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QUARTA-FEIRA, 9 DE FEVEREIRO, 2011 | ANO 3 | Nº 367 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 3,00<br />
Aumento no volume de transações<br />
entre <strong>empresas</strong> globalizadas pede<br />
novo modelo para órgãos nacionais<br />
de defesa da concorrência ➥ P30<br />
Multa por apagão de 2009 não<br />
vai garantir punição a Furnas<br />
Empresa deve contestar na Justiça a penalidade aplicada ontem pela Aneel. Investigação de blecaute de sexta ainda não começou<br />
Mais de um ano após o apagão que deixou<br />
18 estados às escuras, foi definida a punição<br />
para Furnas, uma multa de R$ 43,3<br />
milhões. Valor deve ser contestado na Jus-<br />
tiça. As investigações pela interrupção do<br />
fornecimento de energia da última sextafeira,<br />
que atingiu oito estados do Nordeste,<br />
devem seguir o mesmo caminho. Cer-<br />
Volvo produzirá câmbio<br />
automatizado no <strong>Brasil</strong><br />
Montadora sueca investirá R$ 25 milhões em uma nova fábrica para<br />
nacionalizar a produção da caixa de câmbio I-Shift. No ano passado,<br />
a tecnologia equipou 60% dos caminhões Volvo vendidos no país. ➥ P23<br />
Grife argentina La Martina,<br />
dirigida por Tomás Lanzillotta,<br />
revê estratégia e passa a comandar<br />
sua operação no <strong>Brasil</strong> ➥ P28<br />
Divulgação<br />
Roger Alm, presidente<br />
da Volvo: ”Estamos<br />
preparados para<br />
crescer no país”<br />
ca de 80% do polo petroquímico de Camaçari,<br />
na Bahia, ainda está parado. Em<br />
São Paulo, 2,5 milhões de pessoas ficaram<br />
20 minutos sem energia ontem. ➥ P4<br />
Mais 6 mil<br />
correntistas<br />
milionários<br />
Número de clientes do segmento<br />
conhecido como private banking<br />
aumentou 11% no último ano, para<br />
63 mil pessoas, com aplicações<br />
acima de R$ 1 milhão. O volume de<br />
ativos chegou a R$ 371 bilhões. ➥P32<br />
Descontos de R$ 1 milhão<br />
na conta de luz favoreceram<br />
recicladores do Rio e Ceará. ➥ P16<br />
Inflação sobe e não se limita<br />
apenas ao preço dos alimentos<br />
Indicadores confirmam que a alta do custo de vida é resultado<br />
da demanda aquecida, e não apenas de fatores sazonais. ➥ P12<br />
Genéricos vão movimentar<br />
R$ 600 milhões neste ano<br />
A quebra de patente de pelo menos 11 medicamentos vai estimular as<br />
vendas das indústrias do setor, que faturou R$ 6,2 bilhões em 2010. ➥ P15<br />
Accor adota sistema de franquia<br />
para ser o fast-food dos hotéis<br />
Companhia faz adaptação da bandeira Formule 1 para um modelo<br />
voltado a cidades do interior e para o Nordeste do país. ➥ P20<br />
Aposentadoria deixa de ser o<br />
objetivo da previdência privada<br />
Cerca de 80% dos poupadores no país acumulam recursos para outras<br />
finalidades, como aquisição de imóveis, veículos e viagens. ➥ P34<br />
INDICADORES<br />
TAXAS DE CÂMBIO COMPRA<br />
8.2.2010<br />
VENDA<br />
▼ Dólar Ptax (R$/US$) 1,6703 1,6711<br />
▼ Dólar comercial (R$/US$) 1,6650 1,6670<br />
▲ Euro (R$/€)<br />
2,2791 2,2804<br />
▲ Euro (US$/€)<br />
1,3645 1,3646<br />
▼ Peso argentino (R$/$) 0,4154 0,4161<br />
JUROS META EFETIVA<br />
■ Selic (a.a.)<br />
11,25% 11,17%<br />
BOLSAS VAR. % ÍNDICES<br />
▲ Bovespa - São Paulo 0,63 65.771,33<br />
▲ Dow Jones - Nova York 0,59 12.233,15<br />
▲ Nasdaq - Nova York 0,47 2.797,05<br />
▲ S&P 500 - Nova York 0,42 1.324,57<br />
▲ FTSE 100 - Londres 0,67 6.091,33<br />
▼ Hang Seng - Hong Kong -0,29 23.484,30<br />
Murillo Constantino
2 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
Em alta<br />
Marcela Beltrão<br />
Accor oferece franquias do<br />
Formule 1 no interior do país<br />
O grupo, conhecido mundialmente pelos<br />
hotéis econômicos, adota nova estratégia<br />
no mercado brasileiro, com a oferta de<br />
100 franquias da bandeira Formule 1 a<br />
investidores. O novo formato oferece<br />
edifícios menores, de 60 a 80 quartos,<br />
enquanto as unidades existentes contam<br />
com 200 a 300 acomodações. “Queremos<br />
atender o interior do <strong>Brasil</strong>, que não<br />
comporta uma estrutura como a das<br />
grandes cidades”, diz Abel Castro, diretor<br />
de desenvolvimento da Accor <strong>Brasil</strong>.<br />
A primeira unidade neste formato, com<br />
88 quartos, será inaugurada neste<br />
semestre, em Piracicaba (SP). ➥ P20<br />
São 150 mil brasileiros com<br />
mais de R$ 1 mi para investir<br />
Estimativa é de Celso Portásio, presidente<br />
do comitê de private banking da<br />
Associação Nacional das Entidades dos<br />
Mercados Financeiro e de Capitais<br />
(Anbima), levando em conta pessoas que<br />
disponham de quantias acima de R$ 1<br />
milhão para aplicações financeiras. De<br />
acordo com os dados da Anbima, em um<br />
ano, o número de clientes do chamado<br />
“private banking”, área das instituições<br />
financeiras, que atende o público com<br />
disponibilidades naquela faixa, passou de<br />
56,99 mil para 63,22 mil pessoas. Alguns<br />
bancos, inclusive, elevaram o limite para o<br />
“private”, como o Santander, cujo volume<br />
mínimo, agora, é de R$ 3 milhões. ➥ P32<br />
Whirlpool organiza-se para<br />
enfrentar a LG e a Samsung<br />
A empresa americana que detém as<br />
marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid,<br />
que enfrenta concorrentes tradicionais<br />
como Mabe e Electrolux, prepara-se<br />
também para a entrada das gigantes<br />
coreanas de eletroeletrônicos LG e<br />
Samsung no mercado brasileiro. “Com<br />
a nova realidade econômica do país, as<br />
pessoas estão propícias a adquirir um novo<br />
produto e temos grandes oportunidades<br />
para crescer este ano”, diz Claudia Sender,<br />
diretora de marketing da Whirlpool Latin<br />
America. A empresa aposta na recompra<br />
de bens duráveis por grande parcela da<br />
população, beneficiada pelo aumento da<br />
renda e facilidade de crédito. ➥ P26<br />
NESTA EDIÇÃO<br />
Volvo nacionaliza caixas de câmbio<br />
Fotos: divulgação<br />
Decisão, de acordo com Roger Alm, presidente da Volvo Latin<br />
America, se deve ao aumento da procura pelas caixas de<br />
câmbio automatizadas no país, que tinham participação de 3%<br />
em 2006, passaram para 40% em 2009 e encerraram 2010<br />
com 60%. Serão investidos R$ 25 milhões na unidade. ➥ P23<br />
Novo mínimo pode ser votado na terça<br />
Base governista e oposição se preparam para o primeiro<br />
embatenoplenáriocomavotaçãodoaumentodosalário<br />
mínimo. O Palácio do Planalto, que defende o piso de<br />
R$ 545, quer regime de urgência para a votação. ➥ P14<br />
Fim de patentes agita área de genéricos<br />
São 11 medicamentos, cuja exclusividade acaba no<br />
decorrer deste ano, o que deve acirrar a concorrência<br />
num mercado que movimenta mais de R$ 6 bilhões<br />
e deve receber, no mínimo, mais R$ 600 milhões. ➥ P15<br />
Lixo rende desconto na conta de luz<br />
Iniciativa é da Endesa <strong>Brasil</strong>, que através de suas controladas,<br />
as distribuidoras Coelce, no Ceará, e Ampla, no Rio,<br />
incentiva a população a recolher os materiais recicláveis.<br />
O próximo passo é atrair os shopping centers. ➥ P16<br />
AFRASE<br />
“Em ambos os casos seria<br />
catastrófico para o Egito”<br />
Naguib Sawiris, líder empresarial egípcio, sobre a possibilidade de o clima<br />
político no país evoluir para a intervenção direta do Exército ou para a<br />
ascensão da Irmandade Muçulmana ao poder. Ele defende o afastamento<br />
negociado do presidente Hosni Mubarak e a convocação de eleições.<br />
Harley-Davidson ganha velocidade<br />
A grife das motos planeja atuação mais direta no <strong>Brasil</strong>,<br />
com a ampliação do número de revendas. Duas delas já<br />
foram nomeadas, em São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG),<br />
e iniciam as vendas dos veículos em março e abril. ➥ P18<br />
País disputa nova unidade da Vulkan<br />
Filial brasileira da empresa alemã de motores navais<br />
e industriais reivindica recursos para erguer a nova<br />
fábrica e compete com suas congêneres da China e da<br />
Índia. A decisão deve ser anunciada em abril. ➥ P22<br />
IP direciona produção para países da AL<br />
Com vendas líquidas de US$ 1 bilhão no ano passado,<br />
International Paper decide destinar a produção da unidade<br />
brasileira para os países da América Latina. Atualmente,<br />
metade é destinada ao mercado externo. ➥ P24<br />
Marcela Beltrão<br />
Justiça deve se adaptar ao mundo on-line<br />
“O espaço virtual não preenche mais as características<br />
tradicionalmente avaliadas, já que até agora sempre se<br />
pensou em termos territoriais. É um desafio para o direito de<br />
concorrência”, afirma o prof. Tércio Sampaio,daUSP.➥ P30<br />
La Martina planeja expansão no <strong>Brasil</strong><br />
Grife argentina rompe com a representante e passa a atuar<br />
diretamente no mercado brasileiro, com planos de chegar<br />
90 pontos de venda multimarcas e 15 unidades franqueadas<br />
até 2014. “Não precisamos mais do que isso”, diz Tomás<br />
Lanzillotta, diretor executivo. ➥ P28<br />
LogFashion cuida da logística da moda<br />
Especializada no atendimento de <strong>empresas</strong> de tecnologia,<br />
quando se chamava Tecni Express, empresa troca este<br />
segmento por varejistas e grifes, como Menta, FatalSurf,<br />
ZorbaeHanes,entreoutras.➥P29 Shawn Baldwin/Bloomberg
RENATO RUSSO, VICE-PRESIDENTE DE VIDA E PREVIDÊNCIA DA SULAMÉRICA<br />
É cada vez menor o número de aplicadores em planos de previdência complementar<br />
que destinam os recursos acumulados à aposentadoria, constata Renato Russo,<br />
vice-presidente da Vida e Previdência da SulAmérica. ➥ P34<br />
Presidente do Conselho de Administração<br />
Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos<br />
Diretor-Presidente José Mascarenhas<br />
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BRASIL ECONÔMICO é uma publicação<br />
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Cristina Diogo (Gerente Comercial)<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 3<br />
EDITORIAL<br />
Os apagões<br />
voltam à<br />
ordem do dia<br />
Uma das maldades cometidas por críticos<br />
da então ministra de Minas e EnergiaDilmaRoussefferadequehaviano<br />
ministério uma torcida permanente<br />
para que o país continuasse com baixas<br />
taxas de crescimento. É que projeções<br />
dos técnicos indicavam a possibilidade<br />
de um colapso no fornecimento de<br />
energia caso a economia registrasse expansão<br />
superior a 5%. Os comentários<br />
maldosos, agora engrossados por apoiadores<br />
de pré-candidatos presidenciais<br />
da oposição, aumentaram quando a então<br />
ministra, já no comando da Casa Civil,<br />
surgiu como a opção petista para<br />
suceder o presidente Luiz Inácio Lula da<br />
Silva. Houve até quem insinuasse que a<br />
crise de 2008 teria ajudado a então précandidata,<br />
com a retração econômica<br />
de 2009 evitando a escassez energética.<br />
Mesmo com a economia ainda retraída,<br />
mas já revelando sinais de recuperação,<br />
cerca de 40% do território nacional<br />
foi atingido por um blecaute na noite de<br />
10 de novembro daquele ano. Responsabilizada<br />
pelo episódio, Furnas Centrais<br />
Elétricas, controlada pela estatal<br />
Eletrobras, recebeu multa de R$ 53,7<br />
milhões aplicada pela Agência Nacional<br />
de Energia Elétrica (Aneel), que ontem<br />
reduziu o valor para R$ 43,3 milhões,<br />
ainda assim o maior já aplicado pela<br />
agência reguladora.<br />
A presidente Dilma Rousseff<br />
decidiu assumir a linha de<br />
frente nas discussões sobre<br />
o apagão de sexta-feira<br />
Cálculos preliminares indicam um<br />
crescimento econômico de 7% a 8%<br />
em 2010, mas o fornecimento de energia<br />
aconteceu sem sobressaltos o ano<br />
todo para desespero dos mais maldosos.<br />
Na madrugada de sexta-feira, contudo,<br />
a gestão Dilma foi surpreendida<br />
pelo seu primeiro apagão, que atingiu<br />
oito estados nordestinos. Ontem, a falha<br />
de um transformador deixou 2,5<br />
milhões de paulistanos sem energia por<br />
quase meia hora.<br />
O “mini pagão” aconteceu no momento<br />
em que os presidentes do Operador<br />
Nacional do Sistema Elétrico e da<br />
Empresa de Pesquisa Energética eram<br />
convocados às pressas pelo Palácio do<br />
Planalto. Uma indicação de que a presidente<br />
Dilma Rousseff decidiu assumir a<br />
linha de frente na solução do problema<br />
e, com isso, tentar evitar que surjam<br />
motivos para novas maldades. ■<br />
Rua do Riachuelo, 359 – 5º andar - CEP 20230-902 –<br />
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Jornalista Responsável Ricardo Galuppo<br />
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Editora O Dia S.A. (RJ)<br />
Nova Forma (SP)<br />
FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO)
4 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
DESTAQUE ENERGIA<br />
Apagão de 2009 ainda<br />
está sem punição<br />
Furnas deve contestar multa na Justiça. Blecaute de sexta tende a ter mesmo caminho<br />
Ricardo Rego Monteiro<br />
rmonteiro@brasileconomico.com.br<br />
Mais de um ano após o traumático<br />
apagão de 2009, que interrompeu<br />
o fornecimento de energia em<br />
quase dois terços do território nacional,<br />
a estatal Furnas Centrais<br />
Elétricas ainda luta contra a milionária<br />
punição aplicada pela<br />
Agência Nacional de Energia Elétrica<br />
(Aneel). Ontem, a diretoria<br />
colegiada do órgão regulador reduziu<br />
em R$ 10 milhões o valor da<br />
multaaplicadanoanopassado—<br />
de R$ 53,7 milhões —, por responsabilidade<br />
no episódio. O valor,<br />
que agora deverá ser questionado<br />
pela estatal na Justiça comum,<br />
caiu para R$ 43,3 milhões,<br />
mas ainda representa a maior<br />
multajáaplicadadesdeacriação<br />
da Aneel, no fim da década de 90.<br />
Oimbróglio,deacordocom<br />
especialistas do setor, indica o<br />
roteiro que provavelmente deverão<br />
seguir as atuais discussões<br />
sobre as causas do apagão da<br />
madrugada da última sexta-feira,<br />
que interrompeu o fornecimento<br />
em oito estados do Nordeste.<br />
Ontem à tarde, dia seguinte<br />
à reunião de mais de quatro<br />
horas do Comitê de Monitoramento<br />
do Setor Elétrico<br />
(CMSE) para discutir as causas da<br />
nova ocorrência, os presidentes<br />
do Operador Nacional do Sistema<br />
Elétrico (ONS), Hermes Chipp, e<br />
da Empresa de Pesquisa Energética<br />
(EPE), Mauricio Tolmasquim,<br />
foram chamados às pressas, para<br />
Brasília, para novo encontro, desta<br />
vez com a presidente Dilma<br />
Rousseff, que decidiu assumir a<br />
linha de frente das discussões.<br />
Com relação à multa aplicada<br />
a Furnas, a diretoria da estatal<br />
informou que só irá se pronunciar<br />
depois de comunicada oficialmente<br />
da decisão pelo órgão<br />
regulador. Fontes ligadas à<br />
companhia, no entanto, admitiram<br />
que a tendência é contestar<br />
judicialmente a punição,<br />
com argumento de que, em relatório,<br />
a própria Eletrobras, a<br />
holding do setor, isentou Furnas<br />
de responsabilidade na pane.<br />
Investigação conduzida pelo<br />
governo atribuiu o problema a<br />
um curto circuito em três circuitos<br />
— supostamente causado<br />
porumraio—daslinhasde<br />
transmissão de Itaipu para o<br />
municípiodeItaberá(SP).<br />
Relator do recurso de Furnas,<br />
Romeu Donizete Rufino, diretor<br />
da Aneel, baseou a decisão, no<br />
entanto, em três argumentos.<br />
Para ele, a empresa teria respon-<br />
Desde ontem,<br />
o ONS trabalha na<br />
versão preliminar do<br />
Relatório de Análise<br />
de Perturbação,<br />
que deverá indicar<br />
as causas do apagão<br />
de sexta-feira (dia 4).<br />
Com o documento,<br />
a Aneel iniciará<br />
um trabalho mais<br />
pormenorizado<br />
de investigação do<br />
problema<br />
sabilidade não só pelo desligamento<br />
das linhas de transmissão<br />
causadoras do apagão, mas também<br />
por não promover a manutenção<br />
adequada do equipamento<br />
e por demorar a recompor<br />
o sistema. “Na visão da fiscalização,<br />
o valor da multa é<br />
compatível com a gravidade da<br />
infração”, disse o relator.<br />
Tensão em Brasília<br />
O julgamento do recurso de Furnas<br />
voltou a ganhar importância<br />
não por causa do apagão da semana<br />
passada, que trouxe novamenteàtonaofantasmadeuma<br />
possível fragilidade do sistema<br />
elétrico brasileiro, e também<br />
pelo turbulento processo de<br />
substituição do comando das estatais<br />
do setor. O episódio só aumentou<br />
a tensão nos corredores<br />
do Ministério de Minas e Energia<br />
e das estatais da área energética.<br />
A tensão é tanta que o próprio<br />
ministro Edison Lobão, recomendou,<br />
durante o encontro,<br />
que os participantes evitassem<br />
falar com a imprensa nas próximas<br />
horas. Apenas o ministro ou<br />
o secretário executivo do Ministério,<br />
Márcio Zimmerman poderiam<br />
se pronunciar oficialmente.<br />
Relatório até o fim da semana<br />
Desde ontem técnicos e a diretoria<br />
do ONS trabalham na elaboração<br />
de uma versão preliminar do<br />
Relatório de Análise de Perturbação<br />
(RAP), que deverá indicar as<br />
causas do apagão de sexta-feira.<br />
A orientação do órgão é para encaminhá-lo<br />
até o fim da semana<br />
para a Central Hidrelétrica do São<br />
Francisco (Chesf), a geradora estataldaregião,eparaasdistribuidoras<br />
dos oitos estados afetados.<br />
De posse do documento, as<br />
<strong>empresas</strong> poderão contestar detalhes<br />
do trabalho e também<br />
acrescentar informações.<br />
ApartirdoRAP,aAneeliniciará<br />
um trabalho mais pormenorizado<br />
de investigação do apagão,<br />
não só com recomendações<br />
de providências, mas também<br />
com eventuais punições. Diagnóstico<br />
preliminar do ONS, divulgado<br />
horas depois do incidente,<br />
indica falha no software que<br />
protege as operações da subestação<br />
de Luiz Gonzaga, da Chesf. O<br />
equipamento interpretou uma<br />
suposta falha no fornecimento e<br />
determinou o desligamento das<br />
linhas como forma de proteger o<br />
sistema. A explicação, no entanto,<br />
não teria convencido a presidente<br />
Dilma Rousseff, segundo<br />
interlocutores do setor. ■<br />
VENCEM EM 2015<br />
Contratos de concessão<br />
seguem sem definição<br />
Com pelo menos 120 contratos de<br />
concessão com data de vencimento<br />
de 2015, o segmento elétrico conta<br />
apenas com a sinalização de Edison<br />
Lobão, ministro de Minas e Energia,<br />
de que o assunto deve ser discutido<br />
ainda este ano. Para Elena Landau,<br />
diretora jurídica da Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira de Companhias de<br />
Energia Elétrica (ABCE), o governo<br />
já está atrasado. “O prazo venceu<br />
no ano passado”, diz. Ela explica<br />
queaausênciadedecisão<br />
impede um posicionamento das<br />
companhias, que, sem detalhes,<br />
não podem discutir internamente<br />
suas condições para a renovação.<br />
É o caso da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />
dos Distribuidores de Energia<br />
Elétrica (Abradee), em que as<br />
opiniões se dividem entre a defesa<br />
darenovaçãodecontratoseade<br />
nova licitação. Sem parâmetro para<br />
discutir o melhor cenário para suas<br />
associadas, a Abradee ainda não<br />
chegou a um consenso sobre qual<br />
será seu posicionamento. Nelson<br />
Leite, presidente da Abradee,<br />
diz que a instituição deve realizar<br />
reuniões ao longo do ano para<br />
que as concessionárias entrem<br />
em acordo. Weruska Goeking<br />
POLO PETROQUÍMICO DE<br />
Associações se<br />
Priscila Machado<br />
pmachado@brasileconomico.com.br<br />
Enquanto o governo não sinaliza<br />
a política que irá adotar<br />
em relação a renovação das<br />
concessões no setor elétrico e<br />
adia a implementação do terceiro<br />
ciclo de revisão tarifária,<br />
as entidades do segmento vão<br />
à Justiça e ao Congresso para<br />
mudar algumas diretrizes da<br />
área de energia.<br />
A Associação Nacional dos<br />
Consumidores de Energia<br />
(Anace) e outras associações<br />
estão batendo na porta dos<br />
parlamentares para evitar que<br />
a prorrogação da Reserva Global<br />
de Reversão (RGR) até 2035<br />
seja mantida. O objetivo é reabrir<br />
o debate sobre o encargo e<br />
impedir que o projeto seja<br />
convertido em lei.<br />
De acordo com Carlos Faria,<br />
presidente da Anace, a RGR gera<br />
um custo adicional na conta de<br />
luz de aproximadamente R$ 2<br />
bilhões ao ano — na estimativa<br />
da Agência Nacional de Energia<br />
Elétrica (Aneel), esse valor é de<br />
R$ 1,66 bilhão — e sua eliminação<br />
promoveria um desconto<br />
entre 1,5% e 3% na conta do<br />
consumidor final. Segundo ele,<br />
em linhas gerais, o recurso é<br />
destinado ao programa Luz Para<br />
Todos e à manutenção do sistema<br />
elétrico. “O caixa da RGR,<br />
administrado pela Eletrobras,<br />
tem cerca de R$ 16 bilhões, esse<br />
recurso por si só é suficiente<br />
para terminar o Luz Para Todos”,<br />
afirma Faria.<br />
Com este argumento, o<br />
presidente da Anace segue dizendoqueaRGR,criadaem<br />
1957, é um encargo que perdeuarazãodeexistirequeos<br />
23 tipos de impostos e 13 tipos
LEIA MAIS<br />
Aneel não exige valor<br />
detalhado aplicado em<br />
manutenção das redes de<br />
transmissão e ainda reduz<br />
multas aplicadas no ano<br />
passado em mais de 40%.<br />
CAMAÇARI ESTÁ PARADO DESDE O APAGÃO DA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA<br />
Mais de 2 milhões de<br />
paulistanos ficaram 20<br />
minutos sem luz ontem, por<br />
problema em transformador.<br />
Aeroporto de Congonhas manteve<br />
operação com geradores.<br />
Depois de comprar<br />
sete <strong>empresas</strong> da área<br />
de transmissão de energia,<br />
chineses devem estabelecer um<br />
novo cenário para o segmento,<br />
forçando queda de tarifas.<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 5<br />
Arestides Baptista/Folhapress<br />
Cerca de 80% do<br />
Polo Petroquímico<br />
de Camaçari, na Bahia,<br />
que abriga <strong>empresas</strong><br />
como Braskem, Dow<br />
e Dupont, está parado<br />
desde a madrugada<br />
da última sexta-feira,<br />
dia 4, em função do<br />
apagão que afetou oito<br />
estados do Nordeste.<br />
Segundo o Comitê<br />
de Fomento Industrial<br />
de Camaçari, os prejuízos<br />
pelos dias parados ainda<br />
estão sendo calculados,<br />
e a estimativa é que<br />
a operação volte<br />
ao normal apenas<br />
na próxima semana.<br />
O fornecimento<br />
de energia no local<br />
foi retomado, mas<br />
oproblemaéque<br />
as <strong>empresas</strong> precisam<br />
fazer ajustes para<br />
retomar a produção<br />
com segurança, visto<br />
que ela foi interrompida<br />
abruptamente.<br />
Doscomplexosdopolo<br />
de Camaçari, apenas<br />
odaFord,quevoltouà<br />
produção normal ainda<br />
nodia4.Deacordo<br />
com a montadora, 400<br />
automóveis Fiesta e<br />
EcoSport deixaram de ser<br />
produzidos, quase metade<br />
da capacidade diária da<br />
unidade. Fabiana Parajara<br />
unem contra fundo estatal do setor<br />
de encargos embutidos na fatura<br />
dariam conta de atender<br />
a demanda de ajustes no segmento.<br />
Além da Anace, outras<br />
13 associações estão em con-<br />
AFRASE<br />
“Quem vai fazer<br />
investimento sem<br />
saber se, a partir<br />
de 2015, vai<br />
ter concessão?”<br />
Carlos Faria,<br />
presidente da Anace<br />
tato com deputados para evitar<br />
a lei. Algumas emendas à<br />
Medida Provisória, publicada<br />
no dia 31 de dezembro, já foram<br />
apresentadas.<br />
Divulgação<br />
Apagão<br />
Questionado sobre a retirada de<br />
um encargo que também é dirigido<br />
a reparos no sistema, dias após<br />
um apagão que deixou sete estados<br />
do Nordeste sem energia, Faria<br />
diz que o <strong>Brasil</strong> tem um sistema<br />
elétrico interligado, o que<br />
pode provocar problemas eventuais<br />
de desligamento. Para ele, a<br />
falha da última sexta-feira remete<br />
a questão das concessões. “Quem<br />
vai fazer investimento se não sabe<br />
se a partir de 2015 vai ter a concessão?”,<br />
questiona (leia mais ao<br />
lado). Segundo Faria, as <strong>empresas</strong><br />
só farão neste momento a manutenção<br />
necessária. Ele destaca<br />
ainda a dificuldade de obter financiamento<br />
neste contexto.<br />
Outras ações<br />
O Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de Defesa<br />
do Consumidor pediu à Aneel a<br />
restrição do sistema pré-pago<br />
de energia nos medidores inteligentes.<br />
Para a entidade, o fornecimentopré-pagofereaLei<br />
de Concessão de Serviços Públicos<br />
e o Código de Defesa do<br />
Consumidor que diz que energia<br />
elétrica é um serviço essencial à<br />
população e, por isso, deve ser<br />
prestado com qualidade, eficiência<br />
e continuidade. A entidade<br />
alerta que o sistema de<br />
pré-pagamento, por proporcionar<br />
a desconexão automática<br />
dos consumidores sem prévio<br />
aviso, coloca o cliente em situação<br />
de vulnerabilidade.<br />
A Associação <strong>Brasil</strong>eira das<br />
Grandes Empresas de Transmissão<br />
de Energia Elétrica (Abrate)<br />
também quer mudança na regulação<br />
do setor. A entidade vai entrar<br />
na justiça contra a metodologia<br />
aplicada pela Aneel na revisão<br />
dos contratos das tarifas cobradas<br />
pelas transmissoras. ■<br />
RGR<br />
✽<br />
Eletrobras administra<br />
caixadeR$16bilhões<br />
A Reserva Global de Reversão<br />
(RGR) é usada em vários<br />
projetos como o Luz para<br />
Todos. Os aportes deste encargo,<br />
criado em 1957, também<br />
são direcionados às obras de<br />
expansão do sistema elétrico,<br />
como a revitalização de parques<br />
térmicos. Na condição de gestora<br />
dos recursos oriundos da RGR,<br />
a Eletrobras administra um<br />
caixa que soma R$ 16 bilhões.
