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Uma Igreja no caminho da maturidade - Arquidiocese de Maringá

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<strong>Uma</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>no</strong><br />

<strong>caminho</strong> <strong>da</strong> maturi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

A sabedoria divina fez perceber-se na escolha dos pastores.<br />

Os quatro arcebispos <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>: dom Jaime, dom Murilo, dom João e dom Anuar.


Decorridos 20 a<strong>no</strong>s, a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> apresentava um pa<strong>no</strong>rama bem diferente <strong>da</strong>quele que encon-<br />

trara seu primeiro bispo quando pousou num campo <strong>de</strong> terra para encarar uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> ain<strong>da</strong> com cara <strong>de</strong><br />

povoação mal cui<strong>da</strong><strong>da</strong>, coberta <strong>de</strong> lama e pó, cingi<strong>da</strong> <strong>de</strong> mato por todos os lados. Ao comemorar, em 1977,<br />

os 30 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>ção, <strong>Maringá</strong> figurava entre as principais ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Paraná, supera<strong>da</strong> <strong>no</strong> interior apenas<br />

por Londrina. Firmara-se igualmente como importante centro regional atraindo gente do vasto entor<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Dela partiram, agora em movimento inverso, <strong>de</strong>sbravadores <strong>no</strong><br />

rumo <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas frentes do crescimento econômico-social do Estado e do país. Muitos dos que para cá tinham<br />

vindo cultivar a terra na época <strong>da</strong> colonização emigraram, a partir dos a<strong>no</strong>s 70, indo contribuir <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> Umuarama, Cascavel, Campo Gran<strong>de</strong>, Rondonópolis, Cuiabá e até Barreiras, na Bahia. O mesmo<br />

fenôme<strong>no</strong> verificou-se na área religiosa. Mais <strong>de</strong> um bispo do cerrado e <strong>da</strong> Amazônia legal sentiu-se feliz por<br />

receber leigos católicos “importados” do Paraná, muitos oriundos <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Ao atingir os 20<br />

a<strong>no</strong>s, a <strong>Igreja</strong> nasci<strong>da</strong> <strong>no</strong> meio <strong>da</strong> mata <strong>da</strong>va mostras <strong>de</strong> uma fé adulta. 1<br />

Deve-se a dom Pedro Fe<strong>da</strong>lto a criação <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Segundo ele, o arcebispo<br />

<strong>de</strong> Londrina, dom Geraldo Fernan<strong>de</strong>s acalentava, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os a<strong>no</strong>s 60, a idéia <strong>de</strong> uma Província Eclesiástica do<br />

Norte do Paraná, com se<strong>de</strong> metropolitana em Londrina, mas dom Manuel sempre se opôs. Com a morte<br />

<strong>de</strong>ste, o bispo <strong>de</strong> Londrina, que tinha muita influência na nunciatura, conseguiu a criação <strong>da</strong> sua arquidiocese.<br />

A coincidência é sintomática: dom Manuel faleceu a 5 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1970; me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> <strong>no</strong>ve meses mais tar<strong>de</strong>,<br />

<strong>no</strong> dia 31 <strong>de</strong> outubro, foi criado o arcebispado <strong>de</strong> Londrina. Ain<strong>da</strong> hoje, bem humorado, Fe<strong>da</strong>lto recor<strong>da</strong>:<br />

“Eu fiquei 21 dias arcebispo do Paraná. Tomei posse <strong>no</strong> dia 28 <strong>de</strong> fevereiro (<strong>de</strong> 1971); ele (Fernan<strong>de</strong>s) tomou<br />

posse em 21 <strong>de</strong> março”. 2<br />

Da mesma forma, outras regiões do Paraná sofreram <strong>no</strong>táveis mu<strong>da</strong>nças a partir do final dos a<strong>no</strong>s 60.<br />

Com a abertura <strong>de</strong> suas terras ao agronegócio, também o Oeste paranaense transformou-se, passando do<br />

1 Em assembléia <strong>da</strong> CNBB nessa época, dom João Batista Costa, SDB, bispo <strong>de</strong> Porto Velho (RO) agra<strong>de</strong>ceu pela formação<br />

cristã dos paranaenses que sua diocese recebia. E admitiu aos bispos do Paraná: “Iguais a esses po<strong>de</strong>m man<strong>da</strong>r<br />

mais” (Informação <strong>da</strong><strong>da</strong> por dom Jaime Luiz Coelho, em <strong>Maringá</strong>, <strong>no</strong> dia 9 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2006).<br />

2 As informações <strong>de</strong> dom Pedro Fe<strong>da</strong>lto foram colhi<strong>da</strong>s em Curitiba pelo autor <strong>de</strong>stas <strong>no</strong>tas, na entrevista <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.<br />

257<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


258<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

antigo tropeirismo e <strong>da</strong> cultura ervateira para a vertigi<strong>no</strong>sa expansão agrícola e agroindustrial que fez <strong>de</strong><br />

Cascavel importante pólo <strong>de</strong> uma região vasta e populosa. Em 1960 a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> contava com tão somente 6055<br />

habitantes. O cultivo <strong>da</strong> soja que, a partir <strong>de</strong> 1968, ocupou todo o seu solo agricultável provocou um “boom”<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que atraiu a atenção também dos pastores <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> Católica, responsáveis por tornar<br />

discípulos do Senhor todos os povos.<br />

Des<strong>de</strong> 1965, Cascavel reivindicava a condição <strong>de</strong> bispado. Quando se implantou a Província Eclesiástica<br />

<strong>de</strong> Londrina, já o Oeste do Paraná abrigava gran<strong>de</strong> população espalha<strong>da</strong> por florescentes comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Era<br />

idéia do núncio apostólico, dom Carmine Rocco, criar também naquela região uma província eclesiástica<br />

sedia<strong>da</strong> em Cascavel. Estava disposto a fazê-lo em 1978, segundo Fe<strong>da</strong>lto: “Ele me falou: ‘Vamos fazer uma<br />

arquidiocese <strong>no</strong> Oeste’. Eu po<strong>de</strong>ria ter dito que pusesse Umuarama e Campo Mourão como sufragâneas <strong>de</strong><br />

Cascavel, porque eram originariamente do território <strong>de</strong> Foz, não <strong>de</strong> Jacarezinho. Em todos os passos para a<br />

criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas <strong>Igreja</strong>s particulares, sempre Curitiba era a primeira a ser consulta<strong>da</strong>”.<br />

Para três situações <strong>de</strong> população, eco<strong>no</strong>mia e cultura distintas haveria então três províncias eclesiásticas:<br />

Curitiba abrangeria a região metropolitana, parte dos Campos Gerais, o Sul e o litoral; Londrina englobaria<br />

todo o Norte do Estado, cabendo a Cascavel o Sudoeste e o Oeste com os campos <strong>de</strong> Guarapuava, esten<strong>de</strong>ndo-se<br />

até o rio Ivaí. Nessa divisão, a ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s províncias <strong>de</strong> Curitiba e <strong>de</strong> Cascavel pertenceriam a sé arquidiocesana<br />

e três dioceses sufragâneas, enquanto Londrina ficaria com a se<strong>de</strong> metropolitana e sete dioceses<br />

sufragâneas. Seria uma divisão do Paraná em três conjuntos <strong>de</strong>siguais <strong>de</strong> <strong>Igreja</strong>s diocesanas: dois com quatro<br />

dioceses, e um com oito.<br />

Foi aí que Fe<strong>da</strong>lto sugeriu ao núncio a criação, junto com Cascavel, também <strong>da</strong> província <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Três razões ele aduzia para a existência <strong>de</strong> quatro em vez <strong>de</strong> três províncias: a) quem faz a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> é o Regional;<br />

b) as arquidioceses não têm nenhuma influência sobre as dioceses; c) com maior número <strong>de</strong> províncias,<br />

as reuniões abrigariam me<strong>no</strong>r número <strong>de</strong> pessoas, facilitando a participação <strong>de</strong> todos e maior espontanei<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Rocco <strong>de</strong>ixou-se convencer pela argumentação do arcebispo curitiba<strong>no</strong>. Entretanto, não querendo melindrar<br />

ninguém, <strong>de</strong>cidiu-se pela criação, em 1978, não <strong>da</strong> arquidiocese, mas inicialmente <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> Cascavel.<br />

A<strong>no</strong> seguinte, <strong>no</strong> mesmo dia, elevou à condição <strong>de</strong> arquidioceses ambas as dioceses <strong>de</strong> Cascavel e <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Sobre a criação <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Fe<strong>da</strong>lto concluiu: “Eu propus que também se criasse<br />

<strong>Maringá</strong> e a nunciatura aceitou. Dom Jaime sabe disso. Mas não consta em parte nenhuma”.<br />

Constituí<strong>da</strong>s as duas <strong>no</strong>vas províncias, o Regional Sul II <strong>da</strong> CNBB assumiu uma configuração que, não<br />

há como duvi<strong>da</strong>r, “dificilmente será mu<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>no</strong>s próximos 30 ou 50 a<strong>no</strong>s”. Para o historiador londrinense<br />

José Gonzáles Garcia Neto, a repartição provincial espelha com rara felici<strong>da</strong><strong>de</strong> quatro situações distintas presentes<br />

<strong>no</strong> Estado do Paraná: “Po<strong>de</strong>rão surgir <strong>no</strong>vas dioceses, mas o Estado foi muito bem dividido entre essas<br />

quatro regiões pujantes”. No seu enten<strong>de</strong>r, a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos bispos entre si e junto <strong>de</strong> suas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

garante maior eficácia ao trabalho pastoral (GARCIA NETO, 2006).<br />

Nem todos manifestaram, pelo me<strong>no</strong>s <strong>no</strong> início, igual entusiasmo pela divisão administrativa do território<br />

paranaense. Dom Jaime recor<strong>da</strong> que o primeiro arcebispo <strong>de</strong> Londrina sustentava posição contrária à criação<br />

<strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, só concor<strong>da</strong>ndo por comunhão com o restante do episcopado. Por razões<br />

distintas, embora não revelasse pública discordância, também o baia<strong>no</strong> dom Benjamin <strong>de</strong> Sousa Gomes, bispo<br />

<strong>de</strong> Paranavaí, mostrava <strong>de</strong>sagrado com a idéia. Mais <strong>de</strong> uma vez queixou-se <strong>de</strong> que a Bahia, com 18 dioceses,<br />

separa<strong>da</strong>s por distâncias imensas e péssimas estra<strong>da</strong>s, tivesse apenas uma província eclesiástica, enquanto <strong>no</strong><br />

Paraná bastavam 4 dioceses para formar uma província. Como exemplo, lembrava que o bispo <strong>de</strong> Bom Jesus<br />

<strong>da</strong> Lapa, para chegar a Salvador, levava quase um dia; <strong>no</strong> Paraná, em uma hora, qualquer bispo chega à se<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sua província eclesiástica. Não se conformava com isso. Ain<strong>da</strong> assim, porém, avalizou a criação <strong>da</strong> arquidiocese<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Para o Regional Sul II <strong>da</strong> CNBB, que já contava com duas províncias eclesiásticas, o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1979<br />

trouxe duas <strong>no</strong>vas; uma <strong>no</strong> Norte, outra <strong>no</strong> Oeste.<br />

A gênese <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> po<strong>de</strong> ser acompanha<strong>da</strong> pelas a<strong>no</strong>tações <strong>de</strong> dom Jaime <strong>no</strong><br />

1º livro <strong>de</strong> atas <strong>da</strong>s reuniões:


Por ocasião <strong>da</strong> 26ª Assembléia do Regional Sul II, que engloba os 25 Bispos do Paraná,<br />

realiza<strong>da</strong> em Curitiba, <strong>de</strong> 18 a 22 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1978, presente o Ex.mo Sr. Núncio<br />

Apostólico, Dom Carmine Rocco, Sua Excelência, espontaneamente, anunciou o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> mais duas <strong>Arquidiocese</strong>s ou Províncias Eclesiásticas <strong>no</strong> Paraná,<br />

uma em <strong>Maringá</strong> e outra em Cascavel, tendo em vista a importância <strong>da</strong>s duas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>no</strong> cenário estadual, e por serem “pólo” <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> região, favorecendo uma divisão<br />

pastoral para melhor programação e coor<strong>de</strong>nação religiosa.<br />

A indicação <strong>de</strong> Dom Carmine Rocco, que, <strong>de</strong> surpresa apanhou diversos Bispos, recebeu,<br />

<strong>no</strong> entanto, em princípio, a anuência <strong>de</strong> todos os Bispos do Regional Sul II, <strong>de</strong>vendo<br />

os Bispos em pauta, <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> e Cascavel, iniciar o <strong>de</strong>vido Processo Canônico para,<br />

até ao final do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1978, ser enviado ao Santo Padre o Papa João Paulo I, recentemente<br />

eleito, suce<strong>de</strong>ndo ao Papa Paulo VI. No entanto, falecendo o Papa João Paulo I<br />

<strong>no</strong> dia 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1978, foi susta<strong>da</strong> a preparação do Processo Canônico.<br />

Eleito o Papa João Paulo II <strong>no</strong> dia 16 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1978, fui informado pela Nunciatura<br />

Apostólica para iniciar o Processo Canônico e <strong>da</strong>r an<strong>da</strong>mento ao mesmo.<br />

Mas, tendo em vista a IIIª Assembléia do Episcopado Lati<strong>no</strong>-America<strong>no</strong> em Puebla,<br />

México, marca<strong>da</strong> pelo Papa João Paulo II para 27 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1979 a 13 <strong>de</strong> fevereiro<br />

do mesmo a<strong>no</strong>, e <strong>da</strong> qual fui um dos participantes, só <strong>de</strong>pois pu<strong>de</strong> coligir <strong>da</strong>dos para<br />

o Processo Canônico, e que foi entregue, pessoalmente, ao Sr. Núncio Apostólico,<br />

durante a Assembléia Geral <strong>da</strong> CNBB, em Itaici – SP, realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> 18 a 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />

1979 (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ, 1979, p. 1-2).<br />

Anexa ao processo, foi entregue ao Núncio apostólico carta a ser remeti<strong>da</strong> ao prefeito <strong>da</strong> Congregação<br />

para os Bispos, com o seguinte teor:<br />

<strong>Maringá</strong>, 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1979.<br />

Eminência Reverendíssima.<br />

O Arcebispo Metropolita<strong>no</strong> e Bispos <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> Londrina, Paraná,<br />

Brasil, visando ao maior crescimento <strong>da</strong> Pastoral nesta região do Norte Novíssimo do<br />

Paraná, pe<strong>de</strong>m a criação <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, incluindo as seguintes<br />

dioceses, como sufragâneas: Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama, sendo <strong>de</strong>smembra<strong>da</strong><br />

assim, integralmente, <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> Londrina.<br />

Apresentam a documentação anexa, para os estudos.<br />

Atenciosamente,<br />

(seguem as assinaturas)<br />

+Geraldo Fernan<strong>de</strong>s, Arc. <strong>de</strong> Londrina; +Eliseu S. Men<strong>de</strong>s, Bispo <strong>de</strong> C. Mourão; +Jaime<br />

Luiz Coelho, Bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>; +Romeu Alberti, Bispo <strong>de</strong> Apucarana; +Pedro<br />

Filipak, Bispo <strong>de</strong> Jacarezinho; +José M. Maimone, Bispo <strong>de</strong> Umuarama; +Conrado<br />

Walter, Bispo Aux. <strong>de</strong> Jacarezinho.<br />

Nota: a) – Dom Benjamin <strong>de</strong> Sousa Gomes, Bispo <strong>de</strong> Paranavaí, enviou, posteriormente,<br />

à Nunciatura Apostólica a sua anuência. b) – A Diocese <strong>de</strong> Cornélio Procópio estava<br />

vacante, e não foi pedi<strong>da</strong> ao Vigário Capitular a sua assinatura.<br />

A Sua Eminência Reverendíssima<br />

Car<strong>de</strong>al Sebastião Baggio<br />

Prefeito <strong>da</strong> Sagra<strong>da</strong> Congregação para os Bispos<br />

Palácio <strong>da</strong>s Congregações<br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Vatica<strong>no</strong> (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ, 1979, p. 3).<br />

Acrescentou ain<strong>da</strong> dom Jaime ao registro <strong>no</strong> 1º Livro <strong>de</strong> Atas <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>:<br />

“O Regional Sul II, em requerimento apresentado por Dom Pedro Fe<strong>da</strong>lto, Arcebispo <strong>de</strong> Curitiba, e com a<br />

assinatura <strong>de</strong> todos os Bispos do Paraná, fez idêntica solicitação ao Santo Padre para a criação <strong>da</strong>s Províncias<br />

259<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


260<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

Eclesiásticas <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> e <strong>de</strong> Cascavel”. A seguir, reproduz correspondência que recebeu <strong>da</strong> Nunciatura,<br />

protocoliza<strong>da</strong> sob nº 2.172, <strong>no</strong>s termos abaixo:<br />

Pessoal – Reserva<strong>da</strong><br />

Sub Secreto Pontificio<br />

Brasília, 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1979.<br />

Excelência Reverendíssima<br />

É com imensa satisfação que posso comunicar que, ace<strong>de</strong>ndo ao pedido dos Exmos.<br />

Senhores Bispos do Paraná, o Santo Padre se dig<strong>no</strong>u elevar a Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> a<br />

Se<strong>de</strong> Metropolitana, e <strong>no</strong>mear ao mesmo tempo Vossa Excelência primeiro Arcebispo<br />

<strong>da</strong> <strong>no</strong>va Província Eclesiástica.<br />

Pela presente permito-me pedir seu assentimento, por escrito, para po<strong>de</strong>r comunicá-lo<br />

à Santa Sé.<br />

A <strong>no</strong>tícia ficará protegi<strong>da</strong> pelo Segredo Pontifício até a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> publicação, que será<br />

comunica<strong>da</strong> oportunamente.<br />

Na certeza <strong>de</strong> ter quanto antes uma resposta positiva, aproveito o ensejo para apresentar<br />

a Vossa Excelência os sentimentos <strong>de</strong> minha religiosa estima e consi<strong>de</strong>ração, e enviar<br />

fraternas sau<strong>da</strong>ções.<br />

a) +Carmine Rocco<br />

Núncio Apostólico<br />

A Sua Excelência<br />

Dom Jaime Luiz Coelho<br />

Bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

Caixa postal 152<br />

87100 – MARINGÁ – PR (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ, 1979,<br />

p. 4-5).<br />

Desta vez não houve a ansiosa opressão <strong>no</strong> peito provoca<strong>da</strong> em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1956 pelo primeiro segredo<br />

pontifício. Naquela oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o cura <strong>da</strong> catedral <strong>de</strong> Ribeirão Preto sentiu faltar-lhe chão sob os<br />

pés. Agora, um bispo acostumado às duras pelejas <strong>da</strong> região que viu crescer, sentia segurança para colaborar<br />

na condução do povo <strong>de</strong> Deus instalado na ampla região <strong>da</strong> <strong>no</strong>va província eclesiástica. A informação <strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>ta para divulgar a criação <strong>da</strong> arquidiocese chegou ao bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> em correspondência <strong>da</strong> Nunciatura<br />

Apostólica protocola<strong>da</strong> sob nº 3.021, que dizia:<br />

Pessoal – Reserva<strong>da</strong><br />

Brasília, 28 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1979.<br />

Excelência Reverendíssima<br />

Como já é <strong>de</strong> seu conhecimento, Sua Santi<strong>da</strong><strong>de</strong> o Papa, ace<strong>de</strong>ndo ao pedido dos Exmos.<br />

Senhores Bispos <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> Londrina, dig<strong>no</strong>u-se elevar a Diocese<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> à condição <strong>de</strong> <strong>Arquidiocese</strong>, como se<strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>no</strong>va Província Eclesiástica que<br />

terá como sufragâneas as Dioceses <strong>de</strong> Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama. Ao<br />

mesmo tempo o Santo Padre <strong>no</strong>meou Vossa Excelência primeiro Arcebispo <strong>da</strong> <strong>no</strong>va<br />

<strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Como po<strong>de</strong>rá observar pela Circular aqui anexa, a <strong>no</strong>tícia será publica<strong>da</strong> oficialmente<br />

<strong>no</strong> próximo dia 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, vigília <strong>da</strong> Festa <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong> Conceição.<br />

Permita-me agora que me congratule sinceramente com Vossa Excelência por esta promoção<br />

<strong>da</strong> parte do sucessor <strong>de</strong> Pedro, que vem não só ao encontro <strong>da</strong>s aspirações dos<br />

Exmos. Srs. Bispos do Paraná, mas e sobretudo vem coroar os muitos a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> seu<br />

longo episcopado, exercido e vivido com o zelo, o amor e a segurança do Bom Pastor


que tudo tem feito para o bem <strong>da</strong> grei que lhe foi confia<strong>da</strong>. E, com os meus parabéns,<br />

receba também os mais vivos agra<strong>de</strong>cimentos pelo bem que tem feito pela <strong>Igreja</strong> <strong>no</strong><br />

Brasil e especialmente <strong>no</strong> Paraná.<br />

Aproveito o ensejo que se me oferece para reiterar a Vossa Excelência os sentimentos<br />

<strong>de</strong> minha mais alta estima e sincera consi<strong>de</strong>ração.<br />

a) +Carmine Rocco<br />

Núncio Apostólico.<br />

A Sua Excelência<br />

Dom Jaime Luiz Coelho<br />

Bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

Caixa postal 152 - 87100 – MARINGÁ – PR (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE<br />

MARINGÁ, 1979, p. 5-6).<br />

No dia 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, órgãos <strong>da</strong> imprensa e emissoras <strong>de</strong> rádio e televisão trouxeram ao público,<br />

juntamente com igual <strong>no</strong>tícia sobre a Província Eclesiástica <strong>de</strong> Cascavel, o conhecimento sobre a criação <strong>da</strong><br />

Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> e promoção <strong>de</strong> dom Jaime a seu arcebispo metropolita<strong>no</strong>.<br />

Em matéria <strong>de</strong> primeira página, jornal maringaense informou:<br />

O Papa João Paulo II acaba <strong>de</strong> criar a Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, <strong>de</strong>smembra<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> Londrina, elevando a Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> à categoria <strong>de</strong> <strong>Arquidiocese</strong>,<br />

tendo como sufragâneas as Dioceses <strong>de</strong> Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama.<br />

Ao mesmo tempo, promove <strong>no</strong>sso Bispo Diocesa<strong>no</strong>, Dom Jaime Luiz Coelho, a primeiro<br />

Arcebispo <strong>da</strong> <strong>no</strong>va <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> [...] Nesta mesma <strong>da</strong>ta, o Papa João<br />

Paulo II está criando mais uma Província Eclesiástica <strong>no</strong> Paraná, a <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />

Cascavel, com Dioceses sufragâneas <strong>de</strong> Palmas, Toledo e Foz do Iguaçu, promovendo<br />

seu atual Bispo Diocesa<strong>no</strong>, Dom Armando Cirio, a seu primeiro Arcebispo.<br />

<strong>Uma</strong> <strong>da</strong>s razões por <strong>Maringá</strong> ter sido eleva<strong>da</strong> a Sé Metropolitana ou <strong>Arquidiocese</strong> foi<br />

justamente sua situação <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pólo, centro <strong>de</strong> importantes regiões. Aliás, <strong>no</strong> processo<br />

enviado a Roma especificou-se que, com a <strong>de</strong>cadência do ouro em Minas Gerais,<br />

o tropeirismo do século XVIII entrou em <strong>de</strong>clínio, o que levou a modificar o pa<strong>no</strong>rama<br />

do Paraná, <strong>no</strong> século XIX, na sua região sul. <strong>Uma</strong> vez separado <strong>de</strong> São Paulo, a corrente<br />

migratória <strong>no</strong> Norte do Paraná foi fun<strong>da</strong>ndo o que se chamou Norte Pioneiro<br />

ou Norte Velho, com prepon<strong>de</strong>rância <strong>da</strong> corrente migratória mineira. No entanto,<br />

os paulistas alargaram suas fronteiras em busca <strong>de</strong> terras roxas, on<strong>de</strong> surge Londrina<br />

