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Boletim Informativo da Sociedade Paraibana de Arqueologia - Uepb

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APELO AO REGISTRO DA HISTÓRIA<br />

Estima-se que a Paraíba possua, em seu<br />

território, cerca <strong>de</strong> mil sítios arqueológicos.<br />

Centenas <strong>de</strong>stes já estão registrados nos<br />

arquivos <strong>da</strong> SPA através <strong>de</strong> fichas,<br />

fotografias, <strong>de</strong>senhos, coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s e<br />

mapeamento por GPS, <strong>de</strong>scrições e outras<br />

formas <strong>de</strong> registro. A parte restante que<br />

estimamos existir, porém, ain<strong>da</strong> carece <strong>de</strong> ser<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> e registra<strong>da</strong>. É bom frisar, porém,<br />

que mesmo estes já catalogados, muitos<br />

ain<strong>da</strong> precisam ser revisitados, seja para<br />

preencher uma ficha, tirar uma ou outra<br />

coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>, mapear, tirar melhores fotos ou<br />

até mesmo <strong>de</strong>senhar, porque muitos <strong>de</strong>stes<br />

sítios foram levantados em condições que<br />

nem sempre permitiu um levantamento<br />

satisfatório <strong>de</strong>ntro dos padrões atuais. Por<br />

exemplo, há poucos anos não se cogitava a<br />

máquina digital e o aparelho <strong>de</strong> GPS.<br />

Os sócios <strong>da</strong> SPA, em sua gran<strong>de</strong><br />

maioria, atuam a mais <strong>de</strong> uma déca<strong>da</strong> no<br />

mister <strong>de</strong> localizar e registrar ocorrências<br />

arqueológicas. Vale salientar que, salvo casos<br />

específicos, a maioria o faz as suas próprias<br />

expensas e por voluntarismo. Movidos pela<br />

inquietu<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar o passado e pelo<br />

i<strong>de</strong>alismo <strong>de</strong> ver estes lugares <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />

estu<strong>da</strong>dos e resguar<strong>da</strong>dos.<br />

Qualquer um que esteja envolvido com a<br />

arqueologia bem sabe que uma visita a um


<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

sítio arqueológico não é bastante para um levantamento completo e nem tampouco é capaz<br />

<strong>de</strong> assegurar sua salvaguar<strong>da</strong>. Mesmo os órgãos encarregados <strong>de</strong> proteger estes locais<br />

não dispõem <strong>de</strong> pessoal ou verba para uma vigilância eficiente. Principalmente em se<br />

tratando <strong>de</strong> um território tão vasto e rico em ocorrências arqueológicas como é a Paraíba.<br />

Tendo em vista os fatos acima<br />

referenciados, os sócios e o <strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong><br />

<strong>da</strong> SPA são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia. Uma vez que<br />

muitas expedições são empreendi<strong>da</strong>s<br />

individualmente às diversas regiões do Estado<br />

pelos sócios <strong>da</strong> SPA para i<strong>de</strong>ntificar ou revisitar<br />

sítios arqueológicos e, <strong>de</strong>ssa forma, aumentar o<br />

número <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos sobre tais ocorrências e<br />

também atualizar o estado <strong>de</strong> conservação em<br />

que estes sítios se encontram.<br />

Geralmente, a SPA não promove estas<br />

expedições, pois as mesmas ocorrem <strong>de</strong>libera<strong>da</strong>mente e são custea<strong>da</strong>s pelos próprios<br />

expedicionários ou pelas instituições <strong>de</strong> interesse que por ventura estejam envolvi<strong>da</strong>s, mas<br />

a SPA sugere que ca<strong>da</strong> expedição envolvendo membros, coletiva ou individual, em especial<br />

aquelas que ocorram <strong>de</strong> maneira informal, seja registra<strong>da</strong> em relatório <strong>de</strong> campo e que<br />

