a criação da personagem dentro da cena lírica

É quase que uma questão lógica hoje em dia, quando falamos que um cantor de
ópera deve ser, ou pelo menos se colocar como tal, um ator em cena também. Porem,
nem sempre foi assim, durante muito tempo o que se valorizava era apenas a voz e sua
técnica perfeita. Tudo se resumia a voz belíssima dos cantores e cantoras, ficando o
resto esquecido ou abandonado pelo intérprete.
A Ópera foi mais um fruto do Renascimento italiano.
Assim, não é por acaso que tem raízes na exuberância
criativa de Florença. Na última década do século XVI,
um grupo de artistas plásticos, músicos e poetas, os
membros da ‘Camerata Fiorentina’, empenharam-se em
promover na cidade um renascimento do teatro grego.
Mas se saiu na verdade com a ideia de que essas histórias
podiam ser contadas em forma de opera in música – uma
obra musical. (Riding, 2010: p . 17)
O cantor lírico é o grande mentor deste espetáculo. A meu ver, ele é o que
congrega todas as interseções artísticas existentes em um espetáculo operístico, tendo
que estar ciente tanto do mecanismo musical da obra quanto da narrativa que se
propõem (libreto). Vincula expressão musical com expressão corporal, para enfim,
comunicar ao publico o resultado de um “sincretismo artístico”.