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Murillo Constantino/<br />
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mobile.brasileconomico.com.br<br />
Relatório do Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio obtido pelo<br />
BRASIL ECONÔMICO aponta intensa recuperação<br />
nos investimentos para atividade<br />
QUINTA-FEIRA, 12 DE AGOSTO, 2010 | ANO 2 | Nº 244 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 3,00<br />
produtiva no primeiro semestre do ano,<br />
em relação à mesma base de 2009. Os recursos<br />
declarados pelas <strong>empresas</strong> saltou<br />
de US$ 66,2 bilhões para US$ 289 bilhões<br />
Gulfstream<br />
terá centro de<br />
manutenção de<br />
jatos no <strong>Brasil</strong><br />
Bolsas perto de<br />
queda histórica<br />
Esta é a opinião da americana<br />
Elliott Wave International, que<br />
recomenda sair do mercado. ➥ P36<br />
Eleições Aliados reclamam<br />
da falta de voz nos conselhos<br />
políticos dos presidenciáveis. ➥ P12<br />
entre os períodos. Na comparação com o<br />
segundo semestre do ano passado, quando<br />
a economia já havia retomado o fôlego,<br />
o crescimento se sustenta em 6,5%. ➥ P4<br />
Publicidade Novas quebras de patentes<br />
elevam investimentos de fabricantes<br />
de genéricos em mídia. ➥ P34<br />
Investimento das <strong>empresas</strong><br />
quadruplica e vai a US$ 289 bi<br />
Dados do Ministério do Desenvolvimento apontam que, além da alta na indústria, capital para serviços cresceu 20 vezes<br />
Ferrovias podem entrar<br />
em colapso até 2012<br />
Dos 28 mil quilômetros de malha, 10 mil têm<br />
algum tipo de inadequação. O investimento<br />
na extensão e na melhoria é considerado<br />
imprescindível para evitar apagão nos trilhos. ➥ P16<br />
Sony encara importadoras<br />
e traz Playstation 3 ao país<br />
Desafio da fabricante é ter preço mais alto, mas<br />
conta com garantia maior. Meta da empresa é<br />
vender também mais jogos e acessórios. ➥ P28<br />
Bancos usam SMS para<br />
cobrar dívida de jovens<br />
Temendo aumento da inadimplência em cenário<br />
mais concorrido, instituições financeiras recorrem<br />
a novas técnicas para receber dívidas. ➥ P40<br />
Pescados Sidnei Rosa lançará no<br />
país a marca Robinson Crusoe, do<br />
grupo espanhol Jealsa-Rianxeira. ➥ P32<br />
Joe Lombardo, presidente da fabricante<br />
americana de jatos executivos, disse<br />
que a intenção é ter no <strong>Brasil</strong> uma<br />
unidade especializada em serviços<br />
pesados programados, hoje realizados<br />
apenas nos Estados Unidos. ➥ P30<br />
INDICADORES<br />
Henrique Manreza<br />
TAXAS DE CÂMBIO COMPRA<br />
11.8.2010<br />
VENDA<br />
▲ Dólar Ptax (R$/US$) 1,7655 1,7663<br />
▲ Dólar comercial (R$/US$) 1,7680 1,7700<br />
▼ Euro (R$/€)<br />
2,2750 2,2764<br />
▼ Euro (US$/€)<br />
1,2886 1,2888<br />
▲ Peso argentino (R$/$) 0,4487 0,4491<br />
JUROS META EFETIVA<br />
■ Selic (a.a.)<br />
10,75% 10,66%<br />
BOLSAS VAR. % ÍNDICES<br />
▼ Bovespa - São Paulo -2,13 65.790,29<br />
▼ Dow Jones - Nova York -2,49 10.378,83<br />
▼ Nasdaq - Nova York -3,01 2.208,63<br />
▼ S&P 500 - Nova York -2,82 1.089,47<br />
▼ FTSE 100 - Londres -2,44 5.245,21<br />
▼ Hang Seng - Hong Kong -0,83 21.294,54<br />
BNDES emprestou R$ 72,6 bilhões<br />
de janeiro a julho, 3% menos<br />
que nos sete meses de 2009.<br />
Amyris abre<br />
capital nos EUA<br />
para captar<br />
US$ 100 milhões<br />
A empresa que detém tecnologia para transformar<br />
o açúcar em diesel e em outras fórmulas químicas<br />
pretende garantir recursos para financiar a primeira<br />
unidade de escala comercial que será construída<br />
no <strong>Brasil</strong>. A abertura de capital também visa<br />
dar liquidez às ações da Amyris. ➥ P22<br />
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do Banco do <strong>Brasil</strong>.<br />
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2 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
Em alta<br />
Marcio Fernandes/AE<br />
Amyris vai produzir diesel<br />
a partir da cana-de-açúcar<br />
Empresa americana de biotecnologia,<br />
que tem como sócios os grupos brasileiros<br />
Votorantim e Cornélio Brennand, fará<br />
oferta pública de ações nos Estados Unidos<br />
para captar US$ 100 milhões que serão<br />
aplicados na construção da unidade de<br />
produção de químicos anexa à Usina<br />
São Martinho, em Padópolis (SP). Antes<br />
mesmo do início de produção, grupos<br />
como Cosan, Shell e Procter & Gamble<br />
comprometeram-se a comprar o combustível<br />
verde da Amyris. A unidade terá capacidade<br />
para transformar 1 milhão de toneladas<br />
de cana em farneseno, combustível<br />
tido como superior ao diesel. ➥ P22<br />
Empréstimos do BNDES<br />
somam R$ 135 bilhões<br />
As liberações se referem ao período agosto<br />
de 2009 a julho de 2010 e representam<br />
aumento de 11% em relação aos 12 meses<br />
anteriores. De janeiro a julho de 2010,<br />
o total de desembolsos somou R$ 72,6<br />
bilhões, 3% abaixo do mesmo período<br />
de 2009, queda atribuída por Luciano<br />
Coutinho, presidente do banco, à distorção<br />
do financiamento de R$ 25 bilhões à<br />
Petrobras. Excluindo-se essa operação,<br />
que infla os dados de 2009, a expansão<br />
em 2010 teria sido de 48% em relação<br />
ao mesmo período de 2009. As micro,<br />
pequenas e médias <strong>empresas</strong> receberam<br />
R$ 21,45 bilhões no primeiro semestre,<br />
o que representa 36,17% no total. ➥ P9<br />
Murillo Constantino<br />
Robinson Crusoe contra<br />
Gomes da Costa e Coqueiro<br />
O grupo espanhol Jealsa-Rianxeira,<br />
da tradicional marca de pescados em<br />
conserva chega ao <strong>Brasil</strong> produzindo atum<br />
enlatado na fábrica de Rio Grande (RS),<br />
mas já tem planos de construir outra<br />
unidade em 2011, cuja localização está<br />
entre o Nordeste e o Centro-Oeste.<br />
“A meta é faturar R$ 50 milhões no final<br />
do próximo ano, mas estou otimista e<br />
considero que conseguiremos ir além”,<br />
afirma Sidnei Rosa, dirigente da Crusoe<br />
Foods, nome da empresa no <strong>Brasil</strong> e que<br />
vai comandar a disputa com as marcas<br />
Coqueiro, Gomes da Costa, Pescador<br />
e Alcyon pelo mercado de sardinha, atum,<br />
salmão e mexilhão em conserva. ➥ P32<br />
NESTA EDIÇÃO<br />
Murillo Constantino<br />
Estanplaza adere à longa permanência<br />
Rebatizada como Concivil — Estanplaza, a empresa de<br />
hotelaria, planeja desenvolver projetos em que a<br />
hospedagem tenha a duração de, no mínimo, um mês. ➥ P27<br />
Carro elétrico dá a largada no Ceará<br />
O projeto da fábrica que produzirá, em escala industrial,<br />
o primeiro veículo do gênero no estado será concluído até<br />
outubro. Limoeiro do Norte (CE) sediará a unidade. ➥ P20<br />
Suzano atribui lucro menor ao câmbio<br />
No segundo trimestre, o lucro da produtora de papel e<br />
celulose foi de R$ 135 milhões, menos 69% em relação aos<br />
R$ 439 milhões do período abril a junho de 2009. ➥ P24<br />
Mata Atlântica ganha US$ 5 milhões<br />
Amélia da Silva Netto, pedagoga e revendedora da Avon,<br />
comprou 220 de 1 bilhão de árvores do programa da TNC de<br />
arrecadação fundos para o plantio nesta área no país. ➥ P18<br />
Triple A amplia ganhos da Brookfield<br />
A venda do edifício na Av. Faria Lima, na capital paulista,<br />
foi decisiva para que o lucro da incorporadora aumentasse<br />
92% no semestre, atingindo a R$ 185,2 milhões. ➥ P26<br />
A FRASE<br />
Marcela Beltrão<br />
“Até agora não tivemos um sistema<br />
simples, nem um sistema preciso”<br />
Joseph Blatter, presidente da Fifa, ao confirmar que a adoção<br />
de uma tecnologia que informa quando a bola entrou no gol estará<br />
em pauta na reunião de outubro do International Board da entidade.<br />
“Mas precisamos de um sistema preciso e simples”, alertou.<br />
Gulfstream fará manutenção pesada<br />
A fabricante de jatos executivos de grande porte vai<br />
ampliar seu centro de manutenção em Sorocaba (SP), onde<br />
hoje realiza apenas reparos leves em aeronaves. ➥ P30<br />
Júlio Simões começa a operar terminal<br />
O projeto do terminal rodoferroviário de Itaquaquecetuba<br />
(SP) previa operação em 2011, mas contrato com a Usiminas<br />
para transportar bobinas de aço forçou a antecipação. ➥ P31<br />
União pelo maior consumo de pescado<br />
Acordo com a rede Walmart tenta facilitar a venda pelos<br />
pescadores e, com isso, elevar a produção brasileira de 1,1<br />
milhão de toneladas para 1,4 milhão de toneladas/ano. ➥ P33<br />
Sony lança Playstation 3 por RS 1.999<br />
O preço é subsidiado pelo fabricante, que pretende inibir a<br />
venda do produto importado sem embalagem e sem manual em<br />
português, diz Anderson Gracias, presidente no <strong>Brasil</strong>. ➥ P28<br />
Laboratórios apelam para a criatividade<br />
Limites impostos pela Anvisa não impedem ações de<br />
comunicação, como a da NeoQuímica, da Hypermarcas, que<br />
patrocina o Corinthians, Botafogo, Ceará e Criciúma. ➥ P34<br />
Apreensão com o recuo das bolsas<br />
“O declínio de 1929 levou à deflação e à depressão,<br />
e o de agora fará o mesmo”, alerta o analista técnico Brian<br />
Whitmer, da consultoria americana Elliott Wave. ➥ P36<br />
Valor se refere ao movimento anual no país.<br />
Perfil básico do devedor é do jovem universitário<br />
que esta ingressando no mercado de trabalho. ➥ P40<br />
Thiago Teixeira<br />
Recuperação de crédito soma R$ 8,6 bi<br />
Lucro do Banrisul é de R$ 183,1 milhões<br />
Banco conciliou aumento da receita das operações de<br />
crédito com redução de despesas. Mateus Bandeira,<br />
presidente, diz que o resultado deve se manter no ano. ➥ P39<br />
Gianluigi Guercia/AFP
CARLOS HENRIQUE TESTOLINI, PRESIDENTE DA SONDA PROCKWORK<br />
Presidente do Conselho de Administração<br />
Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos<br />
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BRASIL ECONÔMICO é uma publicação<br />
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Executivos), Alisson Castro, Bárbara de Sá, Celeste Vi-<br />
Marcela Beltrão<br />
O grupo chileno Sonda IT se estrutura para competir com grandes <strong>empresas</strong> brasileiras de<br />
tecnologia, como Tivit e CPM Braxis. “Queremos convencer clientes a reduzir custos em um<br />
único fornecedor”, afirma Carlos Henrique Testolini, presidente da Sonda Prockwork. ➥ P29<br />
veiros, Edson Ramão e Vinícius Rabello (Executivos de<br />
Negócios), Andréia Luiz (Assistente Comercial), Heitor<br />
Pontes (Diretor de Projetos Especiais), Márcia Abreu<br />
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MktD e Internet), Giselle Leme (Coordenadora<br />
MktD e Internet), Silvana Chiaradia (Coordenadora<br />
Tmkt ativo), Alexandre Rodrigues (Gerente de Processos),<br />
Denes Miranda (Coordenador de Planejamento)<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 3<br />
EDITORIAL<br />
A multiplicação<br />
dos recursos no<br />
setor produtivo<br />
A base e o motivo todos conhecem: emprego,<br />
renda maior e crédito, que levaram ao<br />
fortalecimento do mercado interno brasileiro.<br />
O resultado é que, fortalecidas e estimuladas,<br />
as <strong>empresas</strong> voltaram a abrir seu<br />
caixa e neste ano estão investindo quatro<br />
vezes e meia a mais do que em 2009. Os dados<br />
foram repassados ao BRASIL ECONÔMICO<br />
com exclusividade pelo Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio Exterior<br />
(MDIC). No primeiro semestre, houve<br />
desembolsos de US$ 289 bilhões para o setor<br />
produtivo. No mesmo período do ano<br />
passado, eles foram de apenas US$ 66,2 bilhões.<br />
Os investimentos referem-se à expansão<br />
de instalações, modernização e<br />
aquisição de bens de capital.<br />
É certo que o primeiro semestre de<br />
2009 está sendo descartado de várias<br />
comparações econômicas, dada a peculiaridade<br />
da situação vivida pelo mundo<br />
— e refletida no <strong>Brasil</strong> — durante o período.<br />
Porém, comparado ao segundo semestre<br />
de 2009, os investimentos também<br />
aumentaram e caminham para repetir<br />
o desempenho de 2008, como mostramos<br />
a partir da página 4.<br />
Estimuladas, as <strong>empresas</strong><br />
abriram o caixa e estão<br />
investindo quatro vezes e<br />
meia a mais do que em 2009<br />
Os setores que mais investiram foram a<br />
indústria extrativa, com quase R$ 130 bilhões<br />
e a de transformação, com R$ 104<br />
bilhões. A única cujos investimentos<br />
cresceram mais no período do que os das<br />
<strong>empresas</strong> de transformação, com aumento<br />
de 26%, foram as de alojamento e<br />
alimentação, que subiram 30%.<br />
Nos 12 meses encerrados em julho de<br />
2010, o Banco Nacional de Desenvolvimento<br />
<strong>Econômico</strong> e Social (BNDES) desembolsou<br />
R$ 134,9 bilhões em financiamentos,<br />
11% a mais do que no período<br />
anterior. Rebatendo críticas sobre as<br />
finalidades desse recursos, Luciano<br />
Coutinho, presidente do banco, informou<br />
que os financiamentos feitos às micro,<br />
pequenas e médias <strong>empresas</strong>, de<br />
25,7%, superaram o volume emprestado<br />
aos dez maiores clientes (21,8%) entre<br />
janeiro de 2008 e junho de 2010. Neste<br />
primeiro semestre, eles chegaram a<br />
36,17% do total, quando a participação<br />
dos dez maiores clientes foi de 15,6%.<br />
A fim de se capitalizar, este ano o<br />
BNDES captará R$ 1 bilhão em debêntures<br />
e recorrerá às letras financeiras<br />
somente em 2011. ■<br />
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Jornalista Responsável Ricardo Galuppo<br />
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4 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
DESTAQUE CRESCIMENTO ECONÔMICO<br />
Quadruplica o<br />
investimento das<br />
<strong>empresas</strong> no ano<br />
Estimulados pelo aquecimento do consumo, desembolsos<br />
anunciados no primeiro semestre superam US$ 289 bilhões<br />
Carolina Alves<br />
calves@brasileconomico.com.br<br />
Passada a “marolinha” — que<br />
teve efeito de tsunami para diversos<br />
setores da economia brasileira<br />
— as <strong>empresas</strong> retomaram<br />
o fôlego para investir e já anunciaram<br />
desembolsos quatro vezes<br />
e meia maiores este ano. Segundo<br />
levantamento do Ministério<br />
do Desenvolvimento, Indústria<br />
e Comércio Exterior<br />
(MDIC), obtido com exclusividade<br />
pelo BRASIL ECONÔMICO, os<br />
investimentos programados<br />
pelo setor produtivo para 2010 já<br />
atingiram US$ 289 bilhões no<br />
primeiro semestre. No mesmo<br />
período do ano passado, o montante<br />
foi de US$ 66,2 bilhões. Os<br />
dados abrangem expansão de<br />
instalações, modernização e<br />
aquisição de bens de capital.<br />
De fato, os primeiros seis<br />
meses de 2009 foram muito críticos<br />
para a economia, o que<br />
torna a base de comparação deprimida.<br />
Se observarmos, porém,<br />
o segundo semestre do ano<br />
passado, quando os investimentos<br />
anunciados foram de<br />
US$ 271,2 bilhões, chegaremos a<br />
um resultado também surpreendente:<br />
alta de 6,55% de<br />
um semestre para o outro.<br />
“Isso é reflexo do fortalecimento<br />
do mercado interno, que<br />
vem estimulando as <strong>empresas</strong> a<br />
investir novamente, mais confiantes<br />
em relação à economia”,<br />
explica Eduardo Celino, coordenador<br />
geral da Rede Nacional de<br />
Informações Sobre Investimento<br />
(Renai), banco de dados do MDIC.<br />
Visto que o cenário internacional<br />
é ainda incerto, tomar o mercado<br />
interno como base do crescimento<br />
se tornou uma estratégia<br />
anticíclica indispensável. “Muitos<br />
desembolsos reprimidos durante a<br />
crise estão se realizando apenas<br />
agora, quando indicadores de renda,<br />
emprego e crédito apontam<br />
para um ótimo ano para o consumo<br />
doméstico”, complementa.<br />
Prato cheio<br />
Além do real valorizado, que desestimula<br />
exportações e, portanto,<br />
volta as atenções das <strong>empresas</strong><br />
para o mercado consumidor local,<br />
mais de 30 milhões de brasi-<br />
“Para sustentar<br />
o crescimento<br />
de 6,5% esperado<br />
pelo governo,<br />
precisamos<br />
de investimentos<br />
acima de<br />
25% do PIB<br />
Celso Grisi,<br />
diretor-presidente do<br />
Instituto de Pesquisa Fractal<br />
leiros ganharam acesso ao crédito<br />
nos últimos três anos, segundo<br />
estimativas da Associação Comercial<br />
de São Paulo (ACSP). Isso,<br />
somado ao rendimento mensal<br />
do trabalhador — que chegou ao<br />
seu maior patamar desde 1990 - e<br />
ao índice de emprego, torna o<br />
<strong>Brasil</strong> um “prato cheio”.“Mesmo<br />
com a perspectiva de desaceleração<br />
do crescimento até o fim do<br />
ano, as <strong>empresas</strong> não deixarão de<br />
investir”, enfatiza.<br />
Ele lembra que a economia<br />
teve um primeiro trimestre muito<br />
forte, passando por um arrefecimento<br />
natural no segundo.<br />
“Até os segmentos mais afetados<br />
pela crise, como a indústria, já<br />
estão retomando os patamares<br />
pré-crise”, avalia Rogério César<br />
de Souza, economista-chefe do<br />
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento<br />
Industrial (Iedi).<br />
Copo meio vazio<br />
Se há consenso de o país está a<br />
caminho de repetir os desempenhos<br />
recordes de 2008, por<br />
outro lado é preciso notar que o<br />
nível de investimentos produtivos<br />
está em alta, mas ainda não<br />
é suficiente para promover um<br />
crescimento econômico acima<br />
de 5% ao ano sem inflação.<br />
Segundo estimativas do Ministério<br />
da Fazenda, divulgadas<br />
na última terça-feira, a formação<br />
bruta de capital fixo (FBKF), indicador<br />
oficial dos investimentos<br />
do setor produtivo (públicos e<br />
privados), deve atingir 20,4% do<br />
Produto Interno Bruto (PIB) este<br />
ano - maior índice desde 1994.<br />
“Para sustentar o crescimento<br />
de 6,5% esperado pelo governo,<br />
precisamos de investimentos<br />
acima de 25% do PIB”, calcula o<br />
economista Celso Grisi, diretorpresidente<br />
do Instituto de Pesquisa<br />
Fractal. Seria necessária<br />
poupança na casa dos 3% do<br />
PIB. A estimativa do ministério,<br />
porém, é de que chegue a 0,7%<br />
do PIB. “A única maneira de melhorar<br />
esse quadro é por meio de<br />
reformas há muito evitadas,<br />
como a tributária, previdenciária<br />
e administrativa. Mesmo que<br />
os investimentos do governo tenham<br />
crescido substancialmente,<br />
é preciso tornar a máquina<br />
pública mais eficiente”, diz. ■<br />
DA LINHA DE PRODUÇÃO AO CARRINHO DE COMPRAS<br />
Fortalecimento do mercado<br />
interno eleva apostas<br />
do setor produtivo<br />
COMÉRCIO<br />
ÍNDICES* - 2003 = 100<br />
Vendas do varejo aceleram<br />
170<br />
154<br />
138<br />
Aumento de renda, emprego e<br />
crédito apontam para crescimento<br />
do consumo doméstico<br />
122<br />
105,94<br />
106<br />
161,16<br />
90<br />
2000<br />
2001/2 2002200320042005200622007220082009/<br />
2010 2<br />
Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
*Com ajuste sazonal<br />
EM ALTA<br />
FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO<br />
EM % DO PIB<br />
Investimentos devem chegar a 20% do PIB este ano<br />
24,0<br />
22,15<br />
21,2<br />
Investimentos previstos são 4,5 vezes maiores<br />
PRINCIPAIS<br />
SETORES<br />
Alojamento e alimentação<br />
Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às <strong>empresas</strong><br />
Comércio<br />
Construção<br />
Indústria de transformação<br />
Indústria extrativa<br />
Outros serviços<br />
Produção e distribuição de eletricidade, gás e água<br />
Saúde<br />
Transporte, armazenagem e comunicações<br />
TOTAL<br />
Fonte: MDIC *Comparação entre os primeiros semestres de 2009 e 2010<br />
18,4<br />
15,6<br />
12,8<br />
20,40<br />
10,0<br />
1994<br />
199199 199919<br />
199199<br />
199199<br />
199920<br />
20020<br />
20020<br />
200200<br />
2000200<br />
2000200<br />
2000200<br />
2000200<br />
200200<br />
20008/<br />
2010*<br />
Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
*Projeção do Ministério da Fazenda<br />
INVESTIMENTO<br />
EM US$ BILHÕES<br />
1,72<br />
0,43<br />
6,98<br />
2,29<br />
104<br />
129<br />
4,47<br />
16,2<br />
1,23<br />
18,9<br />
289<br />
CRESCIMENTO*<br />
2.994%<br />
-51%<br />
657%<br />
553%<br />
177%<br />
2.496%<br />
818%<br />
-2%<br />
502%<br />
354%<br />
337%
EMPREGO*<br />
EM MILHÕES DE TRABALHADORES**<br />
Taxa ultrapassa patamar pré-crise<br />
23,0<br />
20,8<br />
18,6<br />
16,4<br />
14,2<br />
16,74<br />
LEIA MAIS<br />
21,65<br />
12,0<br />
20012002/2<br />
2003/2 2004/2 2005/2 2006/22007/2<br />
2008/2 2009/ 2010<br />
Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
*São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,<br />
Salvador e Porto Alegre **População ocupada<br />
Após o forte crescimento<br />
apresentado no começo<br />
deste ano, o Índice de<br />
Atividade Econômica (IBC-Br)<br />
subiu apenas 0,23% desde<br />
março, segundo dados do<br />
Banco Central divulgados<br />
ontem. Já na comparação<br />
entre o primeiro trimestre,<br />
a alta foi de 1,32%.<br />
Somente em junho de 2010,<br />
o IBC-Br registrou elevação<br />
de 0,02% frente a maio.<br />
Ainda assim, economistas<br />
Com US$ 40 bilhões<br />
estimados em<br />
investimentos até 2016,<br />
siderurgia tem papel de<br />
destaque. O foco agora é<br />
agregar valor às commodities.<br />
MASSA SALARIAL REAL*<br />
EM R$ BILHÕES DE JUL/2010**<br />
Rendimento do brasileiro é o maior desde 1990<br />
35<br />
31,11<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15,65<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
JUN/91<br />
JUN/10<br />
Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
*São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,<br />
Salvador e Porto Alegre **Corrigidos pelo INPC<br />
ouvidos pelo BRASIL<br />
ECONÔMICO acreditam que essa<br />
tendência de desaceleração<br />
do crescimento econômico<br />
não deverá interferir na<br />
decisão de investimento<br />
dos empresários brasileiros.<br />
Isso porque o consumo<br />
manterá uma trajetória<br />
de alta este ano.<br />
Dados do Ministério da<br />
Fazenda, divulgados na última<br />
terça-feira pelo ministro<br />
Guido Mantega, apontam que<br />
BNDES prepara<br />
captação de R$ 1 bilhão em<br />
debêntures este ano para dotar<br />
o BNDESPar e investir em novas<br />
<strong>empresas</strong>. Letras financeiras<br />
só serão usadas em 2011.<br />
PIB PER CAPITA<br />
EM MIL US$/ANO<br />
Novo patamar histórico<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
3,05<br />
Marcela Beltrão<br />
Infografia: Anderson Cattai<br />
9,84<br />
0<br />
1990 199199 1991 199 1991 199 1991 199 1991 199 1991199<br />
1991 199 1991 199 1992 200 2002 20 20220<br />
20220<br />
20220<br />
20220<br />
202200<br />
2002 20 20220<br />
202 200 20009/ 2010* 201 2<br />
Fontes: Banco Central e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
* Estimativa<br />
Economia dá sinais de desaceleração, mas não desestimula mercado<br />
o consumo das famílias deve<br />
atingir patamar de 6,6% do<br />
Produto Interno Bruto (PIB)<br />
em 2010. Levando-se em<br />
consideração que o PIB deve<br />
chegar a R$ 3,5 trilhões,<br />
caso cresça os 6,5% previstos<br />
pelo governo, o consumo<br />
das famílias será equivalente<br />
a R$ 231 bilhões este ano.<br />
Os investimentos de 20,4%<br />
do PIB, fomentarão também<br />
as importações, que podem<br />
chegar a 29,6% do PIB. C.A.<br />
De janeiro a julho, BNDES<br />
financiou R$ 72,6 bilhões,<br />
3% a menos do que em igual<br />
período de 2009. Sem empréstimo<br />
de R$ 25 bilhões à Petrobras,<br />
montante cresceria 48%.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 5<br />
Recurso para<br />
serviços é<br />
20 vezes maior<br />
Capital destinado a hotelaria e<br />
alimentação salta de US$ 55,7<br />
milhões para US$ 1,7 bilhão<br />
no primeiro semestre de 2010<br />
Liderado por nomes como Accor<br />
Hotels, BSH International e<br />
Fleury, o setor de serviços é o<br />
que mais deve elevar investimentos<br />
este ano, segundo levantamento<br />
do Ministério de<br />
Desenvolvimento, Indústria e<br />
Comércio Exterior (MDIC). De<br />
janeiro a junho de 2010, o segmento<br />
de alojamento e alimentação<br />
deve desembolsar US$ 1,7<br />
bilhão, valor cerca de trinta vezes<br />
superior aos US$ 55,7 milhões<br />
registrados no primeiro<br />
semestre de 2009. Já saúde deve<br />
investir US$ 1,2 bilhão, seis vezes<br />
mais (veja tabela ao lado).<br />
“As <strong>empresas</strong> de serviços já<br />
estão se preparando para os<br />
eventos esportivos de 2014 e<br />
2016, ampliando instalações,<br />
principalmente”, explica Eduardo<br />
Celino, coordenador geral da<br />
Rede Nacional de Informações<br />
sobre investimento (Renai), do<br />
Mdic. O aumento da renda do<br />
brasileiro também justifica as<br />
apostas para este ano. “O perfil<br />
de consumo está se elevando,<br />
seguindo o movimento de ascensão<br />
de classes. Isso faz com<br />
que a população demande mais<br />
serviços”, complementa.<br />
O mercado de trabalho, que<br />
vem atingindo patamares históricos,<br />
eleva o otimismo também<br />
das <strong>empresas</strong> que atuam no ramo<br />
de saúde. “O crescimento econômico<br />
eleva a população ocupada<br />
e os investimentos das <strong>empresas</strong><br />
em planos de saúde, que<br />
respondem por 90% da clientela<br />
dos hospitais privados”, afirma<br />
Henrique Salvador, presidente<br />
da Associação Nacional de Hospitais<br />
Privados (Anahp).<br />
Impulsionado pelos mesmos<br />
indicadores econômicos, o varejo<br />
deve elevar investimentos<br />
em mais de sete vezes este ano.<br />
Dados do Mdic apontam que o<br />
setor anunciou, até junho, projeção<br />
de desembolsos de US$ 6,9<br />
bilhões — contra US$ 922 milhões<br />
divulgados no primeiro<br />
semestre do ano passado. Dentre<br />
os maiores investidores estão<br />
nomes como Pão de Açúcar,<br />
Carrefour e Multiplan.<br />
“Mais de 40% do consumo<br />
hoje vem das classes C e D. Para<br />
os próximos anos, porém, os<br />
grandes grupos devem investir<br />
mais em participação de mercado”,<br />
diz Marcel Solimeo, economista-chefe<br />
da Associação Comercial<br />
de São Paulo (ASCSP).<br />
“O perfil de consumo<br />
está se elevando,<br />
seguindo o<br />
movimento de<br />
ascensão de classes.<br />
Isso faz com que a<br />
população demande<br />
mais serviços<br />
Eduardo Celino,<br />
coordenador-geral do<br />
Renais/MDIC<br />
Titãs<br />
A maior parte dos investimentos<br />
previstos para este ano, porém,<br />
vem da indústria: US$ 235<br />
bilhões, segundo anúncios feitos<br />
até junho. O valor é quatro<br />
vezes superior aos US$ 60 bilhões<br />
registrados no primeiro<br />
semestre de 2009. O destaque<br />
vai para a indústria extrativa. “A<br />
recuperação do preço das<br />
commodities explica esse movimento,<br />
impulsionado pela<br />
atuação chinesa”, afirma Renato<br />
da Fonseca, gerente executivo<br />
de Pesquisa da Confederação<br />
Nacional das Indústrias (CNI).<br />
Enquanto em 2009 o foco dos<br />
investimentos estava na produtividade,<br />
vista a necessidade de<br />
contenção de custos com a crise,<br />
a tendência agora é de expandir<br />
a capacidade produtiva.<br />
Com um índice de utilização<br />
da capacidade instalada de<br />
87%, a indústria de construção<br />
civil deve apostar mais nessa<br />
estratégia, segundo Melvyn<br />
Fox, presidente da Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira de Materiais de Construção<br />
(Abramat). “O segmento<br />
espera dobrar seu faturamento<br />
até 2016, atingindo R$ 188,7 bilhões.”<br />
Somente os investimentos<br />
anunciados este ano<br />
chegam a US$ 2,3 bilhões, um<br />
volume 6,5 vezes superior ao<br />
registrado no primeiro semestre<br />
de 2009. ■ C.A.
6 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
DESTAQUE CRESCIMENTO ECONÔMICO<br />
Siderurgia diversifica<br />
para não depender<br />
de commodity<br />
Com R$ 3,3 bilhões para novas usinas, CSN está entre as<br />
<strong>empresas</strong> que apostam em produtos com maior valor agregado<br />
Nivaldo Souza<br />
nsouza@brasileconomico.com.br<br />
A siderurgia ocupa papel de destaque<br />
na onda de investimentos<br />
previstos para o país, com US$ 40<br />
bilhões estimados pelo Instituto<br />
Aço <strong>Brasil</strong> (IABr) até 2016. O número<br />
é robusto, mas não revela a<br />
estratégia adotada por parte do<br />
setor para agregar valor a seus<br />
produtos. Caso da investida recente<br />
da Usiminas, que criou<br />
uma divisão para atender as exigências<br />
de seus clientes finais —<br />
em especial, os segmentos de petróleo,<br />
gás e construção civil.<br />
Orientação que passa pela<br />
oferta de produtos sob medida,<br />
uma forma de lucrar mais e conquistar<br />
contratos de longo prazo.<br />
É disposta a ocupar um papel relevante<br />
nessa oferta especializada<br />
que a Companhia Siderúrgica<br />
Nacional (CSN) se reposiciona<br />
para entregar itens dentro das<br />
necessidades da indústria. Para<br />
isso, a companhia pretende ampliar<br />
a qualidade de seu portfólio<br />
de aço para os setores automotivo,<br />
construção civil e embalagens.<br />
O plano é pular os distribuidores,<br />
que retrabalham o produto<br />
para os compradores.<br />
“O cliente paga por aquilo que<br />
tem valor, o preço é um detalhe.<br />
Ele está mais preocupado com o<br />
custo total do que com o preço da<br />
commodity. A proposta é mudar<br />
a maneira de atuar, de modo a<br />
atingir cada vez mais o cliente final”,<br />
observou ontem o diretor<br />
comercial da CSN, Luis Fernando<br />
Martinez, ao comentar os resultados<br />
financeiros da empresa no<br />
segundo trimestre.<br />
A diversificação do cardápio<br />
de produtos passa pelo que o<br />
executivo classificou como a<br />
“descommoditização” do aço.<br />
Ele apontou como passo essencial<br />
ter soluções completas para<br />
indústria, principalmente ante<br />
ao aumento das importações.<br />
“O mercado é soberano. Não<br />
compra preço, compra valor<br />
(agregado). Daqui para o final<br />
do ano, ele vai ficar mais apertado<br />
e interessado em produtos<br />
com maior valor agregado.”<br />
Novas usinas<br />
A CSN executa este ano um<br />
aporte de R$ 400 milhões na<br />
construção de uma nova usina<br />
de aços longos — cuja capacidade<br />
será de 500 mil toneladas<br />
anuais a partir de 2011, em Volta<br />
Redonda (RJ). O montante inte-<br />
“O mercado é soberano.<br />
Não compra preço,<br />
compra valor<br />
agregado. Daqui<br />
para o final do ano,<br />
o mercado vai ficar<br />
mais apertado<br />
e interessado em<br />
produtos de maior<br />
valor agregado<br />
Luis Fernando Martinez,<br />
diretor comercial da CSN<br />
Temos planos de<br />
ter maior presença<br />
internacional.<br />
Nossa preferência<br />
geográfica é oeste da<br />
Europa e os Estados<br />
Unidos. Mas não<br />
queremos comprar<br />
problemas, nem<br />
ativos ruins ou que<br />
comprovadamente<br />
não têm tido uma<br />
boa performance.<br />
Se fizermos algum<br />
movimento,<br />
será em ativos<br />
muito selecionados<br />
Paulo Penido,<br />
diretor executivo da CSN<br />
gra um volume total de R$ 3,3<br />
bilhões reservados para levantar<br />
três novas usinas — duas delas<br />
ainda sem local definido.<br />
A meta é atingir, até 2013, capacidade<br />
total de 1,5 milhão de<br />
toneladas de longos, produto<br />
usado principalmente pela construção<br />
civil. “Todos os investimentos<br />
previstos para obras de<br />
infraestrutura para os jogos de<br />
2014 e 2016, mais as obras portuárias,<br />
vão demandar aço. Acreditamos<br />
que o mercado vai ter<br />
capacidade de sustentar a nossa<br />
expansão e a de nossos concorrentes.<br />
Todas as projeções apresentam<br />
crescimento”, avalia o<br />
diretor financeiro, Paulo Penido.<br />
Aço por metro<br />
O aporte é feito visando a atuação<br />
combinada em serviços e<br />
produtos. Segundo o diretor comercial<br />
da CSN, o objetivo é ter<br />
soluções específicas para um<br />
mercado em vias de se tornar<br />
cada vez mais exigente. “O Benjamin<br />
(Steinbruch, presidente da<br />
empresa) gosta de dizer que ao<br />
invés de vender aço por tonelada<br />
ele quer vender por quilo (ao varejo).<br />
Eu ouso falar que vamos vender<br />
aço por metro quando entrarmos<br />
em longos”, indica Martinez.<br />
As indústrias automotiva e de<br />
embalagens também estão na<br />
mira. A CSN vende hoje cerca de<br />
650 mil toneladas anuais de folhas<br />
metálicas para embalagens.<br />
Volume abaixo da capacidade de<br />
1 milhão de toneladas da usina<br />
Presidente Vargas, em Volta Redonda.<br />
Martinez apontou os fabricantes<br />
de tintas e alimentos<br />
como alvos. “Existe um espaço<br />
muito forte para combatermos<br />
outros materiais, como o plástico.<br />
O plano é criar novas aplicações,<br />
novos formatos, e recuperar<br />
parte do que foi perdido no<br />
mix dos clientes (para a indústria<br />
de plástico).”<br />
Para o segmento automobilístico,<br />
a siderúrgica concentrará<br />
esforços para vender chapas recortadas.<br />
Foi com esse foco que a<br />
Galvasud, empresa do grupo fabricante<br />
de chapas galvanizadas<br />
utilizadas nas carrocerias de carros,<br />
recebeu R$ 100 milhões para<br />
ampliar sua capacidade produtiva<br />
de 3 mil para 12 toneladas<br />
anuais. “Vamos deixar de ser<br />
vendedor de bobinas para vender<br />
peças sob medida, entregando ao<br />
mercado uma solução totalmente<br />
diferente do que ele está acostumado<br />
a receber”, diz o diretor. ■<br />
Siderurgia se estrutura para<br />
reverter perda de mercado a outras<br />
matérias-primas, como o plástico<br />
■ LUCRO LÍQUIDO<br />
No 2º trimestre, as três maiores<br />
siderúrgicas movimentaram<br />
R$2,1 bi<br />
■ GERDAU<br />
Reverteu prejuízo de R$ 329<br />
milhões verificado nos três<br />
primeiros meses do ano<br />
R$856 mi<br />
■ CSN<br />
Lucratividade da empresa<br />
cresceu 85,6%, para<br />
R$894 mi<br />
■ USIMINAS<br />
Ampliou ganho líquido em<br />
3% sobre o volume alcançado<br />
no 2° trimestre de 2009<br />
R$347 mi
INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
Caixa robusto pode levar CSN para Europa ou EUA<br />
A CSN encerrou o semestre<br />
com R$ 9,7 bilhões em caixa.<br />
Embora a empresa não<br />
confirme interesse de ir às<br />
compras nos próximos meses,<br />
o montante revela fôlego<br />
para fazer oferta. Paulo<br />
Penido, diretor financeiro,<br />
sinalizou os mercados que<br />
mais interessam à CSN.<br />
“Temos planos de ter maior<br />
presença internacional. Nossa<br />
preferência geográfica é oeste<br />
da Europa e os Estados Unidos,<br />
se possível do lado leste, onde<br />
nossas placas, semiacabados<br />
e minério levam vantagens<br />
competitivas. Mas não queremos<br />
comprar problemas, nem ativos<br />
ruins ou que comprovadamente<br />
não têm boa performance”, diz.<br />
Ele reafirmou que em cimento<br />
o plano é crescer organicamente<br />
até atingir produção de 6,4<br />
milhões toneladas anuais em<br />
2016. Com isso, a CSN deve<br />
Rich Press/Bloomberg<br />
ir a 10% do mercado brasileiro.<br />
Mas após travar disputa<br />
acirrada pela portuguesa<br />
Cimpor no início do ano,<br />
CSN indicou que pode fazer<br />
nova investida no mercado<br />
internacional de cimento. “Se<br />
houver oportunidade de comprar<br />
alguma coisa, claro que vamos<br />
analisar. A internacionalização<br />
pode passar por cimentos, se<br />
encontrarmos oportunidades<br />
atrativas”, afirma Penido.<br />
Depois de frear investimentos<br />
em 2009, companhias retomam<br />
aportes para correr atrás do<br />
prejuízo e dar conta da demanda<br />
Michele Loureiro<br />
mloureiro@brasileconomico.com.br<br />
Os mercados de petróleo e mineração<br />
— que também inclui<br />
recursos para siderurgia — lideram<br />
os investimentos previstos<br />
para 2010. Dados do Ministério<br />
do Desenvolvimento, Indústria<br />
e Comércio Exterior (MDIC)<br />
apontam aportes de US$ 129,7<br />
bilhões na chamada indústria<br />
extrativa. Petrobras, Vale e Usiminas<br />
encabeçam a lista das<br />
<strong>empresas</strong> com montantes maiores<br />
de investimentos. No plano<br />
de negócios da petrolífera estão<br />
previstos US$ 224 bilhões até<br />
2014, US$ 44,8 bilhões por ano.<br />
Segundo Walter de Vitto,<br />
analista de petróleo e energia<br />
da Tendências Consultoria, a<br />
retomada dos investimentos na<br />
indústria extrativista deve durar<br />
alguns anos. “Há muita demanda<br />
para ser suprida, ainda<br />
mais depois da descoberta do<br />
pré-sal. Mas temos de tomar<br />
cuidado, pois o setor pode estar<br />
sendo usado como uma<br />
forma de política fiscal”, disse,<br />
citando os aportes expressivos<br />
da Petrobras. “Precisamos nos<br />
perguntar se a qualidade desses<br />
investimentos é a ideal e<br />
também ficar atentos com a<br />
dificuldade da companhia na<br />
hora de se financiar. Será que<br />
precisamos mesmo de construir<br />
quatro refinarias no<br />
país?”, questiona.<br />
No caso da Vale, os investimentos<br />
devem alcançar US$ 12,9<br />
bilhões este ano. No segundo<br />
trimestre, a Vale realizou aporte,<br />
excluindo aquisições, de<br />
US$ 2,37 bilhões, dos quais<br />
US$ 1,69 bilhão para desenvolvimentos<br />
de projetos de crescimento<br />
orgânico, US$ 273 milhões<br />
em P&D, e US$ 407 milhões<br />
para manutenção das<br />
operações existentes.<br />
Segundo o analista da Link<br />
Investimentos, Leonardo Alves<br />
a retomada dos investimentos<br />
nos segmentos de siderurgia<br />
e mineração é justificada<br />
pela consolidação da<br />
economia chinesa. “Comparar<br />
os investimentos de 2009 com<br />
os de 2010 é forçar a base de<br />
comparação, mas é importante<br />
ressaltar que a retomada de<br />
aportes vem para suprir um<br />
déficit sofrido no ano passado,<br />
uma vez que o mercado chinês<br />
teve boa performance mesmo<br />
durante a crise e não houve investimentos<br />
brasileiros para<br />
acompanhar a demanda crescente.<br />
Agora é a hora de correr<br />
atrás do lucro.”<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 7<br />
Petrobras,<br />
Vale e Usiminas<br />
investem mais<br />
A Usiminas, por sua vez, prevê<br />
aporte de R$ 3,2 bilhões para<br />
este ano. “Nosso plano de investimentos<br />
permitirá adicionar<br />
2,6 milhões de toneladas<br />
de produtos acabados para<br />
atender ao crescimento de setores<br />
estratégicos, como óleo e<br />
gás e automotivo, que demandam<br />
aços de alto valor agregado”,<br />
afirmou o vice-presidente<br />
de Negócios da Usiminas, Sergio<br />
Leite. O aporte é o maior<br />
dos últimos dez anos e são voltados<br />
principalmente para o<br />
aumento da capacidade de laminação<br />
e galvanização e devem<br />
ser concluídos dentro dos<br />
próximos dois anos. ■<br />
PETRÓLEO<br />
US$ 44,8 bi<br />
é a parte dos investimentos da<br />
Petrobras até 2014 desembolsada<br />
este ano. O montante total<br />
é de US$ 224 bilhões e 95%<br />
são destinados ao <strong>Brasil</strong>.<br />
MINÉRIO<br />
US$ 12,9 bi<br />
é o montante previsto para<br />
ser investido na Vale<br />
neste ano, em decorrência<br />
do aumento da demanda<br />
global por minério de ferro.<br />
AÇO<br />
R$ 3,2 bi<br />
é o aporte previsto pela Usiminas<br />
para este ano em capacidade<br />
de laminação e galvanização,<br />
maior valor anual investido pela<br />
companhia nos últimos dez anos.