(Norte Novo) e <strong>de</strong>pois <strong>Maringá</strong> (Norte Novíssimo). Do sul sobe a migração gaúcha localizando-se<br />

na região <strong>de</strong> Campo Mourão. <strong>Maringá</strong> torna-se assim o pólo <strong>de</strong>sta região,<br />

cerca<strong>da</strong> <strong>de</strong> sub-pólos, como Apucarana, Paranavaí, Campo Mourão e Umuarama. Sua<br />

posição geográfica confere-lhe papel privilegiado num raio vastíssimo <strong>de</strong> influência em<br />

microrregiões homogêneas constituí<strong>da</strong>s por aproxima<strong>da</strong>mente 102 municípios, com<br />

ligação com São Paulo e Mato Grosso. No programa <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>, <strong>Maringá</strong> é, pois, ponto<br />

importante <strong>de</strong> uma Metrópole ou Sé Metropolitana <strong>da</strong> região (PAPA..., 1979, p. 1).<br />

A instalação canônica foi marca<strong>da</strong> para 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1980. Assim que tomou conhecimento <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> Roma, o bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> <strong>de</strong>u por termina<strong>da</strong>s as suas preocupações com o assunto, <strong>de</strong>pois do<br />

processo que já vinha sendo tocado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Com o falecimento do papa João Paulo I, <strong>de</strong> fugaz passagem<br />

pelo tro<strong>no</strong> <strong>de</strong> Pedro, o tema permaneceu em suspenso. Voltou, porém, à cena logo <strong>no</strong> início do pontificado<br />

<strong>de</strong> João Paulo II, tornando-se uma <strong>de</strong> suas primeiras <strong>de</strong>cisões a respeito <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> do Brasil.<br />

O arcebispo eleito remeteu então ao papa a seguinte carta:<br />

<strong>Maringá</strong>, 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1979.<br />

Beatíssimo Padre<br />

Sua Santi<strong>da</strong><strong>de</strong> Papa João Paulo II<br />

261<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


262<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

Ao receber, por intermédio <strong>da</strong> Nunciatura Apostólica <strong>no</strong> Brasil, a <strong>no</strong>tícia <strong>de</strong> que Vossa<br />

Santi<strong>da</strong><strong>de</strong> se dig<strong>no</strong>u elevar a Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> à categoria <strong>de</strong> <strong>Arquidiocese</strong>, como<br />

se<strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>no</strong>va Província Eclesiástica, <strong>de</strong>smembrando-a <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> Londrina,<br />

e tendo como sufragâneas as Dioceses <strong>de</strong> Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama,<br />

e ao mesmo tempo <strong>no</strong>meando-me primeiro Arcebispo <strong>da</strong> <strong>no</strong>va <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong>, <strong>de</strong>sejo, filialmente, agra<strong>de</strong>cer a Vossa Santi<strong>da</strong><strong>de</strong> a confiança em mim <strong>de</strong>posita<strong>da</strong>,<br />

bem como, mais uma vez, protestar a minha inteira fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> à Sé <strong>de</strong> Pedro na<br />

íntima comunhão com Vossa Santi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Com a continua<strong>da</strong> proteção <strong>de</strong> Deus e <strong>da</strong> Virgem Imacula<strong>da</strong>, a Quem consagrei a<br />

guar<strong>da</strong> do meu Sacerdócio, espero continuar fiel à <strong>Igreja</strong> até à morte.<br />

Com re<strong>no</strong>vados agra<strong>de</strong>cimentos, em <strong>no</strong>me também dos meus queridos Fiéis, e pedindo<br />

a Bênção Apostólica, rogo ao Meni<strong>no</strong> Deus, neste abençoado Natal, as melhores<br />

graças para Vossa Santi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e a promessa <strong>da</strong>s minhas pobres orações.<br />

Filialmente,<br />

a) +Jaime Luiz Coelho<br />

Arcebispo Metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ,<br />

1979, p. 8-9).<br />

Na publicação oficial <strong>de</strong> criação <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> com a elevação <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong> à categoria <strong>de</strong> arquidiocese e se<strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>no</strong>va província, foi <strong>da</strong>do ao conhecimento <strong>de</strong> todos o texto<br />

<strong>da</strong> bula Quamquam est munus, do papa João Paulo II, lavra<strong>da</strong> a 16 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1979. Diz o texto lati<strong>no</strong>:<br />

João Paulo II Bispo Servo dos Servos <strong>de</strong> Deus<br />

Para perpétua memória<br />

Embora seja tarefa dos Roma<strong>no</strong>s Pontífices e seu principal ofício apresentar aos fiéis<br />

a íntegra fé em Jesus Cristo, propagá-la e <strong>de</strong>fendê-la <strong>da</strong>s insídias dos erros, ninguém<br />

ig<strong>no</strong>ra que igualmente a organização <strong>de</strong> dioceses e províncias muito contribui para o<br />

aumento <strong>da</strong> mesma religião, alcançando benefícios e atenuando males. Pelo que, tendo<br />

os Veneráveis Irmãos do Regional Sul II <strong>da</strong> Conferência dos Bispos do Brasil unanimemente<br />

pedido que, dividi<strong>da</strong> a Província eclesiástica <strong>de</strong> Londrina, fosse cria<strong>da</strong> uma <strong>no</strong>va,<br />

a <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, Nós, tendo ouvido tanto o Venerável Irmão Carmine Rocco, Arcebispo<br />

titular <strong>de</strong> Justinianóplis na Galácia e Núncio Apostólico <strong>no</strong> Brasil, quanto os Nossos<br />

Veneráveis Irmãos Car<strong>de</strong>ais <strong>da</strong> Santa <strong>Igreja</strong> Romana encarregados <strong>da</strong> Sagra<strong>da</strong> Congregação<br />

para os Bispos, <strong>de</strong>cretamos o que segue. Da Província eclesiástica <strong>de</strong> Londrina<br />

<strong>de</strong>smembramos a diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> e a incluímos entre as <strong>Igreja</strong>s metropolitanas, com<br />

os direitos e encargos próprios <strong>de</strong> tais <strong>Igreja</strong>s. Constituem a <strong>no</strong>va Província: a mesma<br />

se<strong>de</strong>, <strong>Maringá</strong>, e as dioceses <strong>de</strong> Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama, que serão<br />

sufragâneas, conforme as <strong>no</strong>rmas do direito. Promovemos ain<strong>da</strong> o Venerável Irmão Jaime<br />

Luiz Coelho, Bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, à digni<strong>da</strong><strong>de</strong> arquiepiscopal e <strong>de</strong> metropolita, com<br />

direitos e honras próprios, além <strong>da</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes obrigações, nutrindo a esperança<br />

<strong>de</strong> que quem diligentemente administrou a diocese ain<strong>da</strong> mais cui<strong>da</strong>dosamente venha a<br />

governar a arquidiocese. Lembramos ao Venerável Irmão Carmine Rocco que, em razão<br />

<strong>da</strong>s facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> que goza, execute fielmente o que estabelecemos acima; se necessário,<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>legar a sua execução a outro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que revestido <strong>da</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong> eclesiástica. No<br />

final, sejam redigi<strong>da</strong>s Atas <strong>da</strong>s quais prontamente se enviem cópias autênticas à Sagra<strong>da</strong><br />

Congregação para os Bispos. Revogam-se to<strong>da</strong>s as disposições em contrário.<br />

Dado em Roma, junto <strong>de</strong> São Pedro, <strong>no</strong> dia 16 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1979, <strong>no</strong> primeiro aniversário<br />

<strong>de</strong> Nosso Pontificado.<br />

+ Sebastião Car<strong>de</strong>al Baggio, Prefeito <strong>da</strong> S. Congregação para os Bispos<br />

Agostinho Car<strong>de</strong>al Casaroli, Secretário <strong>de</strong> Estado<br />

Marcello Rossetti, Proto<strong>no</strong>tário Apostólico<br />

Angelo Lanzoni, Proto<strong>no</strong>tário Apostólico (JOÃO PAULO II, 1979, p. 1501-1503).


Carta 12 - Bula <strong>de</strong> criação <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Conforme previsto, <strong>no</strong> início do a<strong>no</strong> seguinte a catedral agora metropolitana engala<strong>no</strong>u-se para a solene<br />

celebração eucarística presidi<strong>da</strong> pelo núncio apostólico, durante a qual se <strong>de</strong>u a instalação canônica <strong>da</strong> <strong>no</strong>va<br />

arquidiocese e a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> dom Jaime Luiz Coelho como seu primeiro arcebispo. Aten<strong>de</strong>ndo à<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> bula <strong>de</strong> criação, foi lavra<strong>da</strong> a ata, que documentou para a posteri<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

Ata <strong>da</strong> instalação canônica <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> – Paraná – Brasil<br />

No dia 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1980, na Catedral <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória, em <strong>Maringá</strong>,<br />

durante a concelebração eucarística, às 10 horas, presente o Ex.mo e Rev.mo Sr. Dom<br />

Carmine Rocco, Arcebispo titular <strong>de</strong> Justinianópolis na Galácia e Núncio Apostólico <strong>no</strong><br />

Brasil, não tendo chegado as bulas <strong>de</strong> criação <strong>da</strong> <strong>no</strong>va <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, que tem<br />

como sufragâneas as Dioceses <strong>de</strong> Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama, recentemente<br />

cria<strong>da</strong> pelo Santo Padre o Papa João Paulo II, e <strong>de</strong> <strong>no</strong>meação do seu primeiro Arcebispo<br />

Dom Jaime Luiz Coelho, foi lido o <strong>de</strong>creto <strong>da</strong> Nunciatura Apostólica, erigindo solene-<br />

263<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


264<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

mente a Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> e <strong>de</strong>clarando sua Catedral diocesana eleva<strong>da</strong> a<br />

Catedral metropolitana, bem como autorizando o Ex.mo e Rev.mo Sr. Dom Jaime Luiz<br />

Coelho a tomar posse <strong>da</strong> Província Eclesiástica como Arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Ao ato estavam presentes os Srs. Arcebispos Dom Jaime Luiz Coelho; Dom Geraldo<br />

Fernan<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> Londrina; Dom Pedro Fe<strong>da</strong>lto, <strong>de</strong> Curitiba; Dom Armando Cirio, <strong>de</strong><br />

Cascavel; os Srs. Bispos Dom Benjamin <strong>de</strong> Sousa Gomes, <strong>de</strong> Paranavaí; Dom José Maria<br />

Maimone, <strong>de</strong> Umuarama; Dom Geraldo Pellan<strong>da</strong>, <strong>de</strong> Ponta Grossa; Dom Pedro Filipak,<br />

<strong>de</strong> Jacarezinho; Dom Romeu Alberti, <strong>de</strong> Apucarana; Dom Luiz Eugênio Perez,<br />

<strong>de</strong> Jales; Dom Diógenes Silva Matthes, <strong>de</strong> Franca; Dom Geraldo Majella Agnelo, <strong>de</strong><br />

Toledo; Dom Domingos Wisniewski, <strong>de</strong> Cornélio Procópio; Dom Joel Ivo Catapan,<br />

Auxiliar <strong>de</strong> São Paulo; Dom Luiz Colussi, Auxiliar <strong>de</strong> Londrina; Padre João Oscar Ne<strong>de</strong>l,<br />

S.J., representante do Sr. Bispo <strong>de</strong> Campo Mourão, Dom Eliseu Simões Men<strong>de</strong>s;<br />

Mons. Alfredo <strong>da</strong> Fonseca Rodrigues, representando o Sr. Arcebispo <strong>de</strong> Botucatu,<br />

Dom Vicente Marchetti Zioni; o Ex.mo Sr. Governador do Estado do Paraná, General<br />

Ney Amynthas <strong>de</strong> Barros Braga; o Sr. Prefeito <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, Dr. João Pauli<strong>no</strong> Vieira<br />

Filho; Dona Guilhermina Cunha Coelho, mãe <strong>de</strong> Dom Jaime Luiz Coelho; Waldivi<strong>no</strong><br />

Coelho, irmão do <strong>no</strong>vo Arcebispo; Padre Sidney Luiz Zanettini, Cura <strong>da</strong> Catedral,<br />

Padre Geraldo Schnei<strong>de</strong>r, Procurador <strong>da</strong> Mitra Arquidiocesana; Padre Bernardo Cnud<strong>de</strong>,<br />

Pároco do Espírito Santo; sacerdotes, religiosas, <strong>de</strong>mais autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e fiéis, que<br />

presenciaram e testemunharam a soleni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Para constar, lavrou-se esta Ata, em quatro vias, que vão por todos assina<strong>da</strong>s.<br />

Catedral Metropolitana <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1980.<br />

+Carmine Rocco, Núncio Apostólico; +Jaime Luiz Coelho, Arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>;<br />

+Geraldo Fernan<strong>de</strong>s, Arcebispo <strong>de</strong> Londrina; +Pedro Fe<strong>da</strong>lto, Arcebispo <strong>de</strong> Curitiba<br />

+Armando Cirio, Arcebispo <strong>de</strong> Cascavel; a) Guilhermina Cunha Coelho; a) Waldivi<strong>no</strong><br />

Coelho; a) Ney Braga e Nice Braga; a) Dr. João Pauli<strong>no</strong> Vieira Filho, Prefeito Municipal;<br />

seguem outras assinaturas <strong>de</strong> bispos, sacerdotes e leigos presentes, conforme<br />

relação supra (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ, 1979, p. 13-14).<br />

A vi<strong>da</strong> pastoral implanta<strong>da</strong>, a seguir, <strong>no</strong> Noroeste do Paraná veio confirmar a previsão <strong>de</strong> dom Pedro<br />

Fe<strong>da</strong>lto, segundo a qual as <strong>no</strong>vas províncias eclesiásticas garantiriam maior agili<strong>da</strong><strong>de</strong> e participação mais<br />

intensa <strong>da</strong>s suas <strong>Igreja</strong>s-membro. No dia 24 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1980, 23º aniversário <strong>da</strong> diocese3 , em <strong>Maringá</strong>,<br />

<strong>no</strong> prédio <strong>da</strong> antiga ADAR, foi realiza<strong>da</strong> a primeira reunião <strong>da</strong> <strong>no</strong>va província eclesiástica. Presentes o arcebispo<br />

e os três bispos sufragâneos, ca<strong>da</strong> qual acompanhado <strong>de</strong> vários assessores, foi escolhido padre Orivaldo<br />

Robles, pároco <strong>de</strong> Marialva e coor<strong>de</strong>nador do Setor Pastoral <strong>de</strong> Jan<strong>da</strong>ia do Sul, como secretário para as<br />

reuniões <strong>da</strong> província. Estabeleceram-se os temas sobre os quais versariam as reuniões e ain<strong>da</strong> a freqüência<br />

<strong>da</strong>s reuniões. Ficou acor<strong>da</strong>do:<br />

Quanto ao conteúdo <strong>da</strong>s reuniões, a conclusão <strong>da</strong> assembléia foi a <strong>de</strong> que <strong>de</strong>verão<br />

ser estu<strong>da</strong>dos assuntos referentes às priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s pastorais do Regional e <strong>da</strong>s Dioceses:<br />

CEBs, Família, Paróquia e Diocese. Também os gran<strong>de</strong>s documentos <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> universal<br />

ou do Brasil. Ain<strong>da</strong> assuntos referentes à vi<strong>da</strong> do clero, como agente privilegiado<br />

<strong>da</strong> Pastoral. Ao final votou-se a freqüência <strong>da</strong>s reuniões <strong>da</strong> Província. Por <strong>no</strong>ve votos<br />

contra três, foram escolhi<strong>da</strong>s duas reuniões anuais, com duração <strong>de</strong> dois dias ca<strong>da</strong><br />

(PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ, 1979, p. 26-28).<br />

Para conhecimento <strong>da</strong>s preocupações que marcaram o início <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, comprometi<strong>da</strong><br />

com a missão evangelizadora e atenta à Palavra <strong>de</strong> Deus, ao magistério e à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do Noroeste<br />

3 Como é fácil perceber, dom Jaime, sempre que possível, marcava para eventos importantes uma <strong>da</strong>ta significativa <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong><br />

em <strong>Maringá</strong>. Muito lembrado é 24 <strong>de</strong> março, dia <strong>da</strong> instalação canônica <strong>da</strong> diocese, em 1957.


paranaense, seja permitido apresentar parte <strong>da</strong>s históricas reuniões pioneiras.<br />

Da ata <strong>da</strong> 2ª reunião <strong>da</strong> província, realiza<strong>da</strong> em 5-6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1980, <strong>no</strong> Centro Diocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> For-<br />

mação, em Umuarama:<br />

Dirigindo o plenário, Pe. Almei<strong>da</strong> procurou colher seu consenso quanto às conclusões<br />

dos círculos <strong>da</strong> manhã:<br />

1. Quanto aos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> pastoral:<br />

- Cresce a consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> presença dos leigos na evangelização.<br />

- Há indícios, na <strong>Igreja</strong> do Paraná, <strong>de</strong> um início <strong>de</strong> incentivo aos que contribuem para<br />

a fisio<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> uma <strong>Igreja</strong> comprometi<strong>da</strong> com o homem, v.g., <strong>no</strong> caso <strong>da</strong>s promissórias<br />

rurais <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Medianeira; <strong>no</strong> episódio Itaipu; <strong>no</strong> trabalho <strong>da</strong> Pastoral Rural,<br />

sobretudo em relação ao sindicalismo. Em nível nacional foram lembrados os fatos <strong>da</strong><br />

greve dos metalúrgicos do ABC paulista e a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> presta<strong>da</strong> a dom Paulo Evaristo<br />

Arns, em S. Paulo.<br />

- Há positivos sinais <strong>de</strong> pertença à <strong>Igreja</strong> pelos leigos, manifesta na preocupação <strong>da</strong><br />

hierarquia com o leigo, na existência dos conselhos <strong>de</strong> Pastoral.<br />

- Deve-se reconhecer, porém, que ain<strong>da</strong> persistem sinais negativos:<br />

- Na quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos leigos não conscientizados e, mesmo entre os que se<br />

julgam conscientizados, é ain<strong>da</strong> muito pronuncia<strong>da</strong> a dicotomia fé-vi<strong>da</strong>.<br />

- Os leigos são formados <strong>de</strong> maneira clerical, para trabalhos ligados ao ministério<br />

or<strong>de</strong>nado: <strong>no</strong>ssos leigos ain<strong>da</strong> se <strong>de</strong>dicam quase só a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s liga<strong>da</strong>s<br />

aos sacramentos e à oração, e estão ausentes <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> atuação específica;<br />

consi<strong>de</strong>ram-se colaboradores do clero, sentem-se um pouco me<strong>no</strong>res na <strong>Igreja</strong>,<br />

<strong>de</strong>spreparados e inseguros, necessitando <strong>da</strong> presença do sacerdote.<br />

- Falta formação permanente dos leigos, não existe organização laical: não po<strong>de</strong>mos<br />

ain<strong>da</strong> falar entre nós <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um laicato (cristãos conscientes <strong>de</strong> sua<br />

missão própria e articulados entre si na Pastoral).<br />

- Não se <strong>no</strong>ta claramente a consciência <strong>de</strong> que, pelo batismo e pela crisma, o<br />

cristão é inserido na <strong>Igreja</strong> a título próprio. Isto se <strong>de</strong>ve, talvez, à antiga mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

com a Ação Católica, do man<strong>da</strong>to para garantir a ligação do laicato com<br />

a hierarquia. (Foi <strong>no</strong>ta<strong>da</strong>, neste ponto, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer-se distinção, mas<br />

não separação, entre hierarquia e laicato, como partes integrantes e necessárias<br />

do mesmo Corpo <strong>de</strong> Cristo que é a <strong>Igreja</strong>).<br />

2. Quanto à reflexão teológica:<br />

- Firmou-se a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do leigo: alguém incorporado diretamente a Cristo, em quem<br />

foi cria<strong>da</strong> uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong>va pelo batismo.<br />

- Daí <strong>de</strong>corre sua ação pastoral: em <strong>no</strong>me próprio, como <strong>Igreja</strong>, <strong>da</strong> qual é partícipe<br />

atuante pelo batismo e crisma, ele tem o direito e o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> exercer a sua missão.<br />

- A maneira própria <strong>de</strong> o leigo atuar a sua missão é or<strong>de</strong>nar a criação segundo o pla<strong>no</strong><br />

<strong>de</strong> Deus.<br />

3. Quanto às diretrizes pastorais:<br />

- Promover, como já se faz parcialmente, a participação dos leigos em to<strong>da</strong>s as etapas<br />

do processo <strong>de</strong> planejamento pastoral, <strong>no</strong>s vários níveis <strong>de</strong> <strong>Igreja</strong>: comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, paróquia<br />

e diocese.<br />

- Promover a constante formação dos leigos, incentivar a sua criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>terminar<br />

as suas funções próprias, bem como as do padre.<br />

- Observar a lógica pastoral em que as priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s sejam persegui<strong>da</strong>s com maior empenho.<br />

- Garantir a representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos leigos, mantendo fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> à orientação do V Pla<strong>no</strong><br />

Regional: “Realizar a <strong>Igreja</strong> na Base”.<br />

Após o intervalo, o plenário, coor<strong>de</strong>nado ain<strong>da</strong> pelo Pe. Almei<strong>da</strong>, procurou, com base<br />

nas conclusões anteriores, apresentar algumas<br />

Sugestões para a formação <strong>de</strong> um laicato organizado:<br />

• Criar o Conselho Diocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Leigos, formado pelos presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> movimentos<br />

e responsáveis pelos serviços pastorais.<br />

• Assumir as CEBs como o lugar <strong>de</strong> participação do leigo na <strong>Igreja</strong>.<br />

265<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


266<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

• Incentivar os grupos <strong>de</strong> reflexão e as CEBs, encaminhando para elas os movimentos.<br />

• Nos cursos, reuniões e estudos do clero, procurar <strong>de</strong>scobrir os elementos <strong>de</strong><br />

uma teologia do leigo, a partir do Vatica<strong>no</strong> II, Me<strong>de</strong>llín, Evangelii Nuntiandi,<br />

Puebla e os pronunciamentos <strong>de</strong> João Paulo II, já que a ação pastoral <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> visão teológica.<br />

• Aproveitar to<strong>da</strong>s as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> contato com os leigos (cursos, encontros,<br />

cursilhos, reuniões <strong>de</strong> grupos e CEBs) para levar-lhes esses elementos <strong>de</strong> teologia,<br />

a fim <strong>de</strong> que <strong>de</strong>scubram sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> na <strong>Igreja</strong>.<br />

• Não ter medo <strong>de</strong> <strong>da</strong>r oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aos leigos, correndo, embora, o risco <strong>de</strong><br />

imperfeições que necessitem <strong>de</strong> correção, a fim <strong>de</strong> habituá-los a participar.<br />

• Convi<strong>da</strong>r os leigos a participarem <strong>da</strong> programação pastoral.<br />

• Dar ciência ao leigo dos acontecimentos e problemas que lhe dizem respeito. [...]<br />

