Olimpíada, Frédéric Josenhans,<br />

vice-presidente de marketing<br />

e desenvolvimento de marcas<br />

da Accor Mundial, afirma que<br />

a empresa não vai investir no país<br />

pensando em eventos que durem<br />

apenas dois meses. “Nenhuma<br />

<strong>empresas</strong>obrevivesepensar<br />

apenas daquela época, é preciso<br />

pensar em como será depois.”<br />

Apesar disso, ele disse que com<br />

aeconomiabrasileiraemascensão<br />

o país é prioridade para o grupo,<br />

junto com o Oriente Médio e o<br />

norte da África. Aliás, a empresa é<br />

uma das pioneiras em investimento<br />

em hotéis econômicos no país.<br />

O executivo garante que foi o Ibis<br />

que introduziu água quente nos<br />

chuveiros de hotéis econômicos, de<br />

três estrelas. A inovação, segundo<br />

ele, foi feita na primeira unidade<br />

aberta em Fortaleza, na década<br />

de 1990. A afirmação é fruto de<br />

um desconhecimento comum<br />

em <strong>empresas</strong> que iniciam operação<br />

no <strong>Brasil</strong>. Resta saber qual<br />

o sucesso da água quente do Ibis,<br />

visto a temperatura média da<br />

cidade, que é de 30°C. A.V.A.<br />

Estratégia global prevê abertura<br />

de 24 unidades da bandeira para<br />

a América Latina<br />

Durante a inauguração do hotel<br />

Ibis de número 900, em Tanger,<br />

no Marrocos, o vice-presidente<br />

de marketing e desenvolvimento<br />

de marcas da Accor Mundial,<br />

Frédéric Josenhans, anunciou<br />

que a empresa pretende abrir<br />

cerca de 70 Ibis no mundo até<br />

2015. O anúncio fortalece a estratégia<br />

do grupo de hotelaria<br />

econômicos. Para a América Latina,<br />

o objetivo é abrir cerca de<br />

24 unidades por ano.<br />

Com 180 hotéis na América<br />

Latina e cerca de 170 só no <strong>Brasil</strong>,<br />

Josenhans afirma que a parte<br />

brasileira na expansão da bandeira<br />

Ibis será de 8%. “Se crescermos<br />

bem no <strong>Brasil</strong>, crescemos<br />

bem na América Latina. Quando<br />

abrimos nosso primeiro hotel na<br />

Argentina, nossas expectativas<br />

foram superadas. Além dos muitosbrasileirosmorandolá,muitos<br />

vão ao país para turismo”,<br />

afirma o vice-presidente.<br />

Para as outras bandeiras, a<br />

expansão é mais modesta. Josenhans<br />

afirma que Sofitel, Novotel<br />

e até mesmo Pullman não são<br />

bandeiras para muitas unidades<br />

em uma mesma cidade, reduzindo<br />

assim o número de hotéis<br />

pelo mundo. Em São Paulo, o<br />

projeto para venda de hotéis<br />

Pullman é de apenas seis unidades.<br />

Com isso no país o número<br />

total não deve passar de 15. Belo<br />

Horizonte será a segunda capital<br />

a receber o novo hotel.<br />

Resultados<br />

Em 2010, a empresa cresceu só<br />

na América Latina cerca de<br />

28,9% em volume de negócios,<br />

fechando o ano com US$ 696<br />

milhões. Além disso, apresentou<br />

crescimento de 17,3% em<br />

Revpar, receita por quarto disponível<br />

na sigla em inglês, principal<br />

indicador da atividade hoteleira.<br />

Para a região, a previsão<br />

de abertura de hotéis neste ano<br />

éde11unidades.<br />

Segundo Roland de Bonadona,<br />

presidente da Accor América<br />

Latina, o resultado mostra<br />

que 2010 foi um ano forte, após<br />

a crise econômica de 2009. “O<br />

setor de turismo sofreu com a<br />

crise econômica de 2009, porém<br />

conseguimos recuperar<br />

nossa atividade e celebrar o ano<br />

com muita alegria.”<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 21<br />

Ibis quer abrir<br />

70 unidades<br />

anualmente<br />

■ EM 2010<br />

O volume de negócios na<br />

América Latina cresceu<br />

28,9%<br />

■ PAÍS CAMPEÃO<br />

A Argentina apresentou a<br />

maior expansão, com<br />

48,9%<br />

Outras bandeiras<br />

como Sofitel e<br />

Novotel devem ter<br />

expansão mais<br />

discreta. No caso<br />

dos hotéis Pullman,<br />

devem ser abertas<br />

seis unidades<br />

em São Paulo<br />

Entre os países da região que<br />

mais se destacaram estão a Argentina,<br />

com crescimento de<br />

48,9% e o Peru, que apesar da<br />

queda no turismo por causa das<br />

enchentes que atingiram o país,<br />

cresceu 50%. Até 2015, a Accor<br />

América Latina espera ter 300<br />

hotéis na região. Atualmente,<br />

mais 84 unidades estão em implantação.<br />

Seguindo a estratégia<br />

de franquias adotada pela Accor,<br />

o objetivo é ter 31% dos futuros<br />

empreendimentos franqueados<br />

até 2015 — atualmente<br />

são 12%. ■ A.V.A.


22 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

EMPRESAS<br />

Douglas Buzo, diretor da Vulkan<br />

no <strong>Brasil</strong>: momento é favorável<br />

ao país, só o câmbio atrapalha<br />

Dubes Sônego<br />

dsonego@brasileconomico.com.br<br />

Uma das protagonistas do discreto<br />

mercado de acoplamentos<br />

para motores navais e industriais,<br />

a subsidiária brasileira<br />

da alemã Vulkan disputa<br />

com as filias da China e da Índia<br />

os recursos para a construção<br />

de nova fábrica.<br />

Arespostaéesperadapara<br />

abril, quando Douglas Rodrigues<br />

Buzo, no comando das<br />

operações no <strong>Brasil</strong>, viaja a<br />

Herne, sede da companhia,<br />

para a reunião anual com os<br />

acionistas da família controladora,<br />

que se mantém à frente<br />

do negócio há seis gerações.<br />

Os acoplamentos fabricados<br />

pela Vulkan são peças de borracha<br />

técnica, ou de compostos<br />

de silicone, colocados entre o<br />

motor e o redutor de diversos<br />

tipos de máquinas, de gerado-<br />

RESULTADO<br />

ReceitabrutadaComgásrecua1,2%<br />

em 2010 e fica em R$ 5,1 bilhões<br />

Os números fazem parte da prévia de resultados da companhia.<br />

Deste total, R$ 4,8 bilhões correspondem à venda de gás,<br />

enquanto um total de R$ 258 milhões refere-se à receita de<br />

construção, e outros R$ 23 milhões a outras receitas. Apesar<br />

da queda, o volume de gás distribuído no ano passado foi maior,<br />

atingindo 4,9 milhões de metros cúbicos, 15,2% acima de 2009.<br />

<strong>Brasil</strong> disputa com China e Índia<br />

nova fábrica da alemã Vulkan<br />

Unidade produzirá acoplamentos para motores navais e industriais e atenderá o mercado internacional<br />

res de energia eólica a navios.<br />

Como são um dos componentes<br />

mais baratos do sistema motriz,<br />

além de transferirem a<br />

força do motor fazem o papel<br />

de “fusíveis”, rompendo quando<br />

há algum problema maior.<br />

O momento não poderia ser<br />

mais favorável a posição brasileira<br />

na disputa, uma vez que a<br />

subsidiária local tem se destacado<br />

no grupo, após uma série<br />

de contratempos que remontam<br />

a década de 1970. Atraída<br />

pela forte expansão da indústria<br />

naval naquela época, a Vulkan<br />

teve que se reinventar para<br />

continuar no país após a derrocada<br />

do setor nos anos 1980.<br />

Voltou-se então ao mercado de<br />

acoplamentos para motores<br />

usados nas indústria de siderurgia<br />

e mineração. E abriu<br />

umafrentedenegóciosinédita<br />

para a matriz. Com os primeiros<br />

sinais de desaceleração dos<br />

Com presença<br />

em 24 países,<br />

a companhia tem<br />

no <strong>Brasil</strong>, onde<br />

obteve receita<br />

de € 40 milhões,<br />

seu segundo melhor<br />

mercadonomundo,<br />

atrás apenas da<br />

Alemanha, onde<br />

faturou cerca<br />

de € 90 milhões<br />

em 2010<br />

LOGÍSTICA<br />

Vale e Riversdale investirão em<br />

terminal portuário em Moçambique<br />

A Vale SA e a Riversdale Mining Ltd. planejam investir<br />

US$ 80 milhões em melhorias no terminal portuário<br />

de carvão de Beira, em Moçambique, informou o diretor<br />

executivo da Riversdale em Moçambique, Anthony Martin.<br />

Os trabalhos no terminal provavelmente serão finalizados<br />

no segundo semestre deste ano, disse ele.<br />

mercados na crise de 2008, a<br />

Alemanha viu no portfólio da<br />

unidade brasileira uma alternativa<br />

de diversificação e entregou<br />

a ela o papel de sede mundial<br />

para o mercado industrial.<br />

De acordo com o executivo,<br />

a construção da nova fábrica já<br />

havia sido discutida em 2008.<br />

Mas a ideia foi abandonada<br />

após o estouro da crise. Com o<br />

reaquecimento das vendas, no<br />

ano passado, a ampliação da<br />

capacidade produtiva voltou à<br />

pauta. Até porque é vista como<br />

fundamental para o atendimento<br />

de segmentos de mercado<br />

em franco crescimento no<br />

país, como o de geradores de<br />

energia eólica.<br />

O terreno para a construção<br />

já existe, fica em Itatiba, no interior<br />

paulista, onde a Vulkan<br />

mantém uma de suas duas unidades<br />

no país, a outra fica em<br />

Barueri, também em São Paulo.<br />

Henrique Manreza<br />

Centro exportador<br />

Segundo Buzo, a situação só<br />

não é mais favorável à subsidiária<br />

brasileira por causa do<br />

câmbio. A ideia da matriz é que<br />

o país funcione como centro<br />

exportador para as América<br />

do Sul e do Norte. Um projeto<br />

para o qual a relação entre a<br />

moedabrasileiraeaamericana<br />

não contribui.<br />

Hoje, as exportações representam<br />

10% da receita, que em<br />

2010 foi de cerca de € 40 milhões<br />

(R$ 90,9 mi). Mas a meta é<br />

que cheguem a 20% em 2011,<br />

sobre vendas de aproximadamente<br />

€ 45 milhões.<br />

Outro negócio que a companhia<br />

estuda investir no país<br />

é no monitoramento remoto<br />

de equipamentos industriais e<br />

componentes para a área de<br />

refrigeração, como anéis para<br />

a vedação e conexão de tubos<br />

metálicos. ■


MINERAÇÃO<br />

Xstrata prevê alta de 86% no lucro<br />

e prevê desaceleração na China<br />

A mineradora Xstrata informou que obteve lucro líquido de US$ 5,12<br />

bilhões em 2010, o que representa alta de 86% ante o ano anterior,<br />

excluindo itens não recorrentes. Os dados fazem parte da prévia<br />

dos resultados da companhia. A receita da empresa avançou 34%,<br />

para US$ 30,5 bilhões. Com isso, o lucro operacional (descontados<br />

os impostos e resultados financeiros) subiu 78%, para US$ 7,7 bilhões.<br />

Ana Paula Machado<br />

amachado@brasileconomico.com.br<br />

A Volvo Latin America se prepara<br />

para acelerar no mercado<br />

brasileiro “peso-pesado”. O<br />

país, que desde 2010 tem o<br />

maior volume de vendas da<br />

montadora sueca no mundo,<br />

vai receber investimentos para<br />

mais uma fábrica, desta vez de<br />

caixas de câmbio automatizadas.<br />

Para esta unidade, serão<br />

investidos R$ 25 milhões e serão<br />

produzidos 13 mil equipamentos<br />

por ano em cada turno<br />

de trabalho.<br />

O presidente da montadora<br />

na região, Roger Alm, disse que<br />

a decisão de nacionalizar as caixas<br />

de câmbio reflete o aumento<br />

da demanda por este tipo de opcional<br />

nos caminhões da marca<br />

vendidos no <strong>Brasil</strong>. Em 2006,<br />

quando foi lançada, a caixa chamada<br />

I-Shift, estava em 3% dos<br />

veículos dessa categoria. Em<br />

2009 esse percentual saltou para<br />

40%. No ano passado, 60% dos<br />

caminhões comercializados no<br />

país eram equipados com o<br />

câmbio automatizado.<br />

“Estamos preparados para<br />

crescer no <strong>Brasil</strong> e reforçar nossa<br />

presença no mercado, que<br />

este ano deve acompanhar o<br />

crescimento do Produto Interno<br />

Bruto (PIB)”, disse Alm.<br />

Fábrica de motores<br />

O diretor responsável pela Volvo<br />

Powertrain na América do<br />

Sul, Nilton Roeder, informou<br />

ainda que a Volvo vai iniciar em<br />

dezembro a produção no <strong>Brasil</strong><br />

da linha de motores de 11 litros<br />

que equipa os modelos extrapesados<br />

da Volvo no país. Hoje,<br />

esses propulsores são importados<br />

da Suécia.<br />

“Estamos olhando para frente<br />

e não no retrovisor. Por isso,<br />

decidimos produzir aqui essa<br />

linha de motores. Sabemos que<br />

a demanda será alta neste ano e<br />

queremos estar preparados para<br />

isso”, ressaltou Roeder. No ano<br />

passado, 600 motores deste<br />

tipo equiparam caminhões extra-pesados<br />

da marcaeaprevisão<br />

para 2011 é que, pelo menos,<br />

1,2 mil unidades serão importadas<br />

da Suécia.<br />

“Além de abastecer a produção<br />

para o mercado brasileiro,<br />

as fábricas da nova linha de<br />

motores e de caixas de câmbio<br />

irão ser base de exportação<br />

para os mercados mundiais”,<br />

disse o executivo.<br />

Outro investimento programado<br />

pela Volvo é na ampliação<br />

de seu centro de distribuição de<br />

peças no <strong>Brasil</strong>. Serão aportados<br />

R$ 50 milhões e o novo CD poderá<br />

abastecer todo o mercado<br />

de reposição do <strong>Brasil</strong> e da<br />

América Latina.<br />

“Esse valor não estava incluído<br />

no nosso plano de investimentos<br />

de US$ 250 milhões<br />

que termina neste ano. São recursos<br />

novos que avaliamos ser<br />

necessários para melhorar nossa<br />

operação no <strong>Brasil</strong>”, afirmou<br />

opresidentedaVolvo.<br />

O CD terá capacidade de armazenagem<br />

para 264 mil metros<br />

cúbicos. A estrutura atual<br />

pode estocar 130 mil metros cúbicos<br />

de peças.<br />

Terceiro turno<br />

O crescimento do mercado de caminhões<br />

está tão acelerado que a<br />

Volvo abriu um terceiro turno de<br />

produção na linha de cabines. Foram<br />

contratados mais 170 pessoas<br />

que serão responsáveis por uma<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 23<br />