8 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
DESTAQUE CRESCIMENTO ECONÔMICO<br />
BNDES<br />
vai emitir<br />
R$1biem<br />
debêntures<br />
Capitalização da Petrobras deixa para<br />
2011 lançamento de letras financeiras<br />
Ricardo Rego Monteiro<br />
rmonteiro@brasileconomico.com.br<br />
O Banco Nacional de Desenvolvimento<br />
<strong>Econômico</strong> e Social<br />
(BNDES) só vai recorrer em 2011<br />
às novas letras financeiras (LFs)<br />
como meio de reforçar o caixa.<br />
Para os próximos meses, a instituição<br />
financeira prepara uma<br />
nova captação em debêntures,<br />
superior a R$ 1 bilhão. Sem data<br />
definida ainda, a operação terá<br />
por objetivo dotar a BNDESPar,<br />
a empresa de participações da<br />
instituição, de recursos para investir<br />
em novas <strong>empresas</strong>. Com<br />
a captação, o banco poderá liberar<br />
os recursos aportados<br />
pelo Tesouro Nacional no ano<br />
passado e em 2010 para projetos<br />
de infraestrutura.<br />
A nova emissão tornou-se<br />
necessária para os compromissos<br />
deste ano da BNDESPar,<br />
apesar do aporte de R$ 180 bilhões<br />
do Tesouro. A operação,<br />
de acordo com o governo, também<br />
servirá para medir a temperatura<br />
do mercado para as<br />
captações dos novos papéis a<br />
partir de 2011. As LFs – criadas<br />
em maio último para, inicialmente,<br />
dotar os bancos privados<br />
de recursos de longo prazo –<br />
receberam do BNDES a alcunha<br />
provisória de Letras do Desenvolvimento<br />
<strong>Econômico</strong> (LDEs).<br />
Com as debêntures, justifica<br />
o governo, o banco poderá “tatear”<br />
a receptividade do mercado<br />
a papéis do banco estatal.<br />
Dependendo do interesse dos<br />
investidores, o resultado será<br />
útil, como teste, para as futuras<br />
LDEs. A decisão de postergar o<br />
lançamento dos novos papéis<br />
deveu-se não só a detalhes técnicos<br />
da emissão, mas também<br />
ao cenário marcado por outras<br />
operações de vulto, como a capitalização<br />
da Petrobras. Representantes<br />
do governo acrescentam,<br />
ainda, que as LDEs também<br />
estão atreladas à definição<br />
eleitoral e ao tamanho que o<br />
novo presidente da República<br />
vislumbrar para o BNDES.<br />
“As novas letras representam<br />
alternativa de funding só para o<br />
próximo ano. Para 2010, os aportes<br />
do Tesouro e as debêntures já<br />
serão suficientes para honrar os<br />
compromissos”, diz uma fonte.<br />
Operação com<br />
debêntures, de<br />
acordo com o<br />
governo, também<br />
servirá para medir<br />
a temperatura<br />
do mercado para<br />
as captações<br />
dos novos papéis<br />
a partir de 2011<br />
Luciano Coutinho, presidente do<br />
BNDES: taxas de investimento devem<br />
chegar a 19% até o fim do ano<br />
Para o economista Antonio<br />
Correia de Lacerda, professor da<br />
Pontifícia Universidade Católica<br />
de São Paulo (PUC-SP), boa parte<br />
da indefinição sobre as novas<br />
LDEs — ou LFs — também pode<br />
ser atribuída ao atual patamar da<br />
taxa de juro de longo prazo (Selic).<br />
Hoje em 10,75% ao ano,<br />
uma das maiores do mundo, a<br />
Selic em alta reduz a atratividade<br />
de outras opções de investimento,<br />
como os títulos de longo<br />
prazo. Daí, avalia o economista,<br />
a tendência de postergação da<br />
emissão dos novos papéis.<br />
A capitalização da Petrobras<br />
também representa obstáculo<br />
para o lançamento das LDEs, de<br />
acordo com a fonte do governo.<br />
Isso porque os mesmos técnicos<br />
que trabalham na estruturação<br />
dos novos papéis têm participado<br />
das discussões para a operação<br />
da petrolífera estatal. Pre-<br />
vista para setembro, a capitalização<br />
corre riscos, na avaliação<br />
do mercado, devido às pressões<br />
dos bancos contratados para estruturá-la.<br />
As instituições advertem<br />
para a possibilidade de<br />
insucesso devido à crise e à proximidade<br />
com outras operações<br />
OBSTÁCULOS<br />
de porte semelhante na China.<br />
“Qualquer decisão sobre a<br />
participação do BNDES nessa capitalização<br />
será tomada de forma<br />
coordenada com o Tesouro Nacional”,<br />
revela a fonte do governo.<br />
“Só depois é que será possível<br />
olhar para 2011.” ■<br />
Alta do juro atrapalha emissão de LDEs<br />
O atual patamar da Selic<br />
representa obstáculo para as<br />
emissões de títulos privados,<br />
como letras financeiras e bônus,<br />
ao aumentar a exigência dos<br />
investidores. Dessa forma, torna-se<br />
interessante para o BNDES<br />
esperar o próximo ano, quando<br />
o Banco Central deverá retomar<br />
a trajetória de redução da taxa<br />
básica de juro do país, para lançar<br />
Antonio Milena<br />
as novas letras. Pesa ainda<br />
contra a operação a capitalização<br />
da Petrobras, prevista para o<br />
próximo mês. “A tendência, no<br />
longo prazo, é de convergência<br />
da Selic com a TJLP (taxa de juro<br />
de longo prazo), o que favorece<br />
operações com os novos papéis<br />
de longo prazo”, argumenta<br />
o economista Antonio Correia<br />
de Lacerda, professor da PUC-SP.
Banco fez desembolsos totais<br />
deR$ 72,6 bilhões no primeiro<br />
semestre, 3% a menos do<br />
que em igual período de 2009<br />
Alvo de críticas à política do<br />
governo de estímulo ao crescimento,<br />
o Banco Nacional de<br />
Desenvolvimento <strong>Econômico</strong> e<br />
Social (BNDES) divulgou números,<br />
ontem, que tentam<br />
contestar as acusações de uma<br />
suposta opção nos financiamentos<br />
para os maiores grupos<br />
do país. O presidente da instituição,<br />
Luciano Coutinho,<br />
anunciou que, excluindo-se o<br />
financiamento de R$ 25 bilhões<br />
para a Petrobras em<br />
2009, a proporção de desembolsos<br />
do banco para micro,<br />
pequenas e médias <strong>empresas</strong><br />
(25,7%) superou a fatia destinada<br />
aos dez maiores clientes<br />
(21,8%), entre janeiro de 2008<br />
e junho deste ano.<br />
“Sabemos que, em períodos<br />
eleitorais, as torcidas ficam<br />
muito animadas. Isso é natural.<br />
Mas trabalhamos seriamente e<br />
temos números para embasar o<br />
que dizemos”, justificou Coutinho,<br />
durante a apresentação dos<br />
números do banco referentes<br />
aos meses de junho e julho deste<br />
ano. “Mostramos esses dados<br />
não com o objetivo de polemizar,<br />
mas de prestar contas à sociedade.<br />
O BNDES tem contribuído<br />
para descentralizar os investimentos<br />
no <strong>Brasil</strong>.”<br />
Fôlego maior<br />
A fatia de desembolsos do banco<br />
para as micro, pequenas e médias<br />
empresa cresceu de 17,54%<br />
do total, no primeiro semestre<br />
de 2009, para 36,17%, nos primeiros<br />
seis meses deste ano – o<br />
que resultou em liberações de R$<br />
21,45 bilhões. No mesmo período,<br />
a participação dos dez maiores<br />
grupos alcançou 15,6%.<br />
Entre janeiro e julho de 2010,<br />
o total de desembolsos do banco<br />
somou R$ 72,6 bilhões, volume<br />
3% inferior ao registrado no<br />
mesmo período do ano passado.<br />
Nos últimos 12 meses encerrados<br />
em julho de 2010, as liberações<br />
(R$ 134,9 bilhões) aumentaram<br />
11%. A queda nos primei-<br />
ros sete meses deste ano foi atribuída<br />
por Coutinho à distorção<br />
provocada pelo financiamento à<br />
Petrobras. Não fosse a operação,<br />
que eleva os dados de 2009, os<br />
desembolsos do BNDES teriam<br />
aumentado 48% frente aos sete<br />
primeiros meses de 2009.<br />
Sem benefícios<br />
Coutinho aproveitou a ocasião<br />
para lembrar que o financiamento<br />
à estatal — também<br />
muito criticado por beneficiar<br />
uma empresa com acesso a recursos<br />
do mercado internacional<br />
— não envolveu qualquer<br />
forma de subsídio. O executivo<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 9<br />
Micro e pequenas <strong>empresas</strong> ganham<br />
espaço nos financiamentos do banco<br />
Entre janeiro de 2008<br />
e junho de 2010,<br />
desembolsos para as<br />
menores respondeu<br />
por 25,7% do total<br />
de financiamentos<br />
CAPTAÇÃO<br />
R$ 1 bilhão<br />
O BNDES trabalha em uma<br />
emissão de mais de R$ 1 bilhão<br />
em debêntures para dotar<br />
a BNDESPar de recursos para<br />
investir em novas participações<br />
acionárias. A operação, prevista<br />
para este ano, servirá para<br />
medir o interesse do mercado.<br />
DESEMBOLSOS<br />
R$ 25 bi<br />
Foi o empréstimo concedido<br />
em 2009 à Petrobras. O valor<br />
acabou tendo reflexos sobre<br />
o resultado de 2010. Se o<br />
empréstimo à estatal for<br />
descontado, os financiamentos<br />
de 2010 seriam 47% maiores do<br />
que os de igual período de 2009.<br />
argumentou que, ao contrário<br />
dos empréstimos tradicionais<br />
da instituição, remunerados<br />
pela Taxa de Juro de Longo Prazo<br />
(TJLP, mais barata que a média),<br />
os recursos para a Petrobras<br />
foram corrigidos por taxas<br />
de mercado.<br />
Para Coutinho, os dados do<br />
primeiro semestre projetam uma<br />
taxa de investimento, ao fim<br />
deste ano, de 19%. Apesar de<br />
ainda abaixo do necessário para<br />
assegurar um crescimento sustentável<br />
para o país — com baixa<br />
inflação — indica, segundo Coutinho,<br />
a perspectiva de chegar a<br />
22,2% em 2014. ■ R.R.M.<br />
MICROEMPRESAS<br />
36,17%<br />
A participação das micro,<br />
pequenas e médias <strong>empresas</strong><br />
alcançou 36,17% nos primeiros<br />
seis meses de 2010. Tal fatia<br />
superou a proporção de<br />
15,6% dos dez maiores grupos<br />
empresariais no total de<br />
financiamentos da instituição.
10 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
OPINIÃO<br />
José Dirceu<br />
Advogado e ex-ministro da Casa Civil<br />
Jogo de “ganha-ganha”<br />
Tornou-se corriqueira a preocupação alarmista sobre<br />
“gargalos de infraestrutura” para a próxima década,<br />
em movimento cujo interesse é responsabilizar o governo<br />
federal pelos entraves ao crescimento vindouro.<br />
Em primeiro lugar, trata-se de uma inversão de lógica,<br />
afinal, não fossem as medidas do governo Lula, não<br />
haveria necessidade de aprimoramento logístico porque<br />
o país não estaria crescendo de forma estruturada<br />
—entre 6% e 7%, nas previsões para 2010. As carências<br />
em infraestrutura advêm, portanto, de políticas bem<br />
sucedidas de fortalecimento da economia, e por isso<br />
devem antes ser encaradas como grandes desafios.<br />
O lugar comum às críticas é o setor de aeroportos,<br />
termômetro do crescimento porque revela os avanços<br />
com a marca da maior inclusão social, ampliação da<br />
renda e aumento do poder de compra. Vale o preceito<br />
de que o brasileiro tem viajado mais, para dentro ou<br />
fora do país, porque reúne hoje melhores condições do<br />
que há uma década, assim como há hoje maior movimentação<br />
de cargas aéreas do que há dez anos.<br />
A alternativa é fazer as concessões<br />
de grandes aeroportos pelo critério<br />
de maior outorga, viabilizando<br />
a presença do setor privado<br />
Esse aumento da demanda deve se intensificar, puxado<br />
de um lado pela continuidade do crescimento<br />
(desde que mantidas as atuais políticas federais) e, de<br />
outro lado, pela atração dos dois maiores eventos esportivos<br />
do mundo —a Copa de 2014 e a Olimpíada de<br />
2016. Calcula-se algo em torno de R$ 6 bilhões de investimentos<br />
em aeroportos nos próximos quatro anos<br />
para que consigamos atender ao fluxo crescente. O governo<br />
já liberou R$ 5,5 bilhões para 13 aeroportos, em<br />
reformas que se encerram em 2013. É mais uma mostra<br />
do esforço de reestruturação do setor. Desde 2003, foram<br />
25 obras em 19 aeroportos, além de obras de menor<br />
porte em diversos terminais. Alguns exemplos:<br />
Santos Dumont (RJ), Congonhas e Cumbica (SP), Marechal<br />
Rondon (MT), Eduardo Gomes (AM), Juscelino<br />
Kubitschek (DF), César Bombonato (MG), Lauro Carneiro<br />
de Loyola (SC) e Senador Nilo Coelho (PE).<br />
Hoje, a Infraero gerencia 67 aeroportos, 80 unidades<br />
de apoio e 32 terminais de carga. Impossível manter a<br />
atual estrutura, dada a necessidade de rápida expansão.<br />
Urge, então, atrair a iniciativa privada para vencermos<br />
o desafio dos aeroportos. Como o setor é estratégico,<br />
faz-se imprescindível descartar as privatizações.<br />
O caminho é aprovar um novo marco legal que<br />
permita tanto o modelo de concessões, como o de Parcerias<br />
Público-Privadas (PPPs), ainda que o primeiro<br />
revele-se mais factível, dada a premência de prazos.<br />
A alternativa é fazer as concessões de grandes aeroportos<br />
(cerca de dez) pelo critério de maior outorga,<br />
viabilizando a presença do setor privado na modernização<br />
dos aeroportos e garantindo o investimento<br />
público nos outros terminais. As concessões<br />
são positivas porque darão à sociedade: um sistema<br />
mais extenso, moderno e interiorizado; a dissolução<br />
de gargalos; a participação privada, sem viés predatório-privatista;<br />
o fortalecimento da Infraero e a garantia<br />
de que a Copa do Mundo e a Olimpíada serão de<br />
alto nível, dentro e fora da esfera esportiva. O resultado<br />
evidente é um jogo de “ganha-ganha”. ■<br />
Adriano Pires<br />
Diretor do Centro <strong>Brasil</strong>eiro<br />
de Infraestrutura<br />
Declarações importantes<br />
Na semana passada tivemos declarações muito importantes<br />
sobre o setor de energia no <strong>Brasil</strong>. A primeira foi<br />
do presidente da Vale, respondendo se a empresa teria<br />
interesse em investir em nitrogenados. A resposta não<br />
poderia ser mais clara: “Para produzir nitrogenados é<br />
preciso usar gás natural. E a Petrobras se acha dona do<br />
gás. Então, ela que invista”. O presidente da Vale tem<br />
toda a razão, já que, além de ser a dona do gás, a Petrobras<br />
também é a dona de toda a rede de transporte, é a<br />
única importadora, tem participação na maioria das<br />
distribuidoras e é monopolista na produção de todos os<br />
derivados de petróleo substitutos do gás natural.<br />
Ou seja, no gás natural a Petrobras é um monopólio<br />
desregulado. E como monopólio desregulado decide para<br />
quem e como vai vender o gás natural. Isso acaba inviabilizando<br />
o aumento da participação do gás na matriz<br />
energética. O mercado e a política de gás natural no <strong>Brasil</strong><br />
apresentaram nos últimos cinco anos um comportamento<br />
ciclotímico. O mercado alternou momentos de<br />
grande sobra de gás e escassez e a política usada para enfrentar<br />
essa realidade ora era pragmática e se utilizava de<br />
heterodoxias, como subsídio ao preço, ora era ortodoxa e<br />
seguia o preço do petróleo no mercado internacional.<br />
A perspectiva no <strong>Brasil</strong> é de uma grande oferta de<br />
gás natural no futuro. O que explica esse otimismo é o<br />
pré-sal. Esse cenário obriga que seja desenvolvida uma<br />
política para criar novos mercados e aumentar o consumo.<br />
A própria produção de petróleo do pré-sal pode<br />
ser prejudicada pelo gás natural. É fundamental dar<br />
um destino comercial para o gás, porque caso contrário<br />
será queimado, o que em termos ambientais é crime.<br />
O desenvolvimento do gás shale (extraído de rochas)<br />
nos EUA tornará o país menos dependente da<br />
importação de gás, o que significa uma redução do<br />
mercado externo para o gás do pré-sal.<br />
Discutir modicidade tarifária é falar<br />
de carga tributária e encargos setoriais.<br />
O setor elétrico não deve ser<br />
encarado como coletor de impostos<br />
A outra declaração foi de um executivo da Votorantim,<br />
sobre a tarifa de energia elétrica. O executivo chamou<br />
a atenção para o fato de que a tarifa no <strong>Brasil</strong> é<br />
mais elevada do que na Europa e na China. Segundo o<br />
executivo, a razão são os impostos e os encargos setoriais<br />
que incidem na tarifa final. O preço da energia é<br />
mais baixo no <strong>Brasil</strong>, porém quando são acrescentados<br />
os impostos e os encargos tornam a tarifa brasileira<br />
mais cara do que na Europa e na China. Não faz sentido<br />
existir uma carga tributária que, somada aos encargos<br />
setoriais, representam hoje 45,1% da tarifa final. É<br />
bom lembrar que em 2002, último ano do governo<br />
FHC, esse total era de 35,9%. Hoje a tarifa de energia<br />
elétrica no <strong>Brasil</strong> acaba tirando competitividade da indústria<br />
nacional e faz com que o investidor desloque<br />
seus projetos para países que têm menores tarifas.<br />
Discutir modicidade tarifária a sério significa discutir<br />
a carga tributária e os encargos setoriais. O setor elétrico<br />
não pode e não deve ser encarado como um setor coletor<br />
de impostos. Ambas as declarações deveriam merecer<br />
um posicionamento dos candidatos à Presidência da República.<br />
Pois, a persistirem essas políticas, o <strong>Brasil</strong> estará<br />
indo na direção de um país exportador de matérias-primas,<br />
ou seja, virando uma economia extrativista. ■<br />
CARTAS<br />
O CAOS AÉREO DO PAÍS EM TOM DE<br />
DESABAFO — COLUNA DE RICARDO GALUPPO<br />
O <strong>Brasil</strong> sofre com o caos aéreo assim como<br />
um corpo em processo de crescimento<br />
acelerado não consegue suportar o próprio peso.<br />
Nos últimos anos, o <strong>Brasil</strong> teve um destaque<br />
no enfoque mundial, destaque que, devido<br />
à crise econômica internacional, chama a<br />
atenção para um mercado de capitais onde<br />
há espaço para grandes oportunidades<br />
de negócios e investimentos. Sendo direto,<br />
o <strong>Brasil</strong> como um todo precisa de uma<br />
reformulação de valores e estruturas<br />
urgentemente. Mas, como toda mudança,<br />
isso exige determinação e vontade,<br />
e nos acostumamos a ser chamados de país<br />
de terceiro mundo. Acabamos vestindo<br />
a carapuça. Entretanto, nós crescemos,<br />
nos destacamos, portanto devemos pensar<br />
e agir de acordo com o nosso tamanho.<br />
Somos bem grandinhos e devemos mostrar<br />
aos responsáveis pelo caos aéreo e ao mundo<br />
que devem nos tratar com o respeito que<br />
merecemos. Somos brasileiros, e não desistimos<br />
nunca porque unidos sempre seremos.<br />
Renan Viana<br />
Rio de Janeiro (RJ)<br />
INVESTIMENTO EM MINERAÇÃO<br />
ALCANÇARÁ US$ 62 BI ATÉ 2014<br />
Precisamos urgentemente que o Congresso<br />
aprove um marco regulatório para mineração.<br />
Estão levando nossas riquezas minerais<br />
a preço de banana. E ao invés de as<br />
<strong>empresas</strong> mineradoras se unirem em uma<br />
grande holding nacional, estão vendendo<br />
seus ativos para a China, perdendo em breve<br />
o controle dos seus negócios para<br />
estrangeiros, que determinarão os preços que<br />
bem entenderem para essas commodities.<br />
Marcelo Luiz<br />
Santos (SP)<br />
AMBEV REVITALIZA FÁBRICA<br />
DA BOHEMIA EM PETRÓPOLIS<br />
A revitalização da antiga fábrica da Bohemia<br />
é a melhor estratégia de marketing que<br />
a AmBev poderia adotar. A marca está<br />
intimamente ligada à cidade de Petrópolis, e o<br />
resgate da memória da cerveja certamente trará<br />
grandes benefícios para a imagem da empresa.<br />
Luiz Claudio Scudese de Almeida<br />
Caxias do Sul (RS)<br />
FRANQUIA DA COCA INVESTE<br />
NO NORDESTE<br />
Qual o horizonte para uma empresa com<br />
números tão impressionantes? A elevação da<br />
renda e expansão da classe média, aliadas às<br />
mudanças de hábitos de consumo das classes<br />
C e D, devem gerar oportunidades ainda maiores.<br />
Paulo Mottola<br />
Vinhedo (SP)<br />
CLASSE C E EDUCAÇÃO<br />
A classe social brasileira de menor renda<br />
está crescendo, mudando de patamar. Essa<br />
é uma constatação de especialistas, configurada<br />
no aumento da renda a partir de melhoria<br />
nos níveis salariais, o que se reflete na produção<br />
em vários setores. Mas é preciso, por outro<br />
lado, que se criem formas de crescimento<br />
também no campo educacional, de maneira<br />
que essa mudança de classe social traga um<br />
equilíbrio muito necessário. São procedimentos<br />
que ajudarão a mudar o quadro em termos<br />
de políticas assistencialistas, que são<br />
importantes, mas não podem ser usadas<br />
como solução. A conclusão da opinião<br />
de especialistas diante desse quadro<br />
é de que as perspectivas brasileiras são<br />
muito positivas para os próximos anos.<br />
Uriel Villas Boas<br />
Santos (SP)<br />
Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 –<br />
8º andar – CEP 04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP).<br />
redacao@brasileconomico.com.br<br />
As mensagens devem conter nome completo, endereço<br />
e telefone e assinatura. Em razão de espaço ou<br />
clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar<br />
as cartas recebidas.<br />
Mais cartas em www.brasileconomico.com.br.