Com a participação <strong>de</strong> todos, ca<strong>da</strong> Diocese apresentou sua situação, chegando-se aos<br />

seguintes elementos comuns:<br />

Quanto às CEBs:<br />

- Designar com esse conceito um razoável número <strong>de</strong> pessoas articula<strong>da</strong>s entre si,<br />

formando uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> oração, estudo <strong>da</strong> fé e ação social transformadora, vivenciando<br />

os vários elementos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eclesial. Distinguir dos grupos <strong>de</strong> reflexão, on<strong>de</strong><br />

reduzido número <strong>de</strong> pessoas se reúne para o estudo <strong>da</strong> fé.<br />

- Aceitar <strong>de</strong> fato a CEB como priori<strong>da</strong><strong>de</strong> pastoral.<br />

- Fazer dos grupos a base <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cristã.<br />

- Empregar o método clássico do ver-julgar-agir.<br />

- Levar a uma vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> oração (liturgia), fé (catequese) e amor (união, testemunho e<br />

dimensão social <strong>da</strong> fé).<br />

- Levar a CEB a abrir-se aos <strong>de</strong>mais níveis <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> (família, paróquia e diocese).<br />

- Programar um encontro provincial <strong>de</strong> experiências sobre CEBs.<br />

- Mobilizar to<strong>da</strong>s as iniciativas pastorais em função <strong>da</strong> CEB. Assim, a formação dos<br />

ministros extraordinários <strong>da</strong> Eucaristia, Pastoral Rural, encontros <strong>de</strong> preparação aos<br />

sacramentos, catequese, Pastoral <strong>da</strong> família, Pastoral vocacional e os eventuais contatos<br />

com o padre encarregado <strong>da</strong> Pastoral rodoviária (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE<br />

MARINGÁ, 1979, p. 26-32).<br />

Da ata <strong>da</strong> 3ª Reunião <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, que se realizou <strong>no</strong> Centro <strong>de</strong> Obras Sociais<br />

<strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> Paranavaí (COSDIPA), na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Paranavaí, <strong>no</strong>s dias 25-26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1981:<br />

Pela <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> Pe. Almei<strong>da</strong> falou sobre as CEBs, analisando, a partir <strong>da</strong>s<br />

experiências relata<strong>da</strong>s na revista SEDOC, <strong>de</strong> 1975 a 1980, a caminha<strong>da</strong> <strong>da</strong>s CEBs <strong>no</strong><br />

Brasil. Focalizou sobretudo o documento “Conclusões do III Encontro Intereclesial<br />

<strong>da</strong>s Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Base <strong>Igreja</strong>, Povo que se Liberta”, e a reflexão do Pe. Eduardo<br />

Hoonaert “Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Base: <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> experiência” (SEDOC, Petrópolis, n.<br />

118, jan./fev.1979, p. 700-710, 710-732) a<strong>no</strong>tando:<br />

- Passos certos: a) Relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema clerical-paroquial.<br />

b) Papel positivo <strong>da</strong> mulher na <strong>Igreja</strong>.<br />

- Impasses: a) Treinamento ain<strong>da</strong> elitizante dos lí<strong>de</strong>res.<br />

b) Encontro <strong>da</strong> religião oficial com a cultura popular.<br />

- Pistas para o futuro: a) I<strong>de</strong>ologia subjacente aos esforços <strong>de</strong>stes 10 a<strong>no</strong>s (<strong>de</strong>pendência<br />

cultural <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> brasileira diante <strong>da</strong> européia).<br />

b) <strong>Igreja</strong> como libertadora <strong>de</strong>sse esquema, pelo seu ser missionário e comunitário.<br />

Os grupos, reunidos por diocese, chegaram às seguintes conclusões:<br />

1._Quanto à relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema clerical-paroquial:<br />

Sinais e conseqüências do questionamento que as CEBs fazem à paróquia clerical:<br />

- Passagem <strong>de</strong> uma pastoral apenas sacramental para uma pastoral também evangelizadora<br />

e <strong>de</strong> vivência.<br />

- Despertar do clero para a digni<strong>da</strong><strong>de</strong>, atribuições, direitos e <strong>de</strong>veres do leigo.<br />

- Consciência maior do leigo a respeito do seu próprio ser e agir cristão.


- Inserção dos movimentos na pastoral <strong>da</strong>s CEBs.<br />

- Mobilização mais numerosa <strong>de</strong> leigos com participação correta na pastoral.<br />

- Descentralização do ministério <strong>da</strong> palavra, antes exerci<strong>da</strong> exclusivamente pelo clero.<br />

- I<strong>de</strong>m para a animação <strong>da</strong> oração e exercício <strong>da</strong>s responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s administrativas<br />

(ressaltando-se a figura dos conselhos).<br />

- Valorização <strong>da</strong> figura <strong>da</strong> mulher e do jovem.<br />

- Criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo espaço <strong>de</strong> comunhão e participação.<br />

Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>: verificam-se casos em que a CEB repete o esquema clerical <strong>da</strong> paróquia.<br />

2. Quanto ao encontro com a cultura e religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> popular:<br />

- Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em manter equilíbrio e harmonia entre a cultura (e religião) oficial e a<br />

popular.<br />

- Desprezo às vezes inconsciente <strong>da</strong> parte dos cristãos ditos conscientizados para com<br />

as formas populares <strong>de</strong> cristianismo.<br />

- Marginalização e sentimento <strong>de</strong> inferiori<strong>da</strong><strong>de</strong> por parte dos representantes <strong>da</strong> cultura<br />

popular.<br />

- Radicalismos <strong>de</strong> agentes pastorais <strong>no</strong> trato com expressões religiosas e culturais do<br />

povo.<br />

- A própria religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> popular é fonte, às vezes, don<strong>de</strong> brotam as CEBs.<br />

3. Quanto ao treinamento dos lí<strong>de</strong>res:<br />

- É váli<strong>da</strong> a observação <strong>de</strong> Hoonaert sobre a formação clerical e pe<strong>da</strong>gogia opressiva<br />

<strong>no</strong> treinamento <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças leigas. Daí o surgimento <strong>de</strong> “mini-padres”, lí<strong>de</strong>res leigos<br />

individualistas e prepotentes.<br />

- Há casos <strong>de</strong> padres que apenas distribuem sacramentos: não se esforçam para a formação<br />

<strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res, esperando tudo <strong>da</strong> Diocese.<br />

- Certos segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (médicos, p. ex.) mostram-se impermeáveis à ação<br />

<strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>.<br />

4. Quanto ao relacionamento com as estruturas injustas:<br />

- Percorre-se o <strong>caminho</strong> mais fácil e imediato: obras <strong>de</strong> misericórdia e assistência. É<br />

insuficiente, mas constitui uma passagem.<br />

- As reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s anti-evangélicas começam a ser <strong>de</strong>scobertas. Vai-se formando o discernimento<br />

cristão. Faltam atitu<strong>de</strong>s cristãs.<br />

- Há preocupação com a manipulação política ou econômica <strong>da</strong>s CEBs.<br />

Apresentação do VII Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Pastoral <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> Paranavaí, mostrando sua conexão<br />

com o VI Pla<strong>no</strong> Bienal <strong>de</strong> Pastoral <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>no</strong> Paraná. I<strong>de</strong>m para o Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

Pastoral <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> Campo Mourão. Observação <strong>de</strong> dom Benjamin sobre o aspecto<br />

particular <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssas dioceses do Paraná que se esvaziam progressivamente. Dom Jaime<br />

reafirmou as preocupações <strong>de</strong> dom Benjamin (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE<br />

MARINGÁ, 1979, p. 35-39, grifo do autor).<br />

Por essa amostra é lícito precisar o rumo evangelizador tomado pelas <strong>Igreja</strong>s <strong>da</strong> <strong>no</strong>va província eclesiástica.<br />

Foram, em ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, assumidos <strong>de</strong> forma conjunta compromissos pastorais que, há tempo, se enfatizavam<br />

nas dioceses por força <strong>da</strong>s orientações do Regional Sul II, responsável primeiro, como Fe<strong>da</strong>lto lembrara em<br />

1978, pela uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>no</strong> Estado. Dividido o Regional em quatro blocos me<strong>no</strong>res, tor<strong>no</strong>u-se mais<br />

exeqüível a consecução <strong>de</strong> metas propostas; mais ágil a implementação <strong>de</strong> agen<strong>da</strong>s assumi<strong>da</strong>s. A medi<strong>da</strong> significou<br />

um avanço para as quatro dioceses do Noroeste. Dois dias inteiros <strong>de</strong> reunião, vividos num ambiente<br />

<strong>de</strong> amor frater<strong>no</strong> e zelo do Evangelho, <strong>de</strong> estudo e <strong>de</strong> oração comum − revelaram-se providência acerta<strong>da</strong> na<br />

escolha <strong>de</strong> <strong>caminho</strong>s para to<strong>da</strong> a província. Não só por gratidão, mas também por justiça, é importante reverenciar<br />

homens e mulheres <strong>da</strong>quele tempo que, ao lado do metropolita, assumiram a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelas<br />

<strong>Igreja</strong>s <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama.<br />

Quase trinta a<strong>no</strong>s passados, não há como fechar os olhos às transformações por que passou a região,<br />

a começar pelo esvaziamento que, <strong>no</strong> início dos a<strong>no</strong>s 80, dom Benjamin e dom Jaime <strong>de</strong>ploravam. Outras<br />

mu<strong>da</strong>nças houve e continuará seguramente a haver, o que reforça a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um caminhar conjunto<br />

<strong>da</strong>s dioceses. Na uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e na aju<strong>da</strong> mútua se encontra a fórmula <strong>de</strong> superação dos obstáculos interpostos por<br />

situações <strong>no</strong>vas. Como o <strong>de</strong>monstra o recente arranjo adotado na formação dos futuros presbíteros. Inteli-<br />

267<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


268<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

gentemente, foi unifica<strong>da</strong> em <strong>Maringá</strong> a formação acadêmica para a Filosofia <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a província, enquanto<br />

Londrina passou a concentrar a formação teológica dos seminaristas <strong>de</strong> ambas as províncias <strong>no</strong>rte-paranaenses.<br />

Quanto a outras áreas (huma<strong>no</strong>-afetiva, espiritual, social, pastoral...) ca<strong>da</strong> diocese as assume, imprimindo<br />

à formação dos futuros presbíteros os traços <strong>de</strong> suas opções diocesanas. Embora recente e <strong>de</strong> resultados por<br />

avaliar, tudo aponta para o êxito <strong>da</strong> iniciativa. O futuro <strong>da</strong>rá o veredicto.<br />

O servO bOm e fiel<br />

No dia 10 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1980, durante a 7ª Assembléia Geral <strong>de</strong> Pastoral <strong>da</strong> agora arquidiocese<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> foram criados os vicariatos episcopais. Na prática, foram eleva<strong>da</strong>s a essa condição as três regiões<br />

pastorais existentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1968, ao mesmo tempo em que os responsáveis pelas paróquias-se<strong>de</strong> foram eleitos<br />

vigários episcopais, recebendo o título <strong>de</strong> monsenhores: Bernardo Cnud<strong>de</strong>, para o vicariato episcopal <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>;<br />

Berniero Lauria, para o vicariato episcopal <strong>de</strong> Nova Esperança e Orivaldo Robles, pároco <strong>de</strong> Marialva,<br />

para o vicariato episcopal <strong>de</strong> Jan<strong>da</strong>ia do Sul.<br />

Na condição <strong>de</strong> arcebispo metropolita<strong>no</strong>, dom Jaime permaneceu ain<strong>da</strong> por mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>zessete a<strong>no</strong>s à<br />

frente <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Sob seu gover<strong>no</strong> foi inaugurado o curso <strong>de</strong> Filosofia do qual se beneficiaram,<br />

inicialmente, as quatro <strong>Igreja</strong>s <strong>da</strong> província; foi or<strong>de</strong>nado bispo o primeiro presbítero <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>,<br />

padre Vicente Costa, e foi alça<strong>da</strong> a catedral metropolitana à digni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> basílica me<strong>no</strong>r, a primeira do Paraná.<br />

Acima <strong>de</strong> tudo, porém, prosseguiu a evangelização do povo <strong>de</strong> Deus, <strong>no</strong> empenho dos agentes <strong>de</strong> pastoral<br />

li<strong>de</strong>rados por aquele que <strong>de</strong> todos se fez pai e irmão.<br />

Não houve mais <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Santa Sé convite como os feitos <strong>no</strong> passado em que, por duas vezes, em<br />

1962 e em 1970, dom Jaime recebeu consulta sobre seu interesse <strong>de</strong> se transferir para ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> maior importância que <strong>Maringá</strong>. Ao núncio apostólico em ambas as ocasiões ele esclareceu que, conquanto<br />

inteiramente submisso à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus na comunhão com o sucessor <strong>de</strong> Pedro, se lhe fosse permitido<br />

optar, sua preferência era permanecer em <strong>Maringá</strong>. E aqui continuou. 4 Ao completar os 75 a<strong>no</strong>s, i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> aconselha<strong>da</strong> renúncia dos bispos, apresentou sua disposição <strong>de</strong> entrega do cargo. Surpreso, entretanto,<br />

pela impressionante vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> que o via exibir, o papa João Paulo II, quando o recebeu na visita ad limina<br />

apostolorum, 5 observou: “Setenta e cinco a<strong>no</strong>s? Com essa cara?”. Acabou <strong>de</strong>ixando-o ain<strong>da</strong> por seis a<strong>no</strong>s <strong>no</strong><br />

comando <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

No 40º aniversário <strong>da</strong> instalação canônica <strong>da</strong> diocese, por cair o dia 24 <strong>de</strong> março na segun<strong>da</strong>-feira após<br />

o domingo <strong>de</strong> Ramos, a efeméri<strong>de</strong> foi transferi<strong>da</strong> para o dia 6 <strong>de</strong> abril seguinte. Na catedral basílica repleta<br />

<strong>de</strong> povo, reuniram-se doze arcebispos e bispos do Paraná, todos os presbíteros <strong>da</strong> arquidiocese e <strong>de</strong> outras<br />

procedências, seminaristas, religiosos e inúmeros fiéis para uma celebração rara <strong>no</strong> mundo e, mais ain<strong>da</strong>, <strong>no</strong><br />

Brasil: os quarenta a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> um bispo à frente <strong>da</strong> mesma <strong>Igreja</strong>. Os fogos <strong>de</strong> artifício que espocaram na Praça<br />

Pio XII pintaram na escuridão <strong>da</strong>quela <strong>no</strong>ite o painel <strong>da</strong>s quatro déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> fulgor <strong>de</strong> uma <strong>Igreja</strong> que brotou<br />

<strong>da</strong> mata, <strong>da</strong> lama, <strong>da</strong> poeira, do suor e <strong>da</strong>s lágrimas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> homens e mulheres <strong>de</strong> fé que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1957,<br />

seguiram os passos <strong>de</strong> um condutor seguro: o bispo que veio <strong>de</strong> longe.<br />

Durante reunião conjunta do clero, <strong>no</strong> dia 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1997, dom Jaime comunicou oficialmente o<br />

<strong>no</strong>me do <strong>no</strong>vo arcebispo a sucedê-lo na se<strong>de</strong> maringaense, dom Murilo Sebastião dos Ramos Krieger, bispo<br />

diocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ponta Grossa e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995, presi<strong>de</strong>nte do Regional Sul II <strong>da</strong> CNBB, cuja posse foi posteriormente<br />

agen<strong>da</strong><strong>da</strong> para o dia 11 <strong>de</strong> julho seguinte.<br />

4 No dia 21 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1975, em visita ao car<strong>de</strong>al Sérgio Pignedolli, foi convi<strong>da</strong>do a se transferir ao Vatica<strong>no</strong> para trabalhar com<br />

ele na Secretaria para as Comunicações Sociais. O bispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> argumentou que, aos 59 a<strong>no</strong>s, não estava em i<strong>da</strong><strong>de</strong> para isso.<br />

Concordou o car<strong>de</strong>al, observando que ele aparentava i<strong>da</strong><strong>de</strong> bem me<strong>no</strong>r (informação <strong>da</strong><strong>da</strong> por dom Jaime Luiz Coelho, em 5 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 2006).<br />

5 Tradução; “à soleira <strong>da</strong>s portas dos apóstolos”, i. é, aos pés <strong>de</strong> Pedro e Paulo, sepultados em Roma. Visita feita a ca<strong>da</strong> 5 a<strong>no</strong>s pelos<br />

bispos em sinal <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>Igreja</strong>s locais com a sé apostólica. Os bispos do Brasil fazem-na <strong>de</strong> forma conjunta, segundo os Regionais<br />

<strong>da</strong> CNBB. Usa-se a forma abrevia<strong>da</strong> “ad limina”.


A vidA (re)cOmeçA AOs 40<br />

No dia 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1997 veio a público a aceitação pelo Santo Padre <strong>da</strong> renúncia apresenta<strong>da</strong> por dom<br />

Jaime, em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o cân. 401 §1, que prevê: “O bispo diocesa<strong>no</strong> que tiver completado 75 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong><br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice que, pon<strong>de</strong>rando to<strong>da</strong>s as circunstâncias,<br />

tomará providências”. Ao arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> faltavam então exatos 80 dias para completar 81 a<strong>no</strong>s.<br />

Ao mesmo tempo em que acatou o pedido <strong>de</strong> renúncia, o sumo pontífice <strong>no</strong>meou seu sucessor através <strong>de</strong> bula<br />

exara<strong>da</strong> em latim, como os documentos oficiais <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>, com os dizeres:<br />

JOÃO PAULO Bispo,<br />

Servo dos Servos <strong>de</strong> Deus,<br />

ao venerável irmão Murilo Sebastião Ramos Krieger, membro <strong>da</strong> Congregação dos Padres<br />

do Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus, até agora Bispo <strong>de</strong> Ponta Grossa, transferido para a<br />

Se<strong>de</strong> Metropolitana vacante <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, sau<strong>da</strong>ção e Bênção Apostólica. Com a renúncia<br />

ao ofício do gover<strong>no</strong> <strong>de</strong>ssa <strong>Igreja</strong>, apresenta<strong>da</strong> pelo seu dirigente anterior, o venerável<br />

irmão Jaime Luiz Coelho, que, por <strong>de</strong>zessete a<strong>no</strong>s ininterruptos, esteve à frente <strong>de</strong>ssa<br />

mesma <strong>Igreja</strong>, o caríssimo rebanho maringaense anseia ar<strong>de</strong>ntemente por um pastor e<br />

mestre <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> católica. Pelo que mais seguramente se recomen<strong>da</strong> a essa necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pastoral, dirigimo-<strong>no</strong>s hoje a ti, venerável irmão, que quisemos elevar ao episcopado<br />

na <strong>Igreja</strong> e a quem observamos exercendo honrosamente, até agora, o ofício episcopal<br />

junto à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> eclesial <strong>de</strong> Ponta Grossa, assim como também, antes disso, <strong>de</strong>senvolvendo<br />

fecundo ministério em tua <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> Florianópolis. Ouvido, pois, o<br />

pru<strong>de</strong>nte parecer <strong>da</strong> Congregação para os Bispos, e confiando muito na tua força interior,<br />

consi<strong>de</strong>rados o teu trabalho e as quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> tua visão pastoral, fazendo uso <strong>da</strong><br />

plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nossa autori<strong>da</strong><strong>de</strong> apostólica, Nós te dispensamos <strong>de</strong> todos os vínculos com<br />

a tua anterior <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> Ponta Grossa e te constituímos legítimo Arcebispo Metropolita<strong>no</strong><br />

<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, com todos os direitos e privilégios, bem como com<br />

ca<strong>da</strong> um dos <strong>de</strong>veres e encargos inerentes a tal administração, conforme os sagrados câ<strong>no</strong>nes.<br />

Enquanto zelosamente instruíres o teu clero e o povo fiel sobre teu ofício <strong>de</strong> seu<br />

dirigente espiritual, estarás contribuindo para redobrado fervor apostólico, bem como<br />

para fertilíssimo <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> ação episcopal, na re<strong>no</strong>vação e <strong>no</strong> consolo do rebanho<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, e não duvi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que abun<strong>da</strong>ntes luzes e forças do sacratíssimo Coração do<br />

misericordioso Re<strong>de</strong>ntor se <strong>de</strong>rramarão sempre sobre o teu trabalho.<br />

Dado em Roma, junto <strong>de</strong> São Pedro, <strong>no</strong> dia sete <strong>de</strong> maio do a<strong>no</strong> do Senhor <strong>de</strong> mil<br />

<strong>no</strong>vecentos e <strong>no</strong>venta e sete, décimo <strong>no</strong><strong>no</strong> do Nosso Pontificado.<br />

ass.) João Paulo II, Papa<br />

ass.) Tarcísio Nardi, Proto<strong>no</strong>tário Apostólico Supranumerário (JOÃO PAULO II,<br />

1997a, p. 428).<br />

Depois <strong>de</strong> quarenta a<strong>no</strong>s, a retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> cena <strong>de</strong> dom Jaime para alguns po<strong>de</strong>ria significar uma ameaça à<br />

sobrevivência, nesta terra, <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> que jamais conhecera outro dirigente. Mas a sensação <strong>de</strong> orfan<strong>da</strong><strong>de</strong> que,<br />

eventualmente, um ou outro tenha experimentado, ce<strong>de</strong>u lugar à certeza <strong>de</strong> que, para a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, se<br />

a vi<strong>da</strong> não começa aos quarenta, nessa i<strong>da</strong><strong>de</strong> ela recomeçou, a partir <strong>da</strong> vin<strong>da</strong> do <strong>no</strong>vo pastor, não exatamente<br />

um <strong>de</strong>sconhecido vindo <strong>de</strong> longe. Presi<strong>de</strong>nte do Regional Sul II, ele já vinha esten<strong>de</strong>ndo sua atuação por todo<br />

o Estado. Dois meses <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> <strong>no</strong>meação, Krieger foi empossado <strong>no</strong> ofício <strong>de</strong> arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong>. O documento que registrou o fato po<strong>de</strong> ser consultado <strong>no</strong>s arquivos curiais:<br />

Ata <strong>da</strong> posse canônica <strong>de</strong> dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ, arcebispo metropolita<strong>no</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

No dia 11 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997, às 19h30m, durante Concelebração Eucarística na Ca-<br />

269<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


270<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

tedral Metropolitana Basílica Me<strong>no</strong>r Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, segundo<br />

as <strong>no</strong>rmas do Código <strong>de</strong> Direito Canônico, tomou posse canônica <strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong>, <strong>no</strong> Paraná, Brasil, o 2º arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, dom Murilo<br />

Sebastião Ramos Krieger, SCJ, <strong>no</strong>meado por Sua Santi<strong>da</strong><strong>de</strong> papa João Paulo II a 7 <strong>de</strong><br />

maio <strong>de</strong> 1997, em substituição ao 1º arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, dom Jaime Luiz Coelho.<br />

Presentes à referi<strong>da</strong> posse canônica: dom Jaime Luiz Coelho, 1º arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>;<br />

dom Pedro Antônio Marchetti Fe<strong>da</strong>lto, arcebispo <strong>de</strong> Curitiba; dom Alba<strong>no</strong> Bortoletto<br />

Cavallin, arcebispo <strong>de</strong> Londrina; dom Lúcio Inácio Baumgaertner, arcebispo <strong>de</strong> Cascavel;<br />

dom Virgílio <strong>de</strong> Pauli, bispo <strong>de</strong> Campo Mourão; dom José Maria Maimone, bispo<br />

<strong>de</strong> Umuarama; dom Rubens Augusto <strong>de</strong> Souza Espí<strong>no</strong>la, bispo <strong>de</strong> Paranavaí, outros<br />

senhores bispos, consultores diocesa<strong>no</strong>s, sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas,<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e fiéis.<br />

Após a sau<strong>da</strong>ção oficial do 1° arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, dom Jaime Luiz Coelho, a obediência<br />

do clero e homenagem dos religiosos, leigos e seminaristas e excelentíssimas<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o 2º arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, dom Murilo Sebastião Ramos<br />

Krieger, SCJ, usou <strong>da</strong> palavra assumindo o seu <strong>no</strong>vo cargo na <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> Deus que está<br />

em <strong>Maringá</strong>.<br />

Para constar, como secretário “ad hoc”, eu, monsenhor Orivaldo Robles, consultor<br />

diocesa<strong>no</strong> e pároco <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Paroquial Santa Maria Goretti, nesta ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong>, lavrei a presente Ata, que será assina<strong>da</strong> por alguns dos presentes.<br />

<strong>Maringá</strong>, 11 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997.<br />

+Murilo SR Ramos Krieger, scj<br />

+Jaime Luiz Coelho<br />

+Lúcio I. Baumgaertner<br />

+Pedro A. M. Fe<strong>da</strong>lto<br />

+Alba<strong>no</strong> Cavallin<br />

+Virgílio <strong>de</strong> Pauli<br />

+(ilegível)<br />

Jairo Morais Gia<strong>no</strong>to (prefeito municipal)<br />

Edith Dias (vereadora)<br />

René Pereira <strong>da</strong> Costa (juiz)<br />

Mons. Orivaldo Robles<br />

Mons. Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva<br />

Mons. Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong><br />

+Armando Cirio (arcebispo emérito <strong>de</strong> Cascavel)<br />

+Walter Michael Ebejer, OP (bispo <strong>de</strong> União <strong>da</strong> Vitória)<br />

Mons. Bernard Cnud<strong>de</strong><br />

+Eusébio Oscar Scheid, SCJ (arcebispo <strong>de</strong> Florianópolis-SC)<br />

Padre Nunzio Reghenzi (ROBLES, 1997c, 1 f.).