6 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
DESTAQUE ENERGIA<br />
Aneel não<br />
exige valor<br />
detalhado de<br />
manutenção<br />
Ao prestar contas, <strong>empresas</strong> juntam novos<br />
investimentos com preservação de antigos<br />
Juliana Rangel<br />
jrangel@brasileconomico.com.br<br />
Apesar de o governo insistir que<br />
a manutenção da subestação de<br />
Luiz Gonzaga, em Pernambuco,<br />
estava em dia quando ocorreu o<br />
apagão do Nordeste na semana<br />
passada, a Eletrobras, estatal<br />
que abriga Chesf, Eletronorte,<br />
Furnas e Eletrosul, não detalha<br />
quanto do orçamento de suas<br />
<strong>empresas</strong> vai para preservação e<br />
reparo de equipamentos antigos.<br />
O bolo, divulgado sob a rubrica<br />
transmissão, inclui o total<br />
destinado a ampliação e construção<br />
de novas linhas.<br />
Segundo a empresa, a Agência<br />
Nacional de Energia Elétrica<br />
(Aneel) não exige a discriminação.<br />
O procedimento, na avaliação<br />
de técnicos, impede um<br />
acompanhamento acurado da<br />
qualidade dos investimentos e<br />
da preocupação das <strong>empresas</strong><br />
com a manutenção de sistemas.<br />
Por e-mail, a assessoria de imprensa<br />
disse que, para levantar a<br />
informação, a Eletrobras teria<br />
que “consultar cada contrato de<br />
obra e analisá-lo de maneira a<br />
separar o que é manutenção,<br />
manutenção relacionada à implantação<br />
de novas linhas e subestações<br />
novas e investimentos<br />
apenas em novas linhas de<br />
transmissão e subestações”.<br />
No ano passado, Furnas aplicou<br />
20% de seus investimentos<br />
totais, de R$ 1,245 bilhão, em<br />
transmissão de acordo com a<br />
Eletrobras. Ou seja, R$ 249 milhões<br />
que incluem tanto o que foi<br />
destinado à preservação de peças<br />
e equipamentos antigos quanto o<br />
que foi para a expansão da rede.<br />
No caso da Chesf, responsável<br />
pela região onde ocorreu o apagão<br />
na última sexta-feira, os investimentos<br />
totais em transmissão<br />
somam 58% do orçamentonoano,ouR$457,9milhões.<br />
Na Eletronorte, o valor foi<br />
equivalente a 84% do orçamento:<br />
R$ 351,4 milhões. E, na Eletrosul,<br />
16%, ou R$ 100 milhões.<br />
Umtécnicodosetorquejá<br />
trabalhou para o governo acha<br />
que existe falta de transparência<br />
na fiscalização da Aneel e<br />
na imputação de multas (leia<br />
mais no box ao lado). Ele também<br />
ressalta que até hoje o<br />
“Tudobemumsistema<br />
cair. Acontece.<br />
Mas deixar os<br />
estados sem luz por<br />
mais de três horas<br />
é totalmente absurdo<br />
Luiz Pinguelli Rosa,<br />
diretor da Coppe UFRJ<br />
FALHA EM SUBESTAÇÃO NA MARGINAL PINHEIROS PROVOCA QUEDA DE ENERGIA EM PARTE<br />
apagão de Furnas em novembro<br />
de 2009 não foi esclarecido.<br />
A justificativa oficial foi de que<br />
um raio provocou a queda de<br />
energia em 18 estados.<br />
Na época, a presidente Dilma<br />
Rousseff estava às vésperas de<br />
lançar sua pré-candidatura pelo<br />
PT. Por ter sido ministra de Minas<br />
e Energia durante o primeiro<br />
mandato do Lula — e crítica contumaz<br />
do racionamento energético<br />
na gestão Fernando Henrique<br />
Cardoso, em 2001 —, a avaliação<br />
entre os especialistas na<br />
áreaédequeumainvestigação<br />
mais profunda foi evitada para<br />
não prejudicar a candidata.<br />
Obstáculos<br />
De acordo com o mesmo técnico,<br />
que prefere não se identificar, os<br />
maiores gargalos estão na fronteira<br />
da rede básica — formada por<br />
linhas e subestações acima de 230<br />
mil volts. No fim de cada rede básica<br />
há uma conexão com sistemas<br />
de distribuição. “Os problemas<br />
de hoje decorrem de fragilidade<br />
nessa fronteira ou de atraso<br />
na rede básica”, explica.<br />
No caso da subestação Luiz<br />
Gonzaga, na avaliação dele, a<br />
cartela que desligou todo o sistema<br />
até poderia estar ruim. “Mas,<br />
écomoseaplacadoseunotebook<br />
queimasse e isso estragasse<br />
todos os computadores em rede”,<br />
diz. “Cartela dá problema todo<br />
dia porque os componentes não<br />
têm vida eterna, só não podem<br />
provocar esse distúrbio”.<br />
Ex-presidente da Eletrobras,<br />
Luiz Pinguelli Rosa diz que o sistema<br />
brasileiro não é seguro. “Tudo<br />
bem ele cair. Mas deixar os estados<br />
sem luz por mais de três horas<br />
é totalmente absurdo”. Pinguelli<br />
lembra que a rede de transmissão<br />
tem sido expandida e interligada.<br />
Hoje, está em torno de 100 mil<br />
quilômetros. Para ele, o sistema<br />
precisa de reforços, que vão do<br />
treinamento da mão de obra à<br />
adequação de equipamentos. ■
DE SÃO PAULO<br />
Antonio Milena<br />
Cerca de 2,5 milhões de<br />
paulistanos ficaram sem<br />
energia elétrica, na tarde<br />
de ontem, após falha<br />
de um transformador da<br />
subestação Bandeirantes,<br />
localizada na Zona Sul<br />
de São Paulo. O problema<br />
durou quase 30 minutos.<br />
A Companhia de<br />
Transmissão e Energia<br />
Elétrica Paulista (Cteep)<br />
responsável pela<br />
transmissão de energia<br />
na cidade — diz que<br />
o sistema de segurança<br />
acabou desligando<br />
automaticamente<br />
os outros dois<br />
transformadores da<br />
unidade. Segundo o<br />
Operador Nacional do<br />
Sistema Elétrico (ONS),<br />
a falha teve início<br />
às 15h11 e a energia foi<br />
restabelecida às 15h34.<br />
Entre as regiões<br />
atingidas estavam<br />
a da Avenida Paulista,<br />
Pinheiros, Perdizes, Vila<br />
Leopoldina, Vila Mariana,<br />
Vila Olímpia, Brooklin,<br />
Jabaquara, Moema<br />
e Ibirapuera. O aeroporto<br />
de Congonhas, na Zona<br />
Sul, também registrou<br />
falta de energia, mas<br />
as operações de pouso<br />
e decolagem não foram<br />
prejudicadas porque<br />
o terminal tem gerador.<br />
José Aníbal, secretário<br />
estadual de energia,<br />
marcou para hoje uma<br />
reunião com a direção<br />
da Cteep, representantes<br />
do Operador Nacional<br />
do Sistema (ONS) e<br />
da Aneel para descobrir<br />
as causas do problema<br />
e tomar as medidas<br />
cabíveis. Segundo<br />
Aníbal, a empresa<br />
pode ser multada.<br />
Weruska Goeking<br />
Com recursos, multas caem em 40% em 2010<br />
Após avaliar recursos, a diretoria<br />
da Agência Nacional de Energia<br />
Elétrica (Aneel) — última instância<br />
para <strong>empresas</strong> recorrerem de<br />
multas, reduziu as penalidades<br />
de 2010 em 40,9%.<br />
A Superintendência de Fiscalização<br />
de Serviços de Eletricidade<br />
da Aneel (SFE) imputou sobre<br />
as transmissoras 39 multas<br />
que somaram R$ 85,2 milhões<br />
no ano passado. Após as<br />
<strong>empresas</strong> recorrerem à própria<br />
SFE, o valor caiu para R$ 71,3<br />
milhões. Na última instância,<br />
o total recuou para R$ 50,3<br />
milhões, incluindo a multa<br />
de ontem aplicada a Furnas —<br />
que sozinha foi penalizada<br />
em R$ 43,3 milhões. Em 2009,<br />
foram aplicadas 45 multas<br />
que somaram R$ 12 milhões.<br />
Após os recursos, elas baixaram<br />
para R$ 10,8 milhões na<br />
segunda instância e para<br />
R$ 10,4 milhões na última, uma<br />
queda de 13,9%. Em 2008, entre<br />
a primeira e a última instância,<br />
os valores caíram 7,16%.<br />
Em 2007, 31,17%; em 2005 e 2006,<br />
se mantiveram iguais. A maior<br />
redução foi em 2004: de 76,9%. J.R.<br />
ENTREVISTA CÉSAR DE BARROS PINTO Diretor executivo da Abrate<br />
Com menor custo na produção<br />
de equipamentos, asiáticos<br />
terão tarifas mais competitivas<br />
Priscila Machado<br />
pmachado@brasileconomico.com.br<br />
Como diretor da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />
das Grandes Empresas de<br />
Transmissão de Energia Elétrica<br />
(Abrate), Cesar de Barros Pinto<br />
prevê um novo cenário para o<br />
segmento com a entrada de grupos<br />
chineses, que compraram<br />
recentemente sete <strong>empresas</strong><br />
brasileiras. Por terem menor<br />
custo de produção de equipamentos,<br />
esses concorrentes terão<br />
tarifas mais competitivas.<br />
O mercado de <strong>empresas</strong><br />
que atuam em transmissão no<br />
<strong>Brasil</strong> está aquecido. Como<br />
a Abrate observa o interesse<br />
dos chineses pelo segmento?<br />
Os chineses compraram, de<br />
uma só vez, sete <strong>empresas</strong>, isso<br />
por si só irá provocar um rearranjo<br />
no segmento. Eles são<br />
enormes, insaciáveis e trabalham<br />
com custos baixos em todas<br />
as áreas. Poderão fazer disjuntores<br />
e outros equipamentos<br />
a custos muito mais baixos e<br />
oferecer uma tarifa menor.<br />
Eles são, tradicionalmente,<br />
compradores de commodities,<br />
de produtos que podem ser<br />
transportados para a China.<br />
Por que eles estão comprando<br />
ativos na área de energia?<br />
Eles podem estar interessados<br />
nestes ativos para ter garantida<br />
disponibilidade de energia<br />
aqui, para a fabricação de outros<br />
produtos. Eles irão levar<br />
essa energia para a China embutida<br />
nos produtores que poderão<br />
fabricar aqui. Quando se<br />
exporta alumínio, por exemplo,<br />
exporta-se também a energia<br />
usada no processo.<br />
Eoquetemmotivadoasaída<br />
dos espanhóis do segmento?<br />
Os espanhóis entraram firme no<br />
começo dos leilões, depois recuaram<br />
com a crise financeira mundial,<br />
que fez secar as principais<br />
fontes de subsídio na Espanha.<br />
Eles deixaram de ser tão competitivos<br />
nos leilões e outras <strong>empresas</strong><br />
passaram a concorrer. Muitos<br />
também são apenas investidores e<br />
atuam apenas nos primeiros cinco<br />
anos. Depois que o dinheiro<br />
para de girar e entra na rotina de<br />
operação e manutenção, o negócio<br />
deixa de ser tão atrativo.<br />
Apesar de se tratar de um<br />
mercado aquecido, ainda<br />
há uma série de gargalos.<br />
Quais são os principais<br />
problemas enfrentados<br />
hoje pelas transmissoras?<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 7<br />
Chineses irão mudar<br />
área de transmissão<br />
Barros Pinto:<br />
“custos que<br />
Aneel usa como<br />
referência são<br />
inadequados“<br />
“Em março, vamos<br />
entrar na Justiça<br />
contra a metodologia<br />
usada na revisão<br />
tarifária. Vamos<br />
questionar o custo<br />
médio do capital<br />
e as comparações<br />
de eficiência entre<br />
as companhias<br />
A movimentação mais forte dos<br />
chineses na área de transmissão<br />
no <strong>Brasil</strong> se deu por meio da<br />
State Grid Corporation of China<br />
que adquiriu sete concessionárias<br />
de quatro acionistas espanhóis:<br />
Cobra, Elecnor, Isolux e<br />
Abengoa, por R$ 3,1 bilhões.<br />
A saída dos espanhóis do<br />
segmento se acentuou nos<br />
últimos dias. A Companhia de<br />
Transmissão de Energia Elétrica<br />
Divulgação<br />
Novas dificuldades estão surgindo,<br />
como a limpeza nas faixas<br />
de linhas de transmissão.<br />
Não pode ter qualquer construção<br />
ou árvores próximas à linha,<br />
mas para fazermos os reparos<br />
é necessário uma licença<br />
para supressão de vegetação<br />
quedemoraachegar.Quando<br />
desligamos um equipamento<br />
para reparo, pagamos até 10<br />
vezes a receita do período.<br />
Muitas vezes, quando pedimos<br />
o desligamento, o Operador<br />
Nacional do Sistema (ONS) não<br />
autoriza para não correr o risco<br />
de cair o fornecimento.<br />
Esses problemas têm<br />
dificultado a manutenção<br />
do sistema?<br />
Sim. A manutenção é cara e os<br />
custos que Aneel [Agência Nacional<br />
de Energia Elétrica] usa<br />
como referência são inadequados.<br />
Em março, vamos entrar na<br />
Justiça contra a metodologia<br />
usada na revisão tarifária. Vamos<br />
questionar o custo médio<br />
do capital e as comparações de<br />
eficiência entre as companhias.<br />
Entre as <strong>empresas</strong> pode ter discrepâncias<br />
que a Aneel costuma<br />
usar maliciosamente. ■<br />
Chineses compram sete <strong>empresas</strong> de uma vez<br />
Paulista (Cteep) exerceu seu<br />
direitodepreferêncianacompra<br />
da Interligação Elétrica de<br />
Minas Gerais (IEMG), na parte<br />
que pertencia à Cymi Holding.<br />
A Eletrosul investiu R$ 163,8<br />
milhões no aumento da sua<br />
participação acionária nas<br />
<strong>empresas</strong> Uirapuru e Artemis.<br />
O controle acionário de ambas<br />
as companhias até então era<br />
também da espanhola Cymi. P.M.
8 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
DESTAQUE ENERGIA<br />
ENTREVISTA STEVE SAWYER Secretário-geral do Comitê Internacional de Energia Eólica<br />
Expansão das eólicas exigirá mais<br />
investimento em transmissão<br />
Para especialista, <strong>Brasil</strong> é o país com o maior potencial entre os emergentes e já atrai novas companhias<br />
Priscila Machado<br />
pmachado@brasileconomico.com.br<br />
Steve Sawyer, secretário-geral do<br />
Comitê Internacional de Energia<br />
Eólica (Gwec, na sigla em inglês),<br />
é hoje um dos principais<br />
especialistas em geração de<br />
energia a partir dos ventos. De<br />
passagem pelo país, onde participou<br />
ontem da terceira edição<br />
do Wind Forum Brazil, ele falou<br />
ao BRASIL ECONÔMICO sobre os<br />
principais desafios para a consolidação<br />
regional deste segmento.<br />
Como o <strong>Brasil</strong> se posiciona no<br />
mundo hoje no que se refere<br />
ao potencial de geração eólica?<br />
O <strong>Brasil</strong> hoje, entre emergentes<br />
como México, Chile, África do<br />
Sul, Coreia do Sul e Filipinas, é<br />
o país que apresenta maior potencial,<br />
ainda que partindo de<br />
uma base considerada pequena.<br />
Tem sido alvo de interesse<br />
de companhias de todos os<br />
segmentos da cadeia eólica. Eu<br />
venho ao <strong>Brasil</strong> desde 1988 e é a<br />
primeira vez que vejo com otimismoainserçãodaenergia<br />
eólica na matriz.<br />
E o país está preparado<br />
para atender essa demanda<br />
crescente? Quais são<br />
os principais desafios<br />
a serem superados?<br />
Esse crescimento terá um impacto<br />
significativo. Os sistemas<br />
operados com base em energia<br />
eólica passarão a ter um peso<br />
maior na matriz energética.<br />
Será necessário criar novas práticas<br />
de administração do sistema<br />
elétrico para absorver essa<br />
nova fonte que passa a ser injetada<br />
na rede. À medida que a<br />
geraçãoeólicacresceeamplia<br />
sua participação, as fontes mais<br />
tradicionais irão reagir. Esses<br />
dois fatos, a inserção da energia<br />
eólicanosistemaeaconvivência<br />
com outras fontes devem estarconsolidadosemumperíodo<br />
de três a cinco anos.<br />
E o <strong>Brasil</strong> está estruturalmente<br />
preparado para isso?<br />
O sistema elétrico brasileiro de<br />
forma geral é robusto, preparado<br />
para lidar com grandes estruturas.<br />
Mas as transmissoras<br />
de energia, especialmente, terão<br />
que fazer investimentos. Se<br />
confirmado o crescimento em<br />
geraçãoeólicaesperadoparaa<br />
região Nordeste, será exigido<br />
um reforço no sistema atual.<br />
Para essa nova configuração,<br />
como ficam os segmentos de<br />
geração e distribuição?<br />
“As distribuidoras<br />
vão precisar rever<br />
seus métodos<br />
de trabalho, porque<br />
as centrais geradoras<br />
de energia eólica<br />
estão próximas<br />
dos grandes centros<br />
e será necessária<br />
uma melhor<br />
administração<br />
do consumo<br />
As principais discussões deverão<br />
deixar de ser referentes à geração<br />
e passarão a ser da distribuição,<br />
onde deverão ocorrer os maiores<br />
desafios. As distribuidoras vão<br />
precisar rever seus métodos de<br />
trabalho porque as centrais geradoras<br />
de energia eólica estão<br />
próximas dos grandes centros e<br />
será necessária uma melhor administração<br />
do consumo.<br />
Como se darão os preparativos?<br />
Não é por meio de obras estruturais,<br />
mas por softwares, redes<br />
inteligentes (smart grids). Também<br />
será necessário aprimorar<br />
os métodos de previsibilidade<br />
da geração por vento.<br />
Como a Gwec procura<br />
contribuir para o<br />
desenvolvimento da energia<br />
eólica no <strong>Brasil</strong>?<br />
Procuramos discutir questões<br />
técnicas, práticas e econômicas<br />
e colaboramos no intercâmbio<br />
de experiências. A instituição<br />
busca diminuir o preconceito<br />
que ainda existe em relação às<br />
energias renováveis de que o<br />
sistemaelétricosefazapenas<br />
com grandes obras. Aqui no<br />
<strong>Brasil</strong> temos um bom diálogo<br />
com a Empresa de Pesquisa<br />
Energética (EPE).<br />
E quais são as principais<br />
demandas que o senhor<br />
Henrique Manreza<br />
Para Sawyer, gás natural não deve<br />
ser considerado fonte alternativa<br />
pretende apresentar aos<br />
membros do governo que<br />
participarão do Fórum de<br />
Energia Eólica [que está<br />
acontecendo em São Paulo]?<br />
Irei reforçar que o país não precisa<br />
de mais fontes fósseis no<br />
sistema e pedir a não inclusão do<br />
gás natural nos leilões de fontes<br />
alternativas.<br />
Apesar da questão ambiental,<br />
o aspecto econômico do<br />
gás natural e do pré-sal é<br />
muitoforte.Comoargumentar<br />
em relação a esse fato?<br />
Mostrando que investir em energias<br />
renováveis também é importante<br />
para a economia. ■
Resultado e Patrimônio Líquido<br />
No exercício findo em 31 de dezembro de 2010, o BES Investimento do<br />
<strong>Brasil</strong> S.A.- Banco de Investimento apresentou lucro líquido de<br />
R$ 71.088, correspondente à rentabilidade anualizada de 16,86%<br />
sobre o patrimônio líquido inicial de R$ 421.540. Esse resultado<br />
foi 24,5% inferior quando comparado ao resultado de 2009,<br />
decorrente principalmente da redução de 38,9% do resultado não<br />
recorrente obtido pela sua controlada indireta em 2010 (R$ 29.010)<br />
em relação a 2009 (R$ 47.481), o qual está representado<br />
principalmente pela receita proveniente da venda das ações de<br />
emissão da BM&F Bovespa S.A., líquidas dos efeitos tributários.<br />
O patrimônio líquido atingiu R$ 476.390 ao final do período,<br />
com crescimento de 13,0% em relação a dezembro 2009, após<br />
considerar o aumento de capital com subscrição de ações no<br />
montante de R$ 8.862 e os lucros acumulados, deduzidos dos<br />
juros sobre o capital próprio no montante de R$ 25.100. Para o<br />
segundo semestre, foi proposto o pagamento de juros sobre o<br />
capital próprio no montante de R$ 12.550.<br />
Ativos<br />
O ativo total alcançou R$ 6.007.770 ao final do período,<br />
com crescimento de 45,4% em relação a dezembro 2009.<br />
As aplicações interfinanceiras de liquidez e a carteira de títulos<br />
e valores mobiliários e instrumentos financeiros derivativos<br />
atingiram R$ 4.974.903 com crescimento de 47,5% em relação<br />
a dezembro 2009.<br />
7.000<br />
6.000<br />
5.000<br />
4.000<br />
3.000<br />
2.000<br />
1.000<br />
0<br />
3.259<br />
2008 2009<br />
Ativo 2010 2009<br />
Circulante<br />
e Realizável a Longo Prazo 5.809.791 3.978.135<br />
Disponibilidades 2.372 9.272<br />
Aplicações interfinanceiras<br />
de liquidez 97.455 460.149<br />
Títulos e valores mobiliários<br />
e instrumentos financeiros<br />
derivativos 4.877.448 2.913.091<br />
Operações de crédito 741.376 528.403<br />
Provisão para créditos<br />
e outros créditos de<br />
liquidação duvidosa (4.654) (4.045)<br />
Outros créditos 93.644 70.098<br />
Outros valores e bens 2.150 1.167<br />
Permanente 197.979 153.782<br />
Investimentos 190.673 148.600<br />
Imobilizado de uso 5.976 2.919<br />
Intangível e diferido 1.330 2.263<br />
Total 6.007.770 4.131.917<br />
Relatório da Administração<br />
Desempenho das Atividades (Em Milhares de Reais)<br />
Destaques <strong>Econômico</strong>s e Financeiros (Em Milhões de Reais)<br />
Balanço Patrimonial<br />
31 de dezembro de 2010 e 2009<br />
(Em Milhares de Reais)<br />
A carteira de títulos e valores mobiliários atingiu R$ 4.428.321,<br />
correspondente a 73,7% dos ativos totais. Representada por<br />
72,2% em títulos de emissão do Tesouro Nacional e 27,8% em<br />
títulos de emissão privada. Dessa carteira, o Banco classificou<br />
31,7% dos títulos na categoria “títulos mantidos até o<br />
vencimento”, em razão da intenção da Administração e da<br />
capacidade financeira do Banco em mantê-los até o<br />
vencimento. O Banco manteve a sua posição de alta liquidez<br />
encerrando o período com uma carteira de títulos livres da<br />
ordem de R$ 2.466.490, correspondente a 5,2 vezes o<br />
patrimônio líquido final.<br />
A carteira de crédito atingiu o saldo de R$ 741.376 ao final do<br />
período, com crescimento de 40,3% em relação a dezembro de<br />
2009. Essa carteira, incluindo as fianças prestadas no montante<br />
de R$ 615.368, atingiu o saldo de R$ 1.356.744 ao final do<br />
período, com crescimento de 50,6% em relação a dezembro de<br />
2009. Merece destaque, a boa qualidade da carteira de crédito<br />
demonstrada pela concentração de 97,7% das operações<br />
classificadas entre os níveis de risco “AA” a “C” em conformidade<br />
com a regulamentação em vigor do Banco Central do <strong>Brasil</strong>.<br />
O saldo da provisão para créditos de liquidação duvidosa atingiu<br />
R$ 4.654, correspondente 0,62% da carteira de crédito,<br />
montante superior ao mínimo requerido pela Resolução BACEN<br />
nº 2682, sendo constituída de forma a apurar a adequada<br />
provisão em montante suficiente para cobrir riscos específicos e<br />
globais, associada à provisão calculada de acordo com os níveis<br />
de risco e os respectivos percentuais mínimos estabelecidos pela<br />
regulamentação do Banco Central do <strong>Brasil</strong>.<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 9<br />
Recursos Captados<br />
Os recursos captados totalizaram R$ 5.116.087, com crescimento<br />
de 42,3% em relação a dezembro de 2009, o que demonstra o<br />
bom conceito e prestígio que o Banco possui junto a seus<br />
clientes e instituições financeiras nos mercados doméstico<br />
e internacional. Esses recursos estavam representados por:<br />
R$ 259.486 em depósitos interfinanceiros; R$ 1.841.496 em<br />
depósitos a prazo; R$ 1.552.010 em captações no mercado<br />
aberto; R$ 117.508 em repasses do BNDES; R$ 1.084.669 em<br />
títulos emitidos no exterior; R$ 169.520 em letras financeiras e de<br />
crédito do agronegócio e R$ 91.398 em CDB subordinado. Merece<br />
destaque, a captação através da emissão de títulos no exterior no<br />
montante de US$ 500 milhões ao final do primeiro trimestre, com<br />
vencimento em 25.03.2015 e juros de 5,625% a.a..<br />
Impostos e Contribuições<br />
Os impostos e contribuições, inclusive previdenciárias, pagos ou<br />
provisionados, decorrentes das atividades desenvolvidas pelo<br />
Banco totalizaram R$ 52.317 no ano.<br />
Agradecemos aos nossos clientes, funcionários e acionistas pela<br />
colaboração que nos permitiu alcançar os resultados registrados<br />
no período e a constante melhoria de nossos produtos e serviços.<br />
Ativo Patrimônio Líquido Recursos Captados Lucro Líquido<br />
4.132<br />
6.008<br />
2010<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
252<br />
422<br />
2008 2009<br />
476<br />
2010<br />
6000<br />
5000<br />
4000<br />
3000<br />
2000<br />
1000<br />
0<br />
2.365<br />
3.593<br />
2008 2009<br />
Passivo 2010 2009<br />
Circulante<br />
e Exigível a Longo Prazo 5.530.666 3.710.041<br />
Depósitos 2.100.982 2.604.260<br />
Captações no mercado aberto 1.552.010 394.082<br />
Recursos de emissão de títulos 1.254.189 428.652<br />
Relações de interdependência – 1.580<br />
Obrigações por repasses do País -<br />
instituições oficiais 117.508 75.012<br />
Instrumentos financeiros derivativos 300.869 22.631<br />
Outras obrigações 205.108 183.824<br />
Resultado de Exercícios Futuros 714 336<br />
Patrimônio Líquido 476.390 421.540<br />
Total 6.007.770 4.131.917<br />
Ratings BESI <strong>Brasil</strong><br />
5.116<br />
2010<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
58<br />
2008 2009<br />
A ADMINISTRAÇÃO<br />
Demonstração de Resultado<br />
31 de dezembro de 2010 e 2009<br />
(Em Milhares de Reais)<br />
94<br />
71<br />
2010<br />
2010 2009<br />
Receitas da intermediação financeira 362.899 352.011<br />
Despesas da intermediação financeira (280.114) (251.968)<br />
Resultado Bruto da<br />
Intermediação Financeira 82.785 100.043<br />
Outras Receitas/Despesas<br />
Operacionais 5.204 25.079<br />
Receitas de prestação de serviços 44.221 37.215<br />
Despesas de pessoal<br />
e administrativas (61.669) (65.549)<br />
Resultado de participações<br />
em controladas 37.172 54.070<br />
Outras despesas operacionais (14.520) (657)<br />
Resultado Operacional 87.989 125.122<br />
Resultado não Operacional 1.308 290<br />
Resultado antes da Tributação<br />
sobre o Lucro e Participações 89.297 125.412<br />
Imposto de renda e contribuição social (8.567) (23.591)<br />
Participação dos empregados no lucro (9.642) (7.602)<br />
Lucro Líquido do Exercício 71.088 94.219
10 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
OPINIÃO<br />
José Sarney<br />
Presidente do Senado<br />
2010 versus 2011<br />
O clima político em 2010 foi contaminado pela disputa<br />
eleitoral, num ano em que se escolhiam presidente,<br />
governadores e parlamentares. Aplicou-se a máxima<br />
de Lenine, de que o adversário é um inimigo a destruir.<br />
Isto repercutiu sobre toda a sociedade, afetando sobretudo<br />
o trabalho no Congresso Nacional, que se afastou<br />
das grandes reformas necessárias.<br />
Mas Lula fez um governo admirável e além do que<br />
realizou internamente na área social, com distribuição<br />
de renda e melhoria de vida das classes mais pobres,<br />
elevouo<strong>Brasil</strong>aumpatamarinternacionalqueocoloca<br />
entre os mais importantes países do Ocidente, participando<br />
da formulação das políticas mundiais. Depois fez<br />
a sua sucessora, seu braço direito na administração pública<br />
ao longo de seu mandato. Assim, estamos vivendo<br />
acontinuidadesemcontinuísmoeapresidenteimprimindo,<br />
como era natural, o seu próprio estilo, marcado<br />
pela firmeza com que exerce sua autoridade.<br />
No Congresso, este ano de 2011 deve ser um ano em<br />
que as questões de fundo vão emergir para discussão,<br />
colocadas no centro das decisões. Dentre elas a prioridadeéareformapolítica,semprepostergadaenecessária<br />
para que haja melhoria no desempenho dos nossos<br />
costumes políticos.<br />
No <strong>Brasil</strong>, sempre tivemos, talvez como herança do<br />
Estado português presente em nossos hábitos desde a<br />
Colônia e muitos remanescentes até hoje, a cobrança pela<br />
melhoria dos nossos costumes políticos, que não davam<br />
legitimidade às eleições. Chegamos a ter uma reforma<br />
eleitoral, feita pelo Conselheiro Saraiva, pelos anos 1980<br />
do século 19, que todos acreditavam iria resolver de vez<br />
essa questão. Criou-se o voto distrital que permaneceu<br />
até a República, sucedido pelo voto proporcional, reminiscência<br />
dos ideais positivistas do fim do século 19, implantado<br />
sob a inspiração de Assis <strong>Brasil</strong>.<br />
O voto proporcional uninominal que temos no <strong>Brasil</strong><br />
é um modelo que praticamente desapareceu no mundo,<br />
e não é adotado em nenhum país com nossas características<br />
de extensão territorial e população. A fórmula ideal<br />
talvez seja o voto distrital misto, que reúne o sistema de<br />
distritos majoritários com o voto em listas partidárias,<br />
atendendo às necessidades de representatividade e<br />
construção de partidos fortes, programáticos.<br />
Outro problema que temos de atacar,<br />
saindo do sonho para o feijão, é a<br />
infraestrutura brasileira de portos,<br />
aeroportos e estradas<br />
Outro problema que temos de atacar, saindo do sonho<br />
para o feijão, é a infraestrutura brasileira de portos, aeroportos,<br />
estradas, todos afogados pelo nosso crescimento<br />
econômicoeanecessidade de escoar a produção, não só<br />
para o consumo interno, como para a selva da disputa do<br />
mercado internacional, onde já somos presença importante,<br />
sobretudo na exportação de produtos agrícolas e<br />
minérios. Temos que dar atenção especial a nossas ferrovias,<br />
como já tive oportunidade de escrever aqui.<br />
Não podemos esquecer o trinômio educação, saúde e<br />
segurança, os problemas que mais preocupam os brasileiros,<br />
em que temos um atraso grave, que afeta diretamente<br />
o nosso futuro. Contabilizamos termos saído<br />
bemdacriseeconômicaeareduçãodapobreza.Coma<br />
segurança da presidente, vamos buscar soluções brasileiras<br />
e avançar no caminho aberto por Lula. ■<br />
Roberto Jefferson<br />
Presidente do PTB<br />
Reforma política já!<br />
No período de transição do regime militar para a democracia<br />
e durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte,<br />
era comum que as dificuldades e torpezas da vida<br />
política fossem atribuídas à falta de experiência. Era difícil<br />
encontrar quem discordasse. Afinal, é pura verdade que a<br />
história republicana foi marcada por rupturas institucionais,<br />
irregularidade nas eleições e vida partidária frágil.<br />
A República Velha era tudo, menos democrática. O<br />
sistema político instaurado após a redemocratização de<br />
1945 não durou 20 anos e foi demolido e soterrado pelas<br />
duas décadas de governos militares com a política em liberdade<br />
condicional, quando muito. A atual Constituição,<br />
com seus 22 anos, ultrapassou a marca simbólica da<br />
maioridade e já é mais que evidente que não será com o<br />
andar da carreta que se arranjarão as abóboras políticas.<br />
Tampouco o será com um “freio de arrumação”.<br />
O sistema político eleitoral brasileiro é, atualmente, o<br />
que há de mais arcaico e ineficaz de todas as dimensões<br />
da vida nacional. Temos uma economia dinâmica, uma<br />
cultura rica, uma ciência e uma tecnologia que merecem<br />
reconhecimento internacional e uma população cada<br />
vez mais consciente de seus direitos e deveres, composta<br />
por pessoas que exercem sua cidadania. O <strong>Brasil</strong> deixou<br />
deoscilarentreocenáriodautopiaeopalcodafarsa.<br />
Quando defendo a urgência<br />
de uma reforma política profunda,<br />
nãoofaçocomofrancoatirador<br />
Nosso sistema político eleitoral, entretanto, é pior do<br />
que lamentável. É um tremendo estorvo, um corpo em<br />
acelerado processo de necrose que não pode mais ser<br />
tratado com band-aid, analgésico e homeopatia. É preciso<br />
uma intervenção cirúrgica. Não daquelas praticadas<br />
em hospitais de campanha a base de amputações<br />
sem anestesia, mas à semelhança dos excelentes hospitais<br />
e médicos com que contamos, ainda que infelizmente<br />
sem a abrangência necessária.<br />
Estamos no início do ano legislativo, de um novo governo<br />
e de uma nova legislatura. Volta-se a falar em reforma<br />
política e o cidadão que acompanha o noticiário,<br />
quando se dá ao trabalho de ouvir a íntegra das reportagens<br />
a respeito, dificilmente tem outra reação que a de<br />
desdém. Isso tem que mudar e tem que mudar já.<br />
Quando defendo a urgência de uma reforma política<br />
profunda, não o faço como um franco atirador, um crítico<br />
distante dos parlamentares e dos partidos, mas como<br />
alguém que fez da política a sua vida. Faço-o como um<br />
dos que tem o dever – e a honra – de assumir essa responsabilidade<br />
perante seus conterrâneos. A inércia não<br />
levará a nada, enquanto a colocação dos interesses particulares<br />
como medida e justificativa para endossar ou<br />
recusar propostas de mudanças em relação a questões<br />
como financiamento público de campanhas e posse de<br />
suplentes, para citar apenas dois, conduz ao pior dos<br />
mundos políticos, com o qual já flertamos em demasia.<br />
É preciso entender que, no tocante à reforma política,<br />
jánãoháespaçoparaadistinçãoentreinteressescoletivos,<br />
de grupos ou pessoais. Hoje, aquele que pensa que<br />
tem a ganhar no varejo está condenado a perder no atacado<br />
porque não fazer uma reforma política profunda já<br />
nãoéumaquestãodedar-seaoluxooudepagarum<br />
preço elevado. Ela é indispensável para que tenhamos<br />
instituições dignas dos brasileiros e para que não venhamosatersaudadesdomensalão.<br />
■<br />