Vidal Cavalcante/AE<br />
O CERRADO VIROU SERTÃO<br />
Empresa de impressão e<br />
gerenciamento de mercadoria<br />
quer expandir atuação nas áreas<br />
de governo e varejo no <strong>Brasil</strong><br />
Carolina Pereira<br />
cpereira@brasileconomico.com.br<br />
A americana Zebra Technologies,<br />
que atua em áreas como<br />
impressão de etiquetas, identificação,<br />
rastreamento e gerenciamento<br />
de ativos, quer expandir<br />
os negócios no país. A empresa<br />
faturou cerca de R$ 1,4 bi-<br />
Superbactéria chega à Grã-Bretanha<br />
Um novo supermicrorganismo pode se espalhar pelo mundo após viajar<br />
da Índia à Grã-Bretanha, e cientistas afirmam que quase não há drogas<br />
para combatê-lo. Pesquisadores anunciaram ontem no jornal de medicina<br />
The Lancet que detectaram a chamada NDM-1, resistente a praticamente<br />
todos os tipos de antibióticos, em pacientes de hospitais britânicos.<br />
A bactéria instala-se no aparelho digestivo e provoca infecções<br />
no organismo, principalmente nos sistemas urinário e respiratório.<br />
Uma árvore seca emoldura a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Depois de dois meses sem chuva na capital,<br />
a umidade relativa do ar caiu para cerca de 8% na cidade. O nível de umidade abaixo de 12%, de acordo<br />
com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), já é considerado como uma situação de emergência.<br />
ENTREVISTA ANDERS GUSTAFSSON Presidente mundial da Zebra Technologies<br />
lhão em 2009, e 10% da sua receita,<br />
atualmente, vêm de países<br />
da América Latina.<br />
Qual a importância do mercado<br />
brasileiro para a Zebra?<br />
Apesar dos EUA serem o principal<br />
mercado, responsável por<br />
45% da receita, <strong>Brasil</strong>, China Índia<br />
e Oriente Médio são os países<br />
em que a receita mais cresce. No<br />
<strong>Brasil</strong>, nossa meta é focar no setor<br />
de saúde, varejo e governo,<br />
por isso acabamos de abrir escritório<br />
em Brasília. No primeiro<br />
semestre, o crescimento da receita<br />
no país foi de 163%. Esperamos<br />
que o percentual seja<br />
mantido no segundo.<br />
Que tecnologias de<br />
gerenciamento de mercadorias<br />
devem crescer no país?<br />
Pretendemos expandir os produtos<br />
com tecnologia RFID (sigla<br />
para Radio-Frequency<br />
Identification). No último trimestre,<br />
tivemos a maior receita<br />
vinda dessa área da história da<br />
empresa. Os mercados que<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 11<br />
Zebra Technologies cresce 163% no país<br />
Divulgação<br />
“<strong>Brasil</strong>, China,<br />
Índia e Oriente<br />
Médio são os<br />
mercados em<br />
que a receita<br />
da empresa<br />
mais cresce<br />
no mundo”<br />
Evaristo SA/AFP<br />
mais têm se interessado são<br />
manufaturados e varejo.<br />
Mas o varejo, no <strong>Brasil</strong>, ainda<br />
não utiliza tanto RFID, certo?<br />
Aqui o conceito é difundido em<br />
setores com linhas de produção<br />
muito complexas, como o automotivo,<br />
por exemplo. À medida<br />
que o preço da etiqueta com<br />
essa tecnologia for reduzido, a<br />
adoção vai expandir. ■<br />
Leia versão completa em<br />
www.brasileconomico.com.br
12 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
BRASIL<br />
Campanhas ainda ignoram os<br />
Acirramento da disputa leva partidos a centralizarem as decisões. Aliados de Dilma reclamam de “blindagem”<br />
Pedro Venceslau<br />
pvenceslau@brasileconomico.com.br<br />
ELEIÇÕES<br />
2010<br />
Faltando 52 dias<br />
para o primeiro<br />
turno da eleição<br />
presidencial, os<br />
comandos das<br />
campanhas de<br />
Dilma Rousseff<br />
(PT) e José Serra<br />
(PSDB) estão centralizando<br />
cada vez mais suas decisões.<br />
Os chamados “conselhos<br />
políticos”, formados por representantes<br />
dos partidos aliados,<br />
perderam espaço e, hoje, jogam<br />
papel meramente decorativo no<br />
processo eleitoral. Enquanto<br />
membros dos núcleos duros das<br />
campanhas alegam que a dinâmica<br />
do processo exige decisões<br />
rápidas, os dirigentes das<br />
legendas que compõem a coligação<br />
pedem acesso mais direto<br />
aos candidatos.<br />
“Nós achamos que a candidata<br />
tem que representar a coligação<br />
e não só o PT. O PCdoB<br />
tem levantado essa questão<br />
dentro no conselho político da<br />
campanha. Ela (Dilma) está<br />
blindada em torno de um grupo<br />
muito pequeno do PT. Se o conselho<br />
não cumprir seu papel, ele<br />
não tem função. Ninguém está<br />
ali para ser figura decorativa”,<br />
reclama Renato Rabelo, presidente<br />
nacional do PCdoB, instituição<br />
aliada histórica de Lula e<br />
primeiro partido a entrar oficialmente<br />
na campanha da candidata<br />
da situação.<br />
Para o líder do partido, o<br />
ideal seria que as reuniões entre<br />
os aliados tivessem um caráter<br />
Valter Campanato/ABr Antonio Cruz/ABr<br />
Renato Rabelo:<br />
fuga do papel de<br />
figura decorativa<br />
Moreira Franco: conselhos<br />
servem justamente<br />
para resolver conflitos<br />
mais “operativo”. Reclamação<br />
parecida foi feita recentemente<br />
pelo deputado Luciano Castro,<br />
do PR, que afirmou existir um<br />
“sentimento de preocupação”<br />
com a pouca participação dos<br />
partidos da base nas decisões da<br />
campanha de Dilma.<br />
Procurada pelo BRASIL ECONÔ-<br />
MICO, a assessoria institucional<br />
do PR informou que recebeu<br />
“ordens sumárias” do presidente<br />
do partido, o ex-ministro dos<br />
Transportes, Alfredo Nascimento,<br />
para não comentar nenhum<br />
assunto relativo à campanha<br />
com jornalistas. Representante<br />
do PMDB no conselho político e<br />
no grupo do programa de governo<br />
de Dilma, o ex-governador<br />
do Rio de Janeiro Moreira<br />
Franco minimiza as críticas.<br />
“Nos reunimos semanalmente.<br />
Criados para<br />
contemplar a<br />
participação de<br />
partidos aliados<br />
na campanha,<br />
os conselhos<br />
políticos de Serra<br />
e Dilma têm tido<br />
papel irrelevante<br />
nos rumos da eleição<br />
Os possíveis conflitos são justamente<br />
resolvidos nessas reuniões.<br />
Todas as sugestões são repassadas<br />
para o comando da<br />
campanha”, garante.<br />
Veterano em disputas eleitorais,<br />
Moreira Franco, que comanda<br />
o PMDB fluminense,<br />
pondera que campanhas são<br />
“processos dinâmicos”, onde<br />
as decisões precisam ser tomadas<br />
com rapidez. “É preciso que<br />
haja uma certa autonomia”.<br />
Candidato a vice de Dilma, o<br />
deputado peemedebista Michel<br />
Temer é o “não-petista” com<br />
mais influência no núcleo duro<br />
da campanha.<br />
O conselho político de Dilma<br />
foi oficialmente instalado em<br />
abril, com o objetivo de afinar o<br />
discurso com os partidos aliados,<br />
resolver divergências entre
Evandro Monteiro<br />
Serra ao lado de Rodrigo Maia,<br />
do DEM: disputa em torno de<br />
Gabeira gera crise na aliança<br />
Marina e seu vice, Guilherme<br />
Leal: o comando partidário<br />
é quem dá as cartas no PV<br />
Agronegócio tem superávit de US$ 6,2 bi<br />
As exportações do agronegócio brasileiro aumentaram 16,6%, para<br />
US$ 7,329 bilhões em julho, ante o mesmo período em 2009 de acordo<br />
com o Ministério da Agricultura. As importações cresceram 42%, para<br />
US$ 1,13 bilhão. Com isso, o superávit foi de US$ 6,2 bilhões, 12,87% superior<br />
ao registrado em julho do ano passado. As exportações do agronegócio<br />
representaram 41,5% do total exportado pelo País no mês passado.<br />
No acumulado do ano, o saldo do setor aumentou para US$ 35,09 bilhões.<br />
conselhos políticos<br />
da candidata, enquanto o grupo tucano ainda não se reuniu<br />
caciques e opinar na agenda da<br />
candidata governista. Fazem<br />
parte do grupo, além do PT,<br />
PMDB, PR, PDT, PCdoB e PP.<br />
Simbolismo<br />
A recente crise deflagrada entre<br />
o PSDB e o DEM, que reclama do<br />
pouco apoio oferecido pelo aliado,<br />
também trouxe à tona a falta<br />
de diálogo entre as duas principais<br />
siglas que compõe a aliança<br />
em torno de José Serra.<br />
O deputado Rodrigo Maia,<br />
presidente do DEM, cobrou publicamente<br />
o candidato tucano<br />
pela falta de apoio a Fernando<br />
Gabeira (PV), que disputa o governo<br />
do Rio em nome da<br />
aliança de oposição. Criado em<br />
julho por pressão dos aliados, o<br />
conselho político do PSDB reúne<br />
um grupo de “notáveis”: Fer-<br />
nando Henrique Cardoso, Aécio<br />
Neves, Jorge Bornhausen,<br />
Tasso Jereissati, Roberto Freire,<br />
além do vice Indio da Costa e<br />
do próprio Serra.<br />
Na prática, a formação desse<br />
time teve caráter meramente<br />
simbólico. “O conselho não se<br />
reuniu ainda porque não houve<br />
necessidade. A Dilma é que precisa<br />
de um conselho, já que ela<br />
sozinha tem dificuldade formular”,<br />
provoca Roberto Freire,<br />
presidente do PPS. A prática<br />
mais comum na campanha de<br />
Serra em casos de problemas<br />
localizados são reuniões bilaterais<br />
entre as partes envolvidas.<br />
“A nossa dinâmica de trabalho<br />
é boa e está funcionando. O<br />
conselho só vai se reunir se<br />
houver uma grande crise”, finaliza<br />
Roberto Freire. ■<br />
Dida Sampaio/AE<br />
Marcio Fernandes/AE<br />
CONSELHOS ELEITORAIS<br />
● O conselho político de<br />
Dilma Rousseff (PT) foi criado<br />
em abril para afinar o discurso<br />
entre os partidos aliados.<br />
● O grupo de José Serra (PSDB)<br />
foi formado em julho, depois da<br />
primeira crise com o DEM, devido<br />
ao processo de escolha do vice.<br />
● A campanha de Marina<br />
Silva (PV) tem um conselho,<br />
montado no ano passado, que<br />
reúne 21 membros. Metade<br />
do grupo foi indicada por ela.<br />
Comando da campanha de Marina<br />
é dividido entre dirigentes do PV<br />
e aliados de confiança da senadora<br />
O PV de Marina Silva, que concorre<br />
sozinho à Presidência,<br />
também centralizou suas decisões<br />
em um pequeno grupo, ao<br />
invés de dividir as responsabilidades<br />
com o conselho político<br />
criado no ato da filiação da candidata<br />
ao partido. Montado por<br />
exigência de Marina, o grupo é<br />
formado por 21 membros: 10<br />
indicados por ela e 10 pelo partido.<br />
A vigésima primeira vaga<br />
é do presidente da instituição,<br />
José Penna. Segundo um membro<br />
dessa coordenação ouvido<br />
pelo BRASIL ECONÔMICO, a instância<br />
“é uma ficção” que não é<br />
acionada devido aos acertos regionais<br />
feitos à revelia pelo comando<br />
partidário.<br />
Na prática, o grupo de 21 reduziu-se<br />
a um núcleo operacional<br />
misto formado por dirigentes<br />
verdes históricos — com<br />
Alfredo Sirkis, do Rio, e Marco<br />
Mroz, de São Paulo, à frente — e<br />
nomes de confiança da ex-ministra,<br />
como Luciano Zica,<br />
Guilherme Leal e João Paulo<br />
Capobianco, além do publicitário<br />
Paulo de Tarso Santos.<br />
“Não é verdade que o conselho<br />
é uma ficção. Quem disse isso<br />
está ressentido. O que acontece<br />
é que não é possível reunir<br />
sempre os 21 membros. Isso inclusive<br />
custaria muito caro”,<br />
afirma Marco Mroz, secretário<br />
de relações internacionais do<br />
PV. Na última segunda, nove<br />
membros da conselho original<br />
participaram de uma reunião<br />
em São Paulo. Mroz diz que, no<br />
início da campanha, os encontros<br />
eram mais frequentes e foram<br />
decisivos para definir a situação<br />
nos estados.<br />
Para o cientista político Ruda<br />
Ricci, que coordenou várias<br />
campanhas eleitorais, entre elas<br />
a de Plínio de Arruda Sampaio<br />
(hoje candidato à Presidência<br />
pelo Psol) ao governo de São<br />
Paulo pelo PT nos anos 90, as reclamações<br />
de aliados tem outra<br />
finalidade. “As demandas de<br />
partidos aliados por espaço na<br />
campanha são metáforas. O que<br />
se disputa nas entrelinhas é mais<br />
espaço no futuro governo.”<br />
Ricci lembra que, antes das<br />
reclamações do PR e do PCdoB,<br />
aliados de Dilma, foi o PP quem<br />
demandou mais poder nos ru-<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 13<br />
Grupo pequeno<br />
dita o ritmo da<br />
disputa no PV<br />
mos da campanha. “Ou o PCdoB<br />
faz essa disputa por espaço agora,<br />
ou corre o risco de perder o<br />
Ministério dos Esportes e a Autoridade<br />
Pública Olímpica lá na<br />
frente”, diz A pasta dos esportes,<br />
hoje ocupada por Orlando<br />
Silva, era a menos cobiçada no<br />
começo do governo Lula, mas<br />
ganhou status com a Copa da<br />
Mundo e a Olimpíada no <strong>Brasil</strong>.<br />
“JáoPSDBtemamarcado<br />
centralismo do José Serra. As<br />
reclamações são sempre direcionadas<br />
a ele, e não ao partido”,<br />
diz o sociólogo. ■ P.V.<br />
“As demandas de<br />
partidos aliados por<br />
espaço na campanha<br />
são metáforas.<br />
O que se disputa<br />
nas entrelinhas<br />
é mais espaço no<br />
futuro governo<br />
Ruda Ricci,<br />
cientista político
14 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
BRASIL MOSAICO ELEITORAL<br />
Debate aquece<br />
campanha<br />
nos estados<br />
Ao todo, 69 candidatos de 14 estados e Distrito<br />
Federal discutem propostas hoje à noite na Band<br />
Paulo Justus<br />
pjustus@brasileconomico.com.br<br />
ELEIÇÕES<br />
2010<br />
A campanha para<br />
governador entra<br />
hoje em nova fase<br />
com a realização<br />
do primeiro debate<br />
transmitido<br />
entre candidatos<br />
pela televisão. Ao<br />
todo, 69 candidatos vão participar<br />
das discussões nas afiliadas<br />
da Rede Bandeirantes nos estados<br />
de São Paulo, Rio de Janeiro,<br />
Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia,<br />
Paraná, Santa Catarina, Rio<br />
Grande do Sul, Pernambuco, Rio<br />
Grande do Norte, Goiás, Mato<br />
Grosso, Tocantins e Amazonas e<br />
no Distrito Federal.<br />
De olho na mídia, os candidatos<br />
reservaram tempo suficiente<br />
para se preparar e procurar<br />
sair bem no confronto. Em<br />
São Paulo, o candidato do PSDB,<br />
Geraldo Alckmin, passa a tarde<br />
com assessores para discutir estratégias<br />
a serem aplicadas no<br />
debate. O tucano vai defender<br />
os 16 anos da administração do<br />
PSDB em São Paulo, mas começa<br />
em posição confortável, com<br />
a liderança de 50% nas intenções<br />
de voto no estado, segundo<br />
o instituto Ibope.<br />
Já Aloizio Mercadante (PT),<br />
com 14% das intenções de voto,<br />
deve ir para o ataque. Entre os<br />
temas explorados pelo petista<br />
estão as falhas da administração<br />
tucana em Transportes, Saúde e<br />
Educação. O debate paulista<br />
também terá participação de<br />
Celso Russomanno (PP), Paulo<br />
Skaf (PSB), Paulo Bufalo (PSOL),<br />
e Fabio Feldmann (PV).<br />
No Paraná, o candidato do<br />
PDT, Osmar Dias, abriu uma<br />
seção em seu site para receber<br />
sugestões de perguntas de internautas<br />
para o debate de<br />
hoje. Já seu adversário, Beto<br />
Richa, alterna sua agenda entre<br />
gravações de programa<br />
eleitoral e reuniões de preparação<br />
para o debate. Os sete<br />
candidatos paranaenses vão<br />
participar do debate. Do lado<br />
de fora da TV, o bruxo e tarólo-<br />
No Paraná, Osmar<br />
Dias (PDT) abriu<br />
uma seção em<br />
seu site para receber<br />
sugestões de<br />
perguntas para serem<br />
usadas hoje na TV<br />
go Chik Jeitoso, que teve sua<br />
candidatura pelo PPS indeferida<br />
pelo Tribunal Regional Eleitoral,<br />
fará greve de fome.<br />
Já no Rio de Janeiro, o candidato<br />
à reeleição, Sérgio Cabral<br />
(PMDB), que chegou a desistir<br />
do debate, comparece para defender<br />
sua gestão e a liderança<br />
isolada de 58% da intenção de<br />
votos no estado. O candidato<br />
Fernando Gabeira (PV) passou o<br />
dia em reunião com aliados para<br />
afinar o discurso de críticas a<br />
Cabral. A coligação levantou os<br />
principais indicadores da evolução<br />
do orçamento estadual de<br />
2000 a 2010 para comparar as<br />
finanças dos últimos três governos.<br />
■ Colaborou Daniel Haidar<br />
ELE TAMBÉM SOFRE COM PROMESSA DE CAMPANHA<br />
Elton Bonfim/Agência Câmara<br />
O deputado João Almeida (PSDB-BA) se notabilizou pelo projeto que disciplina as<br />
doações de campanha, dando mais transparência ao processo. Porém, ele brinca que<br />
é vítima da sua própria lei: as <strong>empresas</strong> estariam reticentes a fazer doações para sua<br />
campanha. Ele já amealhou R$ 80 mil. “Tenho promessas que não se materializam.<br />
Deixam a gente aflito para depois aparecer”, diz ele com a experiência de sete eleições.<br />
BOCA DE URNA<br />
JOSÉ EDUARDO CARDOZO<br />
Brito Júnior<br />
Deputado federal do PT-SP e<br />
coordenador da campanha de Dilma<br />
Queremos comparar<br />
os governos de Lula<br />
e Fernando Henrique<br />
O deputado federal petista<br />
José Eduardo Martins Cardozo,<br />
homem cada vez mais forte na<br />
campanha de Dilma Rousseff,<br />
quer trazer a gestão de<br />
Fernando Henrique Cardoso para<br />
o centro do debate eleitoral.<br />
Os debates serão decisivos para<br />
a candidatura de Dilma Rousseff?<br />
Todo dia na campanha é um<br />
novo desafio. Não podemos<br />
superestimar, nem subestimar<br />
os debates. Eles são importantes<br />
e têm significado. Dilma saiu<br />
fortalecida do último, na Band.<br />
Qual é a estratégia para<br />
os próximos?<br />
Vamos levar nossas propostas e<br />
fazer comparações entre os<br />
governos Fernando Henrique e<br />
Lula. Nesse debate, nós ganhamos<br />
com larga margem de folga.<br />
A Dilma recusou muitos<br />
convites para debater?<br />
Criou-se um mito. Não sei de onde<br />
tiraram isso.<br />
Está satisfeito com a<br />
arrecadação da campanha<br />
até agora?<br />
A arrecadação seguiu um ritmo<br />
normal até o momento.<br />
Está tudo dentro do previsto.
Reprodução<br />
É débito ou crédito?<br />
FUNDO DO BAÚ<br />
Após um problema com a redação<br />
da resolução do Tribunal Superior<br />
Eleitoral (TSE), que autoriza<br />
doações eleitorais por meio de<br />
cartões de crédito e débito, as<br />
operadoras de cartão<br />
começaram, efetivamente, a<br />
credenciar partidos políticos.<br />
A chancela havia sido dada pelo<br />
TSE no dia 2 de março, mas o<br />
texto da lei tinha uma<br />
inconsistência com o sistema<br />
das operadoras. As regras foram<br />
adequadas e a Cielo, maior<br />
operadora de cartões do <strong>Brasil</strong>,<br />
anunciou ontem que está<br />
credenciando os comitês<br />
políticos, que podem escolher<br />
entre receber as doações pela<br />
internet ou com a instalar uma<br />
A arrecadação do PT foi<br />
maior que a do PSDB.<br />
Sentiu um gosto de vitória?<br />
Seria deselegante falar de outras<br />
arrecadações. Quem achou que<br />
não arrecadou o necessário é que<br />
deve buscar as causas.<br />
Por que a Reforma<br />
Política não foi feita<br />
no governo Lula?<br />
Dificilmente um poder constituído<br />
se auto–reforma sem uma força<br />
que venha de fora para dentro.<br />
Essa força é a sociedade.<br />
Não há governo que faça isso<br />
sem pressão social. O governo<br />
Lula tentou, mas não foi possível.<br />
Eleição direta para governador foi destaque em 1982<br />
Na segunda quinzena de Novembro de 1982, a capa<br />
da revista Manchete estampava, ao lado da morte<br />
do líder comunista Leonid Brejnev e da anulação<br />
do casamento de Caroline de Mônaco pelo papa,<br />
os resultados da primeira eleição direta para<br />
governador de estado no <strong>Brasil</strong> desde os anos<br />
US$500 milhões<br />
foi quanto a campanha de Barack Obama arrecadou<br />
em doações de pessoas físicas pela internet, por<br />
cartão de crédito e por telefone na campanha para a<br />
Presidência da República nos Estados Unidos em 2008.<br />
Temos que fazer um diálogo<br />
com todos os setores em<br />
busca de um pacto social.<br />
Marcela Beltrão<br />
“maquininha” em sua sede. Os<br />
que optarem pela internet, devem<br />
criar uma página para as pessoas<br />
físicas fazerem as doações, que<br />
podem ser feitas a partir deste<br />
mês até a data da eleição. Os<br />
partidos devem ter uma conta<br />
bancária única para a captação<br />
dos recursos de todos os meios<br />
de pagamento: cartão, dinheiro<br />
ou boleto. Eles também são<br />
responsáveis por garantir que as<br />
doações não sejam provenientes<br />
de cartões empresariais ou<br />
emitidos no exterior, situações<br />
vetadas pela lei do TSE. Até<br />
agora, as campanhas de Marina<br />
Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT)<br />
recebem doações pelas bandeiras<br />
Visa e Mastercard.<br />
Qual a melhor forma<br />
de a próxima legislatura<br />
avançar nessa proposta?<br />
A melhor maneira seria uma<br />
reforma em que os parlamentares<br />
eleitos pela regra atual do jogo<br />
não fossem os mesmos que vão<br />
mudá–la. A Constituição de 1988<br />
foi bem avançada, mas manteve<br />
os pilares políticos da época da<br />
ditadura. Ela não foi inovadora<br />
porque não houve uma<br />
assembleia constituinte.<br />
Pedro Venceslau<br />
Jose Jorge<br />
sessenta. Na época, o voto vinculado exigia que o<br />
eleitor votasse em candidatos de um mesmo partido<br />
para todos os cargos em disputa — o descumprimento<br />
anulava o voto. Em São Paulo foi eleito o governador<br />
Franco Montoro (PMDB); No Rio Leonel Brizola (PDT);<br />
e em Minas Tancredo Neves (PMDB).<br />
VUVUZELA<br />
“Quando o governo acerta, tem<br />
o meu apoio, como foi no caso<br />
do aumento do Bolsa Família.<br />
Mas se fizer besteira, como<br />
querer manter a CPMF, aí vão<br />
me encontrar pela frente”<br />
José Agripino Maia, senador do DEM-RN, candidato<br />
à reeleição em entrevista à rádio local.<br />
“Nós achávamos que ele seria<br />
candidato. Cheguei a dizer<br />
que, se ele tomasse uma<br />
decisão, seria o candidato<br />
do presidente Lula. Faltou<br />
desprendimento político,<br />
para não dizer coragem”<br />
Hélio Costa, candidato ao governo de Minas,<br />
sugerindo que Aécio poderia ter saído do PSDB para<br />
se filiar ao PMDB, em entrevista ao portal UOL.<br />
“Coragem na vida pública<br />
é honrar compromissos<br />
com a população. É priorizar<br />
coerência e lealdade”<br />
Aécio Neves, candidato tucano ao Senado por MG,<br />
em resposta à provocação de Hélio Costa.<br />
“Está mesmo difícil escolher.<br />
Não sei se voto no Ibope,<br />
na Lei Eleitoral ou no Bonner”<br />
Millôr, humorista.<br />
“Uma forma moderna de<br />
participação política, chamada<br />
‘democracia digital’”<br />
Xico Graziano, coordenador<br />
da campanha do tucano<br />
José Serra, em vídeo no<br />
Youtube convidando as<br />
pessoas a oferecerem<br />
ideias para o plano de<br />
governo do candidato.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 15<br />
FALTAM<br />
DIAS PARA O 1º TURNO<br />
DAS ELEIÇÕES<br />
NANICAS<br />
1 2 3<br />
4 5 6<br />
7 8 9<br />
0<br />
BRANCO CORRIGE<br />
CONFIRMA<br />
Dossiê vai para o Senado<br />
● O líder do Democratas no<br />
Senado, ACM Júnior, mobilizou<br />
sua bancada e aprovou, na<br />
Comissão de Constituição e<br />
Justiça, convite para que Sérgio<br />
Rosa, ex-presidente da Previ,<br />
e Gerardo Santiago, ex-diretor,<br />
prestem depoimento no próximo<br />
dia 31. ACM Júnior informou<br />
que os senadores vão cobrar<br />
esclarecimentos sobre “dossiês<br />
contra adversários do governo”,<br />
que teriam sido montadps no<br />
gabinete da presidência da Previ,<br />
segundo denúncia de Santiago.<br />
José Cruz/ABr<br />
Contrataque<br />
● A candidata do PT à Presidência,<br />
Dilma Rousseff, rebateu ontem<br />
críticas de adversários que<br />
apontam erros nos números de<br />
investimentos do governo Lula na<br />
área social apresentados por ela<br />
em debates e entrevistas. “Tenho<br />
sido até muito elegante quando<br />
comparo o que a administração<br />
atual tem feito em saneamento<br />
básico em relação à anterior”,<br />
disse. As críticas começaram<br />
quando Dilma afirmou segundafeira<br />
no Jornal Nacional, que o<br />
governo investiu R$ 276 milhões<br />
na favela da Rocinha, no Rio,<br />
em saneamento e urbanização.<br />
Estudantes no governo<br />
● O governador do Rio, candidato<br />
à reeleição, Sérgio Cabral, disse<br />
que incluirá representantes<br />
da UNE e da Ubes no Conselho<br />
Estadual de Educação para<br />
a criação de políticas públicas.<br />
Cabral recebeu ontem propostas<br />
das duas entidades para a área.<br />
Paulo Araujo/O Dia<br />
Editada por Carla Jimenez e<br />
Paulo Justus, com Sílvio Ribas,<br />
Eva Rodrigues e Thais Folego<br />
redacao@brasileconomico.com.br
16 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
BRASIL<br />
RELAÇÕES EXTERIORES<br />
Amorim diz que <strong>Brasil</strong> pode voltar<br />
a discutir questão nuclear com o Irã<br />
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não descartou a<br />
possibilidade de o <strong>Brasil</strong> voltar a discutir com o Irã a questão nuclear,<br />
depois do jejum do mês do Ramadã, que começou ontem. Amorim<br />
justificou a participação do <strong>Brasil</strong> na região alegando que o país está<br />
engajado em favor da paz e que o programa nuclear iraniano é<br />
“potencialmente uma das maiores ameaças” ao mundo, nos dias atuais.<br />
Governo adia novo<br />
marco regulatório<br />
das ferrovias<br />
Expectativa era que decreto fosse assinado ontem por Lula,<br />
mas propostas serão apresentadas antes às concessionárias<br />
Sílvio Ribas e Simone Cavalcanti<br />
redacao@brasileconomico.com.br<br />
O governo decidiu submeter à<br />
avaliação das concessionárias de<br />
ferrovias as suas propostas de<br />
mudança na legislação do setor,<br />
adiando para o fim do ano a edição<br />
do decreto que cria novo<br />
marco regulatório. O ministro<br />
dos Transportes, Paulo Sérgio<br />
Passos, informou ontem em Brasília<br />
que, “apesar do frisson no<br />
meio ferroviário dos últimos<br />
dias” gerado pela expectativa da<br />
assinatura do decreto pelo presidente<br />
Lula, será feito primeiro<br />
um debate com os interessados.<br />
“Serão conversas como as que já<br />
ocorreram em outras situações<br />
semelhantes”, disse ele durante<br />
sua participação em seminário<br />
organizado pela Associação Nacional<br />
dos Transportadores Ferroviários<br />
(ANTF).<br />
O ministro acrescentou que<br />
não há cronograma para a edição<br />
do marco legal, mas que o pacote<br />
sairá “no atual governo”. Passos<br />
explicou que há pontos que<br />
precisam ser discutidos com o<br />
setor, como a política tarifária.<br />
“O governo respeita contratos e<br />
nenhuma medida implica em<br />
tabelamento ou fixação prévia<br />
de preços”, ressaltou.<br />
Passos lembrou que, no caso<br />
do Trem de Alta Velocidade<br />
(TAV), entre Campinas (SP), São<br />
Paulo e Rio de Janeiro, os prazos<br />
da licitação estão mantidos e nenhum<br />
investidor interessado se<br />
queixou de falta de tempo para<br />
apresentar propostas. “Grandes<br />
projetos são sempre polêmicos,<br />
mas o governo se apoiou em estudos<br />
fornecidos pelo Banco Nacional<br />
de Desenvolvimento <strong>Econômico</strong><br />
e Social (BNDES) e o<br />
Banco Mundial para apresentar<br />
uma obra factível e necessária.”<br />
Ao apresentar dados do Plano<br />
Nacional de Logística e Transportes<br />
(PNLT), do governo, com horizonte<br />
até 2025 e investimentos<br />
de R$ 300 bilhões, o ministro<br />
destacou uma série de obras de<br />
“O governo respeita<br />
contratos e nenhuma<br />
medida implica<br />
tabelamento<br />
ou fixação prévia<br />
de preços<br />
Paulo Sérgio Passos,<br />
ministro dos Transportes<br />
VOLUME<br />
56%<br />
Foi o quanto cresceu o volume de<br />
carga movimentada em ferrovias<br />
desde a desestatização, em 1997,<br />
passando de 253 milhões para<br />
395 milhões de toneladas.<br />
SEGURANÇA<br />
80%<br />
Foi o tamanho da redução no<br />
índice de acidentes na malha no<br />
mesmo período, recuando de<br />
75,5 para 15 acidentes para cada<br />
milhão de quilômetros de linhas.<br />
Divulgação<br />
trechos ferroviários, como a Norte-Sul,<br />
a Oeste-Leste, a Trans-<br />
Nordestina e a Trans-Oceânica.<br />
Vicente Abate, presidente da<br />
Associação <strong>Brasil</strong>eira da Indústria<br />
Ferroviária (Abifer), acredita que<br />
o setor registra avanços, como a<br />
linha de financiamento criada<br />
pelo BNDES com juros reduzidos<br />
e voltada para a continuidade de<br />
investimentos. “Passamos de<br />
uma produção de mil vagões<br />
anuais para três mil e chegaremos<br />
logo a 5 mil”, ilustra. A candidata<br />
à Presidência Dilma Rousseff (PT)<br />
declarou no seminário que o setor<br />
ferroviário vive uma “ressurreição”<br />
e ganhará novo desenho nos<br />
próximos anos, com prioridade<br />
para o transporte de cargas a longas<br />
distâncias cargas.<br />
Mais vendas, menos custos<br />
A expansão e melhoria da malha<br />
ferroviária, coordenada com a<br />
ampliação dos portos, reduziria<br />
os custos e impulsionaria as exportações<br />
brasileiras. O transporte<br />
de mercadorias pela via<br />
férrea custa de um terço a um<br />
quarto do que se gasta por meio<br />
das rodovias, em média.<br />
A soja produzida no estado do<br />
Mato Grosso é um exemplo. Seu<br />
processo de produção é um dos<br />
mais competitivos do mundo,<br />
mais, inclusive, que o dos EUA.<br />
No entanto, por conta da maneira<br />
como é transportada até o embarque,<br />
chega muito mais cara ao<br />
mercado internacional.<br />
Mas ainda há longo percurso a<br />
ser percorrido para que haja de<br />
fato essa melhora. Hoje, a participação<br />
das ferrovias no deslocamento<br />
de cargas representa apenas<br />
25% do total movimentado<br />
no país. Deste volume, 75% corresponde<br />
a minério de ferro<br />
transportado pela Vale por suas<br />
linhas. Do total das vendas ao exterior,<br />
os países sul-americanos<br />
compram do <strong>Brasil</strong> de 16% a<br />
18%. Mas, de tudo o que as <strong>empresas</strong><br />
brasileiras exportam para<br />
a região, apenas 0,2% chega ao<br />
destino por trem. ■<br />
FINANCIAMENTO<br />
Crédito imobiliário sobe 77% e atinge<br />
patamar de R$ 23 bilhões no semestre<br />
O financiamento imobiliário com recursos da poupança cresceu 77%<br />
no primeiro semestre, para R$ 23,8 bilhões, de acordo com a Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).<br />
Entre janeiro e junho foram financiadas 187,6 mil unidades, indicando<br />
expansão de 51,5%. No mês de junho, o valor atingiu R$ 5,27 bilhões,<br />
com o financiamento de 40,8 mil unidades, novo recorde histórico.<br />
Trem da Vale: setor ferroviário espera aumento<br />
da malha para 40 mil quilômetros em dez anos<br />
Integração com<br />
Empresas de transporte<br />
ferroviário veem cenário de<br />
esgotamento em dois anos<br />
A Associação Nacional dos<br />
Transportadores Ferroviários<br />
(ANTF) listou as principais reivindicações<br />
e propostas do setor<br />
para o sucessor do presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva. O documento<br />
divulgado ontem, em<br />
Brasília, pede a continuidade na<br />
expansão das linhas de ferrovias,<br />
lembrando que 10 mil quilômetros<br />
dos atuais 28 mil quilômetros<br />
apresentam diversas<br />
inadequações. A entidade também<br />
quer que o próximo governo<br />
priorize a modernização da<br />
malha ferroviária, incluindo a<br />
forma como são elaborados seus<br />
contratos comerciais. “Além da<br />
expansão, não é menos importante<br />
a integração, inclusive<br />
com outros sistemas. Ferrovia<br />
não se viabiliza sem porto eficiente”,<br />
disse Marcello Spinelli,<br />
presidente da ANTF.<br />
O documento da associação<br />
aos três principais candidatos à<br />
Presidência alerta para a necessidade<br />
de desoneração do setor,<br />
de modo a equilibrar sua competição<br />
com outros meios de<br />
transporte, sobretudo o rodoviário.<br />
“Sem enfrentar os mesmos<br />
rigores de fiscalização, o<br />
frete nas rodovias fica apenas<br />
5% mais caro do que o nosso.<br />
Esperamos que o marco regulatório<br />
garanta a competitividade<br />
real”, acrescenta Spinelli.
MERCADO DE TRABALHO<br />
Indústria paulista registra terceira<br />
alta seguida no nível de emprego<br />
O emprego na indústria paulista cresceu pela terceira vez seguida<br />
em julho, informou ontem a Federação das Indústrias do Estado<br />
de São Paulo (Fiesp). A expansão foi de 0,4% em julho ante junho,<br />
segundo dados com ajuste sazonal, o equivalente à abertura de 12.500<br />
vagas. Os destaques do mês foram os segmentos de equipamentos<br />
de informática e produtos eletrônicos, com avanço de 1,9%.<br />
AQUECIMENTO ECONÔMICO<br />
BC vê atividade econômica desacelerando<br />
no 2º trimestre; no ano, alta é de quase 10%<br />
A atividade econômica desacelerou no segundo trimestre, de acordo<br />
com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br).<br />
No período houve crescimento de 1,32% ante o primeiro trimestre, com<br />
ajuste sazonal. Na comparação do primeiro trimestre do ano em relação<br />
aos últimos três meses de 2009, a economia havia registrado crescimento<br />
de 2,45%. Em junho a alta foi de 0,02%, e no ano acumula alta de 9,9%.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 17<br />
Ag. Vale<br />
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portos e rodovias para evitar colapso<br />
Investimentos das<br />
concessionárias<br />
na malha ferroviária<br />
este ano podem<br />
chegar a R$ 3 bilhões;<br />
extensão hoje é de<br />
28 mil quilômetros<br />
Para o executivo, as inovações<br />
na legislação do segmento<br />
para atrair investimento e novos<br />
negócios é bem-vinda, desde<br />
que seja garantida no novo modelo<br />
a preservação dos contratos<br />
atuais. Os ministros dos<br />
Transportes, Paulo Sérgio Passos,<br />
e da Casa Civil, Erenice<br />
Guerra, garantiram ao dirigente<br />
que estão abertos às sugestões<br />
dos empresários e de que não há<br />
risco jurídico para os atuais<br />
contratos de concessões.<br />
Segundo cálculos da ANTF,<br />
se o governo não acelerar os investimentos<br />
na expansão da<br />
malha ferroviária nacional, o<br />
setor chegará a um colapso, já<br />
em 2012, seguindo os mesmos<br />
padrões de expensão de hoje.<br />
Investimentos em portos também<br />
são vistos como necessários<br />
para compatibilizar o movimento<br />
das cargas através do<br />
país. O diretor executivo da<br />
entidade, Rodrigo Vilaça, acredita<br />
que, até 2015, a malha poderá<br />
atingir 35 mil quilômetros,<br />
ante os 28,5 mil quilômetros<br />
atuais. Até 2020, a expectativa<br />
é que as linhas possam<br />
chegar a 40 mil quilômetros.<br />
Produtividade<br />
Os investimentos das concessionárias<br />
este ano devem chegar<br />
a R$ 3 bilhões. “Com a ampliação<br />
da malha e com os recursos<br />
disponíveis das concessionárias,<br />
esperamos dar um salto na<br />
produtividade”, diz o executivo<br />
da ANTF. Spinelli lembra que o<br />
setor vem reinvestindo normalmente<br />
na sua operação. Se<br />
as linhas férreas atingirem a<br />
marca de 35 mil quilômetros até<br />
Hóspede exigente<br />
é hóspede inteligente.<br />
Bem-vindo a bordo.<br />
AJUSTES<br />
10 mil<br />
dos atuais 28 mil quilômetros<br />
da malha ferroviária têm<br />
algum tipo de inadequação.<br />
EXTENSÃO<br />
35 mil<br />
é o tamanho que a malha pode<br />
atingir até 2015 se o investimento<br />
prometidos sair do papel.<br />
INVESTIMENTOS<br />
R$ 40 bi<br />
é o que está previsto no PAC para<br />
logística. BNDES teria papel<br />
fundamental para liberar a verba.<br />
CONCESSIONÁRIAS<br />
R$ 3 bi<br />
é quanto as concessionárias<br />
devem investir até o final<br />
deste ano na malha ferroviária.<br />
DESPERDÍCIO<br />
✽<br />
Vagões parados<br />
em portos<br />
Segundo o presidente da ANTF,<br />
Marcello Spinelli, há portos<br />
no país com até 2 mil vagões<br />
parados por falta de<br />
infraestrutura adequada para<br />
acomodar os dois meios.<br />
2015, a carga transportada poderá<br />
passar das atuais 460 milhões<br />
de toneladas úteis por ano<br />
para mais de 600 milhões de<br />
toneladas úteis. ■ S.R.<br />
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18 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE<br />
Martha San Juan França<br />
mfranca@brasileconomico.com.br<br />
A colombiana Fermina Ortega,<br />
revendedora de produtos Avon<br />
há nove anos, nunca tinha ouvido<br />
falar da Mata Atlântica, mas<br />
resolveu agir. “Os problemas<br />
ecológicos são uma realidade<br />
em todo o mundo e quero ajudar<br />
a causa sensibilizando as pessoas<br />
a comprar uma árvore”,<br />
disse por e-mail ao BRASIL ECO-<br />
NÔMICO. Como ela, outras milhares<br />
de revendedoras de cosméticos<br />
e produtos de beleza de<br />
60 países participam da campanha<br />
Hello Green Tomorrow<br />
(Viva o Amanhã Mais Verde), da<br />
multinacional, levantando fundos<br />
para o plantio de árvores na<br />
Mata Atlântica brasileira.<br />
O programa faz parte de<br />
outro projeto internacional<br />
da The Nature Conservancy<br />
(TNC), uma das maiores organizações<br />
civis voltadas para o<br />
meio ambiente, hoje presente<br />
em 32 países. Trabalhando com<br />
a entidade local, a TNC criou a<br />
Plant a Billion Trees (Plante 1<br />
bilhão de árvores), programa<br />
de arrecadação de fundos para<br />
restauração da Mata Atlântica.<br />
A campanha é simples e eficiente:<br />
a doação de US$ 1 ajuda<br />
a plantar uma árvore e proteger<br />
uma das florestas mais ameaçadas<br />
do mundo.<br />
Arrecadação internacional<br />
Com esse slogan, a campanha<br />
internacional já conseguiu arrecadar<br />
US$ 5 milhões desde o seu<br />
início há dois anos. Ao unir o seu<br />
programa ao da TNC, em março,<br />
a Avon esperava arrecadar US$ 1<br />
milhão. Três meses depois, já<br />
havia levantado US$ 2 milhões,<br />
o que permitiu o plantio de quase<br />
2 milhões de árvores.<br />
Provavelmente vai significar<br />
a maior doação da campanha,<br />
pois o programa continua. Até<br />
agora, o campeão de doações<br />
são os Estúdios Disney que arrecadaram<br />
US$ 2,7 milhões.<br />
Para cada pessoa que assistiu ao<br />
filme Earth (Terra) nos Estados<br />
Unidos na primeira semana de<br />
abril de 2009, a empresa separou<br />
US$ 1 do ingresso. Outras<br />
<strong>empresas</strong> que se engajaram com<br />
propostas semelhantes foram a<br />
Penguin Books, o grupo de hotéis<br />
e restaurantes Kimpton e a<br />
rede de lojas Payless Shoes.<br />
“A campanha Plant a Billion<br />
Trees faz parte do projeto da<br />
TNC de estabelecer uma relação<br />
forte entre a melhoria da qualidade<br />
de vida e a conservação<br />
dos ambientes degradados”,<br />
afirma Fernando Veiga, coordenador<br />
de serviços ambientais da<br />
entidade no <strong>Brasil</strong>. Ele explica<br />
que à medida que os recursos<br />
entram, são usados para alavancar<br />
processos de parceria<br />
Empresas se engajam<br />
por meio de doações<br />
para o programa<br />
Plant a Billion<br />
Trees, que visa<br />
incentivar modelos<br />
e alternativas de<br />
produção inovadores<br />
baseados na floresta<br />
com governos, instituições e<br />
proprietários. Até setembro, o<br />
consumidor que investiu no<br />
plantio de árvores poderá conferir<br />
no site da TNC onde as mudas<br />
estão sendo plantadas.<br />
Os projetos da TNC fazem<br />
parte do Pacto pela Restauração<br />
da Mata Atlântica, movimento<br />
que conta com 150 organizações<br />
de governos, instituições civis e<br />
<strong>empresas</strong>, como Vale, Fibria,<br />
Citibank e Suzano. A meta é dar<br />
condições para a restauração de<br />
15 milhões de hectares até o ano<br />
de 2050, ou seja aumentar para<br />
30% a cobertura florestal —<br />
atualmente, restam apenas 7%<br />
de Mata Atlântica. “Tão importante<br />
quanto o plantio, é a possibilidade<br />
de estabelecer parcerias<br />
para o processo ganhar escala”,<br />
diz Veiga, da TNC. ■<br />
SEXTA-FEIRA<br />
TECNOLOGIA<br />
SEGUNDA-FEIRA<br />
EDUCAÇÃO<br />
Da Disney aos cosméticos, US$ 5<br />
O estúdio de cinema foi o campeão de doações, mas Avon, rede Kimpton, Penguin Books participam de campanha<br />
DISNEY CAMPEÃ<br />
US$ 2,7 mi<br />
É o total arrecadado para<br />
o programa pelo campeão<br />
de doações, os Estúdios Disney.<br />
Corresponde a US$ 1 por ingresso<br />
vendido para o filme Earth<br />
na semana de lançamento, em<br />
abril de 2009.<br />
CAMPANHA CONTINUA<br />
US$ 2 mi<br />
É o valor levantado pela<br />
multinacional de cosméticos Avon<br />
de março até agora; campanha<br />
vai prosseguir nos próximos<br />
meses. Revendedoras arrecadam<br />
R$ 2 na venda de cada produto<br />
para o plantio de árvores.<br />
FLORESTA É COMO CRIANÇA, TEM DE CUIDAR<br />
A pedagoga Amélia da Silva Netto se orgulha<br />
de ter ajudado na compra de 220 árvores.<br />
Revendedora da Avon, ela já tinha o hábito<br />
de reciclar o lixo caseiro e cultivar plantas.<br />
“Foi natural me engajar na campanha”,<br />
afirma. A cada produto comprado, o cliente<br />
colaborava com o projeto, se quisesse<br />
(no <strong>Brasil</strong> são R$ 2). “Muita gente não<br />
quer, mas a gente precisa falar, cuidar<br />
do planeta é igual cuidar de criança”, diz.<br />
OUTROS PROJETOS<br />
Opção pela parceria<br />
A parceria com <strong>empresas</strong><br />
e instituições levou a TNC a<br />
desenvolver programas de<br />
cadastramento de propriedades<br />
rurais, combinando o<br />
mapeamento das terras para<br />
detectar a derrubada de árvores<br />
com incentivos econômicos<br />
para fazendeiros que se mostrem<br />
dispostos a regularizar suas<br />
atividades. O projeto existe em<br />
20 municípios. “Nós temos claro<br />
que o trabalho de conservação<br />
precisa de parceiros”, diz Ana<br />
Cristina Barros, representante<br />
da TNC no <strong>Brasil</strong>. “Somos<br />
facilitadores para quem está no<br />
front da conservação florestal.”<br />
TRÊS PERGUNTAS A...<br />
...TOD ARBOGAST<br />
Vice-presidente de<br />
Sustentabilidade da Avon<br />
Divulgação<br />
“O envolvimento das<br />
revendedoras é uma<br />
das forças da Avon”
TERÇA-FEIRA<br />
EMPREENDEDORISMO<br />
QUARTA-FEIRA<br />
GESTÃO<br />
mi para a floresta<br />
internacional para plantar 1 bilhão de árvores na Mata Atlântica<br />
O americano Tod Arbogast diz<br />
que a defesa do meio ambiente<br />
se soma às campanhas globais<br />
da Avon, como o câncer de mama.<br />
Como a Avon se engajou<br />
nesse programa?<br />
O Hello Green Tomorrow é um<br />
esforço que visa fortalecer um<br />
movimento feminino global para<br />
cuidar da natureza, com a dupla<br />
missão de promover educação<br />
ambiental e arrecadação de<br />
fundos. Neste ano de lançamento,<br />
envolvemos os funcionários<br />
com informações em sites,<br />
blogs, além do convite para que<br />
todos realizassem melhorias e<br />
implementassem suas ideias nos<br />
60 países. As revendedoras<br />
autônomas se preocupam com<br />
as comunidades onde vivem e<br />
estão ávidas por colaborar. Essa é<br />
uma das maiores forças da Avon:<br />
o poder de 6,2 milhões de pessoas<br />
prontas para fazer a diferença.<br />
Por que a Avon escolheu<br />
a Mata Atlântica, menos<br />
conhecida mundialmente<br />
que a Amazônia?<br />
Tivemos a consultoria de<br />
especialistas em meio ambiente<br />
que nos ajudaram a conhecer<br />
as regiões e as necessidades<br />
que abordaríamos. Sabemos<br />
que tanto as revendedoras<br />
autônomas quanto seus clientes<br />
estão sensíveis a questões do<br />
desmatamento e à necessidade<br />
Marcela Beltrão<br />
de buscar recuperar as florestas.<br />
Com apenas 7% de sua área<br />
original, a Mata Atlântica é<br />
considerada uma das florestas<br />
mais ameaçadas do planeta.<br />
O <strong>Brasil</strong> é prioridade para<br />
os próximos investimentos<br />
sociais ou ambientais?<br />
O <strong>Brasil</strong> é um dos maiores<br />
mercados da Avon, com mais<br />
de 1,1 milhão de revendedoras<br />
e alto grau de liderança nas<br />
ações socialmente responsáveis,<br />
como a causa contra o câncer<br />
de mama. A presença da Avon<br />
no mercado brasileiro e a<br />
necessidade de recuperação da<br />
Mata Atlântica foram decisivos<br />
para o investimento ambiental.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 19<br />
Do marketing verde à<br />
economia ambiental<br />
O plantio de árvores é a mais antiga e uma das mais comuns<br />
entre as práticas de ambientalistas no <strong>Brasil</strong>. Plantar<br />
um pé de pau-brasil era protocolo quase obrigatório<br />
das cerimônias do Dia da Independência nas escolas públicas,<br />
décadas atrás, e solenidade culminante no Dia da<br />
Árvore. Por esse motivo, tornou-se uma das primeiras<br />
opções de <strong>empresas</strong> interessadas em associar seus nomes<br />
à defesa do ambiente. Também por isso, havia em setores<br />
do ambientalismo algumas restrições a essa prática.<br />
Uma das razões era que muitas <strong>empresas</strong> usavam o<br />
plantio ou a doação de árvores para distrair a atenção do<br />
público de outras práticas menos edificantes. Outra<br />
questão que tradicionalmente deixava os ativistas do<br />
ambientalismo com um pé atrás era certa distância entre<br />
o setor de atuação da empresa nos negócios e seu engajamento<br />
no plantio de árvores, estratégia muito facilmente<br />
confundida com o chamado “marketing verde”, que de<br />
verde costuma ter apenas a tinta.<br />
A iniciativa da The Nature Conservancy (TNC) tem um<br />
alcance muito maior: trata-se de recuperar trechos da<br />
mata nativa do litoral, conectando ilhas de florestas preservadas<br />
e criando corredores de biodiversidade. A restauração<br />
das ligações entre essas ilhas de florestas deve<br />
estimular a “economia”<br />
ambiental, favorecendo<br />
No Congresso, corre<br />
o projeto de lei<br />
sobre pagamento<br />
pelos serviços<br />
prestados pelos<br />
ecossistemas como<br />
a regulação de<br />
gases, conservação<br />
de biodiversidade<br />
e proteção dos solos<br />
LUCIANO<br />
MARTINS COSTA<br />
Jornalista e escritor, consultor<br />
em estratégia e sustentabilidade<br />
a preservação de espécies<br />
ameaçadas de extinção.<br />
É também uma<br />
forma de recuperar a<br />
vegetação degradada,<br />
manter os córregos<br />
límpidos e indiretamente<br />
o clima ameaçado<br />
pelas mudanças climáticas.<br />
No Congresso<br />
corre projeto de lei sobre<br />
o pagamento pelos<br />
serviços prestados pelos<br />
ecossistemas, como<br />
a regulação de gases<br />
(produção de oxigênio e<br />
sequestro de carbono), conservação da biodiversidade,<br />
proteção de solos e regulação das funções hídricas.<br />
Um dos principais exemplos de iniciativas desse tipo<br />
foi criado pela bióloga e veterinária Wangari Maathai,<br />
nascida no Quênia. Ela havia observado, desde a infância,<br />
que a pobreza avançava em torno de Nairóbi conforme<br />
as matas eram derrubadas. Em 1977, após obter o<br />
doutorado na Alemanha, criou o movimento Cinturão<br />
Verde, estimulando os habitantes a plantar árvores. Além<br />
de recuperar o ambiente, seus ativistas promoviam o<br />
diálogo entre as etnias, combatendo a violência.<br />
Em 2004, o comitê do Prêmio Nobel havia estabelecido<br />
como tema a defesa do meio ambiente e suas relações<br />
com a democracia e a paz e Wangari Maathai foi a escolhida.<br />
Quando recebeu o Nobel da Paz, em 2004, por essa<br />
iniciativa, ela já havia inspirado o plantio de mais de 30<br />
milhões de árvores por toda a África.<br />
A iniciativa da TNC acontece em cenário muito distinto,<br />
mas igualmente necessitado de uma ação enérgica.<br />
Vivem nas poucas florestas que restaram ao longo da<br />
costa cerca de 60% das espécies sob ameaça Os cerca de<br />
7% que sobraram das matas originais guardam uma<br />
imensa diversidade, que corresponde a 8% de todas as<br />
espécies de plantas do mundo. As <strong>empresas</strong> que apoiam<br />
essa iniciativa estão indo muito além de seus planos de<br />
marketing. Estão contribuindo para recuperar uma das<br />
mais importantes reservas de diversidade biológica do<br />
planeta. Além disso, ao envolver funcionários, parceiros<br />
e clientes, contribuem para a conscientização em torno<br />
da necessidade de proteger o patrimônio ambiental. ■
20 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
ENCONTRO DE CONTAS<br />
Carro na<br />
tomada<br />
LURDETE ERTEL<br />
A perspectiva de<br />
incentivos tributários<br />
do governo federal para<br />
a produção de carros<br />
elétricos está fazendo<br />
roncar projetos de<br />
montadoras pelo <strong>Brasil</strong>.<br />
Até outubro, deve estar<br />
concluído o projeto da<br />
fábrica que produzirá,<br />
em escala industrial,<br />
o primeiro veículo do<br />
gênero do Ceará.<br />
O modelo foi criado pelo<br />
engenheiro e pesquisador<br />
Elifas Gurgel do Amaral,<br />
que mantém em<br />
circulação pelas ruas de<br />
Fortaleza um protótipo<br />
movido por baterias<br />
de íons de lítio.<br />
A planta deve ser<br />
instalada em área de<br />
10 hectares em Limoeiro<br />
do Norte, com suporte<br />
financeiro do Banco do<br />
Nordeste e apoio do<br />
governo do Ceará. Além<br />
de incentivos, Cid Gomes,<br />
prometeu comprar os<br />
primeiros 100 veículos<br />
fabricados no Estado.<br />
Zarpagem<br />
Uma das 30 maiores <strong>empresas</strong><br />
mundiais em movimentação de<br />
cargas por guindastes, a Locar<br />
inaugura hoje um terminal<br />
marítimo de 25 mil metros na Ilha<br />
do Governador, no Rio de Janeiro,<br />
onde operará sua base offshore.<br />
O terminal faz parte dos R$ 300<br />
milhões em investimentos<br />
programados para 2010.<br />
No mercado de transporte<br />
marítimo desde 2009, a empresa<br />
tem 14 embarcações em<br />
operação. E deve chegar a 30,<br />
com aporte de US$ 150 milhões.<br />
Carga pesada<br />
Também hoje, a Locar fará o<br />
batismo de um barco de apoio<br />
e de um rebocador adquiridos,<br />
respectivamente, dos estaleiros<br />
Erin, de Manaus, e SRD, de Angra<br />
dos Reis, por R$ 20 milhões.<br />
E apresentará o maior guindaste<br />
telescópico do mundo sobre<br />
pneus: o LTM 11.200, comprado<br />
da Liebher por R$ 15 milhões.<br />
Ele levanta até 1.200 t de carga.<br />
“É assustadora<br />
a possibilidade<br />
de uma<br />
epidemia<br />
global de<br />
superbactérias<br />
– aquelas que<br />
contêm o<br />
gene NDM-1,<br />
que as tornam<br />
resistentes aos<br />
antibióticos<br />
mais<br />
poderosos.<br />
É preciso<br />
estar alerta”<br />
Trecho de artigo divulgado<br />
nesta semana na publicação<br />
científica Lancet, sobre<br />
estudo de cientistas com<br />
bactérias não tratáveis.<br />
Beleza no papel<br />
Depois das passarelas e da telinha de tevê,<br />
a top Isabella Fiorentino, 31 anos, engrena<br />
os passos também no mercado editorial.<br />
A agora empresária, consultora de moda e<br />
apresentadora do SBT vai estar no estande<br />
da Libreria, na Bienal do Livro de São Paulo,<br />
para autografar seu guia de moda.<br />
Lançado em abril deste ano pela editora<br />
▲<br />
As torres gêmeas<br />
verdes do Rio<br />
Juan Guerra<br />
Nova Cultural, o livro Na Moda com Isabella<br />
Fiorentino já está em sua quarta reimpressão<br />
e soma venda de 60 mil exemplares.<br />
Habituada a desfilar pelo mundo desde os 13 anos,<br />
Isabella tem uma escola de modelos (Officina<br />
da Imagem), por onde já passaram 5 mil alunas.<br />
Além de apresentar o reality Esquadrão da Moda,<br />
também comanda uma produtora de eventos.<br />
Com inquilinos de peso como<br />
Petrobras, BNDES e British Gas,<br />
o Ventura Corporate Towers (foto)<br />
será totalmente entregue em<br />
evento a ser realizado no Rio<br />
hoje, depois de quatro anos<br />
de obras e investimentos de<br />
R$ 500 milhões.<br />
As duas torres de escritórios<br />
de alto padrão com 36 andares<br />
foram erguidas na Avenida<br />
República do Chile, no coração<br />
financeiro do Rio.<br />
Além de ser o maior edifício do<br />
gênero da capital fluminense,<br />
o empreendimento foi o primeiro<br />
prédio verde da cidade, com<br />
certificação Green Building Gold.<br />
Projeto da incorporadora<br />
norte-americana Tishman<br />
Speyer e da Camargo Corrêa,<br />
o complexo soma serão 104 mil<br />
metros quadrados de área<br />
locável. A primeira torre ficou<br />
pronta em 2008. A segunda,<br />
que chega agora ao mercado,<br />
já está com praticamente 65%<br />
dos seus espaços pré-locados.
