16.04.2013 Views

Estamos en Japonés - dimensão ativo-dialógica da compreensão

Estamos en Japonés - dimensão ativo-dialógica da compreensão

Estamos en Japonés - dimensão ativo-dialógica da compreensão

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

interpretar o complexo trabalho humano <strong>en</strong>volvido na comunicação e no <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to mútuo,<br />

que é “saber como prosseguir” diante de outros que podem seguir caminhos difer<strong>en</strong>tes.<br />

“O que foi separado não pode ser colado novam<strong>en</strong>te”, nos diz Bauman (2001, p. 29, cf. p.<br />

40) a respeito de nossa moderni<strong>da</strong>de flui<strong>da</strong>, em que a id<strong>en</strong>ti<strong>da</strong>de humana se transforma de um<br />

“<strong>da</strong>do” em uma “tarefa”, s<strong>en</strong>do dos atores a responsabili<strong>da</strong>de de realizá-la (assim como as<br />

consequências e os efeitos colaterais dessa realização), porque eles não mais nascem em suas<br />

id<strong>en</strong>ti<strong>da</strong>des. O “processo de individualização” contemporâneo (BAUMAN, 2001, p. 39-40) é<br />

difer<strong>en</strong>te <strong>da</strong> tarefa de autoid<strong>en</strong>tificação do princípio <strong>da</strong> era moderna, resumi<strong>da</strong> em se conformar<br />

ativam<strong>en</strong>te aos tipos sociais de classe e modelos de conduta, sem sair <strong>da</strong> linha nem se desviar <strong>da</strong><br />

norma: hoje se assume a id<strong>en</strong>ti<strong>da</strong>de em sua condição precária e eternam<strong>en</strong>te inconclusa<br />

(BAUMAN, 2005, p. 22).<br />

Se os projetos id<strong>en</strong>titários autoproduzidos respondem a novas formas de relacionam<strong>en</strong>to<br />

<strong>en</strong>tre Estado/nação e indivíduo (embora o processo de individualização t<strong>en</strong>ha mais de fatali<strong>da</strong>de<br />

do que de escolha tanto na moderni<strong>da</strong>de sóli<strong>da</strong> quanto na moderni<strong>da</strong>de flui<strong>da</strong>), a imagem<br />

bakhtiniana a respeito <strong>da</strong> construção de id<strong>en</strong>ti<strong>da</strong>de(s) linguísticas individuais como percurso<br />

realizado através de um mundo de palavras de outros na moderni<strong>da</strong>de sóli<strong>da</strong> não perde alcance<br />

explic<strong>ativo</strong> na moderni<strong>da</strong>de líqui<strong>da</strong>. O jogo <strong>en</strong>tre palavras próprias, alheias e neutras, instalado<br />

<strong>en</strong>tre a ontogênese e a gênese social, vai além <strong>da</strong> significação histórica própria do seu período de<br />

<strong>en</strong>unciação.<br />

Nesta perspectiva do jogo “próprio – alheio – neutro”, assistimos à caí<strong>da</strong> <strong>da</strong> figura do<br />

falante n<strong>ativo</strong> onipot<strong>en</strong>te, cunha<strong>da</strong> no des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to <strong>da</strong> revolução chomskiana (cf.<br />

RAJAGOPALAN, 2003, p. 67), que tudo sabe de “sua” língua. Esse falante n<strong>ativo</strong> invadiu o<br />

<strong>en</strong>sino <strong>da</strong>s línguas estrangeiras de forma tal que o apr<strong>en</strong>diz devia fazer o possível para se<br />

aproximar de sua competência utópica (cf. DAVIES, 2006). Quando revisa<strong>da</strong> a noção de falante<br />

n<strong>ativo</strong> e suas múltiplas implicações no <strong>en</strong>sino de línguas estrangeiras, em chave de signo<br />

ideologicam<strong>en</strong>te saturado, descobrimos ter ela estado associa<strong>da</strong> e estar ain<strong>da</strong>, ao ideal de acesso<br />

a um mundo melhor (s<strong>en</strong>do que nesse mundo o falante n<strong>ativo</strong> é seu repres<strong>en</strong>tante mais<br />

perfeito) 51 . E, ao mesmo tempo, descobrimos caminhos altern<strong>ativo</strong>s nos propósitos de <strong>en</strong>sino de<br />

línguas estrangeiras. Ensinar línguas outras significa<br />

alguns elem<strong>en</strong>tos que apontariam para a consideração de uma alteri<strong>da</strong>de, mas, por <strong>en</strong>quanto, a dialogia não seria<br />

um aspecto aprofun<strong>da</strong>do nas Investigações filosóficas.<br />

51 Vale ressalvar que esse acesso estaria condicionado ao <strong>en</strong>sino de determina<strong>da</strong>s “línguas” estrangeiras (aqueles<br />

dialetos que se transformaram em línguas como resultado de operações sociopolíticas “bem sucedi<strong>da</strong>s”, o que o<br />

“ditado” cunhado por Weinreich resume indicando que as línguas são dialetos que contam... com um exército e<br />

uma marinha!), difer<strong>en</strong>cia<strong>da</strong>s de outras não prestigia<strong>da</strong>s, qualifica<strong>da</strong>s como “dialetos” ou “línguas exóticas”<br />

(RAJAGOPALAN, 2003, p. 65). Este é um efeito curioso, construído nos últimos séculos no Ocid<strong>en</strong>te<br />

57

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!