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Boletim Informativo da Sociedade Paraibana de Arqueologia - Uepb

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Mesa do V Encontro <strong>da</strong> SPA<br />

V ENCONTRO DA SPA<br />

A Pedra do Ingá foi o tema central do V Encontro <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Arqueologia</strong>, no último dia 05 <strong>de</strong> março, durante o XX Encontro <strong>da</strong> Nova Consciência. O<br />

monumento arqueológico que na mesma semana esteve coberto pelas águas do Rio<br />

Bacamarte, foi dissecado sob várias perspectivas.<br />

A mesa contou com o Prof. Pós-Doutor Juvandi <strong>de</strong> Souza Santos, Prof. Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong><br />

Brito, Prof. Thomas Bruno Oliveira e o Pe. João Jorge Rietveld que discorreram sobre este<br />

patrimônio arqueológico que infelizmente passou por um longo processo <strong>de</strong> abandono nos<br />

últimos anos. Segundo Juvandi: “não há uma política <strong>de</strong> integração turística que englobe a<br />

Pedra do Ingá com o mínimo <strong>de</strong> infra-estrutura”. Para Van<strong>de</strong>rley: "é melhor que este<br />

testemunho fique intacto, temo que possamos ter ain<strong>da</strong> mais van<strong>da</strong>lismos caso ela seja<br />

explora<strong>da</strong> turisticamente, melhor ficar lá, do jeito que está."<br />

A novi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Encontro ficou por conta do Historiador Prof. Thomas Bruno, que trouxe<br />

um estudo sobre outras inscrições existentes no pedregal do Ingá, inclusive afirmando que: "há<br />

na Pedra do Ingá uma série <strong>de</strong> inscrições que só são visíveis à noite. Denominamos estas <strong>de</strong>


<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

„inscrições noturnas‟ que são<br />

Passagem do Maracá - SPA<br />

gravuras rupestres que só po<strong>de</strong>m<br />

ser vistas através <strong>de</strong> iluminação<br />

artificial (lanterna ou tocha). Esta<br />

particulari<strong>da</strong><strong>de</strong> seria intencional dos<br />

executores <strong>da</strong>s gravuras?”. Este é<br />

um estudo original, uma novi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que po<strong>de</strong>rá trazer novas reflexões<br />

para os estudos <strong>da</strong>s inscrições<br />

rupestres.<br />

No V Encontro <strong>da</strong> SPA,<br />

houve também a transmissão <strong>de</strong><br />

cargo <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela<br />

guar<strong>da</strong> <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> SPA, do<br />

sócio professor Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito ao seu substituto, o consócio Prof. Thomas Bruno Pereira<br />

<strong>de</strong> Oliveira (conforme eleição realiza<strong>da</strong> entre os dias 24 e 30 do mês <strong>de</strong> novembro do ano<br />

passado, que elegeu o supracitado sócio para presi<strong>de</strong>nte e o Prof. Dr. Juvandi <strong>de</strong> Souza<br />

Santos para exercer o cargo <strong>de</strong> vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>).<br />

A cerimônia <strong>de</strong> posse foi realiza<strong>da</strong> com o ritual <strong>de</strong> Passagem do Maracá <strong>da</strong> SPA,<br />

entrega dos diplomas aos empossados, lavro <strong>da</strong> ata e discursos <strong>de</strong> aceitação do cargo, on<strong>de</strong><br />

os empossados <strong>de</strong>clararam sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar posse, prestando o compromisso <strong>de</strong> exercer<br />

com probi<strong>da</strong><strong>de</strong> e cumprir, fielmente, todos os <strong>de</strong>veres que lhes foram atribuídos, os quais<br />

exercerão a partir <strong>de</strong>sta <strong>da</strong>ta, assumindo, <strong>de</strong>ssa forma, todos os encargos do man<strong>da</strong>to <strong>de</strong> que<br />

se investem, velando pela <strong>de</strong>fesa dos sítios arqueológicos <strong>da</strong> Paraíba, bem como pelo meio<br />

ambiente e <strong>de</strong>senvolvimento científico <strong>da</strong> arqueologia regional.<br />

A PEDRA DO INGÁ SUBMERGE NOVAMENTE NO INVERNO<br />

No dia 02 <strong>de</strong> março, o consócio Historiador Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito foi até a Pedra do Ingá<br />

para ver os possíveis estragos que este monumento tenha sofrido <strong>de</strong>vido a forte chuva que<br />

assolou a região no período noturno do dia anterior. Ao chegar, Van<strong>de</strong>rley presenciou uma<br />

paisagem <strong>de</strong>soladora. O rio ain<strong>da</strong> estava revolto e um filete <strong>de</strong> água, que excedia a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> fluência do Bacamarte, passava <strong>de</strong>fronte do painel vertical, mu<strong>da</strong>s <strong>de</strong> plantas foram<br />

arranca<strong>da</strong>s, as águas, em barrentas corre<strong>de</strong>iras, se chocavam violentamente contra as pedras<br />

do riacho, galhos <strong>de</strong> matos estavam emaranhados nos obstáculos e a gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção, que<br />

limitava o acesso dos visitantes à Pedra, foi arranca<strong>da</strong> e leva<strong>da</strong> pela força dos enxurros.<br />

