a criação da personagem dentro da cena lírica

obrigação que ele saiba, pelo menos, em sua língua o que diz quando canta. Que faça
um roteiro de ação conjugando com palavras ou frases chaves na partitura musical.
Em seu livro “A palavra expressiva, S. M. Volkonski diz: ‘Se as vogais são um
rio e as consoantes as suas margens é preciso reforçar estas ultimas, para evitar as
inundações! (p.134). Este é um ponto que serve para todas as línguas, pois realmente
cantamos com as vogais e articulamos com as consoantes. É como se fosse as
consoantes que determinassem o significado conduzido pelas vogais. No entanto, para
uma boa interpretação do cantor lírico, não é suficiente apenas a boa articulação das
palavras, sejam elas em alemão, italiano, russo, Frances, etc. É preciso que se obtenha
significado nas palavras que se diz, pois é neste significado que começa um dos
processos de interpretação.
Só para se ter uma ideia, vejamos um trecho que relata um pouco as pesquisas da
camerata Fiorentina e confirma que, no inicio da ópera o texto era um dos pontos chaves
do trabalho.
O modo correto de musicar um texto, afirmava Galilei,
era utilizar uma melodia a solo que pusesse em relevo as
inflexões naturais da fala de um bom orador ou actor...
Ottavio Rinuccini (1562-1621) e Jacopo Peri (1561-
1633) se convenceram, como o atestam os seus prefácios
ao texto e música de L’Euridice, de que as tragédias
antigas eram cantadas na íntegra... Todos procuraram
chegar a um tipo de canto intermédio entre a recitação
falada e a canção. (Palisca, 1988: p. 320)
Neste ponto, a citação a cima, serve-nos apenas para constarmos o quanto
o texto é importante em uma ópera, pois desde os primórdios de sua criação já se
pensava bastante no texto, tanto do ponto de vista técnico quanto, aqui nesta pesquisa,
para uma necessidade da interpretação.