Volvo investe para nacionalizar<br />

produção de câmbio automatizado<br />

Montadora também planeja iniciar em dezembro a produção de motores de 11 litros que equipa os caminhões extrapesados<br />

Roger Alm, presidente<br />

da Volvo: “Estamos<br />

preparados para<br />

crescer no <strong>Brasil</strong>”<br />

No ano passado,<br />

a Volvo comercializou<br />

16 mil caminhões<br />

no <strong>Brasil</strong>, o que<br />

lhe rendeu 15%<br />

de participação<br />

no mercado de<br />

veículos semipesados<br />

e pesados,<br />

totalizando 110 mil<br />

unidades. Em 2009,<br />

foram vendidos<br />

67 mil caminhões<br />

dessa categoria<br />

no <strong>Brasil</strong> e a Volvo<br />

obteve uma fatia<br />

de 13%, com<br />

8,7 mil veículos<br />

Anne-Christine Poujoulat/AFP<br />

SIDERURGIA<br />

ArcelorMittal prevê recuperação global mais<br />

rápida que a esperada na demanda por aço<br />

A companhia, que produz cerca de 7% do aço mundial, informou ontem<br />

que o lucro deve melhorar no primeiro trimestre para um nível acima<br />

do previsto pelo mercado, após um prejuízo líquido inesperado sofrido<br />

nos últimos três meses de 2010. O vice-presidente financeiro Aditya Mittal<br />

afirmou que a ArcelorMittal tem forte recuperação nos Estados Unidos,<br />

crescimento moderado na China e recomposição de estoques na Europa.<br />

Divulgação<br />

produção de 105 unidades por<br />

dia. “A produção de chassis de 97<br />

unidades por dia em dois turnos<br />

ainda atende a demanda brasileira<br />

para os próximos dois anos”,<br />

disse Bernardo Fedalto, diretor de<br />

vendas de caminhões. ■<br />

MAKRO ATACADISTA S.A.<br />

CNPJ Nº 47.427.653/0001-15 - NIRE Nº 353.001.140-60<br />

ATA DA REUNIÃO DA DIRETORIA REALIZADA EM 31 DE JANEIRO DE 2011<br />

Aos 31 dias do mês de janeiro de 2011, às 10:00 horas, na sede social da empresa, situada<br />

na Rua Carlos Lisdegno Carlucci, 519 - Butantã - São Paulo - SP, reuniram-se os abaixo<br />

assinados, diretores do MAKRO ATACADISTA S.A.. Assumiu a Presidência da reunião o Sr.<br />

Roger Allan Anthony Laughlin Guevara, convidando o Sr. Sergio Luis Taira para secretariar<br />

os trabalhos. Com a palavra, o Sr. Presidente esclareceu que o objetivo da presente reunião<br />

era deliberar sobre a retificação do endereço de sua filial que tem atividade de abastecimento<br />

de posto de combustíveis e serviços, inclusive com lavagem automática de veículos,<br />

bem como de comércio varejista de produtos alimentícios e não alimentícios em geral (loja<br />

de conveniência) na Cidade de São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul, em razão de<br />

alterações pela Prefeitura. Assim, o endereço da referida filial passa a ser: Avenida Arnaldo<br />

Pereira da Silva esquina com a Avenida do Contorno, nº 1633, Bairro Santos Dumont - CEP:<br />

93115-000, com o capital de R$ 1.000,00 (hum mil reais), permanecendo a contabilidade<br />

centralizada na Matriz. Submetida a proposta à votação e, prestados os esclarecimentos<br />

necessários, foi a mesma aprovada por unanimidade de votos. Nada mais havendo a tratar,<br />

o Sr. Presidente declarou encerrada a reunião pelo tempo necessário à lavratura da presente<br />

ata, em livro próprio, que depois de transcrita, lida e unanimimente aprovada, vai assinada<br />

por todos os presentes. São Paulo, 31 de janeiro de 2011. Roger Allan Anthony Laughlin<br />

Guevara - Diretor Presidente. Willem Hendrikus van Leeuwen - Vice-Presidente de Finanças<br />

- Diretor Financeiro. Sergio Luis Taira (ass.) - OAB/SP nº 122.346 - Secção do Estado de São<br />

Paulo. Certificamos que a presente é cópia fiel da ata lavrada no livro próprio. Sergio Luis<br />

Taira - OAB/SP nº 122.346. JUCESP nº 55.521/11-3 em 08.02.11. Kátia Regina Bueno de<br />

Godoy - Secretária Geral.


24 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

EMPRESAS<br />

TECNOLOGIA<br />

Positivo reafirma não negociar venda de<br />

controle em novo comunicado ao mercado<br />

A empresa afirma não haver negociação para venda do controle, em<br />

meio ao aumento do volume de negócios com suas açõeseàvalorização<br />

dos papéis da companhia. O texto encaminhado à Comissão de Valores<br />

Mobiliários (CVM) e assinado pelo vice-presidente financeiro da Positivo,<br />

Ariel Leonardo Szawrc, é o mesmo enviado em meados de janeiro, após<br />

rumores sobre suposta negociação para venda do controle da empresa.<br />

IP volta-se para a América Latina<br />

em busca de maior rentabilidade<br />

Real valorizado tira competitividade<br />

do fabricante de papel que exporta<br />

25% da produção para Europa e Ásia<br />

João Paulo Freitas<br />

jpfreitas@brasileconomico.com.br<br />

Para aumentar sua rentabilidade<br />

e reduzir custos, a International<br />

Paper (IP) quer fortalecersuasvendasnaAméricaLatina.<br />

Em 2010, metade da produção<br />

da empresa no <strong>Brasil</strong> foi<br />

destinada do mercado interno.<br />

O restante foi exportado, sendo<br />

25% para países da América<br />

Latina e 25% para Europa e<br />

Ásia. “Hoje, 75% das nossas<br />

vendas ocorrem na América<br />

Latina. Nossa estratégia é elevar<br />

esse número para 100%”,<br />

diz o presidente da companhia,<br />

Jean Michel Ribieras.<br />

O movimento é reflexo de<br />

duas situações distintas. De um<br />

lado, a valorização do real tira a<br />

competitividade da empresa<br />

nos mercados europeu e asiático.<br />

Por outro, o consumo na<br />

América Latina está expandindo.<br />

Para o executivo, se o atual<br />

ritmodecrescimentoquearegião<br />

vem apresentando se mantiver<br />

estável, é provável que entre<br />

2014 e 2015 a região já seja<br />

responsável pelo consumo de<br />

toda a produção local.<br />

A mudança também está alinhada<br />

a um dos objetivos da empresa<br />

para 2011, que é elevar sua<br />

taxa de retorno sobre investimentos<br />

(ROI). Segundo Ribieras,<br />

esse indicador está hoje entre<br />

4% e 5%, sendo que o ideal seria<br />

que estivesse entre 9% 10%.<br />

Olho nos custos<br />

Para ganhar mercado na América<br />

Latina, a empresa está investindo<br />

na revisão e melhoria de processos<br />

internos, no aumento da produtividadeenagestãodecustos.<br />

O valor destinado a estes projetos<br />

não foi revelado. Em 2010, a empresa<br />

investiu US$ 88 milhões em<br />

suas atividades no <strong>Brasil</strong>.<br />

“Temos custos em reais e receita<br />

de exportação em dólar. O<br />

atual câmbio tem impacto nas<br />

nossas exportações. Temos que<br />

nos ajustar a essa realidade. Precisamos<br />

olhar com cuidado nossos<br />

custos”, diz Nilson Cardoso,<br />

“O dólar a R$ 2,30<br />

melhoraria muito<br />

a rentabilidade da<br />

empresa, mas não<br />

temos a expectativa<br />

que o câmbio retorne<br />

a esse patamar<br />

Nilson Cardoso,<br />

diretor da International<br />

Paper do <strong>Brasil</strong><br />

diretor comercial da empresa.<br />

“Um dólar a R$ 2,30 melhoraria<br />

muito a rentabilidade da empresa,<br />

mas não temos a expectativa<br />

de que o câmbio retorne a esse<br />

patamar”, diz o executivo.<br />

Em 2010, a IP registrou vendas<br />

líquidas de US$ 1,1 bilhão<br />

contra US$ 960 milhões no ano<br />

anterior.Jáovolumedevendas<br />

foi de um milhão de toneladas de<br />

papel revestido. O Ebit (lucro antes<br />

de juros e impostos) da empresa<br />

em 2010 foi de US$ 159 milhões,<br />

47% acima dos US$ 108<br />

milhões obtidos em 2009. ■<br />

NEGÓCIO<br />

US$88mi<br />

Foram os investimentos<br />

da empresa nas atividades<br />

do <strong>Brasil</strong> no ano passado.<br />

Divulgação<br />

TELEFONIA<br />

Cresce ameaça de invasão a celulares<br />

inteligentes, diz pesquisa da McAfee<br />

As ameaças de segurança cresceram muito no ano passado, já que<br />

a proliferação de aparelhos móveis como celulares inteligentes e tablets<br />

oferece novas oportunidades a hackers, afirma a produtora de software<br />

de segurança McAfee. Em relatório do quarto trimestre, a empresa<br />

informa alta de 46% no número de novos programas para celulares que<br />

causam algum tipo de dano ao computador ou roubam informações.<br />

NO CAIXA<br />

US$ 1,1 bi<br />

Foram as vendas líquidas da<br />

International Paper América<br />

Latina no ano passado.<br />

Henrique Manreza<br />

Jean Michel Ribieras,<br />

presidente da IP para<br />

a América Latina:<br />

esforço para<br />

elevar os ganhos<br />

CRESCIMENTO<br />

US$ 159 mi<br />

FoioEbitdaempresaem<br />

2010, 47% acima dos US$ 108<br />

milhões do ano anterior.


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Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 25<br />

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26 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

EMPRESAS<br />

EXPANSÃO<br />

HTC investe em jogos online<br />

e distribuição de conteúdo<br />

A fabricante de celulares inteligentes HTC vai comprar<br />

ações de uma companhia de jogos online nos Estados Unidos<br />

e comprar uma empresa britânica de distribuição digital de<br />

mídia para ampliar sua oferta de produtos. A companhia vai<br />

comprar 5,33 milhões de ações preferenciais da empresa<br />

norte-americana de jogos em nuvem OnLive por US$ 39 milhões.<br />

Claudia Sender, diretora de marketing<br />

Whirlpool América Latina: novos produtos<br />

Fábio Suzuki<br />

fsuzuki@brasileconomico.com.br<br />

Após um período de vendas<br />

aquecidoatéoprimeirosemestre<br />

do ano passado devido à isenção<br />

do Imposto sobre Produtos Industrializados<br />

(IPI) para linha<br />

branca imposto pelo governo, a<br />

Whirlpool lançará mais de 200<br />

produtos em 2011. A aposta se dá<br />

novamente em uma temporada<br />

de alta nas vendas tendo como<br />

base o bom momento da economia<br />

brasileira. Além de brigar<br />

com as tradicionais concorrentes<br />

Mabe e Electrolux, a iniciativa da<br />

companhia visa fazer frente com<br />

duas gigantes coreanas de eletroeletrônicos<br />

que entrarão forte<br />

no segmento a partir deste ano:<br />

LG e Samsung.<br />

Ao longo do ano, a companhia<br />

de origem americana que detém<br />

as marcas Brastemp, Consul e<br />

Kitchen Aid afirma que investirá<br />

no mercado brasileiro mais que<br />

os R$ 200 milhões do ano passado.<br />

Se até o início de 2010 a medida<br />

do governo influenciou na<br />

alta das vendas de refrigeradores,<br />

fogões e lavadoras, a Whirlpool<br />

aposta agora na recompra<br />

dos bens duráveis por grande<br />

parcela da população.<br />

Segundo levantamento realizado<br />

pela companhia, a penetração<br />

de refrigeradores nos lares<br />

brasileiros é de 96%, sendo<br />

que 40% deles têm mais de<br />

uma década de uso. Soma-se a<br />

esse estudo o cenário favorável<br />

do mercado brasileiro, com a<br />

população com maior renda<br />

que nos anos anteriores e o aumento<br />

da disponibilidade de<br />

créditos para compras.<br />

Para atrair os consumidores,<br />

a Whirlpool atuará neste ano<br />

com quatro linhas principais de<br />

Qilai Shen/Bloomberg<br />

BALANÇO<br />

ZTE encerra 2010 com receita 16,69%<br />

maior, de US$ 10,6 bilhões<br />

A ZTE Corporation anunciou ontem os resultados financeiros de 2010.<br />

A receita com as principais operações do grupo foi de US$ 10,6 bilhões,<br />

o que representa um acréscimo de 16,69% quando comparado<br />

ao resultado obtido no ano anterior. O lucro líquido atribuível aos<br />

acionistas da empresa foi de US$ 491,34 milhões, representando<br />

um aumento de 32,39% em relação a 2009.<br />

Whirlpool renova catálogo para<br />

recompra de eletrodoméstico<br />

Fabricante lança mais de 200 produtos para entrar em 40% dos lares em que os itens têm mais de 11 anos<br />