No local, o consócio Dennis Mota informou ter estado na pedra na noite anterior e<br />

testemunhou o monumento lítico totalmente submerso nas águas, com o alargamento do riacho<br />

em aproxima<strong>da</strong>mente 15 metros. As marcas do dia seguinte <strong>de</strong>nunciavam com clareza que o<br />

Bacamarte chegou perto <strong>da</strong> rampa <strong>de</strong> acesso ao prédio <strong>de</strong> apoio e, <strong>de</strong> acordo com esta<br />

situação, a topografia local <strong>de</strong>nuncia que, <strong>de</strong> fato, a Pedra do Ingá submergiu nas aluviões.<br />

Felizmente, nenhum <strong>da</strong>no aparente foi verificado nos painéis <strong>da</strong> Pedra do Ingá.<br />

A última vez que se registrou fenômeno semelhante no Bacamarte foi no inverno do ano<br />

<strong>de</strong> 2004. Ocasião que foi registra<strong>da</strong> em fotos e filmagem pelo então prefeito local Antônio <strong>de</strong><br />

Miran<strong>da</strong> Burity, cujos documentos hoje servem <strong>de</strong> referência para se conhecer a voraci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ste riacho nos primeiros meses dos periódicos invernos na região.<br />

A Pedra do Ingá <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> submersa<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

2


<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

A Pedra do Ingá no dia seguinte a gran<strong>de</strong> chuva - SPA<br />

Na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> visita <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>rley e Dennis, se encontrava também na Pedra do<br />

Ingá uma equipe gravando cenas <strong>da</strong> Pedra e recolhendo <strong>de</strong>poimentos para o documentário<br />

Lithium, que trata <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> na América Latina, dirigido por Renata Pinheiro e Sérgio<br />

Oliveira. O longa Lithium, segundo informações dos diretores, estreará ain<strong>da</strong> esse ano nas<br />

salas <strong>de</strong> cinema e em 2012 será exibido na TV Brasil.<br />

LIVRO ‘A PEDRA DO INGÁ: itacoatiaras na<br />

Paraíba’ terá 4ª edição<br />

No dia 09 <strong>de</strong> março, o Historiador Van<strong>de</strong>rley<br />

<strong>de</strong> Brito <strong>de</strong>ixou na gráfica o protótipo <strong>da</strong> quarta<br />

edição do livro “A Pedra do Ingá: itacoatiaras na<br />

Paraíba”. A nova versão <strong>de</strong>ste livro, que vem sendo<br />

um sucesso <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s no gênero, traz alguns novos<br />

capítulos com os resultados <strong>da</strong>s mais recentes<br />

pesquisas do historiador neste célebre “documento<br />

lítico” <strong>da</strong> Paraíba. Um dos quais, trata <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta<br />

<strong>de</strong>ste pesquisador <strong>de</strong> possíveis rastros <strong>de</strong> animais <strong>da</strong><br />

fauna sul-americana representados entre os sinais ao<br />

longo do painel vertical <strong>da</strong> Pedra do Ingá. Fator que,<br />

caso comprovado, reforça ain<strong>da</strong> mais a teoria nativa<br />

<strong>de</strong>stas inscrições milenares.<br />

Uma 4ª edição <strong>de</strong> um livro cujo tema é a<br />

arqueologia regional é muito comemora<strong>da</strong> pela SPA e pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> acadêmica, fato inédito<br />

no estado <strong>da</strong> Paraíba. A nova edição, cuja capa segue <strong>de</strong> antemão, contará com 152 páginas e<br />

<strong>de</strong>verá ser lança<strong>da</strong> em Campina Gran<strong>de</strong> em <strong>da</strong>ta a ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>.<br />

A Pedra do Ingá <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> submersa<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

Carlos Azevedo foi submetido a intervenção cirúrgica<br />

Encontro com Carlos em João Pessoa - SPA<br />

O Antropólogo Carlos Alberto Azevedo vinha sentindo ultimamente sintomas<br />

semelhantes a <strong>de</strong>pressão e dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação motora. Já havia procurado auxílio<br />

médico e estava tomando medicamentos. Porém, no dia 12 <strong>de</strong> março os sintomas se<br />

agravaram e Carlos foi até o Hospital <strong>da</strong> Unimed, em João Pessoa, e um exame <strong>de</strong> tomografia<br />

computadoriza<strong>da</strong> acusou que Carlos já havia sofrido um Aci<strong>de</strong>nte Vascular Cerebral e na<br />

ocasião estava sofrendo um segundo. Com a gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> do caso, Carlos ficou internado e na<br />

manhã seguinte foi submetido a uma intervenção cirúrgica cerebral. Nosso consócio ficou na<br />

UTI <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> operação e só teve alta hospitalar no dia 18 <strong>de</strong> março e no dia 28 tirou os<br />

pontos.<br />

To<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> arqueológica e intelectual <strong>da</strong> Paraíba ficou apreensiva e solidária e,<br />

no dia 29 <strong>de</strong> março, o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> SPA Prof. Thomas Bruno Oliveira e o consócio Van<strong>de</strong>rley<br />