Ciro Dias Reis<br />
Presidente da Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira das Agências<br />
de Comunicação (Abracom)<br />
Oolhodofuracão<br />
No <strong>Brasil</strong>, o verbo prevenir é conjugado menos do<br />
que seria desejável, inclusive no meio empresarial.<br />
As políticas corporativas capazes de integrar a leitura<br />
crítica de cenários, a identificação de riscos<br />
potenciais e o uso de sistemas de prevenção e gestão<br />
de crises não ocupam o topo da agenda da maioria<br />
dos executivos em posição de liderança nas grandes<br />
<strong>empresas</strong>. Frequentemente, o olhar do board está<br />
tão voltado para as metas de vendas, aumento da<br />
participação de mercado e retorno aos acionistas<br />
que outros tópicos não focados em performance<br />
acabam relegados a um segundo plano.<br />
Uma pesquisa mostra que as crises corporativas no<br />
<strong>Brasil</strong> somaram 397 ocorrências em 2007, subiram<br />
para 402 em 2008, alcançaram 502 em 2009 e caíram<br />
para 353 ocorrências em 2010. Uma análise cuidadosa<br />
mostra que pelo menos dois terços desses casos poderiam<br />
ter sido evitados ou ter seus impactos negativos<br />
diminuídos se as <strong>empresas</strong> tivessem à sua disposição<br />
mecanismos estruturados para prevenir situações limite<br />
e/ou lidar com seus efeitos negativos.<br />
O economista Nouriel Roubini foi um dos poucos<br />
que se arriscaram a prever uma terrível turbulência<br />
no sistema financeiro internacional nos<br />
longínquos anos de 2006 e 2007. Para ele, seu mérito<br />
consistiu em montar um quebra-cabeças cujas<br />
peças estavam disponíveis para quem quisesse ver<br />
e tivesse paciência de encaixar.<br />
Um dos principais gurus corporativos da atualidade,<br />
Jim Collins afirma que as <strong>empresas</strong> “feitas<br />
para vencer” não se concentram apenas no que fazer<br />
para alcançar excelência, mas também no que<br />
não fazer e no que parar de fazer.<br />
Esperar que a crise comece é abrir<br />
mão da responsabilidade de líder.<br />
Engana-se a liderança que se<br />
considera capaz de improvisar ou<br />
construir uma estratégia quando<br />
o olho do furacão já está próximo<br />
Crises podem ser evitadas se os radares corporativos<br />
estiverem regulados para captar e/ou repelir a<br />
aproximação de fator ou conjunto de fatores indesejáveis.<br />
A inclusão de tal atitude pró-ativa e protetora<br />
entre as prioridades dos executivos permite<br />
queotemapermeieaempresaesetransformeem<br />
ativo da cultura interna. Esse estado de alerta garante<br />
simultaneamente monitoramento de ameaças<br />
e identificação de novas oportunidades.<br />
Empresas que enfrentam situações indesejáveis<br />
ao sabor do improviso raramente obtêm os melhores<br />
resultados na defesa dos seus relacionamentos,<br />
seus negócios, sua imagem e reputação. Peter<br />
Drucker, referência do universo corporativo até<br />
sua morte em 2006, dizia: “A tarefa mais importante<br />
do líder de uma organização é se antecipar às<br />
crises. Talvez não para evitá-las, mas a fim de estar<br />
de prontidão para encará-las e transpô-las.<br />
Esperar até que a crise comece é abrir mão da responsabilidade<br />
de líder”.<br />
Engana-se a liderança que se considera capaz<br />
de improvisar ou construir uma estratégia quando<br />
o olho de furacão já está próximo. ■
Toru Yamanaka/AFP<br />
ENTREVISTA PEDRO JANOT Presidente da Azul Linhas Aéreas<br />
Ribeirão Preto, São José do Rio<br />
Preto e Araçatuba são algumas<br />
das cidades de interesse<br />
Fábio Suzuki<br />
fsuzuki@brasileconomico.com.br<br />
O presidente da Azul Linhas Aéreas,<br />
Pedro Janot, viajou recentemente<br />
dois mil quilômetros<br />
para prospectar negócios, identificou<br />
oportunidades em várias<br />
cidades do interior de São Paulo<br />
e considera que o <strong>Brasil</strong> tem<br />
muito ainda para crescer.<br />
Japoneses em busca do primeiro emprego<br />
Cheio de tradições que às vezes espantam os ocidentais, os japoneses<br />
podem ser ainda mais surpreendentes quando o assunto é trabalho. Ontem,<br />
1,5 mil universitários recém-formados participaram de cerimônia em Tóquio<br />
para dar bons auspícios na procura do primeiro emprego. Com uma das<br />
economias mais atingidas pela crise mundial de 2008 e sofrendo um largo<br />
período de estagnação que se arrasta por quase duas décadas, só mesmo<br />
com muita fé energia para encarar o desafio de começar a carreira.<br />
Como avalia o momento atual<br />
da aviação brasileira?<br />
Não dá para falar de <strong>Brasil</strong> sem<br />
falar de oportunidades e a Azul<br />
tem isso comoconceito. Em<br />
2010, foram 66 milhões de passageiros<br />
e podemos chegar a<br />
200 milhões. Para isso temos<br />
que oferecer condições para que<br />
o brasileiro utilize uma aeronave<br />
como meio de transporte.<br />
Quais os planos de expansão<br />
daAzulparaesteano?<br />
Tem cidades com energia eco-<br />
nômica mas com falta de serviços<br />
aéreos. Recentemente, viajei<br />
dois mil quilômetros para<br />
analisar algumas regiões e as<br />
oportunidades são muitas. Cidades<br />
como Ribeirão Preto, São<br />
José do Rio Preto, Presidente<br />
Prudente, Araçatuba, Marília...<br />
apresentaram crescimento de<br />
10% a 12% no ano passado sobre<br />
2009 e com ambientes favoráveis<br />
para negócios.<br />
Qual o balanço que o senhor<br />
faz da atuação da Azul?<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 11<br />
CHEFE RAONI, ÍCONE INTERNACIONAL DO MOVIMENTO EM DEFESA DA AMAZÔNIA, EM PROTESTO CONTRA A USINA DE BELO MONTE<br />
Em Brasília, integrantes da comunidade indígena do Alto Xingu ameaçados por barragens ficaram concentrados durante o dia de ontem em<br />
frente ao Congresso Nacional em ato público contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, cuja construção poderá destruir pelos menos 400 mil<br />
hectaresdaflorestaeaexpulsarmaisde40milindígenaseribeirinhos.OchefeRaoni,datriboCaiapódaAmazônia,integrouadelegação<br />
do movimento e entregou à Presidência da República uma agenda de reivindicações com mais de 500 mil assinaturas contra a hidrelétrica.<br />
Além de Raoni, símbolo internacional do movimento de defesa da Amazônia, mais de 100 índios da etnia Kayapó participaram do protesto.<br />
Azul identifica oportunidades no interior<br />
Divulgação<br />
“O cenário<br />
é muito<br />
favorável, com<br />
crédito, renda,<br />
mercado<br />
otimista... basta<br />
aproveitar as<br />
oportunidades”<br />
Reuters<br />
Depois de dois anos, estamos<br />
com26aeronavesevamosreceber<br />
mais 12 jatos da Embraer<br />
para fechar este ano com 38 aeronaves.<br />
Esta semana vamos<br />
atingir 7 milhões de passageiros,oquenosdá8%departicipação.<br />
Isso tudo sem roubar<br />
montes da concorrência e sim<br />
criando montes estimulando as<br />
pessoas a voarem. O cenário é<br />
muito favorável, com crédito,<br />
renda, mercado otimista... basta<br />
para a empresa aproveitar as<br />
oportunidades. ■
12 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
BRASIL<br />
IPCA mostra pressão generalizada<br />
Índice confirma<br />
que elevação não<br />
se deve apenas aos<br />
alimentos e que<br />
surge na carona da<br />
demanda aquecida<br />
Eva Rodrigues<br />
evarodrigues@brasileconomico.com.br<br />
Os números da inflação oficial<br />
divulgados ontem acabaram<br />
com as dúvidas: a elevação de<br />
preços registrada ao longo dos<br />
últimos meses não é apenas uma<br />
variação sazonal, mas também<br />
consequência do aquecimento<br />
na demanda interna.<br />
Uma primeira análise dos dados<br />
do Índice Nacional de Preços<br />
ao Consumidor Amplo (IPCA) —<br />
elevaçãode0,83%nomêse<br />
5,99% ao longo de 12 meses —<br />
poderia levar a outra conclusão.<br />
Afinal, o fator que mais pesou na<br />
composição do indicador em janeiro<br />
foram os reajustes em<br />
transporte, um item que tradicionalmente<br />
sobe no início do<br />
ano (veja a reportagem ao lado).<br />
Mas a constatação da existência<br />
de uma inflação de demanda<br />
surgeapartirdaobservaçãoda<br />
média dos chamados núcleos, que<br />
expurgam do cálculo as maiores<br />
volatilidades: eles já estão próximos<br />
ou mesmo acima do índice<br />
completo. Além disso, outros fatorescomoaelevaçãodoíndicede<br />
difusão — aquele que mede a<br />
quantidade de itens em alta —<br />
para 69,3%, pior resultado desde<br />
maio de 2008, reforça a análise.<br />
Também entra no cálculo a alta do<br />
segmento de serviços (7,88%) no<br />
períodode12meses.<br />
Como não é um item submetido<br />
a importações e que é diretamenteligadoàmelhoranarenda<br />
do brasileiro, a inflação dos serviços<br />
é vista como o melhor sinal de<br />
que a inflação nacional não está<br />
restrita a fatores sazonais. “O fato<br />
de não serem importáveis torna<br />
os serviços mais sensíveis ao excesso<br />
de demanda interna”, diz o<br />
economista da Tendências Consultoria,<br />
Thiago Curado.<br />
Contágio<br />
Quem discorda da análise de que<br />
os preços dos alimentos são o<br />
grande vilão da inflação é a economista<br />
do Santander Tatiana Pinheiro.<br />
Ela observa que, mesmo<br />
com a desaceleração desse segmento<br />
em janeiro, o IPCA ainda<br />
manteve a tendência de alta.<br />
“Isso é indicativo de que os ou-<br />
Mesmo com a<br />
desaceleração dos<br />
alimentos em janeiro,<br />
o índice total continua<br />
a exibir sinalização de<br />
alta, o que mostra um<br />
contágio da elevação<br />
para os demais<br />
preços da economia<br />
TRAJETÓRIA<br />
ASCENDENTE<br />
Evolução do IPCA,<br />
o índice oficial<br />
de inflação 4,59%<br />
Jan/10<br />
ONDE A ALTA DE PREÇOS PESA NO BOLSO<br />
VARIAÇÃO ACUMULADA EM 12 MESES<br />
ARTIGOS DE RESIDÊNCIA<br />
SAÚDE E CUIDADOS PESSOAIS<br />
Fonte: IBGE<br />
HABITAÇÃO<br />
VESTUÁRIO<br />
TRANSPORTE<br />
DESPESAS PESSOAIS<br />
EDUCAÇÃO<br />
COMUNICAÇÃO<br />
0 2 4 6 8<br />
Quais serviços e produtos ficaram mais caros<br />
ALIMENTOS E BEBIDAS 10,42%<br />
1,17%<br />
tros grupos de preços aceleram e<br />
bastante, considerando-se que o<br />
grupo alimentos tem um peso<br />
maior (23%) no IPCA”. Ou seja, a<br />
alta está se espalhando para outros<br />
preços da economia.<br />
Essa tendência de contágio se<br />
comprova por meio do índice de<br />
difusão, que mede a quantidade<br />
de itens que sobem dentro do<br />
IPCA. O indicador saiu de 48,7%<br />
em julho do ano passado para<br />
2,5%<br />
4,83%<br />
3,36%<br />
5,36%<br />
5,18%<br />
5,17%<br />
6,26%<br />
69,3% em janeiro. “E, mesmo se<br />
excluirmos alimentos, ele sai de<br />
48% em julho para 67,6% em janeiro.<br />
Ou seja, é um movimento<br />
generalizado de alta”, reforça.<br />
A média dos núcleos de inflação<br />
calculada pela Tendências<br />
Consultoria é outra indicação<br />
nesse sentido. Ela fechou janeiro<br />
em 0,70% e em 12 meses registra<br />
alta de 5,72%, ligeiramente abaixo<br />
do IPCA (5,99%). “Esse resul-<br />
5,26%<br />
7,32%<br />
7,42%<br />
5,22%<br />
4,84%<br />
Jun/10<br />
A despeito das<br />
influências<br />
sazonais, que<br />
afetam preços<br />
de transportes,<br />
por exemplo,<br />
a tendência ainda<br />
é de alta no custo<br />
de vida e na<br />
inflação oficial<br />
10 12<br />
tado é péssimo, considerando que<br />
a medida de núcleo serve justamente<br />
para eliminar as maiores<br />
volatilidades”, pondera Curado,<br />
para quem já ficou claro “que a inflação<br />
no <strong>Brasil</strong> ultrapassou questões<br />
de sazonalidade ou de choques<br />
de preços internacionais”.<br />
A consequência mais imediata<br />
é que, além do aperto monetário<br />
via alta dos juros, o governo deverá<br />
ser levado adotar novas medi-
4,60%<br />
4,49%<br />
VARIAÇÃO EM JANEIRO<br />
ALIMENTOS E BEBIDAS 1,16%<br />
HABITAÇÃO<br />
ARTIGOS DE RESIDÊNCIA<br />
VESTUÁRIO<br />
TRANSPORTE<br />
SAÚDE E CUIDADOS PESSOAIS<br />
DESPESAS PESSOAIS<br />
EDUCAÇÃO<br />
COMUNICAÇÃO<br />
0,12%<br />
Ag. Vale<br />
nos preços<br />
4,70%<br />
0,25%<br />
0,30%<br />
0,29%<br />
das para o controle inflacionário,<br />
afirma o professor de macroeconomiadaFundaçãoGetulioVargas,<br />
Rogério Mori. Isso, apesar do<br />
otimismo manifestado ontem<br />
pelo ministro da Fazenda, Guido<br />
Mantega. “Não devem ser descartadas<br />
novas medidas de cunho<br />
monetário (como compulsórios)<br />
ou de crédito, caso o Banco Central<br />
julgue adequado conter a expansão<br />
da oferta”, analisa. ■<br />
5,20 5,20%<br />
0,47%<br />
<strong>Brasil</strong> terá US$ 350 bilhões para mineração<br />
O <strong>Brasil</strong> terá US$ 350 bilhões até 2030 para investir no setor de<br />
mineração, segundo projeção do Plano Nacional de Mineração 2030,<br />
apresentado ontem pelo Ministério de Minas e Energia. Os investimentos<br />
previstos são em pesquisa e exploração. A previsão é que desse total,<br />
US$ 64,8 bilhões sejam investidos pelo setor privado entre 2011 e 2015,<br />
dos quais dois terços serão de capital nacional. Em 2010, o setor faturou<br />
US$ 157 bilhões e foi responsável por 25% das exportações brasileiras.<br />
0,61%<br />
Infografia Alex Silva sobre foto de Henrique Manreza<br />
0,83%<br />
5,63 5,63%<br />
5,91 5,91%<br />
1,55%<br />
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0<br />
AFRASE<br />
Murillo Constantino<br />
“Inflação oficial<br />
deve começar a<br />
diminuir a partir<br />
de março”<br />
Guido Mantega,<br />
ministro da Fazenda<br />
5,99%<br />
Jan/11<br />
AGENDA DO DIA<br />
● Saem os números da produção<br />
industrial regional de janeiro.<br />
● IBGE divulga dados sobre<br />
a produção agrícola do país.<br />
● Ipea lança estudo sobre<br />
como a população percebe<br />
a eficácia dos serviços de saúde.<br />
● Sai a inflação pelo IPC-Fipe.<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 13<br />
Inflação menor,<br />
só a partir de<br />
marçoouabril<br />
Em fevereiro, o reajuste das<br />
mensalidades escolares<br />
continua a pressionar o IPCA<br />
A inflação de 0,83% registrada<br />
pelo IPCA de janeiro — o índice<br />
oficial do governo — foi a maior<br />
desde abril de 2005. Esse resultado<br />
foi influenciado, principalmente,<br />
pelo aumento nos preços<br />
dos alimentos, bebidas e nos<br />
transportes, que juntos influenciam<br />
67% do indicador. No caso<br />
específico dos transportes, cuja<br />
inflação foi de 3,47% no mês<br />
passado, a pressão veio dos reajustes<br />
das passagens aéreas<br />
(6,21%), do ônibus urbano<br />
(4,13%), ônibus interestadual<br />
(3,63%), ônibus intermunicipal<br />
(2,50%) e das corridas de táxi,<br />
que ficaram 2,03% mais caras.<br />
“Com essas altas, os preços administrados<br />
subiram 0,94% em<br />
janeiro, o que é uma influência<br />
játradicionalnoprimeiromês<br />
do ano”, diz o economista da<br />
Tendências, Thiago Curado.<br />
No caso dos alimentos e bebidas<br />
houve uma desaceleração<br />
nos preços em relação a dezembro,<br />
apesar desses produtos<br />
ainda terem influência negativa<br />
sobre os rumos da inflação.<br />
Além dos altos preços das<br />
commodities agrícolas no mercado<br />
internacional, as chuvas<br />
na região Sudeste do <strong>Brasil</strong> contribuíram<br />
para altas expressivas<br />
nos chamados alimentos ‘in natura’,<br />
caso do chuchu, que ficou<br />
88,17% mais caro, do tomate<br />
(27,11%) e da cenoura (22,32%).<br />
“Em fevereiro a produção de<br />
alimentos deve melhorar a ofer-<br />
FGV<br />
A expectativa de<br />
melhora na safra<br />
de alimentos e a<br />
consequente oferta<br />
maior pode resultar<br />
em mais estabilidade<br />
de preços nos<br />
próximos meses<br />
ta e, com isso, trazer mais estabilidade<br />
as preços, com possibilidade<br />
de queda a partir de março”,<br />
avalia Curado.<br />
A precisão é semelhante a do<br />
ministro da Fazenda, Guido<br />
Mantega, que minimizou ontem<br />
a aumento da inflação. “O IPCA<br />
de janeiro já era esperado um<br />
pouco mais forte porque juntou a<br />
inflação de commodities, com o<br />
mês de janeiro, que costuma ter<br />
umapressãodetransportee<br />
educação”, disse. Na visão de<br />
Mantega, os preços das commodities<br />
devem recuar ou se manter<br />
estáveis nos próximos meses.<br />
“Isso significa que a tendência é<br />
de arrefecer a inflação. Não digo<br />
fevereiro, porque ainda tem uma<br />
pressão de transporte, mas a<br />
partir de março e abril”, ponderou<br />
o ministro. ■ E.R. com ABr<br />
Inflação do varejo e do atacado tem alta<br />
de 0,98% em janeiro, mas deve arrefecer<br />
A inflação medida pelo Índice<br />
Geral de Preços-Disponibilidade<br />
Interna (IGP-DI) acelerou<br />
fortemente em janeiro, em razão<br />
de maiores custos, tanto no<br />
varejo quanto no atacado. Mas,<br />
na avaliação da Fundação Getulio<br />
Vargas (FGV), responsável<br />
pela pesquisa do indicador,<br />
a alta dos preços deve arrefecer<br />
nos próximos meses. Em janeiro,<br />
ainflaçãodoIGP-DIfoide<br />
0,98%, ante taxa de 0,38% em<br />
dezembro. A previsão dos<br />
analistas era de inflação de 0,9%.<br />
“Houve uma aceleração depois<br />
de uma taxa muito baixa em<br />
dezembro que não tinha como<br />
persistir”, diz o economista<br />
Salomão Quadros, da FGV. “Em<br />
2010, houve uma recuperação<br />
de preços que trouxe altas<br />
muito fortes que não devem se<br />
repetir esse ano. Vai ser uma<br />
desaceleração suave e ao longo<br />
do ano”, acrescentou. O mês de<br />
janeiro refletiu impactos sazonais<br />
no varejo, altas de produtos<br />
alimentícios, especialmente das<br />
commodities, como milho e soja.
14 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
BRASIL<br />
TRANSPORTE<br />
Senado prorroga MP que trata das<br />
garantias para o financiamento do trem-bala<br />
O Senado prorrogou por mais 60 dias a Medida Provisória (MP) que<br />
trata das garantias do financiamento para a construção do trem de alta<br />
velocidade (TAV), no trecho entre o Rio e Campinas (SP). A MP ganhou<br />
a adesão dos Correios, que pretende investir no projeto. De acordo com<br />
a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a participação dos<br />
Correios não altera o edital ou a data do leilão, prevista para 29 de abril.<br />
Planalto trabalha para que valor de R$ 545 seja votado com urgência; oposição vai batalhar por R$ 600<br />
Pedro Venceslau<br />
pvenceslau@brasileconomico.com.br<br />
Umasemanadepoisdaposse<br />
dos novos parlamentares no<br />
Congresso Nacional, a oposição<br />
e a base do governo se preparam<br />
para o primeiro embate em plenário.<br />
A presidente Dilma Rousseff<br />
mobilizou ontem suas tropas<br />
para enfrentar o cabo de<br />
guerra em torno do reajuste no<br />
valor do salário mínimo.<br />
O Palácio do Planalto trabalha<br />
para que o projeto de elevar o mínimo<br />
para R$ 545 tramite em regime<br />
de urgência e seja votado no<br />
plenário da Câmara na próxima<br />
terça-feira. Antes, portanto, das<br />
medidas provisórias que estão<br />
trancando a pauta da Casa. Dessa<br />
Governo paulista<br />
deve anunciar hoje<br />
salário mínimo<br />
estadual com<br />
valor igual ou<br />
superior a R$ 600<br />
Carlos Eduardo Cardoso/Ag. O Dia<br />
forma, o novo valor do mínimo já<br />
estaria em vigor em março.<br />
A decisão foi comunicada ao<br />
líder do governo na casa, Cândido<br />
Vaccarezza (PT-SP), que por<br />
sua vez repassou o recado para a<br />
bancada petista. “A base governista<br />
na Câmara está unificada na<br />
proposta do governo de manter a<br />
política de valorização do salário<br />
mínimo para 2011 e dar o reajuste<br />
para R$ 545”, afirmou Vaccarezza.Ogovernotambémpromete<br />
corrigir a tabela do Imposto<br />
de Renda da Pessoa Física com<br />
basenocentrodametadeinflação,<br />
que é de 4,5%. De Dacar, no<br />
Senegal, onde participa do Fórum<br />
Social Mundial, o secretário-geral<br />
da Presidência, Gilberto<br />
Carvalho, mandou um recado em<br />
CARNAVAL 2011<br />
Prefeitura do Rio vai liberar R$ 3 milhões<br />
para escolas de samba afetadas por incêndio<br />
Um dia após um incêndio que destruiu fantasias e alegorias de três<br />
escolas de samba do Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB),<br />
anunciou uma ajuda financeira de R$ 3 milhões para Portela, União da<br />
Ilha e Grande Rio, escolas que tiveram suas alegorias completamente<br />
destruídas. A Grande Rio, que investiu R$ 10 milhões no Carnaval e a mais<br />
afetada pelo incêndio do início da semana, vai receber R$ 1,5 milhão.<br />
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr<br />
Cândido Vaccarezza está na<br />
linha de frente na defesa<br />
de R$ 545 para o mínimo<br />
Governo quer antecipar votação<br />
do mínimo para a próxima semana<br />
nome do governo. “Na questão<br />
do mínimo, nós entendemos que<br />
não há mais negociação”.<br />
Contra-ofensiva<br />
No embalo da agitação governista,<br />
a oposição também começou<br />
a se manifestar. PSDB e o PPS —<br />
que abraçaram a bandeira de José<br />
Serra na campanha presidencial<br />
—defendemoaumentodomínimo<br />
para R$ 600, uma das proposta<br />
do então candidato.<br />
O movimento pretende trazer<br />
Serra de volta ao cenário. “Quero<br />
que o Serra seja convidado para<br />
vir aqui explicar sua proposta”,<br />
disse ao BRASIL ECONÔMICO osenador<br />
Itamar Franco (PPS-MG).<br />
“É legítimo que o Serra seja o<br />
porta-voz dessa proposta”, afir-<br />
AGORA VAI?<br />
Aécio Neves assume<br />
comissão de reforma<br />
política no Senado<br />
O presidente do Senado, José<br />
Sarney (PMDB-AP), convidou o<br />
senador Aécio Neves (PSDB-MG)<br />
para participar da comissão da<br />
casa que vai debater o projeto de<br />
reforma política. Convite aceito,<br />
Aécio já faz planos. Ele quer<br />
evitar que o projeto seja<br />
pretensioso demais, o que<br />
significaria mais uma temporada<br />
lenta no Congresso. O senador<br />
mineiro pretende priorizar alguns<br />
pontos específicos e que geram<br />
menos resistência: a cláusula<br />
de desempenho, que dificulta<br />
a vida dos partidos nanicos,<br />
o financiamento público<br />
de campanha e o voto distrital<br />
misto. P.V.<br />
ma o deputado federal Otávio<br />
Leite (PSDB-RJ). Na Câmara, o<br />
PPS já apresentou uma proposta<br />
de salário mínimo de R$ 600.<br />
A decisão federal de acelerar o<br />
processo do salário mínimo refletiu<br />
em São Paulo. O governador<br />
Geraldo Alckmin (PSDB)<br />
deve anunciar hoje que o piso salarial<br />
paulista vai subir para um<br />
valor igual ou superior a R$ 600.<br />
Se confirmada, a decisão terá<br />
impacto direto em Brasília e<br />
dará munição para a oposição,<br />
que usaria o exemplo para fustigar<br />
o governo. “Isto ajuda a<br />
impulsionar nossa estratégia de<br />
R$ 600. A decisão de Geraldo<br />
Alckmin repercute em todo<br />
país”, diz Imbassahy. ■ Colaborou<br />
Rafael Abrantes
DIPLOMACIA<br />
Governo brasileiro decide não encaminhar<br />
nota de protesto ao governo egípcio<br />
O governo do <strong>Brasil</strong> recuou na decisão de encaminhar nota de protesto ao<br />
governo do Egito em decorrência do tratamento inadequado dispensado<br />
a jornalistas brasileiroseaumdiplomata no país. Segundo o Ministério<br />
das Relações Exteriores a decisão foi tomada porque a Embaixada<br />
do Egito no <strong>Brasil</strong> se desculpou formalmente ao divulgar nota em que<br />
lamentou “o caos a que os jornalistas brasileiros foram submetidos.”<br />
DESASTRE NATURAL<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 15<br />
Prejuízo de empresários da região serrana<br />
do Rio de Janeiro chega a R$ 470 milhões<br />
O prejuízo dos empresários da região serrana do Rio com as fortes<br />
chuvas de janeiro chegaram a R$ 469,2 milhões, segundo cálculos<br />
da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).<br />
A pesquisa mostra que 84% dos comerciantes da região foram afetados e<br />
que a recuperação deve durar cerca de dois anos. O maior prejuízo foi em<br />
Nova Friburgo, com perdas estimadas em R$ 211,1 milhões.<br />
Queda de patentes injetará R$ 600 mi<br />
no mercado de genéricos em 2011<br />
Vencimento de 11 registros de marcas deve turbinar vendas do setor, que movimentou R$ 6,2 bilhões no ano passado<br />
Ruy Barata Neto<br />
rneto@brasileconomico.com.br<br />
Um total de onze medicamentos,<br />
cujas patentes expiram entre<br />
2010 e 2011, estão sendo<br />
lançados como remédios genéricos<br />
nas farmácias e devem injetar<br />
no setor um montante de<br />
R$ 600 milhões, segundo a Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira das Indústrias<br />
de Medicamentos Genéricos<br />
(Pró-genéricos). Nesta lista<br />
estão drogas como a Abacept,<br />
com patente reservada a Bristol-<br />
Myers-Squibb, comercializada<br />
sob a marca Orencia e indicada<br />
para tratamento da artrite reumatóide.<br />
Mas ainda há medicamentos<br />
que estrearam nas prateleiras<br />
em 2010 e ainda passam<br />
por processo de consolidação<br />
das vendas. É o caso do Valsartana,<br />
versão genérica do anti-hipertensivo<br />
Diovan, lançado em<br />
janeiro pelo laboratório EMS depois<br />
de receber liberação de registro<br />
pela Agência Nacional de<br />
Vigilância Sanitária (Anvisa),<br />
em dezembro do ano passado.<br />
SegundoopresidentedaPrógenéricos,<br />
Odnir Finotti, a demora<br />
na liberação dos registros<br />
para o lançamentos das versões<br />
de genéricos é um dos entraves<br />
para a expansão mais acelerada<br />
do setor. Pelos dados da Anvisa,<br />
existem 49 medicamentos cujas<br />
patentes estão vencidas, mas<br />
que ainda aguardam os registros<br />
para serem lançados como genéricos<br />
nas prateleiras. A lista<br />
soma um mercado a ser explorado<br />
de R$ 2,8 bilhões. “Depois<br />
que o pedido para o lançamento<br />
dogenéricoéfeito,aAnvisatem<br />
90 dias para se manifestar. Mas<br />
esse processo tem durado até 15<br />
meses, o que é um prazo longo”,<br />
afirma Finotti.<br />
A ânsia dos laboratórios para<br />
lançar um medicamento como<br />
genérico se dá pela musculatura<br />
que este mercado ganhou depois<br />
do fim da patente de remédios<br />
conhecidos e bastante utilizados<br />
- caso do Viagra, liberado<br />
no ano passado. A droga<br />
contra impotência sexual chegouaomercadoemjunhode<br />
2010 e, sozinha, deve responder<br />
por R$ 150 milhões em vendas.<br />
O medicamento contribuiu para<br />
turbinar os resultados do setor<br />
ao longo de 2010, considerado o<br />
Divulgação<br />
Odnir Finotti<br />
Presidente<br />
da Pro-genéricos<br />
“Os genéricos já representam<br />
17% do negócio da indústria<br />
farmacêutica e a participação<br />
deve crescer com novos<br />
investimentos para ampliar<br />
capacidade de produção e em<br />
pesquisa e desenvolvimento”<br />
melhor ano da história pela Pró-<br />
Genéricos. As vendas somaram<br />
R$ 6,2 bilhões no período, o que<br />
representa alta de 37,7 % em relação<br />
ao ano anterior (R$ 4,5 bilhões).<br />
“Foi o maior crescimento<br />
desde 2002, que não conta<br />
portersidooprimeiroanoem<br />
que auferimos vendas e quando<br />
os genéricos passaram a ser efetivamente<br />
comercializados no<br />
<strong>Brasil</strong>”, afirma Finotti. A queda<br />
das patentes somadas ao aumento<br />
da renda do trabalhador<br />
nos últimos anos foram responsáveis<br />
pelo bom resultado.<br />
Arecenteiniciativadogoverno<br />
federal em distribuir gratuitamente<br />
medicamentos para<br />
hipertensão arterial e diabetes<br />
devem inflar ainda mais o resultado<br />
deste ano. “A expectativa é<br />
que o crescimento em 2011 não<br />
seja menor que 25%”, diz Finotti.<br />
Some-se a isso a abertura<br />
de um novo mercado: o de medicamentos<br />
biológicos. “A regulamentação<br />
está aprovada, mas<br />
dependemos dos registros da<br />
Anvisa”, diz. O mercado potencial<br />
que se abre para o segmento<br />
é da ordem de R$ 3 bilhões, estima<br />
a Pró-Genéricos. ■<br />
VENDAS<br />
444,3 mi<br />
foi o número de caixas<br />
de medicamentos genéricos<br />
comercializadas ao longo<br />
do ano passado.<br />
Marino Azevedo<br />
INVESTIMENTO<br />
R$ 1,5 bi<br />
éomontantedeinvestimento<br />
estimado para ampliação da<br />
produção dos laboratórios de<br />
genéricos nos próximos três anos.<br />
FARMÁCIA POPULAR<br />
R$ 150 mi<br />
éovalordoreembolsoanual<br />
do governo federal por meio<br />
do programa Farmácia Popular<br />
para a indústria de genéricos.<br />
Marcela Beltrão<br />
Medicamentos genéricos:<br />
tendência de alta nas vendas<br />
deve continuar neste ano<br />
Elebrás Projetos S.A.<br />
CNPJ/MF nº 04.823.041/0001-39 - NIRE 43 3 0005189 7<br />
Ata da 2ª Assembléia Geral Extraordinária<br />
1. Data, Hora e Local: Realizada no dia 27 de outubro de 2010, às 16:00hs, na sede da Companhia, na<br />
Rua Rua Mostardeiro, 366 - conjunto 501, Moinhos de Ventos, CEP 90430-000, na Cidade de Porto<br />
Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. 2. Convocação e Presença: Presentes os acionistas que representam<br />
a totalidade do capital social, conforme assinaturas constantes do Livro de Presença de Acionistas da<br />
Companhia, em razão do que fica dispensada a convocação, nos termos do art. 124, § 4º, da Lei nº<br />
6.404/76, conforme alterada. 3. Mesa: Sr. António Manuel Barreto Pita de Abreu - Presidente; e Sra.<br />
Andréa Mazzaro Carlos De Vincenti - Secretária. 4. Ordem do Dia: Eleição de novo membro da Diretoria<br />
da Companhia. 5. Deliberações: 5.1 Os acionistas, por unanimidade dos presentes, elegeram para o<br />
mandato em curso, ou seja, até a data de 30/03/2013, o Sr. Renato Volponi Lício, brasileiro, casado,<br />
engenheiro, portador da Cédula de Identidade RG nº 2.490.344-5 IFP/RJ, inscrito no CPF/MF sob nº<br />
245.721.287-15, residente e domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial na<br />
Rua Joaquim Floriano, 413 - 17º andar - Itaim Bibi, Edifício Result Corporate Plaza, CEP 04534-010 - São<br />
Paulo - SP, para ocupar o cargo de “Diretor” da Companhia. O Diretor ora eleito, neste ato e/ou por<br />
declaração própria, tomou ciência de sua eleição e a aceitou, declarando não estar incurso em nenhum<br />
crime que o impeça de exercer atividades mercantis. 5.2 Tendo em vista a deliberação acima, a Diretoria<br />
da Companhia passa a ter a seguinte composição, com mandato até a data de 30/03/2013: Diretor<br />
Presidente: Sr. Miguel Nuno Simões Nunes Ferreira Setas, português, casado, engenheiro, portador<br />
da cédula de identidade RNE nº V533027-Y, inscrito no CPF/MF sob o nº 233.022.348-05, residente e<br />
domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial na Rua Bandeira Paulista, nº 530<br />
- 14º andar, CEP 04532-001; Diretor: Sr. Carlos Emanuel Baptista Andrade, brasileiro, casado,<br />
economista, portador da Cédula de Identidade RG nº 1.699.133 SSP/PE, inscrito no CPF/MF sob nº<br />
364.349.064-04, residente e domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial na<br />
Rua Bandeira Paulista, nº 530 - 4º andar, CEP 04532-001; e Diretor: Sr. Renato Volponi Lício, brasileiro,<br />
casado, engenheiro, portador da Cédula de Identidade RG nº 2.490.344-5 IFP/RJ, inscrito no CPF/MF sob<br />
nº 245.721.287-15, residente e domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, com endereço comercial<br />
na Rua Joaquim Floriano, 413 - 17º andar - Itaim Bibi, Edifício Result Corporate Plaza, CEP: 04534-010.<br />
6. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, o Sr. Presidente ofereceu a palavra a quem dela<br />
quisesse fazer uso e, como ninguém a pediu, declarou encerrados os trabalhos e suspensa a assembléia<br />
pelo tempo necessário à lavratura desta ata, a qual, reaberta a sessão, foi lida, aprovada e por todos os<br />
presentes assinada. Presidente da Mesa: António Manuel Barreto Pita de Abreu. Secretária: Andréa<br />
Mazzaro Carlos De Vincenti. Acionistas: EDP - Renováveis <strong>Brasil</strong> S.A., representada por seu Diretor<br />
Presidente Sr. Miguel Nuno Simões Nunes Ferreira Setas e por seu Diretor Sr. Carlos Emanuel Baptista<br />
Andrade; e António Manuel Barreto Pita de Abreu. Declaro que a presente é cópia fiel extraída do<br />
original. Andréa Mazzaro Carlos De Vincenti - Secretária da Mesa. Registrada na JUCERGS sob o nº<br />
3413971 em sessão de 18/01/2011. Sérgio José Dutra Kruel - Secretário Geral.