“Com a nova realidade<br />

econômica, as<br />

pessoas estão<br />

propensas a adquirir<br />

um novo produto,<br />

e temos grandes<br />

oportunidades para<br />

crescer neste ano<br />

Claudia Sender<br />

produtos para a marca Brastemp:<br />

Clean, All Black, Ative e<br />

Retrô. Dentro desse portfólio, a<br />

companhia conta com inovações<br />

que, segundo a empresa,<br />

visam facilitar a vida das pessoas.<br />

Entre as mais recentes<br />

está o refrigerador denominado<br />

de Inverse, que diferentemente<br />

do padrão do mercado, tem o<br />

freezer na parte de baixo.<br />

“Paraumnovoitementrar<br />

em nosso portfólio leva de seis<br />

meses a três anos de estudos e<br />

nossa equipe de desenvolvimento<br />

de produtos vem crescendo”,<br />

diz Claudia Sender, diretora<br />

de marketing da Whirlpool<br />

Latin America.<br />

Questionada sobre a entrada<br />

das gigantes coreanas de eletroeletrônicos<br />

no segmento de<br />

linha branca, a Whirlpool afirma<br />

que já esperava esse movimentoporcausadoexcelente<br />

Solange Macedo<br />

momento do mercado brasileiro<br />

mas se apoia em sua tradição na<br />

área para manter as vendas.<br />

“Eles estão entrando agora no<br />

país e nós já temos um histórico<br />

de 60 anos de Consul e 56 anos<br />

de Brastemp junto ao consumidor<br />

brasileiro”, diz Claudia.<br />

Expansão<br />

Hoje, a Whirlpool inicia as atividades<br />

em Manaus uma linha<br />

de produção para lava-louças,<br />

sendo esta a única unidade a<br />

produzir atualmente o item no<br />

<strong>Brasil</strong>. Inicialmente, será fabricado<br />

um modelo em duas cores,<br />

inoxebranco.Dototaldecomponentes<br />

utilizado, 30% deles<br />

são importados da China.<br />

“A penetração de lava-louças<br />

nas casas é de apenas 2% e hoje<br />

quem não tem esse produto expressaavontadedeter”,diza<br />

diretora de marketing. ■


ALIMENTOS<br />

Sara Lee apresenta lucro abaixo do<br />

esperado no segundo trimestre fiscal<br />

A companhia americana Sara Lee informou um lucro de US$ 880<br />

milhões, ou US$ 1,37 por ação, em seu segundo trimestre fiscal.<br />

O resultado, apesar de ficar acima dos US$ 371 milhões apresentado<br />

no mesmo período de 2010, ficou abaixo do esperado, devido à alta<br />

dos preços das commodities. Recentemente a brasileira JBS manifestou<br />

interesse na aquisição da empresa de alimentos americana.<br />

Françoise Terzian<br />

fterzian@brasileconomico.com.br<br />

A Suécia é um dos países com o<br />

menor índice de cáries e doenças<br />

bucais do mundo. O <strong>Brasil</strong>,<br />

que tem a maior população de<br />

dentistas do mundo, é o extremo<br />

oposto. Quase dois terços da<br />

população não têm um ou mais<br />

dentesnabocaesótrocaaescova<br />

dental a cada 18 meses, segundo<br />

estimativas do setor. O<br />

Ministério da Saúde recomenda<br />

a troca a cada três meses.<br />

Este cenário adverso do país<br />

começa a mudar com o aumento<br />

do poder aquisitivo, o que estimula<br />

a população a cuidar<br />

mais da aparência e dos dentes.<br />

Essa oportunidade deixou a fabricante<br />

sueca Tepe, presente<br />

em 50 países e líder do mercado<br />

de escovas dentais da Suécia e<br />

da Alemanha, segundo o instituto<br />

de pesquisas Nielsen, entusiasmada<br />

com as oportunidades<br />

do mercado brasileiro.<br />

Embora atue no país via representação<br />

desde 2001, foi só<br />

agora que a Tepe, companhia<br />

criada em 1965, decidiu traçar<br />

um plano agressivo de crescimento<br />

no <strong>Brasil</strong>. “Estamos presentesemcercade1,5milpontos<br />

de venda de todo o país e somos<br />

muito conhecidos dos dentistas.<br />

Contudo, chegou a hora<br />

de tornar a Tepe uma referência<br />

entre os consumidores e de investirmos<br />

pesado na divulgação<br />

da marca”, afirma Maria Helena<br />

Leite, diretora comercial da Tepe<br />

e sócia da FNL Comércio de<br />

Suprimentos, empresa carioca<br />

querepresentaaTepecomexclusividade<br />

no <strong>Brasil</strong>.<br />

A estratégia de divulgar a<br />

marcanamídiaetambémno<br />

ponto de venda vem acompanhada<br />

de um plano para fortalecer<br />

a presença da Tepe nas<br />

regiões Norte e Nordeste e também<br />

de negociar sua entrada em<br />

redes de farmácias como DrogasileDrogariaSãoPaulo,fortes<br />

no estado de São Paulo.<br />

Esse conjunto de estratégias<br />

visafazeraTepeadobrardetamanho<br />

no <strong>Brasil</strong>, depois de crescer<br />

25% por ano nos últimos três<br />

anos e faturar R$ 2 milhões em<br />

2010, com a venda de mais de<br />

500 mil escovas. Agora, a fabricante<br />

de escovas de uso diário,<br />

especiais (implante) e interdentais<br />

(entre os dentes) planeja alcançar<br />

R$ 4 milhões em vendas<br />

até o final do ano e elevar a participação<br />

do consumidor na receita<br />

de 60% para 80%.<br />

A Tepe, contudo, descarta<br />

fabricar seus produtos no país.<br />

“Por questão de qualidade, o<br />

único país do mundo a produzir<br />

amarcaéaSuéciaeissonãovai<br />

mudar”, explica Christine da<br />

Fonseca, diretora financeira da<br />

FNL. Para manter o país abastecido,<br />

as importações ocorrem<br />

quatrovezesaoano,compossibilidade<br />

de aumentar a frequência<br />

de acordo com a demanda.<br />

O mercado nacional, vale<br />

lembrar, é dominado pela Colgate<br />

e tem vários outros concorrentes<br />

de peso, a exemplo da<br />

Oral-B (Procter & Gamble), da<br />

Johnson & Johnson e das brasileiras<br />

Condor, Bitufo e Sanifil<br />

(estas duas últimas adquiridas<br />

pela Hypermarcas).<br />

Apesar da força das grandes<br />

multinacionais, Maria Helena<br />

garante que essas <strong>empresas</strong> não<br />

são suas concorrentes. O que a<br />

Tepe quer, diz ela, não é o mercado<br />

de massa, mas o de escovas<br />

premium, que custam pelo menos<br />

R$ 7 e apresentam melhor<br />

design e qualidade de cerdas. ■<br />

Ed Lallo/Bloomberg<br />

TECNOLOGIA<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 27<br />

Dell prepara tablet para usuários<br />

corporativos com sistema Windows<br />

A fabricante de PCs já lançou aparelhos tablet com o sistema operacional<br />

Android, do Google, mas a Dell afirmou que clientes corporativos buscam<br />

a familiaridade do ambiente Windows em um aparelho mais portátil.<br />

“Muitos de nossos clientes nos pediram um aparelho tipo tablet que tenha<br />

melhor integração como o sistemas da empresa e de segurança”, disse<br />

o diretor-geral do grupo de negócios com clientes da Dell, Steve Lalla.<br />

Sueca Tepe sai do boca a boca para<br />

crescer na venda de escovas dentais<br />

Para dobrar de tamanho, fabricante faz investimento inédito da marca na mídia e aumenta presença nos pontos de venda<br />

Por questões de<br />

qualidade, o único<br />

país do mundo<br />

de produção da<br />

TepeéaSuéciae<br />

isso não vai mudar<br />

MERCADO<br />

300 milhões<br />

é o volume de escovas dentais<br />

vendidas por ano no <strong>Brasil</strong>.<br />

Estima-se que o consumo<br />

per capita seja de uma a cada<br />

18 meses.<br />

SAÚDE BUCAL<br />

500 mil<br />

foi a quantidade de escovas<br />

premium — com design e cerdas<br />

que beneficiam a escovação —<br />

vendidas pela Tepe no<br />

ano passado no <strong>Brasil</strong>.<br />

Murillo Constantino<br />

Maria Helena Leite (à esq.) e<br />

Christine da Fonseca, da FNL,<br />

representante da Tepe no <strong>Brasil</strong><br />

FATURAMENTO<br />

R$ 4 milhões<br />

é o total de vendas esperado<br />

pela sueca Tepe em 2011, depois<br />

defaturarR$2milhõesnoano<br />

passado. Para dobrar as vendas,<br />

vai investir no PDV.


28 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

EMPRESAS<br />

Cintia Esteves<br />

cesteves@brasileconomico.com.br<br />

Ela está presente nos principais<br />

eventos de polo do mundo, costuma<br />

vestir personalidades internacionais<br />

como o príncipe<br />

William, herdeiro do trono inglês,<br />

e é uma velha conhecida<br />

dasclassesmaisabastadasem20<br />

países. Mas até o ano passado, a<br />

marca argentina La Martina tinhaumaatuaçãotímidano<strong>Brasil</strong>.<br />

Por aqui, a companhia possuía<br />

um contrato de exclusividade<br />

com uma empresa de representação,<br />

a NK 30, responsável<br />

por abastecer os produtos da<br />

grife em 75 lojas multimarcas.<br />

Masobommomentoeconômico<br />

fez a grife redesenhar sua<br />

estratégia para o mercado brasileiro.OcontratocomaNK30<br />

foi encerrado e a multinacional<br />

vai comandar diretamente a<br />

operação no país. O primeiro<br />

passo será o início da expansão<br />

por meio de franquias, a qual<br />

começará no mês que vem. São<br />

Pauloseráaprimeiracidadea<br />

receber a loja da La Martina. Até<br />

2014, o plano é chegar a 15 unidades<br />

franqueadas, além de aumentar<br />

os pontos de venda<br />

multimarcas para 90.<br />

“Não precisamos mais do<br />

que isso. Somos uma grife do<br />

mercado de luxo e esta quantidade<br />

de pontos de venda é<br />

ideal para mantermos a exclusividadedamarcaeodesejodo<br />

consumidor por ela”, diz Tomás<br />

Lanzillotta, diretor executivo<br />

da La Martina.<br />

Para Silvio Passareli, diretor<br />

do programa de gestão do luxo<br />

da Faculdade Armando Álvares<br />

Penteado (Faap), o número de<br />

lojas que a La Martina pretende<br />

abrir é adequado para um país<br />

com dimensões continentais<br />

como o <strong>Brasil</strong>. “O mercado de<br />

luxo ou as marcas premium,<br />

como a La Martina, trabalham<br />

com o conceito de exclusividade.<br />

A abertura de muitas lojas<br />

pode dar um ar de massificação<br />

R. Donask<br />

para a marca”, diz. O especialista<br />

afirma que a opção por<br />

franquias dará um maior controle<br />

da operação à La Martina.<br />

“Nas lojas multimarcas a roupa<br />

pode ser exposta de uma maneira<br />

inadequada, por exemplo”,<br />

afirma Passarelli.<br />

Se o plano da La Martina der<br />

certo, o <strong>Brasil</strong> vai saltar dos<br />

atuais 5% de representatividade<br />

de vendas no grupo para 20% em<br />

três anos. Para auxiliar na esco-<br />

CONSTRUÇÃO<br />

Venda de cimento deve crescer até 9% em<br />

2011, diz Sindicato da Indústria do Cimento<br />

Em janeiro, as vendas de cimento aumentaram 9,1% sobre o mesmo<br />

mês de 2010 e recuaram 2% em relação a dezembro, para 4,7 milhões<br />

de toneladas. “O grande alavancador do consumo (de cimento) nos<br />

últimos anos foi a edificação habitacional no país inteiro, do Sul até<br />

o Norte”, afirmou o presidente do sindicato, José Otavio Carvalho.<br />

Segundo ele, 2011 é um “ano de expectativas” para o setor.<br />

La Martina parte para venda direta<br />

Grife argentina<br />

especializada em<br />

polo rompe com<br />

seu representante<br />

comercial, a NK 30,<br />

e mergulha de<br />

vez no mercado<br />

brasileiro<br />

Até 2014, plano da<br />

grife é chegar a 15<br />

unidades franqueadas<br />

e aumentar pontos<br />

de venda multimarcas<br />

de 75 para 90<br />

lha dos franqueados, a companhia<br />

contratou o grupo Cherto,<br />

consultoria de varejo. Lojas de<br />

rua ou de shopping são bem vindas<br />

no plano de expansão.<br />

Coleção<br />

As coleções da La Martina são desenhadas<br />

para jogadores de polo.<br />

A empresa participa de diversos<br />

torneios pelo mundo vestindo os<br />

jogadores da cabeça aos pés. Uma<br />

camiseta produzida para um<br />

campeonato na Inglaterra, por<br />

exemplo, leva diversos brasões e<br />

símbolos com referência àquele<br />

jogo específico. Este mesmo modelo<br />

de camiseta é colocado à<br />

venda para o consumidor final.<br />

Além das roupas, a La Martina<br />

também fabrica os acessórios<br />

técnicos para os jogos. Celas,<br />

tacos, capacetes e outros objetos<br />

essenciais para uma partida<br />

são produzidos na Argentina e<br />

revendido pela internet. ■


IMÓVEIS<br />

Multiplan investe R$ 444 milhões<br />

em duas torres comerciais em São Paulo<br />

A Multiplan Empreendimentos Imobiliários fará os aportes no<br />

desenvolvimento do Morumbi Corporate, empreendimento composto<br />

por duas torres comerciais de alto padrão para locação. As torres<br />

terão 73,4 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL).<br />

Cerca de 21% do investimento já foi realizado e a previsão é que<br />

o projeto seja inaugurado no segundo semestre de 2013.<br />

no país<br />

ROMPIMENTO<br />

Fotos: Murillo Constantino<br />

Tomás Lanzillotta: <strong>Brasil</strong><br />

será responsável por 20%<br />

dasvendasemtrêsanos<br />

Grife deixou a Daslu por falta de pagamento<br />

Assim como várias outras<br />

<strong>empresas</strong>, a La Martina, que<br />

tinha um espaço na Daslu,<br />

teve de deixar o shopping de luxo.<br />

“Istofoimaisoumenosháum<br />

ano. Eles não estavam fazendo<br />

o pagamento”, diz Thomás<br />

Lanzillotta, diretor executivo<br />

da La Martina. Aos diretores<br />

da grife agrada a ideia de estar<br />

presente em templos de luxo<br />

que concentram várias marcas.<br />

Em Curitiba, a La Martina<br />

divide espaço com outras<br />

grifes como Hugo Boss e<br />

Ralph Lauren na Capoani. C.E.<br />

Divulgação<br />

LogFashion aproveita o<br />

momento de profissionalização<br />

do varejo para crescer<br />

As fusões e aquisições que<br />

aconteceram nos últimos anos<br />

no varejo de vestuário têm levado<br />

a uma maior profissionalização<br />

destas <strong>empresas</strong>. E uma das<br />

áreas que tem recebido atenção<br />

destas varejistas é a logística. De<br />

olho neste movimento, a Tecni<br />

Express, especializada em logística<br />

para <strong>empresas</strong> de tecnologia,<br />

abandonou a área para<br />

dedicar-se apenas a varejistas e<br />

fabricantes de moda.<br />

Agora com o nome de LogFashion,<br />

a empresa coleciona<br />

clientes como Menta e Mellow,<br />

Fatal Surf, New Captain, Zorba e<br />

Hanes. “As <strong>empresas</strong> estão nos<br />

procurando para melhorar seus<br />

processos logísticos. Muitas<br />

etapas eram feitas manualmen-<br />

BEBIDAS<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 29<br />

Com aumento da produção, Ambev contrata<br />

número recorde de funcionários em 2010<br />

O investimento de R$ 2 bilhões para aumentar em 15% sua capacidade<br />

de produção levou a maior companhia de bebidas do país a contratar<br />

1.930 funcionários no ano passado. O número é mais que o dobro<br />

do realizado em 2009 de 953 novos postos e é uma mostra do<br />

crescimento da indústria de bebidas. Com cerca de 29 mil funcionários,<br />

a Ambev contratará mais 435 pessoas nos próximos meses.<br />

Redes de vestuário<br />

aperfeiçoam logística<br />

“As <strong>empresas</strong> estão<br />

nos procurando<br />

para melhorar seus<br />

processos logísticos.<br />

Muitas etapas eram<br />

feitas manualmente<br />

Marcelo Florio,<br />

presidente da LogFashion<br />

te”, diz Marcelo Florio, presidente<br />

da LogFashion.<br />

O executivo, ex-grupo Valdac,<br />

dona das marcas Siberian e Crawford,<br />

afirma que as redes de<br />

vestuário investem pesado em<br />

desenvolvimento de produto e<br />

marketing, mas ainda não olham<br />

Florio, da<br />

LogFashion:<br />

foco no<br />

varejo têxtil<br />

a logística como estratégia de negócio.<br />

Com um ano de existência,<br />

a LogFashion espera faturar R$ 1<br />

milhão até o final de 2011, aumento<br />

de 67% em relação a 2009.<br />

Mercado<br />

Umas das principais discussões<br />

do varejo têxtil neste ano gira<br />

em torno do aumento de preços<br />

dasroupasdealgodão.Elasdevem<br />

sofrer alta impulsionadas<br />

pelos custos maiores da matéria-prima.<br />

O aumento mexerá<br />

com o bolso do consumidor,<br />

principalmente, a partir de<br />

agosto, quando as roupas de<br />

verão chegam às vitrines.<br />

Segundo Sylvio Mandel, presidente<br />

da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />

do Varejo Têxtil (Abvtex), o aumentoserádeaté7%.Osegmento<br />

encerrou 2010 com 1,7 mil lojas<br />

no país, alta de 13,7% em relação<br />

ao número de 2009. ■ C.E.<br />

LOG-IN LOGÍSTICA INTERMODAL S/A<br />

CNPJ/MF nº 42.278.291/0001-24 - NIRE 33.300.026.074-9<br />

www.loginlogistica.com.br<br />

EXTRATO DA ATA DA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO<br />

REALIZADA EM 07 DE DEZEMBRO DE 2010.<br />

No dia 07 (sete) de dezembro de 2010, às 10 (dez) horas, reuniram-se, na sede social da Cia., à Praia de Botafogo, 501, Torre Corcovado, sala 703,<br />