estes <strong>da</strong>dos, escritos e ilustrativos, nos sejam enviados para que possamos notificar os<br />

objetivos e os resultados <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mesmo que a expedição ocorra <strong>de</strong> maneira<br />

fortuita, se trate <strong>de</strong> uma simples visita a parentes no interior e que venha a possibilitar a<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> sítio arqueológico, esta será <strong>de</strong> relevância para a história <strong>da</strong> arqueologia,<br />

pois o <strong>Boletim</strong> <strong>da</strong> SPA tem por objetivo historiar e reportar o an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> arqueologia<br />

paraibana para que instituições <strong>de</strong> pesquisas, interessados no tema e órgãos fiscalizatórios<br />

possam acompanhar a marcha contemporânea <strong>de</strong> nossa arqueologia.<br />

A Paraíba é um dos estados brasileiros que mais assinala pesquisas amadoras e<br />

profissionais ao longo <strong>da</strong> História. Des<strong>de</strong> fins do século XVI que jesuítas, cronistas,<br />

viajantes, naturalistas, pesquisadores ou apenas curiosos nos trazem <strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scobertas e estudos em sítios arqueológicos. To<strong>da</strong>via, muitas informações que <strong>de</strong>certo<br />

foram coleta<strong>da</strong>s em campo sobre indícios <strong>de</strong> nosso passado não foram lega<strong>da</strong>s à<br />

posteri<strong>da</strong><strong>de</strong> por falta <strong>de</strong> um simples relatório. As pesquisas <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Azevedo Dantas na<br />

déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 20, por exemplo, que ocorreram <strong>de</strong> maneira amadora, foram ricamente<br />

registra<strong>da</strong>s, caso não fosse e não houvesse o envio do material a um arquivo público,<br />

jamais teria chegado aos nossos dias. Isso sem falar nas muitas outras que se configuram<br />

hoje em notas vagas esqueci<strong>da</strong>s nas páginas carcomi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> jornais ou folhetins raros e<br />

que po<strong>de</strong>m nos trazer informações valiosas <strong>de</strong> sítios arqueológicos que talvez nem mais<br />

existam. Portanto, é preciso que as pesquisas e visitas aos sítios arqueológicos, por mais<br />

simples que possa parecer, sejam registra<strong>da</strong>s e envia<strong>da</strong>s para publicação.<br />

A SPA foi cria<strong>da</strong> exatamente para <strong>de</strong>tectar, valorizar e reunir os agentes <strong>da</strong><br />

arqueologia paraibana, amadores e profissionais, e o <strong>Boletim</strong> <strong>da</strong> SPA veio com o objetivo<br />

<strong>de</strong> reportar esses estudos que venham a ocorrer: para que o futuro não acuse nossa<br />

geração <strong>de</strong> produtora <strong>de</strong> estudos estéreis. Pois a história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> está em marcha,<br />

amanhã já será futuro e, por isso, o que acontece hoje, se <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente registrado, será<br />

apontamento para nossa História.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