<strong>de</strong> Brito saíram <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> com <strong>de</strong>stino à capital do Estado para uma visita ao<br />

consócio Carlos Azevedo em sua residência no bairro <strong>de</strong> Tambaú.<br />

Chegando a João Pessoa, o sócio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, A<strong>da</strong>uto<br />

Ramos, se uniu à equipe <strong>da</strong> SPA para a visita. Felizmente, Carlos Azevedo, apesar <strong>de</strong> uma<br />

gran<strong>de</strong> cicatriz na cabeça, está se recuperando muito bem <strong>da</strong> cirurgia e, aparentemente, não<br />

ficou com nenhuma seqüela. Muito bem humorado e com o raciocínio em excelente forma,<br />

Carlos conversou com os solidários amigos por horas sobre assuntos diversos e, claro, a<br />

arqueologia foi o principal assunto em pauta, nesta visita que durou a tar<strong>de</strong> inteira e ain<strong>da</strong><br />

avançou pelas primeiras horas <strong>da</strong> noite. Na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, Carlos doou o livro <strong>de</strong> seu filho para<br />

a Biblioteca <strong>da</strong> SPA: AZEVEDO FILHO, Carlos. A voz <strong>da</strong> infância: e outras vozes. Campina<br />

Gran<strong>de</strong>: Latus, 2010.<br />

Visita ao IPHAN<br />

No dia 29 <strong>de</strong> março, o novo presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> SPA,<br />

Prof. Thomas Bruno Oliveira, acompanhado do Prof.<br />

Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito, esteve em João Pessoa on<strong>de</strong><br />

visitaram o 20ºSR IPHAN, sendo recebidos pelo Chefe<br />

<strong>da</strong> Divisão Técnica Sr. Kléber Sousa. O objetivo <strong>da</strong> visita<br />

foi, <strong>de</strong>vido a recente mu<strong>da</strong>nça administrativa <strong>da</strong> SPA,<br />

reafirmar os laços <strong>de</strong> parceria que vigoram entre a SPA<br />

Thomas e Kleber no IPHAN<br />

e o IPHAN <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006. Na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, a Biblioteca <strong>da</strong> SPA recebeu como doação a<br />

publicação: IPHAN, Patrimônio Arqueológico: Paraíba. João Pessoa: IPHAN, 2010.<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

resenha _____________________________________________<br />

GOMES, Luiz Carlos. O primeiro registro <strong>da</strong>s pinturas rupestres <strong>de</strong> Serra Branca. In:<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> SPA. Ano V. n o 51. C. Gran<strong>de</strong>: SPA, 2010.<br />

Por: Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito*<br />

Sendo um dos membros do Conselho Editorial do <strong>Boletim</strong> <strong>da</strong> SPA, não pu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

ler <strong>de</strong> antemão o artigo “O primeiro registro <strong>da</strong>s pinturas rupestres <strong>de</strong> Serra Branca” <strong>de</strong> nosso<br />

amigo e consócio Luis Carlos Gomes. Escrito <strong>de</strong> forma simpática e envolvente, ele narra a sua<br />

visita, no ano <strong>de</strong> 1976, às pinturas rupestres <strong>de</strong> Vieirópolis, registra<strong>da</strong>s pelo saudoso<br />

arqueólogo Francisco Paccelli como sítio Serra Branca I.<br />

O texto é muito interessante porque, além <strong>de</strong> refletir fatos muito comuns do cotidiano <strong>de</strong><br />

quem vive à cata <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos arqueológicos, nos traz informações históricas <strong>da</strong> arqueologia<br />

paraibana. Por exemplo, o odontólogo paraibano radicado em São Paulo que lhe aconselhou<br />

registrar o achado no IPHAEP, sem dúvi<strong>da</strong>s foi o nosso amigo e consócio Francisco Faria, que<br />

posteriormente publicaria o livro “Os astrônomos pré-históricos <strong>de</strong> Ingá” (1986). Já o seu<br />

conterrâneo que à época trabalhava num ministério em Brasília, e em visita ao sertão fez as<br />

fotografias sli<strong>de</strong>s e lhe teria doado, sem dúvi<strong>da</strong>s foi o nosso também amigo e também consócio<br />

Gilvan <strong>de</strong> Brito, que também, posteriormente, ganhou notorie<strong>da</strong><strong>de</strong> no meio arqueológico com o<br />

livro “Viagem ao <strong>de</strong>sconhecido: os segredos <strong>da</strong> Pedra do Ingá” (1988).<br />

Já a Mali Trevas, que lhe teria levado emprestado os sli<strong>de</strong>s e não mais <strong>de</strong>volvido (fato<br />

corriqueiro para todos que negligenciam a regra <strong>de</strong> não emprestar livros ou materiais originais),<br />

também confirmam o fato histórico <strong>de</strong> que esta pesquisadora, em fins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90,<br />

acompanhou o jornalista Pablo Villarrúbia até o Vale dos Dinossauros, a serviço <strong>da</strong> PBTur,<br />

para suas investigações ufológicas na Paraíba.<br />

No mesmo dia em que li o texto <strong>de</strong> Luiz Carlos, fui imediatamente à casa <strong>de</strong> Mali para<br />

lhe questionar sobre estes sli<strong>de</strong>s, se, por ventura, ain<strong>da</strong> estariam em seu po<strong>de</strong>r. Mas a mesma<br />

me informou que sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em Souza foi à última que fez antes <strong>de</strong> abandonar a<br />

arqueologia por quase uma déca<strong>da</strong>. E que todo o material que dispunha foi esquecido, em<br />