Posse <strong>de</strong> dom Murilo<br />

11 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997<br />

Dom Murilo suce<strong>de</strong>u a dom Jaime, tomando posse <strong>no</strong> dia 11 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997: o abraço, a entrega do báculo<br />

(cajado do pastor para reger o rebanho sagrado), a entronização na cátedra (símbolo do serviço <strong>de</strong> ensinar) e a assinatura <strong>da</strong> ata.<br />

271<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


272<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

A partir <strong>da</strong> posse, a <strong>Igreja</strong> Católica em <strong>Maringá</strong> começou a conhecer mais <strong>de</strong> perto seu <strong>no</strong>vo pastor.<br />

Catarinense <strong>de</strong> Brusque, ele nasceu em 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1943, sexto dos <strong>no</strong>ve filhos do casal Oscar Krieger<br />

e Olga Ramos Krieger. Dentre os irmãos, Magali e Milton Roque, assim como os pais, já faleceram. Ain<strong>da</strong><br />

criança, entrou para a Congregação dos Padres do Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus, também conhecidos como<br />

<strong>de</strong>honia<strong>no</strong>s, por causa do fun<strong>da</strong>dor, padre Leão Dehon (1843-1925). Cursou o seminário me<strong>no</strong>r em Corupá<br />

(SC), fez <strong>no</strong>viciado em Jaraguá do Sul (SC), Filosofia em Brusque, e Teologia em Taubaté (SP). Professou<br />

os votos perpétuos em 2 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1967, or<strong>de</strong>nando-se presbítero na sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong> natal, <strong>no</strong> dia 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1969. Iniciou o ministério na paróquia do Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus, em Taubaté, on<strong>de</strong> fundou<br />

o movimento Shalom para jovens, assumindo <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong> 1974 a 1979, na mesma ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, as funções <strong>de</strong> reitor<br />

do Instituto Teológico Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus. Estudou Espirituali<strong>da</strong><strong>de</strong>, em Roma, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1980. Em<br />

1981, foi escolhido superior provincial <strong>da</strong> congregação, passando a residir em São Paulo on<strong>de</strong> foi alcançá-lo,<br />

em 16 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1985, a eleição para a se<strong>de</strong> titular <strong>de</strong> Lisínia, 6 como bispo auxiliar <strong>de</strong> Florianópolis.<br />

Segundo sua irmã Maria Teresinha K. Merico, “chegou a comentar, na época, que estava pronto a respon<strong>de</strong>r<br />

não ao papa João Paulo II”, mas aceitou o encargo como escolha <strong>de</strong> Deus. 7 Recebeu a or<strong>de</strong>nação episcopal<br />

<strong>no</strong> dia 28 <strong>de</strong> abril do mesmo a<strong>no</strong>, escolhendo como lema <strong>de</strong> seu episcopado Deus caritas est = Deus é amor<br />

(1JOÃO 4, 16). A 8 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1991, foi <strong>no</strong>meado bispo diocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ponta Grossa, tomando posse <strong>no</strong> dia<br />

22 <strong>de</strong> julho do mesmo a<strong>no</strong>. Foi escolhido, em 1995, presi<strong>de</strong>nte do Regional Sul II <strong>da</strong> CNBB. Eleito arcebispo<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> <strong>no</strong> dia 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1997, tomou posse <strong>no</strong> dia 11 do mês <strong>de</strong> julho seguinte.<br />

Ao longo do exercício <strong>de</strong> seu ministério, Krieger escreveu diversos livros: Shalom, a paz ao alcance <strong>da</strong><br />

juventu<strong>de</strong>, Loyola, traduzido para o italia<strong>no</strong> e o espanhol; Deixa meu povo ir, Paulus, traduzido para o espanhol;<br />

Peregri<strong>no</strong>s do Rei<strong>no</strong>, ci<strong>da</strong>dãos do mundo, Santuário; Apascenta minhas ovelhas, i<strong>de</strong>m; Alegre-se: Deus<br />

é amor, Loyola; O primeiro, o último, o único Natal, Loyola; Com Maria, a mãe <strong>de</strong> Jesus, Paulinas (lançado<br />

em <strong>Maringá</strong>, em <strong>no</strong>ite <strong>de</strong> autógrafos, a 14 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2001); Um mês com Maria, Paulinas (lançado<br />

em 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2003), publicado também em Portugal e traduzido para o italia<strong>no</strong>, para o inglês e para o<br />

espanhol, e Maria na pie<strong>da</strong><strong>de</strong> popular, Paulus.<br />

Apaixonado pelos meios <strong>de</strong> comunicação, que reputa espaços privilegiados <strong>de</strong> evangelização <strong>no</strong>s dias<br />

<strong>de</strong> hoje, cultivou com eles cordial relacionamento em todo o seu gover<strong>no</strong> arquidiocesa<strong>no</strong>. Não obstantes os<br />

encargos na arquidiocese e <strong>no</strong> Regional, manteve na mídia compromissos múltiplos, como artigo <strong>no</strong> Brasil<br />

Cristão, revista mensal <strong>da</strong> Associação do Senhor Jesus, <strong>de</strong> Valinhos (SP); artigo <strong>no</strong> Mensageiro do Coração <strong>de</strong><br />

Jesus, revista mensal do AO; artigo dominical <strong>no</strong> O Jornal do Povo, <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>; i<strong>de</strong>m <strong>no</strong> O Diário do Norte do<br />

Paraná, às quintas-feiras; programa radiofônico semanal gravado na Re<strong>de</strong> Milícia Sat, além <strong>de</strong> missa mensal<br />

na TV Cultura <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

No começo <strong>da</strong> administração <strong>de</strong> Krieger houve em <strong>Maringá</strong> uma reunião <strong>de</strong> aparência <strong>de</strong>spretensiosa<br />

que, <strong>no</strong> entanto, viria a produzir frutos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significado cristão. No dia 22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1997 reuniram<br />

li<strong>de</strong>ranças católicas e <strong>de</strong> outras confissões cristãs:<br />

Desejado há a<strong>no</strong>s, o encontro, após longa preparação, reuniu pastores, representando<br />

<strong>Igreja</strong>s Evangélicas, e membros <strong>da</strong> Comissão arquidiocesana do diálogo ecumênico e<br />

inter-religioso <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> Católica. A reunião teve por objetivo estabelecer metas visando<br />

maior aproximação, convívio frater<strong>no</strong> entre católicos e evangélicos e, oportunamente,<br />

a formação <strong>de</strong> um conselho ecumênico para realizações conjuntas, fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>no</strong> <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> elevação <strong>da</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong> humana e maior empenho pela paz do mundo [...] Estiveram<br />

presentes, representando a <strong>Igreja</strong> Católica, o padre Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva e os membros<br />

<strong>da</strong> Comissão arquidiocesana: Irivaldo Joaquim <strong>de</strong> Souza, Raul Pimenta, Tereza<br />

6 Como sucessor dos apóstolos, todos os bispos são responsáveis pelo gover<strong>no</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>no</strong> mundo inteiro. Quando <strong>no</strong>meia um bispo<br />

auxiliar, a <strong>Igreja</strong> lhe confere o gover<strong>no</strong> simbólico <strong>de</strong> uma <strong>Igreja</strong> antiga cuja se<strong>de</strong> talvez nem mais exista, mas o título é conservado.<br />

Lisínia foi se<strong>de</strong> episcopal <strong>da</strong> antiga Ásia Me<strong>no</strong>r, <strong>no</strong> território <strong>da</strong> Turquia <strong>de</strong> hoje.<br />

7 Informação constante <strong>da</strong>s <strong>no</strong>tas biográficas, envia<strong>da</strong>s via fax, <strong>de</strong> Florianópolis, <strong>no</strong> dia 7 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006.


Scatambulo <strong>da</strong> Silva, Maria Scatambulo, Anadir Gonçalves <strong>de</strong> Lima, Benedita Lira <strong>de</strong><br />

Barros Belotti, Dejair Manini, Hermenegildo Caniatto e Jairo Vilela <strong>de</strong> Paula. Das<br />

<strong>de</strong>mais confissões religiosas: representando a <strong>Igreja</strong> Evangélica <strong>de</strong> Confissão Luterana<br />

<strong>no</strong> Brasil, o pastor Elemar Mai; a <strong>Igreja</strong> Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, o pastor Luiz Alexandre<br />

Sola<strong>no</strong> Rossi; a <strong>Igreja</strong> Evangélica Luterana do Brasil, o pastor Ricardo Schadt,<br />

todos <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, e a <strong>Igreja</strong> Presbiteriana <strong>de</strong> Nova Esperança, o pastor Edrei Daniel<br />

Vieira. Por motivo <strong>de</strong> força maior, não pô<strong>de</strong> comparecer o pastor Neivair <strong>de</strong> Jesus<br />

Men<strong>de</strong>s Matoso, <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> Metodista (SOUZA, 1997, p. 5).<br />

Essa reunião assinalou o passo primeiro para a origem do benemérito MECUM – Movimento Ecumênico<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, <strong>de</strong> presença marcante na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> e região, agrupando representantes <strong>de</strong> várias<br />

confissões cristãs e <strong>de</strong> outros credos. Seu compromisso <strong>de</strong> união dos povos pela paz ficou patente em várias<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como na 3ª Noite pela Paz, realiza<strong>da</strong> em 14 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006, na mesquita muçulmana <strong>de</strong><br />

NOite <strong>de</strong> OrAçãO pelA pAz<br />

Auditório <strong>da</strong> Câmara Municipal <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2001<br />

1 - Rev. Rubem Almei<strong>da</strong> Maria<strong>no</strong> ........................................................................................................................................................................<strong>Igreja</strong> Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

2 - Rev. Edrei Daniel Vieira ....................................................................................................................................................................................<strong>Igreja</strong> Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

3 - Xeique Mohmed Elgasin Abbaker-Al Ruheidy ........................................................................................................................................................... Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Muçulmana<br />

4 - Sra. Ne<strong>da</strong> Fatheazam ..............................................................................................................................................................................................Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Mundial Fé Baha’i<br />

5 - Rev. Elemar Mai .................................................................................................................................................................... <strong>Igreja</strong> Evangélica <strong>de</strong> Confissão Luterana do Brasil<br />

6 - Dr. Alaor Gregório <strong>de</strong> Oliveira ................................................................................................................................................................Associação União e Consciência Negra<br />

7 - Dr. Francisco José <strong>de</strong> Souza ...................................................................................................................................................................................Associação Espírita <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

8 - Monge Eduardo Ryoho Sasaki ................................................................................................................................................................................................. Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Budista<br />

9 - Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger ...........................................................................................................................................................................Arcebispo Metropolita<strong>no</strong><br />

10 - Rev. Luiz Alexandre Sola<strong>no</strong> Rossi .................................................................................................................................................................<strong>Igreja</strong> Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

11 - Sra. Oscarina Venâncio Martins .........................................................................................................................................Centro <strong>de</strong> Umban<strong>da</strong> Antônio Queri<strong>no</strong> <strong>de</strong> Moraes<br />

12 - Pe. Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva ..................................................................................................................................................................................Assessor Católico <strong>de</strong> Ecumenismo<br />

13 - Dr. Irivaldo Joaquim <strong>de</strong> Souza ...................................................................................................................Coor<strong>de</strong>nador do MECUM - Movimento Ecumênico <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

14 - Rev. Ricardo Schadt ........................................................................................................................................................ <strong>Igreja</strong> Evangélica Luterana Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> São Marcos<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

273


274<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

<strong>Maringá</strong>, que reuniu xeiques muçulma<strong>no</strong>s, monja budista, bispos e padres católicos, representantes <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong><br />

luterana, <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> anglicana e do CLAI – Conselho Lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Igreja</strong>s, lí<strong>de</strong>r espírita, representante<br />

<strong>da</strong> fé baha’i e lí<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s religiões afro-brasileiras.<br />

Disposto a constituir na arquidiocese o vigário geral que o Direito Canônico prescreve ao bispo para<br />

“que, com po<strong>de</strong>r ordinário e <strong>de</strong> acordo com os câ<strong>no</strong>nes 476-481, o aju<strong>de</strong> <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a diocese”, já<br />

na primeira reunião do clero, dom Murilo solicitou por escrito a indicação <strong>de</strong> <strong>no</strong>mes para o ofício. Em conseqüência,<br />

<strong>no</strong> dia 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1997, publicou a <strong>no</strong>meação <strong>de</strong> monsenhor Orivaldo Robles como vigário<br />

geral <strong>da</strong> arquidiocese pelo prazo <strong>de</strong> três a<strong>no</strong>s, repetindo-a, <strong>no</strong> dia 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2000, “por mais três<br />

a<strong>no</strong>s a contar <strong>de</strong>sta <strong>da</strong>ta”. Com a <strong>no</strong>meação do vigário geral, per<strong>de</strong>ram sua razão <strong>de</strong> ser os vigários episcopais,<br />

bem assim a divisão <strong>da</strong> arquidiocese em vicariatos. Por outro lado, em razão do crescimento populacional,<br />

<strong>no</strong>vas paróquias foram sendo cria<strong>da</strong>s predominantemente na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, agravando a <strong>de</strong>sproporção<br />

entre os três núcleos do vicariato centro. Em 1998, o centro-1 e o centro-3 agrupavam 5 paróquias ca<strong>da</strong> um,<br />

enquanto o vicariato centro-2 reunia na<strong>da</strong> me<strong>no</strong>s que 15. Para a rea<strong>de</strong>quação que se fazia necessária, foi assumi<strong>da</strong><br />

a <strong>no</strong>va <strong>de</strong><strong>no</strong>minação <strong>de</strong> Região Pastoral, ficando a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> composta, a partir <strong>de</strong> 1999, <strong>de</strong><br />

5 Regiões Pastorais: Oeste, com 10 paróquias; Centro, com 7 paróquias e a Missão Nipo-brasileira; Centro<br />

Norte, com 9 paróquias; Centro Sul, com 10 paróquias, e Leste, com 9 paróquias. Evi<strong>de</strong>ntemente, com a<br />

posterior criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas paróquias, esses números foram acrescidos.<br />

No início <strong>de</strong> 1998, ante a imensidão do trabalho administrativo, Krieger pediu a monsenhor Júlio<br />

Antônio <strong>da</strong> Silva, cura <strong>da</strong> catedral, a indicação <strong>de</strong> um auxiliar <strong>de</strong> confiança. A escolha recaiu em Osmar<br />

Zaninello, servidor municipal aposentado e cristão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> interior, um dos mais profundos conhecedores<br />

<strong>de</strong> administração pública <strong>de</strong> todo o país. Como lembraria mais tar<strong>de</strong> o arcebispo, “em vez <strong>de</strong> ganhar<br />

muito dinheiro assessorando qualquer prefeitura municipal, ele preferiu colocar seus conhecimentos, como<br />

voluntário, a serviço <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>”. 8 Sua competência e <strong>de</strong>dicação levaram-<strong>no</strong> a <strong>de</strong>sembaraçar questões difíceis<br />

relaciona<strong>da</strong>s a imóveis espalhados por to<strong>da</strong>s as paróquias até os extremos <strong>da</strong> arquidiocese. Só a contragosto<br />

aceitou o registro profissional como diretor <strong>de</strong> patrimônio <strong>da</strong> Mitra Arquidiocesana <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>: recusava-se<br />

a receber salário, ain<strong>da</strong> que inferior às suas qualificações. Vítima <strong>de</strong> infarto fulminante, Zaninello faleceu na<br />

<strong>no</strong>ite <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2004. Num reconhecimento <strong>de</strong> sua integri<strong>da</strong><strong>de</strong> e testemunho cristão, a liturgia <strong>de</strong><br />

exéquias contou com a presença <strong>de</strong> 14 padres. Dom Murilo, já arcebispo <strong>de</strong> Florianópolis, veio presidir as<br />

celebrações fúnebres.<br />

Na paróquia Santa Maria Goretti, em salão a<strong>da</strong>ptado, <strong>de</strong> vez que a igreja matriz estava em reforma, <strong>no</strong><br />

dia 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1998, dom Murilo conferiu o presbiterato a Pedro Jorge Delgado Bento, primeiro padre<br />

por ele or<strong>de</strong>nado para sua <strong>no</strong>va <strong>Igreja</strong>.<br />

Passados três meses e meio, <strong>no</strong> dia 1º <strong>de</strong> julho, foi conheci<strong>da</strong> a eleição, pela Santa Sé, <strong>de</strong> padre Vicente<br />

Costa como bispo titular <strong>de</strong> Aquæ Flaviæ9 e auxiliar <strong>de</strong> Londrina. O fato se revestiu <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significado<br />

por ser Costa o primeiro membro do presbitério <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> escolhido para o episcopado. Na <strong>no</strong>ite <strong>de</strong> 19<br />

<strong>de</strong> setembro do mesmo a<strong>no</strong>, coube a Krieger presidir a celebração eucarística em que, na catedral basílica <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong>, padre Vicente foi or<strong>de</strong>nado bispo. No dia 11 <strong>de</strong> outubro, gran<strong>de</strong> caravana <strong>de</strong>slocou-se até Londrina<br />

para, como afirmou Krieger, “<strong>de</strong>volver-lhe” Vicente. De Malta ele veio como seminarista com <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> a Londrina,<br />

transferindo-se a <strong>Maringá</strong> em 1971; agora, 27 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois, <strong>Maringá</strong> o conduziu <strong>de</strong> volta a Londrina na<br />

condição <strong>de</strong> bispo, agra<strong>de</strong>cendo os valorosos serviços <strong>de</strong> evangelizador prestados em <strong>Maringá</strong> na catedral, em<br />

Sarandi, em São Jorge do Ivaí e em to<strong>da</strong> a arquidiocese, como coor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> pastoral.<br />

8 Homilia <strong>da</strong> missa <strong>de</strong> corpo presente <strong>de</strong> Osmar Zaninello, em <strong>Maringá</strong>, <strong>no</strong> dia 24 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2004.<br />

9 Aquæ Flaviæ (Chaves, ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Portugal) foi diocese do Império Roma<strong>no</strong> cria<strong>da</strong> em 427 e extinta em 462. Situava-se <strong>no</strong> território<br />

<strong>da</strong> atual arquidiocese <strong>de</strong> Braga, em Portugal.


Or<strong>de</strong>nação episcopal na catedral basílica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> em<br />

19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1998.<br />

Dom Vicente Costa, primeiro padre<br />

<strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> eleito bispo<br />

O <strong>no</strong>vo bispo la<strong>de</strong>ado pelos dois arcebispos.<br />

O <strong>no</strong>vo bispo la<strong>de</strong>ado pelos dois arcebispos.<br />

Posse como bispo auxiliar, na catedral <strong>de</strong><br />

Londrina, <strong>no</strong> dia 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1998.<br />

Dom Jaime impõe as mãos ao <strong>no</strong>vo bispo.<br />

275<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


276<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

memóriA, quAse históriA<br />

AO irmãO que ficOu bispO<br />

Hoje é fácil reconhecê-lo como um dos <strong>no</strong>ssos. Não fosse o leve sotaque, ninguém diria<br />

que nasceu em lugar distante. Até o sobre<strong>no</strong>me é igual ao <strong>de</strong> muita gente que teve aqui seu<br />

berço. O espírito brincalhão, a gargalha<strong>da</strong> fácil e a paixão pelo futebol tornam você mais brasileiro<br />

que muitos <strong>de</strong> nós. Não fomos nós, foi você que <strong>no</strong>s escolheu para irmãos.<br />

Só Deus sabe quanto lhe custou. Acompanhei, ain<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>nte, a chega<strong>da</strong> dos primeiros<br />

malteses. Pu<strong>de</strong> sentir como foi lhes dura a vi<strong>da</strong> <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso meio. Sei que fardo carregaram para<br />

i<strong>de</strong>ntificar-se com uma cultura tão estranha à sua.<br />

Você, em especial, pagou caro pela inculturação toma<strong>da</strong> a sério, como sempre foi tudo<br />

o que fez. Quando <strong>de</strong>ixou sua pátria, não fazia a mais remota idéia do que viria encontrar.<br />

Devem tê-lo assustado os conflitos do <strong>no</strong>vo ambiente. Eram os conturbados a<strong>no</strong>s pós-68.<br />

Reduto universitário por índole e ofício, a Curitiba <strong>da</strong> época não se mostrava exatamente uma<br />

ilha <strong>de</strong> sereni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Especialmente <strong>no</strong>s seminários, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>saguavam as inquietu<strong>de</strong>s to<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

um tempo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças. Para quem vinha <strong>de</strong> um mundo <strong>de</strong> seculares firmezas, quem sabe lhe<br />

tenha acenado a tentação <strong>de</strong> fazer o <strong>caminho</strong> <strong>de</strong> volta. Mas, como os antigos exploradores do<br />

Novo Mundo, você queimara suas caravelas ao chegar à <strong>no</strong>ssa praia. Tinha vindo numa viagem<br />

sem volta.<br />

Você resistiu. Sua carta <strong>de</strong> navegação indicava apenas um rumo: em frente.<br />

Lembro os primeiros a<strong>no</strong>s, quando seu estômago – que não fora consultado – teimava<br />

em não aceitar o esquisito cardápio do país que lhe oferecemos. Nós, que o amávamos, chegamos<br />

a temer pela sua saú<strong>de</strong>. Até pela sua vi<strong>da</strong>. Companheiros seus morreram com poucos a<strong>no</strong>s<br />

<strong>de</strong> Brasil. E você <strong>de</strong>sfilava a magrez <strong>de</strong> um palito.<br />

Sem falar <strong>no</strong>s <strong>de</strong>sencantos do ministério, que esses, ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, você os guardou<br />

sempre consigo. Por trás do sorriso constante, ninguém adivinhava <strong>de</strong>cepções que só você<br />

conhecia. Acostumados à sua fortaleza, ao apoio jamais negado, não o imaginávamos carecer<br />

<strong>de</strong> um ombro amigo. Suas lágrimas a poucos <strong>de</strong> nós você admitiu mostrar. Até nesses momentos,<br />

ao franquear-<strong>no</strong>s o terre<strong>no</strong> íntimo <strong>de</strong> sua dor, talvez estivesse mais aju<strong>da</strong>ndo que sendo<br />

aju<strong>da</strong>do.<br />

Hoje, na<strong>da</strong> mais disso importa. Você <strong>no</strong>s trouxe, em dose redobra<strong>da</strong>, a alegria <strong>de</strong> servir<br />

o povo, esse povo que é <strong>no</strong>sso e você transformou em seu. Mostrou-<strong>no</strong>s, com naturali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o<br />

padre que o Pai e os irmãos esperam. Revelou-<strong>no</strong>s a largueza <strong>de</strong> coração e o vigor <strong>de</strong> espírito<br />

que em nós procuram os homens <strong>de</strong>ste final <strong>de</strong> século. Ajudou-<strong>no</strong>s a <strong>de</strong>scobrir <strong>no</strong> presbitério<br />

a <strong>no</strong>ssa família mais ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira. Fez-<strong>no</strong>s ver como, mais forte que o sangue, a or<strong>de</strong>nação presbiteral<br />

cria laços que a vi<strong>da</strong> é incapaz <strong>de</strong> romper.<br />

Ao se tornar bispo, você continua padre. Nunca <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> ser o padre Vicente que <strong>no</strong>s<br />

elegeu seus irmãos (ROBLES, 1998, p. 16).