16 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
INOVAÇÃO & GESTÃO<br />
Natália Flach<br />
nflach@brasileconomico.com.br<br />
A conta de luz de Rosângela<br />
Calvet diminuiu consideravelmente<br />
desde que a comerciante<br />
começou a separar materiais recicláveis<br />
e entregá-los no posto<br />
de coleta mais próximo de sua<br />
casa, em Niterói (RJ). À primeira<br />
vista, pode não fazer muito sentido<br />
trocar lixo por descontos na<br />
faturadeenergia.Masaexplicação<br />
é simples: quem está por<br />
trás desta iniciativa éaempresa<br />
do setor elétrico Endesa <strong>Brasil</strong>.<br />
Desde que foi criado em<br />
2008, o projeto já distribuiu R$ 1<br />
milhão em descontos para 300<br />
mil famílias do Rio de Janeiro e<br />
do Ceará — estados onde a empresa<br />
atua — e reciclou 9,5 mi-<br />
lhões de toneladas de lixo. “Tem<br />
gente que prefere doar o benefício<br />
para organizações não-governamentais<br />
cadastradas no<br />
programa”, conta André Moragas,<br />
diretor de relações institucionais<br />
da companhia.<br />
A ideia do projeto surgiu de<br />
uma pesquisa realizada em 184<br />
comunidades de baixa renda da<br />
Grande Fortaleza, disse o executivo.<br />
Constatou-se, na ocasião,<br />
que a maior parte dos moradores<br />
desses municípios depositava<br />
o lixo doméstico em<br />
locais impróprios e ainda detinha<br />
os maiores índices de inadimplência<br />
e furto de energia<br />
elétrica do estado.<br />
FoiaíqueaEndesa<strong>Brasil</strong>—<br />
por meio de sua subsidiária<br />
Coelce — fez uma parceria com<br />
QUINTA-FEIRA<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
a Universidade de Fortaleza, a<br />
companhia Knowledge Networks<br />
and Business Solutions e<br />
a empresa de coleta de resíduos<br />
Organizações Gonçalves.<br />
O objetivo era desenvolver um<br />
sistema que fosse capaz de<br />
computar os bônus adquiridos<br />
com a troca dos materiais recicláveis.<br />
E assim foi criado o<br />
programa Ecoelce que, no ano<br />
seguinte, chegou ao Rio de Janeiro<br />
com o nome Ecoampla —<br />
referência à subsidiária fluminense<br />
Ampla.<br />
Pelo programa, o morador<br />
recebe um cartão que armazena<br />
o quanto ele arrecadou com a<br />
coleta seletiva. Os créditos são<br />
enviados, por meio da tecnologiadetelefoniaGPRS,paraa<br />
central de processamento da<br />
SEXTA-FEIRA<br />
TECNOLOGIA<br />
Reciclagem é revertida em abono<br />
Iniciativa da Endesa <strong>Brasil</strong> já beneficiou 300 mil moradores do Rio de Janeiro e do Ceará. Desde o início do projeto<br />
A TROCA DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS É FEITA EM POSTOS DE COLETA<br />
A ideia do projeto<br />
surgiu de uma<br />
pesquisa realizada<br />
em 184 comunidades<br />
de baixa renda<br />
da Grande Fortaleza.<br />
Constatou-se, na<br />
ocasião, que a maioria<br />
dos moradores<br />
depositava o lixo<br />
doméstico em<br />
locais impróprios<br />
e ainda detinha os<br />
maiores índices de<br />
inadimplência e furto<br />
de energia do estado<br />
empresa que trata os dados e os<br />
remete ao sistema de faturamento,<br />
que é responsável por<br />
transformar o crédito em desconto<br />
na conta de energia.<br />
Moragas afirma que a Endesa<br />
<strong>Brasil</strong> não tem ganhos financeiros<br />
com o programa. Ele explica<br />
que se um morador leva o equivalente<br />
a R$ 100 de lixo reciclável<br />
a um posto cadastrado, R$ 20<br />
ficam com a empresa que faz a<br />
coleta. Já os R$ 80 restantes são<br />
encaminhados para a companhiadosetorelétricoeestevalor<br />
é descontado da conta de luz do<br />
cliente. “Estamos tentando adequar<br />
o consumo à realidade das<br />
pessoas”, diz.<br />
Próximos passos<br />
Os shoppings cearenses serão
SEGUNDA-FEIRA<br />
EDUCAÇÃO<br />
TERÇA-FEIRA<br />
EMPREENDEDORISMO<br />
na conta de luz<br />
em 2008, os descontos nas faturas totalizaram R$ 1 milhão<br />
No posto de coleta de Niterói (RJ), a comerciante Rosângela Calvet troca<br />
resíduos recicláveis por crédito na conta de luz. Ela é uma das 300 mil pessoas<br />
do Rio de Janeiro e do Ceará que já foram beneficiadas pelo projeto criado<br />
pela empresa do setor elétrico Endesa <strong>Brasil</strong>. A companhia tem planos<br />
de replicar o programa em outros países onde atua, como Peru e Colômbia.<br />
■ INVESTIMENTO<br />
Desde 2008, a Endesa <strong>Brasil</strong><br />
já alocou no programa<br />
R$3,2 mi<br />
os próximos alvos do Ecoelce.<br />
De acordo com Moragas, a<br />
companhia vai instalar lixeiras<br />
nas praças de alimentação dos<br />
centros comerciais para atrair<br />
clientes das classes mais altas<br />
para o programa.<br />
Enquanto isso, no Rio de Janeiro,<br />
a Ampla está de olho nos<br />
clientes corporativos. A ideia é<br />
instalar recipientes dentro de<br />
fábricas e <strong>empresas</strong> e fazer o recolhimento<br />
do material arrecadado<br />
periodicamente. O teste<br />
será feito com a fabricante de<br />
embalagens Itaquera, que fica<br />
em Magé. “Temos ainda o projeto<br />
de levar postos itinerantes<br />
para cidades onde não há pontos<br />
de coleta. A ideia é deixálospordoismesesemcadamunicípio”,<br />
acrescenta. ■<br />
■ BENEFÍCIOS<br />
Os descontos nas contas das<br />
300 mil famílias somam<br />
R$1 milhão<br />
FORA DO BRASIL<br />
Projeto chega ao Chile e deve ir para o Peru<br />
Depois do sucesso no <strong>Brasil</strong>,<br />
a Endesa levou o projeto que<br />
faz a troca de lixo reciclável por<br />
descontos na conta de luz para<br />
o Chile, país onde também atua.<br />
Segundo André Moragas,<br />
diretor de relações institucionais<br />
da companhia, o programa<br />
Ecochilectra entrou em operação<br />
em setembro do ano passado,<br />
em uma região carente chamada<br />
Peñalolén, em Santiago. Cerca<br />
de 470 famílias já participaram e,<br />
no período, foram arrecadados<br />
7,6 toneladas de resíduos.<br />
“Pelos números obtidos até<br />
agora, acredito que será um<br />
■ RECICLAGEM<br />
Fotos: divulgação<br />
O total reciclado pelo<br />
programa chega a (em t)<br />
9,5 milhões<br />
sucesso. Estudamos agora levar o<br />
projeto para o Peru e Colômbia.”<br />
O executivo acrescenta que<br />
o investimento no programa<br />
é feito pela Endesa e pelos<br />
parceiros que fazem a coleta dos<br />
materiais. Até hoje, a Ampla,<br />
subsidiária do Rio de Janeiro,<br />
já investiu no Ecoampla<br />
R$ 1,3 milhão. O estado possui<br />
13 postos de coleta e conta com<br />
os parceiros Clin, Pakera, Mafis,<br />
Lopes Meriti e Coopreserva.<br />
Já o Ecoelce possui 55 postos de<br />
coleta no Ceará, sendo 33 fixos<br />
e22móveis,eaCoelcejáinvestiu<br />
quase R$ 2 milhões no programa.<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 17<br />
RAFAEL TELLO<br />
Professor e pesquisador do<br />
Centro de Desenvolvimento da<br />
Sustentabilidade na Construção<br />
da Fundação Dom Cabral<br />
E se a sustentabilidade<br />
se tornar rentável?<br />
A empresa de energia Endesa, por meio da Coelce, sua<br />
distribuidora no estado do Ceará, desenvolveu uma<br />
engenhosa ação para promover a consciência sobre reciclagem.<br />
O Programa Ecoelce oferece crédito aos consumidores<br />
que levam resíduos selecionados para postos<br />
de coleta autorizados. Este valor pode ser debitado<br />
na conta de luz do depositante ou doado a instituições<br />
filantrópicas cadastradas.<br />
À primeira vista, este projeto parece um exemplo<br />
claro de sustentabilidade corporativa, já que a empresa<br />
promoveu melhorias ambientais, por estimular as pessoas<br />
a reciclarem seu lixo, e sociais, por distribuir recursos<br />
que beneficiam especialmente as classes com<br />
menor renda. No entanto, para ser caracterizada como<br />
sustentável, seria preciso que esta ação gerasse resultados<br />
econômicos positivos também para a empresa. É<br />
provável que, com o programa, a redução no índice de<br />
inadimplência e os ganhos com imagem possam ter superado<br />
os gastos com o programa. Mas é preciso refletir:<br />
um programa dessa natureza deve ser o objetivo de<br />
<strong>empresas</strong> que buscam uma atuação mais sustentável?<br />
É aí que entra a inovação. Apesar de o programa ser<br />
incontestavelmente inovador, ele está desatrelado do<br />
core business de uma<br />
empresaquegeraedis-<br />
Quando as novas<br />
alternativas de<br />
soluções de<br />
problemas<br />
ambientais são<br />
capazes de<br />
promover o<br />
desenvolvimento<br />
das <strong>empresas</strong>,<br />
há ganhos maiores<br />
para todos<br />
os envolvidos<br />
tribui energia — o setor<br />
mais vigiado por ativistas<br />
do clima. Nesse sentido,<br />
o recente trabalho<br />
do professor de Harvard<br />
Michael Porter, defendendo<br />
a geração de valor<br />
compartilhado, se<br />
torna uma grande inspiração<br />
para as <strong>empresas</strong>.<br />
Segundo Porter,<br />
elas precisam observar<br />
seu ambiente de atuação<br />
e buscar neles oportunidades<br />
de gerar soluções,<br />
que promovam<br />
simultaneamente lucros<br />
e ganhos para a sociedade.<br />
É preciso re-<br />
fletir sobre o valor das ações realizadas, ou seja, os ganhos<br />
gerados em relação aos custos incorridos.<br />
É possível imaginar algumas questões que irão afetar<br />
o negócio da Endesa. Atualmente, grande parte das organizações<br />
e da sociedade está refletindo sobre formas<br />
de reduzir o consumo de energia. O modelo de negócios<br />
da empresa está preparado para este ambiente? Quais<br />
as inovações necessárias na empresa e em sua cadeia<br />
produtiva para torná-lo rentável neste novo ambiente?<br />
Estas reflexões têm o potencial de explicitarem um<br />
conjunto de temas capaz de promover melhorias para a<br />
sociedade, por meio do desenvolvimento de novos negócios<br />
para a empresa.<br />
A Endesa demonstrou capacidade de inovação com<br />
seu programa de apoio à reciclagem, agora cabe a ela<br />
aproveitar a estrutura construída inovando também<br />
em áreas ligadas ao seu negócio. O sistema de créditos<br />
pode ser usado para financiamento de equipamentos<br />
de baixo consumo, promovendo eficiência energética<br />
e, assim, possibilitando que a empresa busque créditos<br />
de carbono.<br />
A inovação é a base do desenvolvimento, inclusive o<br />
sustentável. Novas alternativas para a solução de problemas<br />
ambientais, econômicos e sociais são sempre<br />
bem vindas. Porém, quando elas também são capazes<br />
de promover o desenvolvimento das <strong>empresas</strong>, há ganhos<br />
ainda maiores para todos os envolvidos. ■
18 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
ENCONTRO DE CONTAS<br />
Ronco<br />
grosso<br />
LURDETE ERTEL<br />
A Harley-Davidson<br />
prepara uma nova<br />
arrancada no mercado<br />
brasileiro em 2011.<br />
Depois de chegar a um<br />
acordo com o grupo<br />
HDSP/ Izzo, distribuidor<br />
exclusivo de suas motos<br />
no país até o ano passado<br />
e alvo de um processo<br />
judicial, a legendária<br />
marca americana começa<br />
a acelerar uma atuação<br />
mais direta no <strong>Brasil</strong>.<br />
A meta dos próximos<br />
meses é procriar revendas<br />
no país. Duas novas<br />
concessionárias Harley-<br />
Davidson já foram<br />
nomeadas – uma em<br />
São Paulo (SP) e uma em<br />
Belo Horizonte (MG).<br />
Ambas começam a vender<br />
motos em março e abril,<br />
respectivamente.<br />
Ademais, novas lojas da<br />
marca oferecerão<br />
serviços de assistência<br />
técnica a partir de março<br />
no Rio (RJ), Curitiba (PR),<br />
Campinas (SP), Porto<br />
Alegre (RS) e Goiânia (GO.<br />
Troca de cilindradas<br />
A antiga concessionária da<br />
Harley-Davidson na Avenida<br />
dos Bandeirantes, em São<br />
Paulo, já trocou de bandeira.<br />
A megaloja da HDSP/Izzo,<br />
ex- distribuidor exclusivo da<br />
Harley no país, passou a abrigar<br />
uma revenda da marca austríaca<br />
KTM, que também tem grandes<br />
metas para o mercado brasileiro.<br />
A montadora de motos esportivas<br />
já anunciou planos de fabricar<br />
alguns de seus modelos<br />
de baixa cilindrada no <strong>Brasil</strong>.<br />
Entreeles,anovaDuke125.<br />
Pandeiro<br />
Começaram a ir abaixo nesta<br />
semana as paredes internas da<br />
antiga casa de shows Imperator,<br />
no Méier – Rio de Janeiro.<br />
O prédio será reformulado<br />
para receber o Centro Cultural<br />
João Nogueira, investimento<br />
de R$ 21 milhões do município.<br />
O local abrigou no passado o<br />
maior cinema da América Latina<br />
— o Cine Imperador, de 1954.<br />
O lado lucrativo da força<br />
Mesmo sem novos filmes ou mesmo<br />
reprises, a saga Star Wars continua<br />
mostrando sua força para atrair cifras.<br />
As aventuras intergalácticas criadas por<br />
George Lucas faturaram US$ 510 milhões<br />
em 2010, com a venda de videogames<br />
inspirados na série.<br />
Foi um recorde absoluto para um ano sem<br />
“Por favor,<br />
preciso de<br />
ajuda.Me<br />
responda<br />
antes que seja<br />
tarde demais<br />
para os dois.<br />
Devo minha<br />
vida a você<br />
eestoua<br />
seu serviço,<br />
disposto a<br />
morrer por<br />
você. Não são<br />
só palavras”<br />
Pradeep Manukonda,<br />
homem que tem<br />
atormentado o fundador do<br />
Facebook. Mark Zuckerberg<br />
acaba de conseguir ordem<br />
de afastamento na Justiça.<br />
lançamentos relacionados à epopéia.<br />
Para os especialistas, a chave deste sucesso<br />
está na série animada The Clone Wars,<br />
que permitiu uma nova geração de fãs<br />
conhecerem o fascínio do sabre de luz.<br />
Na cola vieram novos brinquedos da<br />
Lego e da Hasbro, marcas que já têm<br />
longa fidelidade ao clássico.<br />
Amos Gumulira/AFP<br />
Miguel Riopa/AFP<br />
O assédio parece ter inspirado a Fox Home<br />
Entertainment a tirar sua lasca da nova<br />
febre em torno de Star Wars.<br />
O estúdio prepara para setembro<br />
o lançamento da coleção completa<br />
da série em formato blu-ray.<br />
Será a primeira vez que a saga volta<br />
com os seis filmes de George Lucas.<br />
▲<br />
Palavra dada<br />
não volta atrás<br />
A família da menina adotada por<br />
Madonna no Malawi está ameaçando<br />
entrar na Justiça contra a cantora.<br />
Eles alegam que a popstar não está<br />
cumprindo o acordo que fez no momento<br />
da adoção, em junho de 2009.<br />
Madonna teria prometido à família de<br />
Mercy James visitas periódicas à garota.<br />
Como a mãe biólogica de Mercy morreu<br />
cinco dias após o parto, a criança foi<br />
criada pelos avos e tios, sob os cuidados<br />
da Aldeia de Crianças Kondanani.<br />
Os avos biólogicos da menina garantem<br />
que, para levar Mercy, a cantora não<br />
só prometeu contato regular, como<br />
disse que a garota poderia voltar<br />
a viver com eles depois de adulta.<br />
“Nós sabemos que Madonna deu um<br />
monte de dinheiro para o orfanato,<br />
e as pessoas nos convenceram<br />
a deixá-la levar a nossa menina.<br />
Nenhum de nós deseja uma briga<br />
judicial que possa prejudicar Madonna.<br />
Só que até agora só vimos fotos<br />
de Mercy em jornais. Nos sentimos<br />
enganados, e minha mãe é idosa e está<br />
sofrendo muito. Ela perdeu a filha e<br />
agora a neta”, desabafou a tia de Mercy.
Realeza por perto<br />
O <strong>Brasil</strong> virou queridinho<br />
de Mônaco — e não apenas por<br />
conta das jovens princesas<br />
Charlotte e Andrea Casiraghi,<br />
e o príncipe Pierre, que se<br />
tornaram presença cativa no país<br />
desde que a primeira começou<br />
a namorar um brasileiro.<br />
O departamento de turismo<br />
do principado na Riviera<br />
Francesa vai instalar no <strong>Brasil</strong><br />
o seu primeiro escritório de<br />
representação na América do Sul.<br />
O posto avançado deverá ser<br />
aberto em São Paulo até maio.<br />
Atualmente, a única cidade das<br />
Américas a contar com um<br />
escritório de Mônaco é Nova York.<br />
Bola no balcão<br />
Reprodução<br />
O Vasco prepara a abertura<br />
de três lojas da bandeira oficial<br />
Gigante da Colina até março.<br />
Todas em shoppings<br />
do Rio de Janeiro.<br />
Hoje com apenas uma loja em<br />
São Januário, o clube pretende<br />
chegar a 15 até dezembro.<br />
A Francap, responsável pelo<br />
franqueamento, negocia a<br />
instalação de pontos em Vitória<br />
(ES), Manaus (AM) e Brasília (DF).<br />
Cutuco no para-choque<br />
Depois de ter seus comerciais<br />
suspensos pelo Conar no ano<br />
passado por queixa da<br />
concorrência, a montadora<br />
Nissan vai voltar à carga com<br />
mais uma campanha polêmica.<br />
A marca coloca na rua<br />
a partir de hoje novos anúncios<br />
que prometem cutucar<br />
os carros das rivais.<br />
Em setembro passado, a Nissan<br />
teve que suspender a veiculação<br />
de reclames provocativos<br />
emquecitavaasconcorrentes<br />
GM, Fiat e Honda.<br />
Roubo real<br />
Um hacker britânico chamado Ashley Mitchell conseguiu entrar<br />
nos servidores do Zynga, os criadores do FarmVille para Facebook,<br />
e roubou nada menos que 400 bilhões de fichas virtuais de jogo,<br />
equivalentes, no mundo real, a cerca de R$ 20 milhões.<br />
Mitchell esperava conseguir cerca de U$ 300 mil com<br />
a venda das fichas no mercado negro, mas admitiu o roubo,<br />
e agora corre o risco de ser preso.<br />
Bisturi<br />
virtual<br />
Mais um erro<br />
grave no uso<br />
do Photoshop<br />
conseguiu acabar<br />
com a perfeição<br />
geralmente vista<br />
nas fotos da<br />
modelo Marisa<br />
Miller. O braço<br />
da top foi<br />
completamente<br />
apagado em um<br />
catálogo da<br />
Victoria’s Secret.<br />
A imagem em<br />
quealoira<br />
aparece de<br />
camiseta polo<br />
foi publicada<br />
no site da grife.<br />
Marcelo Faustini<br />
MARCADO<br />
● O ministro de Turismo<br />
da Argentina, Enrique<br />
Meyer, participa hoje<br />
do 3º Workshop Mundo<br />
Agaxtur, que a operadora<br />
turística promove<br />
no Expo Barra Funda,<br />
em São Paulo.<br />
De peito aberto<br />
Desembarca nas prateleiras<br />
das lojas da rede Hering<br />
Store nas próximas<br />
semanas a coleção 2011<br />
da já clássica camiseta com<br />
o ícone azul da campanha<br />
O Câncer de Mama no<br />
Alvo da Moda.<br />
A nova linha, criada neste<br />
ano pela estilista Simone<br />
Nunes, foi apresentada<br />
durante a recente São<br />
Paulo Fashion Week,<br />
com a apresentadora<br />
Angélica como principal<br />
garota-propaganda.<br />
As estampas desenhadas<br />
por Simone têm cerca<br />
de 10 versões diferentes.<br />
Inspirada em uma<br />
iniciativa do estilista<br />
RalphLaurenem<br />
NovaYork,em1994,<br />
a campanha já teve a<br />
adesão de 19 famosos<br />
estilistas brasileiros, que<br />
deixaram suas marcas<br />
em modelos especialmente<br />
criados para a causa.<br />
Chega ao mercado em maio mais uma linha de acessórios<br />
para enlouquecer os Beatlemaníacos. A nova coleção da<br />
Acme Studio inclui uma edição limitada de canetas, relógios,<br />
caixasdecartãoecaixasdeóculosdosTheBeatles.<br />
As canetas serão vendidas em caixas com quatro peças,<br />
uma de cada Beatle, ao preço de US$ 450.<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 19<br />
encontrodecontas@brasileconomico.com.br<br />
GIRO RÁPIDO<br />
Para todos<br />
OprojetoCinema Nacional<br />
Legendado & Audiodescrito<br />
vaiexibirofilmeOBem<br />
Amado, do diretor Guel<br />
Arraes, em sessões especiais<br />
paracegosesurdos—que<br />
não podem desfrutar do<br />
cinema sem audiodescrição<br />
e legenda closed caption,<br />
nosdias12e13,noCCBB-Rio,<br />
no Rio de Janeiro.<br />
Nova casa<br />
A Hope acaba de inaugurar<br />
sua 15ª loja no estado<br />
de São Paulo. A unidade,<br />
no Shopping Eldorado,<br />
é a 55ª da rede.<br />
Para comemorar os 45 anos<br />
em 2011, a marca também<br />
está investindo em uma<br />
nova campanha com<br />
a top Gisele Bündchen.<br />
Fábrica de chocolate<br />
A Katz Chocolates<br />
se prepara para abrir<br />
100 lojas até 2014.<br />
A fábrica, criada<br />
em Petrópolis (RJ),<br />
é reconhecida pela<br />
qualidade dos<br />
chocolates e biscoitos<br />
há mais de 50 anos.<br />
Surpresa<br />
A Viva! Experiências,<br />
empresa nacional de<br />
caixas-presentes, deve<br />
espalhar mais de 100<br />
pontos de venda até<br />
dezembro deste ano.<br />
A empresa fechou 2010<br />
com faturamento de<br />
mais de R$ 4 milhões<br />
e venda de 40 mil caixas.<br />
Fotos: divulgação<br />
Com Karen Busic<br />
kbusic@brasileconomico.com.br
20 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
EMPRESAS<br />
Grupo Accor abre<br />
franquia para ser<br />
fast-food de hotéis<br />
Rede francesa planeja levar a bandeira Formule 1 para<br />
o interior dos estados com a abertura de 100 unidades<br />
Amanda Vidigal Amorim,<br />
de Tanger*<br />
avidigal@brasileconomico.com.br<br />
Depois de se consolidar como<br />
líder mundial no mercado de<br />
hospedagem econômica, o grupo<br />
Accor pretende dar impulso<br />
a um movimento de “fast-food”<br />
de hotéis. A mudança começa<br />
na presidência mundial da Accor.<br />
Denis Hennequin, atual comandante<br />
do grupo, é ex-presidente<br />
do McDonald’s Europa,<br />
com vasta experiência em franquias.<br />
A mudança na direção<br />
reflete na nova postura da rede,<br />
que quer expandir sua atuação<br />
em novos nichos de mercado.<br />
Para o <strong>Brasil</strong>, o grupo lança uma<br />
estratégia agressiva — vender<br />
100 franquias da bandeira Formule<br />
1 a investidores locais.<br />
Diferentemente do projeto já<br />
existente, onde são construídas<br />
unidades com 200 e 300 quartos,<br />
o novo formato oferece hotéis<br />
menores de 60 a 80 ocupações.<br />
“Queremos atender o interior,<br />
cidades que não comportam<br />
uma estrutura como a das<br />
metrópoles. Fizemos uma reformulação<br />
no projeto arquitetônico<br />
e no custo da obra”, diz Abel<br />
Castro, diretor de desenvolvimento<br />
da Accor <strong>Brasil</strong>.<br />
O investimento é baixo, se<br />
levado em consideração o custo<br />
de um Formule 1 nas grandes cidades.<br />
Enquanto ofereciam hotéis<br />
com o custo de R$ 65 mil<br />
por quarto, a nova franquia oferece<br />
quartos na mesma metragem<br />
por R$ 45 mil. “As franquias<br />
variam de R$ 4 milhões a<br />
R$ 6 milhões o valor de construção<br />
e compra de lote”, diz.<br />
O custo mais baixo foi conseguido<br />
com a mudança de acabamentos<br />
no hotel. Esquadrias, pisos<br />
e até portas são diferenciados<br />
atingindo um custo mais baixo<br />
do que o convencional. Os hotéis<br />
existentes no <strong>Brasil</strong> oferecem isolamento<br />
acústico e gerador para<br />
todo o edifício. As franquias não<br />
contam com esses diferenciais.<br />
Mas isso não assustou os investidores.<br />
Ao contrário, pare-<br />
A Accor já fez<br />
150 contatos com<br />
investidores para<br />
apresentar o novo<br />
projeto e teve<br />
91 cartas de intenção<br />
assinadas. A unidade<br />
modelo será<br />
inaugurada ainda<br />
neste semestre,<br />
no interior<br />
de São Paulo<br />
ce ter atraído. As 150 apresentações<br />
feitas a potenciais interessados<br />
renderam à empresa,<br />
emmenosdeummês,91cartas<br />
de intenção assinadas. Esses<br />
documentos ainda não são contratos,<br />
mas já assinalam o interesse<br />
do investidor em fechar a<br />
parceria, além de garantir prioridade<br />
no negócio. Aproximadamente<br />
30% das cartas são<br />
para instalar unidades em municípios<br />
do Nordeste.<br />
Para mostrar como seria esse<br />
novo conceito, a empresa construiu<br />
com investimento próprio<br />
uma unidade em Piracicaba, interior<br />
de São Paulo. Com inauguração<br />
prevista para este semestre,<br />
o hotel contará com 88<br />
quartos e terá a mesma estrutura<br />
vendida para as franquias.<br />
Como toda franquia, o franqueado<br />
pagará royalties para a<br />
Accor. Para marketing são cobrados<br />
3% sobre a receita bruta<br />
e 2% para o uso da marca. Para<br />
ter a porcentagem de royalties<br />
sobre marketing reduzida para<br />
2% é preciso atingir os critérios<br />
de excelência exigidos pela Accor.<br />
“Todo hotel tem metas a<br />
cumprir, aqueles que atingirem<br />
essas metas ganham redução<br />
para pagamento dos royalties.”<br />
Apesar de o grupo não possuir<br />
nenhuma bandeira em algumas<br />
capitais do país, Castro<br />
diz que esse projeto é direcionado<br />
apenas para cidades do<br />
interior. O Nordeste, que é uma<br />
região de pouca presença da<br />
Accor, também está na mira de<br />
Castro. Foi lá a primeira apresentação<br />
do projeto de franquia<br />
para investidores. “Devemos<br />
inaugurarembreveumFormule1emNatal.”<br />
As bandeiras econômicas,<br />
como Ibis e Formule 1 são as<br />
que mais crescem no país e no<br />
mundo, mas novidades estão a<br />
caminho. Em março será inaugurado<br />
um hotel da bandeira<br />
Pullman, um cinco estrelas ainda<br />
inédito no país. O primeiro<br />
será em São Paulo, mas outros<br />
dois estão em negociação. ■<br />
*Viajou a convite<br />
Abel Castro, diretor de<br />
desenvolvimento: interior é novo<br />
ponto de atenção do grupo<br />
DIÁRIA DA FRANQUIA<br />
R$ 80<br />
é o preço que a Accor sugere<br />
para as novas unidades que<br />
serão franqueadas do Formule 1.<br />
O preço de diárias em capitais<br />
gira em torno de R$ 180.<br />
Segundo Abel Castro, cada cidade<br />
apresenta valores diferenciados<br />
dependendo de sua capacidade<br />
de ocupação e população.<br />
NOVAS UNIDADES<br />
100 franquias<br />
Formule 1 serão abertas<br />
no <strong>Brasil</strong>. Com projeto mais<br />
horizontalizado, o que faz com<br />
que o gasto de ar-condicionado<br />
seja menor, custa de R$ 4 milhões<br />
a R$ 6 milhões. A primeira<br />
unidade é da própria Accor<br />
e será aberta ainda neste ano<br />
em Piracicaba (SP).