Botafogo, na Cidade do Rio de Janeiro, RJ, os Srs. Eduardo de Salles Bartolomeo – Presidente (munido de procuração para representar os Srs. Guilherme<br />

Perboyre Cavalcanti – Conselheiro e Tadasu Kozuka – Conselheiro); José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha – Conselheiro; e Fabio Alperowitch –<br />

Conselheiro, tendo deliberado, por unanimidade dos presentes: “4.2- Aprovada a eleição, para os cargos de Diretores sem designação específica, dos<br />

Srs. CLEBER CORDEIRO LUCAS, brasileiro, casado, engenheiro, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda (CPF) sob o nº<br />

576.434.317-87, portador do documento de identidade nº 429.108 SSP/ES, e FABIO MEDRANO SICCHERINO, brasileiro, casado, engenheiro, inscrito<br />

no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda (CPF) sob o nº 048.089.098-63, portador do documento de identidade nº 16232191 SSP/SP,<br />

ambos com endereço comercial na Praia de Botafogo, 501, Torre Corcovado, sala 703, Botafogo, nesta cidade do Rio de Janeiro/RJ, em substituição<br />

aos Srs. CLAUDIO LOUREIRO DE SOUZA e MARCELO AUGUSTO MACHADO ARANTES. Os Diretores ora eleitos completarão o prazo de gestão<br />

dos substituídos, cujo termo final é a data da realização da Assembleia Geral Ordinária de 2011, na forma do art. 23 do Estatuto Social da Companhia, e<br />

declararam estar totalmente desimpedidos para o exercício de suas funções, nos termos do artigo 147 da Lei nº 6.404/76 e da Instrução CVM nº 367/02.<br />

O Conselho de Administração consignou votos de agradecimento aos Srs. CLAUDIO LOUREIRO DE SOUZA e MARCELO AUGUSTO MACHADO<br />

ARANTES pela contribuição dada na estruturação e desenvolvimento da Cia.”. Atesto que a deliberação acima foi extraída da ata lavrada no Livro de Atas<br />

de Reuniões do Conselho de Administração da Companhia. Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2010. Laila Helayel Vieira – Secretária. Extrato arquivado<br />

na JUCERJA sob o nº 00002128444, em 21.12.2010. Valéria G. M. Serra – Secretária Geral.


30 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

JUSTIÇA<br />

Globalização<br />

embaralha defesa<br />

da concorrência<br />

Negócios entre conglomerados de diferentes países e a<br />

informatização podem levar à criação de um tribunal internacional<br />

Maeli Prado<br />

mprado@brasileconomico.com.br<br />

Para evitar uma concentração<br />

de mercado que pode chegar a<br />

92%, o Conselho Administrativo<br />

de Defesa Econômica (Cade)<br />

anunciou nesta semana a nomeação<br />

de um técnico para intermediaravendadeumafábrica<br />

de fibra de vidro no <strong>Brasil</strong>:<br />

ou a unidade pertencente à<br />

americana Owens Corming ou a<br />

de propriedade da francesa<br />

Saint-Gobain, ambas no interior<br />

de São Paulo. Sinal dos<br />

tempos, apontam especialistas<br />

em direito concorrencial.<br />

Intervenções complexas,<br />

como essa feita por um órgão<br />

brasileiro em um negócio entre<br />

um grupo dos EUA e outro da<br />

França (o primeiro comprou<br />

praticamente todas as plantas<br />

do segundo), serão mais e mais<br />

comuns daqui para a frente, e a<br />

defesa da concorrência terá que<br />

se reinventar para acompanhar<br />

as mudanças. No médio ou no<br />

longo prazo, afirmam os principais<br />

advogados da área, é provável<br />

que surja um tribunal internacional<br />

para bater o martelo<br />

final nos intrincados negócios<br />

entre conglomerados que possuem<br />

unidades no mundo todo.<br />

Esse processo se intensifica<br />

com o crescimento exponencial<br />

da venda de produtos pela internet:<br />

além dos distintos cenários<br />

e regras a serem levadas em<br />

conta em cada país, a expansão<br />

acelerada da tecnologia faz com<br />

LUIZ FLÁVIO<br />

BORGES D’URSO<br />

Advogado criminalista,<br />

mestre e doutor pela USP,<br />

é presidente da OAB-SP<br />

Além dos distintos<br />

cenários e regras<br />

a serem levadas em<br />

conta em cada país,<br />

a expansão acelerada<br />

da tecnologia faz<br />

com que a localização<br />

física do consumidor<br />

passe a importar<br />

menos ao se analisar<br />

se seus direitos estão<br />

ou não sendo feridos<br />

que a localização física do consumidor<br />

passe a importar menos<br />

ao se analisar se seus direitos<br />

estão ou não sendo feridos.<br />

“O mundo está mudando. O<br />

espaço virtual não preenche mais<br />

as características tradicionalmente<br />

avaliadas pelos órgãos responsáveis,<br />

já que até agora sempre<br />

se pensou em termos territoriais.<br />

É um desafio que foi posto<br />

para o direito da concorrência e<br />

que ainda não foi resolvido”, diz o<br />

professor titular da Faculdade de<br />

Direito da Universidade de São<br />

Paulo (USP) Tércio Sampaio, sócio<br />

do Sampaio Ferraz Advogados,<br />

que participou da elaboração da<br />

atual legislação brasileira da área.<br />

De acordo com o especialista,<br />

por hora as autoridades de defesa<br />

econômica do mundo todo<br />

vêm trocando informações,<br />

através de convênios ou contatos<br />

informais, para encontrar<br />

soluções conjuntas para as<br />

principais questões. “Pode evoluir<br />

para isso [um tribunal internacional<br />

de defesa da concorrência].<br />

Hoje existe a OMC<br />

[Organização Mundial do Comércio],<br />

mas ela é usada mais<br />

para casos de dumping e subsídios.<br />

Não se olha ainda para esse<br />

outro lado da concorrência privada<br />

globalizada”, avalia.<br />

Territorialidade<br />

Hoje, a Lei de Defesa da Concorrência<br />

brasileira prevê, no<br />

caso de operações entre grupos<br />

nacionais e estrangeiros, que<br />

vale o chamado princípio da<br />

Tércio Sampaio, do Sampaio<br />

Ferraz Advogados: a informatização<br />

é um desafio ainda não resolvido<br />

Caixa de assistência, 75 anos de história<br />

A Caixa de Assistência dos Advogados do Estado<br />

de São Paulo, a Caasp, completa 75<br />

anos, celebrando uma história sem similar<br />

de serviços prestados à advocacia paulista.<br />

Braço assistencial da OAB-SP, a Caixa vem<br />

cumprindo com sua missão de contemplar<br />

as necessidades da classe.<br />

Um dos papéis principais da Caasp é<br />

amparar pecuniariamente os colegas que<br />

comprovadamente se encontram impossibi-<br />

litados de atuar profissionalmente por enfrentarem<br />

diferentes problemas de saúde. A<br />

entidade também oferece auxílio médico,<br />

odontológico, natalidade, para medicamentos,<br />

entre outros aos advogados, extensivos<br />

aos seus familiares.<br />

A história da Caixa começa a partir da detecção<br />

dessas necessidades. Em dezembro<br />

de1935,oadvogadoJoãodaSilvaNeves<br />

Manta foi encontrado gravemente doente.<br />

Antes que fosse removido para a Santa Casa<br />

de Misericórdia como indigente, o médico<br />

do Serviço Sanitário ligou para a casa de Pelágio<br />

Lobo, então segundo-secretário da<br />

OAB-SP, para que tomasse alguma providência.<br />

Lobo acionou o primeiro-secretário,<br />

Waldemar Teixeira de Carvalho, e eles tiveram<br />

a iniciativa de internar o advogado para<br />

que fosse tratado. O acontecimento levou o<br />

presidente da OAB-SP na época, José Ma-


JURISDIÇÃO EM XEQUE<br />

nuel de Azevedo Marques, a propor a criação<br />

deumacomissãodaentidadeparatratarda<br />

assistência à advocacia. A Caixa foi instituída<br />

em 3 de fevereiro de 1936.<br />

Em nossa gestão, sob o comando do saudoso<br />

Sidney Bortolato Alves e, agora presidida<br />

pelo jovem Fábio Romeu Canton Filho,<br />

ambos escolhas pessoais que fiz enquanto<br />

presidente da Seccional, a Caasp cresceu em<br />

todo o Estado e tornou-se uma referência na<br />

prestação de serviços aos advogados em suas<br />

33 Regionais e 181 Espaços Caasp.<br />

Firmou convênios importantes com laboratórios<br />

farmacêuticos para garantir aos co-<br />

As mudanças no<br />

mercado internacional, com<br />

negócios entre multinacionais<br />

com fábricas no mundo todo,<br />

trazem novos desafios<br />

ao direito da concorrência.<br />

Marcela Beltrão<br />

Ao longo de sua<br />

história, a Caasp<br />

vem buscando<br />

ampliar serviços<br />

e convênios que<br />

se revertam em<br />

benefícios da classe<br />

A Caasp, braço assistencial<br />

da OAB-SP, completa 75<br />

anos de serviços prestados.<br />

Sua missão é amparar advogados<br />

impossibilitados de trabalhar<br />

por problemas de saúde.<br />

territorialidade: em todos os<br />

negócios, prevalece o que está<br />

previsto na legislação brasileira.<br />

É por isso que quando o equivalente<br />

chileno do Cade paralisou<br />

a análise da fusão entre as<br />

companhias aéreas TAM e Lan<br />

na semana passada, derrubando<br />

as ações da brasileira na bolsa, o<br />

relator do caso no <strong>Brasil</strong>, Olavo<br />

Chinaglia, se apressou em declarar<br />

que a decisão não tinha<br />

nenhum impacto no <strong>Brasil</strong>.<br />

A avaliação do conselho é que<br />

aoperaçãodeveseraprovada,já<br />

que não foram detectados danos<br />

ao consumidor nas rotas em que<br />

ambas concorrem, como a que<br />

liga São Paulo a Santiago. No<br />

Chile, entretanto, associações<br />

de consumidores alegam que a<br />

musculatura financeira que a<br />

Lan ganhará a partir da união<br />

com a TAM reforçará o monopólio<br />

que ela já possui no mercado<br />

local. No <strong>Brasil</strong>, a situação<br />

nãopreocupaoCadedevidoà<br />

elevada participação de mercado<br />

da segunda colocada, a Gol.<br />

Parcerias<br />

Para superar esse tipo de discrepância,<br />

os advogados especializados,<br />

assim como os órgãos<br />

antitruste, também lançam mão<br />

de parcerias com escritórios de<br />

outros países. “Essas conversas<br />

são fundamentais para se chegar<br />

a um entendimento do melhor<br />

a ser feito”, aponta José Del<br />

Chiaro, sócio do Advocacia José<br />

DelChiaroeoprimeiroSecretário<br />

de Direito <strong>Econômico</strong> do Ministério<br />

da Justiça, em 1990.<br />

“Acredito que no médio e<br />

longo prazo pode surgir um tribunal<br />

internacional para julgar<br />

essas questões”, pontua. “Mas é<br />

preciso lembrar que os países<br />

nãoabrirãomãodesuasoberania<br />

ao longo desse processo.”<br />

UM NOVO CENÁRIO<br />

● Tendência é que negócios<br />

entre grandes conglomerados<br />

de diferentes países com<br />

atuação global se intensifiquem.<br />

● A expansão da informatização<br />

reduz a importância da<br />

localização geográfica nas<br />

análises de direito concorrencial.<br />

Um mandado de<br />

segurança da OAB pede<br />

que a Resolução 63, que permite<br />

que inquéritos passem a<br />

tramitar diretamente entre a<br />

polícia e o MP, não seja aplicada.<br />

No Chile, associações<br />

de consumidores<br />

alegam que<br />

a musculatura<br />

financeira que a<br />

Lan ganhará a partir<br />

da união com<br />

a TAM reforçará<br />

o monopólio que<br />

ela já possui no<br />

mercado local.<br />

No <strong>Brasil</strong>, a situação<br />

não preocupa o Cade<br />

A dificuldade também é enfatizada<br />

pela professora da USP<br />

Ana Maria de Oliveira Nusdeot,<br />

autora do livro “Defesa da Concorrência<br />

e Globalização Econômica”.<br />

“Podemos pensar em<br />

uma China, por exemplo”, argumenta.<br />

“Apesar da abertura<br />

comercial, é muito difícil que<br />

um país tão fechado se flexibilize<br />

a ponto de aceitar discutir regras<br />

concorrenciais. Por outro<br />

lado, na Europa esse tipo de<br />

questão já é debatida no âmbito<br />

da Comunidade Europeia”.<br />

Seja qual for o caminho que<br />

será tomado pelo direito concorrencial,<br />

o <strong>Brasil</strong> estará bem<br />

representado: os principais escritórios<br />

brasileiros estão no<br />

ranking dos melhores do mundo,<br />

e na noite da última sexta o<br />

Cade ganhou nos EUA o prêmio<br />

Global Competition Review<br />

Awards como a melhor agência<br />

antitruste das Américas. ■<br />

● Diferentes regras e<br />

crescimento do uso da internet<br />

podem levar à criação de um<br />

tribunal internacional na área.<br />

● Entrave para um órgão mundial<br />

de defesa da concorrência é a<br />

soberania dos países, em especial<br />

nações fechadas como a China.<br />

legas descontos de até 83% em medicamentos<br />

genéricos e com <strong>empresas</strong> de planos de<br />

saúde e de telefonia oferecem planos com<br />

preços exclusivos para os advogados. Também<br />

mantém a preços subsidiados sete campanhas<br />

preventivas de saúde para advogados.<br />

Mais recentemente, também estabeleceu<br />

acordos com as escolas de inglês e francês<br />

para que os advogados possam, pagando<br />

pouco, se aprimorar culturalmente e abrir<br />

novas fronteiras de trabalho. As 33 livrarias<br />

da Caasp espalhadas pelo estado dispõem de<br />

7.500 títulos e 25 mil exemplares disponíveis<br />

para aquisição com descontos que tam-<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 31<br />