Faro fino<br />
Um cão da raça pastor belga<br />
malinois, do canil da Guarda<br />
Municipal de Jundiaí, deve entrar<br />
para o Guinness World of Records,<br />
o livro dos recordes mundiais.<br />
Com quase 4 anos, K-9 Athom<br />
é candidato à celebridade na<br />
categoria de maior apreensão de<br />
entorpecentes feita por um cão.<br />
O pastor belga foi responsável<br />
por encontrar 9 toneladas<br />
de maconha escondidas em<br />
um caminhão com madeiras.<br />
Cliques turbinados<br />
O caso Eliza Samúdio e o acidente<br />
que matou o filho da atriz<br />
Cissa Guimarães ajudaram<br />
o site de notícias G1, líder em<br />
seu segmento na internet,<br />
a alcançar em julho a maior<br />
audiência de todos os tempos.<br />
A média de acessos diários ao site<br />
foi de 5,2 milhões no último mês.<br />
Além de recorde, o número foi<br />
32% maior que o mês de junho.<br />
Mesa cheia<br />
O espaço gastronômico da<br />
KitchenAid, do Jardim América,<br />
em São Paulo, será moldura<br />
do próximo encontro do Lide<br />
Gastronomia, promovido pelo<br />
Grupo de Líderes Empresariais,<br />
comandado por João Doria Jr.<br />
O evento reunirá alguns dos 50<br />
mais importantes CEOs do <strong>Brasil</strong>.<br />
À mesa estarão nomes como<br />
Alexandre Costa, da Cacau Show,<br />
Chieko Aoki, do Blue Tree,<br />
Miguel Angel Garcia Lopez,<br />
da Audi, e Arthur Carlos<br />
Briquet Jr, da Bvlgari.<br />
O cardápio será preparado a<br />
quatro mãos pelo chef japonês<br />
Tsuyoshi Murakami e pelo<br />
francês Emmanuel Bassoleil.<br />
Apito por microfone<br />
O árbitro de futebol licenciado<br />
Alessandro Souza (ainda<br />
ligado à Confederação Carioca<br />
de Futebol), de 32 anos,<br />
volta a entrar em campo<br />
no mercado fonográfico.<br />
Com o nome artístico de<br />
Alessandro Leale, está tirando<br />
na prensa o seu segundo<br />
CD pelo selo SkemaMusic.<br />
Reforço na banca<br />
Fotos: divulgação<br />
O escritório Tauil & Chequer<br />
Advogados, associado a Mayer<br />
Brown LLP, está com novo sócio.<br />
Felipe Berer passa a integrar<br />
a equipe do escritório em São<br />
Paulo e ficará responsável pela<br />
área de comércio internacional<br />
no <strong>Brasil</strong>. Berer já representou<br />
clientes estrangeiros em<br />
investigações de defesa comercial<br />
diante do Departamento<br />
de Comércio dos EUA.<br />
Maquete no valor de um apartamento<br />
Uma maquete do tamanho de um apartamento foi montada pela RJZ<br />
Cyrela para apresenta os empreendimentos já lançados e os que estão<br />
por vir no Cidade Jardim e Centro Metropolitano, bairros desenvolvidos<br />
e planejados pela empresa em parceria com a Carvalho Hosken.<br />
Desenvolvida por Adhemir Fogassa, mesmo responsável pelo museu<br />
da Ferrari em Abu Dhabi, a maquete-bairro custou R$ 900 mil.<br />
Com 90 metros quadrados, é a maior e mais cara já exibida pela empresa.<br />
Valerie Macon/AFP<br />
MARCADO<br />
● O Centro de Empreendedorismo e<br />
Novos Negócios da Fundação Getulio<br />
Vargas (FGV), de São Paulo, promove<br />
workshop sobre franquias no dia 16.<br />
● Amanhã, o WTC Business Club<br />
reúne o Comitê de Comunicação<br />
Corporativa para falar sobre<br />
“Comunicação da Sustentabilidade”.<br />
Ronco dourado<br />
Brinde<br />
incendiário<br />
Custará caro ao magnata<br />
americano de mídia Rupert<br />
Murdoch o CD com músicas<br />
do lendário guitarrista<br />
Jimi Hendrix que distribuiu<br />
gratuitamente a leitores<br />
do The Sunday Times,<br />
em 2006 — sem pedir<br />
as devidas autorizações.<br />
Um tribunal dos Estados<br />
Unidos condenou Murdoch<br />
a pagar indenização de<br />
US$ 250 mil por infringir os<br />
direitos autorais do artista.<br />
A ação foi deflagrada pelas<br />
<strong>empresas</strong> Experience<br />
Hendrix e Last Experience,<br />
que entraram na Justiça<br />
alegando prejuízos com o CD<br />
de brinde usado pelo jornal<br />
entre seus colecionáveis.<br />
As duas companhias haviam<br />
comprado os direitos do<br />
álbum para lançar projetos<br />
com as dez faixas, que<br />
traziam performances<br />
ao vivo de Jimi Hendrix<br />
no Royal Albert Hall<br />
em Londres, em 1969.<br />
Experience Hendrix e Last<br />
Experience estimam ter<br />
perdido cerca de US$ 5,8<br />
milhões em receitas com a<br />
bola nas costas da iniciativa<br />
do The Sunday Times.<br />
O valor da indenização diz<br />
respeito apenas aos juros<br />
das supostas perdas<br />
alegadas pelas <strong>empresas</strong>.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 21<br />
encontrodecontas@brasileconomico.com.br<br />
GIRO RÁPIDO<br />
Justus e confiável<br />
Roberto Justus, CEO do<br />
Grupo Newcomm, faturou<br />
mais um título. Foi eleito o<br />
publicitário mais confiável<br />
do <strong>Brasil</strong>, pelo segundo ano<br />
consecutivo, de acordo com a<br />
Pesquisa Marcas de Confiança.<br />
O levantamento é realizado<br />
pela Revista Seleções<br />
em parceria com o Ibope<br />
Inteligência. Justus recebeu<br />
55% dos votos na categoria.<br />
Cara nova<br />
O processo de modernização<br />
da Schincariol chegou<br />
à logomarca da cerveja.<br />
Começa a chegar ao<br />
mercado a partir deste<br />
mês a nova identidade da<br />
marca criada pela A10.<br />
Um carro do modelo Bugatti Veyron já é considerado uma joia automotiva.<br />
Mas nada se compara a exemplares do veículo que estão sendo customizados<br />
pela empresa alemã Mansory: o Mansory Bugatti Veyron 16.4 Linea Vincero<br />
d’Oro (fotos) traz detalhes em ouro no exterior — inclusive nas rodas —<br />
e no interior, em itens como assentos, câmbio, painel e maçanetas.<br />
A extravagância foi criada para atiçar o gosto de sheiks árabes com<br />
o bolso abarrotado de dinheiro e ávidos por exclusividades.<br />
E haja bolso abarrotado de dinheiro: essa versão do Bugatti Veyron<br />
não sai por menos de R$ 5 milhões.
22 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
EMPRESAS<br />
Amyris vai abrir capital<br />
nos Estados Unidos<br />
Empresa que detém tecnologia para fazer diesel de cana pretende captar US$ 100<br />
milhões para financiar a primeira unidade comercial no <strong>Brasil</strong> e dar liquidez às ações<br />
Luiz Silveira<br />
lsilveira@brasileconomico.com.br<br />
A empresa americana de biotecnologia<br />
Amyris, que tem os<br />
grupos brasileiros Votorantim e<br />
Cornélio Brennand como sócios,<br />
fará uma oferta pública<br />
inicial de ações nos Estados<br />
Unidos nas próximas semanas.<br />
A meta é captar US$ 100 milhões,<br />
que serão usados principalmente<br />
para financiar a primeira<br />
unidade comercial de<br />
produção de químicos a partir<br />
da cana-de-açúcar da companhia,<br />
anexa à Usina São Martinho,<br />
em Pradópolis (SP).<br />
A Amyris possui uma tecnologia<br />
para transformar o açúcar<br />
em diesel e em outras fórmulas<br />
químicas atualmente produzidas<br />
exclusivamente a partir do<br />
petróleo, com destaque para o<br />
farneseno (matéria-prima para<br />
indústrias como a de cosméticos<br />
e fluidos automotivos).<br />
A primeira unidade de escala<br />
comercial será construída por<br />
uma joint venture com a São<br />
Martinho, a SMA, mas os custos<br />
da primeira fase serão arcados<br />
inicialmente pela Amyris. O investimento<br />
é estimado entre<br />
US$ 80 milhões e US$ 100 milhões,<br />
e a São Martinho reembolsará<br />
parte dele caso o negócio<br />
tenha sucesso.<br />
Pelo acordo, a São Martinho<br />
entrará com a matéria-prima<br />
(cana). A Amyris fornecerá a levedura<br />
transgênica capaz de<br />
transformar a cana em farneseno<br />
e comercializará o produto.<br />
Protocolos de intenção para<br />
parcerias semelhantes foram<br />
firmados com os grupos sucroalcooleiros<br />
Cosan, Açúcar<br />
Guarani e Bunge.<br />
Janeiro de 2004<br />
Grandes <strong>empresas</strong><br />
como Cosan, Shell<br />
e Procter & Gamble<br />
já firmaram acordos<br />
com a companhia<br />
para comprar<br />
seus químicos<br />
e combustíveis<br />
verdes antes mesmo<br />
de eles começarem<br />
a ser produzidos<br />
SAIBA MAIS SOBRE OS INVESTIMENTOS DA AMYRIS DESDE SUA CRIAÇÃO<br />
Criada no ano anterior por três<br />
amigos na Universidade da<br />
Califórnia (Berkeley), a Amyris<br />
recebeu uma doação de US$ 42<br />
milhões da Fundação Bill &<br />
Melinda Gates para pesquisar<br />
uma maneira barata de produzir<br />
a artemisina, um medicamento<br />
para o combate à malária.<br />
A unidade terá capacidade<br />
para transformar 1 milhão de<br />
toneladas de cana em farneseno,<br />
produto que tem valor agregado<br />
superior ao diesel. Na segunda<br />
fase, de mais 1 milhão de<br />
toneladas, os investimentos serão<br />
compartilhados. A vantagem<br />
dos produtos da Amyris sobre<br />
outros químicos e combustíveis<br />
renováveis, como o biodiesel,<br />
é que as leveduras da<br />
empresa geram hidrocarbonetos,<br />
de fórmula idêntica àqueles<br />
feitos do petróleo.<br />
Liquidez<br />
O valor da oferta de ações nem é<br />
tão alto, se comparado à soma<br />
dos US$ 244 milhões que a<br />
Amyris já captou com vários fundos<br />
de investimento privados,<br />
mais os US$ 133 milhões injetados<br />
na empresa pela petrolífera<br />
francesa Total em troca de 20,8%<br />
das ações e os US$ 24 milhões que<br />
o Departamento de Energia dos<br />
Estados Unidos se comprometeu<br />
em investir na companhia entre<br />
este ano e 2012. Até o dia 31 de<br />
março, quando foi fechado o formulário<br />
entregue à SEC (comissão<br />
de valores mobiliários americana),<br />
a Amyris já tinha gastado<br />
US$ 136,6 milhões.<br />
Mas por trás da abertura de<br />
capital está também a necessidade<br />
de dar maior liquidez às<br />
ações detidas por dezenas de<br />
sócios, segundo o formulário de<br />
solicitação de oferta inicial de<br />
ações protocolado pela companhia<br />
junto à SEC.<br />
Entre os principais investidores<br />
da Amyris está o fundo Khosla<br />
Ventures, do empresário Vinod<br />
Khosla, fundador da Sun Microsystems.<br />
Já entre os sócios<br />
menores passou a figurar em de-<br />
zembro do ano passado a brasileira<br />
Stratus Investimentos, que<br />
comprou R$ 23 milhões em ações<br />
da subsidiária Amyris <strong>Brasil</strong>.<br />
A Stratus foi fundada em<br />
1999 por dois ex-executivos do<br />
banco Pactual, Alberto Camões<br />
e Álvaro Gonçalves. Camões foi<br />
também gestor de um fundo de<br />
private equity do Texas Pacific<br />
Group (TPG), outro dos grandes<br />
acionistas da Amyris.<br />
Com a abertura de capital<br />
nos Estados Unidos, as ações<br />
da Stratus serão trocadas por<br />
ações da Amyris Inc., companhia<br />
criada pela californiana<br />
Amyris no estado de Delaware,<br />
espécie de paraíso fiscal dentro<br />
do país. ■<br />
Setembro de 2007 Março de 2008 Abril de 2008 Setembro de 2008<br />
A Amyris conclui sua primeira<br />
captação de recursos com a<br />
emissão de ações. Cerca de<br />
US$ 70 milhões são aplicados<br />
na companhia diante das boas<br />
perspectivas de que o microorganismo<br />
desenvolvido para<br />
produzir a artemisina pode<br />
transformar açúcares em diesel.<br />
A Amyris e o instituto OneWorld<br />
Health, intermediador da doação<br />
de Bill Gates, assinam um<br />
acordo com o laboratório Sanofi-<br />
Aventis para o desenvolvimento<br />
da artemisina semi-sintética.<br />
A Amyris abre mão dos royalties<br />
sobre sua tecnologia para<br />
gerar remédios mais baratos.<br />
ALVO DE INVESTIMENTOS<br />
A Amyris é controlada por<br />
vários fundos internacionais<br />
e pela companhia petrolífera<br />
francesa Total<br />
PARTICIPAÇÃO NO CAPITAL<br />
Total Gas & Power<br />
20,8%<br />
Outros*<br />
27,8%<br />
John Melo<br />
(CEO)<br />
4,2%<br />
Advanced Equities<br />
5,2%<br />
Kleiner Perkins<br />
Caufield & Byers<br />
12,2%<br />
Khosla<br />
Ventures<br />
Fonte: Empresa<br />
*Inclui os grupos brasileiros Votorantim<br />
e Cornélio Brennand, além de outros fundos,<br />
como TriplePoint Capital e Naxos UK<br />
12,2%<br />
TPG<br />
Capital<br />
9,6%<br />
Temasek<br />
8%<br />
A brasileira Crystalsev,<br />
sociedade de várias usinas de<br />
cana-de-açúcar paulistas, fecha<br />
uma parceria com a Amyris para<br />
desenvolver o diesel de cana.<br />
A sociedade foi desfeita em<br />
2009, quando a Louis Dreyfus<br />
comprou a SantelisaVale,<br />
controladora da Crystalsev.<br />
Laboratório da Amyris<br />
em Campinas, no interior<br />
de São Paulo<br />
A primeira unidade piloto para<br />
a produção de diesel a partir<br />
de açúcar começa a funcionar na<br />
sede da Amyris em Emeryville,<br />
Califórnia. Em setembro de<br />
2009 entrou em operação uma<br />
nova fábrica piloto, de cinco<br />
mil litros, na unidade da<br />
companhia em Campinas (SP).
Patricia Santos<br />
<strong>Brasil</strong> Ecodiesel tem lucro de R$ 2,5 mi<br />
A companhia, presidida por Mauro Cerchiari, conseguiu reduzir seu<br />
endividamento —em relação ao mesmo período do ano passado,<br />
passou de uma dívida líquida de R$ 227,1 milhões para um caixa líquido<br />
de R$ 65,9 milhões. Já a receita líquida foi de R$ 107,9 milhões. Com<br />
a suspensão do Selo Combustível Social das usinas de Itaqui (MA)<br />
e Iraquara (BA), o volume contratado com a Petrobras para entrega no<br />
segundo trimestre foi reduzido de 69 mil para 45 mil metros cúbicos.<br />
Outubro de 2008 Setembro de 2009 Dezembro de 2009 Junho de 2010<br />
A Votorantim Novos Negócios<br />
(VNN), braço de private equity e<br />
venture capital do conglomerado<br />
brasileiro, torna-se sócia da<br />
Amyris. Considerando outras<br />
opções de compra de ações<br />
adquiridas pela VNN, a fatia<br />
da brasileira valeria hoje cerca<br />
de US$ 3,5 milhões.<br />
O grupo brasileiro de<br />
energia Cornélio Brennand<br />
entra na Amyris com<br />
um investimento não<br />
revelado. Somado<br />
a novos aportes de<br />
outros sócios, a Amyris<br />
capta US$ 41 milhões<br />
com a operação.<br />
Marcio Fernandes/AE<br />
A Amyris e o grupo<br />
sucroalcooleiro São Martinho<br />
fecham um acordo para instalar<br />
uma unidade de produção de<br />
diesel de cana anexa a uma<br />
usina do grupo. Em abril deste<br />
ano, o acordo foi alterado<br />
para outra usina e transformado<br />
em uma joint venture.<br />
Depois de ter recebido US$ 244<br />
milhões em aportes privados<br />
desde 2007, a Amyris recebe<br />
US$ 133 milhões da companhia<br />
petrolífera francesa Total em<br />
troca de 20,8% das ações.<br />
Uma série de acordos é firmada.<br />
Com a Cosan é acertada a<br />
criação de uma joint venture<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 23<br />
Produção será<br />
antecipada<br />
com parceria<br />
Farneseno será fabricado em<br />
Piracicaba enquanto unidade na<br />
São Martinho não fica pronta<br />
Com o sucesso de sua unidade<br />
piloto em Campinas (SP), a<br />
Amyris decidiu começar a produzir<br />
o farneseno em escala comercial<br />
antes mesmo de sua fábrica<br />
em parceria com a Usina<br />
São Martinho ficar pronta, no<br />
segundo trimestre de 2012. O<br />
caminho encontrado foi firmar<br />
parceiras com <strong>empresas</strong> que tenham<br />
estrutura ociosa ou possam<br />
receber os fermentadores<br />
do caldo de cana em suas instalações,<br />
em um modelo de negócios<br />
conhecido como “contract<br />
manufacturing”.<br />
A primeira dessas parcerias<br />
foi fechada em junho, com a filial<br />
brasileira da Biomin, empresa<br />
austríaca de nutrição animal.<br />
A fábrica da Biomin em Piracicaba<br />
(SP) receberá um fermentador<br />
no qual as leveduras<br />
transgênicas da Amyris reagirão<br />
com o caldo de cana e produzirão<br />
o farneseno.<br />
Até hoje, unidades piloto e<br />
contratos semelhantes ao da<br />
Biomin serviram apenas para<br />
produzir o farneseno e seus<br />
subprodutos com fins de certificação<br />
e testes. Em escala maior,<br />
a Amyris poderá inclusive afinar<br />
os detalhes do processo para sua<br />
primeira unidade própria.<br />
A expectativa é que a produção<br />
comece já em 2011. O foco<br />
da produção de farneseno na<br />
Biomin será o mercado de químicos,<br />
que já estaria demandante<br />
pelas matérias-primas<br />
renováveis da Amyris.<br />
Prova disso é que no mês<br />
passado a companhia americana<br />
firmou também vários acordos<br />
antecipados de venda de<br />
seus produtos. A Shell, por<br />
exemplo, fechou a compra da<br />
Uma fábrica da<br />
austríaca Biomin<br />
Nutrição Animal em<br />
Piracicaba (SP)<br />
receberá instalações<br />
para produzir os<br />
químicos verdes da<br />
Amyris a partir de<br />
2011, um ano antes<br />
de a primeira<br />
unidade comercial<br />
entrar em operação<br />
produção de diesel verde da<br />
Amyris. Já a Cosan assinou um<br />
acordo para criar uma joint venture<br />
com a Amyris para explorar<br />
o mercado internacional de químicos<br />
intermediários renováveis<br />
para certas aplicações industriais<br />
e automotivas. Outro<br />
acordo com a Procter & Gamble<br />
prevê o fornecimento dos derivados<br />
de farneseno para a fabricação<br />
de produtos da gigante de<br />
consumo. Acordo semelhante<br />
foi firmado com a química italiana<br />
M&G e com a francesa Soliance,<br />
fabricante de ingredientes<br />
renováveis para cosméticos.<br />
Em todos esses casos está prevista<br />
a parceria no desenvolvimento<br />
dos novos produtos com<br />
o farneseno. ■ L.S.<br />
para explorar o mercado global<br />
de químicos renováveis. Já com<br />
a Shell é fechada a venda do<br />
diesel a ser produzido. São feitos<br />
acordos de venda dos químicos<br />
da Amyris e desenvolvimento de<br />
cosméticos feitos com eles com<br />
a Procter & Gamble, a italiana<br />
M&G e a francesa Soliance.
24 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
EMPRESAS<br />
Variação<br />
cambial<br />
reduz lucro<br />
da Suzano<br />
Ganho do segundo trimestre<br />
ficou em R$ 135 milhões, inferior<br />
em 69,3% ao apurado em 2009<br />
A Suzano Papel e Celulose encerrou<br />
o segundo trimestre com<br />
lucro líquido abaixo do esperado,<br />
pressionada por variações<br />
cambiais negativas sobre a dívida<br />
em moeda estrangeira.<br />
A companhia teve lucro líquido<br />
de R$ 135 milhões ante expectativa<br />
média de previsões de<br />
seis analistas obtida pela Reuters<br />
de ganho de R$ 158,2 milhões.<br />
Um ano antes, o resultado apresentou<br />
ganho de R$ 439,2 milhões,<br />
quando “o real se valorizou<br />
em 15,7% em relação ao dólar,<br />
gerando resultado financeiro<br />
significativamente positivo”.<br />
Operacionalmente, a companhia<br />
elevou sua geração de<br />
caixa em 77,5% na comparação<br />
anual, obtendo um Ebitda (sigla<br />
em inglês para lucro antes<br />
de juros, impostos, depreciação<br />
e amortização) de R$ 413<br />
milhões. A margem saltou de<br />
21,1% para 34,7%.<br />
As vendas de celulose<br />
da companhia<br />
registraram queda<br />
de 23,3% no<br />
segundo trimestre<br />
em comparação<br />
com o ano passado<br />
A receita líquida da companhia<br />
cresceu 8,2% na comparação<br />
anual e 22,5% sobre o primeiro<br />
trimestre, para R$ 1,19 bilhão.<br />
As vendas de celulose recuaram<br />
23,3% na comparação<br />
com o segundo trimestre do ano<br />
passado e cresceram 9,1% na<br />
comparação com os três primeiros<br />
meses deste ano, para 420 mil<br />
toneladas. As vendas de papel<br />
também foram menores comparadas<br />
com o desempenho de um<br />
ano antes, queda de 5,4%, e cresceram<br />
sobre o primeiro trimestre,<br />
15,5%, para 297 mil toneladas.<br />
A produção registrou volume<br />
de celulose de mercado de<br />
422 mil toneladas de abril a junho,<br />
incremento de 1,4% sobre<br />
um ano antes e de 10,7% na<br />
comparação com o primeiro<br />
trimestre deste ano. ■<br />
Nelson Ching/Bloomberg<br />
SIDERURGIA<br />
Produção de aço na China cai 3,8%<br />
em julho e atinge 51,74 milhões de toneladas<br />
Os dados são do Bureau Nacional de Estatísticas da China. A produção<br />
média diária de julho, de 1,67 milhão de toneladas, declinou 6,7%<br />
em comparação a junho. A queda na produção média diária de julho<br />
foi a maior nos últimos dois anos, segundo analistas. A produção<br />
média diária é considerado um melhor indicador para estimativa<br />
de eventuais mudanças de tendência na direção da produção.