2


<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

Expedição à Pedra do Ingá<br />

No dia 07 <strong>de</strong> fevereiro o<br />

historiador Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito (sócio<br />

<strong>da</strong> SPA) se <strong>de</strong>slocou até a Pedra do<br />

Ingá com o objetivo <strong>de</strong> contar o<br />

número <strong>de</strong> capsulares existentes na<br />

linha sinuosa horizontal que orna a<br />

parte superior do painel vertical<br />

<strong>de</strong>sta célebre itacoatiara paraibana.<br />

Segundo o artigo “A pedra<br />

Lavra<strong>da</strong> do Ingá, monumento a ser<br />

investigado”, (Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

<strong>Arqueologia</strong>, Jul.1964) dos pesquisadores<br />

Francisco Octávio <strong>da</strong> S.<br />

Bezerra e Alfredo Coutinho Falcão,<br />

assim como os livros “Viagem ao<br />

<strong>de</strong>sconhecido” (Senado Fe<strong>de</strong>ral,<br />

1993) do jornalista Gilvan Bezerra<br />

<strong>de</strong> Brito (sócio honorário <strong>da</strong> SPA) e<br />

“Nas pega<strong>da</strong>s <strong>de</strong> São Tomé”<br />

(Senado Fe<strong>de</strong>ral, 1994) <strong>da</strong><br />

historiadora Zilma Ferreira Pinto,<br />

114 capsulares compunham esta<br />

linha. To<strong>da</strong>via, <strong>de</strong> acordo com o livro “Os astrônomos pré-históricos do Ingá”, <strong>de</strong><br />

Francisco Faria (sócio correspon<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> SPA) esta linha <strong>de</strong> capsulares seria composta<br />

por 115 elementos.<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazer este impasse, Van<strong>de</strong>rley contou in loco por quatro<br />

vezes segui<strong>da</strong>s os capsulares, duas vezes <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para a direita e duas vezes no<br />

sentido inverso e só conseguiu computar, em to<strong>da</strong>s as contagens, apenas 112<br />

capsulares. Ele ain<strong>da</strong> salienta que o último capsular por ele computado, por tão somente<br />

um tênue sinal, ain<strong>da</strong> requer que uma comissão analise para <strong>de</strong>finir se é <strong>de</strong> fato um<br />

capsular ou apenas um <strong>de</strong>feito na textura <strong>da</strong> rocha. O que reduziria este número para<br />

111. O estudo <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>rley tem por objetivo as retificações que está <strong>de</strong>senvolvendo<br />

para a publicação <strong>da</strong> quarta edição <strong>de</strong> seu livro “A Pedra do ingá: itacoatiaras na<br />

Paraíba”.<br />

IV Encontro <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong><br />

No dia 13 <strong>de</strong> fevereiro realizou-se, entre às 09 e 12h, nas<br />

<strong>de</strong>pendências do Centro <strong>de</strong> Educação II <strong>da</strong> UEPB, em Campina<br />

Gran<strong>de</strong>, o VI Encontro <strong>da</strong> SPA. O evento fez parte do XIX Encontro <strong>da</strong><br />

Nova Consciência, que ocorre anualmente no período carnavalesco, e<br />

contou com palestras e lançamentos <strong>de</strong> livros e folhetos.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

EXPEDIÇÃO À GRUTA DO CABOCLO<br />

No dia 15 <strong>de</strong> fevereiro, uma equipe forma<strong>da</strong> por<br />

Juvandi <strong>de</strong> Souza Santos, Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito, Thomas<br />

Bruno Oliveira e Dennis Mota (sócios <strong>da</strong> SPA) se dirigiu<br />

até o município <strong>de</strong> Algodão <strong>de</strong> Jan<strong>da</strong>íra, no Curimataú<br />

<strong>da</strong> Paraíba, com objetivo <strong>de</strong> visitar o cemitério indígena<br />

Gruta do Caboclo, uma imensa concavi<strong>da</strong><strong>de</strong> em rocha<br />

que se forma na meia encosta <strong>da</strong> serra <strong>da</strong> Canastra (do<br />

complexo Algodão). O objetivo <strong>da</strong> expedição foi colher<br />

subsídios para o projeto <strong>de</strong> pós-doutoramento do<br />

arqueólogo Juvandi Santos.<br />

Esta antiga necrópole, segundo <strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />

pesquisadores que ali estiveram entre fins do século XIX<br />

e início do século XX, continha inúmeras sepulturas <strong>de</strong><br />

indivíduos indígenas <strong>de</strong> estatura muito superior aos<br />

Tupi. Infelizmente, também <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> tempos muito<br />

recuados os atos vandálicos neste sítio arqueológico<br />

que acabaram por <strong>de</strong>sestruturar a organização dos sepultamentos que ali jaziam.<br />