JURÍDICAS<br />

1<br />

Mandado de segurança<br />

A OAB-SP ingressou com um<br />

mandado de segurança contra<br />

Portaria da juíza da 1ª Vara<br />

Federal de São Paulo, pedindo<br />

que a Resolução 63 não seja<br />

aplicada. Editada em julho de<br />

2009 pelo Conselho Nacional<br />

de Justiça (CNJ), a medida<br />

possibilita que o inquérito passe<br />

a tramitar diretamente entre<br />

a Polícia e o Ministério Público,<br />

sem a necessidade de atuação<br />

do Poder Judiciário competente.<br />

2<br />

Abuso e descontrole<br />

“A norma afronta a Constituição<br />

Federal e também o Código<br />

de Processo Penal, que atribui<br />

única e exclusivamente ao juiz<br />

o poder de postergar o prazo de<br />

uma investigação. Fica patente<br />

que a tramitação do inquérito<br />

longe dos olhos da Justiça pode<br />

levar a abusos e descontrole.<br />

Em São Paulo, O Tribunal de<br />

Justiça decidiu rejeitar a<br />

Resolução 63 e determinou<br />

que as comarcas do interior<br />

do estado que tinham adotado<br />

a prática revertessem o ato.<br />

Mas a Justiça Federal continua<br />

aplicando-a no Estado, inclusive<br />

por meio dessa portaria”,<br />

ressalta o presidente da OAB-SP,<br />

Luiz Flávio Borges D´Urso.<br />

3<br />

Controle Judiciário<br />

Antonio Ruiz Filho, presidente<br />

da Comissão de Prerrogativas<br />

da OAB-SP, reafirma que a<br />

Resolução impede o livre exercício<br />

da defesa, que fica impossibilitada<br />

de ter conhecer o conteúdo<br />

dos inquéritos policiais. ”Uma<br />

portaria não pode disciplinar<br />

algo que contrarie a lei.<br />

Essa Resolução retira o controle<br />

judicial sobre as investigações<br />

criminaiseaOABnãoconcorda<br />

com isso”, afirma Ruiz.<br />

bém dão suporte cultural aos advogados.<br />

A estrutura da Caasp ampliou-se e nos últimos<br />

sete anos buscamos levar a entidade a<br />

patamares que não tinha atingido no passado<br />

em termos de gestão e modernidade para<br />

atender de forma inovadora e abrangente os<br />

inscritos na Seccional Paulista da OAB.<br />

Ao longo de sua história, a Caasp vem<br />

buscando ampliar serviços, convênios e<br />

parcerias que revertem em benefícios para a<br />

classe. Esse ideal só poderia ecoar no tempo<br />

na forma de reconhecimento de toda a advocacia<br />

bandeirante pelo trabalho realizado<br />

nos últimos 75 anos. Parabéns, Caasp. ■


32 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

FINANÇAS<br />

Novos milionários<br />

buscam aplicações<br />

de maior risco<br />

Com mais de 6 mil novos clientes em um ano, segmento soma<br />

R$ 371 bilhões sob gestão no país e tem carteiras mais ousadas<br />

Maria Luíza Filgueiras<br />

e Ana Paula Ribeiro<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

Crescimento do Produto Interno<br />

Bruto (PIB), aberturas de capital<br />

e operações de fusões e<br />

aquisições têm contribuído<br />

para aumentar a clientela do<br />

“private banking”, segmento<br />

das instituições financeiras dedicado<br />

a atender milionários.<br />

Segundo a Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />

das Entidades dos Mercados Financeiro<br />

e de Capitais (Anbima),<br />

em um ano, o número de<br />

clientes saltou de 56,99 mil<br />

para 63,22 mil.<br />

A estimativa feita por Celso<br />

Portásio, presidente do comitê<br />

de private banking da entidade<br />

e responsável pela área no<br />

JP Morgan, é de que o número<br />

total de milionários no país<br />

hoje seja da ordem de 150 mil<br />

pessoas. O corte da Anbima<br />

para a clientela dessa categoria<br />

é a disponibilidade de R$ 1 milhão<br />

para cima para aplicações<br />

financeiras. Cada instituição<br />

financeira, entretanto, tem<br />

sua definição e carteira de serviços<br />

próprios e o crescimento<br />

de demanda fazem com que os<br />

bancos reestruturassem suas<br />

áreas nos últimos dois anos<br />

para atrair e reter esses clientes—jáqueficouumpouco<br />

mais “fácil”, com o aquecimento<br />

econômico brasileiro,<br />

atingir R$ 1 milhão em ativos.<br />

No caso do Santander, a área<br />

de private banking passou por<br />

uma reestruturação no ano<br />

passado, com a unificação da<br />

marcaedoReal,eaescalado<br />

segmento foi alterada. As marcas<br />

trabalhavam com volumes a<br />

partir de R$ 1 milhão também,<br />

mas agora o corte é a partir de<br />

R$ 3 milhões. “Mudamos porqueesteclienteémuitosegmentado<br />

e o foco do Santander<br />

é dar um tratamento diferenciado,<br />

ser assessor na gestão<br />

patrimonial, no que tange ativos<br />

e também passivos”, diz<br />

Maria Eugênia Lopez, diretora<br />

do private banking Santander.<br />

Corte da Anbima<br />

para a clientela<br />

dessa categoria<br />

é a disponibilidade<br />

de R$ 1 milhão<br />

para aplicações<br />

financeiras<br />

Risco e retorno<br />

A tendência de prestar consultoria<br />

além das aplicações é vista<br />

também em outras instituições<br />

financeiras. No que diz respeito<br />

aos investimentos do patrimônio<br />

desses clientes, o que os números<br />

da Anbima indicam é<br />

que eles estão mais dispostos a<br />

utilizar produtos menos conservadores<br />

para buscar retornos<br />

maiores, quando comparados<br />

à média do observado na<br />

indústria de fundos, por exemplo.<br />

“Das aplicações em fundos<br />

de investimento, 50,7% dos<br />

ativos dos clientes de private<br />

banking estão em fundos multimercado,<br />

apetite por risco<br />

maior que a média, que é de<br />

28,2%”, compara Portásio.<br />

Puxado pelos novos aplicadores<br />

e pela rentabilidade das<br />

aplicações, o volume de ativos<br />

sob gestão nesse segmento atingiu<br />

R$ 371,2 bilhões ao final de<br />

2010, o que representa um crescimento<br />

de 23% em relação ao<br />

ano anterior. Os fundos de investimento<br />

abocanham R$ 162,2<br />

bilhões desse montante, R$ 30<br />

bilhões a mais do que tinham<br />

um ano antes.<br />

Em seguida estão as aplicações<br />

em renda fixa, com R$ 118,6<br />

bilhões. O restante está dividido<br />

entre renda variável (18,4%)<br />

e outros (6%), como poupança<br />

e previdência.<br />

O cliente desse segmento<br />

também está mais disposto a<br />

ter exposição a crédito privado,<br />

segundo o vice-presidente<br />

da Sul América Investimentos,<br />

Marcelo Mello. “Há algum<br />

tempoconvivemosemumambiente<br />

de taxas de juros menorese,porisso,essepúblico<br />

busca opções com maior rentabilidade”,<br />

diz.<br />

Ainda com o objetivo de garantir<br />

retorno final maior, explica<br />

o executivo, esses investidores<br />

têm alocado mais recursos<br />

em ativos que possuem<br />

algum tipo de benefício fiscal,<br />

como as Letras de Crédito<br />

Agrícola (LCAs) e as Letras de<br />

Créditos Imobiliários (LCIs). ■<br />

0,0<br />

2,5<br />

5,0<br />

7,5<br />

0,0<br />

Portásio, da Anbima: total<br />

de milionários no <strong>Brasil</strong><br />

deve chegar a 150 mil<br />

RAIO X DO SEGMENTO DE PRIVATE BANKING<br />

EVOLUÇÃO DE ATIVOS SOB GESTÃO,<br />

EM R$ BILHÕES<br />

302<br />

DEZ/09<br />

317<br />

MAR/10<br />

Fonte: Anbima<br />

323<br />

JUN/10<br />

349<br />

SET/10<br />

371<br />

DEZ/10<br />

DISTRIBUIÇÃO POR TIPO<br />

DE APLICAÇÃO<br />

Renda variável<br />

18,4%<br />

Renda fixa<br />

32,0%<br />

Poupança,<br />

previdência e outros<br />

6,0%<br />

Fundos<br />

43,7%


Jeffrey Camarati/Bloomberg<br />

COMPARATIVO DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS EM FUNDOS<br />

PRIVATE BANKING INDÚSTRIA<br />

Multimercado<br />

50,7%<br />

Renda fixa<br />

13,7%<br />

Estruturados<br />

7,6%<br />

Cambial/exterior<br />

0,2%<br />

Ações<br />

11,4%<br />

Curto prazo/<br />

referenciado DI<br />

16,3%<br />

“É preciso reavaliar estímulos”, diz Fed<br />

O presidente do Federal Reserve Bank de Richmond, Jeffrey Lacker,<br />

disse ontem que a recuperação econômica mais rápida dos Estados<br />

Unidos implica que os formuladores de políticas levem muito<br />

a sério seu compromisso para revisar o programa de estímulo<br />

monetário de US$ 600 bilhões. “A significativa melhoria que<br />

vemos no cenário econômico desde que o programa foi iniciado<br />

sugere fazer a reavaliação de uma maneira muito séria”, afirmou.<br />

Renda fixa<br />

31,9%<br />

Estruturados<br />

8,1%<br />

Cambial/exterior<br />

0,1%<br />

Henrique Manreza<br />

Multimercado<br />

28,2%<br />

Ações<br />

13,3%<br />

Curto prazo/<br />

referenciado DI<br />

18,4%<br />

A aplicação de recursos em valores<br />

mobiliários e fundos ainda<br />

é a principal função do segmento<br />

de private banking, mas já<br />

deixou de ser a única. Além do<br />

crescimento na prestação de<br />

serviços de consultoria, a modalidade<br />

tem visto aumentar<br />

cada vez mais a demanda por<br />

crédito. Em 2010, o volume foi<br />

quase 25% maior que no ano<br />

anterior, segundo dados da Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira das Entidades<br />

dos Mercados Financeiro e<br />

de Capitais (Anbima).<br />

“Não é verdade que o cliente<br />

de private banking não precisa<br />

de crédito, e a concessão é um<br />

instrumento importante de manutenção<br />

do relacionamento<br />

com essa clientela”, diz Celso<br />

Portásio, diretor da Anbima. “O<br />

que vemos é esse cliente alavancando<br />

posição e buscando fiança<br />

para operações de oportunidade”,<br />

explica o especialista.<br />

O volume de crédito tomado<br />

poressesclientespassoude<br />

R$ 3,47 bilhões em 2009 para<br />

R$ 4,33 bilhões no ano passado.<br />

A maior demanda foi por fiança<br />

bancária, que respondeu por<br />

R$ 2,38 bilhões e teve um crescimento<br />

de 35,5% sobre o ano<br />

anterior. O volume de crédito<br />

imobiliário aumentou 25% no<br />

período, para R$ 288 milhões.<br />

“O crescimento da exposição<br />

dos clientes private em relação às<br />

operações de risco tem acontecido<br />

principalmente em empréstimos”,<br />

Maria Eugênia Lopez, diretora<br />

de private banking do<br />

Santander. Segundo a executiva,<br />

esses clientes estão aproveitando<br />

oportunidades de negócios sem<br />

tirar recursos já aplicados.<br />

AGENDA DO DIA<br />

● Às 3h, saiu a confiança do<br />

consumidor no Japão de janeiro.<br />

● Às 5h, a Fipe divulgou a primeira<br />

prévia do IPC de fevereiro.<br />

● Às 5h, saiu a balança comercial<br />

da Alemanha de dezembro.<br />

● Às 7h30, sai a balança comercial<br />

do Reino Unido de dezembro.<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 33<br />