<strong>de</strong>suso numa caixa, e, nas constantes mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço ao longo dos anos,<br />

<strong>de</strong>sapareceram sem que ela se <strong>de</strong>sse por conta. Fato lamentável, pois certamente muita coisa<br />

<strong>de</strong> valor documental <strong>de</strong> nossa arqueologia <strong>de</strong>ve ter perecido sem receber o <strong>de</strong>vido<br />

processamento.<br />

Contudo, o que eu quero frisar nesta minha meia resenha é a importância <strong>da</strong> publicação<br />

no nosso <strong>Boletim</strong> <strong>de</strong>stes textos memorativos dos agentes <strong>da</strong> arqueologia paraibana, on<strong>de</strong><br />

informações valorosas que jaziam no ineditismo, embora singelas como estas trazi<strong>da</strong>s pelo<br />

amigo e consócio Luis Carlos, venham a público para tornarem-se fonte histórica e aju<strong>da</strong>r a<br />

eluci<strong>da</strong>r a marcha <strong>da</strong> arqueologia em terras paraibanas.<br />

* Historiador, sócio <strong>da</strong> SPA.<br />

Doações para a Biblioteca <strong>da</strong> SPA<br />

Em João Pessoa, a SPA recebeu como doação para sua Biblioteca as Revistas do<br />

Instituto Histórico e Geográfico Paraibano - IHGP nº: 30, 31, 32, 33, 34, 35,36,37,38,39 e<br />

40, doa<strong>da</strong>s pelo escritor A<strong>da</strong>uto Ramos em nome do IHGP. O escritor também doou uma <strong>de</strong><br />

suas últimas publicações: RAMOS, A<strong>da</strong>uto. Os "França Ramos" <strong>de</strong> Cruz do Espírito Santo.<br />

João Pessoa: Sal <strong>da</strong> Terra, 2010.<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

Expedição à São Sebastião <strong>de</strong> Lagoa <strong>de</strong> Roça-PB<br />

No último dia 30 <strong>de</strong> março, uma equipe composta<br />

pelo arqueólogo Prof. Dr. Juvandi <strong>de</strong> Souza Santos e o<br />

acadêmico em Geografia Dennis Mota Oliveira foi<br />

recebi<strong>da</strong> em São Sebastião <strong>de</strong> Lagoa <strong>de</strong> Roça pela<br />

Historiadora Rosinil<strong>da</strong> Porto. O objetivo <strong>da</strong> expedição foi<br />

verificar a existência <strong>de</strong> vestígios indígenas na zona rural<br />

do município, a partir <strong>de</strong> informações <strong>da</strong> Historiadora.<br />

A equipe se dirigiu para o sítio Furnas, às<br />

margens do rio Mamanguape, e encontrou vários<br />

fragmentos cerâmicos. Foi prospectado<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 250m 2 nas duas margens do rio e,<br />

segundo informações preliminares, o lugar po<strong>de</strong> abrigar<br />

um sítio acampamento.<br />

“A área é toma<strong>da</strong> pela agricultura e certamente,<br />

pelo menos 20cm <strong>de</strong> solo foi revolvido. Uma intervenção<br />

arqueológica seria necessário para <strong>da</strong>r-nos maiores<br />

informações acerca <strong>da</strong> potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> arqueológica <strong>de</strong>sta<br />

região que possuía uma relativa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos<br />

indígenas Cariri” afirmou o Prof. Juvandi.<br />

Fragmentos <strong>de</strong> cerâmica e equipe<br />

nas mrgens do Mamanguape<br />

Expedição IPHAN/SPA à Itacoatiara dos Macacos<br />

Dia 24 <strong>de</strong> março, o<br />

Instituto <strong>de</strong> Patrimônio Histórico<br />

e Artístico Nacional (IPHAN)<br />

enviou a Campina Gran<strong>de</strong> o<br />

técnico Luciano <strong>de</strong> Souza e<br />

Silva para realizar a vistoria<br />

técnica no sítio arqueológico<br />

Itacoatiara dos Macacos, no<br />

município <strong>de</strong> Queima<strong>da</strong>s, com<br />

objetivo <strong>de</strong> apurar a <strong>de</strong>núncia<br />

<strong>da</strong> SPA referente a <strong>de</strong>pre<strong>da</strong>ção<br />

antrópica cometi<strong>da</strong> contra Equipe na Itacoatiara dos Macacos, Queima<strong>da</strong>s-PB<br />

painel <strong>de</strong> gravuras rupestres <strong>de</strong>ste sítio.<br />

A SPA <strong>de</strong>signou o historiador Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito para acompanhar e guiar a diligência<br />

até o sítio <strong>de</strong>pre<strong>da</strong>do, que se encontra a 11 quilômetros a su<strong>de</strong>ste <strong>da</strong> se<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong><br />

