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o ATLAS LINGÜÍSTICO DO MARANHÃO: um projeto em ... - Ufma

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o <strong>ATLAS</strong> <strong>LINGÜÍSTICO</strong> <strong>DO</strong> <strong>MARANHÃO</strong>:<br />

<strong>um</strong> <strong>projeto</strong> <strong>em</strong> desenvolvimento<br />

RESUMO<br />

Antônio Cordeiro Feitosa'<br />

Conceição de Maria de Araújo Ramos"<br />

Jeanine Silva Mendes'"<br />

José de Ribamar Mendes Bezerra····<br />

Márcia Manir Miguel Feitosa"?"<br />

Teresinha de Jesus Baldez e Silva?"?"<br />

Apresenta-se <strong>um</strong> panorama do <strong>projeto</strong> Atlas Lingüístico do Maranhão<br />

(ALiMA), <strong>em</strong> sua fase inicial, com ênfase nos subsídios geográficos<br />

do Atlas. Foram abordadas doze unidades amostrais dentre os<br />

municípios maranhenses, sendo oito selecionadas de acordo com a<br />

metodologia adotada para a elaboração do Atlas Lingüístico do Brasil<br />

e quatro com base nos critérios definidos pela equipe estadual.<br />

Relativamente a estas unidades amostrais, são apresentados os<br />

aspectos geográficos básicos para subsidiar o <strong>projeto</strong> do ALiMA.<br />

Palavras-chave: Dialetologia; Geolingüística; Variação; Atlas<br />

Lingüístico do Maranhão.<br />

SUMMARY<br />

An overview is being presented for the Linguistic Atlas Project of<br />

Maranhão (ALiMA), in its initial phase, <strong>em</strong>phasizing the geographic<br />

subsidies oftheAtlas. Twelve sampling units were approached eight<br />

of th<strong>em</strong>, according to the adopted methodology to the ellaboration of<br />

the Linguistic Atlas of Brazil and four of th<strong>em</strong> based on the criteria<br />

defined by the State team. Relatively to these sampling units, the<br />

basic geographics aspects are presented to subsidiate ALiMA project.<br />

Key-words: Dialectology; Geolinguistics; Variation; LinguisticAtlas<br />

of Maranhão .<br />

. Prof. Dr. do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão<br />

.. Prof'. Ora. do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão<br />

•.. Aluna do Curso de Geografia da Universidade Federal do Maranhão<br />

••.. Prof. Ms. da Faculdade Atenas Maranhense<br />

..... Prof' Ora. do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão<br />

...... Prof' Ms. do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, Il. 2, p. 9-20, jul.Zdez. 2000. 9


1 INTRODUÇÃO<br />

Os estudos sist<strong>em</strong>áticos de caráter<br />

dialetal <strong>em</strong> nosso país r<strong>em</strong>ontam a<br />

1952, momento <strong>em</strong> que foi proposta a<br />

elaboração de <strong>um</strong> atlas lingüístico do<br />

Brasil. Entretanto, as primeiras pesquisas<br />

no âmbito geolingüístico voltaramse<br />

mais para a elaboração de atlas<br />

lingüísticos regionais, dada à grande<br />

extensão do país, ao difícil acesso às<br />

diferentes localidades selecionadas e a<br />

outras dificuldades que inevitavelmente<br />

surgiriam n<strong>um</strong>a investida de cunho<br />

nacional.<br />

Passado quase meio século e após<br />

a publicação do primeiro atlas lingüístico<br />

no Brasil, o Atlas Prévio dos Falares<br />

Baianos - APFB (1963), ao qual se<br />

seguiram o Esboço de <strong>um</strong> Atlas<br />

Lingüística de Minas Gerais -<br />

EALMG (1977), o Atlas Lingüística<br />

da Paraíba - ALPb (1984), o Atlas<br />

Lingüística de Sergipe - ALS (1987)<br />

e o Atlas Lingüística do Paraná -<br />

ALPr (1994), é chegado o momento de<br />

se aceitar esse desafio e concretizar o<br />

desejo de elaborar <strong>um</strong>a descrição<br />

acurada da realidade lingüística brasileira,<br />

dando-se prioridade para a identificação<br />

das diferenças diatópicas<br />

(fonético- fonológicas, morfossintáticas,<br />

léxico-s<strong>em</strong>ânticas e prosódicas), n<strong>um</strong>a<br />

perspectiva da geografia lingüística,<br />

s<strong>em</strong>, contudo, deixar de considerar as<br />

implicações sócio-históricas delas decorrentes.<br />

Com esse objetivo, pesquisadores<br />

brasileiros da área de Dialetologia reuniram-se<br />

<strong>em</strong> Salvador, Bahia, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro<br />