ENERGIA<br />
Eletrobras assina protocolo para participar<br />
de gestão compartilhada da Celgpar<br />
A empresa controla o fornecimento de energia em Goiás, da qual<br />
a Eletrobras é acionista minoritária e credora. O acordo prevê<br />
a implementação de gestão compartilhada da Celgpar e suas<br />
subsidiárias entre o governo do estado e a estatal. O governo de<br />
Goiás, em contrapartida, deverá contrair um empréstimo na Caixapara<br />
aportar na Celgpar, visando a recuperação financeira da companhia.<br />
Divulgação<br />
PETRÓLEO<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 25<br />
OGX descobre presença de óleo e gás em<br />
bloco de águas rasas da Bacia de Campos<br />
Até o momento, foi identificada uma coluna de óleo e gás de<br />
aproximadamente 12 metros em reservatórios carbonáticos da seção<br />
albiana do poço denominado Ingá, a 95 km da costa do estado do Rio<br />
de Janeiro. “Estamos ainda em zona de hidrocarbonetos e a perfuração<br />
desta seção, que foi interrompida para testemunhagem, continuará a fim<br />
de se determinar a coluna total e o net pay”, afirmou a empresa em nota.<br />
Eletronuclear<br />
e EPE<br />
avaliam<br />
novas usinas<br />
Companhias fecham acordo<br />
de cooperação técnica<br />
no valor de R$ 3,3 milhões<br />
A Eletronuclear, empresa da<br />
Eletrobras encarregada da geração<br />
de energia atômica no<br />
<strong>Brasil</strong>, assinou um acordo de<br />
cooperação técnica com a Empresa<br />
de Pesquisa Energética<br />
(EPE) para estudos preliminares<br />
de locais para instalação de<br />
novas usinas nucleares. De<br />
acordo com comunicado da<br />
EPE divulgado ontem, a parceria<br />
pesquisará áreas que podem<br />
receber novas usinas inicialmente<br />
nos Estados de Espírito<br />
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,<br />
São Paulo, Paraná, Santa<br />
Catarina, Rio Grande do Sul,<br />
Goiás e Mato Grosso do Sul.<br />
Companhias<br />
realizam estudos<br />
preliminares das<br />
áreas que podem<br />
receber novas<br />
usinas nucleares nas<br />
regiões Sul, Sudeste<br />
e Centro-Oeste<br />
A EPE e a Eletronuclear compartilharão<br />
informações sobre<br />
seus interesses e definirão a metodologia<br />
da pesquisa. O valor<br />
do acordo é de R$ 3,3 milhões,<br />
sendo que a EPE participará<br />
com até R$ 1,28 milhão, durante<br />
os 24 meses de duração da parceria,<br />
que pode ser prorrogada.<br />
De acordo com um estudo de<br />
longo prazo elaborado pela EPE<br />
juntamente com o governo federal,<br />
a redução do potencial<br />
hidrelétrico nas próximas décadas<br />
abre a necessidade de construção<br />
de quatro usinas nucleares<br />
até 2030, além de Angra 3,<br />
cuja construção foi retomada no<br />
final do ano passado.<br />
“Como o potencial hidrelétrico<br />
brasileiro começa a se esgotar<br />
dentro de aproximadamente<br />
20 anos, a energia nuclear<br />
passará a ser uma boa opção<br />
para a expansão, complementada<br />
por fontes alternativas como<br />
a eólica e a biomassa”, afirma o<br />
presidente da EPE, Mauricio<br />
Tolmasquim. ■ Reuters
26 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
EMPRESAS<br />
CONSTRUÇÃO 1<br />
Lucro da Camargo Corrêa Desenvolvimento<br />
Imobiliário cresce 231,3% no 2º trimestre<br />
A CCDI registrou lucro líquido de R$ 25 milhões no segundo trimestre,<br />
valor superior ao ganho de R$ 7,5 milhões apurado um ano antes.<br />
O lucro por ação foi de R$ 0,2214 no segundo trimestre deste ano,<br />
face a R$ 0,0668 em igual época de 2009. A receita líquida de vendas<br />
avançou 64,2% entre abril e junho, totalizando R$ 219,1 milhões,<br />
ante R$ 133,49 milhões registrado em mesmo período do ano passado.<br />
Companhia atinge resultado de R$ 185,2 milhões no semestre e tem 48,5% das vendas no segmento comercial<br />
Natália Flach<br />
nflach@brasileconomico.com.br<br />
Um ano em um semestre. Assim<br />
foi o resultado operacional da<br />
Brookfield, que registrou de janeiro<br />
a junho um lucro líquido<br />
de R$ 185,2 milhões, montante<br />
equivalente a 92% do lucro total<br />
do ano passado. “Isso representa<br />
um crescimento de 94% em<br />
relação ao mesmo período do<br />
ano anterior”, compara Luiz<br />
Rogélio Tolosa, diretor executivo<br />
de relações institucionais e<br />
com investidores da Brookfield.<br />
A venda de 70% do edifício<br />
corporativo Triple A na Avenida<br />
Faria Lima, em São Paulo, foi<br />
fundamental para a obtenção<br />
desse resultado. Segundo Tolosa,<br />
o empreendimento — vendido<br />
por R$ 600,6 milhões — representa<br />
a metade da receita do<br />
segundo trimestre, que atingiu<br />
R$ 1,2 bilhão. “A comercialização<br />
do prédio não é um evento<br />
único, que nunca acontece. Na<br />
verdade, 20% da nossa operação é<br />
dedicada a empreendimentos comerciais”,<br />
afirma o executivo,<br />
acrescentando que, no primeiro<br />
semestre, a receita líquida somou<br />
R$ 1,7 bilhão, um aumento de<br />
111% em relação aos primeiros seis<br />
meses do ano passado. De acordo<br />
com Antônio Bezerra, analista da<br />
Lopes Filho Associados, esta é a<br />
maior transação do país. “Pelo<br />
fato de a Brookfield ter vendido<br />
apenas a sua participação de 70%<br />
e obtido mais de R$ 600 milhões,<br />
esta foi a venda mais alta.”<br />
De janeiro a junho, 48,5% do<br />
total de vendas contratadas vieram<br />
de empreendimentos comerciais.<br />
Além do Triple A, o DF<br />
Century Plaza, no Distrito Federal,<br />
rendeu aos cofres da companhia<br />
R$ 198 milhões. Para o segundo<br />
semestre, a Brookfield tem<br />
outra carta na manga. É o edifício<br />
Giroflex, localizado na Avenida<br />
das Nações Unidas, perto da ponte<br />
João Dias. De acordo com Tolosa,<br />
a meta é vender o empreendimento<br />
— que ganhou este nome<br />
por estar no terreno onde funcionava<br />
a fábrica da Giroflex — por<br />
R$ 400 milhões a R$ 500 milhões.<br />
“A torre está sendo ofertada, e o<br />
nosso objetivo é que seja vendida<br />
para uma única empresa, como<br />
foi com o Triple A”, afirma.<br />
“Temos capital<br />
dimensionado para<br />
crescer 20% neste ano e<br />
outros 20% no ano que<br />
vem. Isso nos levará ao<br />
dilema de continuar<br />
crescendo ou aumentar<br />
os dividendos<br />
Luiz Rogélio Tolosa,<br />
diretor executivo de relações<br />
institucionais e com investidores<br />
da Brookfield<br />
Rafael Neddermeyer<br />
CONSTRUÇÃO 2<br />
WTorre pode cancelar abertura de capital<br />
neste ano devido à oferta da Petrobras<br />
A companhia pode cancelar planos de vender ações neste ano já que<br />
a oferta da Petrobras deve reduzir o apetite dos investidores por<br />
novos papéis. A empresa decidirá em uma semana se leva adiante ou<br />
não seu processo de abertura de capital, disse o diretor de relações com<br />
investidores da empresa, Bruno de Queiroz. “Infelizmente, hoje parece<br />
não ser o momento, por mais que o mercado esteja voltando,” disse.<br />
Edifícios corporativos levam<br />
lucro da Brookfield à alta de 94%<br />
VENDAS CONTRATADAS<br />
R$ 1,8 bi<br />
é o montante comercializado no<br />
primeiro semestre, um aumento<br />
de 108% ante o mesmo período<br />
de 2009. Isso representa 73%<br />
da meta de vendas para 2010.<br />
CENTRO-OESTE<br />
71,6%<br />
de tudo o que foi lançado pela<br />
Brookfield no primeiro semestre<br />
está na região. São Paulo vem<br />
em segundo lugar, com 20,5%<br />
do total lançado no país.<br />
DÍVIDA/PATRIMÔNIO<br />
47%<br />
é a relação de endividamento da<br />
incorporadora. Segundo Tolosa,<br />
neste ano, vencem 7,5% das dívidas.<br />
Hoje, o banco de terrenos da<br />
Brookfield soma R$ 16,5 bilhões,<br />
sendo que a metade deverá<br />
ser utilizada nos próximos<br />
cinco anos. “Já o restante é investimento<br />
a longo prazo.”<br />
O executivo lembra que a<br />
meta para este ano é lançar empreendimentos<br />
que somem de<br />
R$ 3 bilhões a R$ 3,3 bilhões, e,<br />
no que se refere a vendas, o objetivo<br />
está entre R$ 2,5 bilhões e<br />
R$ 2,7 bilhões. “Mas, só nos seis<br />
primeiros meses, conseguimos<br />
atingir 73% do valor mínimo.<br />
Por isso, acho que vamos acabar<br />
ultrapassando a projeção.”<br />
Tolosa afirma que a Brookfield<br />
tem capital dimensionado para<br />
crescer 20% neste ano e outros<br />
20% no ano que vem. “Isso nos<br />
levará ao seguinte dilema, em<br />
2012: continuamos crescendo ou<br />
vamos aumentar os dividendos”,<br />
diz. “O problema é que, quando<br />
se tem muito dinheiro, a tendência<br />
é fazer bobagem. Mas, para<br />
isso, temos uma disciplina rígida<br />
aqui na companhia”, afirma.<br />
O executivo descarta, por<br />
exemplo, investir em outras<br />
áreas de negócio, que não seguem<br />
a mesma estratégia da<br />
companhia. “Mas adquirir em-<br />
Divulgação<br />
Edifício Triple A, na<br />
Avenida Faria Lima, em<br />
São Paulo, que foi vendido<br />
por R$ 600,6 milhões<br />
em junho deste ano<br />
presas do mercado imobiliário<br />
faz parte do nosso negócio. Se<br />
virmos que a companhia vai<br />
agregar valor, podemos comprar,<br />
sim. Tanto é que foi assim<br />
que a Brookfield foi formada”,<br />
diz sobre a união da Brascan,<br />
Company e MB Engenharia.<br />
Hoje, o caixa possui R$ 502<br />
milhões, e as dívidas a vencer<br />
neste ano correspondem a 7,5%<br />
do total. “E a maior parte é de<br />
Sistema Financeiro da Habitação<br />
(SFH).” Tolosa diz ainda<br />
que a relação entre dívida líquida<br />
sobre patrimônio é de 47%,<br />
“bem razoável”. ■
DROGARIAS<br />
Lucro e receita da Drogasil<br />
crescem no segundo trimestre<br />
No segundo trimestre deste ano, a Drogasil registrou lucro líquido<br />
de R$ 29 milhões, alta de 31,3% ante igual período de 2009, sendo<br />
que a receita bruta foi de R$ 513,3 milhões, 16,3% superior ao segundo<br />
trimestre de 2009. O Ebitda cresceu 35,5%, na mesma base de<br />
comparação, chegando a R$ 46,9 milhões. Deste total, 73% foram<br />
gerados pela venda de medicamentos e 27% por não medicamentos.<br />
Gran Estanplaza, em São Paulo: tarifas em real garantem preços<br />
competitivos e ocupação acima de 70% no primeiro semestre<br />
Grupo hoteleiro mudou modelo<br />
de negócio, e banco de terrenos<br />
deve garantir expansão<br />
Regiane de Oliveira<br />
roliveira@brasilconomico.com.br<br />
Um plano traçado há pouco mais<br />
de sete meses pretende mudar o<br />
perfil da rede hoteleira Estanplaza<br />
— a começar pelo nome. O grupo<br />
foi rebatizado de Concivil-Estanplaza<br />
porque uniu suas cinco<br />
unidades de negócios sob uma<br />
administração única— Estanplaza<br />
(hotéis), Concivil (construtora),<br />
Lucius (incorporadora e patrimonial),<br />
Estanconfor (administração<br />
de residenciais) e Estancorporate<br />
(administração de escritórios).<br />
O grupo inteiro passou a atuar<br />
no desenvolvimento de projetos<br />
imobiliários de hotelaria, residenciais<br />
ou comerciais baseados<br />
no conceito de longa permanência,<br />
com prazo mínimo<br />
de locação de um mês.<br />
Salam<br />
eueuismolor<br />
ilituni la<br />
alismod<br />
“A Lucius, braço patrimonial,<br />
adquire de 30% a 40% dos empreendimentos<br />
que são lançados”,<br />
afirma Célio Martinez, gerente<br />
de marketing da empresa.<br />
Segundo ele, a estratégia garante<br />
ao investidor que o projeto manterá<br />
seu conceito original no futuro,<br />
visto que o setor ainda é visto<br />
com desconfiança, devido a alterações<br />
repentinas na administração<br />
de empreendimentos de hotelaria<br />
lançados no passado.<br />
R. Donask<br />
Expansão<br />
Até o fim do ano, serão cruzadas<br />
as divisas da capital paulista.<br />
Campinas está na mira do grupo,<br />
que também tem terrenos<br />
em outras cidades do Sudeste,<br />
Sul e Centro-Oeste.<br />
Hoje, a receita da Concivil-Estanplaza<br />
é de R$ 130 milhões, e a<br />
expectativa é de aumento de 20%<br />
só com a demanda atual. São doze<br />
empreendimentos administrados<br />
por ela, sendo sete hotéis e cinco<br />
residenciais, que somam um patrimônio<br />
de R$ 850 milhões, valor<br />
que dobrou em dois anos. Segundo<br />
Martinez, é ideia é manter<br />
esta velocidade de crescimento.<br />
Três empreendimentos da<br />
marca Estanconfor acabam de<br />
ser lançados em São Paulo e vão<br />
representar um aumento de 60%<br />
a 70% no faturamento do grupo<br />
no prazo de três anos. Ao todo,<br />
será contabilizado um salto de<br />
612 apartamentos para 1.059. Um<br />
dos prédios, no bairro do Brook-<br />
COMÉRCIO<br />
lin, será o primeiro projeto da<br />
empresa a unir residencial de<br />
longa permanência e edifício comercial<br />
. Os clientes poderão alugar<br />
salas a partir de 60 metros<br />
quadrados por período de um<br />
mês e, se precisarem, apartamentos<br />
no mesmo terreno.<br />
Entre as grandes redes de hotelaria,<br />
esses três empreendimentos<br />
são os únicos em construção<br />
no mercado paulistano.<br />
Martinez afirma ter um banco de<br />
terrenos que viabiliza novos projetos.<br />
O preço do metro quadrado,<br />
na faixa R$ 10 mil em áreas nobres<br />
da cidade, impede, por exemplo,<br />
projetos de hotéis econômicos,<br />
cuja rentabilidade é menor.<br />
A Estanplaza trabalha com um<br />
valor entre R$ 8,5 mil e R$ 9 mil o<br />
metro quadrado, o que faz um<br />
apartamento de 39 metros quadrados<br />
ser comercializado a partir<br />
de R$ 360 mil. A rentabilidade<br />
esperada para os prédios em<br />
construção é de 0,8% ao mês. ■<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 27<br />
Lojas de material de construção vendem<br />
8,5% a mais em julho, segundo Anamaco<br />
As vendas do varejo de material de construção cresceram 8,5% em julho<br />
na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a Associação<br />
Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). “Em<br />
julho, para 34% das lojas, as vendas aumentaram. Para outros 28%, elas<br />
continuaram iguais”, diz Cláudio Conz, presidente da Anamaco. De janeiro<br />
a julho, o crescimento foi de 9,6% em relação ao mesmo período de 2009.<br />
Estanplaza vai cruzar divisa paulistana<br />
Receita atual é de<br />
R$ 130 milhões, com<br />
expectativa de alta<br />
de 20% apenas com<br />
a demanda existente<br />
Rafael Neddermeyer<br />
PATRIMÔNIO<br />
R$ 850 mi<br />
é quanto valem os apartamentos<br />
administrados atualmente<br />
pela companhia. Esse número<br />
deve dobrar em três anos, com<br />
o lançamento de novos hotéis.<br />
ESTADIA<br />
R$ 4,5 mil<br />
é o maior valor de aluguel mensal<br />
cobrado pela Concivil-Estanplaza.<br />
As acomodações de luxo custam,<br />
em média, R$ 36 mil por mês.<br />
HOTELARIA<br />
30%<br />
é a participação dos hotéis<br />
da bandeira Estanplaza<br />
no faturamento do grupo,<br />
que tem média de ocupação<br />
de quartos de 90% ao ano.
28 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
EMPRESAS<br />
PESQUISA<br />
<strong>Brasil</strong> alcança 26,1 milhões<br />
de acessos à banda larga<br />
Segundo balanço do primeiro semestre realizado pela Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira de Telecomunicações (Telebrasil), em parceria com a consultoria<br />
Teleco, o <strong>Brasil</strong> tem 26,1 milhões de acessos à banda larga. No seis<br />
primeiros meses do ano, houve crescimento de 42% em relação a<br />
dezembro de 2009, quando o país registrava 18,4 milhões de assinantes.<br />
De janeiro a junho, foram ativadas 7,7 milhões de novas conexões.<br />
Sony vai<br />
vender<br />
Playstation 3<br />
no <strong>Brasil</strong><br />
Console terá subsídio para turbinar<br />
comercialização de jogos e acessórios<br />
Carolina Pereira<br />
cpereira@brasileconomico.com.br<br />
A Sony <strong>Brasil</strong> anunciou ontem o<br />
ínicio das vendas do Playstation<br />
3 no <strong>Brasil</strong>. Desde ontem à tarde,<br />
o console pode ser encontrado<br />
nas lojas da marca por<br />
R$ 1.999, na versão com 120 gigabytes<br />
de memória, segundo o<br />
presidente da divisão Playstation<br />
no país, Anderson Gracias.<br />
O executivo afirma que o preço<br />
está sendo subsidiado e que não<br />
irá lucrar com as vendas. No entanto,<br />
alguns varejistas oferecem<br />
o produto por até 53% do<br />
valor. Em geral, são equipamentos<br />
que chegam ao país por<br />
meio de importadoras.<br />
Por trás do subsídio está a intenção<br />
da Sony de impulsionar<br />
as vendas de jogos e acessórios.<br />
Atualmente, a venda de consoles<br />
responde por 20% da divisão<br />
Playstation da Sony <strong>Brasil</strong>, enquanto<br />
o restante, os acessórios<br />
e os jogos, são responsável por<br />
80% da receita. Além do Playstation<br />
3, a Sony vende no <strong>Brasil</strong><br />
a versão 2 do console e os jogos<br />
de ambos. Nenhum dos produtos<br />
é fabricado no país.<br />
Para diminuir o preço dos<br />
consoles no <strong>Brasil</strong>, Gracias não<br />
descarta a produção local e afirma<br />
que há estudos em andamento.<br />
Mas diz que irá trabalhar outras<br />
formas para tentar baixar o<br />
valor, pois “pode ser que a fabricação<br />
local não aconteça”. Para<br />
se ter uma ideia do peso da tributação<br />
sobre o produto na importação,<br />
nos EUA, o videogame<br />
custa o equivalente a R$ 530 na<br />
loja on-line da Amazon.<br />
Concorrência<br />
A iniciativa da fabricante pretende<br />
também inibir a comercialização<br />
do produto trazido ao<br />
país por importadoras, sem<br />
O videogame<br />
portátil PSP<br />
também deve<br />
ser vendido<br />
oficialmente<br />
pela fabricante<br />
até o Natal<br />
Anderson Gracias,<br />
presidente da divisão<br />
Playstation da Sony<br />
<strong>Brasil</strong>, quer convencer<br />
varejistas a abandonar<br />
produtos trazidos<br />
por importadoras<br />
Daniel Acker/Bloomberg<br />
embalagens originais ou manuais<br />
em português e, segundo<br />
Gracias, fora das normas estipuladas<br />
por órgãos como o Instituto<br />
Nacional de Metrologia,<br />
Normalização e Qualidade Industrial<br />
(Inmetro) e a Agência<br />
Nacional de Telecomunicações<br />
(Anatel). O Playstation 3 que<br />
chega ao país por importadoras<br />
pode ser encontrado em varejistas<br />
como o Submarino, ao<br />
preço de R$ 1.299.<br />
Para encarar os preços mais<br />
baratos das importadoras, a<br />
empresa aposta nas vantagens<br />
que pode oferecer, como garantia<br />
de um ano (no caso do Submarino,<br />
por exemplo, o período<br />
é de três meses). Além disso,<br />
E-READER<br />
Plastic Logic desiste do lançamento<br />
do leitor eletrônico Que<br />
A fabricante britânica de telas Plastic Logic não vai mais colocar no<br />
mercado o aguardado leitor eletrônico Que, visto como um rival potencial<br />
ao Kindle, da Amazon. A empresa disse que decidiu se concentrar<br />
no desenvolvimento de uma segunda geração do aparelho, depois<br />
de aceitar que o mercado de dispositivos de leitura eletrônica evoluiu.<br />
A companhia não deu mais detalhes sobre um novo projeto.<br />
Gracias diz que a companhia<br />
está em processo de negociação<br />
com diversos varejistas para que<br />
passem a oferecer o produto<br />
“oficial”. “Queremos conscientizar<br />
as lojas de que estão levando<br />
a nossa marca ao consumidor<br />
da forma errada”, afirma.<br />
O executivo, no entanto, não<br />
diz com quais redes está conversando.<br />
“Pode acontecer do<br />
varejo resistir em comprar o<br />
produto da Sony”, afirma, referindo-se<br />
ao preço mais elevado<br />
do equipamento no país. Segundo<br />
estimativas da fabricante,<br />
mesmo sem disponibilizar o<br />
console no <strong>Brasil</strong> até ontem,<br />
cerca de 500 mil consumidores<br />
possuem o produto. ■<br />
Thiago Teixeira<br />
CONCORRÊNCIA<br />
● O Playstation 3 disputa<br />
diretamente com consoles de<br />
terceira geração como o Xbox<br />
360, fabricado pela Microsoft,<br />
e o Wii, da Nintendo.<br />
● A Microsoft vende o Xbox 360<br />
no <strong>Brasil</strong> desde 2006 e tem,<br />
entre os varejistas parceiros,<br />
o site Submarino, onde a versão<br />
mais barata custa R$ 999.<br />
● A Nintendo também vende<br />
o Wii no país. O produto<br />
é distribuído pela Latamel<br />
e vendido por lojas como Fnac,<br />
Saraiva e Extra.
RESULTADO<br />
Vendas no varejo registram<br />
crescimento no semestre<br />
De acordo com informações do IBGE, o primeiro semestre do ano<br />
fechou com alta recorde de 11,5%. Somente em junho, o aumento<br />
das vendas foi de 1% sobre maio e de 11,3% em relação ao mesmo<br />
mês do ano passado. “Se a expectativa é de que o país cresça<br />
no mínimo 6 %, o comércio vai acompanhar esse movimento”,<br />
disse o economista do IBGE Reinaldo Pereira.<br />
Competir diretamente com grandes<br />
<strong>empresas</strong> brasileiras de tecnologia<br />
como a Tivit e a CPM Braxis<br />
é o objetivo do Grupo Sonda,<br />
de origem chilena. Para ter a<br />
abrangência e o tamanho das<br />
concorrentes no país, a companhia<br />
desembolsou cerca de R$ 90<br />
milhões este ano apenas na aquisição<br />
de <strong>empresas</strong> locais, o que<br />
transformou a filial brasileira em<br />
um grupo de tecnologia com previsão<br />
de faturamento de R$ 1 bilhão<br />
ao final de 2011.<br />
Com as compras feitas este<br />
ano, a intenção da empresa é<br />
atuar em áreas estratégicas, nas<br />
quais a presença precisava ser fortalecida.<br />
A Telsinc, por exemplo,<br />
comprada em abril por R$ 66 milhões,<br />
fez com que a Sonda ampliasse<br />
a oferta dos produtos da<br />
Cisco, de redes. A Kaizen, por outro<br />
lado, adquirida por R$ 12 milhões,<br />
teve como objetivo ampliar<br />
o portfólio da fabricante EMC, especializada<br />
em armazenamento<br />
de dados. Com a Soft Team, que<br />
custou R$ 15 milhões, comprada<br />
em junho, a Sonda pretende reforçar<br />
a área de software fiscal.<br />
“Queremos convencer os<br />
clientes a reduzir custos concentrando<br />
tudo em um único fornecedor”,<br />
diz Carlos Henrique Testolini,<br />
presidente da Sonda<br />
Prockwork, uma das divisões do<br />
Grupo Sonda IT no <strong>Brasil</strong>, que<br />
também inclui a Sonda Telsinc e<br />
Sonda Software. Uma das apostas<br />
da empresa para ganhar mercado<br />
no país é o fato de os clientes optarem<br />
por ter um contrato único<br />
na América Latina, já que o grupo<br />
tem presença em nove países da<br />
região. “Antes, as <strong>empresas</strong> queriam<br />
fazer um contrato global de<br />
tecnologia. Hoje, viram que isso<br />
não funciona”, afirma o executivo,<br />
que acredita que os clientes<br />
preferem um integrador regional<br />
que conheça as particularidades<br />
dos mercados locais.<br />
Operação mundial<br />
Atualmente, a matriz chilena é a<br />
principal operação da empresa<br />
mas, segundo Testolini, no ano<br />
que vem o <strong>Brasil</strong> assumirá essa<br />
posição, com a consolidação das<br />
companhias. No ano passado,<br />
antes das três aquisições no país<br />
e uma no México, a NextiraOne,<br />
que custou R$ 50 milhões, o faturamento<br />
do grupo alcançou<br />
Tony Avelar/Bloomberg<br />
RECALL<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 29<br />
Apple vai substituir iPods nano com<br />
superaquecimento no Japão<br />
A unidade da Apple no Japão vai substituir qualquer iPod nano que<br />
apresentar superaquecimento, melhorando a oferta anterior que consistia<br />
apenas na troca de baterias defeituosas. A decisão ocorreu depois que<br />
o Ministério de Comércio do Japão determinou que a companhia<br />
publicasse um comunicado de “fácil entendimento” em seu site explicando<br />
como os usuários poderiam receber baterias novas e suporte técnico.<br />
Depois das compras, Sonda IT deve<br />
faturar no país R$ 1 bilhão em 2011<br />
Investimento de R$ 90 milhões em aquisições visa criar empresa capaz de competir com Tivit e CPM Braxis<br />
cerca de R$ 1,2 bilhão, sendo que<br />
o Chile foi responsável por 47%<br />
da receita e o <strong>Brasil</strong> por 34%. No<br />
primeiro semestre desse ano,<br />
ainda sem contabilizar as compras<br />
no país, o país expandiu em<br />
17% o faturamento em relação<br />
ao mesmo período do ano passado,<br />
atingindo receita de cerca<br />
de R$ 203 milhões.<br />
Para continuar crescendo<br />
depois da onda de aquisições, o<br />
plano da empresa é investir cerca<br />
de R$ 875 milhões em toda a<br />
operação entre 2010 e 2012 e<br />
metade desse montante será<br />
destinado a compras. Segundo a<br />
empresa, 60% do valor total<br />
será originado de recursos próprios<br />
e 40% de empréstimos.<br />
Dos cerca de R$ 437 milhões reservados<br />
para adquirir outras<br />
companhias, cerca de R$ 143 milhões<br />
foram utilizados esse ano,<br />
sendo que 65% do valor foi direcionado<br />
ao <strong>Brasil</strong>. O país continua<br />
sendo o primeiro em ordem de importância<br />
para aquisições, seguido<br />
de México e Colômbia. ■ C.P.<br />
■ COMPRAS<br />
O valor em aquisições de<br />
<strong>empresas</strong> este ano foi de<br />
R$143 mi<br />
■ NACIONAL<br />
Do valor utilizado para<br />
compras, o país ficou com<br />
65%<br />
■ AMPLIAÇÃO<br />
A brasileira Telsinc foi<br />
adquirida em abril por<br />
R$66 mi<br />
■ RESERVA<br />
Total em caixa destinado à<br />
expansão internacional é de<br />
R$437mi<br />
“Compramos três<br />
<strong>empresas</strong> no <strong>Brasil</strong><br />
este ano para<br />
ampliar o portfólio.<br />
Atualmente, os<br />
clientes querem<br />
concentrar toda a<br />
área de tecnologia<br />
em um contrato só<br />
Carlos Henrique Testolini,<br />
presidente da Sonda Prockwork<br />
Marcela Beltrão
30 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
EMPRESAS<br />
PRODUTOS DE CONSUMO 1<br />
Hypermarcas deve investir R$ 1,2 bilhão<br />
em novas compras nos próximos 12 meses<br />
A informação foi dada por Claudio Bergamo, diretor-presidente<br />
da quarta maior empresa de bens de consumo do país em valor<br />
de mercado. “A gente ainda tem espaço em balanço para fazer<br />
algo em torno de R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão” em aquisições,<br />
disse Bergamo. “Isso sem considerar trocas de ações,<br />
o que permitiria eventualmente fazer aquisições maiores.”<br />
Ana Paula Machado<br />
amachado@brasileconomico.com.br<br />
Para aumentar a presença no<br />
mercado brasileiro, a fabricante<br />
de jatos executivos de grande<br />
porte Gulfstream estuda a<br />
ampliação de seu centro de<br />
manutenção no <strong>Brasil</strong>. A empresa<br />
americana mantém,<br />
hoje, em parceria com a Jet<br />
Aviation, uma unidade para<br />
serviços de reparos leves em<br />
Sorocaba, no interior de São<br />
Paulo. O presidente mundial<br />
da Gulfstream, Joe Lombardo,<br />
disse que a intenção é ter no<br />
país um centro especializado<br />
em manutenção pesada e programada,<br />
hoje realizada apenas<br />
nos Estados Unidos.<br />
“O projeto é aumentar o<br />
hangar e os serviços efetuados<br />
aqui e, nos próximos dois anos,<br />
as obras estarão concluídas e<br />
poderemos oferecer todos os<br />
serviços de manutenção para<br />
nossos clientes”, disse Lombardo.<br />
Segundo ele, a empresa<br />
também deverá realizar a qualificação<br />
de técnicos para atuarem<br />
na nova área de serviço no<br />
<strong>Brasil</strong>. Hoje, acrescentou Lombardo,<br />
a empresa mantém um<br />
estoque de US$ 9 milhões em<br />
peças para facilitar as pequenas<br />
manutenções sem que seja necessária<br />
a importação de componentes<br />
das aeronaves. A companhia<br />
tem três centros de manutenção<br />
na América Latina e<br />
estão baseados no México, Venezuela<br />
e <strong>Brasil</strong>. No ano passado,<br />
na região, foram realizados<br />
109 reparos nas aeronaves fabricadas<br />
pela companhia.<br />
“O <strong>Brasil</strong> é um mercado muito<br />
importante para a empresa.<br />
Estamos no país desde 2002 e já<br />
temos 24 aeronaves em operação.<br />
O país, junto com a China,<br />
é um dos lugares em que a avia-<br />
PRODUTOS DE CONSUMO 2<br />
Companhia já desembolsou R$ 787,6<br />
milhões em cinco aquisições neste ano<br />
Os acordos ajudaram a impulsionar o valor de suas ações.<br />
A Hypermarcas teve alta de 50% nos últimos doze meses.<br />
Os papéis da empresa subiram 162% desde a abertura de capital<br />
em abril de 2008. O diretor-presidente, Claudio Bergamo, prevê que<br />
a compra de novas <strong>empresas</strong> vai ajudar as vendas da Hypermarcas<br />
a terem um crescimento médio anual de 65% nos próximos cinco anos.<br />
Gulfstream vai fazer manutenção<br />
pesada de jato executivo no país<br />
Fabricante tem unidade em Sorocaba, que é habilitada apenas para promover pequenos reparos<br />
“O <strong>Brasil</strong> é um dos<br />
mercados mais<br />
importantes para a<br />
empresa. Hoje, junto<br />
com a China, é um<br />
dos países que mais<br />
crescem no mundo,<br />
principalmente em<br />
função dos projetos<br />
de infraestrutura que<br />
devem sustentar todo<br />
o desenvolvimento<br />
econômico<br />
Joe Lombardo<br />
Fotos: Henrique Manreza<br />
Joe Lombardo, presidente<br />
mundial da Gulfstream:<br />
ampliação de serviços<br />
ção executiva mais cresce no<br />
mundo, isso em função do bom<br />
desempenho diante da crise<br />
econômica mundial. Toda semana<br />
temos reuniões estratégicas<br />
entre as <strong>empresas</strong> do Grupo<br />
General Dynamics e o <strong>Brasil</strong><br />
sempre está na pauta do dia”,<br />
afirmou o executivo.<br />
Hoje, 66% das entregas da<br />
companhia são realizadas fora<br />
dos Estados Unidos. Até 2004, o<br />
mercado americano era o grande<br />
comprador dos jatos Gulfstream,<br />
respondendo com 83%<br />
das entregas. “Os mercados no<br />
mundo mudaram e cresceu<br />
muito o interesse por esse tipo<br />
de aeronave, que além do conforto,<br />
proporciona mais autonomia<br />
para os empresários. Muitas<br />
vezes, eles têm reuniões marcadas<br />
em lugares distantes na<br />
mesma semana e não é interessante<br />
voar em avião de carreira,<br />
três, quatro vezes por semana.<br />
DESEMPENHO<br />
Mercado muda, e<br />
empresa entrega mais<br />
grandes aeronaves<br />
Para este ano, a Gulfstream<br />
tem programada a entrega<br />
de 77 jatos grandes, com<br />
capacidade para até 14<br />
passageiros e outras 14 médias.<br />
“Devemos entregar a mesma<br />
quantidade de aviões, mas<br />
o mercado vem mudando<br />
rapidamente. Houve uma<br />
transferência de pedidos de<br />
jatos médios para jatos<br />
grandes. Até 2007, as entregas<br />
de jatos médios somavam<br />
cerca de 50 unidades.<br />
Hoje, a preferência é por<br />
equipamentos maiores e com<br />
maior autonomia de voo”,<br />
disse o presidente mundial da<br />
Gulfstream, Joe Lombardo.<br />
A companhia tem em seu<br />
portfólio oito modelos<br />
de jatos executivos entre<br />
médios e grandes. Os preços<br />
de lista variam de US$ 15,1<br />
milhões para o G150 e<br />
US$ 64,5 milhões para<br />
o G650, que está em fase<br />
de testes e deve entrar em<br />
operação em 2012. A.P.M<br />
Aliás, dependendo da distância,<br />
isso se torna impossível ”, ressaltou<br />
Lombardo.<br />
No segundo trimestre deste<br />
ano, as vendas na aviação executiva<br />
chegaram a US$ 9,4 bilhões,<br />
aumento de 0,2% em relação<br />
ao mesmo período do ano<br />
passado. Mesmo com crescimento<br />
pouco expressivo, o desempenho<br />
nas encomendas<br />
deste ano interrompeu um ciclo<br />
de quedas que o setor experimentou<br />
nos últimos dois anos.<br />
No período, as fabricantes<br />
entregaram 547 aeronaves, volume<br />
40% superior no comparativo<br />
com o primeiro trimestre.<br />
“Os mercados estão reagindo,<br />
principalmente os emergentes<br />
como China e <strong>Brasil</strong>. Os Estados<br />
Unidos e a Europa, que sofreram<br />
mais com a recessão mundial,<br />
também dão sinais de melhora.<br />
Mas, tudo depende do comportamento<br />
da economia.” ■
LOGÍSTICA<br />
LLX, de Eike Batista, tem prejuízo líquido<br />
de R$ 5,4 milhões no segundo trimestre<br />
A companhia ainda está em fase pré-operacional. Um ano antes,<br />
registrou lucro de R$ 50,8 milhões. A companhia atribuiu o prejuízo<br />
às despesas gerais e administrativas de R$ 26,9 milhões de abril a junho,<br />
contra gastos de R$ 9,3 milhões nesse mesmo período um ano antes.<br />
A empresa tem em execução dois projetos portuários, o Superporto<br />
do Açu e o Porto Sudeste, ambos no estado do Rio de Janeiro.<br />
Yuriko Nakao/Reuters<br />
MONTADORAS<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 31<br />
Toyota suspende exportações ao Irã como<br />
parte das sanções à política nuclear do país<br />
“Interrompemos nossas remessas com destino ao Irã, levando em<br />
consideração a situação internacional”, afirma a empresa em um<br />
comunicado. “A Toyota considerou que se continuasse exportando<br />
para o Irã, no momento em que acabam de ser reforçadas as medidas<br />
de represália, seria difícil para a marca evitar consequências prejudiciais<br />
nos Estados Unidos”, destaca o jornal econômico japonês Nikkei.<br />
Julio Simões antecipa operação<br />
de terminal rodoferroviário em SP<br />
Contrato com a Usiminas<br />
foi decisivo para antecipação<br />
do projeto previsto para 2011<br />
A Julio Simões Logística começou<br />
a operar o terminal rodoferroviário<br />
em Itaquaquecetuba,no<br />
interior de São Paulo. O<br />
projeto era previsto para entrar<br />
em operação no próximo ano,<br />
mas foi adiantado em função<br />
de um contrato firmado com a<br />
Usiminas para o transporte de<br />
bobinas de aço.<br />
O diretor administrativo financeiro<br />
da companhia, Denys<br />
Ferrez, disse que hoje todo o<br />
transporte está sendo feito por<br />
rodovia e, por mês, são movi-<br />
mentadas 20 mil toneladas de<br />
bobinas entre a usina de Cubatão<br />
e os clientes finais da siderúrgica.<br />
Esse contrato tem<br />
validade para cerca de seis<br />
meses e poderá ser estendido<br />
com a conclusão das obras do<br />
ramal ferroviário e da ampliação<br />
do armazém.<br />
“A obra do terminal multimodal<br />
está dividida em fases e,<br />
nesta primeira etapa está prevista<br />
a construção de um armazém<br />
de 22 metros quadrados e<br />
um ramal ferroviário. Tudo isso<br />
deverá ser concluído no primeiro<br />
semestre do próximo<br />
ano. Hoje, operamos em 13 mil<br />
metros quadrados, com capaci-<br />
dade de 80 mil toneladas estáticas”,<br />
diz Ferrez. Com o contrato<br />
com a Usiminas, a Julio Simões<br />
coloca na estrada 20 carretas<br />
por dia e a expectativa é<br />
que possa movimentar, além<br />
das bobinas, 60 mil toneladas<br />
por mês até dezembro.<br />
O executivo ressaltou que no<br />
segundo trimestre, além do<br />
contrato com a Usiminas, a<br />
companhia teve uma receita de<br />
R$ 29 milhões com novos clientes<br />
e R$ 36 milhões com aumento<br />
de serviços de contratos<br />
já existentes. A receita bruta de<br />
prestação de serviços alcançou<br />
R$ 452,3 milhões, aumento de<br />
22,5% no comparativo com o<br />
mesmo período do ano passado.<br />
“A maior parte desse crescimento<br />
aconteceu com novos<br />
negócios da companhia.”<br />
O lucro líquido foi de R$ 6,7<br />
milhões, menor do que os R$ 17<br />
milhões do mesmo período do<br />
ano anterior. “Essa redução<br />
pode ser explicada pelo fato de<br />
que no ano passado tivemos um<br />
reconhecimento de créditos<br />
tributários diferidos. Excluindo-se<br />
os efeitos não recorrentes,<br />
o lucro líquido no ano passado<br />
foi de R$ 100 mil”, disse.<br />
Os investimentos foram de<br />
R$ 391 milhões no semestre,<br />
sendo que 92% foram destinados<br />
a novos negócios. ■ A.P.M.<br />
GERAÇÃO DE CAIXA<br />
R$ 55 mi<br />
Foi o Ebtida apurado no segundo<br />
trimestre de 2010. O crescimento<br />
de 23,3% em relação a 2009.<br />
A margem Ebitda subiu 0,8 ponto<br />
percentual sobre a margem do<br />
ano anterior, alcançando 12,9%.<br />
CONTRATOS<br />
R$ 1,2 bilhão<br />
Foi o volume de contratos<br />
fechados no semestre, seja<br />
com novos clientes ou com<br />
aqueles que já fazem parte<br />
da carteira da companhia.