A Gruta do Caboclo é um local <strong>de</strong> difícil acesso, sendo necessário subir a Serra por sua<br />

vertente norte e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>scer em pare<strong>de</strong> à prumo pela vertente sul até a sua meia-encosta<br />

on<strong>de</strong> se encontra a imensa cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> é muito íngreme, sobre rocha lisa, sendo<br />

necessária a utilização <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> rapel para este fim.<br />

A equipe, que contou com apoio do guia local, o Sr. Damázio Vicente dos Santos,<br />

realizou medições do abrigo rochoso, fotografias, mapeamento e coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s geográficas.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

Arqueólogos catalogam artefatos encontrados na praça Rio Branco<br />

No Centro Histórico <strong>de</strong> João Pessoa, na praça Rio Branco, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> janeiro<br />

estão sendo realiza<strong>da</strong>s obras <strong>de</strong> revitalização e a equipe dos arqueólogos Iago Henrique<br />

Albuquerque <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros e Marluce Lopes <strong>da</strong> Silva, <strong>da</strong> empresa norte-riogran<strong>de</strong>nse<br />

'<strong>Arqueologia</strong> Brasileira' que tem se<strong>de</strong> em Natal, está trabalhando <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> a sextafeira,<br />

<strong>da</strong>s 7h às 17h, no trabalho <strong>de</strong> salvamento arqueológico <strong>da</strong> área.<br />

O material que está sendo resgatado ficará sob a guar<strong>da</strong> Instituto do Patrimônio<br />

Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na Capital. Até o presente já foram encontrados<br />

muitos objetos <strong>de</strong> valor histórico e também há registro <strong>de</strong> possíveis estruturas <strong>de</strong> casas<br />

do século XIX. Pelos registros que se tem, no local <strong>da</strong>s escavações funcionavam três<br />

casas que abrigavam um açougue e uma barbearia. Segundo o técnico Hebert Moura,<br />

componente <strong>da</strong> equipe na escavação, já foram encontrados ossos <strong>de</strong> boi, restos <strong>de</strong><br />

ostras, vários pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> pratos e louça portuguesa possivelmente dos séculos XVII e<br />

XVIII e também fragmentos <strong>de</strong> garrafas <strong>de</strong> vidro. Lá<br />

também foram achados vestígios <strong>de</strong> pisos <strong>de</strong> tijoleira e<br />

pisos hidráulicos. Segundo a equipe, funcionou<br />

também nesta área, entre os séculos XVI e XVII, um<br />

Pelourinho. Na época a praça era bastante<br />

movimenta<strong>da</strong> pelos eventos públicos como açoite <strong>de</strong><br />

escravos, enforcamentos e pronunciamentos oficiais.<br />

Na circunjacência <strong>da</strong> praça ain<strong>da</strong> se encontram<br />

os prédios do Instituto do Patrimônio Histórico e<br />

Artístico Nacional (IPHAN), o <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral e <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> Aposentadorias e<br />

Pensões dos Servidores do Estado (Funape). O prédio do Iphan foi construído em 1783<br />

e lá funcionava o Erário Público, uma espécie <strong>de</strong> centro administrativo, e os Correios.<br />

Na instalação on<strong>de</strong> hoje funciona a Polícia Fe<strong>de</strong>ral existia antigamente a casa do<br />

capitão Mor, um gestor <strong>da</strong> capitania Paraíba. Já o prédio <strong>da</strong> Funape foi construído em<br />

1610 e abrigava a Ca<strong>de</strong>ia Pública. Prédios que atestam o valor histórico <strong>de</strong>sta área. As<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s arqueológicas no local estão previstas para terminar nas primeiras semanas<br />

<strong>de</strong> março. Já a revitalização <strong>da</strong> Praça Rio Branco está prevista para terminar em junho.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

Aula <strong>de</strong> campo na Lagoa Salga<strong>da</strong><br />

O Prof. Dr. Marcio Men<strong>de</strong>s (Paleontólogo), juntamente com o Prof. Dr. Juvandi<br />