Tomohiro Ohsumi/Bloomberg<br />
Lucro trimestral da Toyota cai à metade<br />
A queda de 48% apurada pela Toyota Motor em seu lucro trimestral<br />
evidenciou a exposição da montadora ao iene valorizado. Ainda assim,<br />
a companhia elevou suas previsões para o fechado do ano para além<br />
das estimativas de mercado, apoiada em fortes vendas e corte de custos.<br />
A queda vista pela Toyota, no entanto, pode ser considerada a maior<br />
entre as montadoras japonesas, considerando sua maior exposição a<br />
exportações não rentáveis do Japão.<br />
Marcela Beltrão<br />
Mesmo sem citar Olimpíada e Copa, rede diz que <strong>Brasil</strong> é estratégico<br />
Com muitas <strong>empresas</strong> mostrando<br />
interesse em abrir negócios<br />
no <strong>Brasil</strong> por causa da Copa e da<br />
Olimpíada, Frédéric Josenhans,<br />
vice-presidente de marketing<br />
e desenvolvimento de marcas<br />
da Accor Mundial, afirma que<br />
a empresa não vai investir no país<br />
pensando em eventos que durem<br />
apenas dois meses. “Nenhuma<br />
<strong>empresas</strong>obrevivesepensar<br />
apenas daquela época, é preciso<br />
pensar em como será depois.”<br />
Apesar disso, ele disse que com<br />
aeconomiabrasileiraemascensão<br />
o país é prioridade para o grupo,<br />
junto com o Oriente Médio e o<br />
norte da África. Aliás, a empresa é<br />
uma das pioneiras em investimento<br />
em hotéis econômicos no país.<br />
O executivo garante que foi o Ibis<br />
que introduziu água quente nos<br />
chuveiros de hotéis econômicos, de<br />
três estrelas. A inovação, segundo<br />
ele, foi feita na primeira unidade<br />
aberta em Fortaleza, na década<br />
de 1990. A afirmação é fruto de<br />
um desconhecimento comum<br />
em <strong>empresas</strong> que iniciam operação<br />
no <strong>Brasil</strong>. Resta saber qual<br />
o sucesso da água quente do Ibis,<br />
visto a temperatura média da<br />
cidade, que é de 30°C. A.V.A.<br />
Estratégia global prevê abertura<br />
de 24 unidades da bandeira para<br />
a América Latina<br />
Durante a inauguração do hotel<br />
Ibis de número 900, em Tanger,<br />
no Marrocos, o vice-presidente<br />
de marketing e desenvolvimento<br />
de marcas da Accor Mundial,<br />
Frédéric Josenhans, anunciou<br />
que a empresa pretende abrir<br />
cerca de 70 Ibis no mundo até<br />
2015. O anúncio fortalece a estratégia<br />
do grupo de hotelaria<br />
econômicos. Para a América Latina,<br />
o objetivo é abrir cerca de<br />
24 unidades por ano.<br />
Com 180 hotéis na América<br />
Latina e cerca de 170 só no <strong>Brasil</strong>,<br />
Josenhans afirma que a parte<br />
brasileira na expansão da bandeira<br />
Ibis será de 8%. “Se crescermos<br />
bem no <strong>Brasil</strong>, crescemos<br />
bem na América Latina. Quando<br />
abrimos nosso primeiro hotel na<br />
Argentina, nossas expectativas<br />
foram superadas. Além dos muitosbrasileirosmorandolá,muitos<br />
vão ao país para turismo”,<br />
afirma o vice-presidente.<br />
Para as outras bandeiras, a<br />
expansão é mais modesta. Josenhans<br />
afirma que Sofitel, Novotel<br />
e até mesmo Pullman não são<br />
bandeiras para muitas unidades<br />
em uma mesma cidade, reduzindo<br />
assim o número de hotéis<br />
pelo mundo. Em São Paulo, o<br />
projeto para venda de hotéis<br />
Pullman é de apenas seis unidades.<br />
Com isso no país o número<br />
total não deve passar de 15. Belo<br />
Horizonte será a segunda capital<br />
a receber o novo hotel.<br />
Resultados<br />
Em 2010, a empresa cresceu só<br />
na América Latina cerca de<br />
28,9% em volume de negócios,<br />
fechando o ano com US$ 696<br />
milhões. Além disso, apresentou<br />
crescimento de 17,3% em<br />
Revpar, receita por quarto disponível<br />
na sigla em inglês, principal<br />
indicador da atividade hoteleira.<br />
Para a região, a previsão<br />
de abertura de hotéis neste ano<br />
éde11unidades.<br />
Segundo Roland de Bonadona,<br />
presidente da Accor América<br />
Latina, o resultado mostra<br />
que 2010 foi um ano forte, após<br />
a crise econômica de 2009. “O<br />
setor de turismo sofreu com a<br />
crise econômica de 2009, porém<br />
conseguimos recuperar<br />
nossa atividade e celebrar o ano<br />
com muita alegria.”<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 21<br />
Ibis quer abrir<br />
70 unidades<br />
anualmente<br />
■ EM 2010<br />
O volume de negócios na<br />
América Latina cresceu<br />
28,9%<br />
■ PAÍS CAMPEÃO<br />
A Argentina apresentou a<br />
maior expansão, com<br />
48,9%<br />
Outras bandeiras<br />
como Sofitel e<br />
Novotel devem ter<br />
expansão mais<br />
discreta. No caso<br />
dos hotéis Pullman,<br />
devem ser abertas<br />
seis unidades<br />
em São Paulo<br />
Entre os países da região que<br />
mais se destacaram estão a Argentina,<br />
com crescimento de<br />
48,9% e o Peru, que apesar da<br />
queda no turismo por causa das<br />
enchentes que atingiram o país,<br />
cresceu 50%. Até 2015, a Accor<br />
América Latina espera ter 300<br />
hotéis na região. Atualmente,<br />
mais 84 unidades estão em implantação.<br />
Seguindo a estratégia<br />
de franquias adotada pela Accor,<br />
o objetivo é ter 31% dos futuros<br />
empreendimentos franqueados<br />
até 2015 — atualmente<br />
são 12%. ■ A.V.A.
22 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
EMPRESAS<br />
Douglas Buzo, diretor da Vulkan<br />
no <strong>Brasil</strong>: momento é favorável<br />
ao país, só o câmbio atrapalha<br />
Dubes Sônego<br />
dsonego@brasileconomico.com.br<br />
Uma das protagonistas do discreto<br />
mercado de acoplamentos<br />
para motores navais e industriais,<br />
a subsidiária brasileira<br />
da alemã Vulkan disputa<br />
com as filias da China e da Índia<br />
os recursos para a construção<br />
de nova fábrica.<br />
Arespostaéesperadapara<br />
abril, quando Douglas Rodrigues<br />
Buzo, no comando das<br />
operações no <strong>Brasil</strong>, viaja a<br />
Herne, sede da companhia,<br />
para a reunião anual com os<br />
acionistas da família controladora,<br />
que se mantém à frente<br />
do negócio há seis gerações.<br />
Os acoplamentos fabricados<br />
pela Vulkan são peças de borracha<br />
técnica, ou de compostos<br />
de silicone, colocados entre o<br />
motor e o redutor de diversos<br />
tipos de máquinas, de gerado-<br />
RESULTADO<br />
ReceitabrutadaComgásrecua1,2%<br />
em 2010 e fica em R$ 5,1 bilhões<br />
Os números fazem parte da prévia de resultados da companhia.<br />
Deste total, R$ 4,8 bilhões correspondem à venda de gás,<br />
enquanto um total de R$ 258 milhões refere-se à receita de<br />
construção, e outros R$ 23 milhões a outras receitas. Apesar<br />
da queda, o volume de gás distribuído no ano passado foi maior,<br />
atingindo 4,9 milhões de metros cúbicos, 15,2% acima de 2009.<br />
<strong>Brasil</strong> disputa com China e Índia<br />
nova fábrica da alemã Vulkan<br />
Unidade produzirá acoplamentos para motores navais e industriais e atenderá o mercado internacional<br />
res de energia eólica a navios.<br />
Como são um dos componentes<br />
mais baratos do sistema motriz,<br />
além de transferirem a<br />
força do motor fazem o papel<br />
de “fusíveis”, rompendo quando<br />
há algum problema maior.<br />
O momento não poderia ser<br />
mais favorável a posição brasileira<br />
na disputa, uma vez que a<br />
subsidiária local tem se destacado<br />
no grupo, após uma série<br />
de contratempos que remontam<br />
a década de 1970. Atraída<br />
pela forte expansão da indústria<br />
naval naquela época, a Vulkan<br />
teve que se reinventar para<br />
continuar no país após a derrocada<br />
do setor nos anos 1980.<br />
Voltou-se então ao mercado de<br />
acoplamentos para motores<br />
usados nas indústria de siderurgia<br />
e mineração. E abriu<br />
umafrentedenegóciosinédita<br />
para a matriz. Com os primeiros<br />
sinais de desaceleração dos<br />
Com presença<br />
em 24 países,<br />
a companhia tem<br />
no <strong>Brasil</strong>, onde<br />
obteve receita<br />
de € 40 milhões,<br />
seu segundo melhor<br />
mercadonomundo,<br />
atrás apenas da<br />
Alemanha, onde<br />
faturou cerca<br />
de € 90 milhões<br />
em 2010<br />
LOGÍSTICA<br />
Vale e Riversdale investirão em<br />
terminal portuário em Moçambique<br />
A Vale SA e a Riversdale Mining Ltd. planejam investir<br />
US$ 80 milhões em melhorias no terminal portuário<br />
de carvão de Beira, em Moçambique, informou o diretor<br />
executivo da Riversdale em Moçambique, Anthony Martin.<br />
Os trabalhos no terminal provavelmente serão finalizados<br />
no segundo semestre deste ano, disse ele.<br />
mercados na crise de 2008, a<br />
Alemanha viu no portfólio da<br />
unidade brasileira uma alternativa<br />
de diversificação e entregou<br />
a ela o papel de sede mundial<br />
para o mercado industrial.<br />
De acordo com o executivo,<br />
a construção da nova fábrica já<br />
havia sido discutida em 2008.<br />
Mas a ideia foi abandonada<br />
após o estouro da crise. Com o<br />
reaquecimento das vendas, no<br />
ano passado, a ampliação da<br />
capacidade produtiva voltou à<br />
pauta. Até porque é vista como<br />
fundamental para o atendimento<br />
de segmentos de mercado<br />
em franco crescimento no<br />
país, como o de geradores de<br />
energia eólica.<br />
O terreno para a construção<br />
já existe, fica em Itatiba, no interior<br />
paulista, onde a Vulkan<br />
mantém uma de suas duas unidades<br />
no país, a outra fica em<br />
Barueri, também em São Paulo.<br />
Henrique Manreza<br />
Centro exportador<br />
Segundo Buzo, a situação só<br />
não é mais favorável à subsidiária<br />
brasileira por causa do<br />
câmbio. A ideia da matriz é que<br />
o país funcione como centro<br />
exportador para as América<br />
do Sul e do Norte. Um projeto<br />
para o qual a relação entre a<br />
moedabrasileiraeaamericana<br />
não contribui.<br />
Hoje, as exportações representam<br />
10% da receita, que em<br />
2010 foi de cerca de € 40 milhões<br />
(R$ 90,9 mi). Mas a meta é<br />
que cheguem a 20% em 2011,<br />
sobre vendas de aproximadamente<br />
€ 45 milhões.<br />
Outro negócio que a companhia<br />
estuda investir no país<br />
é no monitoramento remoto<br />
de equipamentos industriais e<br />
componentes para a área de<br />
refrigeração, como anéis para<br />
a vedação e conexão de tubos<br />
metálicos. ■
MINERAÇÃO<br />
Xstrata prevê alta de 86% no lucro<br />
e prevê desaceleração na China<br />
A mineradora Xstrata informou que obteve lucro líquido de US$ 5,12<br />
bilhões em 2010, o que representa alta de 86% ante o ano anterior,<br />
excluindo itens não recorrentes. Os dados fazem parte da prévia<br />
dos resultados da companhia. A receita da empresa avançou 34%,<br />
para US$ 30,5 bilhões. Com isso, o lucro operacional (descontados<br />
os impostos e resultados financeiros) subiu 78%, para US$ 7,7 bilhões.<br />
Ana Paula Machado<br />
amachado@brasileconomico.com.br<br />
A Volvo Latin America se prepara<br />
para acelerar no mercado<br />
brasileiro “peso-pesado”. O<br />
país, que desde 2010 tem o<br />
maior volume de vendas da<br />
montadora sueca no mundo,<br />
vai receber investimentos para<br />
mais uma fábrica, desta vez de<br />
caixas de câmbio automatizadas.<br />
Para esta unidade, serão<br />
investidos R$ 25 milhões e serão<br />
produzidos 13 mil equipamentos<br />
por ano em cada turno<br />
de trabalho.<br />
O presidente da montadora<br />
na região, Roger Alm, disse que<br />
a decisão de nacionalizar as caixas<br />
de câmbio reflete o aumento<br />
da demanda por este tipo de opcional<br />
nos caminhões da marca<br />
vendidos no <strong>Brasil</strong>. Em 2006,<br />
quando foi lançada, a caixa chamada<br />
I-Shift, estava em 3% dos<br />
veículos dessa categoria. Em<br />
2009 esse percentual saltou para<br />
40%. No ano passado, 60% dos<br />
caminhões comercializados no<br />
país eram equipados com o<br />
câmbio automatizado.<br />
“Estamos preparados para<br />
crescer no <strong>Brasil</strong> e reforçar nossa<br />
presença no mercado, que<br />
este ano deve acompanhar o<br />
crescimento do Produto Interno<br />
Bruto (PIB)”, disse Alm.<br />
Fábrica de motores<br />
O diretor responsável pela Volvo<br />
Powertrain na América do<br />
Sul, Nilton Roeder, informou<br />
ainda que a Volvo vai iniciar em<br />
dezembro a produção no <strong>Brasil</strong><br />
da linha de motores de 11 litros<br />
que equipa os modelos extrapesados<br />
da Volvo no país. Hoje,<br />
esses propulsores são importados<br />
da Suécia.<br />
“Estamos olhando para frente<br />
e não no retrovisor. Por isso,<br />
decidimos produzir aqui essa<br />
linha de motores. Sabemos que<br />
a demanda será alta neste ano e<br />
queremos estar preparados para<br />
isso”, ressaltou Roeder. No ano<br />
passado, 600 motores deste<br />
tipo equiparam caminhões extra-pesados<br />
da marcaeaprevisão<br />
para 2011 é que, pelo menos,<br />
1,2 mil unidades serão importadas<br />
da Suécia.<br />
“Além de abastecer a produção<br />
para o mercado brasileiro,<br />
as fábricas da nova linha de<br />
motores e de caixas de câmbio<br />
irão ser base de exportação<br />
para os mercados mundiais”,<br />
disse o executivo.<br />
Outro investimento programado<br />
pela Volvo é na ampliação<br />
de seu centro de distribuição de<br />
peças no <strong>Brasil</strong>. Serão aportados<br />
R$ 50 milhões e o novo CD poderá<br />
abastecer todo o mercado<br />
de reposição do <strong>Brasil</strong> e da<br />
América Latina.<br />
“Esse valor não estava incluído<br />
no nosso plano de investimentos<br />
de US$ 250 milhões<br />
que termina neste ano. São recursos<br />
novos que avaliamos ser<br />
necessários para melhorar nossa<br />
operação no <strong>Brasil</strong>”, afirmou<br />
opresidentedaVolvo.<br />
O CD terá capacidade de armazenagem<br />
para 264 mil metros<br />
cúbicos. A estrutura atual<br />
pode estocar 130 mil metros cúbicos<br />
de peças.<br />
Terceiro turno<br />
O crescimento do mercado de caminhões<br />
está tão acelerado que a<br />
Volvo abriu um terceiro turno de<br />
produção na linha de cabines. Foram<br />
contratados mais 170 pessoas<br />
que serão responsáveis por uma<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 23<br />
Volvo investe para nacionalizar<br />
produção de câmbio automatizado<br />
Montadora também planeja iniciar em dezembro a produção de motores de 11 litros que equipa os caminhões extrapesados<br />
Roger Alm, presidente<br />
da Volvo: “Estamos<br />
preparados para<br />
crescer no <strong>Brasil</strong>”<br />
No ano passado,<br />
a Volvo comercializou<br />
16 mil caminhões<br />
no <strong>Brasil</strong>, o que<br />
lhe rendeu 15%<br />
de participação<br />
no mercado de<br />
veículos semipesados<br />
e pesados,<br />
totalizando 110 mil<br />
unidades. Em 2009,<br />
foram vendidos<br />
67 mil caminhões<br />
dessa categoria<br />
no <strong>Brasil</strong> e a Volvo<br />
obteve uma fatia<br />
de 13%, com<br />
8,7 mil veículos<br />
Anne-Christine Poujoulat/AFP<br />
SIDERURGIA<br />
ArcelorMittal prevê recuperação global mais<br />
rápida que a esperada na demanda por aço<br />
A companhia, que produz cerca de 7% do aço mundial, informou ontem<br />
que o lucro deve melhorar no primeiro trimestre para um nível acima<br />
do previsto pelo mercado, após um prejuízo líquido inesperado sofrido<br />
nos últimos três meses de 2010. O vice-presidente financeiro Aditya Mittal<br />
afirmou que a ArcelorMittal tem forte recuperação nos Estados Unidos,<br />
crescimento moderado na China e recomposição de estoques na Europa.<br />
Divulgação<br />
produção de 105 unidades por<br />
dia. “A produção de chassis de 97<br />
unidades por dia em dois turnos<br />
ainda atende a demanda brasileira<br />
para os próximos dois anos”,<br />
disse Bernardo Fedalto, diretor de<br />
vendas de caminhões. ■<br />
MAKRO ATACADISTA S.A.<br />
CNPJ Nº 47.427.653/0001-15 - NIRE Nº 353.001.140-60<br />
ATA DA REUNIÃO DA DIRETORIA REALIZADA EM 31 DE JANEIRO DE 2011<br />
Aos 31 dias do mês de janeiro de 2011, às 10:00 horas, na sede social da empresa, situada<br />
na Rua Carlos Lisdegno Carlucci, 519 - Butantã - São Paulo - SP, reuniram-se os abaixo<br />
assinados, diretores do MAKRO ATACADISTA S.A.. Assumiu a Presidência da reunião o Sr.<br />
Roger Allan Anthony Laughlin Guevara, convidando o Sr. Sergio Luis Taira para secretariar<br />
os trabalhos. Com a palavra, o Sr. Presidente esclareceu que o objetivo da presente reunião<br />
era deliberar sobre a retificação do endereço de sua filial que tem atividade de abastecimento<br />
de posto de combustíveis e serviços, inclusive com lavagem automática de veículos,<br />
bem como de comércio varejista de produtos alimentícios e não alimentícios em geral (loja<br />
de conveniência) na Cidade de São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul, em razão de<br />
alterações pela Prefeitura. Assim, o endereço da referida filial passa a ser: Avenida Arnaldo<br />
Pereira da Silva esquina com a Avenida do Contorno, nº 1633, Bairro Santos Dumont - CEP:<br />
93115-000, com o capital de R$ 1.000,00 (hum mil reais), permanecendo a contabilidade<br />
centralizada na Matriz. Submetida a proposta à votação e, prestados os esclarecimentos<br />
necessários, foi a mesma aprovada por unanimidade de votos. Nada mais havendo a tratar,<br />
o Sr. Presidente declarou encerrada a reunião pelo tempo necessário à lavratura da presente<br />
ata, em livro próprio, que depois de transcrita, lida e unanimimente aprovada, vai assinada<br />
por todos os presentes. São Paulo, 31 de janeiro de 2011. Roger Allan Anthony Laughlin<br />
Guevara - Diretor Presidente. Willem Hendrikus van Leeuwen - Vice-Presidente de Finanças<br />
- Diretor Financeiro. Sergio Luis Taira (ass.) - OAB/SP nº 122.346 - Secção do Estado de São<br />
Paulo. Certificamos que a presente é cópia fiel da ata lavrada no livro próprio. Sergio Luis<br />
Taira - OAB/SP nº 122.346. JUCESP nº 55.521/11-3 em 08.02.11. Kátia Regina Bueno de<br />
Godoy - Secretária Geral.
24 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
EMPRESAS<br />
TECNOLOGIA<br />
Positivo reafirma não negociar venda de<br />
controle em novo comunicado ao mercado<br />
A empresa afirma não haver negociação para venda do controle, em<br />
meio ao aumento do volume de negócios com suas açõeseàvalorização<br />
dos papéis da companhia. O texto encaminhado à Comissão de Valores<br />
Mobiliários (CVM) e assinado pelo vice-presidente financeiro da Positivo,<br />
Ariel Leonardo Szawrc, é o mesmo enviado em meados de janeiro, após<br />
rumores sobre suposta negociação para venda do controle da empresa.<br />
IP volta-se para a América Latina<br />
em busca de maior rentabilidade<br />
Real valorizado tira competitividade<br />
do fabricante de papel que exporta<br />
25% da produção para Europa e Ásia<br />
João Paulo Freitas<br />
jpfreitas@brasileconomico.com.br<br />
Para aumentar sua rentabilidade<br />
e reduzir custos, a International<br />
Paper (IP) quer fortalecersuasvendasnaAméricaLatina.<br />
Em 2010, metade da produção<br />
da empresa no <strong>Brasil</strong> foi<br />
destinada do mercado interno.<br />
O restante foi exportado, sendo<br />
25% para países da América<br />
Latina e 25% para Europa e<br />
Ásia. “Hoje, 75% das nossas<br />
vendas ocorrem na América<br />
Latina. Nossa estratégia é elevar<br />
esse número para 100%”,<br />
diz o presidente da companhia,<br />
Jean Michel Ribieras.<br />
O movimento é reflexo de<br />
duas situações distintas. De um<br />
lado, a valorização do real tira a<br />
competitividade da empresa<br />
nos mercados europeu e asiático.<br />
Por outro, o consumo na<br />
América Latina está expandindo.<br />
Para o executivo, se o atual<br />
ritmodecrescimentoquearegião<br />
vem apresentando se mantiver<br />
estável, é provável que entre<br />
2014 e 2015 a região já seja<br />
responsável pelo consumo de<br />
toda a produção local.<br />
A mudança também está alinhada<br />
a um dos objetivos da empresa<br />
para 2011, que é elevar sua<br />
taxa de retorno sobre investimentos<br />
(ROI). Segundo Ribieras,<br />
esse indicador está hoje entre<br />
4% e 5%, sendo que o ideal seria<br />
que estivesse entre 9% 10%.<br />
Olho nos custos<br />
Para ganhar mercado na América<br />
Latina, a empresa está investindo<br />
na revisão e melhoria de processos<br />
internos, no aumento da produtividadeenagestãodecustos.<br />
O valor destinado a estes projetos<br />
não foi revelado. Em 2010, a empresa<br />
investiu US$ 88 milhões em<br />
suas atividades no <strong>Brasil</strong>.<br />
“Temos custos em reais e receita<br />
de exportação em dólar. O<br />
atual câmbio tem impacto nas<br />
nossas exportações. Temos que<br />
nos ajustar a essa realidade. Precisamos<br />
olhar com cuidado nossos<br />
custos”, diz Nilson Cardoso,<br />
“O dólar a R$ 2,30<br />
melhoraria muito<br />
a rentabilidade da<br />
empresa, mas não<br />
temos a expectativa<br />
que o câmbio retorne<br />
a esse patamar<br />
Nilson Cardoso,<br />
diretor da International<br />
Paper do <strong>Brasil</strong><br />
diretor comercial da empresa.<br />
“Um dólar a R$ 2,30 melhoraria<br />
muito a rentabilidade da empresa,<br />
mas não temos a expectativa<br />
de que o câmbio retorne a esse<br />
patamar”, diz o executivo.<br />
Em 2010, a IP registrou vendas<br />
líquidas de US$ 1,1 bilhão<br />
contra US$ 960 milhões no ano<br />
anterior.Jáovolumedevendas<br />
foi de um milhão de toneladas de<br />
papel revestido. O Ebit (lucro antes<br />
de juros e impostos) da empresa<br />
em 2010 foi de US$ 159 milhões,<br />
47% acima dos US$ 108<br />
milhões obtidos em 2009. ■<br />
NEGÓCIO<br />
US$88mi<br />
Foram os investimentos<br />
da empresa nas atividades<br />
do <strong>Brasil</strong> no ano passado.<br />
Divulgação<br />
TELEFONIA<br />
Cresce ameaça de invasão a celulares<br />
inteligentes, diz pesquisa da McAfee<br />
As ameaças de segurança cresceram muito no ano passado, já que<br />
a proliferação de aparelhos móveis como celulares inteligentes e tablets<br />
oferece novas oportunidades a hackers, afirma a produtora de software<br />
de segurança McAfee. Em relatório do quarto trimestre, a empresa<br />
informa alta de 46% no número de novos programas para celulares que<br />
causam algum tipo de dano ao computador ou roubam informações.<br />
NO CAIXA<br />
US$ 1,1 bi<br />
Foram as vendas líquidas da<br />
International Paper América<br />
Latina no ano passado.<br />
Henrique Manreza<br />
Jean Michel Ribieras,<br />
presidente da IP para<br />
a América Latina:<br />
esforço para<br />
elevar os ganhos<br />
CRESCIMENTO<br />
US$ 159 mi<br />
FoioEbitdaempresaem<br />
2010, 47% acima dos US$ 108<br />
milhões do ano anterior.