Queima<strong>da</strong>s. A equipe <strong>de</strong> campo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> verificar o sítio e fazer os registros <strong>da</strong> <strong>de</strong>pre<strong>da</strong>ção<br />

sofri<strong>da</strong>, se encaminhou até a se<strong>de</strong> <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> mais próxima para tentar obter informações<br />

junto a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> local sobre quem po<strong>de</strong>ria ter sido o autor <strong>da</strong> subtração <strong>de</strong> parte do painel,<br />

que configura crime contra o patrimônio.<br />

Segundo o técnico do IPHAN não há dúvi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> que a subtração verifica<strong>da</strong> em parte do<br />

painel rupestre se trate <strong>de</strong> uma ação criminosa e premedita<strong>da</strong>. Contudo, vamos aguar<strong>da</strong>r o<br />

laudo oficial do órgão e as subseqüentes providências que, certamente, serão adota<strong>da</strong>s.<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

6


<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

IPHAN quer mo<strong>de</strong>rnizar políticas <strong>de</strong> tombamento<br />

De tudo o que está sendo<br />

construído atualmente, o que será<br />

preservado <strong>da</strong>qui a 50 anos? “Está na<br />

hora <strong>de</strong> os brasileiros se fazerem esta<br />

pergunta”, afirma o arquiteto mineiro Luiz<br />

Fernando <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, <strong>de</strong> 48 anos,<br />

presi<strong>de</strong>nte do Instituto do Patrimônio Artístico e Nacional (Iphan) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006. O órgão tem a<br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> proteger, preservar e divulgar os principais cartões-postais do país: Ouro<br />

Preto e Congonhas (MG), Corcovado (RJ), Pelourinho (BA) e a arquitetura <strong>de</strong> Brasília, por<br />

exemplo – acervo que orgulha os brasileiros. Tarefa na<strong>da</strong> simples, sujeita a polêmicas, poucos<br />

recursos e cobranças.<br />

Como o tombamento é política <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1930, explica Luiz Fernando <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>,<br />

há bens apropriados pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que já são parte do imaginário do brasileiro e <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> junto à população. Ouro Preto é exemplo disso. “Qualquer coisa que ocorre<br />

lá, todo mundo – e não só o Iphan – protesta”, observa. Por outro lado, há bens alvo <strong>de</strong><br />

discórdia. “O tombamento do encontro <strong>da</strong>s águas dos rios Solimões e Negro, em Manaus,<br />

patrimônio paisagístico, foi bastante polêmico. Como havia a intenção <strong>de</strong> construir um porto no<br />

local, o processo gerou embate entre os valores simbólico e econômico”, conta.<br />

O presi<strong>de</strong>nte do Iphan avisa: patrimônio é conceito <strong>de</strong> valor, está ligado à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong>. “Po<strong>de</strong>-se, com políticas patrimoniais, intervir no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>squalificação <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

o que significa <strong>de</strong>sarticulação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> urbana, ausência <strong>de</strong> espaços públicos que congreguem<br />

as pessoas”, acrescenta. Reverter isso se dá, primeiramente, como exemplo. Ou seja,<br />

mostrando que ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do período colonial têm quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, observa Luiz Fernando.<br />

“Depois, a construção do patrimônio do futuro é tema colocado para to<strong>da</strong> política pública. Se<br />

temos <strong>de</strong> erguer uma ponte, por que ela não po<strong>de</strong> ter quali<strong>da</strong><strong>de</strong> arquitetônica?”, questiona.<br />

IDENTIDADE O especialista lembra que o conceito <strong>de</strong> patrimônio surgiu na vira<strong>da</strong> do século 19<br />

para o 20, na Europa, regido pelo tema <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional, procurando proteger a<br />

excepcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> do artístico ou <strong>de</strong> bens alusivos a fatos históricos. “Atualmente, o processo<br />

está ligado a indicadores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, não se volta apenas para a<br />

história e o passado. Patrimônio cultural <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se ater às exceções para se tornar política<br />

pública”, pon<strong>de</strong>ra. “To<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> tem seu patrimônio, ele agrega uma população e cria<br />

i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva compartilha<strong>da</strong>”.<br />

Esse conceito vem sendo ampliado. “É o modo como a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> produz e usufrui <strong>de</strong><br />

bens culturais. Não é algo estático, mas dinâmico e vem se expandindo”, reforça Luiz Fernando<br />

<strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>. Em análise no conselho do Iphan estão gran<strong>de</strong>s inventários do conhecimento <strong>de</strong><br />

caráter regional, caso <strong>da</strong>s embarcações tradicionais do litoral brasileiro, <strong>da</strong> marcha<br />

empreendi<strong>da</strong> pelo marechal Rondon ou <strong>da</strong> re<strong>de</strong> ferroviária brasileira. “Conhecemos pouco<br />

esses bens. As análises vão gerar propostas <strong>de</strong> proteção que <strong>da</strong>rão origem a novos<br />

patrimônios e a novas referências para políticas patrimoniais <strong>de</strong> estados e municípios”, explica<br />

Na opinião <strong>de</strong> Luiz Fernando, a política <strong>de</strong> patrimônio cultural <strong>de</strong> Minas é bem<br />

consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>. “Mas há <strong>de</strong>safios a serem enfrentados. É preciso ir um pouco além <strong>da</strong><br />

onipresença do período colonial, do barroco e do rococó, compreen<strong>de</strong>r o patrimônio em<br />

dimensão mais ampla, <strong>de</strong> forma que incorpore todo o território do estado”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. Outro<br />