Santos (Arqueólogo), proporcionaram aos alunos do curso <strong>de</strong> Ciências Biológicas <strong>da</strong><br />

UEPB, uma aula <strong>de</strong> campo, que ocorreu na Lagoa Salga<strong>da</strong>, no município <strong>de</strong> Areial –<br />

PB, distante cerca <strong>de</strong> 25 Km <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>, no último dia 25 <strong>de</strong> fevereiro.<br />

A lagoa guar<strong>da</strong> em seu subsolo restos fosseis <strong>da</strong> megafauna pleistocênica que<br />

viveu na região entre 2 milhões <strong>de</strong> anos até acerca <strong>de</strong> 8 mil anos AP, quando foi<br />

<strong>de</strong>finitivamente extinta.<br />

Em 2009, o lugar foi escavado e ocorreu, nessa oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o salvamento <strong>de</strong><br />

parte <strong>de</strong> um<br />

Mastodonte, que<br />

está sendo<br />

montado no Museu<br />

<strong>de</strong> História Natural<br />

<strong>da</strong> UEPB.<br />

A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do último dia 25<br />

serviu apenas<br />

como aprendizado<br />

básico para os<br />

alunos <strong>de</strong> Biologia,<br />

para enten<strong>de</strong>r o<br />

comportamento<br />

paleoambiental,<br />

além <strong>de</strong> obter<br />

conhecimentos<br />

básicos <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> exumação <strong>de</strong> um fóssil.<br />

Na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> na<strong>da</strong> foi coletado, pois esta serviu apenas para prospectar os<br />

possíveis locais <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> fósseis com vistas a uma futura intervenção do<br />

Laboratório <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> e Paleontologia na área.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

ArtigO___________________________________<br />

Um editor com alma <strong>de</strong> arqueólogo<br />

Carlos Alberto Azevedo*<br />

Conheci o professor e editor Pontes<br />

<strong>da</strong> Silva (1938-2010) no antigo Ponto <strong>de</strong> Cem<br />

Réis, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960. Foi o artista<br />

plástico José Altino que possibilitou a nossa<br />

amiza<strong>de</strong><br />

Depois, durante a ditadura militar, parti<br />

para a Europa (Alemanha), permanecendo<br />

mais <strong>de</strong> vinte anos fora do país. Em 1999, a<br />

convite <strong>da</strong> escritora Zélia Almei<strong>da</strong> e do<br />

historiador Luiz Hugo Guimarães fiz o<br />

lançamento do meu romance Os her<strong>de</strong>iros do<br />

medo (romance histórico) no Instituto<br />

Histórico e Geográfico Paraibano. Lá estava<br />

o meu amigo Pontes. Foi uma imensa alegria revê-lo.<br />

A reaproximação foi rica para nós dois. Conversávamos sobre tudo, <strong>de</strong> literatura<br />

a filosofia. Pontes era um gran<strong>de</strong> leitor. Aliás, brincava, às vezes, <strong>de</strong> livreiro; brincava <strong>de</strong><br />

ven<strong>de</strong>r livros usados. Foi proprietário <strong>de</strong> vários sebos que, com certeza, os mantinha<br />

apenas para atrair os amigos. Entre seus “clientes” estavam Vanildo Brito, Guilherme<br />

d‟Ávila Lins, Vitória Lima, Humberto Fonseca, Gilberto Stuckert Filho, Calf, A<strong>da</strong>uto<br />

Ramos, José Di Lorenzo Serpa, William Costa, Zélia Almei<strong>da</strong>, Heitor Cabral, Lourdinha<br />

Luna e muitos outros. Era um sonhador, esse Pontes!<br />

Nossa amiza<strong>de</strong> se firmou mesmo, quando ele fundou uma importante revista<br />

cultural: Fabulação. Editou vinte e oito números, coisa rara na nossa terrinha...<br />