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Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 25<br />
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26 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
EMPRESAS<br />
EXPANSÃO<br />
HTC investe em jogos online<br />
e distribuição de conteúdo<br />
A fabricante de celulares inteligentes HTC vai comprar<br />
ações de uma companhia de jogos online nos Estados Unidos<br />
e comprar uma empresa britânica de distribuição digital de<br />
mídia para ampliar sua oferta de produtos. A companhia vai<br />
comprar 5,33 milhões de ações preferenciais da empresa<br />
norte-americana de jogos em nuvem OnLive por US$ 39 milhões.<br />
Claudia Sender, diretora de marketing<br />
Whirlpool América Latina: novos produtos<br />
Fábio Suzuki<br />
fsuzuki@brasileconomico.com.br<br />
Após um período de vendas<br />
aquecidoatéoprimeirosemestre<br />
do ano passado devido à isenção<br />
do Imposto sobre Produtos Industrializados<br />
(IPI) para linha<br />
branca imposto pelo governo, a<br />
Whirlpool lançará mais de 200<br />
produtos em 2011. A aposta se dá<br />
novamente em uma temporada<br />
de alta nas vendas tendo como<br />
base o bom momento da economia<br />
brasileira. Além de brigar<br />
com as tradicionais concorrentes<br />
Mabe e Electrolux, a iniciativa da<br />
companhia visa fazer frente com<br />
duas gigantes coreanas de eletroeletrônicos<br />
que entrarão forte<br />
no segmento a partir deste ano:<br />
LG e Samsung.<br />
Ao longo do ano, a companhia<br />
de origem americana que detém<br />
as marcas Brastemp, Consul e<br />
Kitchen Aid afirma que investirá<br />
no mercado brasileiro mais que<br />
os R$ 200 milhões do ano passado.<br />
Se até o início de 2010 a medida<br />
do governo influenciou na<br />
alta das vendas de refrigeradores,<br />
fogões e lavadoras, a Whirlpool<br />
aposta agora na recompra<br />
dos bens duráveis por grande<br />
parcela da população.<br />
Segundo levantamento realizado<br />
pela companhia, a penetração<br />
de refrigeradores nos lares<br />
brasileiros é de 96%, sendo<br />
que 40% deles têm mais de<br />
uma década de uso. Soma-se a<br />
esse estudo o cenário favorável<br />
do mercado brasileiro, com a<br />
população com maior renda<br />
que nos anos anteriores e o aumento<br />
da disponibilidade de<br />
créditos para compras.<br />
Para atrair os consumidores,<br />
a Whirlpool atuará neste ano<br />
com quatro linhas principais de<br />
Qilai Shen/Bloomberg<br />
BALANÇO<br />
ZTE encerra 2010 com receita 16,69%<br />
maior, de US$ 10,6 bilhões<br />
A ZTE Corporation anunciou ontem os resultados financeiros de 2010.<br />
A receita com as principais operações do grupo foi de US$ 10,6 bilhões,<br />
o que representa um acréscimo de 16,69% quando comparado<br />
ao resultado obtido no ano anterior. O lucro líquido atribuível aos<br />
acionistas da empresa foi de US$ 491,34 milhões, representando<br />
um aumento de 32,39% em relação a 2009.<br />
Whirlpool renova catálogo para<br />
recompra de eletrodoméstico<br />
Fabricante lança mais de 200 produtos para entrar em 40% dos lares em que os itens têm mais de 11 anos<br />
“Com a nova realidade<br />
econômica, as<br />
pessoas estão<br />
propensas a adquirir<br />
um novo produto,<br />
e temos grandes<br />
oportunidades para<br />
crescer neste ano<br />
Claudia Sender<br />
produtos para a marca Brastemp:<br />
Clean, All Black, Ative e<br />
Retrô. Dentro desse portfólio, a<br />
companhia conta com inovações<br />
que, segundo a empresa,<br />
visam facilitar a vida das pessoas.<br />
Entre as mais recentes<br />
está o refrigerador denominado<br />
de Inverse, que diferentemente<br />
do padrão do mercado, tem o<br />
freezer na parte de baixo.<br />
“Paraumnovoitementrar<br />
em nosso portfólio leva de seis<br />
meses a três anos de estudos e<br />
nossa equipe de desenvolvimento<br />
de produtos vem crescendo”,<br />
diz Claudia Sender, diretora<br />
de marketing da Whirlpool<br />
Latin America.<br />
Questionada sobre a entrada<br />
das gigantes coreanas de eletroeletrônicos<br />
no segmento de<br />
linha branca, a Whirlpool afirma<br />
que já esperava esse movimentoporcausadoexcelente<br />
Solange Macedo<br />
momento do mercado brasileiro<br />
mas se apoia em sua tradição na<br />
área para manter as vendas.<br />
“Eles estão entrando agora no<br />
país e nós já temos um histórico<br />
de 60 anos de Consul e 56 anos<br />
de Brastemp junto ao consumidor<br />
brasileiro”, diz Claudia.<br />
Expansão<br />
Hoje, a Whirlpool inicia as atividades<br />
em Manaus uma linha<br />
de produção para lava-louças,<br />
sendo esta a única unidade a<br />
produzir atualmente o item no<br />
<strong>Brasil</strong>. Inicialmente, será fabricado<br />
um modelo em duas cores,<br />
inoxebranco.Dototaldecomponentes<br />
utilizado, 30% deles<br />
são importados da China.<br />
“A penetração de lava-louças<br />
nas casas é de apenas 2% e hoje<br />
quem não tem esse produto expressaavontadedeter”,diza<br />
diretora de marketing. ■
ALIMENTOS<br />
Sara Lee apresenta lucro abaixo do<br />
esperado no segundo trimestre fiscal<br />
A companhia americana Sara Lee informou um lucro de US$ 880<br />
milhões, ou US$ 1,37 por ação, em seu segundo trimestre fiscal.<br />
O resultado, apesar de ficar acima dos US$ 371 milhões apresentado<br />
no mesmo período de 2010, ficou abaixo do esperado, devido à alta<br />
dos preços das commodities. Recentemente a brasileira JBS manifestou<br />
interesse na aquisição da empresa de alimentos americana.<br />
Françoise Terzian<br />
fterzian@brasileconomico.com.br<br />
A Suécia é um dos países com o<br />
menor índice de cáries e doenças<br />
bucais do mundo. O <strong>Brasil</strong>,<br />
que tem a maior população de<br />
dentistas do mundo, é o extremo<br />
oposto. Quase dois terços da<br />
população não têm um ou mais<br />
dentesnabocaesótrocaaescova<br />
dental a cada 18 meses, segundo<br />
estimativas do setor. O<br />
Ministério da Saúde recomenda<br />
a troca a cada três meses.<br />
Este cenário adverso do país<br />
começa a mudar com o aumento<br />
do poder aquisitivo, o que estimula<br />
a população a cuidar<br />
mais da aparência e dos dentes.<br />
Essa oportunidade deixou a fabricante<br />
sueca Tepe, presente<br />
em 50 países e líder do mercado<br />
de escovas dentais da Suécia e<br />
da Alemanha, segundo o instituto<br />
de pesquisas Nielsen, entusiasmada<br />
com as oportunidades<br />
do mercado brasileiro.<br />
Embora atue no país via representação<br />
desde 2001, foi só<br />
agora que a Tepe, companhia<br />
criada em 1965, decidiu traçar<br />
um plano agressivo de crescimento<br />
no <strong>Brasil</strong>. “Estamos presentesemcercade1,5milpontos<br />
de venda de todo o país e somos<br />
muito conhecidos dos dentistas.<br />
Contudo, chegou a hora<br />
de tornar a Tepe uma referência<br />
entre os consumidores e de investirmos<br />
pesado na divulgação<br />
da marca”, afirma Maria Helena<br />
Leite, diretora comercial da Tepe<br />
e sócia da FNL Comércio de<br />
Suprimentos, empresa carioca<br />
querepresentaaTepecomexclusividade<br />
no <strong>Brasil</strong>.<br />
A estratégia de divulgar a<br />
marcanamídiaetambémno<br />
ponto de venda vem acompanhada<br />
de um plano para fortalecer<br />
a presença da Tepe nas<br />
regiões Norte e Nordeste e também<br />
de negociar sua entrada em<br />
redes de farmácias como DrogasileDrogariaSãoPaulo,fortes<br />
no estado de São Paulo.<br />
Esse conjunto de estratégias<br />
visafazeraTepeadobrardetamanho<br />
no <strong>Brasil</strong>, depois de crescer<br />
25% por ano nos últimos três<br />
anos e faturar R$ 2 milhões em<br />
2010, com a venda de mais de<br />
500 mil escovas. Agora, a fabricante<br />
de escovas de uso diário,<br />
especiais (implante) e interdentais<br />
(entre os dentes) planeja alcançar<br />
R$ 4 milhões em vendas<br />
até o final do ano e elevar a participação<br />
do consumidor na receita<br />
de 60% para 80%.<br />
A Tepe, contudo, descarta<br />
fabricar seus produtos no país.<br />
“Por questão de qualidade, o<br />
único país do mundo a produzir<br />
amarcaéaSuéciaeissonãovai<br />
mudar”, explica Christine da<br />
Fonseca, diretora financeira da<br />
FNL. Para manter o país abastecido,<br />
as importações ocorrem<br />
quatrovezesaoano,compossibilidade<br />
de aumentar a frequência<br />
de acordo com a demanda.<br />
O mercado nacional, vale<br />
lembrar, é dominado pela Colgate<br />
e tem vários outros concorrentes<br />
de peso, a exemplo da<br />
Oral-B (Procter & Gamble), da<br />
Johnson & Johnson e das brasileiras<br />
Condor, Bitufo e Sanifil<br />
(estas duas últimas adquiridas<br />
pela Hypermarcas).<br />
Apesar da força das grandes<br />
multinacionais, Maria Helena<br />
garante que essas <strong>empresas</strong> não<br />
são suas concorrentes. O que a<br />
Tepe quer, diz ela, não é o mercado<br />
de massa, mas o de escovas<br />
premium, que custam pelo menos<br />
R$ 7 e apresentam melhor<br />
design e qualidade de cerdas. ■<br />
Ed Lallo/Bloomberg<br />
TECNOLOGIA<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 27<br />
Dell prepara tablet para usuários<br />
corporativos com sistema Windows<br />
A fabricante de PCs já lançou aparelhos tablet com o sistema operacional<br />
Android, do Google, mas a Dell afirmou que clientes corporativos buscam<br />
a familiaridade do ambiente Windows em um aparelho mais portátil.<br />
“Muitos de nossos clientes nos pediram um aparelho tipo tablet que tenha<br />
melhor integração como o sistemas da empresa e de segurança”, disse<br />
o diretor-geral do grupo de negócios com clientes da Dell, Steve Lalla.<br />
Sueca Tepe sai do boca a boca para<br />
crescer na venda de escovas dentais<br />
Para dobrar de tamanho, fabricante faz investimento inédito da marca na mídia e aumenta presença nos pontos de venda<br />
Por questões de<br />
qualidade, o único<br />
país do mundo<br />
de produção da<br />
TepeéaSuéciae<br />
isso não vai mudar<br />
MERCADO<br />
300 milhões<br />
é o volume de escovas dentais<br />
vendidas por ano no <strong>Brasil</strong>.<br />
Estima-se que o consumo<br />
per capita seja de uma a cada<br />
18 meses.<br />
SAÚDE BUCAL<br />
500 mil<br />
foi a quantidade de escovas<br />
premium — com design e cerdas<br />
que beneficiam a escovação —<br />
vendidas pela Tepe no<br />
ano passado no <strong>Brasil</strong>.<br />
Murillo Constantino<br />
Maria Helena Leite (à esq.) e<br />
Christine da Fonseca, da FNL,<br />
representante da Tepe no <strong>Brasil</strong><br />
FATURAMENTO<br />
R$ 4 milhões<br />
é o total de vendas esperado<br />
pela sueca Tepe em 2011, depois<br />
defaturarR$2milhõesnoano<br />
passado. Para dobrar as vendas,<br />
vai investir no PDV.
28 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
EMPRESAS<br />
Cintia Esteves<br />
cesteves@brasileconomico.com.br<br />
Ela está presente nos principais<br />
eventos de polo do mundo, costuma<br />
vestir personalidades internacionais<br />
como o príncipe<br />
William, herdeiro do trono inglês,<br />
e é uma velha conhecida<br />
dasclassesmaisabastadasem20<br />
países. Mas até o ano passado, a<br />
marca argentina La Martina tinhaumaatuaçãotímidano<strong>Brasil</strong>.<br />
Por aqui, a companhia possuía<br />
um contrato de exclusividade<br />
com uma empresa de representação,<br />
a NK 30, responsável<br />
por abastecer os produtos da<br />
grife em 75 lojas multimarcas.<br />
Masobommomentoeconômico<br />
fez a grife redesenhar sua<br />
estratégia para o mercado brasileiro.OcontratocomaNK30<br />
foi encerrado e a multinacional<br />
vai comandar diretamente a<br />
operação no país. O primeiro<br />
passo será o início da expansão<br />
por meio de franquias, a qual<br />
começará no mês que vem. São<br />
Pauloseráaprimeiracidadea<br />
receber a loja da La Martina. Até<br />
2014, o plano é chegar a 15 unidades<br />
franqueadas, além de aumentar<br />
os pontos de venda<br />
multimarcas para 90.<br />
“Não precisamos mais do<br />
que isso. Somos uma grife do<br />
mercado de luxo e esta quantidade<br />
de pontos de venda é<br />
ideal para mantermos a exclusividadedamarcaeodesejodo<br />
consumidor por ela”, diz Tomás<br />
Lanzillotta, diretor executivo<br />
da La Martina.<br />
Para Silvio Passareli, diretor<br />
do programa de gestão do luxo<br />
da Faculdade Armando Álvares<br />
Penteado (Faap), o número de<br />
lojas que a La Martina pretende<br />
abrir é adequado para um país<br />
com dimensões continentais<br />
como o <strong>Brasil</strong>. “O mercado de<br />
luxo ou as marcas premium,<br />
como a La Martina, trabalham<br />
com o conceito de exclusividade.<br />
A abertura de muitas lojas<br />
pode dar um ar de massificação<br />
R. Donask<br />
para a marca”, diz. O especialista<br />
afirma que a opção por<br />
franquias dará um maior controle<br />
da operação à La Martina.<br />
“Nas lojas multimarcas a roupa<br />
pode ser exposta de uma maneira<br />
inadequada, por exemplo”,<br />
afirma Passarelli.<br />
Se o plano da La Martina der<br />
certo, o <strong>Brasil</strong> vai saltar dos<br />
atuais 5% de representatividade<br />
de vendas no grupo para 20% em<br />
três anos. Para auxiliar na esco-<br />
CONSTRUÇÃO<br />
Venda de cimento deve crescer até 9% em<br />
2011, diz Sindicato da Indústria do Cimento<br />
Em janeiro, as vendas de cimento aumentaram 9,1% sobre o mesmo<br />
mês de 2010 e recuaram 2% em relação a dezembro, para 4,7 milhões<br />
de toneladas. “O grande alavancador do consumo (de cimento) nos<br />
últimos anos foi a edificação habitacional no país inteiro, do Sul até<br />
o Norte”, afirmou o presidente do sindicato, José Otavio Carvalho.<br />
Segundo ele, 2011 é um “ano de expectativas” para o setor.<br />
La Martina parte para venda direta<br />
Grife argentina<br />
especializada em<br />
polo rompe com<br />
seu representante<br />
comercial, a NK 30,<br />
e mergulha de<br />
vez no mercado<br />
brasileiro<br />
Até 2014, plano da<br />
grife é chegar a 15<br />
unidades franqueadas<br />
e aumentar pontos<br />
de venda multimarcas<br />
de 75 para 90<br />
lha dos franqueados, a companhia<br />
contratou o grupo Cherto,<br />
consultoria de varejo. Lojas de<br />
rua ou de shopping são bem vindas<br />
no plano de expansão.<br />
Coleção<br />
As coleções da La Martina são desenhadas<br />
para jogadores de polo.<br />
A empresa participa de diversos<br />
torneios pelo mundo vestindo os<br />
jogadores da cabeça aos pés. Uma<br />
camiseta produzida para um<br />
campeonato na Inglaterra, por<br />
exemplo, leva diversos brasões e<br />
símbolos com referência àquele<br />
jogo específico. Este mesmo modelo<br />
de camiseta é colocado à<br />
venda para o consumidor final.<br />
Além das roupas, a La Martina<br />
também fabrica os acessórios<br />
técnicos para os jogos. Celas,<br />
tacos, capacetes e outros objetos<br />
essenciais para uma partida<br />
são produzidos na Argentina e<br />
revendido pela internet. ■
IMÓVEIS<br />
Multiplan investe R$ 444 milhões<br />
em duas torres comerciais em São Paulo<br />
A Multiplan Empreendimentos Imobiliários fará os aportes no<br />
desenvolvimento do Morumbi Corporate, empreendimento composto<br />
por duas torres comerciais de alto padrão para locação. As torres<br />
terão 73,4 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL).<br />
Cerca de 21% do investimento já foi realizado e a previsão é que<br />
o projeto seja inaugurado no segundo semestre de 2013.<br />
no país<br />
ROMPIMENTO<br />
Fotos: Murillo Constantino<br />
Tomás Lanzillotta: <strong>Brasil</strong><br />
será responsável por 20%<br />
dasvendasemtrêsanos<br />
Grife deixou a Daslu por falta de pagamento<br />
Assim como várias outras<br />
<strong>empresas</strong>, a La Martina, que<br />
tinha um espaço na Daslu,<br />
teve de deixar o shopping de luxo.<br />
“Istofoimaisoumenosháum<br />
ano. Eles não estavam fazendo<br />
o pagamento”, diz Thomás<br />
Lanzillotta, diretor executivo<br />
da La Martina. Aos diretores<br />
da grife agrada a ideia de estar<br />
presente em templos de luxo<br />
que concentram várias marcas.<br />
Em Curitiba, a La Martina<br />
divide espaço com outras<br />
grifes como Hugo Boss e<br />
Ralph Lauren na Capoani. C.E.<br />
Divulgação<br />
LogFashion aproveita o<br />
momento de profissionalização<br />
do varejo para crescer<br />
As fusões e aquisições que<br />
aconteceram nos últimos anos<br />
no varejo de vestuário têm levado<br />
a uma maior profissionalização<br />
destas <strong>empresas</strong>. E uma das<br />
áreas que tem recebido atenção<br />
destas varejistas é a logística. De<br />
olho neste movimento, a Tecni<br />
Express, especializada em logística<br />
para <strong>empresas</strong> de tecnologia,<br />
abandonou a área para<br />
dedicar-se apenas a varejistas e<br />
fabricantes de moda.<br />
Agora com o nome de LogFashion,<br />
a empresa coleciona<br />
clientes como Menta e Mellow,<br />
Fatal Surf, New Captain, Zorba e<br />
Hanes. “As <strong>empresas</strong> estão nos<br />
procurando para melhorar seus<br />
processos logísticos. Muitas<br />
etapas eram feitas manualmen-<br />
BEBIDAS<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 29<br />
Com aumento da produção, Ambev contrata<br />
número recorde de funcionários em 2010<br />
O investimento de R$ 2 bilhões para aumentar em 15% sua capacidade<br />
de produção levou a maior companhia de bebidas do país a contratar<br />
1.930 funcionários no ano passado. O número é mais que o dobro<br />
do realizado em 2009 de 953 novos postos e é uma mostra do<br />
crescimento da indústria de bebidas. Com cerca de 29 mil funcionários,<br />
a Ambev contratará mais 435 pessoas nos próximos meses.<br />
Redes de vestuário<br />
aperfeiçoam logística<br />
“As <strong>empresas</strong> estão<br />
nos procurando<br />
para melhorar seus<br />
processos logísticos.<br />
Muitas etapas eram<br />
feitas manualmente<br />
Marcelo Florio,<br />
presidente da LogFashion<br />
te”, diz Marcelo Florio, presidente<br />
da LogFashion.<br />
O executivo, ex-grupo Valdac,<br />
dona das marcas Siberian e Crawford,<br />
afirma que as redes de<br />
vestuário investem pesado em<br />
desenvolvimento de produto e<br />
marketing, mas ainda não olham<br />
Florio, da<br />
LogFashion:<br />
foco no<br />
varejo têxtil<br />
a logística como estratégia de negócio.<br />
Com um ano de existência,<br />
a LogFashion espera faturar R$ 1<br />
milhão até o final de 2011, aumento<br />
de 67% em relação a 2009.<br />
Mercado<br />
Umas das principais discussões<br />
do varejo têxtil neste ano gira<br />
em torno do aumento de preços<br />
dasroupasdealgodão.Elasdevem<br />
sofrer alta impulsionadas<br />
pelos custos maiores da matéria-prima.<br />
O aumento mexerá<br />
com o bolso do consumidor,<br />
principalmente, a partir de<br />
agosto, quando as roupas de<br />
verão chegam às vitrines.<br />
Segundo Sylvio Mandel, presidente<br />
da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />
do Varejo Têxtil (Abvtex), o aumentoserádeaté7%.Osegmento<br />
encerrou 2010 com 1,7 mil lojas<br />
no país, alta de 13,7% em relação<br />
ao número de 2009. ■ C.E.<br />
LOG-IN LOGÍSTICA INTERMODAL S/A<br />
CNPJ/MF nº 42.278.291/0001-24 - NIRE 33.300.026.074-9<br />
www.loginlogistica.com.br<br />
EXTRATO DA ATA DA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO<br />
REALIZADA EM 07 DE DEZEMBRO DE 2010.<br />
No dia 07 (sete) de dezembro de 2010, às 10 (dez) horas, reuniram-se, na sede social da Cia., à Praia de Botafogo, 501, Torre Corcovado, sala 703,<br />
Botafogo, na Cidade do Rio de Janeiro, RJ, os Srs. Eduardo de Salles Bartolomeo – Presidente (munido de procuração para representar os Srs. Guilherme<br />
Perboyre Cavalcanti – Conselheiro e Tadasu Kozuka – Conselheiro); José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha – Conselheiro; e Fabio Alperowitch –<br />
Conselheiro, tendo deliberado, por unanimidade dos presentes: “4.2- Aprovada a eleição, para os cargos de Diretores sem designação específica, dos<br />
Srs. CLEBER CORDEIRO LUCAS, brasileiro, casado, engenheiro, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda (CPF) sob o nº<br />
576.434.317-87, portador do documento de identidade nº 429.108 SSP/ES, e FABIO MEDRANO SICCHERINO, brasileiro, casado, engenheiro, inscrito<br />
no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda (CPF) sob o nº 048.089.098-63, portador do documento de identidade nº 16232191 SSP/SP,<br />
ambos com endereço comercial na Praia de Botafogo, 501, Torre Corcovado, sala 703, Botafogo, nesta cidade do Rio de Janeiro/RJ, em substituição<br />
aos Srs. CLAUDIO LOUREIRO DE SOUZA e MARCELO AUGUSTO MACHADO ARANTES. Os Diretores ora eleitos completarão o prazo de gestão<br />
dos substituídos, cujo termo final é a data da realização da Assembleia Geral Ordinária de 2011, na forma do art. 23 do Estatuto Social da Companhia, e<br />
declararam estar totalmente desimpedidos para o exercício de suas funções, nos termos do artigo 147 da Lei nº 6.404/76 e da Instrução CVM nº 367/02.<br />
O Conselho de Administração consignou votos de agradecimento aos Srs. CLAUDIO LOUREIRO DE SOUZA e MARCELO AUGUSTO MACHADO<br />
ARANTES pela contribuição dada na estruturação e desenvolvimento da Cia.”. Atesto que a deliberação acima foi extraída da ata lavrada no Livro de Atas<br />
de Reuniões do Conselho de Administração da Companhia. Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2010. Laila Helayel Vieira – Secretária. Extrato arquivado<br />
na JUCERJA sob o nº 00002128444, em 21.12.2010. Valéria G. M. Serra – Secretária Geral.