Clientes aumentam<br />

demanda por crédito<br />

Antes limitado a aplicações financeiras, segmento desponta com<br />

concessão de empréstimo imobiliário e fiança para alavancagem<br />

AFRASE<br />

“A exposição a<br />

risco aumentou<br />

com alavancagem<br />

financeira, com<br />

clientes tomando<br />

mais empréstimos”<br />

Maria Eugênia Lopez, diretora de<br />

private banking do Santander<br />

Volume de crédito<br />

tomado por clientes<br />

de private banking<br />

subiu 25% em<br />

um ano, atingindo<br />

R$ 4,3 bilhões<br />

“Tomam crédito para comprar<br />

ativos, como imóveis ou<br />

participação em <strong>empresas</strong>, em<br />

preço menor e reinvestir”, diz.<br />

Isso explica a expansão de fiança,<br />

destaca ela. “A definição que<br />

setemdeprivateéoclienteque<br />

possui investimento no banco.<br />

Não necessariamente é isso, na<br />

prática”, ressalta Maria Eugênia,<br />

em relação à ampliação de<br />

produtos e serviços. O banco<br />

temhojecercade7milclientes<br />

no segmento em sua carteira.<br />

Concentração geográfica<br />

Se há diversidade de produtos<br />

e serviços, a distribuição geográfica<br />

de riqueza e, consequentemente,<br />

da clientela de<br />

private banking ainda é bastante<br />

concentrada no país. A<br />

Anbima apurou os dados com<br />

as instituições associadas por<br />

domicílio do cliente e mostra<br />

que 55,3% do volume de ativos<br />

no segmento está no estado de<br />

São Paulo, seguido de Rio de<br />

Janeiro, com 18,3% — 0,8<br />

ponto percentual acima de<br />

2009. Já as regiões Sul e Nordeste<br />

perderam participação no<br />

bolo de um ano para outro. A<br />

primeira caiu de 13,4% em<br />

2009 para 13% no ano passado,<br />

e a segunda foi de 5,8% para<br />

5,5% no mesmo período.<br />

“Essa concentração segue a<br />

distribuição do PIB e outros indicadores<br />

econômicos”, pondera<br />

Portásio. O executivo destaca<br />

ainda que o crescimento do<br />

mercado tem gerado contratações.<br />

Em 2009, eram 1.380 profissionais<br />

atuando no segmento,<br />

número que subiu para 1.615 em<br />

2010. ■ M.L.F.<br />

Henrique Manreza


34 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

FINANÇAS<br />

Antonio Milena<br />

Maioria usa plano<br />

de previdência<br />

apenas para poupar<br />

Cerca de 80% dos clientes não guardam recursos para a<br />

aposentadoria, mas para adquirir imóveis, veículos e viajar<br />

Vanessa Correia<br />

vcorreia@brasileconomico.com.br<br />

Os planos de previdência complementar<br />

estão em processo de<br />

mudança. O número de pessoas<br />

que destinam o montante acumulado<br />

à aposentadoria é cada<br />

vez menor. “A maior parte dos<br />

beneficiários que chegam ao final<br />

do plano acaba utilizando os<br />

recursos para outro fim que não<br />

a renda complementar”, diz<br />

Renato Russo, vice-presidente<br />

de vida previdência da SulAmérica,<br />

estimando algo em torno<br />

de 80% para o mercado.<br />

Na seguradora essa correlação<br />

é ainda maior: das 7 mil<br />

pessoas que atingiram idade de<br />

aposentadoria, apenas 300 optaram<br />

pela renda, seja vitalícia<br />

ou temporária.<br />

A flexibilidade dos planos<br />

PGBL (Plano Gerador de Benefício<br />

Livre) e VGBL (Vida Gerador<br />

de Benefício Livre) é o principal<br />

motivador dessa mudança de<br />

perfil, segundo Lúcio Flávio de<br />

Oliveira, presidente da Bradesco<br />

Vida e Previdência. “Ao contrário<br />

dos planos tradicionais, cujo<br />

caráter é previdenciário, o PGBL<br />

eVGBLsãovistoscomouma<br />

poupança de longo prazo por<br />

serem flexíveis”, aponta.<br />

Ainda assim, na opinião do<br />

executivo, mais de 80% dos<br />

clientes que iniciam a contribuição<br />

de um plano de previdência<br />

visam a aposentadoria.<br />

“Isso não vai mudar. A maioria<br />

das pessoas continuará buscando<br />

um plano de previdência<br />

com o intuito de complementar<br />

a renda”, afirma.<br />

Resgate antecipado<br />

Apesar de a indústria de previdência<br />

privada ter sido regulamentada<br />

em 1977, o atual momento<br />

é de arrecadação. “Como<br />

o produto tem bastante flexibilidade,<br />

nada impede que, duranteafasedeacumulação,o<br />

beneficiário resgate antecipadamente<br />

os recursos”, explica<br />

Das solicitações de<br />

resgates antecipados<br />

em 2010, com valor<br />

superior a R$ 5 mil,<br />

17% corresponderam<br />

a planos voltados<br />

a crianças<br />

e adolescentes<br />

Mauro Guadagnoli, superintendente<br />

comercial da <strong>Brasil</strong>prev,<br />

braço de previdência privada do<br />

Banco do <strong>Brasil</strong> (BB).<br />

Das solicitações de resgates<br />

antecipados registradas pela<br />

companhia em 2010, com valor<br />

superior a R$ 5 mil, 17% corresponderam<br />

a planos voltados a<br />

crianças e adolescentes. Do restante,<br />

62,2% resgataram para<br />

objetivos e projetos pessoais,<br />

tais como aquisição de imóvel,<br />

educação e viagens; 14,4% para<br />

pagamento de dívidas (incluindo<br />

quitação de automóvel ou<br />

imóvel); 14,8% para outros propósitos<br />

e 8,6% não informaram.<br />

“Em relação ao ano anterior,<br />

resgates para fins como viagem,<br />

estudo e comemorações cresceram.<br />

Em contrapartida, resgates<br />

para pagamento de dívidas e<br />

impostos caíram em relação a<br />

2009”, destaca Guadagnoli,<br />

complementando que a compra<br />

de um bem ainda é o principal<br />

motivo que levam as pessoas físicas<br />

a resgatarem o benefício.<br />

Para Luiz Claudio Friedheim,<br />

diretor de marketing da Mongeral<br />

Aegon, a destinação dos recursos<br />

acumulados por beneficiários<br />

de planos de previdência<br />

complementar não mudou nos<br />

últimos anos. “Há quem contrate<br />

um plano, seja PGBL ou VGBL,<br />

pensando na aposentadoria,<br />

acumular reservas no médio/longo<br />

prazo a fim de viabilizar<br />

projetos de vida ou mesmo<br />

iniciar uma poupança para filhos<br />

e netos. A decisão depende do<br />

planejamento de cada um”, diz.<br />

Entretanto, outras tendências<br />

têm sido registradas pelo segmento.<br />

“Aumento da contratação<br />

de planos para menores de<br />

idade, ingresso de pessoas mais<br />

jovensnomercadodeprevidência<br />

complementar e crescimento<br />

da demanda pelo público feminino”,<br />

afirma Friedheim, lembrando<br />

que isso é reflexo da ascensão<br />

das classes de menor poder<br />

aquisitivo e busca pela qualidade<br />

de vida. ■<br />

CÂMBIO<br />

Com atuação tímida do Banco Central,<br />

dólar fecha em queda, cotado a R$ 1,667<br />

O dólar interrompeu a série de quatro altas seguidas e fechou em baixa<br />

ontem, reagindo ao cenário internacional e à continuidade da entrada<br />

de recursos no país. A moeda americana recuou 0,77%, para R$ 1,667.<br />

De acordo com operadores, a entrada de recursos predominou sobre<br />

a saída na sessão. Além disso, segundo o profissional de uma instituição<br />

financeira, a intervenção do Banco Central foi tímida no dia.<br />

Renato Russo, da SulAmérica:<br />

maior parte dos clientes<br />

não consegue usar previdência<br />

como renda extra<br />

Aporte inicial<br />

Poupador deve avaliar custos,<br />

regime de tributação e<br />

rentabilidade de produtos com<br />

horizonte de longo prazo<br />

Dois pontos pesam a favor dos<br />

planos de previdência privada<br />

como um veículo de investimento<br />

de médio/longo prazo<br />

quando comparado aos fundos<br />

de investimento: regime especial<br />

de tributação e baixo valor<br />

de contribuição.<br />

Entretanto, outros tantos pesam<br />

contra: taxas de administração<br />

e carregamento altas,<br />

rentabilidade comprometida<br />

pelo percentual de alocação em<br />

renda fixa e comercialização<br />

mal direcionada à finalidade de<br />

aposentadoria, segundo Claudia<br />

Kodja, sócia da Kodja Investimentos.<br />

“O sistema bancário<br />

brasileiro não oferece produtos<br />

de previdência e sim fundos de<br />

investimento adaptados”, acredita<br />

a especialista.<br />

Para ela, a vantagem tributária<br />

não chega a ser um fator determinante<br />

na aquisição de planos<br />

com o objetivo previdenciário,<br />

opinião não compartilhada<br />

pelo diretor de marketing da<br />

Mongeral Aegon, Luiz Claudio<br />

Friedheim. “Se comparamos os<br />

planos de previdência privada<br />

aos fundos de investimento, a<br />

primeira rende mais em função


INVESTIMENTO<br />

Fundo do JPMorgan pode aplicar<br />

US$ 500 milhões no <strong>Brasil</strong> em dois anos<br />

A One Equity Partners, fundo formado com recursos do JPMorgan Chase,<br />

mantém conversas com <strong>empresas</strong> no <strong>Brasil</strong> que vão levar a investimentos<br />

de US$ 500 milhões em até dois anos, disse ontem a consultora do<br />

private equity, Verônica Allende Serra. Segundo ela, que é sócia da Pacific<br />

Investimentos, a firma que representa no <strong>Brasil</strong> a One Equity, há<br />

conversas sobre aportes de recursos com oito <strong>empresas</strong> neste momento.<br />

Para especialistas,<br />

o produto que mais se<br />

aproxima do conceito<br />

de previdência é o<br />

ciclo de vida, que<br />

mescla renda fixa<br />

e renda variável de<br />

acordo com o tempo<br />

de acumulação<br />

do benefício fiscal. Se a questão<br />

for o ganho que a renda variável<br />

proporciona no longo prazo, é<br />

só optar por fundos compostos<br />

com maior exposição ao risco”,<br />

diz Friedheim.<br />

Sugestões<br />

“O melhor produto com horizontedemédio/longoprazoéo<br />

que o cliente paga barato e que<br />

permite a realocação do portfólio<br />

periodicamente, de acordo<br />

com as fases da vida”, sugere<br />

Claudia. “Quando mais cedo o<br />

cliente começa a investir, maior<br />

o risco que pode correr no início<br />

aumentando as chances do ganho<br />

auferido ser maior”.<br />

Henrique Manreza<br />

Nesse sentido, a sócia da<br />

Kodja Investimentos sugere a<br />

aplicação nos fundos de previdência<br />

privada que acompanham<br />

o ciclo de vida do poupador,<br />

conhecidos como life time<br />

ou life cycle funds.<br />

Os planos são compostos por<br />

aplicações em renda fixa e renda<br />

variável, sendo que o percentualdeparticipaçãoentre<br />

esses investimentos se ajusta<br />

ao longo do tempo de permanência<br />

do cliente no plano. “Os<br />

fundos com conceito ciclo de<br />

vida são os que mais se aproximamdeumprodutocomcaráter<br />

previdenciário”, acredita a<br />

especialista. ■<br />

FUNDOS DE PENSÃO<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 35<br />

José de Souza Mendonça toma posse hoje<br />

em novo mandato à frente da Abrapp<br />

José de Souza Mendonça será reconduzido hoje à presidência da<br />

Associação <strong>Brasil</strong>eira das Entidades Fechadas de Previdência<br />

Complementar (Abrapp). O setor conta com a participação direta<br />

e indireta de 6 milhões de pessoas, das quais 700 mil já recebem<br />

aposentadorias e pensões no valor médio de R$ 3,1 mil. Ao final de<br />

setembro, o patrimônio dos fundos de pensão era de R$ 530 bilhões.<br />

AFRASE<br />

Henrique Manreza<br />

baixo e benefício fiscal são atrativos<br />

“O sistema<br />

bancário<br />

brasileiro não<br />

oferece produtos<br />

de previdência,<br />

e sim fundos<br />

de investimento<br />

adaptados”<br />

Claudia Kodja, sócia da<br />

Kodja Investimentos<br />

■ MERCADO<br />

Em novembro, arrecadação<br />

do segmento de<br />

previdência atingiu<br />

R$4,6 bi<br />

■ SISTEMA<br />

Total de contratos de planos<br />

de previdência é de<br />

12,2 mi<br />

■ CARTEIRA<br />

Ao final de novembro, total de<br />

ativos do mercado somava<br />

R$217 bi<br />

Marcela Beltrão


0<br />

7<br />

4<br />

1<br />

8<br />

36 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

INVESTIMENTOS<br />

Priscila Dadona<br />

pdadona@brasileconomico.com.br<br />

Papéis atrelados à inflação são atraentes<br />

Com a retomada mais forte de alta dos preços,<br />

movimento que começou no final do<br />

ano passado e se intensificou neste início de<br />

2011, os investimentos atrelados a índices<br />

inflacionários ganham espaço. Com desempenho<br />

interessante, pois rendem o equivalente<br />

à alta do IPCA mais juros, os papéis são<br />

indicados para quem está preocupado com<br />

os efeitos da aceleração da inflação sobre o<br />

capital aplicado. Com a inflação acumulada<br />

de 5,99% nos últimos doze meses, os NTN-<br />

Bs (títulos do Tesouro vinculados ao IPCA)<br />

têm um ganho real líquido de 6%, em média.<br />

Diante desse cenário, os fundos de investimento<br />

que aplicam nesses títulos estão atraindo<br />

investidores que não temem volatilidade. É<br />

o caso dos fundos Patrimônio RF Longo Prazo<br />

e Capital Índice de Preço Longo Prazo, administrados<br />

pela Caixa Econômica Federal. Dirigidos<br />

a públicos diferentes— pessoa jurídica e<br />

pessoa física, respectivamente — as carteiras<br />

têm elevado sua captação desde o ano passado,<br />

segundo Eliana Motta Vincensim, gerente<br />

nacional de produtos do banco federal. “São<br />

voltados para quem tem horizonte de longo<br />

prazo porque tendem a performar melhor”.<br />

De acordo com Eliana, o patrimônio líquido<br />

dos fundos é de R$ 861 milhões (Patrimônio)<br />

e R$ 135 milhões (Capital).<br />

DESEMPENHO DOS TÍTULOS<br />

Os títulos com prazos maiores apresentam ganho superior<br />

RENTABILIDADE BRUTA* DAS NTN-B EM 12 MESES<br />

12,15%<br />

MAI/2011<br />

IBOVESPA<br />

66.000<br />

65.800<br />

65.600<br />

65.400<br />

65.200<br />

5,99%<br />

É O IPCA<br />

ACUMULADO NOS<br />

ÚLTIMOS 12 MESES<br />

11h<br />

Fonte: BM&FBovespa<br />

13,16% 12,98% 13,06%<br />

AGO/2012<br />

MAI/2013<br />

12h<br />

Máxima<br />

Mínima<br />

Fechamento<br />

13h<br />

MAI/2015<br />

66.237,76<br />

65.110,46<br />

65.771,33<br />

14h<br />

13,91% 13,72% 13,72%<br />

MAI/2017<br />

15h<br />

AGO/2020<br />

Fontes: STN e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

*Posição no dia 8/fev/2011, sem desconto de inflação, IR e taxa de administração<br />

No Banco do <strong>Brasil</strong>, a captação do fundo<br />

BB Renda Fixa LP Índice de Preço 20 mil<br />

tem sido positiva desde 2009. “Ainda continua”,<br />

afirma Carlos Vinicius Raposo Machado<br />

Costa, gerente da divisão de fundos<br />

da BBDTVM, a gestora do BB. Segundo Machado<br />

Costa, em 2010 a carteira registrou<br />

valorização de 151% do Certificado de Depósito<br />

Interfinanceiro (CDI).<br />

Quando investir<br />

Embora esses fundos tenham obtido ganhos<br />

interessantes, o momento de alta de<br />

inflação talvez não seja o melhor para investir.<br />

“O ideal é entrar quando a inflação<br />

está baixa, a não ser que haja um descontrole<br />

de preços”, afirma Alexandre Póvoa,<br />

diretor da Modal Asset Management.<br />

Para o professor do Laboratório de Finanças<br />

da FIA, Bolivar Godinho, há um<br />

risco menor contra a alta da inflação<br />

para quem vai aplicar no longo prazo.<br />

“Não dá para ter estimativa. Pode acelerar<br />

e arrefecer. A regra é sempre diversificar”,<br />

recomenda.<br />

Um pouco mais arrojado, o consultor de<br />

investimentos, Raphael Cordeiro, acredita<br />

que o risco maior “não é perder dinheiro,<br />

e, sim, perder poder de compra”. ■<br />

16h<br />

AGO/2024<br />

17h<br />

16,42%<br />

MAI/2035<br />

(EM PONTOS)<br />

18h<br />

18,53%<br />

MAI/2045<br />

21.360<br />

21.300<br />

21.240<br />

21.180<br />

21.120<br />

11h<br />

No curto<br />

prazo (1 ano)<br />

papéis com<br />

vencimento<br />

mais próximos<br />

têm ganho<br />

maior<br />

18h<br />

RENDA FIXA<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI 7/FEV 9,43 1,01 1,00 50.000<br />

BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI 7/FEV 9,42 1,01 1,00 -<br />

ITAU PERS MAXIME RF FICFI 8/FEV 9,36 1,06 1,00 80.000<br />

CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO 7/FEV 8,95 0,97 1,10 30.000<br />

CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO 7/FEV 8,37 0,91 1,50 5.000<br />

BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI 8/FEV 8,23 0,95 2,00 5.000<br />

BB RENDA FIXA 200 FIC FI 8/FEV 7,05 0,83 3,00 200<br />

BB RENDA FIXA 50 FIC FI 8/FEV 6,56 0,78 3,50 50<br />

BB RENDA FIXA LP 100 FICFI 7/FEV 5,99 0,69 4,00 100<br />

ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 8/FEV 5,96 0,71 4,00 300<br />

DI<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

BB REF DI LP ESTILO FIC FI 7/FEV 9,59 1,03 0,70 10.000<br />

BB REF DI ESTILO FICFI 8/FEV 9,20 1,03 1,00 ND<br />

ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI 8/FEV 9,14 1,03 1,00 80.000<br />

BB REF DI 5 MIL FIC FI 8/FEV 7,54 0,87 2,50 5.000<br />

BB NC REF DI LP PRINC FIC FI 7/FEV 7,27 0,81 2,47 100<br />

BB REF DI 200 FIC FI 8/FEV 6,95 0,81 3,00 200<br />

HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS 8/FEV 6,78 0,80 3,00 30<br />

ITAU PREMIO REF DI FICFI 8/FEV 5,86 0,70 4,00 1.000<br />

BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER 8/FEV 5,43 0,66 4,50 100<br />

SANT FIC FI CLAS REF DI 8/FEV 5,10 0,60 5,00 100<br />

AÇÕES<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI 7/FEV 21,69 3,26 2,00 200<br />

CAIXA FMP FGTS VALE I 7/FEV 20,81 2,94 1,90 -<br />

BRADESCO FIC DE FIA 7/FEV 1,60 (5,31) 4,00 -<br />

BRADESCO FIC DE FIA MAXI 7/FEV 1,44 (5,36) 4,00 -<br />

BRADESCO FIC DE FIA IV 7/FEV 1,39 (5,37) ND -<br />

ITAU ACOES FI 7/FEV (1,18) (5,89) 4,00 1.000<br />

SANTANDER FIC FI ONIX ACOES 7/FEV (1,50) (6,15) 2,50 100<br />

UNIBANCO BLUE FI ACOES 7/FEV (1,76) (6,87) 5,00 200<br />

ALFA FIC DE FI EM ACOES 7/FEV (5,22) (6,76) 8,50 -<br />

BB ACOES PETROBRAS FIA 7/FEV (13,12) (0,39) 2,00 200<br />

MULTIMERCADOS<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI 7/FEV 10,82 0,48 2,00 5.000<br />

BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI 7/FEV 9,75 1,04 1,50 -<br />

CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC 7/FEV 9,47 0,99 1,50 20.000<br />

ITAU PERS K2 MULTIM FICFI 7/FEV 9,43 1,06 1,50 50.000<br />

ITAU PERS MULTIE MULT FICFI 7/FEV 9,21 1,02 1,25 5.000<br />

SANT FI CAP PROT VGOGH 4 BR MULT 7/FEV 9,06 (3,94) 2,30 5.000<br />

SANT FIC FI ESTRAT MULTIM 7/FEV 7,04 0,39 2,00 10.000<br />

ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI 7/FEV 6,20 (0,35) 2,00 5.000<br />

ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI 7/FEV 5,05 (1,10) 2,00 5.000<br />

SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT 7/FEV 1,64 (1,80) 2,50 5.000<br />

*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.<br />

Fonte: Anbima. Elaboração: <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

IBRX-100 SMALL CAP - SMLL<br />

MIDLARGE CAP - MLCX<br />

1.308<br />

1.304<br />

1.300<br />

1.296<br />

1.292<br />

11h<br />

18h<br />

943<br />

940<br />

937<br />

934<br />

931<br />

11h<br />

18h


BOLSA<br />

Giro financeiro<br />

R$ 7,4 bilhões<br />

foi o volume financeiro registrado ontem no segmento acionário<br />

da BM&FBovespa. O principal índice encerrou a sessão com variação<br />

positiva de 0,63%, aos 65.771 pontos.<br />

Vale PNA, fechamento em R$<br />

54,20<br />

54,2<br />

53,10<br />

53,1 53 1<br />

52,00<br />

52,0 52 0<br />

50,90<br />

50,9 50 9<br />

49,80<br />

49,8 49 8<br />

48,70<br />

48,7 48 7<br />

47,60<br />

47,6 476<br />

46,50<br />

46,5<br />

1/NOV<br />

12/NOV<br />

Fontes: Silvia Zanotto, Economatica, BM&FBovespa e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

1º suporte<br />

2º suporte<br />

26/NOV<br />

8/DEZ<br />

20/DEZ<br />

1ª resistência<br />

2ª resistência<br />

3/JAN<br />

13/JAN<br />

26/JAN<br />

Ação da Vale ensaia sequência de baixa<br />

Stop<br />

8/FEV<br />

VALE5<br />

Após apresentar um movimento de alta desde julho do ano passado,<br />

os papeis preferenciais da Vale (VALE5) estão registrando nos<br />

últimos dias um movimento curto de queda. Ontem, as ações da<br />

mineradora encerraram o pregão em desvalorização de 0,83%,<br />

negociadas a R$ 49,90 na BM&FBovespa. Segundo Silvia<br />

Chandrowski Zanotto, analista gráfica da Prosper Corretora, o papel<br />

perdeu seu suporte principal de R$ 49,91. “Se der continuidade<br />

ao movimento, a ação preferencial da Vale sai da tendência de alta”,<br />

afirma a especialista, que mostra que o segundo suporte para<br />

o papel fica sendo R$ 47,60. Suporte é o patamar que, se perdido,<br />

aponta para uma chance de queda em sequência. Um pouco cética,<br />

a analista da Prosper afirma que as ações da empresa só<br />

retomariam aquele canal (faixa entre preços máximos e mínimos)<br />

de alta registrado em 2010 se alcançassem a primeira resistência —<br />

ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade de<br />

movimento de alta da ação — de R$ 50,75. O segundo ponto de<br />

resistência ficaria em R$ 51,15. “Se chegasse a esse preço, a ação<br />

da Vale mostraria força e retomaria a tendência perdida de alta”,<br />

afirma Silvia. Para quem pretende investir na mineradora, a analista<br />

gráfica dá como ponto de compra (stop) R$ 49,57. “Porém,<br />

as figuras do gráfico mostram queda”, lembra. Embora a bolsa de<br />

valores tenha apresentado alta nos últimos dois dias, Silvia diz que<br />

atendênciaédebaixa.“Forammovimentosdecorreção”,acredita.<br />

Reunião<br />

Multiplus marca encontro<br />

com acionistas para dia 23<br />

O Multiplus — empresa que<br />

gerencia programas de<br />

fidelização de clientes — agendou<br />

para o dia 23 a sua próxima<br />

reunião pública com analistas,<br />

investidores e demais<br />

interessados. Na ocasião, serão<br />

apresentados os resultados da<br />

empresa no quarto trimestre do<br />

ano passado. O encontro será<br />

realizado no Sheraton WTC Hotel,<br />

na capital paulista, a partir das<br />

8h30. A participação no evento<br />

deve ser confirmada pelo telefone<br />

(11) 3107-1571 ou pelo e-mail<br />

apimecsp@apimecsp.com.br.<br />

51,15<br />

50,75<br />

49,91<br />

49,57<br />

47,60<br />

JURO<br />

Contrato futuro<br />

12,68%<br />

foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento<br />

em janeiro de 2013, o de maior liquidez ontem. O giro neste contrato<br />

foi de R$ 32,3 bilhões, em 403.805 contratos negociados.<br />

HOME BROKER<br />

NA REDE<br />

“Agora talvez seja hora para<br />

comprar LTNs, que estão oferecendo<br />

rendimentos entre 12,5% e 13%”<br />

@rcinvestimentos, Raphael Cordeiro, consultor financeiro<br />

“Bancos e construtoras subindo<br />

forte hoje [ontem]. Setores bons<br />

para ficar de olho bem aberto”<br />

@g7invest, Gabriel Ribeiro, investidor<br />

“Hoje a crise acabou! Kakakaka<br />

‘A bolsa ama o preto ou o branco,<br />

nunca amará o cinza!’ Eita<br />

volatilidade que eu adoro! Amo isto!”<br />

@Picapautrader, investidor<br />

“Nos EUA já se fala de uma nova bolha<br />

das pontocom. A oferta da Linkedin<br />

e quem sabe do Facebook e Groupon<br />

pode confirmar essa preocupação”<br />

@chrinvestor, Christian Cayre,<br />

investidor e consultor financeiro<br />

“Expectativas de mudanças no EFSF<br />

(fundo de estabilização financeira)<br />

impulsionaram o sentimento para<br />

o euro, mas problemas estruturais<br />

levam anos para resolver”<br />

@RobinBew, economista-chefe e diretor<br />

de The Economist Intelligence Unit<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 37<br />

Santos <strong>Brasil</strong><br />

Coinvalores indica manutenção<br />

do papel com potencial<br />

de5,3%epreço-alvode<br />

R$ 26 em fevereiro de 2012<br />

O bom resultado da Santos <strong>Brasil</strong><br />

no último trimestre de 2010 veio<br />

em linha com a expectativa da<br />

equipe de análise da Coinvalores.<br />

A elevação da receita líquida foi<br />

de 45,8% na comparação com<br />

o 4º trimestre de 2009, atingindo<br />

R$ 260 milhões. O Ebitda<br />

(lucro antes de juros, impostos,<br />

depreciações e amortizações) foi<br />

de R$ 86,1 milhões, com margem<br />

de 33,1%, pressionada por efeitos<br />

não recorrentes. O lucro líquido<br />

no período foi de R$ 38,6 milhões.<br />

Com o resultado, a companhia<br />

fechou o ano com R$ 865,5 milhões<br />

de faturamento líquido, crescimento<br />

de 31% frente aos R$ 660,8<br />

milhões no acumulado de 2009.<br />

Segundo relatório da Coinvalores,<br />

a empresa espera sair dos 38,0%<br />

para 39,0%. Por fim, novos<br />

investimentos, excluindo aquisições,<br />

devem ficar em R$ 138,3 milhões,<br />

após os R$ 195,8 milhões investidos<br />

em2010.“Porora,mantemosnossa<br />

recomendação de manutenção<br />

dos papéis da companhia em<br />

carteiras diversificadas”, afirma<br />

Marco Aurélio Barbosa, analista<br />

da corretora, em relatório.<br />

O preço-alvo para fevereiro<br />

de2012éR$26compotencial<br />

de valorização de 5,3%.


38 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

MUNDO<br />

Manifestantes cobram<br />

urgência na renúncia do<br />

presidente Mubarak ao cargo<br />

Proposta de Mubarak não freia<br />

Declaração emocionada de executivo do Google preso pelo governo mobilizou egípcios e levou 250 mil<br />