Em Fabulação abrimos um espaço para arqueologia – diversos números foram<br />

<strong>de</strong>dicados à arqueologia paraibana. Vários capítulos do meu livro <strong>Arqueologia</strong> – Estudos<br />

& Pesquisas foram publicados antes em Fabulação.<br />

Naturalmente, o namoro <strong>de</strong> Pontes com a arqueologia <strong>da</strong>tava <strong>de</strong> muito tempo.<br />

Mestre Pontes editou uma obra-prima: Arte rupestre nos Cariris Velhos (1979), <strong>de</strong> Ruth<br />

Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>. Um dos textos mais importantes <strong>de</strong> arqueologia <strong>da</strong> Paraíba. Nele<br />

a pesquisadora registra 61 sítios rupestres e são i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s mais <strong>de</strong> 60 pinturas e<br />

gravuras.<br />

O ano passado, pedi-lhe um exemplar do livro <strong>de</strong> Ruth Almei<strong>da</strong> – há muito<br />

esgotado. “Não tenho nenhum mais – nem para fazer um chá”, disse rindo.<br />

Assim, era o nosso Pontes, não se apegava a na<strong>da</strong>, nem mesmo aos livros que<br />

editava. Seu compromisso era manter a chama viva <strong>da</strong>s boas amiza<strong>de</strong>s. Fez gran<strong>de</strong>s<br />

amigos, amigos ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros.<br />

*Antropólogo, sócio <strong>da</strong> SPA<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

Expedição à Queima<strong>da</strong>s<br />

No dia 21 <strong>de</strong> fevereiro os<br />

estudiosos Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito e Erik<br />

<strong>de</strong> Brito (sócios <strong>da</strong> SPA), realizaram<br />

uma expedição até o município <strong>de</strong><br />

Queima<strong>da</strong>s, distante 18km <strong>de</strong><br />

Campina Gran<strong>de</strong>, com objetivo <strong>de</strong><br />

monitorar o estado dos sítios<br />

arqueológicos <strong>de</strong>ste município. A<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Queima<strong>da</strong>s é on<strong>de</strong>,<br />

infelizmente, mais se verifica atos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pre<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> sítios arqueológicos<br />

na Paraíba e, por isso, se faz<br />

necessário visitas constantes a<br />

estes lugares para se registrar novos <strong>da</strong>nos e acionar os órgãos fiscalizadores para as<br />

<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s providências. A equipe visitou o sítio arqueológico Castanho I e em segui<strong>da</strong> o sítio<br />

arqueológico Pedra do Touro, ambos já com pichações, em especial este último, que<br />

apresenta a superfície rochosa quase que repleta <strong>de</strong> pichações. To<strong>da</strong>via, felizmente,<br />

ambos os sítios, nesta oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, não apresentavam novos <strong>da</strong>nos.<br />

O arqueólogo Prof. Dr. Marcos Albuquerque, coor<strong>de</strong>nador do Laboratório <strong>de</strong><br />

<strong>Arqueologia</strong> <strong>da</strong> UFPE, faz um convite para que todos(as) possam acessar ví<strong>de</strong>os <strong>da</strong>s<br />

pesquisas <strong>de</strong> seu Laboratório no site www.magmarqueologia.pro.br, através do link<br />

„Câmera‟. Confiram!<br />

Pesquisa no IHGP e na Casa <strong>de</strong> José<br />

Américo<br />

No dia 24 <strong>de</strong> fevereiro os historiadores<br />

Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito e Thomas Bruno Oliveira<br />

realizaram uma visita <strong>de</strong> cortesia ao Instituto<br />

Histórico e Geográfico Paraibano e à<br />

Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> José Américo, ambos na<br />

capital do Estado. No IHGP foram recebidos<br />

pelo presi<strong>de</strong>nte Humberto Fonseca <strong>de</strong><br />

Lucena. Na visita, a equipe fez uma breve pesquisa no arquivo <strong>de</strong>sta casa <strong>de</strong> memória<br />