30 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
JUSTIÇA<br />
Globalização<br />
embaralha defesa<br />
da concorrência<br />
Negócios entre conglomerados de diferentes países e a<br />
informatização podem levar à criação de um tribunal internacional<br />
Maeli Prado<br />
mprado@brasileconomico.com.br<br />
Para evitar uma concentração<br />
de mercado que pode chegar a<br />
92%, o Conselho Administrativo<br />
de Defesa Econômica (Cade)<br />
anunciou nesta semana a nomeação<br />
de um técnico para intermediaravendadeumafábrica<br />
de fibra de vidro no <strong>Brasil</strong>:<br />
ou a unidade pertencente à<br />
americana Owens Corming ou a<br />
de propriedade da francesa<br />
Saint-Gobain, ambas no interior<br />
de São Paulo. Sinal dos<br />
tempos, apontam especialistas<br />
em direito concorrencial.<br />
Intervenções complexas,<br />
como essa feita por um órgão<br />
brasileiro em um negócio entre<br />
um grupo dos EUA e outro da<br />
França (o primeiro comprou<br />
praticamente todas as plantas<br />
do segundo), serão mais e mais<br />
comuns daqui para a frente, e a<br />
defesa da concorrência terá que<br />
se reinventar para acompanhar<br />
as mudanças. No médio ou no<br />
longo prazo, afirmam os principais<br />
advogados da área, é provável<br />
que surja um tribunal internacional<br />
para bater o martelo<br />
final nos intrincados negócios<br />
entre conglomerados que possuem<br />
unidades no mundo todo.<br />
Esse processo se intensifica<br />
com o crescimento exponencial<br />
da venda de produtos pela internet:<br />
além dos distintos cenários<br />
e regras a serem levadas em<br />
conta em cada país, a expansão<br />
acelerada da tecnologia faz com<br />
LUIZ FLÁVIO<br />
BORGES D’URSO<br />
Advogado criminalista,<br />
mestre e doutor pela USP,<br />
é presidente da OAB-SP<br />
Além dos distintos<br />
cenários e regras<br />
a serem levadas em<br />
conta em cada país,<br />
a expansão acelerada<br />
da tecnologia faz<br />
com que a localização<br />
física do consumidor<br />
passe a importar<br />
menos ao se analisar<br />
se seus direitos estão<br />
ou não sendo feridos<br />
que a localização física do consumidor<br />
passe a importar menos<br />
ao se analisar se seus direitos<br />
estão ou não sendo feridos.<br />
“O mundo está mudando. O<br />
espaço virtual não preenche mais<br />
as características tradicionalmente<br />
avaliadas pelos órgãos responsáveis,<br />
já que até agora sempre<br />
se pensou em termos territoriais.<br />
É um desafio que foi posto<br />
para o direito da concorrência e<br />
que ainda não foi resolvido”, diz o<br />
professor titular da Faculdade de<br />
Direito da Universidade de São<br />
Paulo (USP) Tércio Sampaio, sócio<br />
do Sampaio Ferraz Advogados,<br />
que participou da elaboração da<br />
atual legislação brasileira da área.<br />
De acordo com o especialista,<br />
por hora as autoridades de defesa<br />
econômica do mundo todo<br />
vêm trocando informações,<br />
através de convênios ou contatos<br />
informais, para encontrar<br />
soluções conjuntas para as<br />
principais questões. “Pode evoluir<br />
para isso [um tribunal internacional<br />
de defesa da concorrência].<br />
Hoje existe a OMC<br />
[Organização Mundial do Comércio],<br />
mas ela é usada mais<br />
para casos de dumping e subsídios.<br />
Não se olha ainda para esse<br />
outro lado da concorrência privada<br />
globalizada”, avalia.<br />
Territorialidade<br />
Hoje, a Lei de Defesa da Concorrência<br />
brasileira prevê, no<br />
caso de operações entre grupos<br />
nacionais e estrangeiros, que<br />
vale o chamado princípio da<br />
Tércio Sampaio, do Sampaio<br />
Ferraz Advogados: a informatização<br />
é um desafio ainda não resolvido<br />
Caixa de assistência, 75 anos de história<br />
A Caixa de Assistência dos Advogados do Estado<br />
de São Paulo, a Caasp, completa 75<br />
anos, celebrando uma história sem similar<br />
de serviços prestados à advocacia paulista.<br />
Braço assistencial da OAB-SP, a Caixa vem<br />
cumprindo com sua missão de contemplar<br />
as necessidades da classe.<br />
Um dos papéis principais da Caasp é<br />
amparar pecuniariamente os colegas que<br />
comprovadamente se encontram impossibi-<br />
litados de atuar profissionalmente por enfrentarem<br />
diferentes problemas de saúde. A<br />
entidade também oferece auxílio médico,<br />
odontológico, natalidade, para medicamentos,<br />
entre outros aos advogados, extensivos<br />
aos seus familiares.<br />
A história da Caixa começa a partir da detecção<br />
dessas necessidades. Em dezembro<br />
de1935,oadvogadoJoãodaSilvaNeves<br />
Manta foi encontrado gravemente doente.<br />
Antes que fosse removido para a Santa Casa<br />
de Misericórdia como indigente, o médico<br />
do Serviço Sanitário ligou para a casa de Pelágio<br />
Lobo, então segundo-secretário da<br />
OAB-SP, para que tomasse alguma providência.<br />
Lobo acionou o primeiro-secretário,<br />
Waldemar Teixeira de Carvalho, e eles tiveram<br />
a iniciativa de internar o advogado para<br />
que fosse tratado. O acontecimento levou o<br />
presidente da OAB-SP na época, José Ma-
JURISDIÇÃO EM XEQUE<br />
nuel de Azevedo Marques, a propor a criação<br />
deumacomissãodaentidadeparatratarda<br />
assistência à advocacia. A Caixa foi instituída<br />
em 3 de fevereiro de 1936.<br />
Em nossa gestão, sob o comando do saudoso<br />
Sidney Bortolato Alves e, agora presidida<br />
pelo jovem Fábio Romeu Canton Filho,<br />
ambos escolhas pessoais que fiz enquanto<br />
presidente da Seccional, a Caasp cresceu em<br />
todo o Estado e tornou-se uma referência na<br />
prestação de serviços aos advogados em suas<br />
33 Regionais e 181 Espaços Caasp.<br />
Firmou convênios importantes com laboratórios<br />
farmacêuticos para garantir aos co-<br />
As mudanças no<br />
mercado internacional, com<br />
negócios entre multinacionais<br />
com fábricas no mundo todo,<br />
trazem novos desafios<br />
ao direito da concorrência.<br />
Marcela Beltrão<br />
Ao longo de sua<br />
história, a Caasp<br />
vem buscando<br />
ampliar serviços<br />
e convênios que<br />
se revertam em<br />
benefícios da classe<br />
A Caasp, braço assistencial<br />
da OAB-SP, completa 75<br />
anos de serviços prestados.<br />
Sua missão é amparar advogados<br />
impossibilitados de trabalhar<br />
por problemas de saúde.<br />
territorialidade: em todos os<br />
negócios, prevalece o que está<br />
previsto na legislação brasileira.<br />
É por isso que quando o equivalente<br />
chileno do Cade paralisou<br />
a análise da fusão entre as<br />
companhias aéreas TAM e Lan<br />
na semana passada, derrubando<br />
as ações da brasileira na bolsa, o<br />
relator do caso no <strong>Brasil</strong>, Olavo<br />
Chinaglia, se apressou em declarar<br />
que a decisão não tinha<br />
nenhum impacto no <strong>Brasil</strong>.<br />
A avaliação do conselho é que<br />
aoperaçãodeveseraprovada,já<br />
que não foram detectados danos<br />
ao consumidor nas rotas em que<br />
ambas concorrem, como a que<br />
liga São Paulo a Santiago. No<br />
Chile, entretanto, associações<br />
de consumidores alegam que a<br />
musculatura financeira que a<br />
Lan ganhará a partir da união<br />
com a TAM reforçará o monopólio<br />
que ela já possui no mercado<br />
local. No <strong>Brasil</strong>, a situação<br />
nãopreocupaoCadedevidoà<br />
elevada participação de mercado<br />
da segunda colocada, a Gol.<br />
Parcerias<br />
Para superar esse tipo de discrepância,<br />
os advogados especializados,<br />
assim como os órgãos<br />
antitruste, também lançam mão<br />
de parcerias com escritórios de<br />
outros países. “Essas conversas<br />
são fundamentais para se chegar<br />
a um entendimento do melhor<br />
a ser feito”, aponta José Del<br />
Chiaro, sócio do Advocacia José<br />
DelChiaroeoprimeiroSecretário<br />
de Direito <strong>Econômico</strong> do Ministério<br />
da Justiça, em 1990.<br />
“Acredito que no médio e<br />
longo prazo pode surgir um tribunal<br />
internacional para julgar<br />
essas questões”, pontua. “Mas é<br />
preciso lembrar que os países<br />
nãoabrirãomãodesuasoberania<br />
ao longo desse processo.”<br />
UM NOVO CENÁRIO<br />
● Tendência é que negócios<br />
entre grandes conglomerados<br />
de diferentes países com<br />
atuação global se intensifiquem.<br />
● A expansão da informatização<br />
reduz a importância da<br />
localização geográfica nas<br />
análises de direito concorrencial.<br />
Um mandado de<br />
segurança da OAB pede<br />
que a Resolução 63, que permite<br />
que inquéritos passem a<br />
tramitar diretamente entre a<br />
polícia e o MP, não seja aplicada.<br />
No Chile, associações<br />
de consumidores<br />
alegam que<br />
a musculatura<br />
financeira que a<br />
Lan ganhará a partir<br />
da união com<br />
a TAM reforçará<br />
o monopólio que<br />
ela já possui no<br />
mercado local.<br />
No <strong>Brasil</strong>, a situação<br />
não preocupa o Cade<br />
A dificuldade também é enfatizada<br />
pela professora da USP<br />
Ana Maria de Oliveira Nusdeot,<br />
autora do livro “Defesa da Concorrência<br />
e Globalização Econômica”.<br />
“Podemos pensar em<br />
uma China, por exemplo”, argumenta.<br />
“Apesar da abertura<br />
comercial, é muito difícil que<br />
um país tão fechado se flexibilize<br />
a ponto de aceitar discutir regras<br />
concorrenciais. Por outro<br />
lado, na Europa esse tipo de<br />
questão já é debatida no âmbito<br />
da Comunidade Europeia”.<br />
Seja qual for o caminho que<br />
será tomado pelo direito concorrencial,<br />
o <strong>Brasil</strong> estará bem<br />
representado: os principais escritórios<br />
brasileiros estão no<br />
ranking dos melhores do mundo,<br />
e na noite da última sexta o<br />
Cade ganhou nos EUA o prêmio<br />
Global Competition Review<br />
Awards como a melhor agência<br />
antitruste das Américas. ■<br />
● Diferentes regras e<br />
crescimento do uso da internet<br />
podem levar à criação de um<br />
tribunal internacional na área.<br />
● Entrave para um órgão mundial<br />
de defesa da concorrência é a<br />
soberania dos países, em especial<br />
nações fechadas como a China.<br />
legas descontos de até 83% em medicamentos<br />
genéricos e com <strong>empresas</strong> de planos de<br />
saúde e de telefonia oferecem planos com<br />
preços exclusivos para os advogados. Também<br />
mantém a preços subsidiados sete campanhas<br />
preventivas de saúde para advogados.<br />
Mais recentemente, também estabeleceu<br />
acordos com as escolas de inglês e francês<br />
para que os advogados possam, pagando<br />
pouco, se aprimorar culturalmente e abrir<br />
novas fronteiras de trabalho. As 33 livrarias<br />
da Caasp espalhadas pelo estado dispõem de<br />
7.500 títulos e 25 mil exemplares disponíveis<br />
para aquisição com descontos que tam-<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 31<br />
JURÍDICAS<br />
1<br />
Mandado de segurança<br />
A OAB-SP ingressou com um<br />
mandado de segurança contra<br />
Portaria da juíza da 1ª Vara<br />
Federal de São Paulo, pedindo<br />
que a Resolução 63 não seja<br />
aplicada. Editada em julho de<br />
2009 pelo Conselho Nacional<br />
de Justiça (CNJ), a medida<br />
possibilita que o inquérito passe<br />
a tramitar diretamente entre<br />
a Polícia e o Ministério Público,<br />
sem a necessidade de atuação<br />
do Poder Judiciário competente.<br />
2<br />
Abuso e descontrole<br />
“A norma afronta a Constituição<br />
Federal e também o Código<br />
de Processo Penal, que atribui<br />
única e exclusivamente ao juiz<br />
o poder de postergar o prazo de<br />
uma investigação. Fica patente<br />
que a tramitação do inquérito<br />
longe dos olhos da Justiça pode<br />
levar a abusos e descontrole.<br />
Em São Paulo, O Tribunal de<br />
Justiça decidiu rejeitar a<br />
Resolução 63 e determinou<br />
que as comarcas do interior<br />
do estado que tinham adotado<br />
a prática revertessem o ato.<br />
Mas a Justiça Federal continua<br />
aplicando-a no Estado, inclusive<br />
por meio dessa portaria”,<br />
ressalta o presidente da OAB-SP,<br />
Luiz Flávio Borges D´Urso.<br />
3<br />
Controle Judiciário<br />
Antonio Ruiz Filho, presidente<br />
da Comissão de Prerrogativas<br />
da OAB-SP, reafirma que a<br />
Resolução impede o livre exercício<br />
da defesa, que fica impossibilitada<br />
de ter conhecer o conteúdo<br />
dos inquéritos policiais. ”Uma<br />
portaria não pode disciplinar<br />
algo que contrarie a lei.<br />
Essa Resolução retira o controle<br />
judicial sobre as investigações<br />
criminaiseaOABnãoconcorda<br />
com isso”, afirma Ruiz.<br />
bém dão suporte cultural aos advogados.<br />
A estrutura da Caasp ampliou-se e nos últimos<br />
sete anos buscamos levar a entidade a<br />
patamares que não tinha atingido no passado<br />
em termos de gestão e modernidade para<br />
atender de forma inovadora e abrangente os<br />
inscritos na Seccional Paulista da OAB.<br />
Ao longo de sua história, a Caasp vem<br />
buscando ampliar serviços, convênios e<br />
parcerias que revertem em benefícios para a<br />
classe. Esse ideal só poderia ecoar no tempo<br />
na forma de reconhecimento de toda a advocacia<br />
bandeirante pelo trabalho realizado<br />
nos últimos 75 anos. Parabéns, Caasp. ■
32 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
FINANÇAS<br />
Novos milionários<br />
buscam aplicações<br />
de maior risco<br />
Com mais de 6 mil novos clientes em um ano, segmento soma<br />
R$ 371 bilhões sob gestão no país e tem carteiras mais ousadas<br />
Maria Luíza Filgueiras<br />
e Ana Paula Ribeiro<br />
redacao@brasileconomico.com.br<br />
Crescimento do Produto Interno<br />
Bruto (PIB), aberturas de capital<br />
e operações de fusões e<br />
aquisições têm contribuído<br />
para aumentar a clientela do<br />
“private banking”, segmento<br />
das instituições financeiras dedicado<br />
a atender milionários.<br />
Segundo a Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />
das Entidades dos Mercados Financeiro<br />
e de Capitais (Anbima),<br />
em um ano, o número de<br />
clientes saltou de 56,99 mil<br />
para 63,22 mil.<br />
A estimativa feita por Celso<br />
Portásio, presidente do comitê<br />
de private banking da entidade<br />
e responsável pela área no<br />
JP Morgan, é de que o número<br />
total de milionários no país<br />
hoje seja da ordem de 150 mil<br />
pessoas. O corte da Anbima<br />
para a clientela dessa categoria<br />
é a disponibilidade de R$ 1 milhão<br />
para cima para aplicações<br />
financeiras. Cada instituição<br />
financeira, entretanto, tem<br />
sua definição e carteira de serviços<br />
próprios e o crescimento<br />
de demanda fazem com que os<br />
bancos reestruturassem suas<br />
áreas nos últimos dois anos<br />
para atrair e reter esses clientes—jáqueficouumpouco<br />
mais “fácil”, com o aquecimento<br />
econômico brasileiro,<br />
atingir R$ 1 milhão em ativos.<br />
No caso do Santander, a área<br />
de private banking passou por<br />
uma reestruturação no ano<br />
passado, com a unificação da<br />
marcaedoReal,eaescalado<br />
segmento foi alterada. As marcas<br />
trabalhavam com volumes a<br />
partir de R$ 1 milhão também,<br />
mas agora o corte é a partir de<br />
R$ 3 milhões. “Mudamos porqueesteclienteémuitosegmentado<br />
e o foco do Santander<br />
é dar um tratamento diferenciado,<br />
ser assessor na gestão<br />
patrimonial, no que tange ativos<br />
e também passivos”, diz<br />
Maria Eugênia Lopez, diretora<br />
do private banking Santander.<br />
Corte da Anbima<br />
para a clientela<br />
dessa categoria<br />
é a disponibilidade<br />
de R$ 1 milhão<br />
para aplicações<br />
financeiras<br />
Risco e retorno<br />
A tendência de prestar consultoria<br />
além das aplicações é vista<br />
também em outras instituições<br />
financeiras. No que diz respeito<br />
aos investimentos do patrimônio<br />
desses clientes, o que os números<br />
da Anbima indicam é<br />
que eles estão mais dispostos a<br />
utilizar produtos menos conservadores<br />
para buscar retornos<br />
maiores, quando comparados<br />
à média do observado na<br />
indústria de fundos, por exemplo.<br />
“Das aplicações em fundos<br />
de investimento, 50,7% dos<br />
ativos dos clientes de private<br />
banking estão em fundos multimercado,<br />
apetite por risco<br />
maior que a média, que é de<br />
28,2%”, compara Portásio.<br />
Puxado pelos novos aplicadores<br />
e pela rentabilidade das<br />
aplicações, o volume de ativos<br />
sob gestão nesse segmento atingiu<br />
R$ 371,2 bilhões ao final de<br />
2010, o que representa um crescimento<br />
de 23% em relação ao<br />
ano anterior. Os fundos de investimento<br />
abocanham R$ 162,2<br />
bilhões desse montante, R$ 30<br />
bilhões a mais do que tinham<br />
um ano antes.<br />
Em seguida estão as aplicações<br />
em renda fixa, com R$ 118,6<br />
bilhões. O restante está dividido<br />
entre renda variável (18,4%)<br />
e outros (6%), como poupança<br />
e previdência.<br />
O cliente desse segmento<br />
também está mais disposto a<br />
ter exposição a crédito privado,<br />
segundo o vice-presidente<br />
da Sul América Investimentos,<br />
Marcelo Mello. “Há algum<br />
tempoconvivemosemumambiente<br />
de taxas de juros menorese,porisso,essepúblico<br />
busca opções com maior rentabilidade”,<br />
diz.<br />
Ainda com o objetivo de garantir<br />
retorno final maior, explica<br />
o executivo, esses investidores<br />
têm alocado mais recursos<br />
em ativos que possuem<br />
algum tipo de benefício fiscal,<br />
como as Letras de Crédito<br />
Agrícola (LCAs) e as Letras de<br />
Créditos Imobiliários (LCIs). ■<br />
0,0<br />
2,5<br />
5,0<br />
7,5<br />
0,0<br />
Portásio, da Anbima: total<br />
de milionários no <strong>Brasil</strong><br />
deve chegar a 150 mil<br />
RAIO X DO SEGMENTO DE PRIVATE BANKING<br />
EVOLUÇÃO DE ATIVOS SOB GESTÃO,<br />
EM R$ BILHÕES<br />
302<br />
DEZ/09<br />
317<br />
MAR/10<br />
Fonte: Anbima<br />
323<br />
JUN/10<br />
349<br />
SET/10<br />
371<br />
DEZ/10<br />
DISTRIBUIÇÃO POR TIPO<br />
DE APLICAÇÃO<br />
Renda variável<br />
18,4%<br />
Renda fixa<br />
32,0%<br />
Poupança,<br />
previdência e outros<br />
6,0%<br />
Fundos<br />
43,7%
Jeffrey Camarati/Bloomberg<br />
COMPARATIVO DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS EM FUNDOS<br />
PRIVATE BANKING INDÚSTRIA<br />
Multimercado<br />
50,7%<br />
Renda fixa<br />
13,7%<br />
Estruturados<br />
7,6%<br />
Cambial/exterior<br />
0,2%<br />
Ações<br />
11,4%<br />
Curto prazo/<br />
referenciado DI<br />
16,3%<br />
“É preciso reavaliar estímulos”, diz Fed<br />
O presidente do Federal Reserve Bank de Richmond, Jeffrey Lacker,<br />
disse ontem que a recuperação econômica mais rápida dos Estados<br />
Unidos implica que os formuladores de políticas levem muito<br />
a sério seu compromisso para revisar o programa de estímulo<br />
monetário de US$ 600 bilhões. “A significativa melhoria que<br />
vemos no cenário econômico desde que o programa foi iniciado<br />
sugere fazer a reavaliação de uma maneira muito séria”, afirmou.<br />
Renda fixa<br />
31,9%<br />
Estruturados<br />
8,1%<br />
Cambial/exterior<br />
0,1%<br />
Henrique Manreza<br />
Multimercado<br />
28,2%<br />
Ações<br />
13,3%<br />
Curto prazo/<br />
referenciado DI<br />
18,4%<br />
A aplicação de recursos em valores<br />
mobiliários e fundos ainda<br />
é a principal função do segmento<br />
de private banking, mas já<br />
deixou de ser a única. Além do<br />
crescimento na prestação de<br />
serviços de consultoria, a modalidade<br />
tem visto aumentar<br />
cada vez mais a demanda por<br />
crédito. Em 2010, o volume foi<br />
quase 25% maior que no ano<br />
anterior, segundo dados da Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira das Entidades<br />
dos Mercados Financeiro e<br />
de Capitais (Anbima).<br />
“Não é verdade que o cliente<br />
de private banking não precisa<br />
de crédito, e a concessão é um<br />
instrumento importante de manutenção<br />
do relacionamento<br />
com essa clientela”, diz Celso<br />
Portásio, diretor da Anbima. “O<br />
que vemos é esse cliente alavancando<br />
posição e buscando fiança<br />
para operações de oportunidade”,<br />
explica o especialista.<br />
O volume de crédito tomado<br />
poressesclientespassoude<br />
R$ 3,47 bilhões em 2009 para<br />
R$ 4,33 bilhões no ano passado.<br />
A maior demanda foi por fiança<br />
bancária, que respondeu por<br />
R$ 2,38 bilhões e teve um crescimento<br />
de 35,5% sobre o ano<br />
anterior. O volume de crédito<br />
imobiliário aumentou 25% no<br />
período, para R$ 288 milhões.<br />
“O crescimento da exposição<br />
dos clientes private em relação às<br />
operações de risco tem acontecido<br />
principalmente em empréstimos”,<br />
Maria Eugênia Lopez, diretora<br />
de private banking do<br />
Santander. Segundo a executiva,<br />
esses clientes estão aproveitando<br />
oportunidades de negócios sem<br />
tirar recursos já aplicados.<br />
AGENDA DO DIA<br />
● Às 3h, saiu a confiança do<br />
consumidor no Japão de janeiro.<br />
● Às 5h, a Fipe divulgou a primeira<br />
prévia do IPC de fevereiro.<br />
● Às 5h, saiu a balança comercial<br />
da Alemanha de dezembro.<br />
● Às 7h30, sai a balança comercial<br />
do Reino Unido de dezembro.<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 33<br />
Clientes aumentam<br />
demanda por crédito<br />
Antes limitado a aplicações financeiras, segmento desponta com<br />
concessão de empréstimo imobiliário e fiança para alavancagem<br />
AFRASE<br />
“A exposição a<br />
risco aumentou<br />
com alavancagem<br />
financeira, com<br />
clientes tomando<br />
mais empréstimos”<br />
Maria Eugênia Lopez, diretora de<br />
private banking do Santander<br />
Volume de crédito<br />
tomado por clientes<br />
de private banking<br />
subiu 25% em<br />
um ano, atingindo<br />
R$ 4,3 bilhões<br />
“Tomam crédito para comprar<br />
ativos, como imóveis ou<br />
participação em <strong>empresas</strong>, em<br />
preço menor e reinvestir”, diz.<br />
Isso explica a expansão de fiança,<br />
destaca ela. “A definição que<br />
setemdeprivateéoclienteque<br />
possui investimento no banco.<br />
Não necessariamente é isso, na<br />
prática”, ressalta Maria Eugênia,<br />
em relação à ampliação de<br />
produtos e serviços. O banco<br />
temhojecercade7milclientes<br />
no segmento em sua carteira.<br />
Concentração geográfica<br />
Se há diversidade de produtos<br />
e serviços, a distribuição geográfica<br />
de riqueza e, consequentemente,<br />
da clientela de<br />
private banking ainda é bastante<br />
concentrada no país. A<br />
Anbima apurou os dados com<br />
as instituições associadas por<br />
domicílio do cliente e mostra<br />
que 55,3% do volume de ativos<br />
no segmento está no estado de<br />
São Paulo, seguido de Rio de<br />
Janeiro, com 18,3% — 0,8<br />
ponto percentual acima de<br />
2009. Já as regiões Sul e Nordeste<br />
perderam participação no<br />
bolo de um ano para outro. A<br />
primeira caiu de 13,4% em<br />
2009 para 13% no ano passado,<br />
e a segunda foi de 5,8% para<br />
5,5% no mesmo período.<br />
“Essa concentração segue a<br />
distribuição do PIB e outros indicadores<br />
econômicos”, pondera<br />
Portásio. O executivo destaca<br />
ainda que o crescimento do<br />
mercado tem gerado contratações.<br />
Em 2009, eram 1.380 profissionais<br />
atuando no segmento,<br />
número que subiu para 1.615 em<br />
2010. ■ M.L.F.<br />
Henrique Manreza
34 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
FINANÇAS<br />
Antonio Milena<br />
Maioria usa plano<br />
de previdência<br />
apenas para poupar<br />
Cerca de 80% dos clientes não guardam recursos para a<br />
aposentadoria, mas para adquirir imóveis, veículos e viajar<br />
Vanessa Correia<br />
vcorreia@brasileconomico.com.br<br />
Os planos de previdência complementar<br />
estão em processo de<br />
mudança. O número de pessoas<br />
que destinam o montante acumulado<br />
à aposentadoria é cada<br />
vez menor. “A maior parte dos<br />
beneficiários que chegam ao final<br />
do plano acaba utilizando os<br />
recursos para outro fim que não<br />
a renda complementar”, diz<br />
Renato Russo, vice-presidente<br />
de vida previdência da SulAmérica,<br />
estimando algo em torno<br />
de 80% para o mercado.<br />
Na seguradora essa correlação<br />
é ainda maior: das 7 mil<br />
pessoas que atingiram idade de<br />
aposentadoria, apenas 300 optaram<br />
pela renda, seja vitalícia<br />
ou temporária.<br />
A flexibilidade dos planos<br />
PGBL (Plano Gerador de Benefício<br />
Livre) e VGBL (Vida Gerador<br />
de Benefício Livre) é o principal<br />
motivador dessa mudança de<br />
perfil, segundo Lúcio Flávio de<br />
Oliveira, presidente da Bradesco<br />
Vida e Previdência. “Ao contrário<br />
dos planos tradicionais, cujo<br />
caráter é previdenciário, o PGBL<br />
eVGBLsãovistoscomouma<br />
poupança de longo prazo por<br />
serem flexíveis”, aponta.<br />
Ainda assim, na opinião do<br />
executivo, mais de 80% dos<br />
clientes que iniciam a contribuição<br />
de um plano de previdência<br />
visam a aposentadoria.<br />
“Isso não vai mudar. A maioria<br />
das pessoas continuará buscando<br />
um plano de previdência<br />
com o intuito de complementar<br />
a renda”, afirma.<br />
Resgate antecipado<br />
Apesar de a indústria de previdência<br />
privada ter sido regulamentada<br />
em 1977, o atual momento<br />
é de arrecadação. “Como<br />
o produto tem bastante flexibilidade,<br />
nada impede que, duranteafasedeacumulação,o<br />
beneficiário resgate antecipadamente<br />
os recursos”, explica<br />
Das solicitações de<br />
resgates antecipados<br />
em 2010, com valor<br />
superior a R$ 5 mil,<br />
17% corresponderam<br />
a planos voltados<br />
a crianças<br />
e adolescentes<br />
Mauro Guadagnoli, superintendente<br />
comercial da <strong>Brasil</strong>prev,<br />
braço de previdência privada do<br />
Banco do <strong>Brasil</strong> (BB).<br />
Das solicitações de resgates<br />
antecipados registradas pela<br />
companhia em 2010, com valor<br />
superior a R$ 5 mil, 17% corresponderam<br />
a planos voltados a<br />
crianças e adolescentes. Do restante,<br />
62,2% resgataram para<br />
objetivos e projetos pessoais,<br />
tais como aquisição de imóvel,<br />
educação e viagens; 14,4% para<br />
pagamento de dívidas (incluindo<br />
quitação de automóvel ou<br />
imóvel); 14,8% para outros propósitos<br />
e 8,6% não informaram.<br />
“Em relação ao ano anterior,<br />
resgates para fins como viagem,<br />
estudo e comemorações cresceram.<br />
Em contrapartida, resgates<br />
para pagamento de dívidas e<br />
impostos caíram em relação a<br />
2009”, destaca Guadagnoli,<br />
complementando que a compra<br />
de um bem ainda é o principal<br />
motivo que levam as pessoas físicas<br />
a resgatarem o benefício.<br />
Para Luiz Claudio Friedheim,<br />
diretor de marketing da Mongeral<br />
Aegon, a destinação dos recursos<br />
acumulados por beneficiários<br />
de planos de previdência<br />
complementar não mudou nos<br />
últimos anos. “Há quem contrate<br />
um plano, seja PGBL ou VGBL,<br />
pensando na aposentadoria,<br />
acumular reservas no médio/longo<br />
prazo a fim de viabilizar<br />
projetos de vida ou mesmo<br />
iniciar uma poupança para filhos<br />
e netos. A decisão depende do<br />
planejamento de cada um”, diz.<br />
Entretanto, outras tendências<br />
têm sido registradas pelo segmento.<br />
“Aumento da contratação<br />
de planos para menores de<br />
idade, ingresso de pessoas mais<br />
jovensnomercadodeprevidência<br />
complementar e crescimento<br />
da demanda pelo público feminino”,<br />
afirma Friedheim, lembrando<br />
que isso é reflexo da ascensão<br />
das classes de menor poder<br />
aquisitivo e busca pela qualidade<br />
de vida. ■<br />
CÂMBIO<br />
Com atuação tímida do Banco Central,<br />
dólar fecha em queda, cotado a R$ 1,667<br />
O dólar interrompeu a série de quatro altas seguidas e fechou em baixa<br />
ontem, reagindo ao cenário internacional e à continuidade da entrada<br />
de recursos no país. A moeda americana recuou 0,77%, para R$ 1,667.<br />
De acordo com operadores, a entrada de recursos predominou sobre<br />
a saída na sessão. Além disso, segundo o profissional de uma instituição<br />
financeira, a intervenção do Banco Central foi tímida no dia.<br />
Renato Russo, da SulAmérica:<br />
maior parte dos clientes<br />
não consegue usar previdência<br />
como renda extra<br />
Aporte inicial<br />
Poupador deve avaliar custos,<br />
regime de tributação e<br />
rentabilidade de produtos com<br />
horizonte de longo prazo<br />
Dois pontos pesam a favor dos<br />
planos de previdência privada<br />
como um veículo de investimento<br />
de médio/longo prazo<br />
quando comparado aos fundos<br />
de investimento: regime especial<br />
de tributação e baixo valor<br />
de contribuição.<br />
Entretanto, outros tantos pesam<br />
contra: taxas de administração<br />
e carregamento altas,<br />
rentabilidade comprometida<br />
pelo percentual de alocação em<br />
renda fixa e comercialização<br />
mal direcionada à finalidade de<br />
aposentadoria, segundo Claudia<br />
Kodja, sócia da Kodja Investimentos.<br />
“O sistema bancário<br />
brasileiro não oferece produtos<br />
de previdência e sim fundos de<br />
investimento adaptados”, acredita<br />
a especialista.<br />
Para ela, a vantagem tributária<br />
não chega a ser um fator determinante<br />
na aquisição de planos<br />
com o objetivo previdenciário,<br />
opinião não compartilhada<br />
pelo diretor de marketing da<br />
Mongeral Aegon, Luiz Claudio<br />
Friedheim. “Se comparamos os<br />
planos de previdência privada<br />
aos fundos de investimento, a<br />
primeira rende mais em função
INVESTIMENTO<br />
Fundo do JPMorgan pode aplicar<br />
US$ 500 milhões no <strong>Brasil</strong> em dois anos<br />
A One Equity Partners, fundo formado com recursos do JPMorgan Chase,<br />
mantém conversas com <strong>empresas</strong> no <strong>Brasil</strong> que vão levar a investimentos<br />
de US$ 500 milhões em até dois anos, disse ontem a consultora do<br />
private equity, Verônica Allende Serra. Segundo ela, que é sócia da Pacific<br />
Investimentos, a firma que representa no <strong>Brasil</strong> a One Equity, há<br />
conversas sobre aportes de recursos com oito <strong>empresas</strong> neste momento.<br />
Para especialistas,<br />
o produto que mais se<br />
aproxima do conceito<br />
de previdência é o<br />
ciclo de vida, que<br />
mescla renda fixa<br />
e renda variável de<br />
acordo com o tempo<br />
de acumulação<br />
do benefício fiscal. Se a questão<br />
for o ganho que a renda variável<br />
proporciona no longo prazo, é<br />
só optar por fundos compostos<br />
com maior exposição ao risco”,<br />
diz Friedheim.<br />
Sugestões<br />
“O melhor produto com horizontedemédio/longoprazoéo<br />
que o cliente paga barato e que<br />
permite a realocação do portfólio<br />
periodicamente, de acordo<br />
com as fases da vida”, sugere<br />
Claudia. “Quando mais cedo o<br />
cliente começa a investir, maior<br />
o risco que pode correr no início<br />
aumentando as chances do ganho<br />
auferido ser maior”.<br />
Henrique Manreza<br />
Nesse sentido, a sócia da<br />
Kodja Investimentos sugere a<br />
aplicação nos fundos de previdência<br />
privada que acompanham<br />