Krieger cuidou <strong>de</strong> reunir <strong>no</strong>rmas referentes a agentes e organismos eclesiais, unificando legislação dis-<br />

persa na arquidiocese. Assim foram <strong>da</strong>dos à publici<strong>da</strong><strong>de</strong> o “Manual dos Ministros Extraordinários <strong>da</strong> Comunhão<br />

Eucarística”, composto por padre Luiz Antônio Bento (1999), e o livro “Estatutos, Diretórios e Subsídios”<br />

(2002), com disposições sobre os vários conselhos, a formação sacerdotal e diaconal, os sacramentos<br />

e documentos diversos.<br />

Pertence ao seu gover<strong>no</strong> arquidiocesa<strong>no</strong> ain<strong>da</strong> a criação <strong>da</strong>s paróquias: São Bonifácio (1998), em <strong>Maringá</strong>;<br />

São Paulo Apóstolo (1999), em Sarandi; Santa Joaquina <strong>de</strong> Vedruna (2000); Santa Rita <strong>de</strong> Cássia<br />

(quase-paróquia em 1999, paróquia em 2001); Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (2001); Nossa Senhora<br />

Apareci<strong>da</strong>, na Vila Esperança (2001: quase-paróquia, 2002: paróquia), as quatro últimas em <strong>Maringá</strong>; Nossa<br />

Senhora <strong>da</strong> Esperança (2000), quase-paróquia em Sarandi, e São Francisco Xavier (2000), paróquia pessoal<br />

para japoneses.<br />

Em seu tempo <strong>de</strong> arcebispo em <strong>Maringá</strong> ocorreu a vira<strong>da</strong> do milênio, com a implementação <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s<br />

pastorais recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s em nível mundial e nacional. Ao longo do a<strong>no</strong> 2000, ele presidiu nas paróquias<br />

a celebrações do jubileu prepara<strong>da</strong>s para categorias especiais <strong>de</strong> cristãos: ministros or<strong>de</strong>nados, operários, motoristas,<br />

famílias, exército (com policiais militares e civis), justiça, religiosos, agricultores, comunicadores,<br />

idosos, crianças, professores e jovens. O objetivo foi marcar momentos fortes <strong>de</strong> evangelização para grupos<br />

específicos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>.<br />

Abertura <strong>da</strong>s celebrações do 3º milênio cristão, <strong>no</strong> Natal <strong>de</strong> 1999.<br />

À época também <strong>de</strong> seu gover<strong>no</strong> tiveram início, nas Regiões Pastorais, escolas <strong>de</strong> formação para leigos,<br />

com duração <strong>de</strong> três a<strong>no</strong>s, frutos <strong>de</strong> antiga aspiração e precursoras do curso <strong>de</strong> Teologia para Leigos, criado<br />

pela PUC-PR câmpus <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Fato marcante para a vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta <strong>Igreja</strong> verificou-se com a <strong>no</strong>meação, em 1º <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001, <strong>de</strong> padre<br />

Bru<strong>no</strong> Elizeu Versari para o cargo <strong>de</strong> ecô<strong>no</strong>mo arquidiocesa<strong>no</strong>. No prosseguimento <strong>da</strong> administração do primeiro<br />

arcebispo, sem <strong>de</strong>scurar compromissos pastorais, Versari tor<strong>no</strong>u-se responsável, ao lado <strong>de</strong> Zaninello<br />

e <strong>de</strong> Roseli Apareci<strong>da</strong> Ernega, secretária <strong>da</strong> Cúria Metropolitana <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1999, por colocar a<br />

arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> entre as mais bem organiza<strong>da</strong>s, sob o ponto <strong>de</strong> vista administrativo, contábil e fiscal,<br />

<strong>de</strong> todo o país. Além <strong>da</strong> preocupação com a eficiência <strong>no</strong> <strong>de</strong>sempenho dos compromissos do cargo, Krieger<br />

foi agraciado com feliz escolha <strong>de</strong> auxiliares competentes.<br />

Depois <strong>de</strong> quatro a<strong>no</strong>s como bispo auxiliar <strong>de</strong> Londrina, dom Vicente Costa foi transferido para a<br />

diocese <strong>de</strong> Umuarama, que assumiu em 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002, na catedral do Divi<strong>no</strong> Espírito Santo, à<br />

qual acorreram 20 bispos, 90 padres, 70 religiosos e religiosas, 60 seminaristas e incontáveis fiéis não só <strong>da</strong><br />

sua <strong>no</strong>va diocese, mas <strong>de</strong> Londrina e <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, trazidos por ônibus especialmente fretados. A Província<br />

Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> recebeu <strong>de</strong> braços abertos o filho querido.<br />

Para surpresa <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a arquidiocese, <strong>no</strong> dia 20 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2002, veio a público a <strong>no</strong>tícia <strong>da</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> dom Murilo Krieger para a sé metropolitana <strong>de</strong> Florianópolis. Depois <strong>de</strong> 40 a<strong>no</strong>s do gover<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

dom Jaime, ninguém imaginaria que seu sucessor permanecesse em <strong>Maringá</strong> por apenas 5 a<strong>no</strong>s incompletos.<br />

Um dos seus <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iros atos na arquidiocese foi a <strong>de</strong>dicação <strong>da</strong> capela do Seminário Arquidiocesa<strong>no</strong><br />

Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória, por ele oficia<strong>da</strong> <strong>no</strong> dia 22 <strong>de</strong> abril. A obra representou a última etapa <strong>de</strong> construção<br />

277<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


278<br />

Capela do Seminário Arquidiocesa<strong>no</strong> Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória.<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

do seminário. Quando foi aberto para abrigar a Filosofia, <strong>no</strong> início <strong>de</strong> 1983, dom Jaime <strong>de</strong>u por encerra<strong>da</strong> sua<br />

longa trajetória <strong>de</strong> construtor. Des<strong>de</strong> o longínquo a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1958, sempre se encontrou em an<strong>da</strong>mento alguma<br />

edificação que lhe exigia tempo e cui<strong>da</strong>do. Sobre a capela do seminário costumava dizer que a <strong>de</strong>ixaria como<br />

tarefa para seu sucessor. Contudo, ao entrar o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1990, sentiu <strong>de</strong>spertar o arquiteto que dormia <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> si e <strong>de</strong>cidiu completar o projeto do seminário que acalentava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a posse. Atacou então as obras <strong>da</strong> capela,<br />

inaugurando-a <strong>no</strong> dia 1º <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro do mesmo a<strong>no</strong>, quando era reitor padre Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva.<br />

Nos a<strong>no</strong>s seguintes, com o reduzido número <strong>de</strong> seminaristas, <strong>no</strong> entanto, ela entrou em <strong>de</strong>suso. Decorridos<br />

<strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s, padre Sidney Fabril, reitor do seminário e assessor <strong>de</strong> liturgia <strong>da</strong> arquidiocese, juntamente com o<br />

arquiteto Hélio Moreira Júnior, o artista Zanzal Matar e outros profissionais, assumiu a tarefa <strong>de</strong> <strong>da</strong>r à capela<br />

as características atuais. E, às vésperas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>Maringá</strong>, <strong>no</strong> dia 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2002, dom Murilo celebrou<br />

a sua solene <strong>de</strong>dicação. Coroava-se, <strong>de</strong>ssa forma, a longa saga <strong>da</strong> construção do seminário que todo bispo,<br />

graviter onerata conscientia, recebe como pesado encargo.<br />

Na <strong>no</strong>ite seguinte, 23 <strong>de</strong> abril, apesar <strong>de</strong> sexta-feira, a catedral basílica encheu-se com o povo que acorreu<br />

para se <strong>de</strong>spedir do arcebispo na sua última missa em <strong>Maringá</strong>, que ganhou os contor<strong>no</strong>s <strong>de</strong> “celebração<br />

grandiosa, bela, mas triste”.<br />

À posse do <strong>no</strong>vo arcebispo <strong>de</strong> Florianópolis, <strong>no</strong> dia 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2002, compareceu muita gente <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong>. A celebração eucarística aconteceu <strong>no</strong> ginásio <strong>de</strong> esportes do Colégio Catarinense, on<strong>de</strong> se abrigaram<br />

cerca <strong>de</strong> 2000 pessoas, entre as quais 21 arcebispos e bispos, 220 padres, o governador do Estado e a<br />

prefeita <strong>da</strong> capital, respectivamente Espiridião e Ângela Amin, marido e mulher.


memóriA, quAse históriA<br />

O eNviAdO<br />

“Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Não era ele a luz, mas<br />

veio para <strong>da</strong>r testemunho <strong>da</strong> luz” (JOÃO 1, 6.8). Assim se refere o evangelista João ao seu<br />

homônimo, o Batista, que preparou os <strong>caminho</strong>s do Salvador.<br />

O envio é um tema recorrente na Bíblia. Designa a ação <strong>de</strong> Deus, que, visando o bem<br />

dos homens, man<strong>da</strong> alguém para lhes prestar serviço. Por mais que configure uma honra, o<br />

envio jamais <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um serviço. Disso o enviado tem consciência bem clara.<br />

Entre nós, <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, houve um homem, também enviado por Deus, que se<br />

chamava Murilo. Não era ele o Senhor, o do<strong>no</strong> (do latim dominus) do rebanho, mas, em seu<br />

<strong>no</strong>me, prestou o serviço <strong>de</strong> representá-lo (= torná-lo presente), guiando o rebanho para que<br />

lhe fosse fiel.<br />

Ao longo <strong>de</strong> quatro a<strong>no</strong>s e pouco, to<strong>da</strong> semana, os leitores se acostumaram a encontrar<br />

neste espaço a sua palavra. Ao se <strong>de</strong>spedir, foi seu pedido que não <strong>de</strong>ixássemos vazios os canais<br />

<strong>de</strong> comunicação por ele ocupados. Na distribuição <strong>da</strong>s tarefas <strong>de</strong> substituí-lo, coube-me manter<br />

a coluna até que venha a ser ocupa<strong>da</strong> pelo <strong>no</strong>vo arcebispo.<br />

Tenho certeza <strong>de</strong> que para os leitores não foi boa troca. Que fazer? Na vi<strong>da</strong> nem sempre<br />

se ganha.<br />

Estivemos em Florianópolis para acompanhar <strong>no</strong>sso ex-arcebispo que, a contragosto, lá<br />

<strong>de</strong>ixamos. Para todos que lá fomos o abraço que lhe <strong>de</strong>mos na <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong> foi cheio <strong>de</strong> afeto,<br />

mas também <strong>de</strong> dor. “Foi muito bom ter trabalhado com você”, me disse. Não consegui respon<strong>de</strong>r-lhe<br />

uma palavra. Estava mudo.<br />

Assim é o dom Murilo que apren<strong>de</strong>mos a amar. Para ca<strong>da</strong> um, uma palavra bem pessoal<br />

e amiga. Despoja<strong>da</strong> <strong>de</strong> qualquer pieguice ou frescura. Carrega<strong>da</strong>, ao mesmo tempo, com todos<br />

os tons <strong>da</strong> apreciação do outro. Do reconhecimento do seu valor.<br />

Acredito ser essa, se não a maior, com certeza, uma <strong>de</strong> suas maiores virtu<strong>de</strong>s. Ninguém<br />

<strong>de</strong>le se aproxima e volta sentindo-se o mesmo. Ele trata o interlocutor <strong>de</strong> um jeito que o faz<br />

sentir-se importante. Porque, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, somos todos importantes. Ca<strong>da</strong> um<br />

tem algo pessoal, só seu, que a ninguém mais foi concedido. Algo que permite <strong>de</strong>scobrir-se<br />

músico <strong>de</strong> um instrumento único na orquestra <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Dom Murilo <strong>no</strong>s faz ver isso.<br />

Quando alguém toca essa finíssima cor<strong>da</strong> do coração <strong>da</strong> gente, já <strong>no</strong>s ganhou para o resto<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Talvez assim se explique por que dom Murilo conquista todos que <strong>de</strong>le se achegam.<br />

Se chamados a falar <strong>de</strong> suas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>mos enumerar um montão. Nem sempre percebemos<br />

essa, tão evi<strong>de</strong>nte, aliás, e tão marcante. Há algum tempo, ouvi <strong>de</strong> um amigo: “Dom<br />

Murilo tem a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ver sempre o lado positivo <strong>da</strong>s pessoas”. Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mas há mais que<br />

isso. Ele tem a rara sabedoria, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro dom <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong> mostrar à pessoa sua singulari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>no</strong> concerto <strong>da</strong> obra divina.<br />

Talvez isso <strong>no</strong>s aju<strong>de</strong> a enten<strong>de</strong>r sua afirmativa, repeti<strong>da</strong> à exaustão, <strong>de</strong> que “Deus é<br />

amor”. Possivelmente, ele a tenha entendido melhor que nós. E <strong>de</strong>seja que também cheguemos<br />

a essa ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, para ele tão clara, como quer que se torne para nós (ROBLES, 2002a, p. 2).<br />

279<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


280<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

AdmiNistrAdOr ArquidiOcesANO<br />

Em <strong>Maringá</strong>, dia 1º <strong>de</strong> maio seguinte, reuniu-se na Cúria Metropolitana o colégio <strong>de</strong> consultores para,<br />

aten<strong>de</strong>ndo ao que dispõe o CDC, eleger o administrador arquidiocesa<strong>no</strong> encarregado <strong>de</strong> governar provisoriamente<br />

a arquidiocese até a posse do <strong>no</strong>vo pastor. Foi eleito o cura <strong>da</strong> catedral, monsenhor Júlio Antônio<br />

<strong>da</strong> Silva, conforme documenta a<br />

Ata <strong>da</strong> eleição e posse do Administrador arquidiocesa<strong>no</strong> <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

Encontrando-se vaga a se<strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, por transferência <strong>de</strong> seu ex-<br />

Arcebispo, Dom Murilo S. R. Krieger, para a Sé Metropolitana <strong>de</strong> Florianópolis (SC),<br />

dia 1º <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002, às 11h00, em <strong>Maringá</strong> (PR), <strong>no</strong> prédio <strong>da</strong> Cúria Metropolitana,<br />

reuniu-se o Colégio <strong>de</strong> Consultores para a eleição do Administrador arquidiocesa<strong>no</strong>,<br />

conforme prevê o cân. 421 §1, que diz: “No prazo <strong>de</strong> oito dias após a <strong>no</strong>tícia <strong>da</strong><br />

vacância <strong>da</strong> sé episcopal, <strong>de</strong>ve ser eleito pelo Colégio <strong>de</strong> Consultores o Administrador<br />

diocesa<strong>no</strong>, que governe provisoriamente a diocese”.<br />

Justifica<strong>da</strong> a ausência <strong>de</strong> padre Edmar Peron, atualmente estu<strong>da</strong>ndo em Roma, compareceram<br />

os <strong>de</strong>mais membros do Colégio <strong>de</strong> Consultores: monsenhor Orivaldo Robles,<br />

<strong>de</strong>ca<strong>no</strong> do mesmo Colégio, monsenhor Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong>, coor<strong>de</strong>nador arquidiocesa<strong>no</strong><br />

<strong>de</strong> pastoral, monsenhor Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva, cura <strong>da</strong> Catedral, padre<br />

Bru<strong>no</strong> Elizeu Versari, ecô<strong>no</strong>mo <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong>, padre Israel Zago, pároco, e padre<br />

Luiz Antônio Bento, vigário paroquial.<br />

Após oração invocando luzes do Espírito Santo, teve início a votação secreta, cujos<br />

votos, por serem em número reduzido, foram recolhidos pelo secretário do Conselho e<br />

apresentados ao <strong>de</strong>ca<strong>no</strong>, que os conferiu, passando à proclamação dos <strong>no</strong>mes votados.<br />

Ao final <strong>da</strong> apuração, verificou-se o seguinte resultado: monsenhor Orivaldo Robles:<br />

1 voto, e monsenhor Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva: 5 votos. Por maioria absoluta foi eleito<br />

monsenhor Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva, assim proclamado e reconhecido pelo Colégio <strong>de</strong><br />

Consultores <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, que imediatamente lhe <strong>de</strong>u posse <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo<br />

ofício.<br />

Agra<strong>de</strong>cendo a confiança dos colegas, o <strong>no</strong>vo Administrador arquidiocesa<strong>no</strong> pediu a<br />

colaboração para o fiel <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> seu <strong>no</strong>vo cargo, até que a <strong>Arquidiocese</strong> receba<br />

seu <strong>no</strong>vo Arcebispo.<br />

Com uma oração final <strong>de</strong> entrega nas mãos <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória, padroeira <strong>da</strong><br />

<strong>Arquidiocese</strong>, o Administrador arquidiocesa<strong>no</strong> encerrou esta histórica sessão <strong>de</strong> votação,<br />

a primeira na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, <strong>da</strong> qual eu, padre Luiz Antônio<br />

Bento, secretário do Colégio <strong>de</strong> Consultores, lavrei a presente Ata, que vai assina<strong>da</strong><br />

por mim, pelo Administrador arquidiocesa<strong>no</strong> e pelos <strong>de</strong>mais membros presentes do<br />

Colégio <strong>de</strong> Consultores <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

<strong>Maringá</strong>, 1º <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002.<br />

aa) Mons. Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva<br />

Mons. Orivaldo Robles<br />

Mons. Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong><br />

Pe. Bru<strong>no</strong> Elizeu Versari<br />

Pe. Luiz Antônio Bento<br />

Pe. Israel Zago (BENTO, 2002a, 1 f.).


A profissão <strong>de</strong> fé, que a legislação <strong>da</strong> Igre-<br />

ja exige do administrador antes <strong>da</strong> posse, acabou<br />

esqueci<strong>da</strong> <strong>no</strong> dia <strong>da</strong> eleição, sendo feita <strong>no</strong> dia seguinte,<br />

2 <strong>de</strong> maio, quando o colégio <strong>de</strong> consultores<br />

se reuniu, a convite <strong>de</strong> padre Francisco Robl, para<br />

almoço em sua casa.<br />

Na sua regência administrativa, monsenhor<br />

Júlio acompanhou os <strong>de</strong>mais bispos do Regional<br />

Sul II <strong>da</strong> CNBB (Paraná) na visita ad limina, <strong>no</strong>s<br />

dias 29-31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002. Foi recebido pelo<br />

papa João Paulo II, juntamente com dom João<br />

Braz <strong>de</strong> Aviz, arcebispo eleito <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, e dom<br />

Jaime, que se encontrava em Roma.<br />

Em 3 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002, dom Murilo Krieger<br />

veio a <strong>Maringá</strong> colher os frutos <strong>de</strong> sua iniciativa<br />

<strong>de</strong> implantar na arquidiocese o diaconato permanente.<br />

Na catedral basílica ele or<strong>de</strong><strong>no</strong>u nesse dia os<br />

Inauguração do CEPA - Centro <strong>de</strong> Pastoral <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong>, em 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2002.<br />

<strong>de</strong>z primeiros diáco<strong>no</strong>s permanentes <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong>: Airton <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, José Ribeiro dos Santo,<br />

Bento Chináglia, Oscar José dos Santos, Wal<strong>de</strong>mir Antonio Michelin, Mário Savelli Marques, Francisco<br />

Crubelati, Be<strong>no</strong>ni Rosa <strong>de</strong> Miran<strong>da</strong>, Jair Benalia e César Ribeiro <strong>de</strong> Castro.<br />

Sob a administração <strong>de</strong> monsenhor Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva, <strong>no</strong> dia 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2002, a arquidiocese<br />

inaugurou seu centro <strong>de</strong> pastoral, o CEPA cujas instalações foram abençoa<strong>da</strong>s por dom Jaime. O<br />

coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> pastoral, monsenhor Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong>, lembrou alguns responsáveis pela obra. Em<br />

primeiro lugar, dom Jaime, construtor do prédio <strong>da</strong> antiga ADAR; <strong>de</strong>pois, dom Murilo, entusiasta do <strong>no</strong>vo<br />

centro; também padres Luiz Antônio Bento e Sidney Fabril, coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> pastoral <strong>no</strong> período <strong>da</strong> reforma<br />

<strong>da</strong>s instalações; Osmar Zaninello, acompanhante diário <strong>da</strong>s obras, e a paróquia <strong>da</strong> catedral, que ajudou<br />

financeiramente a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> pastoral.<br />

Krieger voltou ain<strong>da</strong> a <strong>Maringá</strong> para ser homenageado, na <strong>no</strong>ite <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003, em sessão<br />

solene <strong>da</strong> Câmara Municipal. Na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, enumerou três virtu<strong>de</strong>s <strong>da</strong> gente <strong>de</strong>sta ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> região, por<br />

ele atribuí<strong>da</strong>s à evangelização aqui pratica<strong>da</strong> pela <strong>Igreja</strong> Católica: acolhi<strong>da</strong>, criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e alegria. Recomendou<br />

que todos se esforçassem por conservá-las como valores distintivos <strong>de</strong> um povo e <strong>de</strong> uma <strong>Igreja</strong> que ele<br />

apren<strong>de</strong>u a amar intensamente e dos quais prometeu jamais se esquecer.<br />

O terceirO ArcebispO<br />

A regência provisória do administrador não se esten<strong>de</strong>u por longo interreg<strong>no</strong>, porquanto, dois meses<br />

e meio passados, <strong>no</strong> dia 17 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002, foi <strong>da</strong><strong>da</strong> a conhecer a eleição <strong>de</strong> dom João Braz <strong>de</strong> Aviz, bispo<br />

<strong>de</strong> Ponta Grossa, para a se<strong>de</strong> metropolitana <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> (JOÃO PAULO II, 2002b, p. 11). Aviz era velho<br />

conhecido <strong>de</strong> alguns padres <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, colegas seus <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> Filosofia e <strong>de</strong> Teologia, feitos em Curitiba;<br />

sua ligação com a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, antiga e profun<strong>da</strong>. Na assembléia do Regional Sul II, realiza<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />

Mossunguê, em Curitiba, <strong>no</strong>s dias 14-19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1980, a coor<strong>de</strong>nação eleita para a CRC – Comissão<br />

Regional do Clero foi composta pelos padres Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong>, coor<strong>de</strong>nador; João Braz <strong>de</strong> Aviz,<br />

vice-coor<strong>de</strong>nador, e Orivaldo Robles, secretário. De outros padres <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> mais jovens Aviz foi reitor<br />

e/ou professor <strong>no</strong> curso <strong>de</strong> Teologia, em Londrina.<br />