<strong>de</strong>safio: superar a setoriali<strong>da</strong><strong>de</strong>. “Patrimônio ambiental não po<strong>de</strong> ser só ambiental. Ele <strong>de</strong>ve<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

7


<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento urbano, industrial e econômico”. Um tema que conquista os<br />

holofotes, durante megaobras, são os sítios arqueológicos, lembra o presi<strong>de</strong>nte do Iphan.<br />

VERBA Defesa do patrimônio remete à consciência ci<strong>da</strong>dã ou a verbas? “As duas coisas<br />

an<strong>da</strong>m juntas. A legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> política constrói a legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> para se conseguir mais recursos”,<br />

respon<strong>de</strong> Luiz Fernando. Ele não escon<strong>de</strong> um paradoxo: “Todos dizem que o patrimônio<br />

cultural é importante, mas, quando se <strong>de</strong>param com os recursos disponíveis, notam que são<br />

pequenos diante do muito a ser feito”, conclui.<br />

Por Walter Sebastião, do Estado <strong>de</strong> Minas<br />

Audiência no MPF discute<br />

situação <strong>da</strong> Pedra do Ingá<br />

O Ministério Público<br />

Fe<strong>de</strong>ral promoveu uma audiência<br />

em Campina Gran<strong>de</strong> para discutir<br />

assuntos referentes à Pedra do<br />

Ingá. Foi no último dia 29 e foram<br />

convocados a Prefeitura Municipal<br />

<strong>de</strong> Ingá, que esteve representa<strong>da</strong><br />

pela Secretária <strong>de</strong> Turismo Karla<br />

Rafaela O. Nascimento e pelo<br />

Advogado Dr. Alberto; o IPHAN,<br />

que esteve representado pelo<br />

Pedra do Ingá – Dennis Mota<br />

Diretor Umbelino Peregrino <strong>de</strong> Carvalho; o IBAMA; a Promotora <strong>de</strong> Justiça do Ministério<br />

Público Estadual Dra. Cláudia Cabral Cavalcante; o Procurador José Moraes <strong>de</strong> Souto Filho<br />

representando o Governo do Estado e o Procurador <strong>da</strong> República Marcos Alexandre Queiroga.<br />

Ficou <strong>de</strong>cidido que a Prefeitura <strong>de</strong> Ingá continua com o direito <strong>de</strong> gerir aquele<br />

patrimônio arqueológico. Alguns projetos específicos também foram discutidos, além <strong>da</strong><br />

situação legal dos proprietários <strong>da</strong>s terras que circun<strong>da</strong>m o sítio arqueológico.<br />

Até o mês <strong>de</strong> agosto, um projeto orçado em 250 mil Reais <strong>de</strong>verá ser executado e<br />

segundo a Secretária <strong>de</strong> Turismo: “Há algumas novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que não po<strong>de</strong>mos divulgar para não<br />

atrapalhar a sua execução”, afirmou Rafaela.<br />

Morre o músico Lula Côrtes, co-autor do disco Paêbirú<br />

Em 26 <strong>de</strong> março, morreu o compositor Lula Côrtes, aos 61 anos, que juntamente com<br />

Zé Ramalho, em 1975, lançou o álbum Paêbirú, disco que trata sobre a Pedra do Ingá numa<br />

visão mística.<br />

No dia 30 <strong>de</strong> abril Lula iria a São Paulo prestigiar participar <strong>da</strong> estréia do documentário<br />

Nas Pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Pedra Encanta<strong>da</strong>, dirigido por Cristiano Bastos e Leonardo Bonfim, sobre o<br />

disco, que ocorrerá no festival In-Edit - Festival Internacional <strong>de</strong> Documentário Musical em São<br />

Paulo e no Rio <strong>de</strong> Janeiro. O documentário, que está em produção <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009, teve gravações<br />

na Pedra do Ingá com entrevistas <strong>da</strong> SPA cedi<strong>da</strong>s pelo então presi<strong>de</strong>nte Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito, e<br />

será um road movie que viaja pelas len<strong>da</strong>s do mítico Paêbirú - Caminho <strong>da</strong> Montanha do Sol,<br />

baseado no disco lançado em 1975 por Lula Côrtes e Zé Ramalho.<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

Projeto <strong>de</strong> Pesquisa em Ingá é aprovado pelo PROPESQ/UEPB<br />

Parte do painel principal <strong>da</strong> Pedra do Ingá - SPA<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> e Educação Patrimonial na Paraíba: estudos <strong>da</strong><br />

Tradição Rupestre Itacoatiara. Este é o nome do Projeto que foi aprovado, no dia 11 <strong>de</strong><br />

março, pelo Programa <strong>de</strong> Incentivo à Pós-Graduação e Pesquisa – PROPESQ/UEPB,<br />

apresentado pelo Prof. Dr. Juvandi <strong>de</strong> Souza Santos, professor titular do Campus III <strong>da</strong><br />

UEPB em Guarabira e Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> SPA.<br />