32 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
EMPRESAS<br />
ALIMENTOS 1<br />
Lucro da Nestlé registra alta de 10% no<br />
primeiro semestre e atinge US$ 6,6 bilhões<br />
As venda totais alcançaram 55,3 bilhões de francos suíços (US$ 58,3<br />
bilhões) nos primeiros seis meses do ano, avanço de 5,9%. “Aumentamos<br />
nosso investimento em marcas, funcionários e capacidades, e preparamos<br />
a empresa para um segundo semestre mais difícil, o que me permite<br />
confirmar nossa meta anterior para o ano no setor de alimento e bebidas:<br />
crescimento orgânico de cerca de 5%”, declarou o CEO, Paul Bulcke.<br />
Crusoe Foods<br />
quer tirar<br />
a sardinha<br />
da Coqueiro<br />
Fabricante espanhola de pescados em<br />
conserva investe R$ 50 milhões no <strong>Brasil</strong><br />
Françoise Terzian<br />
fterzian@brasileconomico.com.br<br />
O paulistano Sidnei Rosa, 57<br />
anos, ex-gerente-geral comercial<br />
da Copersucar e ex-diretor<br />
comercial da mexicana Bimbo,<br />
foi escalado pelo grupo espanhol<br />
Jealsa-Rianxeira, um dos<br />
maiores produtores mundiais<br />
de pescados em conserva, para<br />
uma tarefa difícil: lançar no<br />
<strong>Brasil</strong> a marca Robinson Crusoe,<br />
de sardinha, atum, salmão<br />
e mexilhão em conserva, além<br />
de patê, e abocanhar uma fatia<br />
do mercado hoje dominado por<br />
nomes tradicionais como Coqueiro,<br />
Gomes da Costa, Pescador<br />
e Alcyon.<br />
Ele terá um orçamento de<br />
R$ 50 milhões para conseguir,<br />
atéofimdoanoquevem,5%do<br />
mercado brasileiro de pescados<br />
em conserva, o que na prática<br />
significa brigar pelos consumidores<br />
de atum e sardinha em<br />
lata. “A meta é faturar R$ 50 milhões<br />
no próximo ano, mas estou<br />
otimista de que conseguiremos<br />
ir além”, afirma Rosa.<br />
A partir de outubro, a Crusoe<br />
Foods, nome dado à empresa do<br />
grupo Jealsa-Rianxeira no <strong>Brasil</strong>,<br />
pretende levar parte de seu<br />
cardápio de produtos às gôndolas<br />
dos supermercados. No momento,<br />
ela está apresentando<br />
sua linha a grandes redes supermercadistas<br />
como Pão de Açúcar<br />
e Carrefour e também avaliando<br />
em qual cidade brasileira<br />
abrirá uma fábrica.<br />
Como a Jealsa-Rianxeira<br />
já tem uma unidade em Rio<br />
Grande, a 300 quilômetros de<br />
Porto Alegre, que pesca, congela<br />
e comercializa peças de 10<br />
quilos de atum para <strong>empresas</strong><br />
processadoras do <strong>Brasil</strong> e do<br />
exterior, ela pretende iniciar a<br />
produção de parte de sua linha<br />
Produção terá início<br />
na fábrica de atum<br />
do grupo Jealsa-<br />
Rianxeira em Rio<br />
Grande (RS), mas a<br />
intenção é construir<br />
uma nova unidade<br />
no país em 2011,<br />
no Nordeste ou<br />
Centro-Oeste<br />
Divulgação<br />
em outubro nesta unidade.<br />
Para tanto, investirá por volta<br />
de € 1 milhão (R$ 2,32 milhões)<br />
em uma linha de produção<br />
de itens em conserva.<br />
Enquanto isso, a empresa decidirá<br />
o local de abertura de<br />
uma segunda fábrica no país,<br />
voltada exclusivamente aos<br />
pescados em conserva. Com a<br />
unidade já existente no Sul do<br />
país, Rosa diz que provavelmente<br />
o município a ser escolhido<br />
estará localizado no Nordeste<br />
ou Centro-Oeste do país.<br />
“Penso até em três fábricas no<br />
<strong>Brasil</strong>, uma vez que a localização<br />
é importante para evitar altos<br />
custos logísticos”, afirma.<br />
Em relação à matéria-prima,<br />
Rosa acredita que comprará<br />
50% dela do mercado interno e<br />
importará a metade restante.<br />
A indústria que depende de<br />
sardinha no <strong>Brasil</strong> não consegue<br />
mais ser abastecida unicamente<br />
ALIMENTOS 2<br />
Kraft inicia produção de sucos Tang<br />
para crescer em mercados emergentes<br />
A Kraft Foods vai começar a produzir sucos Tang e chocolates em uma<br />
nova unidade de US$ 50 milhões no <strong>Brasil</strong> no ano que vem, dando gás à<br />
sua expansão em mercados emergentes com altas taxas de crescimento.<br />
A fábrica brasileira, no estado de Pernambuco, vai empregar 600 pessoas<br />
e poderá no futuro produzir os chicletes Trident, uma marca da Cadbury —<br />
comprada pela Kraft — cujas vendas aumentaram 30% neste ano.<br />
pelo mercado interno. O estoque<br />
é altamente controlado,<br />
uma vez que o país só libera sete<br />
meses de captura, enquanto a<br />
indústria demanda a matériaprima<br />
durante 12 meses.<br />
Por outro lado, o mercado internacional<br />
tem sardinha em<br />
excesso, por conta da crise financeira<br />
mundial que ainda segura<br />
o consumo. “Importar de<br />
outros países como o Marrocos<br />
não será um problema. Poderemos,<br />
inclusive, importar o produto<br />
acabado de uma das fábricas<br />
da Jealsa no exterior”, diz.<br />
Inicialmente, a sardinha deverá<br />
responder por cerca de 60%<br />
do faturamento da Crusoe Foods<br />
que, no futuro, pretende ampliar<br />
a participação do atum na sua<br />
receita. De olho na ascensão das<br />
classes C e D, Rosa quer incentivar<br />
o brasileiro a tirar a carne do<br />
prato para colocar o atum. Da<br />
Robinson Crusoe, é claro. ■<br />
“Vamos brigar com<br />
os dois leões do<br />
mercado, que são<br />
a Coqueiro e a<br />
Gomes da Costa,<br />
respectivamente<br />
líder em sardinha e<br />
atum em conserva.<br />
Nosso preço<br />
será parecido,<br />
mas traremos<br />
diferenciais como<br />
atum em cubo,<br />
atum com azeitona<br />
e até atum em<br />
conserva no<br />
azeite de oliva<br />
Sidnei Rosa,<br />
gerente-geral da Crusoe Foods<br />
PEIXE NA SALADA<br />
Murillo Constantino<br />
● Não é só com a marca Robinson<br />
Crusoe, famosa no Chile pelos<br />
pescados em conserva premium<br />
que comercializa, que a Crusoe<br />
Foods quer abocanhar uma<br />
fatia do mercado brasileiro.<br />
● A empresa espanhola também<br />
quer avançar no campo das<br />
saladas. Ela vai trazer para o país a<br />
linha americana de produtos para<br />
saladas chamada Fresh Gourmet,<br />
da fabricante Sugar Foods.<br />
● A Fresh Gourmet, cuja<br />
distribuição está na Europa e na<br />
América Latina, é feita pela Jealsa<br />
e contará com produtos como<br />
croutons, snacks, toppings (molhos<br />
para saladas) de diferentes<br />
sabores. O foco será tanto o varejo<br />
quanto o mercado de food service.
TECNOLOGIA<br />
São Carlos implanta rede<br />
de transmissão de dados<br />
A cidade de São Carlos (SP) vai iniciar uma rede de transmissão de<br />
dados, de 36 quilômetros que deverá entrar em operação em seis meses.<br />
Denominada de RedeSanca, o serviço vai interligar universidades, centros<br />
de pesquisas, parques tecnológicos, equipamentos de saúde municipal<br />
como Hospital-Escola, Samu, unidades escolares, Polícia Militar e Corpo<br />
de Bombeiros. A rede receberá investimentos de cerca de R$ 780 mil.<br />
Com a sustentabilidade da<br />
cadeia produtiva, objetivo é<br />
aumentar o mercado<br />
Marta San Juan França<br />
mfranca@brasileconomico.com.br<br />
A proposta de ampliar a oferta de<br />
pescado para os consumidores,<br />
que hoje é muito baixa, foi anunciada<br />
hoje pelo ministro da Pesca<br />
e Aquicultura, Altemir Gregolin,<br />
por meio de um acordo com a<br />
rede de supermercados Walmart.<br />
A ideia é diminuir a intermediação<br />
e facilitar a venda do produto<br />
identificando as cooperativas e<br />
colaborando com o processo de<br />
negociação. A produção brasileira<br />
de pescados é de cerca de 1,1<br />
milhão de toneladas por ano. Estima-se,<br />
no entanto, que o potencial<br />
chegue a 1,4 milhão de toneladas<br />
a partir de 2011, desde<br />
que explorado por meio de manejo<br />
rigoroso. Enquanto a pesca<br />
representa 70% deste total, a<br />
criação de peixes participa com<br />
30%, e segundo ele, é onde o potencial<br />
é maior. “Nós estamos<br />
apostando neste mercado, que<br />
cresce a cada ano e deve dobrar<br />
em 2011”, disse o ministro.<br />
Ele deu como exemplo a pesca<br />
nos reservatórios de hidrelétricas,<br />
como do Castanhão, no Ceará, e<br />
Ilha Solteira. Anunciou também a<br />
recuperação dos estoques de sardinhas,<br />
que haviam quase desaparecido<br />
há dez anos, e chegou a<br />
100 mil toneladas em vendas no<br />
ano passado. O presidente do<br />
Walmart <strong>Brasil</strong>, Hector Nunez,<br />
anunciou o compromisso da rede<br />
de ampliar a oferta de pescados<br />
artesanais e da Amazônia. A varejista<br />
lançou um programa de<br />
identificação da origem e localidade<br />
da produção dos fornecedores<br />
até 2013 e de um sistema de<br />
rastreabilidade para 100% da cadeia<br />
de pescados produzidos ou<br />
explorados no território brasileiro<br />
Jim Stem/Bloomberg<br />
até 2016. “Estamos engajados em<br />
construir uma cadeia do pescado<br />
mais sustentável, buscando iniciativas<br />
que mobilizem <strong>empresas</strong>,<br />
governo e sociedade”, afirmou.<br />
A Walmart também anunciou<br />
o programa Qualidade Selecionada,<br />
Origem Garantida, que permite<br />
ao cliente acompanhar no<br />
INOVAÇÃO<br />
site da empresa todo o processo<br />
da cadeia produtiva de itens de<br />
agricultura por meio de um código<br />
de barras disponível nas embalagens.<br />
Com isso, o consumidor<br />
pode saber a procedência dos<br />
alimentos e o caminho percorrido<br />
por eles. O primeiro produto a<br />
fazer parte desse projeto é a carne<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 33<br />
Finep tem R$ 50 milhões para<br />
Núcleos de Apoio à Gestão da Inovação<br />
A Finep está oferecendo R$ 50 milhões em recursos do FNDCT/Fundos<br />
Setoriais para a estruturação e operação de núcleos de apoio<br />
à gestão da inovação em <strong>empresas</strong>. Esta iniciativa faz parte do Pró-Inova<br />
— Programa Nacional de Sensibilização e Mobilização para a Inovação,<br />
coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e da Mobilização<br />
Empresarial para a Inovação da Confederação Nacional das Indústrias.<br />
Acordo entre varejista e governo<br />
incentiva consumo de pescado<br />
“Nós estamos<br />
apostando<br />
principalmente<br />
na criação de<br />
peixes, que cresce<br />
a cada ano e deve<br />
dobrar em 2011<br />
Altemir Gregolin<br />
Alan Marques/Folhapress<br />
Altemir Gregolin, ministro da<br />
Pesca e Aquicultura, acredita<br />
no manejo rigoroso para o<br />
crescimento do segmento<br />
da marca própria Campeiro, com<br />
seis cortes diferentes. “Por conta<br />
de todo o desafio da pecuária em<br />
relação ao desmatamento da<br />
Amazônia, a carne é o primeiro<br />
item desse programa”, disse Nunez.<br />
“Até o fim do ano, deveremos<br />
monitorar todos os produtos<br />
de hortifrúti.” ■
34 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
CRIATIVIDADE<br />
FÁBIO SUZUKI<br />
Ações genéricas de marketing<br />
Novas quebras de patentes de remédios elevam investimentos de fabricantes em mídia<br />
A quebra de patentes de medicamentos<br />
nos últimos meses,<br />
encabeçada pela marca Viagra,<br />
da Pfizer, levou as fabricantes de<br />
genéricos à mídia para ressaltar<br />
suas atuações nesse segmento.<br />
Mesmo com os limites impostos<br />
pela Agência Nacional de Vigilância<br />
Sanitária (Anvisa) para a<br />
comunicação de produtos dessa<br />
área, as <strong>empresas</strong> têm apostado<br />
alto em ações de marketing para<br />
levar vantagens nas vendas de<br />
produtos que são em média 35%<br />
mais baratos que os originais.<br />
A Hypermarcas, detentora do<br />
laboratório NeoQuímica, aposta<br />
no marketing esportivo para<br />
atrair os consumidores. A companhia<br />
passou de um investimento<br />
que era praticamente<br />
zero em 2009 para um montante<br />
de R$ 35 milhões em patrocínios<br />
com os times do Corinthians,<br />
Botafogo, Ceará e Criciúma. “É<br />
uma iniciativa que gera uma exposição<br />
muito grande em mídia<br />
espontânea. Estamos muito satisfeitos<br />
com os resultados”,<br />
afirma Claudio Bergamo, presidente<br />
da Hypermarcas.<br />
Nova leva<br />
A EMS, maior fabricante nacional<br />
de medicamentos com faturamento<br />
de R$ 2,45 bilhões em<br />
2009 havia obtido licença junto<br />
à Anvisa para produzir o genérico<br />
do Viagra. Nesta semana, ela<br />
aumentou a lista de novos remédios,<br />
ao conseguir permissão<br />
judicial para produzir um genérico<br />
do Lipitor (atorvastatina),<br />
cuja patente também pertence à<br />
Pfizer. Neste ano, as ações da<br />
empresa para a linha de consu-<br />
TRÊS PERGUNTAS A...<br />
...SCHER SOARES<br />
Consultor da Triunfo<br />
Consultoria e Treinamento<br />
“Medidas da<br />
Anvisa provocaram<br />
dúvidas no início”<br />
Divulgação<br />
A Hypermarcas,<br />
detentora do<br />
laboratório<br />
NeoQuímica, vai<br />
investir R$ 35 milhões<br />
em marketing<br />
esportivo, por meio<br />
de patrocínios aos<br />
times do Corinthians,<br />
Ceará, Botafogo<br />
e Criciúma<br />
Com experiência nas áreas de<br />
marketing, vendas e treinamento,<br />
Scher Soares diz que, devido<br />
as restrições a propaganda<br />
de genéricos, para ter um bom<br />
retorno de venda é preciso ter<br />
clareza dos objetivos que devem<br />
ser atingidos com as campanhas.<br />
Quais os cuidados para<br />
divulgar medicamentos<br />
genéricos?<br />
É preciso se certificar de utilizar<br />
abordagens específicas para cada<br />
consumidor. Para falar de<br />
medicamentos que dependem de<br />
prescrição médica, é importante<br />
fazer o produto que está na loja<br />
girar por meio de uma<br />
comunicação com o gerador da<br />
mo receberam pelo menos R$ 35<br />
milhões em investimentos.<br />
Até o ano passado, EMS,<br />
Medley e Eurofarma não figuravam<br />
entre os maiores anunciantes<br />
do setor farmacêutico, pelo<br />
demanda, o médico. Contudo,<br />
para introduzir o produto no ponto<br />
de venda se faz necessário uma<br />
comunicação com o farmacista.<br />
Para os medicamentos isentos<br />
de prescrição, a empresa pode<br />
se comunicar diretamente<br />
com o consumidor final.<br />
Em cada caso, a solução e a<br />
abordagem de comunicação<br />
são diferentes, por ter objetivos<br />
específicos. Como a divulgação<br />
dos medicamentos genéricos é<br />
feita a partir da sua marca<br />
institucional, é preciso se certificar<br />
de que a mensagem esteja clara<br />
e que transmita os atributos<br />
da marca para garantir que<br />
o consumidor não se confunda<br />
ao longo do ciclo de compras.<br />
Daniela Conti/O Dia<br />
ranking do Grupo Meio &Mensagem,<br />
Ibope e Pricewaterhouse-<br />
Coopers. O setor como um todo<br />
movimentou, em 2009, R$ 606,9<br />
milhões. Para este ano, há chances<br />
de eles subirem no ranking. ■<br />
Como o senhor avalia as ações<br />
realizadas atualmente?<br />
As medidas da Anvisa<br />
provocaram muitas dúvidas de<br />
interpretação logo de início, o<br />
que resultou na adoção de mais<br />
cautela por parte das <strong>empresas</strong>.<br />
Mas um fator determinante<br />
foi a capacidade das agências<br />
em desenvolver soluções de<br />
comunicação que superem<br />
os desafios das marcas e dos<br />
produtos e alavanquem os<br />
resultados das fabricantes.<br />
Como divulgar uma boa<br />
ação sem ultrapassar os<br />
limites impostos pela Anvisa?<br />
Os cuidados com a<br />
automedicação e com o<br />
The Creators Project<br />
acontece em SP<br />
neste fim de semana<br />
No próximo sábado, dia 14, a<br />
capital paulista recebe a edição<br />
brasileira do Creators Project,<br />
evento que ocorre em todo o mundo<br />
com o objetivo de celebrar a<br />
criatividade e a cultura entre os<br />
meios de comunicação. Das 12h de<br />
sábado às 2h de domingo, haverá<br />
exposições, exibição de filmes,<br />
palestras e shows. A iniciativa<br />
nasceu de uma parceria entre a<br />
Intel e a revista Vice, para promover,<br />
de forma diferente e independente,<br />
novos projetos e artistas.<br />
Concurso escolhe a<br />
melhor capa de livro<br />
Serão abertas hoje, durante a<br />
21ª edição da Bienal do Livro<br />
de São Paulo, que ocorre no<br />
Anhembi, na zona norte da capital<br />
paulista, as inscrições do Concurso<br />
Melhor Capa de Livro 2010,<br />
realizado pela Getty Images <strong>Brasil</strong>.<br />
A iniciativa visa premiar os<br />
profissionais de design que se<br />
destacaram no segmento. As<br />
capas inscritas serão avaliadas por<br />
um júri composto por profissionais<br />
do mercado editorial e profissionais<br />
do mercado publicitário. Além de<br />
um troféu, o vencedor leva uma<br />
filmadora digital da marca JVC.<br />
uso inadequado dos<br />
medicamentos devem ser<br />
uma preocupação de todos que<br />
estão no mercado da saúde.<br />
É responsabilidade das<br />
agências aprimorarem seu<br />
processo de planejamento<br />
estratégico de maneira a<br />
desenvolver alternativas<br />
efetivas de comunicação<br />
dentro dos parâmetros legais.<br />
Em suma, a solução é uma<br />
combinação de esforços<br />
e de complementaridade de<br />
papéis entre um cliente bom<br />
e uma agência boa. Se há<br />
clareza de desafios a serem<br />
superados via comunicação<br />
e especificidade de objetivos,<br />
melhores são as campanhas.
ANÚNCIO DA SEMANA<br />
Divulgação<br />
A peça é ilustrada com a imagem<br />
de um sombrio cemitério com folhas<br />
secas de árvores sobre túmulos mal<br />
conservados. A iniciativa foi de criar<br />
um ambiente de total abandono, para<br />
ressaltar que o lugar não tem qualquer<br />
sinal de movimentação de pessoas,<br />
sendo esta uma condição necessária<br />
para ativar o produto divulgado.<br />
No canto direito, o produto borrifa<br />
para divulgar o aromatizante de ar<br />
automático com sensor de movimento.<br />
Ultra Music Festival chega ao <strong>Brasil</strong><br />
Com atrações de peso como Carl Cox, Fatboy Slim e Moby, o evento chega<br />
ao país no dia 06 de novembro, em São Paulo, com realização da agência<br />
de marketing F,Frison. O diretor de produção será Jim Baggott, o mesmo<br />
que produziu a festa de abertura da Copa do Mundo na África do Sul.<br />
Criado há 12 anos, o Ultra Music Festival é realizado anualmente<br />
em Miami, Ibiza, Nova York e Porto Rico. O evento terá capacidade<br />
para 30 mil pessoas e as vendas dos ingressos começam neste mês.<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Agência: Giovanni+Draftfcb<br />
Cliente: S.C. Johnson<br />
Criação: Felipe Gomes e Rodrigo Dorfman<br />
Direção de criação: Adilson Xavier, Cristina<br />
Amorim e Fernando Barcellos<br />
Atendimento: Alvaro Figueiredo e Claudia Mattos<br />
Aprovação do cliente: Aliucha Ramos<br />
Grafite nas embalagens<br />
Sprite convida consumidores para participar de criação<br />
Divulgação<br />
■ Até o próximo dia 3 de novembro, os consumidores<br />
do refrigerante Sprite, da Coca-Cola, poderão<br />
participar da ação “Refresque suas ideias”, para<br />
ilustrar quatro embalagens da marca que serão<br />
comercializadas no próximo verão. Para divulgar<br />
e inspirar os interessados na iniciativa, a Sprite<br />
coloca este mês no mercado uma edição limitada<br />
de novas latas, cujas ilustrações são assinadas por<br />
grafiteiros que são referência na arte urbana: Bruno<br />
Big, Fefê Talavera, Jotapê e Nina Moraes. Além das<br />
embalagens, a ação conta com peças para divulgação<br />
na TV, cinema, internet e pontos de venda, além<br />
de uma página com conteúdo sobre grafite para<br />
ajudar os interessados na busca por votos para<br />
suas ilustrações em mídias sociais. Para participar<br />
do concurso, o consumidor deve acessar o site da<br />
marca e escolher uma versão para a qual pretende<br />
desenvolver a estampa - Sprite regular ou Sprite<br />
2.Zero - e criar uma sugestão de arte utilizando<br />
uma ferramenta desenvolvida especialmente para<br />
a ação. Os 30 autores mais votados ganharão um<br />
videogame Xbox customizado da marca e o grupo<br />
de grafiteiros vai eleger as quatro ilustrações<br />
das latas do próximo verão. As peças offline da<br />
campanha foram criadas pela agência WMcCann<br />
enquanto as ações na internet tiveram participação<br />
das <strong>empresas</strong> RMG Connect, CI&T e JWT.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 35<br />
Divulgação<br />
criatividade@brasileconomico.com.br<br />
LUIZ FERNANDO<br />
BIAGIOTTI<br />
Professor de marketing dos<br />
cursos de graduação em<br />
administração e comunicação<br />
social da ESPM<br />
Dirigir em excesso<br />
faz mal à saúde?<br />
Depois dos medicamentos, bebidas e cigarros, agora é a<br />
vez da indústria automobilística inserir frases educativas<br />
e de advertência nas publicidades de veículos e outros<br />
produtos relacionados ao setor. Não se trata das tradicionais<br />
campanhas de prevenção feitas pelo governo. A partir<br />
de agora, toda publicidade do setor deverá conter uma<br />
das frases aprovadas pelo Denatran, não importando o<br />
conteúdo original da peça.<br />
Isso não chega a ser exatamente uma novidade no segmento.<br />
Uma intervenção sutil nas mensagens publicitárias<br />
da área, e que existe há anos, é a obrigatoriedade da inserção<br />
do logo do Ibama. Não existe uma regra definitiva sobre<br />
quando e onde colocar o selo. Basta que no decorrer do filme<br />
ou em algum lugar do anúncio impresso o selo apareça, o<br />
que não interfere no conteúdo criativo da mensagem. A<br />
questão agora é mais complicada, pois estamos falando em<br />
inserir frases inteiras, não apenas uma referência visual.<br />
O desafio é muito maior. O caminho suave é como fazem<br />
as <strong>empresas</strong> de bebidas, o velho e conhecido GC (gerador de<br />
caracteres) onde um locutor lê o texto ao final dos comerciais,<br />
comendo uma parte<br />
dos preciosos segun-<br />
As mensagens até<br />
agora aprovadas<br />
pelo Denatran<br />
primam pelo óbvio.<br />
Temos na verdade<br />
motoristas<br />
despreparados ou<br />
que não respeitam<br />
a lei por acreditar<br />
na impunidade<br />
dos da publicidade paga,<br />
o que não atrapalharia a<br />
mensagem, mas quebraria<br />
o ritmo dos anúncios.<br />
Mas, independentemente<br />
de aspectos técnicos, a<br />
pergunta é: a indústria<br />
automobilística deve ser<br />
responsável pela conscientização<br />
do que pode<br />
ser feito no trânsito?<br />
É indiscutível que o<br />
consumo de bebidas em<br />
excesso, o uso indiscriminado<br />
de medicamentos<br />
e o próprio cigarro<br />
causem mal à saúde e problemas para quem está por perto;<br />
mas o que automóveis têm a ver com isso? Dirigir em<br />
excesso faz mal à saúde? As mensagens até agora aprovadas<br />
pelo Denatran primam pelo óbvio. O que temos na<br />
verdade são motoristas despreparados ou que simplesmente<br />
não respeitam a lei por acreditar na impunidade.<br />
Temos, no <strong>Brasil</strong>, o Conselho de Autorregulamentação<br />
Publicitária (Conar) com a missão de impedir a publicidade<br />
enganosa ou abusiva, cujo código é referência mundial<br />
para a publicidade. Ou seja, o próprio mercado publicitário<br />
pune quem tenta iludir o consumidor, exigindo dos<br />
anunciantes ainda mais responsabilidade sobre suas mensagens.<br />
O setor automobilístico, altamente competitivo,<br />
investiu e investe em melhorias contínuas de seus produtos,<br />
especialmente no que diz respeito à segurança. A indústria<br />
vem fazendo a sua parte. Terá ela agora que se responsabilizar<br />
pelo processo de educação dos motoristas?<br />
Agências e anunciantes encontrarão maneiras criativas<br />
e pertinentes de inserir mensagens em suas peças publicitárias.<br />
Mas se continuar assim, logo teremos centenas de<br />
mensagens com frases de advertência para os mais diversos<br />
produtos. Já imaginou uma propaganda de sorvete<br />
com a frase no final dizendo: “Tomar sorvete com a garganta<br />
inflamada faz mal à saúde”. ■
36 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
FINANÇAS<br />
Bolsas podem ter queda<br />
histórica, prevê analista<br />
É isso que a consultoria americana Elliott Wave International, fundada por Robert<br />
Prechter, acredita que esteja prestes a acontecer nos mercados globais de ações<br />
Mariana Segala<br />
msegala@brasileconomico.com.br<br />
A recuperação das bolsas de valores<br />
globais desde o pior da<br />
crise financeira internacional,<br />
em 2008, pode estar prestes a<br />
ruir. É quase certo que o mundo<br />
esteja prestes a presenciar a<br />
maior queda dos mercados do<br />
último século — que seria, realmente,<br />
enorme, já que por “último<br />
século” se entende o período<br />
que compreendeu também<br />
o recuo de 89% do índice<br />
Dow Jones entre 1929 e 1932. A<br />
opinião, catastrófica e solitária,<br />
é do analista técnico Brian<br />
Whitmer, da consultoria americana<br />
Elliott Wave International,<br />
auto-intitulada maior empresa<br />
de projeções de mercado.<br />
“O declínio de 1929 levou à deflação<br />
e à depressão, e o de agora<br />
fará o mesmo”, afirmou<br />
Whitner ao BRASIL ECONÔMICO.<br />
“É imperativo que as pessoas<br />
ajam agora para proteger o seu<br />
bem-estar financeiro”, alertou.<br />
As projeções de Whitner partem<br />
do chamado Princípio das<br />
Ondas de Elliott, modelo técnico<br />
de acompanhamento dos preços<br />
do mercado financeiro que baseia<br />
toda a atuação da consultoria —<br />
fundada por Robert Prechter, um<br />
psicólogo de formação internacionalmente<br />
conhecido por sua<br />
atuação como analista de mercado.<br />
Em recente entrevista ao jornal<br />
americano The New York Times,<br />
Prechter sugeriu aos pequenos<br />
investidores que saiam completamente<br />
do mercado e mantenham<br />
dinheiro em caixa.<br />
Como outras teorias da análise<br />
técnica (ou gráfica), a de<br />
Elliott parte da análise do histórico<br />
das cotações das ações para<br />
inferir sobre o seu comportamento<br />
no futuro. Segundo esse<br />
modelo, os preços das ações movem-se<br />
em ciclos de cinco movimentos.<br />
O primeiro, o terceiro e<br />
o quinto movimentos formam a<br />
tendência principal (seja de alta,<br />
seja de baixa do mercado). Os<br />
dois movimentos intermediários<br />
(o segundo e o quarto) ocorrem<br />
no sentido oposto.<br />
“O mercado de hoje é histórico,<br />
porque um padrão de cinco<br />
ondas que começou no fundo,<br />
atingido na época da depressão,<br />
em 1932, acabou entre 1999 e<br />
Como os movimentos<br />
das bolsas antecipam<br />
os da economia real,<br />
o crescimento do<br />
<strong>Brasil</strong> hoje está<br />
apenas refletindo um<br />
rali de 18 meses do<br />
mercado de ações,<br />
avalia Brian Whitmer<br />
2000”, acredita Whitner. “Estamos<br />
esperando uma correção<br />
maior do que qualquer outra nos<br />
últimos 80 anos.” O otimismo<br />
que varou o mundo recentemente<br />
e assistiu à alta das ações atingiu<br />
proporções “maníacas”, nas<br />
palavras do analista, que excederam<br />
qualquer topo de mercado<br />
dos últimos cem anos ou mais.<br />
Visão tão pessimista do mercado,<br />
porém, não é compartilhada por<br />
outros analistas técnicos americanos.<br />
Alguns veem chances de<br />
desempenho positivo, ou “bull<br />
market” (leia mais abaixo).<br />
Mercado brasileiro<br />
Para Whitner, não há pior lugar<br />
para deixar o dinheiro hoje do que<br />
a Europa. “O ‘bear market’ (mercado<br />
de queda) europeu está longe<br />
do fim”, afirma. Entre os melhores<br />
mercados para o momento,<br />
destaque para Taiwan, Coreia do<br />
Sul e Indonésia. E quanto ao <strong>Brasil</strong>?<br />
“O Ibovespa mostra cinco ondas<br />
claras desde os pisos de 1998,<br />
indicando que o mercado brasileiro<br />
está em linha para cair junto<br />
com os outros mercado mundiais”,<br />
afirma o analista. Ele argumenta<br />
que o crescimento econômico<br />
do país reflete o rali das<br />
ações nos últimos 18 meses.<br />
Como conselho, para investidores<br />
de todo o mundo, Whitner afirma:<br />
“Movam-se para ativos seguros<br />
agora. Prevemos uma tendência<br />
deflacionária que logo se<br />
tornará uma recessão.” ■<br />
A FRASE<br />
Fotos: Divulgação<br />
Ralph Acampora<br />
Diretor da Alverita<br />
e professor<br />
do Instituto<br />
de Finanças<br />
de Nova York<br />
“Diferentemente dos<br />
superpessimistas, não<br />
vejo os mercados abaixo<br />
de seus pisos de 2008<br />
e 2009. O pior do desastre<br />
global ficou para trás,<br />
o que não significa que<br />
não veremos volatilidade<br />
nos mercados à frente”<br />
Philip Roth<br />
Chefe de<br />
Análise Técnica<br />
da corretora<br />
Miller Tabak<br />
“O mercado teve uma<br />
queda forte, que terminou<br />
em 1932, e depois viu<br />
vários altos e baixos até<br />
o fim da década. É esse<br />
o ambiente em que vivemos.<br />
Acho que o que veremos<br />
por um par de anos são<br />
ralis curtos seguidos<br />
por correções rápidas”<br />
“Movam-se<br />
para ativos<br />
seguros agora.<br />
Prevemos uma<br />
tendência<br />
deflacionária<br />
que logo se<br />
tornará uma<br />
depressão”<br />
Brian Whitmer, analista<br />
da consultoria Elliott<br />
Wave International.<br />
Previsão<br />
Analistas técnicos concordam que<br />
haverá volatilidade e uma correção<br />
no segundo semestre, mas<br />
afastam previsões catastróficas<br />
O quase fim dos tempos previsto<br />
pelos analistas da Elliott Wave<br />
International ecoa praticamente<br />
sozinho nas rodas de Wall Street.<br />
“Esta não é a minha visão”, afirmou<br />
Philip Roth, chefe de análise<br />
técnica da corretora americana<br />
Miller Tabak, ao BRASIL ECO-<br />
NÔMICO, admitindo, no entanto,<br />
não estar de todo otimista para<br />
os próximos anos. “Acho que<br />
podemos, sim, revisitar os pisos<br />
de 2009 e, quando digo isso, as<br />
pessoas se assustam.”<br />
Há, nos Estados Unidos, análises<br />
até mais otimistas que a de<br />
Roth. “Tenho uma opinião mais
Jim Young/Reuters<br />
Fed usa instrumentos ao estilo do Japão<br />
A decisão do Federal Reserve, presidido por Ben Bernanke, de<br />
manter o nível atual de seus ativos, intensifica o foco do banco<br />
central em instrumentos de política econômica similares aos usados<br />
pelo Japão na década passada, com pouco impacto. Ontem, o Fed<br />
estabeleceu um piso em seus ativos de US$ 2,05 trilhões, com o objetivo<br />
de estancar qualquer contração em seu balanço, ao elevar os custos<br />
dos empréstimos em tempos de desaceleração da atividade econômica.<br />
AGENDA DO DIA<br />
● A Serasa divulga os dados<br />
de inadimplência de julho.<br />
● A 1h30, sai a produção<br />
industrial de julho no Japão.<br />
● Às 9h30, sai o índice de preços<br />
de importados de julho nos EUA.<br />
● Às 9h30, sai o auxíliodesemprego<br />
semanal nos EUA.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 37<br />
está longe do consenso entre especialistas<br />
construtiva do que negativa, acho<br />
que os preços vão subir no segundo<br />
semestre”, destacou o estrategista-chefe<br />
de análise técnica para<br />
a América do Norte do Barclays<br />
Capital, C. MacNeil Curry.<br />
Não aos superbears<br />
Outros analistas técnicos se mostram,<br />
de fato, satisfeitos com o<br />
rumo das bolsas de valores globais.<br />
“Discordo totalmente dos<br />
‘superbears’ (super pessimistas)”,<br />
ressaltou o diretor da Alverita<br />
e professor do Instituto de Finanças<br />
de Nova York (a escola de<br />
Wall Street), Ralph Acampora.<br />
Entre maio e julho, Acampora,<br />
que trabalha com gestão de<br />
fundos de índices (ETFs), acreditava<br />
que os mercados globais poderiam<br />
experimentar ondas de<br />
vendas que os levassem a cair até<br />
25% em relação aos topos alcançados<br />
em abril. “Mas foi essa a<br />
extensão do meu pessimismo.<br />
Não vejo os mercados abaixo dos<br />
pisos de 2008 e 2009.” Para o<br />
analista — que se diz um otimista<br />
(ou “bull”, no jargão financeiro)<br />
orgulhoso do próprio status — o<br />
pior do desastre global já ficou<br />
para trás. Isso não significa, no<br />
entanto, que não se assistirá à<br />
volatilidade daqui por diante.<br />
Semelhanças e diferenças<br />
Para Roth, o atual momento vivenciado<br />
pelo mercado americano<br />
se parece muito, do ponto<br />
de vista técnico, com o de 1930.<br />
“O mercado teve uma queda<br />
forte, que terminou em 1932, e<br />
depois viu vários altos e baixos<br />
Os mercados globais<br />
devem assistir a uma<br />
sequência de ralis<br />
curtos seguidos por<br />
correções rápidas,<br />
avalia Philip Roth<br />
até o fim da década. É esse o<br />
ambiente que vivemos”, disse.<br />
Na crise passada, as bolsas<br />
conseguiram cobrir parte dos<br />
prejuízos com a recuperação de<br />
1932 a 1937, movimento que<br />
Roth compara com o ocorrido<br />
entre 2003 e 2007. Em 1938,<br />
houve uma queda forte e rápida,<br />
semelhante à de 2008, que logo<br />
foi corrigida, tal e qual foi o<br />
comportamento das ações entre<br />
2009 e 2010. “Não digo que o<br />
desempenho desta vez será<br />
igual àquele. Mas acho que o que<br />
veremos por um par de anos são<br />
ralis curtos seguidos por correções<br />
rápidas”, avalia o analista.<br />
Isso tudo pensando no mercado<br />
americano. Quando o assunto<br />
é o brasileiro, o cenário é<br />
um pouco diferente. O Ibovespa<br />
Jin Lee/Bloomberg<br />
Na avaliação da Elliott Wave International,<br />
a queda dos mercados será seguida<br />
por deflação e depressão da economia<br />
deve repetir a forma que os índices<br />
de ações dos EUA desenharem<br />
nos gráficos daqui para frente.<br />
“Mas a magnitude será consideravelmente<br />
diferente”, afirma<br />
Roth. Para ele, os períodos de<br />
correção que as bolsas americanas<br />
provavelmente vivenciarão<br />
neste segundo semestre servirão<br />
de teste para brasileira. “E sou<br />
otimista ao dizer que não será o<br />
maior teste”, avalia.<br />
Acampora lembra que, em<br />
dólares, o Ibovespa alcançou<br />
um piso em maio e, desde então,<br />
subiu cerca de 26%. “Eu<br />
ainda seria um sendo um investidor<br />
ativo em <strong>Brasil</strong>”, disse.<br />
“Mas teria em minha mente que<br />
não haverá nenhum grande<br />
avanço do mercado após os topos<br />
de dezembro.” ■ M.S.
38 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
FINANÇAS<br />
PESQUISA<br />
Índia é o país dos Brics com câmbio<br />
mais livre, informa estudo da CNI<br />
A crise econômica internacional expôs as diferenças na forma como<br />
<strong>Brasil</strong>, Rússia, Índia e China — os Bric — conduzem a política de câmbio.<br />
Nos últimos dois anos, entre maio de 2008 e maio de 2010, a Índia foi<br />
o único entre o grupo a apresentar um câmbio com pouca interferência<br />
do governo para promover a valorização ou a desvalorização da moeda,<br />
segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).<br />
Empresas<br />
fortalecem<br />
gestão para<br />
evitar fraudes<br />
Conjunto de normas conhecido como<br />
“compliance” ganha instituto no <strong>Brasil</strong><br />
Maria Luíza Filgueiras<br />
mfilgueiras@brasileconomico.com.br<br />
É difícil traduzir “compliance”<br />
em uma só palavra em português,<br />
mas fato é que o termo começou<br />
a ganhar espaço no<br />
mundo corporativo brasileiro,<br />
como sinônimo de um conjunto<br />
de regras de transparência, gestão<br />
de risco e práticas anticorrupção<br />
ou, pode-se dizer também,<br />
a parte jurídica da governança<br />
corporativa.<br />
Mundo afora, isso tem se<br />
traduzido na elaboração de leis<br />
punitivas não só sobre os administradores,<br />
mas também<br />
sobre a as companhias. No<br />
<strong>Brasil</strong>, há uma projeto de lei<br />
tramitando no Congresso Nacional<br />
sobre a questão. O documento<br />
foi elaborado pela<br />
Controladoria Geral da União,<br />
Ministério da Justiça, Casa Civil<br />
e Advocacia-Geral da União<br />
e inclui o impedimento a <strong>empresas</strong><br />
fraudulentas de usufruto<br />
de benefícios fiscais e a incidência<br />
de multas.<br />
Para o advogado Marcelo de<br />
Aguiar Coimbra, esse movimento<br />
deve se traduzir na criação<br />
de áreas independentes de<br />
compliance dentro das <strong>empresas</strong><br />
ou de profissionais de compliance<br />
que atuam em diferentes<br />
departamentos do grupo.<br />
“Mesmo que as <strong>empresas</strong> se<br />
considerem éticas, não têm<br />
consciência de que ser ético<br />
exige um programa de gestão da<br />
integridade”, define. “Isso depende<br />
não só do estabelecimento<br />
de normas internas mas da<br />
verificação do cumprimento<br />
dessas normas.”<br />
Com essa avaliação, Coimbra<br />
e mais 12 profissionais relacionados<br />
à atividade fundaram o<br />
Instituto de Compliance e Inte-<br />
“Mesmo que as<br />
<strong>empresas</strong> se<br />
considerem éticas,<br />
não têm consciência<br />
de que ser ético exige<br />
um programa de<br />
gestão da integridade<br />
Marcelo Coimbra<br />
gridade Corporativa (Icic), lançado<br />
oficialmente ontem, em<br />
São Paulo. “Queremos fomentar<br />
o debate sobre o tema e a defesa<br />
de implementação de regras de<br />
ética”, explica.<br />
Entre os fundadores, estão<br />
executivos de <strong>empresas</strong> consideradas<br />
modelos para o avanço de<br />
compliance — caso de Hannes<br />
Schollenberger, gerente de compliance<br />
e segurança corporativa<br />
para América Latina do grupo<br />
Henkel, e Gustavo Henrique<br />
França, responsável pela área no<br />
Mercosul no Grupo Solvay.<br />
O instituto já estava juridicamente<br />
constituído para o<br />
lançamento do Manual de<br />
Jock Fistick/Bloomberg<br />
Marcelo Coimbra, presidente<br />
do Icic: criação de leis e regras<br />
internas de ética corporativa<br />
é movimento global<br />
Compliance, feito em julho,<br />
com as regras básicas que as<br />
<strong>empresas</strong> devem adotar internamente,<br />
criando um programa<br />
interno para evitar corrupção,<br />
lavagem de dinheiro e<br />
operações fraudulentas como<br />
desvio de recursos e orçamentos<br />
superdimensionados.<br />
Quantificar o universo de<br />
companhias avançadas ou atrasadas<br />
nesse processo é um dos<br />
principais objetivos do Icic. Segundo<br />
Coimbra, <strong>empresas</strong> de<br />
capital aberto e subsidiárias de<br />
grupos internacionais no <strong>Brasil</strong><br />
são os mais avançados na implementação<br />
de programas de<br />
“gestão da ética”. ■<br />
BALANÇO<br />
ING tem lucro de US$ 1,43 bilhão no<br />
segundo trimestre por negócios bancários<br />
O grupo holandês ING apresentou lucro para o segundo trimestre no<br />
topo das estimativas, por força no banco de varejo, e disse que ainda<br />
procura realizar uma oferta inicial de ações (IPO, em inglês) para sua<br />
unidade de seguros. Mesmo com a queda do desempenho na área<br />
de banco de investimentos, por conta da volatilidade do mercado,<br />
o grupo apresentou um lucro líquido de € 1,09 bilhão (US$ 1,43 bilhão)<br />
TENDÊNCIA DE MERCADO<br />
1 2<br />
Estrutura interna<br />
da gestão de risco<br />
As companhias que já incluíram<br />
um profissional de compliance<br />
em sua estrutura têm alocado<br />
essa atividade junto ao<br />
departamento jurídico ou de<br />
comunicação interna. Para o Icic,<br />
o ideal é que as <strong>empresas</strong> tenham<br />
um departamento específico<br />
e independente ou agentes em<br />
cada área para cuidar do tema.<br />
Integração com<br />
governança<br />
Quando a companhia não<br />
opta por um departamento<br />
independente, uma tendência<br />
global, segundo Coimbra,<br />
é a criação da área de GRC —<br />
Governança, Risco e Compliance.<br />
“A rigor, até o presidente da<br />
companhia tem que se submeter<br />
às normas e investigação desse<br />
departamento”, exemplifica.