281<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


282<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

Padre João Braz <strong>de</strong> Aviz e o autor <strong>no</strong> V Curso <strong>de</strong> Formadores do DEVYM-OSLAM, em Toluca, México (1986).<br />

O <strong>no</strong>vo arcebispo maringaense nasceu em Mafra (SC), <strong>no</strong> dia 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1947. É o segundo <strong>de</strong><br />

um grupo <strong>de</strong> oito filhos do casal João Aveli<strong>no</strong> e Juliana Hacke <strong>de</strong> Aviz, ambos falecidos. Conta entre seus<br />

irmãos com mais um padre e uma religiosa. Ain<strong>da</strong> criança, a família se transferiu para Borrazópolis, peque<strong>no</strong><br />

município <strong>no</strong>rte-paranaense. Em 21 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1958, ingressou <strong>no</strong> Seminário Me<strong>no</strong>r São Pio X, dos padres<br />

do PIME – Pontifício Instituto <strong>da</strong>s Missões Estrangeiras, 10 em Assis (SP), on<strong>de</strong> estu<strong>da</strong>vam na época os seminaristas<br />

me<strong>no</strong>res <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> Londrina. Com a criação, em março <strong>de</strong> 1964, <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> Apucarana, para<br />

ela se transferiu, <strong>de</strong> vez que a paróquia <strong>de</strong> Borrazópolis passou à jurisdição <strong>da</strong> <strong>no</strong>va diocese. Cursou Filosofia<br />

<strong>no</strong> Seminário Provincial Rainha dos Apóstolos, em Curitiba, on<strong>de</strong> foi colega <strong>de</strong> alguns padres <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Depois, em Roma, estudou <strong>de</strong> 1967 a 1972 na Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Gregoriana, obtendo a licenciatura<br />

em Teologia. Foi or<strong>de</strong>nado padre por dom Romeu Alberti, <strong>no</strong> dia 26 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1972, na catedral <strong>de</strong><br />

Apucarana. Entre os encargos pastorais exercidos figuram: pároco <strong>de</strong> várias paróquias <strong>de</strong> sua diocese (1973-<br />

1984); reitor do seminário maior – Instituto <strong>de</strong> Filosofia <strong>de</strong> Apucarana (1984-1985); diretor espiritual <strong>no</strong><br />

seminário do Ipiranga, em São Paulo, além <strong>de</strong> reitor do seminário maior <strong>de</strong> Londrina (1986-1988). De 1989<br />

a 1992 freqüentou a Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Lateranense, <strong>de</strong> Roma, on<strong>de</strong> obteve o doutorado em Teologia<br />

Dogmática. Cura <strong>da</strong> catedral <strong>de</strong> Apucarana e professor <strong>de</strong> Teologia Dogmática <strong>no</strong> Instituto Paulo VI, <strong>de</strong><br />

Londrina (1991-1994), além <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> pastoral <strong>de</strong> sua diocese, foi eleito, em 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1994,<br />

bispo titular <strong>de</strong> Flenucleta11 e auxiliar <strong>de</strong> Vitória (ES), tendo-se or<strong>de</strong>nado bispo em Apucarana, <strong>no</strong> dia 31<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1994. Para lema do seu episcopado escolheu o dístico “Todos sejam um” (JOÃO 17, 21), em<br />

português, diferente <strong>da</strong> maioria, que opta por um dito bíblico expresso em latim. Empossado <strong>no</strong> dia 9 <strong>de</strong><br />

junho do mesmo a<strong>no</strong>, permaneceu na capital do Espírito Santo pelo espaço <strong>de</strong> 4 a<strong>no</strong>s, recebendo, a 12 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1998, a <strong>no</strong>meação para bispo diocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ponta Grossa, diocese que assumiu em 15 <strong>de</strong> outubro<br />

do mesmo a<strong>no</strong>. Depois <strong>de</strong> 4 a<strong>no</strong>s incompletos, foi-lhe comunicado que o Santo Padre o queria na condução<br />

<strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

No dia seguinte à toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> sua eleição, o colégio <strong>de</strong> consultores <strong>da</strong> arquidiocese<br />

en<strong>caminho</strong>u-se a Ponta Grossa para apresentar-lhe os cumprimentos <strong>de</strong> sua <strong>no</strong>va <strong>Igreja</strong>. Ao mesmo tempo,<br />

com ele os consultores discutiram providências concretas e imediatas, como os porme<strong>no</strong>res <strong>da</strong> posse, que<br />

ficou <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> para o dia 4 <strong>de</strong> outubro próximo, uma sexta-feira, às 19h30, na catedral basílica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Nesse <strong>da</strong>ta, em clima <strong>de</strong> alegria e fé, Aviz foi apresentado à <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> Deus presente em <strong>Maringá</strong>, que<br />

se fez representar por gran<strong>de</strong> concurso <strong>de</strong> povo reunido na catedral basílica Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória. A posse<br />

do terceiro arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> <strong>de</strong>u-se, segundo o costume, com a leitura pública <strong>da</strong> bula oficial <strong>de</strong> sua<br />

10 “Estrangeiras” não consta mais do <strong>no</strong>me, mas a sigla permanece igual.<br />

11 Flenucleta era se<strong>de</strong> episcopal <strong>da</strong> antiga Mauritânia Cesariense, dos roma<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> Norte <strong>da</strong> África, atual Argélia.


<strong>no</strong>meação, envia<strong>da</strong> pela Santa Sé e redigi<strong>da</strong> em latim, cuja tradução diz:<br />

JOÃO PAULO Bispo,<br />

Servo dos Servos <strong>de</strong> Deus,<br />

ao venerável irmão João Braz <strong>de</strong> Aviz, até agora bispo <strong>de</strong> Ponta Grossa, transferido à<br />

<strong>Igreja</strong> Metropolitana <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, sau<strong>da</strong>ções e bênção apostólica.<br />

Como é <strong>no</strong>sso <strong>de</strong>ver administrar a cura espiritual e pastoral <strong>de</strong> todo o Povo <strong>de</strong> Deus,<br />

o <strong>no</strong>sso pensamento voltou-se, <strong>de</strong> modo especial, para a <strong>Igreja</strong> Metropolitana <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>,<br />

cuja se<strong>de</strong> se encontra atualmente vacante, <strong>de</strong>vido à transferência do seu último<br />

arcebispo, <strong>no</strong>sso venerável irmão Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ.<br />

Examinando o assunto com gran<strong>de</strong> atenção, confiantes, Nós <strong>no</strong>s dirigimos a ti, Venerável<br />

Irmão, que, ornado <strong>de</strong> excelentes quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> alma e do intelecto, como também<br />

largamente recomen<strong>da</strong>do pelas tuas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pastorais, julgamos idôneo para governar<br />

essa mesma <strong>Igreja</strong>. Portanto, acatando a resolução <strong>da</strong> Congregação dos Bispos e<br />

liberado do vínculo anterior, pela <strong>no</strong>ssa autori<strong>da</strong><strong>de</strong> apostólica, te constituímos Arcebispo<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, com todos os direitos e igualmente to<strong>da</strong>s as obrigações que, segundo<br />

as <strong>no</strong>rmas, competem a tal ofício.<br />

A<strong>de</strong>mais, pedimos que tua <strong>no</strong>meação seja reconheci<strong>da</strong> pelo clero e pelo povo <strong>da</strong> tua<br />

arquidiocese para que saibam <strong>de</strong>ssa incumbência a ti concedi<strong>da</strong>. Exortamos ain<strong>da</strong> os<br />

<strong>no</strong>ssos queridos filhos e filhas para que, com gran<strong>de</strong> alegria te aceitem como pastor e a<br />

ti, Venerável Irmão, se unam pelos vínculos do amor, <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> obediência.<br />

Pedimos também que, enquanto cumprires o teu ministério, brilhem em ti as virtu<strong>de</strong>s<br />

cristãs e humanas. Esperamos que, ao assistires com plena <strong>de</strong>dicação cristã aos fiéis <strong>de</strong><br />

tua comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, possam eles refletirem contigo as palavras <strong>da</strong> Bíblia: “Todo sumo<br />

sacerdote, escolhido entre os homens, é constituído para o bem dos homens nas coisas<br />

que se referem a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados” (Heb 5, 1).<br />

Dado em Roma, junto <strong>de</strong> São Pedro, aos <strong>de</strong>zessete dias do mês <strong>de</strong> julho do a<strong>no</strong> do<br />

Senhor <strong>de</strong> dois mil e dois, vigésimo quarto <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso pontificado.<br />

a) João Paulo II, Papa (JOÃO PAULO II, 2002a, 1 f.).<br />

A competente ata foi lavra<strong>da</strong> e li<strong>da</strong> ao final, para que to<strong>da</strong>s as formali<strong>da</strong><strong>de</strong>s fossem cumpri<strong>da</strong>s e o acontecimento<br />

oficial ganhasse registro para a posteri<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

Ata <strong>da</strong> posse <strong>de</strong> Dom João Braz <strong>de</strong> Aviz, Arcebispo Metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

No dia 4 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2002, na Catedral Basílica Me<strong>no</strong>r Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória,<br />

em solene celebração <strong>da</strong> Eucaristia, tomou posse como arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong> o excelentíssimo senhor dom João Braz <strong>de</strong> Aviz, até então bispo diocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

Ponta Grossa, <strong>no</strong> Estado do Paraná.<br />

Às 18h30, em frente à Catedral, diante do povo que o aguar<strong>da</strong>va, dom João foi recepcionado<br />

por monsenhor Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva, administrador arquidiocesa<strong>no</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong><br />

em <strong>Maringá</strong> e cura <strong>da</strong> Catedral, juntamente com dom Murilo Sebastião Ramos Krieger<br />

e dom Jaime Luiz Coelho, seus digníssimos arcebispos pre<strong>de</strong>cessores.<br />

Na sacristia do templo, on<strong>de</strong> entrou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> breve visita ao Santíssimo Sacramento,<br />

antes <strong>de</strong> paramentar-se, o arcebispo eleito foi recebido pelos senhores arcebispos e<br />

bispos presentes, em número superior a duas <strong>de</strong>zenas, do Paraná e <strong>de</strong> outras regiões do<br />

Brasil, pelos membros do Colégio <strong>de</strong> Consultores <strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, presbíteros<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> e <strong>de</strong> outras procedências, diáco<strong>no</strong>s e seminaristas.<br />

Na Catedral, entre a multidão vin<strong>da</strong> <strong>de</strong> várias paróquias, faziam-se presentes também<br />

religiosos, e autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s militares e civis, representando os Po<strong>de</strong>res Judiciário, Executivo<br />

e Legislativo.<br />

A celebração eucarística foi presidi<strong>da</strong> pelo arcebispo eleito, tendo a seu lado os arce-<br />

283<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


284<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

bispos pre<strong>de</strong>cessores em <strong>Maringá</strong>, e também dom Lúcio Baumgaertner, presi<strong>de</strong>nte do<br />

Regional Sul-2 <strong>da</strong> CNBB, e dom Pedro Fe<strong>da</strong>lto, arcebispo <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Ao início <strong>da</strong> santa missa, antes do Hi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Louvor, o administrador arquidiocesa<strong>no</strong><br />

exami<strong>no</strong>u as Letras Apostólicas e or<strong>de</strong><strong>no</strong>u a sua leitura, <strong>da</strong>ndo a posse a dom João Braz<br />

<strong>de</strong> Aviz <strong>no</strong> ofício <strong>de</strong> arcebispo <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> que está em <strong>Maringá</strong>.<br />

A seguir, o <strong>no</strong>vo arcebispo foi sau<strong>da</strong>do por monsenhor Júlio, por padre Obeli<strong>no</strong> Silva<br />

<strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, representando o presbitério <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, por irmã Katarina Klar, representando<br />

os religiosos, por Marcos Eduardo Pintinha, representando os leigos, por<br />

dom Murilo e por dom Jaime. Recebeu também os cumprimentos do senhor João<br />

Ivo Caleffi, vice-prefeito municipal, Antônio Carlos Marcolin, presi<strong>de</strong>nte em exercício<br />

<strong>da</strong> Câmara <strong>de</strong> Vereadores, e <strong>de</strong> José Cândido Sobrinho, juiz representando o Po<strong>de</strong>r<br />

Judiciário.<br />

Teve prosseguimento a santa missa, com os atos costumeiros <strong>de</strong> uma Eucaristia solene<br />

e histórica para a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Ao final, eu, padre Luiz Antônio Bento, secretário<br />

do Colégio <strong>de</strong> Consultores, lavrei a presente Ata que vai por mim assina<strong>da</strong>, pelos excelentíssimos<br />

senhores arcebispos e bispos, dom João Braz <strong>de</strong> Aviz, dom Murilo Krieger,<br />

dom Jaime Luiz Coelho, dom Lúcio Baumgaertner, dom Pedro Fe<strong>da</strong>lto e pelos membros<br />

do Colégio <strong>de</strong> Consultores <strong>da</strong> arquidiocese.<br />

<strong>Maringá</strong>, 4 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2002.<br />

Assinaturas: Pe. Luiz Antônio Bento<br />

+João Braz <strong>de</strong> Aviz<br />

+Murilo SR Krieger, scj<br />

+Jaime Luiz Coelho<br />

+Lúcio Ig. Baumgaertner<br />

+Pedro A. M. Fe<strong>da</strong>lto<br />

Mons. Orivaldo Robles<br />

Mons. Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva<br />

Pe. Edmar Peron<br />

Mons. Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong><br />

Pe. Bru<strong>no</strong> Elizeu Versari<br />

Pe. Israel Zago (BENTO, 2002b, 1 f.).<br />

A gestão <strong>de</strong> Aviz à frente <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> foi marca<strong>da</strong>, antes <strong>de</strong> tudo, pela simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

homem que se fez aceito, com muita naturali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pelas pessoas humil<strong>de</strong>s do povo. De todos os pastores que,<br />

até os dias atuais, conduziram o rebanho católico <strong>da</strong> arquidiocese, dom João foi − também pelo seu curto<br />

gover<strong>no</strong> − aquele que me<strong>no</strong>s se fez conhecer na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

Assumindo a <strong>no</strong>va <strong>Igreja</strong>, ele <strong>no</strong>meou vigário geral monsenhor Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva, colega <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

tempos <strong>de</strong> seminário, com quem sempre manteve cordial amiza<strong>de</strong>. Fixou então como meta inicial conhecer,<br />

na inteireza possível, a situação <strong>da</strong> parcela do povo <strong>de</strong> Deus que lhe tocou dirigir. Para isso, restaurou uma<br />

prática à qual o primeiro bispo atribuiu gran<strong>de</strong> importância, não só <strong>no</strong>s primórdios, mas durante as quatro<br />

déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> seu gover<strong>no</strong> diocesa<strong>no</strong>: as visitas pastorais. Aviz planejou caminhar <strong>da</strong> periferia para o centro,<br />

visitando primeiro as paróquias mais distantes. Começou pela paróquia <strong>de</strong> Inajá, <strong>no</strong> extremo oeste, junto ao<br />

rio Paranapanema. Era sua intenção, após venci<strong>da</strong> a etapa <strong>de</strong> visitas na Região Pastoral Oeste, fazer o mesmo<br />

percurso na Região Pastoral Leste, a partir <strong>de</strong> São Pedro do Ivaí. Só então visitaria as numerosas paróquias<br />

<strong>da</strong>s regiões mais centrais. Não lhe foi <strong>da</strong>do tempo para cumprir o projeto.<br />

Pouco <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua posse, retor<strong>no</strong>u <strong>de</strong> Roma padre Edmar Peron, que concluíra curso <strong>de</strong> mestrado<br />

em Teologia Dogmática com ênfase em Sacramentos, <strong>de</strong>ssa maneira enriquecendo o corpo docente do curso<br />

teológico <strong>de</strong> Londrina on<strong>de</strong> estu<strong>da</strong>m seminaristas do Norte do Paraná. Ao mesmo tempo, como assessor <strong>de</strong><br />

liturgia em nível arquidiocesa<strong>no</strong>, Peron veio <strong>da</strong>r <strong>no</strong>vo impulso a uma área que jamais <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> receber <strong>da</strong><br />

<strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> cui<strong>da</strong>dosa atenção, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo <strong>de</strong> padre Raimundo Le Goff, fielmente acompanhado<br />

por maestro Aniceto Matti. Confiado ao zelo, entre outros, <strong>de</strong> padres Francisco Jobard, Vicente Costa, Bru<strong>no</strong>


Posse <strong>de</strong> dom João<br />

04 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2002<br />

A acolhi<strong>da</strong> <strong>de</strong> dom Murilo. Os três arcebispos.<br />

O abraço na transmissão <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>.<br />

Dom João na cátedra <strong>de</strong> mestre <strong>da</strong> fé.<br />

285<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


286<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

E. Versari e Sidney Fabril, a (arqui)diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> sempre reconheceu à sagra<strong>da</strong> liturgia importante função<br />

celebrativa e evangelizadora. Confirma-o a revelação <strong>de</strong> dom Murilo para quem as celebrações na catedral<br />

basílica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> figuram entre as mais cui<strong>da</strong><strong>da</strong>s que lhe foi <strong>da</strong>do presidir em seu ministério episcopal.<br />

Dom João preocupou-se ain<strong>da</strong> em <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à obra tão cara a dom Jaime e a dom Murilo <strong>de</strong><br />

levar a palavra <strong>de</strong> Deus aos recantos mais distantes, através dos mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação. Em vista<br />

<strong>de</strong>sse propósito, <strong>de</strong>u gran<strong>de</strong> incentivo à equipe sob comando do advogado Irivaldo Joaquim <strong>de</strong> Souza, que se<br />

entregou, <strong>de</strong> corpo e alma, à tarefa <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lar a TV 3º Milênio, cedi<strong>da</strong> por monsenhor Gerhard Schnei<strong>de</strong>r<br />

à arquidiocese.<br />

Outro distintivo <strong>de</strong> sua gestão foi a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> partilha<strong>da</strong> com o maior número possível <strong>de</strong> colaboradores.<br />

Seus longos encontros com li<strong>de</strong>ranças começavam por generoso tempo <strong>de</strong>dicado à oração. Cabe<br />

lembrar a mu<strong>da</strong>nça ocorri<strong>da</strong> <strong>no</strong> Conselho Arquidiocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Pastoral que, por sua <strong>de</strong>cisão, foi ampliado para<br />

os atuais 63 membros, autêntica mini-assembléia quadrimestral <strong>de</strong> um dia inteiro, aberto com celebração <strong>da</strong><br />

Eucaristia, para <strong>de</strong>cisões sobre a caminha<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> Particular <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. O conselho, “fonte <strong>de</strong> diálogo e<br />

ânimo”, para Aviz revelou-se também avalista <strong>de</strong> uma pastoral sem distorções, não paralela, com movimentos<br />

eclesiais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou paróquias isola<strong>da</strong>s do concerto <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> arquidiocesana. A interação contínua com<br />

os padres, <strong>no</strong> trato aberto <strong>de</strong> todos os assuntos, inclusive os mais espinhosos, levou o arcebispo a confessar:<br />

“Para mim haver duas ou três linhas entre o clero não é problema. Problema acontece quando <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong><br />

ter pontos comuns” (AVIZ, 2004, p. 6-9). Foi <strong>da</strong>do também peso maior ao Conselho <strong>de</strong> Assuntos Econômicos<br />

<strong>da</strong> arquidiocese, reforçando sua co-responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, ao lado do bispo, <strong>no</strong> cui<strong>da</strong>do dos recursos indispensáveis<br />

à <strong>Igreja</strong> para o fiel <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> missão evangelizadora.<br />

Reunião do Conselho Arquidiocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Pastoral,<br />

mo<strong>de</strong>lo colegiado <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> diocesa<strong>no</strong>, em 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003.<br />

Já <strong>no</strong> final <strong>de</strong> seu tempo em <strong>Maringá</strong> aconteceu, <strong>no</strong> ginásio <strong>de</strong> esportes do Colégio Marista, o 4º Intereclesial<br />

<strong>da</strong>s CEBs do Regional Sul II, que reuniu, <strong>de</strong> 21 a 24 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004, um total <strong>de</strong> 950 <strong>de</strong>legados,<br />

além <strong>de</strong> assessores, bispos e coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> plenário. O tema foi “CEBs, espirituali<strong>da</strong><strong>de</strong> libertadora”, e<br />

o lema, “Seguir Jesus <strong>no</strong> compromisso com os excluídos”. To<strong>da</strong>s as dioceses do Estado se fizeram representar<br />

<strong>no</strong> evento, que celebrou uma caminha<strong>da</strong> histórica <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> do Paraná <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os a<strong>no</strong>s 60.