buscando documentos referentes à Pedra do Ingá. Dali, eles seguiram com <strong>de</strong>stino ao<br />

bairro <strong>de</strong> Cabo Branco, on<strong>de</strong> visitaram as instalações <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> José Américo,<br />

receberam doações <strong>de</strong> publicações <strong>da</strong> Casa e fizeram doações <strong>de</strong> livros e cordéis <strong>da</strong> SPA<br />

para o acervo <strong>da</strong> biblioteca <strong>de</strong>sta Instituição.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

EXPEDIÇÃO À BARRA DE SANTANA-PB<br />

No dia 27 <strong>de</strong> fevereiro, uma equipe forma<strong>da</strong> por Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito, Thomas<br />

Bruno Oliveira, Dennis Mota, Erik <strong>de</strong> Brito e Antônio Marcos, realizou uma expedição até<br />

o limite sul do município <strong>de</strong> Barra <strong>de</strong> Santana-PB para uma revisitação ao sítio<br />

arqueológico Pedra do Altar, gigantesco monumento rochoso à margem direita do rio<br />

Paraíba recoberto <strong>de</strong> intrigantes inscrições rupestres.<br />

O sítio foi registrado na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70 pela<br />

arqueóloga Ruth Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> e a última visita a<br />

este sítio se <strong>de</strong>u em meados do ano <strong>de</strong> 2003, quando o<br />

historiador Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito <strong>de</strong>senvolvia catalogação<br />

<strong>de</strong> sítios rupestres para seus estudos sobre itacoatiaras<br />

e realizou medi<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>senhos, <strong>de</strong>calque direto,<br />

<strong>de</strong>scrição e fotos <strong>de</strong> película. A visita que ora se<br />

registra se <strong>de</strong>u com objetivo <strong>de</strong> um levantamento<br />

fotográfico digital, reavaliação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, plotagem e<br />

mapeamento por GPS. Também era objetivo <strong>da</strong><br />

expedição um estudo mais acurado <strong>da</strong>s gravuras<br />

rupestres horizontais, existentes no piso suporte do<br />

monumento arqueológico com vistas a um capítulo sobre arqueoastronomia que será<br />

acrescentado a quarta edição do livro <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>rley, “A Pedra do Ingá: itacoatiaras na<br />

Paraíba”, que está em elaboração.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

A equipe aproveitou a expedição para<br />

também registrar duas outras ocorrências <strong>de</strong><br />

itacoatiaras existentes ao longo <strong>da</strong>quele trecho<br />

do Paraíba, foram os sítios Beira Rio e Casa <strong>de</strong><br />

Pedra.<br />

O Beira Rio é um matacão em gnaisse,<br />

aplainado pelas torrenciais do rio no <strong>de</strong>correr<br />

dos milênios, medindo 2,5m <strong>de</strong> altura por 16m<br />

<strong>de</strong> circunferência, apresentando em uma<br />

concavi<strong>da</strong><strong>de</strong> erodi<strong>da</strong> em sua face volta<strong>da</strong> para o<br />

norte, um único gráfico medindo 40cm <strong>de</strong> altura<br />

por 35cm <strong>de</strong> largura, sulcado em baixa<br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, apresentando o interior áspero<br />

em paradoxo com a superfície lisa do suporte rochoso, facilitando a agregação <strong>de</strong> uma<br />

pátina negra que realça seus contornos.<br />

Devido à baixa profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

registro gráfico, aliado à situação perene do<br />

rio e o nível <strong>de</strong> poluição do mesmo, o<br />

testemunho está <strong>de</strong>saparecendo. Seus<br />

contornos somente po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados<br />