CÂMBIO<br />
China e Fed pressionam<br />
dólar, que sobe a R$ 1,77<br />
O dólar subiu pelo segundo dia ante o real ontem, refletindo a busca<br />
por segurança em todo o mundo, depois da reunião do Federal Reserve<br />
e de sinais menos vigorosos sobre a economia da China. A moeda<br />
americana avançou 0,68%, para R$ 1,770. Enquanto o mercado<br />
fechava no <strong>Brasil</strong>, o dólar subia 1,8% ante uma cesta com as principais<br />
divisas, como o euro, que operava abaixo de 1,29 dólar.<br />
3<br />
Bancos estão um<br />
passo à frente<br />
Ainda que tenham o que avançar<br />
nesse quesito, as instituições<br />
financeiras estão entre as mais<br />
desenvolvidas em implementação<br />
de processos de compliance.<br />
Isso porque são reguladas pelo<br />
Banco Central, que já exige regras<br />
rígidas de transparência e gestão<br />
de risco, bem como uma área<br />
de denúncia dentro da empresa.<br />
4<br />
Henrique Manreza<br />
Siemens é exemplo<br />
de reviravolta<br />
Punida por reguladores, a alemã<br />
Siemens é citada como exemplo<br />
atual da aplicação de normas<br />
de conduta corporativa ética.<br />
Após ser multada pela Securities<br />
Exchange Commission (SEC)<br />
nos Estados Unidos, criou um<br />
departamento de compliance na<br />
matriz e filiais, e é tida entre as<br />
<strong>empresas</strong> mais ativas no mundo.<br />
Amanda Andersen/Reuters<br />
MERCADOS<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 39<br />
Medida do Fed e China puxam<br />
queda nas bolsas da Europa<br />
O principal índice das ações europeias caiu pelo segundo dia seguido<br />
ontem. A queda nas bolsas ocorreu após a avaliação pessimista do<br />
Federal Reserve sobre a economia. A confiança também piorou após<br />
dados mostrarem que a expansão do investimento e da produção<br />
industrial na China desaceleraram mais no mês passado. o índice<br />
FTSEurofirst 300 caiu 2,03%, para 1.040 pontos.<br />
Banrisul tem lucro<br />
de R$ 183 mi no 2º tri<br />
Banco iniciou em maio programa<br />
para redução de despesas e<br />
melhora do índice de eficiência<br />
Ana Paula Ribeiro<br />
aribeiro@brasileconomico.com.br<br />
O aumento das receitas oriundas<br />
das operações de crédito e a<br />
redução de despesas elevaram o<br />
lucro líquido do Banrisul para<br />
R$ 183,1 milhões no segundo<br />
trimestre, valor 75,7% superior<br />
ao registrado em igual período<br />
de 2009. O presidente da instituição,<br />
Mateus Bandeira, afirma<br />
que as condições são favoráveis<br />
e o resultado devem se manter<br />
nos próximos meses de 2010. “O<br />
segundo semestre costuma ser o<br />
melhor e ainda temos a possibilidade<br />
de termos ganhos adicionais<br />
com o nosso programa de<br />
redução das despesas”, afirma.<br />
Em junho, a carteira de crédito<br />
do banco gaúcho era de<br />
R$ 15,442 bilhões, um aumento<br />
de 28% em 12 meses. A maior<br />
parte da expansão desse saldo decorre<br />
das operações com pessoas<br />
físicas, que cresceram 50,8% na<br />
comparação com junho de 2009 e<br />
chegaram a R$ 6,895 bilhões.<br />
Já o total das operações para<br />
<strong>empresas</strong>, outro segmento significativo<br />
na carteira do banco,<br />
apresentou uma evolução menor,<br />
14,2%, para R$ 6,841 bilhões.<br />
Apesar do ritmo inferior<br />
ao do mercado, Bandeira aposta<br />
no incremento dessa carteira.<br />
Uma das razões é a expectativa<br />
de maior volume nas operações<br />
de recebíveis de cartões.<br />
O Banrisul possui uma operação<br />
própria na área de cartões, a<br />
rede Banricompras, que passará a<br />
fazer o credenciamento de outras<br />
bandeiras, sendo que já conseguiu<br />
a licença da MasterCard.<br />
“Agora somos multibandeira. Isso<br />
é um conforto a mais para o lojista<br />
e significa um maior potencial de<br />
negócios para nós”, explica. A<br />
projeção para o crescimento da<br />
carteira de crédito em 2010 foi<br />
mantida entre 22% e 28%.<br />
Na avaliação do executivo,<br />
caso o custo de captação do banco<br />
se mantenha, será possível inclusive<br />
manter para os próximos<br />
meses a margem financeira,<br />
mesmo com redução dos spreads.<br />
No segundo trimestre, a margem<br />
foi de R$ 710,9 milhões, alta de<br />
11,3% em relação a igual período<br />
de 2009. A expectativa, de acordo<br />
com Bandeira, decorre do<br />
Divulgação<br />
Mateus Bandeira<br />
Presidente<br />
do Banrisul<br />
“Enxergamos nos próximos<br />
meses uma melhora nos índices<br />
de atraso, porque a qualidade<br />
na concessão de crédito está<br />
maior. A inadimplência acima<br />
de 60 dias chegou a 3,2% em<br />
junho, ante 4,1% há 12 meses”<br />
custo de captação do banco, baseado<br />
nos depósitos de clientes.<br />
“É uma fonte estável e de baixo<br />
custo. Ficou em 78,2% da Selic<br />
no último período”, conta.<br />
Se por um lado o crédito deve<br />
continuar em crescimento, com<br />
o incremento das receitas, o<br />
banco trabalha também para a<br />
redução das despesas. O plano,<br />
lançado em maio, inclui todas as<br />
áreas do banco e a revisão de<br />
contratos com fornecedores. No<br />
segundo trimestre, a categoria<br />
outras despesas operacionais,<br />
apresentou queda de 58,3% em<br />
relação a igual período de 2009.<br />
Já o índice de eficiência melhorou,<br />
passando de 54% para<br />
50,5% (nesse índice, quanto<br />
menor, melhor o resultado).<br />
A rentabilidade sobre o patrimônio<br />
líquido médio passou de<br />
13,8% no segundo trimestre do<br />
ano passado para 22,4% entre<br />
abril e junho de 2010. ■<br />
MAKRO ATACADISTA S.A.<br />
CNPJ/MF nº 47.427.653/0001-15 - NIRE nº 353.001.140-60<br />
EDITAL DE CONVOCAÇÃO<br />
Ficam convidados os senhores acionistas da Companhia a se reunirem em Assembléia Geral<br />
Ordinária, no dia 20 de agosto de 2010, às 14:00 horas, na sede social, situada na Rua<br />
Carlos Lisdegno Carlucci, 519, nesta Capital, para deliberarem sobre a seguinte Ordem do<br />
Dia: (a) renúncia de membros do Conselho de Administração e do Conselho Consultivo da<br />
sociedade; (b) eleição de membro do Conselho de Administração e do Conselho Consultivo<br />
da sociedade; (c) ratificação da eleição dos demais membros do Conselho de Administração e<br />
do Conselho Consultivo realizada através da AGO de 30 de abril de 2010; (d) outros assuntos<br />
de interesse da Companhia. Os acionistas, seus representantes legais ou procuradores, para<br />
participarem da Assembléia ora convocada, deverão observar as disposições previstas no<br />
artigo 126 da Lei nº 6.404/76, conforme alterada. São Paulo, 10 de agosto de 2010. EDWIN<br />
ADRIAAN LEIJNSE - Presidente substituto do Conselho de Administração. (11,12,13)<br />
AGÊNCIA DE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO<br />
DE PROCESSOS — AMGESP<br />
AVISO DE LICITAÇÃO<br />
Processo: 4105-363/2010<br />
Modalidade: Pregão Eletrônico n.º AMGESP-10.108/2010<br />
Tipo: menor preço por item<br />
Objeto: RP para eventual aquisição de medicamentos (farmácia<br />
básica) destinado a todo Estado.<br />
Data de realização: 31 de agosto de 2010 às 09:00 h.<br />
Processo: 4105-359/2010<br />
Modalidade: Pregão Eletrônico n.º AMGESP-10.109/2010<br />
Tipo: menor preço por item<br />
Objeto: RP para eventual aquisição de medicamentos (farmácia<br />
básica) destinado a todo Estado.<br />
Data de realização: 31 de agosto de 2010 às 09:00 h.<br />
Disponibilidade: endereço eletrônico www.comprasnet.gov.br<br />
Todas as referências de tempo obedecerão ao horário de Brasília/DF<br />
Informações: Fone: 82 3315-3477, Fax: 82 3315-7246/7241/7240<br />
Maceió, 11 de agosto de 2010
40 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
FINANÇAS<br />
AJUDA<br />
Dívida pública alemã pode chegar<br />
a 90% do PIB com “banco ruim”<br />
O pacote de ajuda da Alemanha para o setor bancário pode elevar o<br />
nível da dívida pública do país para 90% do Produto Interno Bruto (PIB),<br />
afirmou o jornal semanal alemão Die Zeit. O jornal baseou a estimativa na<br />
recente decisão do Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat)<br />
de pedir à Alemanha para incluir os balanços dos bancos estatais ruins —<br />
criados para absorver ativos tóxicos e limpar os balanços de instituições.<br />
Acesso a crédito faz<br />
aumentar fatia de<br />
jovens endividados<br />
Empresas especializadas em recuperação do crédito adotam<br />
técnicas inovadoras para cobrar novos donos de cartões<br />
Conrado Mazzoni<br />
cmazzoni@brasileconomico.com.br<br />
O momento favorável da economia<br />
brasileira dá respaldo para<br />
uma evolução firme do crédito.<br />
No ambiente de maior concorrência<br />
entre as instituições financeiras,<br />
os níveis de inadimplência<br />
merecem ainda mais<br />
atenção. Atualmente, o exercício<br />
é redobrado, considerando o<br />
aumento da participação dos jovens<br />
entre os tomadores de financiamento<br />
para compras.<br />
O crescimento econômico do<br />
país e a queda nas taxas de desemprego<br />
são os pilares fundamentais<br />
do aquecimento do<br />
crédito. É aí que entra o apetite<br />
dos jovens, equipados pela disseminação<br />
do cartão de crédito.<br />
Para tratar com lupa essa questão,<br />
os bancos têm procurado os<br />
trabalhos de <strong>empresas</strong> especializadas<br />
na recuperação de crédito,<br />
que desenvolvem técnicas<br />
de cobrança específicas.<br />
É o caso da Cercred. Segundo<br />
o diretor Leonardo Coimbra, o<br />
leque de atuação da companhia<br />
tem percebido sensível avanço<br />
desses “novos consumidores”.<br />
“É preciso buscar alternativas<br />
para atendê-los, pois como o<br />
mercado está bem competitivo,<br />
a questão da inadimplência precisa<br />
estar muito bem alinhada”,<br />
destaca. O mercado de recuperação<br />
de crédito no <strong>Brasil</strong> já mobiliza<br />
R$ 8,64 bilhões por ano.<br />
O perfil básico é um jovem<br />
universitário que ingressou no<br />
mercado de trabalho e realiza o<br />
primeiro crédito via cartão. As<br />
técnicas de cobrança para atendê-lo<br />
na negociação de suas dívidas<br />
incluem mensagens de<br />
textos no celular (SMS) e até<br />
mesmo eventos com palestras<br />
de planejamento financeiro. No<br />
caso da Cercred, há também<br />
motoqueiros treinados para ir<br />
até a casa dos clientes prestar<br />
auxílio. Coimbra pondera que<br />
esse cenário reflete menos algo<br />
alarmante de inadimplência no<br />
“Os jovens realmente<br />
têm tomado mais<br />
crédito no mercado,<br />
mas não é nada<br />
alarmante. A dívida<br />
ocorre por ser o<br />
primeiro crédito,<br />
compatível com o<br />
primeiro emprego<br />
Leonardo Coimbra,<br />
diretor da Cercred<br />
André Valentim<br />
país do do que um natural amadurecimento<br />
do mercado. “Os<br />
jovens realmente têm tomado<br />
mais crédito no mercado, mas<br />
não é nada alarmante. A dívida<br />
ocorre por ser o primeiro crédito,<br />
compatível com o primeiro<br />
emprego. Mas é um público<br />
que, em geral, paga bem.”<br />
Inadimplência<br />
Segundo dados da Associação<br />
Nacional dos Executivos de Finanças,<br />
Administração e Contabilidade<br />
(Anefac), as taxas de<br />
juros nas operações de crédito<br />
caíram no mês de julho, ante<br />
junho, a despeito do ciclo de<br />
elevação da Selic implementado<br />
pelo Banco Central.<br />
De janeiro até o mês passado,<br />
dentre as linhas pesquisadas<br />
pela associação no caso de pessoa<br />
física, o cartão de crédito e o<br />
cheque especial registram ligeiro<br />
aumento nas taxas, na contramão<br />
do empréstimo pessoal.<br />
Uma evidência da maior parcela<br />
de jovens no crédito.<br />
O nível de inadimplência calculado<br />
pela Anefac somente<br />
para pessoa física está em 6,6%,<br />
caindo ante os 8,5% do ano passado.<br />
No cheque especial, chega<br />
a 9,1%, e para a aquisição de outros<br />
bens, 10,6%. A mais baixa é<br />
do financiamento de veículos,<br />
de 3,3%. Segundo especialistas<br />
em recuperação de crédito, a<br />
inadimplência no nicho de veículos<br />
é baixa entre os jovens.<br />
Muitas vezes o próprio pai realiza<br />
a compra. Há quem perceba<br />
também um gradual aprimoramento<br />
na relação do brasileiro<br />
perante os bancos.<br />
Um panorama de oportunidades.<br />
Fernando Manfio, sócioconsultor<br />
da consultoria WitRisk,<br />
especializada em gestão<br />
do risco de crédito, enxerga um<br />
vetor de crescimento nas modalidades<br />
voltadas a indivíduos<br />
com idade mais baixa. “O crédito<br />
estudantil junto com o<br />
imobiliário são as grandes estrelas<br />
dos próximos anos.” ■<br />
COMMODITY<br />
AIE alerta para efeito de desaceleração<br />
sobre consumo de petróleo<br />
A Agência Internacional de Energia (AIE) alerta para os possíveis efeitos<br />
da desaceleração econômica mundial sobre o consumo de petróleo.<br />
“A perspectiva econômica global é altamente incerta, representando<br />
risco de queda para o crescimento futuro da demanda por petróleo”,<br />
diz o relatório mensal da entidade, divulgado ontem. A AIE trabalha com<br />
a perspectiva de crescimento global de 4,5% neste ano e 4,3% em 2011.<br />
TAXA DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA<br />
No acumulado de 2010, as linhas de cartão de crédito e o cheque<br />
especial registram ligeiro aumento nas taxas, um reflexo, entre outros<br />
fatores, da bancarização de jovens no país<br />
TIPO DE<br />
FINANCIAMENTO<br />
COMÉRCIO<br />
CARTÃO DE CRÉDITO<br />
CHEQUE ESPECIAL<br />
CDC BANCOS<br />
EMPRÉSTIMO PESSOAL BANCOS<br />
EMPRÉSTIMO PESSOAL FINANCEIRAS<br />
TAXA MÉDIA<br />
Fonte: Anefac<br />
JANEIRO/2010<br />
TAXA/MÊS TAXA/ANO<br />
5,79%<br />
10,66%<br />
7,32%<br />
2,43%<br />
4,88%<br />
10,12%<br />
6,87%<br />
96,49%<br />
237,20%<br />
133,44%<br />
33,39%<br />
77,14%<br />
217,98%<br />
121,96%<br />
JULHO/2010<br />
TAXA/MÊS TAXA/ANO QUEDA, EM PONTOS<br />
PERCENTUAIS<br />
5,78%<br />
10,69%<br />
7,47%<br />
2,46%<br />
4,85%<br />
9,82%<br />
6,85%<br />
96,26%<br />
238,30%<br />
137,38%<br />
33,86%<br />
76,53%<br />
207,74%<br />
121,46%<br />
-0,23<br />
1,10<br />
3,94<br />
0,47<br />
0,61<br />
-10,245<br />
-0,50
BANCOS<br />
Lucro do Pine sobe 63,3% no segundo<br />
trimestre e chega a R$ 35,6 milhões<br />
O banco Pine apresentou no segundo trimestre do ano um lucro<br />
líquido de R$ 35,605 milhões, um crescimento de 63,3% na comparação<br />
com igual período de 2009. A carteira de crédito da instituição somava<br />
ao final de junho R$ 5,208 bilhões, um avanço de 32,8% em 12 meses.<br />
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio no período ficou<br />
em 17,9%, um incremento de 6,8 pontos percentuais em 12 meses.<br />
SEMARC >2010<br />
Relacionamento com o Consumidor ><br />
< Perspectivas para a Próxima Década<br />
Promoção especial para<br />
universitários: R$ 250.<br />
18 e 19 de Agosto, 2010<br />
Hotel Tivoli Mofarrej · Alameda Santos, 1.437, SP<br />
Informações e Inscrições: www.febraban.org.br<br />
Twitter: @semarc_2010<br />
Marcela Beltrão<br />
Facilidade de acesso atrai<br />
jovens ao crédito, mobilizando<br />
práticas especializadas de<br />
cobrança de dívidas<br />
Participações Confirmadas<br />
Daniel Moore/SXC<br />
· Romero Rodrigues, fundador e diretor do BuscaPé<br />
· Caíto Maia, presidente da Chilli Beans<br />
· Débora Fontenelle, diretora da SC Serviços ao Consumidor<br />
· Luca Cavalcanti, diretor setorial de Marketing<br />
e Comunicação da FEBRABAN<br />
· Marcelo Linardi, diretor setorial adjunto de Ouvidorias<br />
e Relações com Clientes da FEBRABAN<br />
· Eline Kullock, presidente do Grupo Foco<br />
· Carlos Alberto Sardenberg, comentarista econômico<br />
da Rede Globo e âncora da Rádio CBN<br />
· Ricardo Voltolini, professor da FIA/USP e diretor da IDEIA<br />
Sustentável Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade<br />
· Renato Meirelles, diretor do instituto Data Popular<br />
· Júlio Marques, ouvidor do Bradesco<br />
· Marcos de Barros Lisboa, vice-presidente da FEBRABAN<br />
CONTA CORRENTE<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 41<br />
Fluxo cambial está positivo<br />
em US$ 1,791 bilhão em agosto<br />
O saldo da entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial)<br />
está positivo em US$ 1,791 bilhão em agosto, de 2 até 6, conforme<br />
dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Já o fluxo<br />
comercial está negativo em US$ 591 milhões, enquanto o financeiro<br />
está positivo em US$ 2,382 bilhões. No acumulado do ano,<br />
o fluxo de câmbio está positivo em US$ 5,867 bilhões.<br />
Tendência é de queda<br />
das taxas de juro<br />
Vice-presidente da Anefac<br />
projeta continuidade de declínio,<br />
de olho nas indicações do BC<br />
Somado ao bom momento da<br />
economia, com mais gente empregada<br />
e queda da inadimplência,<br />
o quadro econômico no<br />
exterior anima o vice-presidente<br />
da Associação Nacional dos<br />
Executivos de Finanças, Administração<br />
e Contabilidade (Anefac),<br />
Miguel Oliveira. A normalização<br />
do crédito no mercado<br />
externo após o período turbulento<br />
na crise europeia é um dos<br />
indutores da queda nas taxas de<br />
juros. Para completar, “maior<br />
competição do setor financeiro<br />
leva os bancos a não repassarem<br />
a alta da Selic”, afirma.<br />
De acordo com dados da associação,<br />
os juros nas operações<br />
de crédito caíram no mês de julho,<br />
mesmo diante do ciclo de<br />
aperto monetário promovido<br />
pelo Banco Central. A taxa média<br />
de juros cobrada nos financiamentos<br />
à pessoa física recuou<br />
0,05 ponto percentual,<br />
registrando a menor taxa desde<br />
abril de 2010, quando ficou em<br />
6,82%. “Por esses fatores, a<br />
tendência é que as taxas de juros<br />
continuem em queda”, projeta<br />
Oliveira. O nível de inadimplência<br />
está em 5%, ante<br />
5,5% do início de 2010.<br />
Fernando Manfio, sócio-consultor<br />
da consultoria WitRisk,<br />
tem acompanhado essa métrica.<br />
“Em geral, temos uma redu-<br />
Redução ligeira<br />
da inadimplência,<br />
que tem peso menor<br />
hoje no volume total,<br />
reflete a própria<br />
aceleração do crédito<br />
patrocínio diamante patrocínio prata<br />
apoio institucional<br />
apoio de mídia<br />
apoio técnico<br />
ção pequena na inadimplência<br />
até pela aceleração do próprio<br />
crédito”. Com o mercado mais<br />
confiante e concedendo mais<br />
crédito, o peso da inadimplência<br />
é menor do que em momentos<br />
de vacas magras.<br />
Além disso, acrescenta ele,<br />
ocorre o efeito da mescla da carteira.<br />
Como produtos com juros<br />
menores (crédito de veículos e<br />
consignado) cresceram mais<br />
que o resto, há um impacto na<br />
amostra geral da inadimplência.<br />
“O mix puxa para uma<br />
taxa menor”, observa.<br />
Selic<br />
Cresce entre os agentes econômicos<br />
a perspectiva de fim do<br />
ciclo de alta nos juros, com a<br />
reunião do Comitê de Política<br />
Monetária do Banco Central<br />
(Copom) de 1º de setembro sacramentando<br />
a manutenção do<br />
patamar atual de 10,75% ao ano.<br />
A moderação da atividade econômica<br />
brasileira motivou a autoridade<br />
a reduzir o ritmo de<br />
aperto. Bom sinal para as taxas<br />
que chegam ao consumidor.<br />
Oliveira vai além. Ele acredita<br />
que, daqui para a frente, reduções<br />
das taxas de juros seja<br />
para produção (pessoa jurídica)<br />
como para consumo (pessoa física)<br />
devem ficar em patamares<br />
superiores às quedas da Selic.<br />
Suas projeções apontam que o<br />
volume total do crédito deve<br />
atingir 50% do Produto Interno<br />
Bruto (PIB) neste ano. ■ C.M.<br />
apoio acadêmico
42 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
INVESTIMENTOS<br />
Vanessa Correia<br />
vcorreia@brasileconomico.com.br<br />
Mau humor externo faz Bovespa recuar<br />
2,13% e voltar à casa dos 65 mil pontos<br />
Mercados financeiros mundo afora repercutiram,<br />
pelo segundo dia consecutivo, o<br />
tom pessimista que o Federal Reserve<br />
(Fed, banco central americano) entoou —<br />
no início da semana — sobre o ritmo de<br />
crescimento econômico nos Estados Unidos.<br />
Para agravar o cenário, dados econômicos<br />
chineses, aquém dos projetados, levaram<br />
as principais bolsas de valores a recuarem<br />
forte ontem.<br />
A bolsa brasileira não deixou de refletir o<br />
mau humor externo e encerrou o pregão —<br />
o quarto consecutivo — em queda de 2,13%,<br />
aos 65.790 pontos, patamar ao qual não retornava<br />
desde 22 de julho. Na semana, o<br />
principal índice acionário da BM&FBovespa<br />
acumula desvalorização de 3,38%. No ano,<br />
a queda da bolsa já é de 4,08%.<br />
Na terça-feira, o Fed — além de anunciar<br />
manutenção da taxa básica de juros entre<br />
zero e 0,25% — disse que a recuperação<br />
econômica deverá ser mais modesta do que<br />
o antecipado anteriormente. O banco central<br />
americano também anunciou que irá<br />
reinvestir os pagamentos obtidos com ativos<br />
lastreados em hipotecas para a compra<br />
de títulos de longo prazo do Tesouro, de<br />
forma a manter o tamanho de seu balanço.<br />
Além disso, o déficit comercial americano<br />
atingiu, em junho, o maior patamar dos últimos<br />
20 meses, a US$ 49,9 bilhões.<br />
Com relação à China, a Agência Nacional<br />
de Estatísticas do país informou que o crescimento<br />
anual da produção industrial desacelerou<br />
em julho para 13,4%, ante 13,7%<br />
em junho. No dia anterior, o governo havia<br />
divulgado que as importações chinesas desaceleraram<br />
em julho.<br />
PARA BAIXO<br />
Bolsas de valores mundo afora repercutem dados externos<br />
VARIAÇÃO DAS BOLSAS ONTEM<br />
De acordo com Marianna Costa, economista<br />
da Link Investimentos, as informações<br />
vindas dos Estados Unidos e China não<br />
foram tão ruins a ponto de levarem as principais<br />
bolsas a caírem. “O banco central<br />
americano falou o que já sabíamos. Na China,<br />
o que pesou foi o crescimento, menor<br />
que o esperado, da produção industrial. Então<br />
acredito que a queda generalizada foi um<br />
pretexto os investidores venderem ações<br />
que haviam subido dias antes”, afirma.<br />
Futuro incerto?<br />
Apesar do atual cenário negativo, a economista<br />
da Link Investimentos acredita<br />
que não há motivos para preocupações<br />
quanto ao processo de recuperação econômica<br />
mundial.<br />
“No nosso entendimento, o processo de<br />
retomada do crescimento não foi revertido.<br />
É possível que vejamos uma recuperação<br />
mais lenta que a projetada no início do ano,<br />
mas, ainda assim, será de crescimento”,<br />
pondera Marianna.<br />
Temporada de balanços<br />
A temporada brasileira de resultados trimestrais<br />
vai de vento em popa. Ontem, foram<br />
divulgados os resultados da Suzano Papel<br />
e Celulose, OGX, Ultrapar, Odontoprev,<br />
Paranapanema, CPFL, entre outras.<br />
Mas nenhuma das companhias citadas<br />
acima esteve entre as maiores altas do Ibovespa.<br />
Os destaques foram Lojas Renner ON<br />
(2%), Natura ON (1,41%) e Vivo PN (1,27%).<br />
Na ponta oposta estiveram as ações da Fibria<br />
ON (-5,33%), Metalúrgica Gerdau PN<br />
(-5,09) e Gerdau PN (-4,54%). ■<br />
MADRI (IBEX 35)<br />
-3,21%<br />
MILÃO (MIBTEL)<br />
-3,04%<br />
NOVA YORK (NASDAQ)<br />
-3,01%<br />
PARIS (CAC 40)<br />
-2,74%<br />
TÓQUIO (NIKKEI)<br />
-2,70%<br />
EUROPA (EURONEXT)<br />
-2,50%<br />
NOVA YORK (DOW JONES)<br />
-2,49%<br />
LONDRES (FTSE-100)<br />
-2,44%<br />
BUENOS AIRES (MERVAL)<br />
-2,21%<br />
SÃO PAULO (IBOVESPA)<br />
-2,13%<br />
FRANKFURT (DAX)<br />
-2,10%<br />
LISBOA (PSI GERAL)<br />
-2,00%<br />
MÉXICO (IPC)<br />
-1,92%<br />
ATENAS (COMPOSITE)<br />
-0,97%<br />
HONG KONG (HANG SENG)<br />
-0,83%<br />
MOSCOU (RTS2)<br />
-0,58%<br />
XANGAI (COMPOSITE)<br />
0,47%<br />
-3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5<br />
Fontes: Agências Internacionais e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
Entre as principais<br />
bolsas de valores<br />
mundiais, Madri foi<br />
a que apresentou a<br />
maior desvalorização,<br />
3,21%, seguida<br />
por Milão, que recuou<br />
3,04%.<br />
A surpresa ficou com<br />
a Bolsa de Xangai,<br />
que, mesmo com<br />
a divulgação<br />
de dados econômicos<br />
negativos, avançou<br />
0,47% no pregão<br />
de quarta-feira<br />
CSN<br />
Com fortes margens, BB BI<br />
recomenda compra do papel<br />
O resultado da Companhia<br />
Siderúrgica Nacional (CSN) no<br />
segundo trimestre reforçou<br />
a avaliação positiva da empresa<br />
feita pelo analista Antonio<br />
Emilio Bittencourt Ruiz, da BB<br />
Investimentos. A recomendação<br />
da casa é de compra para a ação<br />
da siderúrgica (CSNA3), com<br />
preço-alvo de R$ 34,00. “Mais uma<br />
vez a CSN apresentou um bom<br />
resultado. Continua trabalhando<br />
com alto nível de produção e<br />
registrando contínuos ganhos de<br />
margem”, destaca em relatório.<br />
Para o analista, a companhia<br />
continua se beneficiando do<br />
cenário para o mercado interno<br />
e aproveitando oportunidades<br />
de diversificação dos negócios,<br />
o que tem se refletido em maiores<br />
volumes vendidos. No último<br />
trimestre, a receita líquida<br />
da CSN atingiu R$ 3,87 bilhões,<br />
um aumento de 22% sobre a<br />
performance do primeiro trimestre<br />
deste ano e de 55% sobre igual<br />
período de 2009. “O aumento das<br />
receitas de mineração foi o grande<br />
motivo. Mais uma vez houve um<br />
maior direcionamento das vendas<br />
para o mercado doméstico, que<br />
representaram 89% do total”,<br />
destaca Ruiz. A margem bruta<br />
surpreendeu, com resultado acima<br />
do estimado — a margem foi de<br />
48,3%, 4,4 pontos percentuais<br />
maior acima da margem bruta<br />
dos primeiros três meses do ano.<br />
“Permanecemos otimistas<br />
em relação ao desempenho da<br />
empresa e aos seus diferenciais<br />
estratégicos em relação às<br />
perspectivas sobre o setor”, diz.<br />
SUZANO<br />
Proventos<br />
A Suzano Papel e Celulose<br />
pagará R$ 58,8 milhões em<br />
juros sobre capital próprio (JCP).<br />
O montante equivale a R$ 0,14<br />
por ação ON (SUZB3), R$ 0,15<br />
por ação PNA (SUZB5) e<br />
R$ 0,15 por ação PNB (SUZB6) —<br />
sem o desconto de Imposto<br />
de Renda (IR). Os valores serão<br />
pagos no dia 10 de setembro<br />
e só terão direito os detentores<br />
das ações em circulação na<br />
data base de 10 de agosto.<br />
As ações já são negociadas<br />
ex-direito a juros sobre o<br />
capital próprio desde ontem.<br />
GP Investimentos<br />
Barclays corta preço-alvo<br />
por conta de San Antonio<br />
Depois da publicação do balanço<br />
do segundo trimestre da GP<br />
Investimentos, o Barclays reviu<br />
as projeções para os negócios<br />
da empresa de investimentos<br />
e reduziu em 16% o preço-alvo<br />
da ação GPIV11 de R$ 10,50 para<br />
R$ 8,80. Segundo relatório<br />
assinado pelos analistas Henrique<br />
Caldeira e Roberto Attuch, a revisão<br />
de preço reflete principalmente<br />
expectativas menores a respeito<br />
de San Antonio, prestadora de<br />
serviços para o setor de óleo e<br />
gás, controlada pela GP. Para os<br />
analistas, a solução para melhorar<br />
a condição de crédito da empresa<br />
vai resultar em um custo maior<br />
para a recuperação do principal<br />
investido pela GP, assim como<br />
afetar a lucratividade dos dois<br />
fundos de private equity da GP.<br />
Mas os analistas ponderam<br />
também que as decisões recentes<br />
tomadas pelos administradores<br />
da GP sobre a companhia devem<br />
deixar menos espaço para uma<br />
piora de condições. Os riscos<br />
financeiros já estão descontados<br />
na projeção do Barclays.<br />
No segundo trimestre, o balanço<br />
da GP mostrou receitas negativas<br />
em US$ 178,7 milhões, com<br />
impacto já anunciado previamente<br />
com a rede odontológica Imbra,<br />
responsável por perda de<br />
US$ 71,5 milhões e uma redução<br />
ainda não realizada no valor sobre<br />
o investimento na San Antonio.<br />
A preocupação dos investidores<br />
com a solvência de curto prazo de<br />
San Antonio é uma das principais<br />
explicações para a desvalorização<br />
do papel da GP em bolsa no ano.<br />
ESTÁCIO DE SÁ<br />
Oferta<br />
A Estácio de Sá protocolou<br />
na Anbima pedido de registro<br />
de oferta pública primária<br />
e secundária de ações.<br />
Os acionistas são João Uchôa<br />
Cavalcanti Netto e Monique<br />
Uchôa Cavalcanti de Vasconcelos,<br />
que venderão 32,8 milhões de<br />
ações ordinárias e, na oferta<br />
primária, serão até 3,28 milhões.<br />
O preço de venda das ações<br />
será fixado após a finalização<br />
do procedimento de coleta<br />
de intenções. Ontem, os papéis<br />
da empresa despencaram<br />
9,45% na BM&FBovespa.