4º Interclesial <strong>da</strong>s CEBs do Regional Sul II (Paraná), <strong>de</strong> 21 a 24 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004, <strong>no</strong> Colégio Marista.<br />

Da disposição <strong>de</strong> iniciar conhecendo to<strong>da</strong>s as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> arquidiocesana dom João Braz <strong>de</strong><br />

Aviz não realizou a quinta parte. Faltava-lhe visitar uma paróquia <strong>da</strong> Região Pastoral Oeste e as outras quatro<br />

regiões inteiras quando, <strong>no</strong> dia 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004, convocou para o café <strong>da</strong> manhã o colégio <strong>de</strong> consultores<br />

que, atônito, ouviu <strong>de</strong>le a <strong>no</strong>tícia <strong>de</strong> que o Santo Padre, <strong>no</strong> dia 7 <strong>de</strong> janeiro, portanto, havia três semanas,<br />

o tinha removido para a sé metropolitana <strong>de</strong> Brasília. Ficou agen<strong>da</strong><strong>da</strong> sua missa <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong> <strong>da</strong> arquidiocese<br />

para 19 <strong>de</strong> março próximo, na catedral basílica. No dia 23 <strong>de</strong> março, embarcou com <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> a Brasília, on<strong>de</strong><br />

foi empossado quatro dias mais tar<strong>de</strong>.<br />

Para quem chegou com sorriso <strong>de</strong> irmão e sonho <strong>de</strong> cumprir aqui o resto <strong>de</strong> seus dias, a meteórica<br />

passagem por esta <strong>Igreja</strong> representou uma provação <strong>de</strong> fé. Mais <strong>de</strong> uma vez, Aviz confessara que vir para <strong>Maringá</strong><br />

significara sua volta para casa. Afinal, to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong> conheceu como único referencial a terra vermelha<br />

e o povo caloroso do Norte do Paraná. No comunicado oficial <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong>, não escon<strong>de</strong>u a surpresa <strong>de</strong><br />

verificar que estava, como reconheceu, “apenas iniciando minha missão episcopal em <strong>Maringá</strong>”. Sua permanência<br />

<strong>no</strong> cargo foi <strong>de</strong> 16 meses.<br />

Quem <strong>de</strong>le se aproximou − digam-<strong>no</strong> os irmãos <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s visita<strong>da</strong>s − <strong>de</strong>ixou-se encantar pelo<br />

carinho, pelo sorriso aberto e, mais que tudo, pela intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> amor alegre ao Deus u<strong>no</strong> e tri<strong>no</strong>, mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> to<strong>da</strong> espirituali<strong>da</strong><strong>de</strong> cristã. Ele representou um sinal lumi<strong>no</strong>so <strong>de</strong> que <strong>no</strong> meio <strong>da</strong>s provações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> há<br />

sempre espaço para a alegria e a esperança – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se cultive a fé vivi<strong>da</strong> em comum.<br />

Sua posse na capital fe<strong>de</strong>ral aconteceu na manhã do dia 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004, na catedral, diante <strong>de</strong><br />

33 car<strong>de</strong>ais, arcebispos e bispos, <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 250 presbíteros, e <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1500 fiéis, meia centena dos quais<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

287<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


288<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

memóriA, quAse históriA<br />

O NOvO ArcebispO <strong>de</strong> mAriNgá<br />

Os católicos <strong>de</strong> Ponta Grossa não <strong>de</strong>vem estar acreditando <strong>no</strong> provérbio segundo o<br />

qual o raio não cai duas vezes <strong>no</strong> mesmo lugar. No espaço <strong>de</strong> cinco a<strong>no</strong>s, pela segun<strong>da</strong> vez,<br />

vão entregar a <strong>Maringá</strong> o seu bispo. Como dom Murilo, o <strong>no</strong>vo arcebispo é catarinense <strong>de</strong><br />

nascimento e não completou 60 a<strong>no</strong>s. Natural <strong>de</strong> Mafra (SC), muito cedo veio para o Paraná,<br />

criando-se em Borrazópolis. Entrou para o seminário em 1958. Or<strong>de</strong><strong>no</strong>u-se padre em 1972.<br />

Dia 24 <strong>de</strong> abril passado fez 55 a<strong>no</strong>s.<br />

Chama-se dom João Braz <strong>de</strong> Aviz. Como José Amaury, o irmão mais velho, pároco na<br />

capital do Estado, foi colega <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> nós <strong>no</strong> Seminário Maior Rainha dos Apóstolos, em<br />

Curitiba, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60. Brincávamos, lembrando-lhes que, em idos tempos, não teriam sido<br />

aceitos <strong>no</strong> seminário. Ser filho <strong>de</strong> açougueiro era impedimento para tornar-se padre. E seu<br />

pai, João Aveli<strong>no</strong>, era então o melhor açougueiro <strong>de</strong> Borrazópolis. Os Aviz exibiam gran<strong>de</strong><br />

robustez física, por conta <strong>de</strong> uma alimentação em que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, carne era prato comum.<br />

Quando, vez por outra, num passeio, resolvíamos fazer churrasco, adivinhe quem, por<br />

ter prática, cui<strong>da</strong>va <strong>de</strong> tudo.<br />

João sempre foi atuante <strong>no</strong> presbitério <strong>de</strong> sua diocese, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> dom Romeu<br />

Alberti. Além <strong>de</strong> pároco, foi formador na Filosofia e Teologia em São Paulo, Apucarana e<br />

Londrina. Cursou Teologia em Roma, para on<strong>de</strong> voltou a fim <strong>de</strong> fazer o doutorado. Em 1994,<br />

foi <strong>no</strong>meado bispo auxiliar <strong>de</strong> Vitória (ES), <strong>de</strong> lá se transferindo, em 1998, para Ponta Grossa.<br />

Dom João Braz <strong>de</strong> Aviz será empossado arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> na catedral, <strong>no</strong> vindouro 4 <strong>de</strong><br />

outubro, dia <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Assis.<br />

Faz parte <strong>de</strong> sua biografia um episódio dramático, quase milagroso, quando pároco<br />

<strong>de</strong> Ivaiporã. A <strong>caminho</strong> <strong>de</strong> Palmital, ci<strong>da</strong><strong>de</strong> próxima, para celebrar missa em lugar do padre<br />

ausente por viagem, na estra<strong>da</strong>, foi dominado por ladrões, que passaram a trocar tiros com<br />

os ocupantes <strong>de</strong> um carro transportador <strong>de</strong> valores, que esperavam assaltar. Forçado a caminhar,<br />

<strong>de</strong> mãos ergui<strong>da</strong>s, para o veículo blin<strong>da</strong>do, foi alvejado <strong>no</strong> abdome por um disparo <strong>de</strong><br />

espingar<strong>da</strong> que o prostrou por terra. Os bandidos fugiram. O carro forte seguiu <strong>caminho</strong>. Ele<br />

ficou estirado na estra<strong>da</strong>, sangrando durante horas. Removido para Pitanga, foi <strong>de</strong>pois levado<br />

para hospital em Ponta Grossa. Surpreen<strong>de</strong>ntemente, recuperou-se por completo, mas ain<strong>da</strong><br />

carrega <strong>no</strong> corpo mais <strong>de</strong> 120 caroços <strong>de</strong> chumbo. Por troça, aconselhamo-lo a levar sempre<br />

consigo uma radiografia e o atestado médico para exibir em aeroporto ou banco, quando for<br />

barrado pelo <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> metais.<br />

Esse é o <strong>no</strong>sso futuro arcebispo. Simples, correto, amigo, alegre, forte na provação, fiel<br />

a seus <strong>de</strong>veres. De gran<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> interior e profundo amor à <strong>Igreja</strong>. Damos graças ao Senhor,<br />

que não <strong>de</strong>ixa sem pastor o seu rebanho. Aguar<strong>da</strong>mo-lo com fé e esperança. Conhecemos a<br />

herança <strong>de</strong> dom Jaime e dom Murilo, que caberá a ele administrar. De coração aberto acolhemo-lo<br />

como o “bendito que vem em <strong>no</strong>me do Senhor”. E <strong>no</strong>s colocamos a seu lado para<br />

construirmos juntos a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> por Cristo neste início <strong>de</strong> 3º milênio cristão (ROBLES,<br />

2002b, p. 2).


A históriA se repete<br />

À <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> parece reserva<strong>da</strong> a sina do ineditismo. Tor<strong>no</strong>u-se se<strong>de</strong> <strong>de</strong> bispado antes dos <strong>de</strong>z<br />

a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; foi dirigi<strong>da</strong> pelo mesmo pastor durante quatro déca<strong>da</strong>s; <strong>da</strong> mesma sé diocesana<br />

recebeu dois arcebispos; teve um gover<strong>no</strong> episcopal relâmpago, <strong>de</strong> 15 meses e 3 dias; por último, em me<strong>no</strong>s<br />

<strong>de</strong> dois a<strong>no</strong>s, elegeu dois administradores arquidiocesa<strong>no</strong>s. Depois <strong>de</strong> longo período <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma<br />

agitação <strong>de</strong> tirar o fôlego. Para quem aprecia mu<strong>da</strong>nças, <strong>de</strong> 1997 a esta parte foi um tempo <strong>de</strong> festa.<br />

No dia 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004, na paróquia Santa Maria Goretti, reuniram-se os membros do colégio <strong>de</strong><br />

consultores para a eleição do administrador <strong>da</strong> arquidiocese, cuja se<strong>de</strong> se encontrou vaga com a transferência<br />

do pastor para Brasília. Do importante acontecimento foi lavra<strong>da</strong> ata <strong>no</strong>s seguintes termos:<br />

Ata <strong>da</strong> eleição e posse do Administrador arquidiocesa<strong>no</strong> <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

Estando vacante a sé metropolitana <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> pela posse <strong>de</strong> dom João Braz <strong>de</strong> Aviz<br />

como arcebispo <strong>de</strong> Brasília, em atendimento ao que dispõe o Código <strong>de</strong> Direito Canônico,<br />

cân. 424ss, <strong>no</strong> dia 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004, às 9h00, na Paróquia Santa Maria<br />

Goretti, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, reuniu-se o Colégio <strong>de</strong> Consultores para a eleição do<br />

administrador arquidiocesa<strong>no</strong>. Compareceram todos os seis membros do Conselho:<br />

monsenhores Orivaldo Robles, <strong>de</strong>ca<strong>no</strong>, Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong>, Júlio Antônio <strong>da</strong><br />

Silva e padres Israel Zago, Bru<strong>no</strong> Elizeu Versari e Edmar Peron. Inicialmente, na capela<br />

do Santíssimo Sacramento, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> igreja matriz, os Consultores rezaram suplicando<br />

fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> aos <strong>de</strong>sígnios <strong>de</strong> Deus e luz para aten<strong>de</strong>r ao ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro bem <strong>da</strong> santa <strong>Igreja</strong>.<br />

Depois, em sala própria, realizou-se o escrutínio secreto que apontou como resultado: 4<br />

(quatro) votos para monsenhor Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong>, coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> ação evangelizadora<br />

<strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> e pároco <strong>da</strong> Paróquia Divi<strong>no</strong> Espírito Santo, 1 (hum) voto<br />

para monsenhor Orivaldo Robles, e 1 (hum) voto para padre Israel Zago. O <strong>de</strong>ca<strong>no</strong> do<br />

Colégio <strong>de</strong> Consultores <strong>de</strong>clarou eleito o mais votado, proclamando-o administrador<br />

<strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> até a posse do <strong>no</strong>vo arcebispo. Na aceitação do resultado<br />

<strong>da</strong> eleição, o <strong>no</strong>vo administrador arquidiocesa<strong>no</strong> agra<strong>de</strong>ceu a confiança dos seus pares,<br />

ressaltando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> efetiva colaboração <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as li<strong>de</strong>ranças <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong><br />

local, particularmente do Colégio <strong>de</strong> Consultores, condição indispensável para o bom<br />

an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> Particular <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, especialmente neste período <strong>de</strong><br />

espera do <strong>no</strong>vo arcebispo. À continuação, diante dos Consultores, o administrador fez<br />

a profissão <strong>de</strong> fé, conforme dispõe o cân. 833 n. 4, do CDC. Termina<strong>da</strong> a profissão, o<br />

administrador recebeu os cumprimentos dos <strong>de</strong>mais membros do Colégio <strong>de</strong> Consultores,<br />

convi<strong>da</strong>ndo-os para a oração que <strong>de</strong>u por encerra<strong>da</strong> esta reunião <strong>de</strong> eleição <strong>da</strong> qual<br />

lavrei a presente Ata, que vai assina<strong>da</strong> por mim, padre Edmar Peron, secretário ad hoc,<br />

pelo administrador arquidiocesa<strong>no</strong> e pelos <strong>de</strong>mais membros do Colégio <strong>de</strong> Consultores.<br />

<strong>Maringá</strong>, 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004.<br />

Pe. Edmar Peron<br />

Mons. Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong><br />

Mons. Orivaldo Robles<br />

Mons. Júlio Antônio <strong>da</strong> Silva<br />

Pe. Israel Zago<br />

Pe. Bru<strong>no</strong> Elizeu Versari (PERON, 2004, 1 f.).<br />

Eleito administrador arquidiocesa<strong>no</strong>, Almei<strong>da</strong> viu-se forçado a dividir com os <strong>de</strong>mais membros do<br />

colégio as celebrações do sacramento <strong>da</strong> crisma agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s por Aviz até o final do a<strong>no</strong>. Continuando pároco,<br />

sem previsão <strong>de</strong> vin<strong>da</strong> do <strong>no</strong>vo pastor, ser-lhe-ia impossível, em todos os finais <strong>de</strong> semana, <strong>de</strong>slocar-se a várias<br />

paróquias <strong>da</strong> arquidiocese.<br />

De 21 a 30 <strong>de</strong> abril, Almei<strong>da</strong> participou, em Itaici, município <strong>de</strong> In<strong>da</strong>iatuba (SP), <strong>da</strong> 42ª Assembléia<br />

Geral <strong>da</strong> CNBB. No meio dos bispos do Paraná reviveu o clima <strong>de</strong> co-responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pastoral que tinha<br />

longamente dividido <strong>no</strong> Regional Sul II, durante os a<strong>no</strong>s 70 e 80. A volta a Itaici trouxe-lhe à memória os<br />

289<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


290<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

Dom João benze as <strong>no</strong>vas instalações.<br />

iNAugurAçãO dA tv 3º milêNiO<br />

a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> pastoral, quando, mais <strong>de</strong> uma vez, acompanhou dom Jaime àquelas memoráveis<br />

assembléias que há déca<strong>da</strong>s se verificam <strong>no</strong> casarão dos jesuítas. A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> administrador <strong>da</strong> arquidiocese<br />

assegurou-lhe na assembléia direito a voto igual ao <strong>de</strong> um bispo. A respeito, seu antigo diretor espiritual <strong>no</strong><br />

seminário e arcebispo <strong>de</strong> Londrina, dom Alba<strong>no</strong> Cavallin, passou-lhe um bilhete com os jocosos dizeres: “Almei<strong>da</strong>,<br />

aqui você é mais importante que dom Paulo (Evaristo Arns, arcebispo emérito <strong>de</strong> São Paulo). Você vota,<br />

ele não”. O estatuto <strong>da</strong> CNBB ve<strong>da</strong> aos bispos eméritos o voto nas assembléias do colegiado. 12<br />

Em sua gestão administrativa abriu-se a <strong>no</strong>va etapa <strong>da</strong> TV 3º Milênio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> reformula<strong>da</strong> inteiramente<br />

por obra <strong>de</strong> Irivaldo Joaquim <strong>de</strong> Souza. Dom João Aviz veio <strong>de</strong> Brasília para, <strong>no</strong> dia 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

2004, inaugurar as <strong>no</strong>vas instalações, em cerimônia que contou com a presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> padres, educadores,<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e representantes <strong>da</strong> imprensa. Coube ao administrador arquidiocesa<strong>no</strong> e a Souza, diretorpresi<strong>de</strong>nte,<br />

<strong>de</strong>satarem a fita simbólica <strong>da</strong>ndo por inaugura<strong>da</strong>s as <strong>no</strong>vas instalações <strong>da</strong> TV 3º Milênio.<br />

Após oito meses <strong>de</strong> vacância <strong>da</strong> sé episcopal, <strong>no</strong> dia 29 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2004, foi <strong>da</strong><strong>da</strong> a <strong>no</strong>tícia oficial<br />

<strong>da</strong> eleição do quarto arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, dom Anuar Battisti, até então bispo <strong>de</strong> Toledo, <strong>no</strong><br />

sudoeste do Estado (JOÃO PAULO II, 2004b, p. 11).<br />

Antes <strong>de</strong> passar às mãos do <strong>no</strong>vo arcebispo o comando <strong>da</strong> arquidiocese, Almei<strong>da</strong> recebeu dos padres<br />

jesuítas a paróquia <strong>de</strong> São José Operário que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fun<strong>da</strong>ção, em 14 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1954, permanecera sob<br />

seus cui<strong>da</strong>dos. Em vista <strong>da</strong> diminuição <strong>de</strong> padres e <strong>da</strong> opção por trabalho em áreas <strong>de</strong> missão, mais <strong>de</strong> uma vez<br />

tinha o provincial <strong>da</strong> Companhia <strong>de</strong> Jesus manifestado <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> entregar à <strong>Igreja</strong> arquidiocesana a paróquia<br />

que, por mais <strong>de</strong> 50 a<strong>no</strong>s, os jesuítas atendiam em <strong>Maringá</strong>. Nunca houve, anteriormente, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

satisfazê-lo. Sob a administração <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, finalmente, a diocese <strong>de</strong> Umuarama solicitou uma paróquia,<br />

on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem residir seus seminaristas estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> Filosofia na PUC-PR, câmpus <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Em contraparti<strong>da</strong>,<br />

enviaria dois padres para atendimento paroquial e aos seminaristas. No dia 4 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2005, em<br />

solene Eucaristia com gran<strong>de</strong> concurso <strong>de</strong> povo e numerosos padres, a Companhia <strong>de</strong> Jesus <strong>de</strong>volveu à <strong>Igreja</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> paroquial <strong>de</strong> São José Operário. No papel <strong>de</strong> administrador arquidiocesa<strong>no</strong>, Almei<strong>da</strong><br />

recebeu a paróquia que conservava em <strong>Maringá</strong> a lembrança viva <strong>da</strong> gloriosa saga inicia<strong>da</strong> em 1610 pelos<br />

filhos <strong>de</strong> Inácio <strong>de</strong> Loyola nestas terras <strong>de</strong> Guairá. No seguinte dia 15, tomaram posse padres Wilson Galiani<br />

e Antônio Luiz Catelan Ferreira, <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> Umuarama. Idêntica medi<strong>da</strong> foi toma<strong>da</strong> em parceria com a<br />

diocese <strong>de</strong> Campo Mourão, que se responsabilizou, <strong>no</strong> início <strong>de</strong> 2006, após entendimento com o quarto<br />

arcebispo metropolita<strong>no</strong>, pela paróquia <strong>de</strong> Man<strong>da</strong>guaçu para on<strong>de</strong> enviou, juntamente com seus seminaristas,<br />

também padres Paulo Roberto <strong>de</strong> Lima e Edinaldo Velozo <strong>da</strong> Silva.<br />

12 Informação passa<strong>da</strong> ao autor, em <strong>Maringá</strong>, por Almei<strong>da</strong>, <strong>no</strong> dia 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2004.<br />

Padre Almei<strong>da</strong> e doutor Irivaldo <strong>de</strong>satam a fita.


memóriA, quAse históriA<br />

um bOm AdmiNistrAdOr<br />

Numa <strong>de</strong> suas internações na Santa Casa, infelizmente necessárias já <strong>de</strong> algum tempo,<br />

quando ain<strong>da</strong> não se sabia quem haveria <strong>de</strong> ser o <strong>no</strong>vo arcebispo nem quando iria chegar,<br />

cônego Pedro Makiyama, <strong>de</strong> Doutor Camargo e Ivatuba, assim se expressou: “Por que vem<br />

bispo <strong>de</strong> fora? Escolhe Almei<strong>da</strong> bispo. Está bom assim”. Quando chegou a saber, padre Almei<strong>da</strong>,<br />

com a veia humorística que todos admiram, reagiu <strong>no</strong> estalo: “Precisamos cui<strong>da</strong>r bem do<br />

Makiyama. Não posso per<strong>de</strong>r esse voto”.<br />

Brinca<strong>de</strong>ira à parte, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que, na sua habitual fala pausa<strong>da</strong>, quase inaudível, do<br />

estritamente necessário, dispensando artigos e enfeites <strong>de</strong> linguagem, o bom Makiyama, exemplo<br />

<strong>de</strong> simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za interior, apenas disse em voz alta o que a maioria (não só<br />

dos colegas, mas <strong>de</strong> todos que o conhecem) pensou sempre. O período <strong>de</strong> transição que atravessamos<br />

sob seu comando foi bem uma prova.<br />

Não é fácil a missão do administrador diocesa<strong>no</strong>. Que o diga padre Júlio, que passou<br />

por isso. Sem abandonar as responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> paróquia, que inevitavelmente sofrem redução<br />

<strong>no</strong> atendimento, não sendo bispo, o escolhido passa a carregar o peso <strong>da</strong>s atribuições (e<br />

atribulações) episcopais. São inacreditáveis a dimensão e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> questões às quais<br />

ele é chamado a <strong>da</strong>r resposta. Não admira que alguns padres, pelo que se ouve dizer, tenham<br />

recusado a <strong>no</strong>meação para o episcopado.<br />

Ao final <strong>de</strong>stes quase oito meses, é <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> justiça registrar o acerto do Colégio <strong>de</strong><br />

Consultores quando, a 30 <strong>de</strong> março último, escolheu padre Almei<strong>da</strong> para administrador arquidiocesa<strong>no</strong>.<br />

Não há como questionar a competência e habili<strong>da</strong><strong>de</strong> com que ele soube conduzir o<br />

gover<strong>no</strong> <strong>da</strong> arquidiocese. Nesse período, tivemos à frente <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> um presbítero<br />

sábio, pru<strong>de</strong>nte, justo, extremamente preocupado com o bem <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>. E ain<strong>da</strong>, para felici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>ssa, dotado <strong>de</strong> um bom humor que a todos conquista. Mesmo quando <strong>de</strong>le se diverge, é quase<br />

impossível <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> querer-lhe bem. Esse dom raro, presente <strong>de</strong> Deus, veio facilitar bastante<br />

o enfrentamento <strong>de</strong> situações pe<strong>no</strong>sas que, <strong>de</strong> outra forma, trariam <strong>de</strong>sgastes maiores à <strong>Igreja</strong>.<br />

Deus o abençoe, Almei<strong>da</strong> [...] Quem, como você e Julinho, carregou esse fardo, há <strong>de</strong><br />

ter o <strong>no</strong>me inscrito <strong>no</strong> “livro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do Cor<strong>de</strong>iro” (Ap 21, 27) (ROBLES, 2004c, p. 12).<br />

291<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


292<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

O ArcebispO dO jubileu<br />

O quarto arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> é gaúcho <strong>de</strong> Alto Ho<strong>no</strong>rato, município <strong>de</strong> Lajeado (RS), on<strong>de</strong> nasceu<br />

em 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1953, terceiro dos oito filhos do casal Anicheto Battisti e Edoril<strong>da</strong> Knipof dos Santos,<br />

faleci<strong>da</strong>. Tem uma irmã, Lour<strong>de</strong>s, religiosa <strong>da</strong> Congregação <strong>de</strong> São Carlos, e um irmão, José, padre paloti<strong>no</strong>.<br />

Os <strong>de</strong>mais irmãos, todos homens, são casados. Ain<strong>da</strong> criança, em 1963, transferiu-se com a família para<br />

Tupãssi (PR), ingressando, a<strong>no</strong> seguinte, <strong>no</strong> seminário me<strong>no</strong>r <strong>de</strong> Toledo on<strong>de</strong> cursou o ensi<strong>no</strong> fun<strong>da</strong>mental.<br />

Depois estudou <strong>no</strong> seminário <strong>de</strong> Cascavel e completou o antigo segundo grau <strong>no</strong> Seminário São José, <strong>de</strong><br />

Curitiba. Também na capital paranaense cursou Filosofia, na PUC-PR, enquanto residia <strong>no</strong> Seminário Rainha<br />

dos Apóstolos, iniciando, a seguir, o curso <strong>de</strong> Teologia <strong>no</strong> Studium Theologicum. Depois <strong>de</strong> um período <strong>de</strong><br />

cinco meses <strong>de</strong> formação espiritual em Frascati, na Itália, veio para a Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Teologia Nossa Senhora <strong>da</strong><br />

Assunção, em São Paulo, on<strong>de</strong> fez os dois últimos a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Teologia (1979-1980). Recebeu <strong>de</strong> dom Geraldo<br />

Majella Agnelo a or<strong>de</strong>nação presbiteral em Toledo, <strong>no</strong> dia 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1980. De 1981 a 1985, foi<br />

reitor do seminário <strong>de</strong> Toledo, pároco e professor universitário; <strong>de</strong>pois, reitor <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos seminaristas<br />

maiores do Oeste do Paraná em Curitiba.<br />

Padres João Braz <strong>de</strong> Aviz e Anuar Battisti durante o V Curso <strong>de</strong> Formadores (1986),<br />

em frente à embaixa<strong>da</strong> brasileira, na Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do México.<br />

Exerceu a presidência <strong>da</strong> OSIB – Organização dos Seminários e Institutos (filosóficos e teológicos) do<br />

Brasil, e <strong>da</strong> Organización <strong>de</strong> Seminarios Lati<strong>no</strong>america<strong>no</strong>s (OSLAM); participou em Roma, <strong>da</strong> assembléia geral<br />

do Sí<strong>no</strong>do dos Bispos sobre formação presbiteral, em 1990. Ocupou em Bogotá, Colômbia, <strong>de</strong> 1991 a 1995,<br />

a secretaria executiva do DEVYM – Departamento <strong>de</strong> Vocaciones y Ministerios, do CELAM. Administrador<br />

diocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Toledo <strong>de</strong> 1995 a 1998, foi, a 15 <strong>de</strong> abril, eleito bispo <strong>da</strong> diocese, recebendo a or<strong>de</strong>nação episcopal<br />

<strong>no</strong> dia 20 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998. Para o quatriênio 2003-2007 é responsável pela seção <strong>de</strong> Seminários e Ministérios<br />

Or<strong>de</strong>nados, do CELAM, e pela Comissão para os Ministérios Or<strong>de</strong>nados e Vi<strong>da</strong> Consagra<strong>da</strong>, <strong>da</strong> CNBB.<br />