o ciclo de vida do poupador,<br />
conhecidos como life time<br />
ou life cycle funds.<br />
Os planos são compostos por<br />
aplicações em renda fixa e renda<br />
variável, sendo que o percentualdeparticipaçãoentre<br />
esses investimentos se ajusta<br />
ao longo do tempo de permanência<br />
do cliente no plano. “Os<br />
fundos com conceito ciclo de<br />
vida são os que mais se aproximamdeumprodutocomcaráter<br />
previdenciário”, acredita a<br />
especialista. ■<br />
FUNDOS DE PENSÃO<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 35<br />
José de Souza Mendonça toma posse hoje<br />
em novo mandato à frente da Abrapp<br />
José de Souza Mendonça será reconduzido hoje à presidência da<br />
Associação <strong>Brasil</strong>eira das Entidades Fechadas de Previdência<br />
Complementar (Abrapp). O setor conta com a participação direta<br />
e indireta de 6 milhões de pessoas, das quais 700 mil já recebem<br />
aposentadorias e pensões no valor médio de R$ 3,1 mil. Ao final de<br />
setembro, o patrimônio dos fundos de pensão era de R$ 530 bilhões.<br />
AFRASE<br />
Henrique Manreza<br />
baixo e benefício fiscal são atrativos<br />
“O sistema<br />
bancário<br />
brasileiro não<br />
oferece produtos<br />
de previdência,<br />
e sim fundos<br />
de investimento<br />
adaptados”<br />
Claudia Kodja, sócia da<br />
Kodja Investimentos<br />
■ MERCADO<br />
Em novembro, arrecadação<br />
do segmento de<br />
previdência atingiu<br />
R$4,6 bi<br />
■ SISTEMA<br />
Total de contratos de planos<br />
de previdência é de<br />
12,2 mi<br />
■ CARTEIRA<br />
Ao final de novembro, total de<br />
ativos do mercado somava<br />
R$217 bi<br />
Marcela Beltrão
0<br />
7<br />
4<br />
1<br />
8<br />
36 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
INVESTIMENTOS<br />
Priscila Dadona<br />
pdadona@brasileconomico.com.br<br />
Papéis atrelados à inflação são atraentes<br />
Com a retomada mais forte de alta dos preços,<br />
movimento que começou no final do<br />
ano passado e se intensificou neste início de<br />
2011, os investimentos atrelados a índices<br />
inflacionários ganham espaço. Com desempenho<br />
interessante, pois rendem o equivalente<br />
à alta do IPCA mais juros, os papéis são<br />
indicados para quem está preocupado com<br />
os efeitos da aceleração da inflação sobre o<br />
capital aplicado. Com a inflação acumulada<br />
de 5,99% nos últimos doze meses, os NTN-<br />
Bs (títulos do Tesouro vinculados ao IPCA)<br />
têm um ganho real líquido de 6%, em média.<br />
Diante desse cenário, os fundos de investimento<br />
que aplicam nesses títulos estão atraindo<br />
investidores que não temem volatilidade. É<br />
o caso dos fundos Patrimônio RF Longo Prazo<br />
e Capital Índice de Preço Longo Prazo, administrados<br />
pela Caixa Econômica Federal. Dirigidos<br />
a públicos diferentes— pessoa jurídica e<br />
pessoa física, respectivamente — as carteiras<br />
têm elevado sua captação desde o ano passado,<br />
segundo Eliana Motta Vincensim, gerente<br />
nacional de produtos do banco federal. “São<br />
voltados para quem tem horizonte de longo<br />
prazo porque tendem a performar melhor”.<br />
De acordo com Eliana, o patrimônio líquido<br />
dos fundos é de R$ 861 milhões (Patrimônio)<br />
e R$ 135 milhões (Capital).<br />
DESEMPENHO DOS TÍTULOS<br />
Os títulos com prazos maiores apresentam ganho superior<br />
RENTABILIDADE BRUTA* DAS NTN-B EM 12 MESES<br />
12,15%<br />
MAI/2011<br />
IBOVESPA<br />
66.000<br />
65.800<br />
65.600<br />
65.400<br />
65.200<br />
5,99%<br />
É O IPCA<br />
ACUMULADO NOS<br />
ÚLTIMOS 12 MESES<br />
11h<br />
Fonte: BM&FBovespa<br />
13,16% 12,98% 13,06%<br />
AGO/2012<br />
MAI/2013<br />
12h<br />
Máxima<br />
Mínima<br />
Fechamento<br />
13h<br />
MAI/2015<br />
66.237,76<br />
65.110,46<br />
65.771,33<br />
14h<br />
13,91% 13,72% 13,72%<br />
MAI/2017<br />
15h<br />
AGO/2020<br />
Fontes: STN e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
*Posição no dia 8/fev/2011, sem desconto de inflação, IR e taxa de administração<br />
No Banco do <strong>Brasil</strong>, a captação do fundo<br />
BB Renda Fixa LP Índice de Preço 20 mil<br />
tem sido positiva desde 2009. “Ainda continua”,<br />
afirma Carlos Vinicius Raposo Machado<br />
Costa, gerente da divisão de fundos<br />
da BBDTVM, a gestora do BB. Segundo Machado<br />
Costa, em 2010 a carteira registrou<br />
valorização de 151% do Certificado de Depósito<br />
Interfinanceiro (CDI).<br />
Quando investir<br />
Embora esses fundos tenham obtido ganhos<br />
interessantes, o momento de alta de<br />
inflação talvez não seja o melhor para investir.<br />
“O ideal é entrar quando a inflação<br />
está baixa, a não ser que haja um descontrole<br />
de preços”, afirma Alexandre Póvoa,<br />
diretor da Modal Asset Management.<br />
Para o professor do Laboratório de Finanças<br />
da FIA, Bolivar Godinho, há um<br />
risco menor contra a alta da inflação<br />
para quem vai aplicar no longo prazo.<br />
“Não dá para ter estimativa. Pode acelerar<br />
e arrefecer. A regra é sempre diversificar”,<br />
recomenda.<br />
Um pouco mais arrojado, o consultor de<br />
investimentos, Raphael Cordeiro, acredita<br />
que o risco maior “não é perder dinheiro,<br />
e, sim, perder poder de compra”. ■<br />
16h<br />
AGO/2024<br />
17h<br />
16,42%<br />
MAI/2035<br />
(EM PONTOS)<br />
18h<br />
18,53%<br />
MAI/2045<br />
21.360<br />
21.300<br />
21.240<br />
21.180<br />
21.120<br />
11h<br />
No curto<br />
prazo (1 ano)<br />
papéis com<br />
vencimento<br />
mais próximos<br />
têm ganho<br />
maior<br />
18h<br />
RENDA FIXA<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI 7/FEV 9,43 1,01 1,00 50.000<br />
BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI 7/FEV 9,42 1,01 1,00 -<br />
ITAU PERS MAXIME RF FICFI 8/FEV 9,36 1,06 1,00 80.000<br />
CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO 7/FEV 8,95 0,97 1,10 30.000<br />
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO 7/FEV 8,37 0,91 1,50 5.000<br />
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI 8/FEV 8,23 0,95 2,00 5.000<br />
BB RENDA FIXA 200 FIC FI 8/FEV 7,05 0,83 3,00 200<br />
BB RENDA FIXA 50 FIC FI 8/FEV 6,56 0,78 3,50 50<br />
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI 7/FEV 5,99 0,69 4,00 100<br />
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 8/FEV 5,96 0,71 4,00 300<br />
DI<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
BB REF DI LP ESTILO FIC FI 7/FEV 9,59 1,03 0,70 10.000<br />
BB REF DI ESTILO FICFI 8/FEV 9,20 1,03 1,00 ND<br />
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI 8/FEV 9,14 1,03 1,00 80.000<br />
BB REF DI 5 MIL FIC FI 8/FEV 7,54 0,87 2,50 5.000<br />
BB NC REF DI LP PRINC FIC FI 7/FEV 7,27 0,81 2,47 100<br />
BB REF DI 200 FIC FI 8/FEV 6,95 0,81 3,00 200<br />
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS 8/FEV 6,78 0,80 3,00 30<br />
ITAU PREMIO REF DI FICFI 8/FEV 5,86 0,70 4,00 1.000<br />
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER 8/FEV 5,43 0,66 4,50 100<br />
SANT FIC FI CLAS REF DI 8/FEV 5,10 0,60 5,00 100<br />
AÇÕES<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI 7/FEV 21,69 3,26 2,00 200<br />
CAIXA FMP FGTS VALE I 7/FEV 20,81 2,94 1,90 -<br />
BRADESCO FIC DE FIA 7/FEV 1,60 (5,31) 4,00 -<br />
BRADESCO FIC DE FIA MAXI 7/FEV 1,44 (5,36) 4,00 -<br />
BRADESCO FIC DE FIA IV 7/FEV 1,39 (5,37) ND -<br />
ITAU ACOES FI 7/FEV (1,18) (5,89) 4,00 1.000<br />
SANTANDER FIC FI ONIX ACOES 7/FEV (1,50) (6,15) 2,50 100<br />
UNIBANCO BLUE FI ACOES 7/FEV (1,76) (6,87) 5,00 200<br />
ALFA FIC DE FI EM ACOES 7/FEV (5,22) (6,76) 8,50 -<br />
BB ACOES PETROBRAS FIA 7/FEV (13,12) (0,39) 2,00 200<br />
MULTIMERCADOS<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI 7/FEV 10,82 0,48 2,00 5.000<br />
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI 7/FEV 9,75 1,04 1,50 -<br />
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC 7/FEV 9,47 0,99 1,50 20.000<br />
ITAU PERS K2 MULTIM FICFI 7/FEV 9,43 1,06 1,50 50.000<br />
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI 7/FEV 9,21 1,02 1,25 5.000<br />
SANT FI CAP PROT VGOGH 4 BR MULT 7/FEV 9,06 (3,94) 2,30 5.000<br />
SANT FIC FI ESTRAT MULTIM 7/FEV 7,04 0,39 2,00 10.000<br />
ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI 7/FEV 6,20 (0,35) 2,00 5.000<br />
ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI 7/FEV 5,05 (1,10) 2,00 5.000<br />
SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT 7/FEV 1,64 (1,80) 2,50 5.000<br />
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.<br />
Fonte: Anbima. Elaboração: <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
IBRX-100 SMALL CAP - SMLL<br />
MIDLARGE CAP - MLCX<br />
1.308<br />
1.304<br />
1.300<br />
1.296<br />
1.292<br />
11h<br />
18h<br />
943<br />
940<br />
937<br />
934<br />
931<br />
11h<br />
18h
BOLSA<br />
Giro financeiro<br />
R$ 7,4 bilhões<br />
foi o volume financeiro registrado ontem no segmento acionário<br />
da BM&FBovespa. O principal índice encerrou a sessão com variação<br />
positiva de 0,63%, aos 65.771 pontos.<br />
Vale PNA, fechamento em R$<br />
54,20<br />
54,2<br />
53,10<br />
53,1 53 1<br />
52,00<br />
52,0 52 0<br />
50,90<br />
50,9 50 9<br />
49,80<br />
49,8 49 8<br />
48,70<br />
48,7 48 7<br />
47,60<br />
47,6 476<br />
46,50<br />
46,5<br />
1/NOV<br />
12/NOV<br />
Fontes: Silvia Zanotto, Economatica, BM&FBovespa e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
1º suporte<br />
2º suporte<br />
26/NOV<br />
8/DEZ<br />
20/DEZ<br />
1ª resistência<br />
2ª resistência<br />
3/JAN<br />
13/JAN<br />
26/JAN<br />
Ação da Vale ensaia sequência de baixa<br />
Stop<br />
8/FEV<br />
VALE5<br />
Após apresentar um movimento de alta desde julho do ano passado,<br />
os papeis preferenciais da Vale (VALE5) estão registrando nos<br />
últimos dias um movimento curto de queda. Ontem, as ações da<br />
mineradora encerraram o pregão em desvalorização de 0,83%,<br />
negociadas a R$ 49,90 na BM&FBovespa. Segundo Silvia<br />
Chandrowski Zanotto, analista gráfica da Prosper Corretora, o papel<br />
perdeu seu suporte principal de R$ 49,91. “Se der continuidade<br />
ao movimento, a ação preferencial da Vale sai da tendência de alta”,<br />
afirma a especialista, que mostra que o segundo suporte para<br />
o papel fica sendo R$ 47,60. Suporte é o patamar que, se perdido,<br />
aponta para uma chance de queda em sequência. Um pouco cética,<br />
a analista da Prosper afirma que as ações da empresa só<br />
retomariam aquele canal (faixa entre preços máximos e mínimos)<br />
de alta registrado em 2010 se alcançassem a primeira resistência —<br />
ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade de<br />
movimento de alta da ação — de R$ 50,75. O segundo ponto de<br />
resistência ficaria em R$ 51,15. “Se chegasse a esse preço, a ação<br />
da Vale mostraria força e retomaria a tendência perdida de alta”,<br />
afirma Silvia. Para quem pretende investir na mineradora, a analista<br />
gráfica dá como ponto de compra (stop) R$ 49,57. “Porém,<br />
as figuras do gráfico mostram queda”, lembra. Embora a bolsa de<br />
valores tenha apresentado alta nos últimos dois dias, Silvia diz que<br />
atendênciaédebaixa.“Forammovimentosdecorreção”,acredita.<br />
Reunião<br />
Multiplus marca encontro<br />
com acionistas para dia 23<br />
O Multiplus — empresa que<br />
gerencia programas de<br />
fidelização de clientes — agendou<br />
para o dia 23 a sua próxima<br />
reunião pública com analistas,<br />
investidores e demais<br />
interessados. Na ocasião, serão<br />
apresentados os resultados da<br />
empresa no quarto trimestre do<br />
ano passado. O encontro será<br />
realizado no Sheraton WTC Hotel,<br />
na capital paulista, a partir das<br />
8h30. A participação no evento<br />
deve ser confirmada pelo telefone<br />
(11) 3107-1571 ou pelo e-mail<br />
apimecsp@apimecsp.com.br.<br />
51,15<br />
50,75<br />
49,91<br />
49,57<br />
47,60<br />
JURO<br />
Contrato futuro<br />
12,68%<br />
foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento<br />
em janeiro de 2013, o de maior liquidez ontem. O giro neste contrato<br />
foi de R$ 32,3 bilhões, em 403.805 contratos negociados.<br />
HOME BROKER<br />
NA REDE<br />
“Agora talvez seja hora para<br />
comprar LTNs, que estão oferecendo<br />
rendimentos entre 12,5% e 13%”<br />
@rcinvestimentos, Raphael Cordeiro, consultor financeiro<br />
“Bancos e construtoras subindo<br />
forte hoje [ontem]. Setores bons<br />
para ficar de olho bem aberto”<br />
@g7invest, Gabriel Ribeiro, investidor<br />
“Hoje a crise acabou! Kakakaka<br />
‘A bolsa ama o preto ou o branco,<br />
nunca amará o cinza!’ Eita<br />
volatilidade que eu adoro! Amo isto!”<br />
@Picapautrader, investidor<br />
“Nos EUA já se fala de uma nova bolha<br />
das pontocom. A oferta da Linkedin<br />
e quem sabe do Facebook e Groupon<br />
pode confirmar essa preocupação”<br />
@chrinvestor, Christian Cayre,<br />
investidor e consultor financeiro<br />
“Expectativas de mudanças no EFSF<br />
(fundo de estabilização financeira)<br />
impulsionaram o sentimento para<br />
o euro, mas problemas estruturais<br />
levam anos para resolver”<br />
@RobinBew, economista-chefe e diretor<br />
de The Economist Intelligence Unit<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 37<br />
Santos <strong>Brasil</strong><br />
Coinvalores indica manutenção<br />
do papel com potencial<br />
de5,3%epreço-alvode<br />
R$ 26 em fevereiro de 2012<br />
O bom resultado da Santos <strong>Brasil</strong><br />
no último trimestre de 2010 veio<br />
em linha com a expectativa da<br />
equipe de análise da Coinvalores.<br />
A elevação da receita líquida foi<br />
de 45,8% na comparação com<br />
o 4º trimestre de 2009, atingindo<br />
R$ 260 milhões. O Ebitda<br />
(lucro antes de juros, impostos,<br />
depreciações e amortizações) foi<br />
de R$ 86,1 milhões, com margem<br />
de 33,1%, pressionada por efeitos<br />
não recorrentes. O lucro líquido<br />
no período foi de R$ 38,6 milhões.<br />
Com o resultado, a companhia<br />
fechou o ano com R$ 865,5 milhões<br />
de faturamento líquido, crescimento<br />
de 31% frente aos R$ 660,8<br />
milhões no acumulado de 2009.<br />
Segundo relatório da Coinvalores,<br />
a empresa espera sair dos 38,0%<br />
para 39,0%. Por fim, novos<br />
investimentos, excluindo aquisições,<br />
devem ficar em R$ 138,3 milhões,<br />
após os R$ 195,8 milhões investidos<br />
em2010.“Porora,mantemosnossa<br />
recomendação de manutenção<br />
dos papéis da companhia em<br />
carteiras diversificadas”, afirma<br />
Marco Aurélio Barbosa, analista<br />
da corretora, em relatório.<br />
O preço-alvo para fevereiro<br />
de2012éR$26compotencial<br />
de valorização de 5,3%.
38 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
MUNDO<br />
Manifestantes cobram<br />
urgência na renúncia do<br />
presidente Mubarak ao cargo<br />
Proposta de Mubarak não freia<br />
Declaração emocionada de executivo do Google preso pelo governo mobilizou egípcios e levou 250 mil<br />
Os egípcios realizaram ontem<br />
um dos maiores protestos já vistos<br />
para exigir a renúncia do<br />
presidente do país, Hosni Mubarak.<br />
Os manifestantes lotaram<br />
uma área da praça Tahrir,<br />
no Cairo, onde cabem 250 mil<br />
pessoas. As manifestações continuaram<br />
apesar do plano para<br />
transferência de poder anunciado<br />
pelo vice-presidente, Omar<br />
Suleiman, que prometeu ainda<br />
fim da represálias aos manifestantes,<br />
que há duas semanas<br />
exigem a renúncia de Mubarak,<br />
há 30 anos no poder. A oposição<br />
rejeita as promessas do governo<br />
e acusa o regime egípcio de tentar<br />
ganhar tempo.<br />
Os protestos ganharam fôlego<br />
depois do relato de Wael<br />
Ghonin, executivo do Google,<br />
cujas lágrimas numa entrevista<br />
televisiva comoveram os egípcios<br />
e incentivaram a ida das<br />
pessoas aos protestos de ontem.<br />
“Vocês são os heróis. Eu não sou<br />
herói”, disse Ghonim, que afirma<br />
ter passado 12 dias vendado<br />
enquanto esteve preso.<br />
Ativistas dizem que Ghonim<br />
foi o responsável por um grupo<br />
do Facebook que contribuiu<br />
decisivamente para a onda de<br />
protestos. Sua entrevista parece<br />
ter convencido muitos egípcios<br />
a aderir às manifestações. Apenas<br />
duas horas após a entrevista,<br />
70 mil pessoas aderiram a<br />
páginas de apoio a ele no site de<br />
relacionamentos Facebook.<br />
O Google já estava vinculado<br />
aos protestos no Egito, ao ter<br />
criado um serviço que ajuda os<br />
usuários do Twitter a burlar as<br />
restrições do governo ao site,<br />
disponibilizando um número de<br />
telefone que recebia mensagens<br />
de voz, posteriormente transmitidas<br />
na rede social.<br />
A agência estatal de notícias<br />
Oposição desconfia<br />
do projeto de<br />
transferência de<br />
poder anunciado pelo<br />
governo do Egito<br />
informou que 34 presos políticos<br />
foram libertados, os primeiros<br />
beneficiados de reformas<br />
prometidas por Mubarak depois<br />
do início da rebelião.<br />
Em Washington, o secretário<br />
de Defesa dos Estados Unidos,<br />
Robert Gates, elogiou o<br />
processo de reformas no mundo<br />
árabe — iniciado no mês<br />
passado com uma rebelião que<br />
derrubou o governo da Tunísia.<br />
“Minha esperança é que outros<br />
governos da região — vendo<br />
essa ação espontânea na Tunísia<br />
e no Egito — tomem medias<br />
para resolver as insatisfações
Ben Stansall/AFP<br />
Dylan Martinez/Reuters<br />
protestos<br />
manifestantes às ruas do Cairo<br />
políticas e econômicas das<br />
pessoas”, afirmou.<br />
Pela terceira vez desde o iníciodosprotestos,em25dejaneiro,<br />
os manifestantes encheram<br />
completamente a praça Tahrir.<br />
Uma outra grande manifestação<br />
já está programada<br />
para sexta-feira. “Vim aqui hoje<br />
pela primeira vez porque esse<br />
gabinete é um fracasso, Mubarak<br />
ainda está encontrando as<br />
mesmas caras feias”, disse Afaf<br />
Naged, 71, ex-conselheiro do<br />
Banco Nacional do Egito (estatal).<br />
“Ele não acredita que acabou.<br />
É um homem teimoso.”<br />
Análise sobre extradição de Assange é adiada<br />
A análise da extradição do fundador do Wikileaks, Julian Assange,para<br />
a Suécia foi adiada para a próxima sexta-feira pelo juiz Howard Riddle,<br />
de Londres. Os advogados de Assange tentam demonstrar irregularidades<br />
na forma como a promotoria sueca abordou as acusações de suposto<br />
crime sexual contra duas mulheres de Estocolmo. A Suécia quer interrrogar<br />
Assange, que nega as acusações e diz ser alvo de perseguição política<br />
por ter publicado documentos confidenciais da diplomacia americana.<br />
ENTENDA A CRISE<br />
● Os protestos que começaram<br />
há duas semanas exigem<br />
a renúncia do presidente<br />
Mubarak, há 30 anos no poder.<br />
● O governo apresentou um<br />
plano de transição, rejeitado<br />
pela oposição que acusa o<br />
regime de tentar ganhar tempo.<br />
● Mubarak, de 82 anos, quer se<br />
manter no poder até as eleições<br />
de setembro e resistir à pressão<br />
para renuncie imediatamente.<br />
Pela TV, o vice-presidente<br />
afirmou que o governo adotou<br />
umcronogramaparaauma<br />
transferência de poder pacífica<br />
e organizada: “o presidente<br />
enfatizou que a juventude do<br />
Egito merece o apreço da nação<br />
e deu ordens para evitar<br />
que eles sejam perseguidos,<br />
intimidados ou que tenham<br />
seu direito à liberdade de expressão<br />
tolhido.”<br />
Atéagora,noentanto,ogoverno<br />
fez poucas concessões, e<br />
Mubarak, de 82 anos, parece estar<br />
resistindo à pressão por sua<br />
renúncia imediata. ■ Reuters<br />
A Tailândia impôs rígidas medidas<br />
de segurança para controlar<br />
a manifestação dos nacionalistas<br />
“camisas amarelas”, que<br />
ameaçam ocupar prédios públicos<br />
em Bangcoc. O Ato Interno<br />
de Segurança, publicado ontem,<br />
permite que as autoridades imponham<br />
toques de recolher,<br />
operem postos de controle e<br />
restrinjam movimentos de manifestantes<br />
caso integrantes da<br />
Aliança Popular pela Democracia<br />
(APD) se tornem violentos<br />
ou tentem ocupar edifícios.<br />
O porta-voz governamental,<br />
Panitan Wattanayagorn, disse<br />
que o gabinete tailandês aprovou<br />
o uso das medidas entre os<br />
dias 9 e 23 de fevereiro em sete<br />
distritos, o que abrange o local<br />
de trabalho do primeiro-ministro,<br />
o Parlamento e o bairro comercial<br />
de Rajprasong.<br />
Os “camisas amarelas” ajudaram<br />
a levar o primeiro-ministro,<br />
Abhisit Vejjajiva, ao poder,<br />
mas recentemente se voltaram<br />
contra ele, exigindo firmeza<br />
numa disputa territorial com<br />
o Camboja. Em 2008, o grupo<br />
ocupou prédios públicos durante<br />
três meses e bloqueou o principal<br />
aeroporto de Bangcoc até<br />
que a Justiça afastasse o governo<br />
aliado do ex-premiê Thaksin<br />
AGENDA DO DIA<br />
● A China divulgada dados da<br />
sua balanço comercial referente<br />
ao mês de janeiro. A expectativa<br />
é de superávit de US$ 10,2 bilhões.<br />
● Ben Bernanke, presidente<br />
do Federal Reserve (Fed), o BC<br />
americano, discursa sobre a<br />
economia do país, em Washington.<br />
Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 39<br />
Tailândia impõe<br />
toque de recolher<br />
Governo do país quer controlar manifestações de grupos nacionalistas<br />
que ameaçam ocupar prédios públicos em vários bairros de Bangcoc<br />
As medidas valerão<br />
entreosdias9e23de<br />
fevereiro e abrangem<br />
sete distritos,<br />
incluindo o local<br />
de trabalho do<br />
primeiro-ministro,<br />
oParlamentoeo<br />
bairro comercial<br />
de Rajprasong<br />
Shinawatra, o que abriu caminho<br />
para a ascensão de Abhisit<br />
ao poder. Mas há duas semanas,<br />
os “camisas amarelas” protestam<br />
contra o atual premiê. Eles<br />
pretendem realizar uma manifestação<br />
maior ainda na sextafeira,<br />
quando o Parlamento analisa<br />
emendas constitucionais<br />
que poderiam levar à realização<br />
de eleições neste ano.<br />
Os manifestantes prometem<br />
se manter pacíficos, mas o policiamento<br />
foi reforçado e prédios<br />
públicos foram cercados com<br />
barricadas de arame farpado.<br />
Um grupo rival, os “camisas<br />
vermelhas”, planeja realizar<br />
manifestações também nos dias<br />
13 e 19, reivindicando que seus<br />
líderes sejam libertados da prisão.<br />
Em abril e maio do ano passado,<br />
essa facção, seguidora de<br />
Thaksin, se envolveu em violentos<br />
protestos em Bangcoc,<br />
que resultaram em 91 mortes,<br />
quase 2 mil feridos e 40 edifícios<br />
incendiados. A maioria de seus<br />
líderes foi presa.<br />
“Precisamos cobrir muitos<br />
distritos (com as medidas extraordinárias)<br />
porque há protestos<br />
planejados tanto pelos<br />
camisas vermelhas quanto pelos<br />
camisas amarelas” disse Panitan.<br />
■ Reuters<br />
Chaiwat Subprasom/Reuters<br />
Soldados tailandeses<br />
vão para rua controlar<br />
protestos violentos
40 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quarta-feira, 9 de fevereiro, 2011<br />
ÚLTIMA HORA<br />
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A, com sede à Avenida das<br />
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É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A.<br />
Petrobras pode investir US$ 2,5 bi no ES<br />
O secretário de desenvolvimento do Espírito Santo,<br />
Márcio Félix, estima entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões<br />
o capital necessário para a Petrobras instalar no<br />
estado um complexo gás-químico, no qual pretende<br />
produzir fertilizantes nitrogenados (ureia e amônia) a<br />
partir do gás processado na Unidade de Tratamento de<br />
Gás de Cacimbas (UTGC). O valor foi estimado após a<br />
assinatura de protocolo intenções firmado ontem entre<br />
o governo e a petrolífera. O projeto pode ser aportado<br />
em Linhares, região norte capixaba. “O protocolo vem<br />
criar certa formalização do investimento, embora não<br />
signifique uma decisão final”, ressalta o secretário.<br />
Segundo a Petrobras, o empreendimento deverá atrair<br />
outros investimentos ligados à produção de insumos<br />
agrícolas. “O complexo atrairá a instalação de uma série<br />
de outras <strong>empresas</strong> da cadesia de fertilizantes, ligadas ao<br />
setor agrícola e da cadeia de produtos químicos. Assim<br />
como <strong>empresas</strong> fornecedoras de serviços, locação de<br />
máquinas, entre outras”, diz a empresa em nota.<br />
Embora não tenha revelado o tamanho da produção e<br />
eaáreanecessária,aPetrobrasnegociaacompradeum<br />
terreno em Linhares. A companhia pretende instalar o<br />
complexo em um raio de 15 quilômetros da UTGC, onde<br />
processará 11 milhões de metros cúbicos diários de gás<br />
natural.Oplanoéficarpróximodausinadegásparare-<br />
duzir custos com logística, que será feita por meio de um<br />
gasodutoentreocomplexoeaUTGC.<br />
O projeto da Petrobras integra outros 100 em discussão<br />
junto à Secretaria de Desenvolvimento capixaba,<br />
que estima uma injeção de R$ 65 bilhões no estado nos<br />
próximos cinco anos. “Temos uma série de investimentosemdiscussão,ametadedelesseránaáreadepetróleo<br />
e gás”, diz Félix. ■ Nivaldo Souza<br />
DilmaelogiacaçadaBoeing<br />
O jato F-18, da Boeing, seria o melhor<br />
entre os três caças finalistas na licitação<br />
para a Força Aérea <strong>Brasil</strong>eira (FAB)<br />
na avaliação da presidente Dilma<br />
Rousseff, mas desde que a eventual<br />
compra venha acompanhada de melhores<br />
condições na transferência de<br />
tecnologia. A preferência de Dilma, segundo<br />
a agência Reuters, teria sido discutida<br />
durante reunião com o secretá-<br />
Preço desafia grande lote de ações<br />
A BM&FBovespa convocou as corretoras<br />
ontem para apresentar o projeto<br />
de criação de plataforma de negociação<br />
de grandes lotes de ações, mas terminou<br />
o encontro sem detalhar como<br />
será seu funcionamento. Conhecido<br />
como “block trading facility”, esse<br />
pregão paralelo permite a venda de<br />
grandes quantias sem impactar o preço<br />
dos papéis no pregão regular. A<br />
precificação das ações, aliás, desafia a<br />
bolsa. Em princípio, a proposta é de<br />
que as cotações nos negócios em<br />
grandes lotes seja a média dos preços<br />
de compra e venda no mercado regu-<br />
DESTAQUE<br />
Bolha de commodities é pouco provável, aponta LCA<br />
Estudo da consultoria mostra que, embora exista um<br />
aumento de liquidez, a alta das commodities foi puxada<br />
por fundamentos, e uma correção de preços é pouco<br />
provável. Isso não exclui a possibilidade de futuras<br />
variações expressivas. “A liquidez vai na direção da<br />
demanda mundial”, afirma o economista Flávio Samara.<br />
Acompanhe em tempo real<br />
www.brasileconomico.com.br<br />
lar. Mas para evitar manipulação, não<br />
deverão ser tomados como referência<br />
os preços do momento de fechamento<br />
da operação. Uma alternativa, segundo<br />
a bolsa, é calcular a cotação dos<br />
grandes lotes a partir da média dos<br />
preços nas operações dos cinco minutos<br />
seguintes — o que significaria que,<br />
no pregão paralelo, o negócio seria fechado<br />
sem que as partes soubessem<br />
exatamente a quanto. Também está<br />
sendo definido se o pregão paralelo<br />
funcionará durante todo o pregão regular<br />
ou em “calls” predeterminados<br />
ao longo do dia. ■ Mariana Segala<br />
rio do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy<br />
Geithner, na última segundafeira.<br />
Dilma teria falado de sua preocupação<br />
para que a escolha definitiva permita<br />
que o <strong>Brasil</strong> obtenha ajuda para<br />
desenvolver sua própria indústria de<br />
defesa. Os demais concorrentes no processo<br />
de compra dos caças são o Rafale,<br />
da francesa Dassault, e o Gripen NG<br />
produzido pela sueca Saab. ■ Reuters<br />
www.brasileconomico.com.br<br />
MAIS LIDAS ONTEM<br />
● IPO do LinkedIn será termômetro de bolha no setor<br />
● Fundo do JPMorgan pode aplicar US$ 500 mi no <strong>Brasil</strong><br />
● IPCA acelera em janeiro, por alimentos e ônibus<br />
● Mantega: inflação vai desacelerar nos próximos meses<br />
● China eleva taxa básica de juros em 0,25 ponto<br />
Leia versão completa em<br />
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Fotos: divulgação<br />
Marcela Beltrão<br />
Ricardo Galuppo<br />
rgaluppo@brasileconomico.com.br<br />
Diretor de Redação<br />
Batuque na Esplanada<br />
A manifestação feita ontem em Brasília contra a<br />
construção da usina de Belo Monte serviu mais uma<br />
vez para mostrar o quanto as discussões desse tema<br />
andam afastadas da realidade. A hidrelétrica, que<br />
deverá ter uma potência superior a 11 mil megawatts<br />
(MW), será a terceira maior do mundo quando estiver<br />
concluída. Ela será fundamental para que o <strong>Brasil</strong><br />
tenha energia para atender às necessidades da população<br />
com base numa fonte limpa e segura. Por<br />
maior que seja a área inundada por Belo Monte, seus<br />
danos ambientais serão inferiores aos de uma termelétrica.<br />
(A usina alagará 512 quilômetros quadrados.<br />
Isso é menos da metade do lago de Itaipu, que tem<br />
1.350 quilômetros quadrados.) Qual seria a emissão<br />
depoluentesparasechegaraesses11milMWem<br />
usinas a óleo? Quanto urânio seria preciso enriquecer<br />
para gerar 11 mil MW em energia nuclear? O que<br />
os militantes fantasiados de índios, assim como os<br />
índios de verdade que estiveram ontem na Esplanada<br />
dos Ministérios, querem? Que o país pare no tempo?<br />
Ninguém deseja, claro, a implantação de uma hidrelétrica<br />
ou de qualquer projeto de alto impacto<br />
comomesmodesmazeloambientaleomesmodesprezo<br />
pelas questões sociais que se via no tempo da<br />
ditadura. Isso, não. Mas também não se pode aceitar<br />
comoverdadeirososargumentoschantagistasde<br />
gente que não pensa nas consequências que a proibição<br />
da obra pode causar a milhões de brasileiros.<br />
Quantas toneladas de poluentes<br />
seriam emitidas para se chegar<br />
aosmesmos11milMWdeBelo<br />
Monte em usinas movidas a óleo?<br />
O <strong>Brasil</strong> tem mais possibilidades do que qualquer<br />
outro país para liderar a corrida por uma fonte limpa<br />
de energia. As terras pouco aproveitadas da caatinga<br />
nordestina podem se transformar em centros avançados<br />
para coleta de energia solar. Os ventos do litoral<br />
podem gerar energia em usinas eólicas de última<br />
geração. O etanol, o biodiesel, o lixo, os esgotos,<br />
tudo isso poderá servir de fonte renovável para geração<br />
de energia. Mas que ninguém se iluda: nada será<br />
capaz de substituir Belo Monte no curto prazo, sobretudo<br />
quando se sabe que a nova usina não será erguida<br />
para garantir o aumento de uma demanda no<br />
futuro, mas para cobrir o déficit no presente. É preciso<br />
chegar a uma solução de bom senso, mas, até lá,<br />
ainda vai se ouvir muito batuque na Esplanada. ■<br />
ENQUETE<br />
Você espera<br />
uma temporada<br />
de resultados<br />
corporativos<br />
positiva<br />
no <strong>Brasil</strong>?<br />
Sim<br />
89%<br />
Fonte: <strong>Brasil</strong>Economico.com.br<br />
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