O Projeto visa mapear regiões para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> ocorrências arqueológicas<br />

em semelhança técnica e estilística com a Pedra do Ingá. A avaliação ficou por conta <strong>de</strong><br />

um especialista na área, um consultor ad hoc, que teve os seguintes critérios como<br />

julgamento:<br />

CRITÉRIOS DE JULGAMENTO PONTOS<br />

(0 a 10)<br />

Mérito, pertinência e viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> execução <strong>da</strong> proposta 09<br />

Originali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica e tecnológica <strong>da</strong> proposta 09<br />

Coerência e a<strong>de</strong>quação <strong>da</strong> metodologia 09<br />

Competência do coor<strong>de</strong>nador e <strong>da</strong> equipe do projeto e sua coerência e<br />

10<br />

a<strong>de</strong>quação aos objetivos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostos<br />

Experiência <strong>da</strong> equipe do projeto quanto aos objetivos, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e metas 10<br />

propostos<br />

A<strong>de</strong>quação do orçamento aos objetivos, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e metas propostos 10<br />

TOTAL 57<br />

Ain<strong>da</strong> segundo o parecer: “a equipe está prepara<strong>da</strong> para uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pesquisa <strong>de</strong>sse tipo, envolvendo profissionais doutores e alunos, situação i<strong>de</strong>al para<br />

empreen<strong>de</strong>r uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mapeamento, já que nessas circunstâncias os alunos<br />

apreen<strong>de</strong>m com maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong> os procedimentos metodológicos <strong>da</strong> <strong>Arqueologia</strong>. O<br />

Estado <strong>da</strong> Paraiba tem poucas pesquisas <strong>de</strong> arqueologia sobre arte rupestre e merece<br />

uma atenção especial por parte do órgão financiador estadual. Esta é uma excelente<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para reverter esse quadro”.<br />

Assim, o <strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> SPA estará divulgando a marcha <strong>de</strong>ssas<br />

pesquisas, esperando que o referido projeto possa ser pleno em êxito.<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

artigo _____________________________________________<br />

A cerâmica indígena Cariri dos Sertões <strong>da</strong> Paraíba<br />

Prof. Dr. Juvandi <strong>de</strong> Souza Santos*<br />

Prof. Thomas Bruno Oliveira**<br />

A confecção <strong>da</strong> cerâmica é um forte indicador dos padrões culturais <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

pois os artefatos cerâmicos visam suprir a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento e transporte <strong>de</strong><br />

água e mantimentos, bem como para fins cerimoniais, funerários, lúdicos e <strong>de</strong> adorno (LUNA,<br />

2003. p.69). Assim, o conhecimento tecnológico a partir <strong>da</strong> análise <strong>de</strong>stes artefatos nos presta<br />

uma série <strong>de</strong> informações acerca <strong>da</strong> ancestrali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos que viveram em uma<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> região, atestando suas práticas culturais (OLIVEIRA, 2007. p.28).<br />

Neste artigo, abor<strong>da</strong>mos a cerâmica que foi encontra<strong>da</strong> no interior do estado <strong>da</strong><br />

Paraíba. Para tanto,<br />

consi<strong>de</strong>ramos como relevante<br />

a espaciali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos indígenas<br />

no Estado <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> pelo<br />

etnólogo José Elias Barbosa<br />

Borges, pois escavações e<br />

coletas <strong>de</strong> superfície<br />

realiza<strong>da</strong>s em regiões<br />

diferentes do Estado têm<br />

<strong>de</strong>monstrado a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

cultural indígena do Pré e Póscontato.<br />

E mais, baseado em<br />

seus ditames, acreditamos<br />

existir neste território uma<br />

cultura cerâmica indígena Cariri.<br />

Figura 1 – Cartograma <strong>de</strong> José Elias Borges. (BORGES, 1993. p.38)<br />

A cultura cerâmica indígena Cariri, para nós, seria própria dos grupos indígenas<br />

falantes <strong>de</strong>ste tronco linguístico. Sua disposição espacial no estado <strong>da</strong> Paraíba consiste em<br />

uma área que compreen<strong>de</strong> o piemonte sul <strong>da</strong> Borborema, uma porção do Brejo (sertão do<br />

Bruxaxá) e to<strong>da</strong> a porção meio-sul do atual Cariri paraibano. Este grupo humano também<br />

habitou uma vasta região do alto sertão.<br />

Recentemente, iniciamos um processo <strong>de</strong> análise comparativa dos fragmentos <strong>de</strong><br />

cerâmica encontra<strong>da</strong> nos Sertões <strong>da</strong> Paraíba e, em consi<strong>de</strong>rações preliminares, enten<strong>de</strong>mos<br />

como características <strong>da</strong> cerâmica indígena Cariri, as seguintes:<br />

1. Fina, entre 4 e 7 mm;<br />

2. Elevado grau <strong>de</strong> acabamento;<br />

3. Alisa<strong>da</strong> interior e exteriormente;<br />

4. Presença <strong>de</strong> engobo, com ou sem alça;<br />

5. Predominância <strong>de</strong> tijelas e “pratos”;<br />

6. Possui pouco aditivo;<br />

7. Po<strong>de</strong> possuir <strong>de</strong>coração plástica;<br />

8. Encontra<strong>da</strong>s na espaciali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos Cariri disposta por Borges (1993).<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