O <strong>no</strong>vo bispo escolheu para diretriz <strong>de</strong> seu ministério episcopal a recomen<strong>da</strong>ção paulina Ambulate in<br />

Domi<strong>no</strong> = An<strong>da</strong>i <strong>no</strong> Senhor (COLOSSENSES 2, 6). Em que pese o esvaziamento populacional dos últimos<br />

a<strong>no</strong>s, a arquidiocese a ele confia<strong>da</strong>, em suas 52 paróquias, distribuí<strong>da</strong>s pelos 27 municípios <strong>da</strong> área, comportava<br />

em 2004 uma população estima<strong>da</strong> <strong>de</strong> 620.466 pessoas. Nessa multidão a parcela maior, ou 476.317<br />

pessoas, i. é, 76% do total, concentrava-se na região metropolitana (<strong>Maringá</strong>: 308.894 habitantes; Sarandi:<br />

83.624; Paiçandu: 36.151; Marialva: 29.212, e Man<strong>da</strong>guaçu: 18.436). 13<br />

No início <strong>da</strong> semana seguinte ao conhecimento do <strong>no</strong>me do arcebispo, em 4 <strong>de</strong> outubro, os membros<br />

do colégio <strong>de</strong> consultores <strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong>slocaram-se a Toledo para apresentar-lhe cumprimentos e tratar<br />

<strong>da</strong> <strong>no</strong>va situação eclesial <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Ficou acerta<strong>da</strong> a posse <strong>de</strong> Battisti para o dia 24 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro, uma<br />

quarta-feira, às 20h00, em missa solene na catedral basílica.<br />

13 Para os mesmos 27 municípios, estimativa do IBGE apontava, em 1º <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2006, um total <strong>de</strong> 664.420 habitantes, dos quais<br />

cinco totalizavam 517.275: <strong>Maringá</strong> (324.397), Sarandi (88.747), Paiçandu (37.096), Man<strong>da</strong>guari (33.841) e Marialva (33.194).


memóriA, quAse históriA<br />

queridO irmãO ANuAr<br />

Olhando para trás, dou-me conta <strong>de</strong> que, há mais <strong>de</strong> 40 a<strong>no</strong>s, liguei minha vi<strong>da</strong> à sua.<br />

Naquele tempo, a gente ingressava numa <strong>Igreja</strong> Particular através <strong>da</strong> tonsura. Era o rito <strong>de</strong><br />

admissão do seminarista como clérigo. Quando a recebi, aos 22 a<strong>no</strong>s, integrei-me <strong>no</strong> clero<br />

<strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Você era então uma criança <strong>de</strong> 10 a<strong>no</strong>s. O sacramento <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m veio <strong>de</strong>pois<br />

qualificar-me como extensão do bispo, sem o qual não faz sentido <strong>no</strong>sso oficio <strong>de</strong> presbíteros,<br />

servidores do povo <strong>de</strong> Deus. O padre só é padre através do bispo e em comunhão com ele.<br />

Prometi obe<strong>de</strong>cer-lhe e respeitá-lo quando você era um garoto <strong>de</strong> 13 a<strong>no</strong>s e nem sem<br />

sonho atinaria com o que estava acontecendo. Ao final <strong>de</strong> minha or<strong>de</strong>nação presbiteral, em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1966, dom Jaime tomou entre as suas as minhas mãos e perguntou: “Prometes a<br />

mim e aos meus sucessores obediência e respeito?” “Prometo”, respondi. Eu não tinha como<br />

saber, mas naquela hora aceitava seu comando <strong>de</strong> pastor e mestre. Com 38 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> antecedência,<br />

eu já o reconhecia meu ponto <strong>de</strong> referência na missão evangelizadora que só posso exercer<br />

em comunhão com você e sob seu gover<strong>no</strong>.<br />

Em dom Jaime aprendi a ver a figura do pai. Quando o conheci, eu era um adolescente<br />

<strong>de</strong> 16 a<strong>no</strong>s. Nos 40 seguintes, acostumei-me com a sua atuação <strong>de</strong> supervisor <strong>da</strong> ação evangelizadora,<br />

a quem coube orientar o povo <strong>de</strong> Deus presente nesta <strong>Igreja</strong> que está em <strong>Maringá</strong>.<br />

<strong>Igreja</strong> que ele gerou e continuou acalentando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o berço, entre as privações e as ru<strong>de</strong>zas<br />

<strong>de</strong> uma região carente <strong>de</strong> tudo. Para quem observa com atenção, não há nela hoje um único<br />

espaço <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> católica, ain<strong>da</strong> o mais escondido, que não revele a sua presença. Para a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Maringá</strong> ele foi pai, mãe, operário, catequista, padre e bispo.<br />

Com você será diferente. Perdoe-me se não me animo a reconhecê-lo como pai. Gosto<br />

mais <strong>de</strong> vê-lo como um irmão, que vem para uma casa que é sua, mas em cuja construção eu<br />

estou também, há tempo, colocando minha frágil pedrinha, pequena e cheia <strong>de</strong> falhas. Na condição<br />

<strong>de</strong> segundo mais antigo entre os padres <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, asseguro-lhe que você po<strong>de</strong> chegar<br />

e sentir-se em casa. Diferentemente <strong>de</strong> Jesus ao entrar <strong>no</strong> mundo (cf. Jo 1, 11), saiba que você<br />

vem para o que é seu e os seus o recebem com carinho.<br />

Se me escapa o pro<strong>no</strong>me “você”, é por conta <strong>da</strong> intimi<strong>da</strong><strong>de</strong> que mantêm irmãos <strong>no</strong> trato<br />

diário. Em na<strong>da</strong> diminui o respeito, acatamento e obediência que lhe <strong>de</strong>vo na fé e na comunhão<br />

eclesial. A Teologia me ensi<strong>no</strong>u e a fé me assegura que, em comunhão com o bispo <strong>de</strong><br />

Roma, o sucessor dos apóstolos em <strong>Maringá</strong> agora se chama Anuar.<br />

Por sua boca, irmão e bispo, o Senhor fala à sua <strong>Igreja</strong> que está em <strong>Maringá</strong>. É assim que<br />

o recebo. Assim o recebemos todos; po<strong>de</strong> estar certo (ROBLES, 2004a, p. 2).<br />

293<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


294<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

Dando cumprimento à <strong>de</strong>cisão toma<strong>da</strong> na 2ª Semana Brasileira <strong>de</strong> Catequese (Itaici, 2000) e <strong>no</strong> Sulão<br />

<strong>de</strong> Catequese (Campo Gran<strong>de</strong>-MS, 2002), em Curitiba, <strong>de</strong> 9 a 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2004, o Regional Sul II/<br />

Catequese realizou um congresso estadual sobre o tema “Catequese com Adultos”. Participaram reconheci<strong>da</strong>s<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s catequéticas do Brasil, como dom Alba<strong>no</strong> Cavalin e dom Ladislau Biernaski, os teólogos freis<br />

Vitório Mazzuco e Antônio Moser; os professores doutor Bortolo Valle e mestre Clóvis Amorim, além dos<br />

especialistas em catequese padres Nilson Caeta<strong>no</strong> Ferreira e Luiz Alves <strong>de</strong> Lima, SDB. O administrador também<br />

compareceu acompanhado <strong>da</strong> coor<strong>de</strong>nação arquidiocesana <strong>da</strong> catequese. Na ocasião, <strong>Maringá</strong> assumiu a<br />

organização, a<strong>no</strong> próximo, <strong>de</strong> um seminário arquidiocesa<strong>no</strong> sobre Catequese com Adultos em sintonia com a<br />

atual orientação catequética do Brasil.<br />

A posse <strong>de</strong> dom Anuar Batttisti trouxe a <strong>Maringá</strong> o car<strong>de</strong>al primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnello,<br />

arcebispo <strong>de</strong> São Salvador <strong>da</strong> Bahia e presi<strong>de</strong>nte nacional <strong>da</strong> CNBB, a quem Battisti chama <strong>de</strong> padrinho<br />

por lhe ter conferido o diaconato, o presbiterato e por ter sido um <strong>de</strong> seus or<strong>de</strong>nantes episcopais; o núncio<br />

apostólico dom Lorenzo Baldisseri; os arcebispos pre<strong>de</strong>cessores em <strong>Maringá</strong>, dom Jaime, dom Murilo e dom<br />

João; vários arcebispos e bispos <strong>de</strong> outras regiões do Brasil, e todo o episcopado do Regional Sul II, incluídos<br />

bispos idosos e até alguns com problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Entre os fiéis participantes, muitos <strong>de</strong> outras regiões,<br />

especialmente <strong>de</strong> Toledo, com <strong>de</strong>staque para os familiares do <strong>no</strong>vo arcebispo, seu pai, irmãos, cunha<strong>da</strong>s e<br />

sobrinhos. O fato mereceu o registro em ata assim redigi<strong>da</strong>:<br />

Ata <strong>da</strong> posse <strong>de</strong> Dom Anuar Battisti, Arcebispo Metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong><br />

Aos vinte e quatro <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> dois mil e quatro, durante solene concelebração<br />

eucarística na Catedral Metropolitana Basílica Me<strong>no</strong>r Nossa Senhora <strong>da</strong> Glória, em<br />

<strong>Maringá</strong>, <strong>no</strong> Estado do Paraná, às 20h00, na presença do eminentíssimo car<strong>de</strong>al dom<br />

Geraldo Majella Agnelo, primaz do Brasil e arcebispo <strong>de</strong> São Salvador <strong>da</strong> Bahia, presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; dos excelentíssimos senhores<br />

dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico <strong>no</strong> Brasil; dom Lúcio Ignácio Baumgaertner,<br />

arcebispo <strong>de</strong> Cascavel, presi<strong>de</strong>nte do Regional Sul-2 <strong>da</strong> Conferência Nacional<br />

dos Bispos do Brasil; dom Jaime Luiz Coelho, 1º arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>; dom Murilo<br />

Sebastião Ramos Krieger, arcebispo <strong>de</strong> Florianópolis; dom João Braz <strong>de</strong> Aviz, arcebispo<br />

<strong>de</strong> Brasília; dom Pedro Antônio Marchetti Fe<strong>da</strong>lto, arcebispo emérito <strong>de</strong> Curitiba;<br />

dos senhores bispos <strong>da</strong> Província Eclesiástica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, além <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

senhores arcebispos e bispos; <strong>de</strong> monsenhor Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong>, administrador<br />

arquidiocesa<strong>no</strong> e dos membros do Colégio <strong>de</strong> Consultores <strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>;<br />

<strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> presbíteros e <strong>de</strong> numerosos fiéis, inclusive <strong>de</strong> outras confissões<br />

religiosas, tomou posse como arcebispo <strong>da</strong> arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> o excelentíssimo<br />

senhor dom Anuar Battisti.<br />

Para constar, como <strong>de</strong>ca<strong>no</strong> do Colégio <strong>de</strong> Consultores, lavrei a presente Ata, que assi<strong>no</strong>,<br />

e será assina<strong>da</strong> pelo car<strong>de</strong>al primaz, núncio apostólico, arcebispos citados e pelo<br />

administrador arquidiocesa<strong>no</strong>, participantes <strong>da</strong> celebração.<br />

<strong>Maringá</strong> – PR, aos vinte e quatro <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> dois mil e quatro.<br />

Assinaturas: Mons. Orivaldo Robles<br />

+G. M. Card. Agnelo, arcebispo<br />

+Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico<br />

+Anuar Battisti, arcebispo<br />

+Lúcio Ig. Baumgaertner, arcebispo<br />

+Jaime Luiz Coelho, arcebispo<br />

+Murilo SR Krieger, scj, arcebispo<br />

+João Braz <strong>de</strong> Aviz, arcebispo<br />

+Pedro A. M. Fe<strong>da</strong>lto, arcebispo<br />

Mons. Antônio <strong>de</strong> Pádua Almei<strong>da</strong>, administrador (ROBLES, 2004d, 1 f.).


O núncio apostólico dom Lorenzo<br />

Baldisseri entrega o báculo.<br />

Dom Anuar com dom Jaime, primeiro arcebispo.<br />

Posse <strong>de</strong> dom Anuar<br />

24 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2004<br />

Histórica foto reunindo os quatro arcebispos que a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> recebeu<br />

nestes 50 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> história.<br />

O segundo arcebispo, dom Murilo, com dom Anuar.<br />

O terceiro arcebispo, dom João, com dom Anuar.<br />

295<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


296<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

No momento previsto <strong>da</strong> celebração litúrgica, o administrador, provisoriamente responsável até ali pelo<br />

gover<strong>no</strong> arquidiocesa<strong>no</strong>, mandou proce<strong>de</strong>r à leitura pública <strong>da</strong> bula <strong>de</strong> <strong>no</strong>meação <strong>de</strong> dom Anuar Battisti para<br />

o ofício <strong>de</strong> arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>. Redigido em latim, diz o documento oficial:<br />

JOÃO PAULO Bispo,<br />

Servo dos Servos <strong>de</strong> Deus,<br />

ao venerável irmão Anuar Battisti, até agora bispo <strong>de</strong> Toledo, <strong>no</strong> Brasil, escolhido arcebispo<br />

metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, sau<strong>da</strong>ções e bênção apostólica.<br />

Levando avante a caminha<strong>da</strong> espiritual <strong>de</strong> todos os fiéis, cumprimos o diligente <strong>de</strong>ver<br />

<strong>de</strong> conce<strong>de</strong>rmos a ca<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> eclesial dispersa por to<strong>da</strong> a terra pastores idôneos<br />

e mestres nas coisas divinas. Queremos agora, <strong>de</strong> modo especial, suprir as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

pastorais <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> metropolitana <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, visto que seu último bispo, o venerável<br />

irmão João Braz <strong>de</strong> Aviz, foi por nós <strong>no</strong>meado arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> Brasília.<br />

Apressamo-<strong>no</strong>s, portanto, a <strong>no</strong>mear um <strong>no</strong>vo pastor para a arquidiocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>,<br />

e tu, venerável irmão, que <strong>no</strong>s últimos seis a<strong>no</strong>s executaste o utilíssimo trabalho do<br />

progresso espiritual <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos fiéis <strong>de</strong> Toledo, <strong>no</strong> Brasil, foste por Nós consi<strong>de</strong>rado<br />

inteiramente dig<strong>no</strong> <strong>de</strong>ssa promoção.<br />

Portanto, aconselhados pela Congregação dos Bispos e pela autori<strong>da</strong><strong>de</strong> apostólica, te<br />

constituímos arcebispo metropolita<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> com to<strong>da</strong>s as obrigações e com todos<br />

os direitos e encargos. Cui<strong>da</strong>rás diligentemente para que tua <strong>no</strong>meação seja conheci<strong>da</strong><br />

pelo clero e pelos fiéis. Exortamo-los a que, com generoso entusiasmo, te aceitem<br />

como pastor, e contigo cultuem a Deus onipotente <strong>no</strong> seu dia-a-dia com maior zelo,<br />

observando seus man<strong>da</strong>mentos com gran<strong>de</strong> ardor. Confiamos que tu, calcado na fé <strong>no</strong><br />

divi<strong>no</strong> Mestre e <strong>no</strong> amor <strong>de</strong> sua Mãe santíssima, serás zeloso <strong>no</strong> ministério, principalmente<br />

na prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> espiritual <strong>de</strong> tua arquidiocese.<br />

Dado em Roma, junto <strong>de</strong> São Pedro, aos vinte e <strong>no</strong>ve dias do mês <strong>de</strong> setembro do a<strong>no</strong><br />

do Senhor <strong>de</strong> dois mil e quatro, vigésimo sexto do <strong>no</strong>sso pontificado.<br />

ass.) João Paulo II, Papa<br />

ass.) Francisco Bru<strong>no</strong>, Secretário Apostólico (JOÃO PAULO II, 2004b, 1 f.).<br />

A celebração eucarística na catedral basílica <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> representou momento <strong>de</strong> especial relevância ao<br />

reunir responsáveis por parte <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> do Paraná, homens dos quais, <strong>no</strong>s últimos 50 a<strong>no</strong>s (e até<br />

antes disso), vem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> Católica neste pe<strong>da</strong>ço do Sul do Brasil.<br />

Sabedor <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que encontraria para conhecer as singulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma <strong>Igreja</strong> até então estranha,<br />

o <strong>no</strong>vo arcebispo recorreu à experiência do ex-administrador, <strong>no</strong>meando Almei<strong>da</strong> seu vigário geral.<br />

Assim, não apenas o constituiu substituto nas ausências inevitavelmente provoca<strong>da</strong>s pelas funções continentais<br />

e nacionais, como o quis a seu lado para permanentes consultas <strong>no</strong> dia-a-dia.<br />

Não tardou muito para o quarto arcebispo or<strong>de</strong>nar padre o primeiro candi<strong>da</strong>to <strong>da</strong> sua <strong>no</strong>va <strong>Igreja</strong>. Na<br />

paróquia São Paulo Apóstolo, em Sarandi, <strong>no</strong> dia 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2005, ele conferiu o presbiteato a Rildo <strong>da</strong> Luz<br />

Ferreira, a quem, <strong>no</strong> dia 30 <strong>de</strong> janeiro, tinha or<strong>de</strong>nado diáco<strong>no</strong> em Inajá.<br />

Entre 26 e 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2005 aconteceu na paróquia Santa Maria Goretti, em <strong>Maringá</strong>, o 1º Seminário<br />

Arquidiocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Catequese, evento <strong>de</strong> abrangência estadual, que reuniu catequistas <strong>de</strong> 42 paróquias<br />

<strong>da</strong> arquidiocese em tor<strong>no</strong> do tema “Catequese com Adultos”, refletindo orientação <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> do Brasil hoje.<br />

Entre os palestrantes convi<strong>da</strong>dos, padres Nilson Caeta<strong>no</strong> Ferreira, <strong>de</strong> Apucarana; Gilson C. <strong>de</strong> Camargo, <strong>de</strong><br />

Curitiba; Paulo César Gil, <strong>de</strong> São Paulo e irmã Araceli G. X. <strong>da</strong> Roza, do Regional Sul II. Como prata <strong>da</strong> casa,<br />

padre Almei<strong>da</strong> e Regina Mantovani. O <strong>no</strong>vo arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> foi apresentado ao peque<strong>no</strong> exército dos<br />

catequistas, força evangelizadora <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os heróicos tempos dos congregados maria<strong>no</strong>s,<br />

filhas <strong>de</strong> Maria e AO.


Carta 13 - Bula <strong>de</strong> <strong>no</strong>meação <strong>de</strong> dom Anuar Battisti arcebispo <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>.<br />

297<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>


298<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou <strong>da</strong> mata<br />

1º Seminário Arquidiocesa<strong>no</strong> <strong>de</strong> Catequese em <strong>Maringá</strong>, 2005.<br />

No dia 5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, <strong>no</strong>vamente a catedral basílica se vestiu <strong>de</strong> festa para a celebração do<br />

jubileu <strong>de</strong> prata <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação presbiteral <strong>de</strong> Battisti, que trouxe a <strong>Maringá</strong> <strong>de</strong>z arcebispos e bispos, quase<br />

uma centena <strong>de</strong> padres, familiares do arcebispo e gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> fiéis. Foi uma Eucaristia simples, mas<br />

comovente, com a participação dos corais infanto-juvenis Santa Maria Goretti e do Colégio Santa Cruz, num<br />

total <strong>de</strong> 120 figurantes, que prestaram a dom Anuar inesquecível homenagem.<br />

Após conquista do doutorado em Teologia Moral, obtido na Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Lateranense, <strong>de</strong><br />

Roma, padre Luiz Antônio Bento reassumiu seus encargos pastorais, <strong>no</strong> início <strong>de</strong> 2006, compondo simultaneamente<br />

o corpo docente <strong>de</strong> Teologia na Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> Missioneira <strong>de</strong> Cascavel e <strong>no</strong> Instituto Paulo VI, em<br />

Londrina. A arquidiocese comprova, assim, cui<strong>da</strong>do com a capacitação do seu presbitério, ao mesmo tempo<br />

em que provi<strong>de</strong>ncia professores para os cursos <strong>de</strong> Teologia (Londrina) e Filosofia (<strong>Maringá</strong>) <strong>de</strong> todo o Norte<br />

do Paraná. Com o mestrado <strong>de</strong> padres Edmar Peron (Teologia Dogmática, na área <strong>de</strong> Sacramentos) e Onildo<br />

Gorla Jr. (Pastoral Familiar), Bento reforça o grupo <strong>de</strong> professores <strong>da</strong>s disciplinas teológicas. Para a Filosofia<br />

o presbitério <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> conta com os dois primeiros mestres, padres Leomar Antônio Montagna (PUC-PR,<br />

câmpus <strong>de</strong> Curitiba) e Sidney Fabril (UEM, <strong>Maringá</strong>).<br />

Coroando vitoriosa caminha<strong>da</strong> <strong>de</strong> formação presbiteral <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong> cujo primeiro passo remonta<br />

a 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1958, com o lançamento <strong>da</strong>s pedras fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> catedral e do Seminário Nossa<br />

Senhora <strong>da</strong> Glória, dom Anuar inaugurou, <strong>no</strong> dia 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2006, as <strong>no</strong>vas instalações do Seminário <strong>de</strong><br />

Teologia Santíssima Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, localizado na Rua Capitão Pedro Rufi<strong>no</strong>, 495, <strong>no</strong> Jardim Europa, em Londrina.<br />

Nele resi<strong>de</strong>m, pelo espaço <strong>de</strong> 4 a<strong>no</strong>s, os seminaristas <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, enquanto cursam Teologia na PUC-PR,<br />

câmpus <strong>de</strong> Londrina.


À semelhança do a<strong>no</strong> jubilar ju<strong>da</strong>ico, a solene abertura do jubileu <strong>da</strong> diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>, <strong>no</strong><br />

dia 4 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006, fez-se ao som do shofar, enviado pelo rabinato <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Quis a Providência Divina reservar a Battisti a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conduzir a <strong>Igreja</strong> que está em <strong>Maringá</strong><br />

por ocasião do jubileu <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong> sua criação e instalação canônica. As soleni<strong>da</strong><strong>de</strong>s tiveram início <strong>no</strong> dia 4 <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 2006, com a Eucaristia <strong>de</strong> abertura do a<strong>no</strong> jubilar, esten<strong>de</strong>ndo-se até o encerramento, <strong>no</strong> dia 25<br />

<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2007.<br />

A mesma sagra<strong>da</strong> Eucaristia sinaliza o encerramento <strong>da</strong>s comemorações do cinqüentenário. Ao oferecer<br />

o sacrifício do Filho <strong>de</strong> Deus encarnado, a arquidiocese adora, louva e dá graças Àquele que não cessa <strong>de</strong><br />

operar entre nós a sua ação salvadora. Ao mesmo tempo, se penitencia pelas fraquezas <strong>no</strong> cumprimento <strong>da</strong><br />

missão e implora forças para maior fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> na <strong>no</strong>va etapa <strong>da</strong> história aberta à sua frente.<br />

Não po<strong>de</strong>ria haver melhor maneira <strong>de</strong> <strong>da</strong>r glória a Deus pelas cinco déca<strong>da</strong>s em que nestas plagas, com<br />

trabalho sem <strong>de</strong>scanso, foi leva<strong>da</strong> adiante a pregação do Evangelho, na obediência ao man<strong>da</strong>to do Senhor<br />

expresso <strong>no</strong> tema do jubileu <strong>de</strong> ouro: “I<strong>de</strong> e fazei discípulos...” (MATEUS 28, 19).<br />

299<br />

Os 50 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Diocese <strong>de</strong> <strong>Maringá</strong>

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