com niti<strong>de</strong>z, estando o observador muito<br />

próximo ao registro rupestre.<br />

O sítio arqueológico Casa <strong>de</strong> Pedra,<br />

trata-se <strong>de</strong> um enorme matacão, mais<br />

extenso do que elevado, aplainado pela<br />

erosão, medindo aproxima<strong>da</strong>mente 5m <strong>de</strong> altura, formando em sua face norte um abrigo<br />

contendo um painel rupestre em seu<br />

frostispício.<br />

O testemunho i<strong>de</strong>ntificativo é um<br />

conjunto <strong>de</strong> grafismos esquemáticos gravados<br />

em técnica <strong>de</strong> picoteamento muito superficial,<br />

com símbolos geométricos quase todos<br />

interligados. Nesta imbricação, sobressai<br />

sutilmente um antropomorfo <strong>de</strong> braços<br />

erguidos com 10cm. O segundo painel dista<br />

2,5m à direita, apresentando um símbolo<br />

sinuoso e, abaixo, numa parte <strong>de</strong>sloca<strong>da</strong> <strong>da</strong> pedra, existe uma série <strong>de</strong> pontos<br />

capsulares. Este painel também foi executado na mesma técnica.<br />

O estado <strong>de</strong> conservação inspira cui<strong>da</strong>do. Uma parte do painel já <strong>de</strong>scamou por<br />

ação natural e uma intervenção antrópica se apresenta em forma <strong>de</strong> fogueiras<br />

freqüentemente atea<strong>da</strong>s na base <strong>da</strong> pedra, além <strong>de</strong> uma pichação contendo a legen<strong>da</strong><br />

“É Proibido Caçar e Pescar”, em tinta sintética azul, e diversos nomes próprios em tinta<br />

sintética negra, inclusive cobrindo parcialmente os pontos capsulares.<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2010<br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

Prospecção no município do Con<strong>de</strong>-PB<br />

No dia 25 <strong>de</strong> fevereiro uma equipe forma<strong>da</strong> pelos pesquisadores Van<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Brito,<br />

Thomas Bruno Oliveira, Dennis Mota (sócios <strong>da</strong> SPA) e o acadêmico <strong>de</strong> biologia Elnathan<br />

Monteiro realizou uma expedição em parte <strong>da</strong> costa do município do Con<strong>de</strong>, mais precisamente<br />

no trecho compreendido entre os limites <strong>da</strong> praia <strong>de</strong> Jacumã e Carapibus. A expedição teve por<br />

objetivo uma prospecção nesta região litorânea em busca <strong>de</strong> vestígios <strong>de</strong> sambaqui. A<br />

prospecção produziu resultados negativos. Foram cui<strong>da</strong>dosamente observa<strong>da</strong>s as falésias <strong>da</strong><br />

região circun<strong>da</strong>nte a <strong>de</strong>sembocadura dum riacho (que não possui qualquer referência em<br />

mapas ou folhas planimétricas, situado entre a barra do Gramame e o riacho Carapibus) e<br />

nenhum sinal <strong>de</strong> ostras aglomera<strong>da</strong>s ou vestígios <strong>de</strong> cerâmica indígena, ossos ou pedras<br />

trabalha<strong>da</strong>s. Parte <strong>da</strong> equipe que compôs esta expedição já havia estado em fins <strong>de</strong> 2009 nas<br />

<strong>de</strong>sembocaduras dos rios Mamanguape e Camaratuba e do riacho Tambá, nos municípios <strong>de</strong><br />

Baía <strong>da</strong> Traição e Rio Tinto, com o mesmo objetivo <strong>de</strong> busca. Ver <strong>Boletim</strong> 41.<br />

- Mapa <strong>de</strong> atuação <strong>da</strong> SPA em fevereiro <strong>de</strong> 2010 -<br />

Obs.: To<strong>da</strong>s as fotos são do arquivo <strong>da</strong> SPA, com exceção <strong>da</strong>s que possuem a autoria i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong><br />

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<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Paraibana</strong> <strong>de</strong> <strong>Arqueologia</strong> - Nº 44<br />

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