A cerâmica indígena não é tosca, possui um fino acabamento, com tempero fino <strong>de</strong><br />

pouco aditivo, o que <strong>de</strong>monstra terem os Cariri um elevado grau <strong>de</strong> conhecimento técnico <strong>da</strong><br />

ca<strong>de</strong>ia operatória do fabrico <strong>de</strong> utensílios <strong>de</strong> argila (SANTOS, 2011. p.180). Os vestígios<br />

pesquisados foram coletados em áreas compreendi<strong>da</strong>s por Borges (1993) como sendo <strong>de</strong><br />

ocupação <strong>de</strong> índios Cariri.<br />

Nossa hipótese é reforça<strong>da</strong> pela <strong>da</strong>tação <strong>de</strong> fragmentos cerâmicos encontrados em<br />

duas necrópoles em área Cariri (Furna dos Ossos, em São João do Cariri e Pinturas I, em São<br />

João do Tigre, ambas na Paraíba), com <strong>da</strong>tações absolutas que compreen<strong>de</strong>m o momento do<br />

contato até o período que esse grupo humano <strong>de</strong>sapareceu <strong>da</strong> Paraíba, exterminados ou<br />

mesclado na população acabocla<strong>da</strong> interiorana.<br />

Assim, possuímos subsídios para atestarmos a existência <strong>de</strong> uma cultura cerâmica<br />

Cariri, que visa i<strong>de</strong>ntificar a cultura material <strong>de</strong>ste grupo indígena, estabelecendo uma fronteira<br />

cultural e um elemento <strong>de</strong> diferenciação <strong>de</strong> outros grupos indígenas que também habitaram os<br />

sertões <strong>da</strong> Paraíba.<br />

Apresentamos visualmente fragmentos <strong>da</strong> cultura cerâmica Cariri coleta<strong>da</strong> no interior <strong>da</strong><br />

Paraíba:<br />

Figura 2 - Cerâmica indígena<br />

Cariri. Procedência: sitio Itacoatiara do Ingá, Ingá – PB<br />

*Arqueólogo, Coor<strong>de</strong>nador do LABAP/UEPB e Vice Pres. <strong>da</strong><br />

SPA.<br />

**Historiador, Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> SPA.<br />

Referências<br />

BORGES, José Elias. Índios Paraibanos: classificação<br />

preliminar. In: MELO, José Otávio <strong>de</strong> A.;RODRIGUES,<br />

Gonzaga (Orgs.) PARAÍBA: conquista, patrimônio e povo.<br />

2.ed. João Pessoa: Grafset, 1993.<br />

Figura 3 - Material lítico e cerâmico coletado na BR-230 nas<br />

proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Riachão do Bacamarte<br />

Figura 4 - Cerâmica indígena Cariri.<br />

Procedência: sítio acampamento Furnas,<br />

São Sebastião <strong>da</strong> Lagoa <strong>de</strong> Roça – PB<br />

LUNA, Suely. Sobre as origens <strong>da</strong> agricultura e <strong>da</strong> cerâmica<br />

pré-histórica no Brasil. In: Revista Clio Série Arqueológica, Nº16, Recife: UFPE, 2003.<br />

OLIVEIRA, Thomas Bruno. História dos artefatos cerâmicos pré-históricos encontrados na Paraíba. In:<br />

OLIVEIRA, Thomas Bruno et all. PRÉ-HISTÓRIA: estudos para a arqueologia <strong>da</strong> Paraíba. João<br />

Pessoa: JRC, 2007.<br />

SANTOS, Juvandi <strong>de</strong> Souza. Escavação arqueológica <strong>da</strong> necrópole sítio Pinturas I, na APA <strong>da</strong>s<br />

Onças, em São João do Tigre: traços in<strong>de</strong>léveis dos indígenas Cariris nos sertões <strong>da</strong> Paraíba.<br />

João Pessoa: JRC, 2011.<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

Centro Sobralense <strong>de</strong> Pesquisa Ufológica<br />

No dia 25 <strong>de</strong><br />

março, o Centro<br />

Sobralense <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Ufológica do Ceará<br />

promoveu uma plenária<br />

ufológica no município <strong>de</strong><br />

Sobral.<br />

O evento foi<br />

coor<strong>de</strong>nado pelo<br />

presi<strong>de</strong>nte do CSPU<br />

Jacinto Pereira, e tratou<br />

<strong>de</strong> temas diversos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a liberação <strong>de</strong> supostos<br />

arquivos secretos <strong>da</strong>s<br />

gran<strong>de</strong>s potencias Plenária em Sobral-CE<br />

mundiais dos governos <strong>da</strong> Inglaterra, França, Estados Unidos sobre Ovnis, até questões sobre<br />

as gran<strong>de</strong>s potências mundiais e seus projetos sobre o futuro do planeta.<br />

Na reunião se fez presente o Professor Célio Cavalcante (sócio correspon<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />

SPA), que apresentou na plenária exposições sobre os sítios arqueológicos <strong>da</strong> região que<br />

possuem inscrições rupestres.<br />

- Mapa <strong>de</strong> atuação <strong>da</strong> SPA em Março <strong>de</strong> 2011 -<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 59<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

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