Os egípcios realizaram ontem<br />

um dos maiores protestos já vistos<br />

para exigir a renúncia do<br />

presidente do país, Hosni Mubarak.<br />

Os manifestantes lotaram<br />

uma área da praça Tahrir,<br />

no Cairo, onde cabem 250 mil<br />

pessoas. As manifestações continuaram<br />

apesar do plano para<br />

transferência de poder anunciado<br />

pelo vice-presidente, Omar<br />

Suleiman, que prometeu ainda<br />

fim da represálias aos manifestantes,<br />

que há duas semanas<br />

exigem a renúncia de Mubarak,<br />

há 30 anos no poder. A oposição<br />

rejeita as promessas do governo<br />

e acusa o regime egípcio de tentar<br />

ganhar tempo.<br />

Os protestos ganharam fôlego<br />

depois do relato de Wael<br />

Ghonin, executivo do Google,<br />

cujas lágrimas numa entrevista<br />

televisiva comoveram os egípcios<br />

e incentivaram a ida das<br />

pessoas aos protestos de ontem.<br />

“Vocês são os heróis. Eu não sou<br />

herói”, disse Ghonim, que afirma<br />

ter passado 12 dias vendado<br />

enquanto esteve preso.<br />

Ativistas dizem que Ghonim<br />

foi o responsável por um grupo<br />

do Facebook que contribuiu<br />

decisivamente para a onda de<br />

protestos. Sua entrevista parece<br />

ter convencido muitos egípcios<br />

a aderir às manifestações. Apenas<br />

duas horas após a entrevista,<br />

70 mil pessoas aderiram a<br />

páginas de apoio a ele no site de<br />

relacionamentos Facebook.<br />

O Google já estava vinculado<br />

aos protestos no Egito, ao ter<br />

criado um serviço que ajuda os<br />

usuários do Twitter a burlar as<br />

restrições do governo ao site,<br />

disponibilizando um número de<br />

telefone que recebia mensagens<br />

de voz, posteriormente transmitidas<br />

na rede social.<br />

A agência estatal de notícias<br />

Oposição desconfia<br />

do projeto de<br />

transferência de<br />

poder anunciado pelo<br />

governo do Egito<br />

informou que 34 presos políticos<br />

foram libertados, os primeiros<br />

beneficiados de reformas<br />

prometidas por Mubarak depois<br />

do início da rebelião.<br />

Em Washington, o secretário<br />

de Defesa dos Estados Unidos,<br />

Robert Gates, elogiou o<br />

processo de reformas no mundo<br />

árabe — iniciado no mês<br />

passado com uma rebelião que<br />

derrubou o governo da Tunísia.<br />

“Minha esperança é que outros<br />

governos da região — vendo<br />

essa ação espontânea na Tunísia<br />

e no Egito — tomem medias<br />

para resolver as insatisfações


Ben Stansall/AFP<br />

Dylan Martinez/Reuters<br />

protestos<br />

manifestantes às ruas do Cairo<br />

políticas e econômicas das<br />

pessoas”, afirmou.<br />

Pela terceira vez desde o iníciodosprotestos,em25dejaneiro,<br />

os manifestantes encheram<br />

completamente a praça Tahrir.<br />

Uma outra grande manifestação<br />

já está programada<br />

para sexta-feira. “Vim aqui hoje<br />

pela primeira vez porque esse<br />

gabinete é um fracasso, Mubarak<br />

ainda está encontrando as<br />

mesmas caras feias”, disse Afaf<br />

Naged, 71, ex-conselheiro do<br />

Banco Nacional do Egito (estatal).<br />

“Ele não acredita que acabou.<br />

É um homem teimoso.”<br />

Análise sobre extradição de Assange é adiada<br />

A análise da extradição do fundador do Wikileaks, Julian Assange,para<br />

a Suécia foi adiada para a próxima sexta-feira pelo juiz Howard Riddle,<br />

de Londres. Os advogados de Assange tentam demonstrar irregularidades<br />

na forma como a promotoria sueca abordou as acusações de suposto<br />

crime sexual contra duas mulheres de Estocolmo. A Suécia quer interrrogar<br />

Assange, que nega as acusações e diz ser alvo de perseguição política<br />

por ter publicado documentos confidenciais da diplomacia americana.<br />

ENTENDA A CRISE<br />

● Os protestos que começaram<br />

há duas semanas exigem<br />

a renúncia do presidente<br />

Mubarak, há 30 anos no poder.<br />

● O governo apresentou um<br />

plano de transição, rejeitado<br />

pela oposição que acusa o<br />

regime de tentar ganhar tempo.<br />

● Mubarak, de 82 anos, quer se<br />

manter no poder até as eleições<br />

de setembro e resistir à pressão<br />

para renuncie imediatamente.<br />

Pela TV, o vice-presidente<br />

afirmou que o governo adotou<br />

umcronogramaparaauma<br />

transferência de poder pacífica<br />

e organizada: “o presidente<br />

enfatizou que a juventude do<br />

Egito merece o apreço da nação<br />

e deu ordens para evitar<br />

que eles sejam perseguidos,<br />

intimidados ou que tenham<br />

seu direito à liberdade de expressão<br />

tolhido.”<br />

Atéagora,noentanto,ogoverno<br />

fez poucas concessões, e<br />

Mubarak, de 82 anos, parece estar<br />

resistindo à pressão por sua<br />

renúncia imediata. ■ Reuters<br />

A Tailândia impôs rígidas medidas<br />

de segurança para controlar<br />

a manifestação dos nacionalistas<br />

“camisas amarelas”, que<br />

ameaçam ocupar prédios públicos<br />

em Bangcoc. O Ato Interno<br />

de Segurança, publicado ontem,<br />

permite que as autoridades imponham<br />

toques de recolher,<br />

operem postos de controle e<br />

restrinjam movimentos de manifestantes<br />

caso integrantes da<br />

Aliança Popular pela Democracia<br />

(APD) se tornem violentos<br />

ou tentem ocupar edifícios.<br />

O porta-voz governamental,<br />

Panitan Wattanayagorn, disse<br />

que o gabinete tailandês aprovou<br />

o uso das medidas entre os<br />

dias 9 e 23 de fevereiro em sete<br />

distritos, o que abrange o local<br />

de trabalho do primeiro-ministro,<br />

o Parlamento e o bairro comercial<br />

de Rajprasong.<br />

Os “camisas amarelas” ajudaram<br />

a levar o primeiro-ministro,<br />

Abhisit Vejjajiva, ao poder,<br />

mas recentemente se voltaram<br />

contra ele, exigindo firmeza<br />

numa disputa territorial com<br />

o Camboja. Em 2008, o grupo<br />

ocupou prédios públicos durante<br />

três meses e bloqueou o principal<br />

aeroporto de Bangcoc até<br />

que a Justiça afastasse o governo<br />

aliado do ex-premiê Thaksin<br />

AGENDA DO DIA<br />

● A China divulgada dados da<br />

sua balanço comercial referente<br />

ao mês de janeiro. A expectativa<br />

é de superávit de US$ 10,2 bilhões.<br />

● Ben Bernanke, presidente<br />

do Federal Reserve (Fed), o BC<br />

americano, discursa sobre a<br />

economia do país, em Washington.<br />

Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 39<br />

Tailândia impõe<br />

toque de recolher<br />

Governo do país quer controlar manifestações de grupos nacionalistas<br />

que ameaçam ocupar prédios públicos em vários bairros de Bangcoc<br />

As medidas valerão<br />

entreosdias9e23de<br />

fevereiro e abrangem<br />

sete distritos,<br />

incluindo o local<br />

de trabalho do<br />

primeiro-ministro,<br />

oParlamentoeo<br />

bairro comercial<br />

de Rajprasong<br />

Shinawatra, o que abriu caminho<br />

para a ascensão de Abhisit<br />

ao poder. Mas há duas semanas,<br />

os “camisas amarelas” protestam<br />

contra o atual premiê. Eles<br />

pretendem realizar uma manifestação<br />

maior ainda na sextafeira,<br />

quando o Parlamento analisa<br />

emendas constitucionais<br />

que poderiam levar à realização<br />

de eleições neste ano.<br />

Os manifestantes prometem<br />

se manter pacíficos, mas o policiamento<br />

foi reforçado e prédios<br />

públicos foram cercados com<br />

barricadas de arame farpado.<br />

Um grupo rival, os “camisas<br />

vermelhas”, planeja realizar<br />

manifestações também nos dias<br />

13 e 19, reivindicando que seus<br />

líderes sejam libertados da prisão.<br />

Em abril e maio do ano passado,<br />

essa facção, seguidora de<br />

Thaksin, se envolveu em violentos<br />

protestos em Bangcoc,<br />

que resultaram em 91 mortes,<br />

quase 2 mil feridos e 40 edifícios<br />

incendiados. A maioria de seus<br />

líderes foi presa.<br />

“Precisamos cobrir muitos<br />

distritos (com as medidas extraordinárias)<br />

porque há protestos<br />

planejados tanto pelos<br />

camisas vermelhas quanto pelos<br />

camisas amarelas” disse Panitan.<br />

■ Reuters<br />

Chaiwat Subprasom/Reuters<br />

Soldados tailandeses<br />

vão para rua controlar<br />

protestos violentos


40 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />

ÚLTIMA HORA<br />

BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A, com sede à Avenida das<br />

Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000<br />

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Petrobras pode investir US$ 2,5 bi no ES<br />

O secretário de desenvolvimento do Espírito Santo,<br />

Márcio Félix, estima entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões<br />

o capital necessário para a Petrobras instalar no<br />

estado um complexo gás-químico, no qual pretende<br />

produzir fertilizantes nitrogenados (ureia e amônia) a<br />

partir do gás processado na Unidade de Tratamento de<br />

Gás de Cacimbas (UTGC). O valor foi estimado após a<br />

assinatura de protocolo intenções firmado ontem entre<br />

o governo e a petrolífera. O projeto pode ser aportado<br />

em Linhares, região norte capixaba. “O protocolo vem<br />

criar certa formalização do investimento, embora não<br />

signifique uma decisão final”, ressalta o secretário.<br />

Segundo a Petrobras, o empreendimento deverá atrair<br />

outros investimentos ligados à produção de insumos<br />

agrícolas. “O complexo atrairá a instalação de uma série<br />

de outras <strong>empresas</strong> da cadesia de fertilizantes, ligadas ao<br />

setor agrícola e da cadeia de produtos químicos. Assim<br />

como <strong>empresas</strong> fornecedoras de serviços, locação de<br />

máquinas, entre outras”, diz a empresa em nota.<br />

Embora não tenha revelado o tamanho da produção e<br />

eaáreanecessária,aPetrobrasnegociaacompradeum<br />

terreno em Linhares. A companhia pretende instalar o<br />

complexo em um raio de 15 quilômetros da UTGC, onde<br />

processará 11 milhões de metros cúbicos diários de gás<br />

natural.Oplanoéficarpróximodausinadegásparare-<br />

duzir custos com logística, que será feita por meio de um<br />

gasodutoentreocomplexoeaUTGC.<br />

O projeto da Petrobras integra outros 100 em discussão<br />

junto à Secretaria de Desenvolvimento capixaba,<br />

que estima uma injeção de R$ 65 bilhões no estado nos<br />

próximos cinco anos. “Temos uma série de investimentosemdiscussão,ametadedelesseránaáreadepetróleo<br />

e gás”, diz Félix. ■ Nivaldo Souza<br />

DilmaelogiacaçadaBoeing<br />

O jato F-18, da Boeing, seria o melhor<br />

entre os três caças finalistas na licitação<br />

para a Força Aérea <strong>Brasil</strong>eira (FAB)<br />

na avaliação da presidente Dilma<br />

Rousseff, mas desde que a eventual<br />

compra venha acompanhada de melhores<br />

condições na transferência de<br />

tecnologia. A preferência de Dilma, segundo<br />

a agência Reuters, teria sido discutida<br />

durante reunião com o secretá-<br />

Preço desafia grande lote de ações<br />

A BM&FBovespa convocou as corretoras<br />

ontem para apresentar o projeto<br />

de criação de plataforma de negociação<br />

de grandes lotes de ações, mas terminou<br />

o encontro sem detalhar como<br />

será seu funcionamento. Conhecido<br />

como “block trading facility”, esse<br />

pregão paralelo permite a venda de<br />

grandes quantias sem impactar o preço<br />

dos papéis no pregão regular. A<br />

precificação das ações, aliás, desafia a<br />

bolsa. Em princípio, a proposta é de<br />

que as cotações nos negócios em<br />

grandes lotes seja a média dos preços<br />

de compra e venda no mercado regu-<br />

DESTAQUE<br />

Bolha de commodities é pouco provável, aponta LCA<br />

Estudo da consultoria mostra que, embora exista um<br />

aumento de liquidez, a alta das commodities foi puxada<br />

por fundamentos, e uma correção de preços é pouco<br />

provável. Isso não exclui a possibilidade de futuras<br />

variações expressivas. “A liquidez vai na direção da<br />

demanda mundial”, afirma o economista Flávio Samara.<br />

Acompanhe em tempo real<br />

www.brasileconomico.com.br<br />

lar. Mas para evitar manipulação, não<br />

deverão ser tomados como referência<br />

os preços do momento de fechamento<br />

da operação. Uma alternativa, segundo<br />

a bolsa, é calcular a cotação dos<br />

grandes lotes a partir da média dos<br />

preços nas operações dos cinco minutos<br />

seguintes — o que significaria que,<br />

no pregão paralelo, o negócio seria fechado<br />

sem que as partes soubessem<br />

exatamente a quanto. Também está<br />

sendo definido se o pregão paralelo<br />

funcionará durante todo o pregão regular<br />

ou em “calls” predeterminados<br />

ao longo do dia. ■ Mariana Segala<br />

rio do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy<br />

Geithner, na última segundafeira.<br />

Dilma teria falado de sua preocupação<br />

para que a escolha definitiva permita<br />

que o <strong>Brasil</strong> obtenha ajuda para<br />

desenvolver sua própria indústria de<br />

defesa. Os demais concorrentes no processo<br />

de compra dos caças são o Rafale,<br />

da francesa Dassault, e o Gripen NG<br />

produzido pela sueca Saab. ■ Reuters<br />

www.brasileconomico.com.br<br />

MAIS LIDAS ONTEM<br />

● IPO do LinkedIn será termômetro de bolha no setor<br />

● Fundo do JPMorgan pode aplicar US$ 500 mi no <strong>Brasil</strong><br />

● IPCA acelera em janeiro, por alimentos e ônibus<br />

● Mantega: inflação vai desacelerar nos próximos meses<br />

● China eleva taxa básica de juros em 0,25 ponto<br />

Leia versão completa em<br />

www.brasileconomico.com.br<br />

Fotos: divulgação<br />

Marcela Beltrão<br />

Ricardo Galuppo<br />

rgaluppo@brasileconomico.com.br<br />

Diretor de Redação<br />

Batuque na Esplanada<br />

A manifestação feita ontem em Brasília contra a<br />

construção da usina de Belo Monte serviu mais uma<br />

vez para mostrar o quanto as discussões desse tema<br />

andam afastadas da realidade. A hidrelétrica, que<br />

deverá ter uma potência superior a 11 mil megawatts<br />

(MW), será a terceira maior do mundo quando estiver<br />

concluída. Ela será fundamental para que o <strong>Brasil</strong><br />

tenha energia para atender às necessidades da população<br />

com base numa fonte limpa e segura. Por<br />

maior que seja a área inundada por Belo Monte, seus<br />

danos ambientais serão inferiores aos de uma termelétrica.<br />

(A usina alagará 512 quilômetros quadrados.<br />

Isso é menos da metade do lago de Itaipu, que tem<br />

1.350 quilômetros quadrados.) Qual seria a emissão<br />

depoluentesparasechegaraesses11milMWem<br />

usinas a óleo? Quanto urânio seria preciso enriquecer<br />

para gerar 11 mil MW em energia nuclear? O que<br />

os militantes fantasiados de índios, assim como os<br />

índios de verdade que estiveram ontem na Esplanada<br />

dos Ministérios, querem? Que o país pare no tempo?<br />

Ninguém deseja, claro, a implantação de uma hidrelétrica<br />

ou de qualquer projeto de alto impacto<br />

comomesmodesmazeloambientaleomesmodesprezo<br />

pelas questões sociais que se via no tempo da<br />

ditadura. Isso, não. Mas também não se pode aceitar<br />

comoverdadeirososargumentoschantagistasde<br />

gente que não pensa nas consequências que a proibição<br />

da obra pode causar a milhões de brasileiros.<br />

Quantas toneladas de poluentes<br />

seriam emitidas para se chegar<br />

aosmesmos11milMWdeBelo<br />

Monte em usinas movidas a óleo?<br />

O <strong>Brasil</strong> tem mais possibilidades do que qualquer<br />

outro país para liderar a corrida por uma fonte limpa<br />

de energia. As terras pouco aproveitadas da caatinga<br />

nordestina podem se transformar em centros avançados<br />

para coleta de energia solar. Os ventos do litoral<br />

podem gerar energia em usinas eólicas de última<br />

geração. O etanol, o biodiesel, o lixo, os esgotos,<br />

tudo isso poderá servir de fonte renovável para geração<br />

de energia. Mas que ninguém se iluda: nada será<br />

capaz de substituir Belo Monte no curto prazo, sobretudo<br />

quando se sabe que a nova usina não será erguida<br />

para garantir o aumento de uma demanda no<br />

futuro, mas para cobrir o déficit no presente. É preciso<br />

chegar a uma solução de bom senso, mas, até lá,<br />

ainda vai se ouvir muito batuque na Esplanada. ■<br />

ENQUETE<br />

Você espera<br />

uma temporada<br />

de resultados<br />

corporativos<br />

positiva<br />

no <strong>Brasil</strong>?<br />

Sim<br />

89%<br />

Fonte: <strong>Brasil</strong>Economico.com.br<br />

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