BOLSA<br />
Giro financeiro<br />
R$ 5,3 bilhões<br />
foi o volume financeiro registrado ontem no segmento<br />
acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou<br />
a sessão com variação negativa de 2,13%, aos 65.790 pontos.<br />
IBOVESPA<br />
Ação Código Cotação (R$) Rentabilidade* (%)<br />
Mínima Máxima Fechamento No dia No ano<br />
ALL AMER LAT UNT N2 ALLL11 15,80 16,36 15,98 -3,56 -1,90<br />
AMBEV PN AMBV4 181,04 183,05 181,40 -0,87 5,00<br />
B2W VAREJO ON BTOW3 29,25 29,69 29,30 -2,01 -38,54<br />
BMF BOVESPA ON BVMF3 12,77 13,04 12,90 -1,83 7,49<br />
BRADESCO PN BBDC4 30,70 31,37 30,95 -1,96 3,99<br />
BRADESPAR PN BRAP4 37,34 38,80 37,34 -4,08 -1,83<br />
BRASIL ON BBAS3 29,50 30,08 29,70 -2,01 3,78<br />
BRASIL TELEC PN BRTO4 10,86 11,03 10,93 -0,73 -34,75<br />
BRASKEM PNA BRKM5 13,10 13,60 13,43 -0,52 -4,62<br />
BRF FOODS ON BRFS3 23,05 23,98 23,06 -2,91 1,89<br />
CCR RODOVIAS ON CCRO3 39,44 40,23 39,70 -1,49 0,11<br />
CEMIG PN CMIG4 25,65 25,95 25,89 -0,99 -5,37<br />
CESP PNB CESP6 25,35 25,97 25,83 0,51 8,10<br />
CIELO ON CIEL3 15,71 15,89 15,83 -0,44 6,99<br />
COPEL PNB CPLE6 38,90 39,59 39,44 1,10 7,42<br />
COSAN ON CSAN3 23,95 24,88 24,50 -0,61 -2,38<br />
CPFL ENERGIA ON CPFE3 41,29 41,99 41,90 0,36 23,13<br />
CYRELA REALTY ON CYRE3 22,46 23,13 22,60 -1,31 -5,64<br />
DURATEX ON DTEX3 16,91 17,35 16,97 -2,53 5,58<br />
ECODIESEL ON ECOD3 0,86 0,88 0,87 0,00 -20,18<br />
ELETROBRAS ON ELET3 22,14 22,68 22,30 -1,72 -12,83<br />
ELETROBRAS PNB ELET6 26,47 27,25 26,68 -2,27 -10,48<br />
ELETROPAULO PNB ELPL6 32,25 32,66 32,39 -1,10 17,95<br />
EMBRAER ON EMBR3 11,07 11,46 11,07 -4,16 17,83<br />
FIBRIA ON FIBR3 27,31 28,36 27,31 -5,40 -30,14<br />
GAFISA ON GFSA3 12,14 12,40 12,19 -2,17 -12,78<br />
GERDAU PN GGBR4 24,86 25,65 24,86 -4,38 -14,28<br />
GERDAU MET PN GOAU4 30,13 31,22 30,13 -4,74 -13,28<br />
GOL PN GOLL4 23,44 24,24 23,95 -1,40 -5,19<br />
ITAUSA PN ITSA4 12,14 12,47 12,25 -2,46 6,33<br />
ITAUUNIBANCO PN ITUB4 37,01 37,85 37,47 -1,59 -0,80<br />
JBS ON JBSS3 8,08 8,35 8,25 1,60 -11,19<br />
KLABIN S/A PN KLBN4 4,82 4,94 4,83 -2,23 -6,85<br />
LIGHT S/A ON LIGT3 21,65 22,20 21,78 -1,85 -9,02<br />
LLX LOG ON LLXL3 9,07 9,37 9,33 0,32 -7,72<br />
LOJAS AMERIC PN LAME4 14,00 14,20 14,17 -0,91 -8,39<br />
LOJAS RENNER ON LREN3 52,32 54,30 54,00 1,93 40,06<br />
MMX MINER ON MMXM3 12,12 12,43 12,18 -3,94 21,56<br />
MRV ON MRVE3 14,21 14,85 14,36 -2,38 3,58<br />
NATURA ON NATU3 41,66 43,25 43,15 1,29 23,72<br />
NET PN NETC4 22,65 22,76 22,73 -0,09 -5,29<br />
OGX PETROLEO ON OGXP3 18,05 18,46 18,29 -0,05 6,96<br />
P.ACUCAR-CBD PNA PCAR5 56,75 57,34 56,98 -1,23 -11,51<br />
PDG REALT ON PDGR3 16,95 17,37 17,00 -2,30 -0,69<br />
PETROBRAS ON PETR3 31,63 32,50 31,65 -3,80 -22,53<br />
PETROBRAS PN PETR4 27,50 28,16 27,50 -3,20 -23,38<br />
REDECARD ON RDCD3 24,65 24,99 24,74 -1,24 -8,07<br />
ROSSI RESID ON RSID3 14,71 15,22 14,86 -2,81 -1,38<br />
SABESP ON SBSP3 33,77 34,82 33,90 -3,09 -0,91<br />
SID NACIONAL ON CSNA3 28,92 29,89 29,05 -3,87 7,17<br />
SOUZA CRUZ ON CRUZ3 73,20 74,40 73,70 -0,41 34,88<br />
TAM S/A PN TAMM4 27,92 28,91 28,49 -1,76 -21,54<br />
TELEMAR ON TNLP3 29,55 30,09 29,55 -1,50 -27,88<br />
TELEMAR PN TNLP4 24,80 25,18 24,89 -0,44 -25,75<br />
TELEMAR N L PNA TMAR5 44,14 45,02 44,81 1,15 -27,97<br />
TELESP PN TLPP4 36,95 37,26 37,26 -0,11 -7,59<br />
TIM PART S/A ON TCSL3 7,53 7,73 7,63 -0,78 6,71<br />
TIM PART S/A PN TCSL4 5,02 5,15 5,09 -0,97 2,31<br />
TRAN PAULIST PN TRPL4 47,71 48,63 48,20 -0,52 0,62<br />
ULTRAPAR PN UGPA4 90,30 91,74 91,08 -1,11 15,34<br />
USIMINAS ON USIM3 48,20 49,86 48,59 -3,48 -2,76<br />
USIMINAS PNA USIM5 47,70 48,85 48,15 -2,73 -2,24<br />
VALE ON VALE3 48,31 49,21 48,31 -3,38 -1,71<br />
VALE PNA VALE5 42,27 42,98 42,38 -2,80 1,26<br />
VIVO PN VIVO4 42,50 43,55 43,45 0,70 -16,76<br />
IBOVESPA IBOV 65690 67216 65790 -2,13 -4,08<br />
* Ajustada por proventos, inclusive dividendos. Fonte: Economatica<br />
IBOVESPA<br />
67.500<br />
66.875<br />
66.250<br />
65.625<br />
65.000<br />
10h<br />
Fonte: BM&FBovespa<br />
11h<br />
12h<br />
13h<br />
Máxima 67.216,74<br />
Mínima 65.690,39<br />
Fechamento 65.790,29<br />
14h<br />
15h<br />
(Em pontos)<br />
16h<br />
17h<br />
JURO<br />
Contrato futuro<br />
11,58%<br />
foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento<br />
em janeiro de 2012, o mais negociado ontem. O volume financeiro<br />
deste contrato foi de R$ 27,5 bilhões, em 320.335 negócios.<br />
21.200<br />
21.000<br />
20.800<br />
20.600<br />
20.400<br />
10h<br />
17h<br />
RENDA FIXA<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 43<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI 10/AGO 8,49 5,17 1,00 50.000<br />
BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI 10/AGO 8,49 5,16 1,00 -<br />
CAIXA FIC EXECUTIVO RF L PRAZO 10/AGO 7,87 4,83 1,10 30.000<br />
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO 10/AGO 7,34 4,52 1,50 5.000<br />
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI 11/AGO 7,27 4,49 2,00 5.000<br />
BRADESCO FIC DE FI RF MERCURIO 11/AGO 6,80 4,14 2,50 5.000<br />
BB RENDA FIXA 200 FIC FI 11/AGO 6,12 3,79 3,00 200<br />
BB RENDA FIXA 50 FIC FI 11/AGO 5,62 3,50 3,50 50<br />
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 11/AGO 5,21 3,18 4,00 300<br />
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI 10/AGO 5,17 3,20 4,00 100<br />
DI<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI 11/AGO 8,23 5,05 1,00 ND<br />
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI 11/AGO 8,20 5,00 1,00 80.000<br />
CAIXA FIC DI LONGO PRAZO 10/AGO 6,77 4,20 2,00 100<br />
BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI 11/AGO 6,60 4,08 2,50 5.000<br />
BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI 10/AGO 6,25 3,87 2,47 100<br />
BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI 11/AGO 6,00 3,72 3,00 200<br />
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS 11/AGO 5,43 3,46 3,00 30<br />
ITAU PREMIO REF DI FICFI 11/AGO 4,94 3,07 4,00 1.000<br />
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER 11/AGO 4,57 2,76 4,50 100<br />
SANTANDER FIC FI CLAS REF DI 11/AGO 4,21 2,61 5,00 100<br />
AÇÕES<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI 10/AGO 31,85 1,35 2,00 200<br />
CAIXA FMP FGTS VALE I 10/AGO 31,80 0,66 1,90 -<br />
BRADESCO FIC DE FIA 10/AGO 13,79 (3,65) 4,00 -<br />
BRADESCO FIC DE FIA IV 10/AGO 12,69 (3,76) ND -<br />
BRADESCO FIC DE FIA MAXI 10/AGO 12,36 (3,75) 4,00 -<br />
UNIBANCO BLUE FI ACOES 10/AGO 9,59 (6,28) 5,00 200<br />
ITAU ACOES FI 10/AGO 9,07 (8,04) 4,00 1.000<br />
MB FUNDO DE INV EM ACOES 10/AGO 8,49 (2,06) 7,00 100<br />
ALFA FIC DE FI EM ACOES 10/AGO 2,27 (10,45) 8,50 -<br />
BB ACOES PETROBRAS FIA 10/AGO (13,49) (20,67) 2,00 200<br />
MULTIMERCADOS<br />
Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />
12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />
REAL CAP PROT VGOGH 3 FI MULTIM 10/AGO 12,91 6,72 2,50 10.000<br />
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI 10/AGO 8,68 5,06 1,50 -<br />
REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM 10/AGO 8,58 5,52 2,30 5.000<br />
ITAU PERS K2 MULTIM FICFI 10/AGO 8,52 4,60 1,50 50.000<br />
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC 10/AGO 8,43 5,18 1,50 20.000<br />
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI 10/AGO 8,25 4,74 1,25 5.000<br />
ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI 10/AGO 8,04 0,65 2,00 5.000<br />
ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI 10/AGO 7,60 2,08 2,00 5.000<br />
ITAU PERS MULT MODERADO FICFI 10/AGO 7,41 2,75 2,00 5.000<br />
SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM 10/AGO 4,74 2,74 2,00 50.000<br />
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.<br />
Fonte: Anbima. Elaboração: <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />
IBRX-100 SMALL CAP - SMLL<br />
MIDLARGE CAP - MLCX<br />
1.250<br />
1.240<br />
1.230<br />
1.220<br />
1.210<br />
10h<br />
17h<br />
940<br />
930<br />
920<br />
910<br />
900<br />
10h<br />
17h
44 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
MUNDO<br />
Venezuela e Colômbia marcam<br />
Após retomada de relações diplomáticas, encontro bilateral direto vai definir criação de grupos de trabalho<br />
A chanceler da Colômbia, María<br />
Ángela Holguín, anunciou ontem<br />
que no dia 20 de agosto viajará a<br />
Caracas para reunir-se com seu<br />
colega da Venezuela, Nicolás Maduro,<br />
depois da decisão dos presidentes<br />
dos dois países de restabelecer<br />
as relações diplomáticas,<br />
tomada na noite de terça-feira.<br />
Holguín indicou aos meios de<br />
comunicação que no encontro<br />
com Maduro se tentará avançar<br />
no tema da formação das comissões<br />
que os presidentes Juan Manuel<br />
Santos, da Colômbia, e Hugo<br />
Chávez, da Venezuela, acerta-<br />
ram na reunião de terça em Santa<br />
Marta, no norte da Colômbia.<br />
Comissão quíntupla<br />
Durante o encontro, Chávez e<br />
Santos, Caracas e Bogotá acertaram<br />
a criação de cinco comissões<br />
de trabalho. Uma será destinada<br />
a atuar sobre o pagamento<br />
da dívida venezuelana aos<br />
exportadores colombianos - estimada<br />
em US$ 800 milhões -<br />
outra no setor de estímulo das<br />
relações comerciais bilaterais e a<br />
terceira que tratará da criação<br />
de um acordo de complementa-<br />
“O presidente<br />
Chávez me<br />
garantiu que<br />
não vai permitir<br />
a presença de<br />
grupos armados<br />
em seu território<br />
Juan Manuel Santos,<br />
presidente da Colômbia<br />
ção econômica entre os países.<br />
A quarta subcomissão vai<br />
cuidar das áreas de investimentos<br />
sociais e zona fronteiriça.<br />
Por fim, a quinta subcomissão<br />
que vai lidar com os setores de<br />
infraestrutura e segurança na<br />
fronteira comum.<br />
Santos considerou que “o resultado<br />
das conversações foi muito<br />
positivo”. “Estamos identificados,<br />
Chávez e eu, com a necessidade<br />
básica de promover o bem-estar<br />
de nossos povos, e vamos construir<br />
uma relação duradoura”.<br />
“O presidente Chávez me ga-<br />
rantiu que não vai permitir a<br />
presença de grupos armados em<br />
seu território. Acredito que isto é<br />
um passo importante para que<br />
nossas relações se mantenham<br />
sobre bases firmes”, completou<br />
o líder colombiano.<br />
Por sua vez, Chávez foi taxativo<br />
sobre a questão: “o governo<br />
que eu dirijo não apoia e nem<br />
apoiará grupos guerrilheiros,<br />
isto é uma infâmia”.<br />
A Venezuela decidiu romper relações<br />
com a Colômbia no final de<br />
julho, após o governo do então presidente<br />
colombiano, Alvaro Uribe,
Norberto Duarte/AFP<br />
Felipe Pinzon/AFP<br />
Chávez e Santos após o<br />
acordo: contra o apoio a grupos<br />
armados em solo colombiano<br />
reunião<br />
para resolver pendências entre países<br />
denunciar a presença de 1.500<br />
guerrilheiros das Forças Armadas<br />
Revolucionárias da Colômbia<br />
(Farc) no território venezuelano.<br />
Posição brasileira<br />
Já o <strong>Brasil</strong> comemorou o fim do<br />
impasse entre os países. Para o<br />
governo brasileiro, o restabelecimento<br />
das relações diplomáticas<br />
deve ser motivo de satisfação e a<br />
oportunidade para retomar o dinamismo<br />
e o entendimento na<br />
região. Em nota oficial, divulgada<br />
pelo Ministério das Relações<br />
Exteriores, o governo se coloca à<br />
Exames médicos confirmam linfoma em Lugo<br />
A Presidência paraguaia confirmou ontem que os exames feitos pelo<br />
presidente Fernando Lugo em São Paulo confirmaram o diagnóstico de<br />
linfoma. No entanto, de acordo com porta-voz, “o presidente está bem,<br />
com muito bom humor. Ele teria lido os jornais paraguaios via internet<br />
e pedido para não receber visitas. O governo negou que o líder do<br />
Paraguai já esteja recebendo tratamento e garantiu que ele deve ser<br />
liberado do hospital hoje, de posse de um diagnóstico completo.<br />
VENEZUELA 2<br />
Governo quer<br />
proibir controle da<br />
mídia por banqueiros<br />
Enquanto Chávez discute<br />
a paz com a Colômbia,<br />
a Assembleia Nacional da<br />
Venezuela se prepara para<br />
avaliar uma reforma da lei do<br />
sistema bancário, proposta<br />
pelo Executivo, que proíbe<br />
donos e diretores de meios de<br />
comunicação de ter participação<br />
acionária em instituições<br />
financeiras do país.<br />
A iniciativa “é destinada<br />
a desmantelar essa perversa<br />
relação entre meios de<br />
comunicação e setor financeiro”,<br />
declarou o vice-presidente<br />
Elias Jaua, depois de uma<br />
reunião com parlamentares,<br />
onde apresentou a proposta.<br />
O governo refere-se ao<br />
caso do Banco Federal, que<br />
será liquidado depois de ter<br />
sido fechado em junho passado<br />
pelas autoridades. O presidente<br />
da instituição, Nelson Mezerhane,<br />
é também um dos principais<br />
acionistas do canal Globovisión,<br />
o mais crítico ao governo<br />
venezuelano de Hugo Chávez.<br />
Sobre Mezerhane, foragido<br />
da Justiça, pesa uma ordem<br />
de prisão por fraude.<br />
Segundo Jaua, os diretores<br />
do Banco Federal enviavam<br />
mensagens através<br />
da Globovisión para “enganar<br />
os correntistas”, induzindo-os<br />
a depositar seu dinheiro<br />
nessa instituição.<br />
“Queremos evitar que os<br />
correntistas, que são quase<br />
7 milhões de venezuelanos,<br />
sejam novas vítimas de uma<br />
relação como a do Banco<br />
Federal e a Globovisión”,<br />
afirmou o vice-presidente. AFP<br />
disposição para cooperar na<br />
consolidação do acordo de paz.<br />
“O <strong>Brasil</strong> reitera sua disposição<br />
de seguir cooperando com<br />
as autoridades venezuelanas e<br />
colombianas para consolidar<br />
esta nova etapa de diálogo, em<br />
benefício da paz e da prosperidade<br />
regionais”, informou a<br />
nota oficial do Itamaraty.<br />
De acordo com o Ministério<br />
das Relações Exteriores, o entendimento<br />
entre a Venezuela e a Colômbia<br />
dará um novo impulso às<br />
relações políticas e econômicas<br />
na região. ■ AFP e Agência <strong>Brasil</strong><br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 45<br />
Déficit fiscal dos EUA<br />
fica abaixo do previsto<br />
Foi o 22º mês seguido de rombo,<br />
mas pela terceira vez seguida<br />
o valor do buraco diminuiu<br />
O déficit fiscal do governo<br />
americano em julho mantevese<br />
em queda em relação ao<br />
mesmo mês do ano anterior,<br />
segundo dados ontem pelo Departamento<br />
do Tesouro.<br />
O déficit foi de US$ 165 bilhões<br />
no mês, contra US$ 180,7<br />
bilhões do mesmo período de<br />
2009. A maior parte dos economistas<br />
previa uma cifra em torno<br />
de US$ 169 bilhões.<br />
Julho é tradicionalmente um<br />
mês de déficit para o governo,<br />
devido aos gastos elevados e<br />
sem uma data limite para o pagamento<br />
de impostos. Trata-se<br />
do 22º mês consecutivo de déficit<br />
no país. No entanto, pelo terceiro<br />
mês consecutivo, o Estado<br />
registrou um déficit menor que<br />
no mesmo mês do ano anterior.<br />
Nos 10 primeiros meses do<br />
exercício orçamentário, que<br />
corre de outubro a setembro nos<br />
EUA, o déficit alcançou US$ 1,17<br />
trilhão, mostrando queda de 8%<br />
em relação ao mesmo período<br />
do exercício anterior.<br />
Dado que agosto e setembro<br />
são meses nos quais o déficit é<br />
Embora resultado<br />
fiscal tenha sido<br />
encorajador,<br />
déficit da balança<br />
comercial ficou perto<br />
de US$ 50 bilhões<br />
ARÁBIA SAUDITA INAUGURA O MAIOR RELÓGIO DO MUNDO EM MECA<br />
tradicionalmente menor que em<br />
julho, o déficit para a totalidade<br />
do exercício 2010 tem boas possibilidades<br />
de ser menor que o<br />
registrado em 2009, que foi de<br />
US$ 1,41 trilhão.<br />
O fato vai contra a previsão<br />
publicada pela Casa Branca no<br />
mês passado, segundo a qual o<br />
déficit de 2010 bateria o recorde<br />
atingido no ano passado.<br />
Balança comercial<br />
Outro ponto que lança dúvidas<br />
sobre o futuro da economia<br />
americana é o déficit comercial,<br />
que se aprofundou fortemente<br />
em junho, indo para US$ 49,9<br />
bilhões. Foi o terceiro aumento<br />
consecutivo e o mais elevado<br />
desde 2008. As importações dos<br />
EUA subiram 3%, enquanto que<br />
as exportações retrocederam<br />
1,3%. Já o volume total de negócios<br />
do país com o exterior aumentou<br />
1,1% na comparação<br />
com o mês anterior.<br />
“Isso é muito mau”, afirmou<br />
Ian Shepherdson, da consultoria<br />
High Frequency Economic.<br />
Christopher Cornell, da agência<br />
Moody’s, mostrou-se surpreendido<br />
com a “mais forte<br />
alta mensal do déficit em muito<br />
tempo”. ■ Com agências<br />
Hassan Batel/AFP<br />
Um relógio gigante<br />
começou a funcionar<br />
ontem na cidade sagrada<br />
islâmica de Meca, no<br />
início do mês sagrado do<br />
Ramadã. O Relógio de<br />
Meca, que o governo diz<br />
ser o maior do mundo,<br />
tem quatro lados, com<br />
diâmetro de 43 metros<br />
cada e foi fixado a 400<br />
metros de altura. Logo<br />
será transferido para<br />
um arranha-céu de 600<br />
metros de altura, que<br />
será o segundo mais alto<br />
do mundo. Mais de 90<br />
milhões de peças de vidro<br />
formam a máquina, que<br />
têm uma grande inscrição<br />
do nome “Alá”. A ideia<br />
équeaHoradeMeca<br />
substitua a ocidental<br />
Hora de Greenwich<br />
como horário-padrão<br />
para os muçulmanos.
46 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
ÚLTIMA HORA<br />
Velocidade da internet<br />
móvel gera polêmica<br />
Anatel defende rapidez como parâmetro de qualidade do serviço. Operadoras são contra<br />
Fabiana Monte<br />
fmonte@brasileconomico.com.br<br />
A velocidade é uma das características<br />
mais importantes da<br />
banda larga móvel, pois provoca<br />
impacto diretamente na avaliação<br />
do usuário quanto ao serviço.<br />
Esta é a avaliação do gerente<br />
geral de comunicações pessoais<br />
terrestres da Agência Nacional<br />
de Telecomunicações (Anatel),<br />
Bruno Ramos, que participou de<br />
audiência pública ontem, em<br />
São Paulo, para discutir as novas<br />
regras de qualidade do serviço<br />
móvel, incluindo para o acesso à<br />
web pelo celular. “Velocidade<br />
talvez seja um dos fatores mais<br />
importantes quanto à percepção<br />
do usuário. É a percepção do<br />
acesso à informação”, afirma.<br />
As operadoras celulares, porém,<br />
enfrentam dificuldades no<br />
que se refere a garantir a velocidade<br />
e tentam derrubar esse parâmetro.<br />
Para a Oi, por exemplo,<br />
Revisão da<br />
regulamentação<br />
fica em consulta<br />
pública até o<br />
dia 26 de agosto<br />
a velocidade não deve ser considerada<br />
como uma das principais<br />
características para avaliar a<br />
qualidade da banda larga móvel,<br />
porque ela pode sofrer variações<br />
provocadas por elementos que<br />
estão fora do controle da operadora.<br />
O consultor de regulamentação<br />
da Oi, José Carlos Picolo,<br />
defende que a banda larga<br />
móvel tem características mais<br />
importantes, como mobilidade,<br />
capacidade, estabilidade e acessibilidade.<br />
“Algumas aplicações<br />
não exigem velocidade, como é<br />
o caso do e-mail”, diz.<br />
A pedido do Sindicato Nacional<br />
das Empresas de Telefonia<br />
e de Serviço Móvel Celular e<br />
Pessoal (Sinditelebrasil), o<br />
CPqD realizou um estudo que<br />
mostra que a velocidade da<br />
banda larga móvel sofre a influência<br />
de elementos como<br />
distância entre o usuário e a estação<br />
rádiobase; velocidade de<br />
deslocamento do assinante; e<br />
Marcela Beltrão<br />
Para a Oi, fatores externos podem comprometer<br />
o tempo de resposta das páginas on-line<br />
número simultâneo de clientes<br />
acessando a rede. Além disso, o<br />
tráfego de dados pode ser comprometido<br />
por gargalos em redes<br />
de outros provedores, às<br />
quais as operadoras precisam se<br />
conectar para chegar a informações<br />
solicitadas pelo cliente.<br />
“Do ponto de vista técnico é difícil<br />
prever a velocidade mínima”,<br />
diz o pesquisador do<br />
CPqD, Jadir Antônio da Silva.<br />
A revisão da regulamentação<br />
sobre a qualidade do serviço<br />
móvel fica em consulta pública<br />
no site da Anatel até 26 de agosto.<br />
Entre as propostas ligadas à<br />
banda larga móvel, a agência<br />
quer que as operadoras garantam<br />
velocidades mínimas para<br />
acesso à web pela rede móvel.<br />
Logo após a entrada em vigor da<br />
regulamentação, elas teriam de<br />
garantir no mínimo 30% da velocidade<br />
contratada pelo usuário<br />
em horários de maior uso.<br />
Em um ano, 50%. ■<br />
TV paga<br />
busca novas<br />
receitas<br />
na web<br />
Modelos de negócio estão em<br />
discussão, mas <strong>empresas</strong> não<br />
sabem como lucrar com a internet<br />
Carlos Eduardo Valim<br />
cvalim@brasileconomico.com.br<br />
A TV paga brasileira busca uma<br />
forma de transformar em receita<br />
o conteúdo audiovisual disponível<br />
pela internet. A ideia é fazer<br />
da web uma aliada e não uma<br />
ameaça a suas receitas atuais,<br />
como ocorreu nos Estados Unidos.<br />
Em evento da Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira de TV por Assinatura,<br />
ontem, representantes de algumas<br />
das principais operadoras de<br />
TV por assinatura e produtoras de<br />
conteúdo mostraram que devem<br />
apostar em um modelo híbrido<br />
de negócio, que combine a oferta<br />
de conteúdo gratuito e pago.<br />
Desafio da TV por<br />
assinatura é<br />
desenvolver um<br />
diferencial em relação<br />
ao conteúdo on-line<br />
As dificuldades de implantar<br />
um modelo gratuito, financiado<br />
exclusivamente por anunciantes,<br />
são muitas, diz Antonio<br />
João Filho, diretor executivo de<br />
televisão da Via Embratel. De<br />
acordo com ele, sem receita de<br />
assinatura, as <strong>empresas</strong> não têm<br />
como bancar a produção de<br />
conteúdo. “Deve haver cuidado<br />
para não matar essa fonte”, diz,<br />
explicando que neste segmento<br />
os anunciantes não são a principal<br />
fonte de recursos.<br />
Uma forma de compensar a<br />
perda de assinantes seria o chamado<br />
advertainment (combinação,<br />
em inglês, para as palavras<br />
publicidade e entretenimento) —<br />
que prega a produção de conteúdos<br />
de interesse geral vinculada a<br />
marcas. Para o diretor executivo<br />
da Net Serviços, Fernando Ramos,<br />
essa é uma modalidade desejável,<br />
por permitir a cobrança<br />
de um valor maior do anunciante.<br />
Mas, ele mesmo reconhece<br />
que, usado em excesso, esse recurso<br />
não traria escala de audiência<br />
e ainda corromperia a<br />
separação entre conteúdo e publicidade.<br />
Ou seja, o desafio da<br />
TV paga para conviver com a internet<br />
e o seu potencial, é desenvolver<br />
um diferencial em relação<br />
ao conteúdo on-line. ■
Divulgação<br />
Mattel faz recall da boneca Sonya Lee<br />
A Mattel Fisher-Prince anunciou um recall da boneca Sonya Lee<br />
que teve oito unidades comercializadas no <strong>Brasil</strong>. Elas fazem parte<br />
do Acampamento Divertido Little People e não medem mais do<br />
que um palmo. Foram vendidas entre 16 e 31 de julho cinco unidades<br />
no Estado de São Paulo, uma na Paraíba e outra em Goiás. O risco,<br />
segundo o fabricante, é que a cintura da boneca se quebre e libere<br />
peças pequenas que, se eventualmente engolidas, levariam a asfixia.<br />
Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 47<br />
Princípio de incêndio em plataforma<br />
de petróleo na Bacia de Campos<br />
A Capitania dos Portos informou<br />
ontem que foi comunicada<br />
pela Petrobras de um princípio<br />
de incêndio na plataforma de<br />
produção de petróleo P-35, instalada<br />
no campo de Marlim, na<br />
Bacia de Campos. A unidade<br />
constava, ao lado da P-31 e da<br />
P-33, da lista de embarcações<br />
com condições críticas de manutenção<br />
elaborada pelo Sindicato<br />
dos Petroleiros do Norte<br />
Fluminense (Sindipetro-NF). A<br />
P-33 foi vistoriada ontem pela<br />
Marinha e pela Agência Nacional<br />
do Petróleo (ANP).<br />
Segundo comunicado da Capitania<br />
dos Portos, não houve vítimas<br />
nem danos ambientais no<br />
incidente da P-35. O incêndio<br />
teria sido iniciado por conta do<br />
“gotejamento de condensado de<br />
vapores de água e hidrocarbo-<br />
netos sobre o revestimento térmico<br />
da Torre Regeneradora de<br />
Glicol (equipamento que faz<br />
parte do tratamento de gás na<br />
unidade).” O fogo foi controlado<br />
pelos próprios trabalhadores<br />
da plataforma.<br />
A perícia da Marinha será realizada<br />
hoje, às 9h. Ontem, técnicos<br />
da Marinha e da ANP estiveram<br />
na P-33, também instalada<br />
em Marlim, que é alvo de<br />
denúncias a respeito das condições<br />
de segurança. Os resultados<br />
da vistoria só serão divulgados<br />
pela ANP após análise das<br />
informações coletadas na plataforma.<br />
A unidade chegou a<br />
ser interditada na semana passada<br />
a pedido da Delegacia Regional<br />
do Trabalho, mas a Petrobras<br />
retomou as atividades<br />
após obter liminar no sábado.<br />
Incêndio na<br />
plataforma P-35,<br />
da Petrobras, não<br />
causou vítimas<br />
nem danos<br />
ambientais e<br />
foi controlado<br />
pelos próprios<br />
trabalhadores<br />
Em nota, a Petrobras voltou a<br />
negar problemas de manutenção<br />
e disse que a plataforma está<br />
“com os reparos devidamente<br />
programados”. “No próximo<br />
mês de outubro a P-33 realizará<br />
sua parada programada para<br />
manutenção geral.” As paradas<br />
para manutenção são realizadas<br />
regularmente em todas as plataformas<br />
marítimas de petróleo,<br />
às vezes resultando em queda na<br />
média mensal de produção de<br />
petróleo. A P-33, porém, tem<br />
produção pequena, em torno de<br />
20 mil barris por dia.<br />
Segundo a estatal, a última<br />
vistoria certificação da Marinha<br />
na embarcação foi emitida em<br />
dezembro de 2009 e continua<br />
válida. Na nota, a companhia<br />
diz que não há riscos à segurança<br />
e informou que parte dos<br />
problemas apontados é comum<br />
a instalações em “atmosfera extremamente<br />
corrosiva, típica de<br />
ambientes marinhos”.<br />
O Sindipetro, porém, sustenta<br />
que há sérios problemas de segurança<br />
na P-33, que tem 11<br />
anos de operação no campo de<br />
Marlim, na Bacia de Campos. As<br />
denúncias de problemas de<br />
conservação foram feitas pelos<br />
próprios trabalhadores, segundo<br />
o Sindicato, que iniciou uma<br />
mobilização para interromper<br />
as atividades na embarcação.<br />
O coordenador do sindicato,<br />
José Maria Rangel, citou as plataformas<br />
P-31 e P-35 como<br />
unidades com sinais de má<br />
conservação, além da P-33. Até<br />
o início da noite de hoje, a Petrobras<br />
não havia comentado o<br />
incêndio. ■ Agência Estado
48 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />
ÚLTIMA HORA<br />
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A, com sede à Avenida das<br />
Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000<br />
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É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A.<br />
Portonave eleva a receita da Triunfo<br />
A receita operacional líquida da Triunfo Participações<br />
(TPI) aumentou 21,8% no segundo trimestre em relação<br />
à mesma base do ano passado, passando de R$ 91,69<br />
milhões para R$ 117,77 milhões. O bom desempenho do<br />
faturamento se deve ao aumento da movimentação de<br />
contêineres no terminal portuário em Navegantes<br />
(SC), o Portonave, que registrou 137, 63 mil TEUs,<br />
(cada TEU corresponde a um contêiner de 20 pés),<br />
com um crescimento de 40,6%, na comparação com o<br />
segundo trimestre de 2009. A receita nessa operação<br />
foi de R$ 10 milhões. Além disso, o aumento do movimento<br />
nas rodovias que administramos gerou faturamento<br />
de R$ 11 milhões no período.<br />
A Triunfo também anunciou a distribuição de dividendos<br />
a seus acionistas, devendo repassar cerca<br />
de R$ 7 milhões a partir do dia 19. “Mesmo com o<br />
prejuízo de R$ 4,44 milhões no segundo trimestre,<br />
temos condições de efetuar a distribuição”, disse<br />
Ana Carvalho, diretora de relações com os investidores,<br />
já que no acumulado do ano, a empresa obteve<br />
resultado positivo de R$ 10 milhões. Este valor, contudo,<br />
representou uma queda de 68,1% no comparativo<br />
com o mesmo período de 2009, quando o lucro<br />
da TPI foi de R$ 31,35 milhões.<br />
Lucro trimestral da<br />
Odontoprev cresce 70%<br />
A Odontoprev registrou lucro líquido ajustado de R$ 24,7<br />
milhões no segundo trimestre do ano, volume 70,7%<br />
maior quando comparado a igual período do ano passado.<br />
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos,<br />
depreciações e amortizações) totalizou R$ 35,6 milhões,<br />
expansão de 81,2% ante os R$ 19,6 milhões apresentados<br />
entre abril e junho de 2009. “A geração de caixa subiu<br />
81%. O efeito do desdobramento feito em 1º de julho já se<br />
faz notar: o número de acionistas cresceu 6% em um<br />
mês, e a ação triplicou o número de negócios por pregão”,<br />
diz José Roberto Pacheco, diretor de relações com<br />
investidores (RI) da Odontoprev. ■ Vanessa Correia<br />
DESTAQUE<br />
Grandes construtoras reformarão o Maracanã<br />
O consórcio formado pelos grupos Andrade Gutierrez,<br />
Odebrecht e Delta venceu a licitação do governo do<br />
Rio de Janeiro para realizar a reforma do estádio<br />
para a Copa do Mundo de Futebol de 2014. O valor<br />
do consórcio para reforma da arena, de R$ 705 milhões,<br />
representou uma economia de 2,14% em relação<br />
ao preço inicial.<br />
Acompanhe em tempo real<br />
www.brasileconomico.com.br<br />
Henrique Manreza<br />
Calote causa perda de 34%<br />
a fundo da Unicred MG<br />
O fundo Unicred Long Term Crédito Privado sofreu, na segunda-feira,<br />
um prejuízo de 34%. O ajuste ocorreu porque<br />
o administrador, o BNY Mellon, provisionou perdas para<br />
papéis de crédito — Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) —<br />
da carteira, cujos emissores ficaram inadimplentes. O cotista<br />
do fundo, que viu o patrimônio cair de R$ 60 milhões<br />
para R$ 39,8 milhões, é a Unicred Minas Gerais, cooperativa<br />
de crédito de profissionais da saúde ligada à Unimed.<br />
A atual gestora do fundo é a SulAmérica Investimentos,<br />
que em fevereiro substituiu a Global Capital, gestora original.<br />
“Decidimos trocar quando sentimos que os créditos<br />
teriam problemas”, disse o presidente da Unicred MG, Jamil<br />
Saliba. A SulAmérica destacou que quando assumiu a<br />
gestão, a carteira já contava com “ativos considerados de<br />
baixa liquidez e alto risco de crédito”, que tentou vender.<br />
A Global Capital, dirigida por Julius Buchenrode, é a<br />
mesma gestora de outros fundos — que contavam com os<br />
fundos de pensão da Petrobras e dos Correios entre os cotistas<br />
— que tiveram prejuízo por calote nas CCBs da Zoomp<br />
e de, ao menos, mais oito <strong>empresas</strong>. “Na crise, elas tiveram<br />
dificuldade de capital de giro”, justifica Buchenrode.<br />
Desta vez, disse Saliba, o problema foi com a Indústrias<br />
de Papéis Sudeste e com a GPAT, empresa de publicidade<br />
pertencente a Guilherme Milnitsky. CCBs emitidas pelo<br />
próprio Milnitsky correspondem a 25% do patrimônio do<br />
fundo. Segundo Buchenrode, a GPAT foi vendida à WPP,<br />
um dos maiores grupos mundiais de publicidade, mas os<br />
valores estão sendo questionados. Saliba disse que os calotes<br />
não terão impacto nos resultados da Unicred MG, pois já<br />
tinham sido previstos no ano passado. ■ Mariana Segala<br />
www.brasileconomico.com.br<br />
MAIS LIDAS ONTEM<br />
● Kepler Weber obtém lucro de R$ 3,7 milhões no 2º tri<br />
● “Bolsa-luz” abre caminho para a energia pré-paga<br />
● LLX Logística tem prejuízo de R$ 5,393 milhões<br />
● Lucro da Nestlé registra alta de 10% no 1º semestre<br />
● Aversão ao risco penaliza bolsa brasileira<br />
Leia versão completa em<br />
www.brasileconomico.com.br<br />
Divulgação<br />
Ana Carvalho explicou que a queda no resultado se<br />
explica pela variação cambial no período, já que hoje a<br />
compania tem uma dívida de R$ 117 milhões em moeda<br />
estrangeira. “Isso é um efeito contábil, não há impacto<br />
no caixa da empresa. Nossa dívida é de longo<br />
prazo, de seis anos, mas temos que incluí-la em nosso<br />
balanço.” ■ Ana Paula Machado<br />
Ricardo Galuppo<br />
rgaluppo@brasileconomico.com.br<br />
Diretor de Redação<br />
Por uma revolução<br />
na educação pública<br />
O advogado Jair Ribeiro é um nome conhecido no<br />
mundo financeiro e é dono de um repertório formidável<br />
para analisar <strong>empresas</strong> e negócios. Mas ontem,<br />
durante o almoço, ele passou quase duas horas falando<br />
de educação. Ribeiro é, ao lado de Ana Maria<br />
Diniz, coordenador do Parceiros da Educação, organização<br />
formada por empresários que dedicam tempo,<br />
experiência, recursos e rede de contatos à missão<br />
de melhorar a qualidade do ensino público em São<br />
Paulo. De um modo geral, as escolas administradas<br />
pelo Parceiros apresentam, a partir da adoção, avanços<br />
significativos no Idesp, o índice que mede o desenvolvimento<br />
da educação no estado.<br />
Se o atraso do <strong>Brasil</strong> em relação<br />
aos países desenvolvidos é de 40<br />
anos em matéria de infraestrutura,<br />
na educação é de um século<br />
Uma preocupação de Ribeiro nos últimos dias tem<br />
sido a falta de menção ao ensino básico nos discursos<br />
dos principais candidatos à Presidência. Isso encontra<br />
explicação, segundo ele, no caminho escolhido<br />
pelos coordenadores para eleger as questões que estarão<br />
no centro das campanhas. Por maiores que sejam<br />
suas deficiências, a escola pública nunca é incluída<br />
pela população entre os principais problemas do<br />
país. Pelo contrário: a maioria das pessoas a aprova.<br />
Como, em matéria de educação, a maior demanda do<br />
povo é por mais ensino técnico, é dele que os candidatos<br />
tratam em suas campanhas. Quem, no entanto,<br />
conhece a realidade do ensino público sabe que as<br />
deficiências são enormes e tem certeza de que é preciso<br />
uma revolução para sacudir a área.<br />
Alguns dados são preocupantes. Entre eles, o de<br />
que um número expressivo de alunos sai da escola semianalfabeto<br />
— ou, para usar o termo politicamente<br />
correto, analfabeto funcional. Se o atraso do <strong>Brasil</strong><br />
em relação aos países desenvolvidos é de 40 anos em<br />
termos de infraestrutura e saneamento, por exemplo,<br />
em matéria de educação básica é de 100. É preciso<br />
encurtar essa distância, e isso será conseguido se a<br />
educação básica for posta no topo das prioridades. Do<br />
contrário, a economia crescerá sempre acima dos indicadores<br />
sociais, o que será péssimo para todo mundo.<br />
Inclusive para a parte mais rica da população. ■<br />
ENQUETE<br />
Os debates<br />
entre os<br />
candidatos<br />
à Presidência<br />
da República<br />
influenciam<br />
na decisão<br />
do seu voto?<br />
Não<br />
41%<br />
Fonte: <strong>Brasil</strong>Economico.com.br<br />
Vote em<br />
www.brasileconomico.com.br<br />
Sim<br />
59%<br />
RESULTADO<br />
FINAL