de 1996 e, a partir da criação<br />

de <strong>um</strong> Comitê Nacional, implernen-<br />

10<br />

taram o <strong>projeto</strong> nacional para a execução<br />

do Atlas Lingüística do Brasil<br />

(ALiB), objetivando <strong>um</strong> conhecimento<br />

mais aprofundado do português brasileiro<br />

<strong>em</strong> sua unidade e diversidade de<br />

uso.<br />

Vale ressaltar que os atlas regionais<br />

até então publicados não interfer<strong>em</strong><br />

na proposta de elaboração de <strong>um</strong><br />

atlas geral do Brasil: muito ao contrário,<br />

serv<strong>em</strong> de apoio e contribu<strong>em</strong> para<br />

<strong>um</strong> conhecimento mais efetivo das particularidades<br />

geolingüísticas de cada<br />

região e dos segmentos sociais que a<br />

constitu<strong>em</strong> e que nela atuam direta ou<br />

indiretamente.<br />

O <strong>projeto</strong> de elaboração do Atlas<br />

Lingüística do Maranhão (ALiMA)<br />

se insere nesse contexto, objetivando<br />

oferecer subsídios não só ao ALiB,<br />

como também aos interessados nos<br />

estudos lingüísticos (lingüistas,<br />

lexicólogos, etimólogos, filólogos,<br />

pedagogos, geógrafos e profissionais de<br />

áreas afins), o que possibilitará o conhecimento<br />

da realidade sócio-lingüística<br />

e cultural do Maranhão e<br />

contribuirá para o entendimento da língua<br />

portuguesa como instr<strong>um</strong>ento social<br />

de comunicação diversificado e<br />

pluricultural.<br />

No que concerne à pesquisa<br />

dialetológica no Maranhão, convém<br />

destacar a importante contribuição de<br />

Domingos Vieira Filho que, <strong>em</strong> 1958,<br />

publica a segunda edição de seu glossário,<br />

intitulada A linguag<strong>em</strong> popular<br />

do Maranhão. Um trabalho que é, segundo<br />

o próprio autor, "<strong>um</strong>a modesta<br />

contribuição ao estudo das variações<br />

regionais da linguag<strong>em</strong> popular do Brasil."<br />

(VIEIRA FILHO, 1979, p.9).<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 2000.


Soma-se a esse doc<strong>um</strong>entário sobre<br />

a linguag<strong>em</strong> coloquial do Maranhão<br />

o desejo, igualmente importante, dos<br />

pesquisadores Ramiro Corrêa Azevedo,<br />

Maria do Socorro Monteiro Vieira<br />

e Elenice Bezerra Melo de "colaborar<br />

cientificamente na revelação do rico<br />

acervo cultural que os falares brasileiros<br />

possu<strong>em</strong>." (AZEVE<strong>DO</strong> et al., 1980,<br />

p.l l ), realizando, portanto, no final da<br />

década de 70 do século XX, <strong>um</strong>a investigação<br />

antropolingüística na Raposa,<br />

<strong>um</strong>a comunidade situada,<br />

aproximadamente, a 32 km do centro<br />

de São Luís, <strong>um</strong> verdadeiro espaço de<br />

diversidades tanto lingüísticas como<br />

culturais, <strong>um</strong>a vez que a comunidade<br />

abrigava/abriga <strong>um</strong>a população bastante<br />

heterogênea, composta, naquela época,<br />

segundo os pesquisadores, de<br />

migrantes cearenses, piauienses e<br />

maranhenses, principalmente de Tutóia<br />

e Barreirinhas.<br />

Uma outra contribuição desses<br />

estudiosos refere-se à pesquisa O falar<br />

da Zona dos Cocais, que revela<br />

<strong>um</strong> falar "caracteristicamente nordestino<br />

sob influência de grupos h<strong>um</strong>anos<br />

provindos do Piauí e Ceará, principalmente".<br />

(MELO et aL,1986, p. 53).<br />

Esses estudos pioneiros, mas ainda<br />

<strong>em</strong> número reduzido, oferec<strong>em</strong>, de<br />

fato, <strong>um</strong>a importante contribuição para<br />

o conhecimento da diversidade lingüística<br />

no Estado. Entretanto, ainda há<br />

muito por escavar para que se possa<br />

delinear a conformação dialetológica do<br />

Maranhão.<br />

Nesse sentido, <strong>um</strong> grupo de professores<br />

pesquisadores da Universidade<br />

Federal do Maranhão (UFMA) e da<br />

Faculdade Atenas Maranhense<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2,p. 9-20,jul./dez. 2000.<br />

(FAMA) v<strong>em</strong> buscando <strong>um</strong>a participação<br />

efetiva nas atividades do Comitê<br />

Nacional, instância que gerencia <strong>um</strong>a<br />

política de integração e coordenação<br />

dos trabalhos que se vêm desenvolvendo<br />

com a execução dos atlas regionais,<br />

visando à elaboração do Atlas<br />

Lingüística do Brasil.<br />

Com o ingresso do Maranhão no<br />

Projeto Atlas Lingüístico do Brasil, durante<br />

a reunião do Comitê Nacional <strong>em</strong><br />

Londrina, <strong>em</strong> julho de 2000, dá-se início<br />

às atividades do atlas maranhense<br />

que, buscando realizar <strong>um</strong> trabalho conjunto<br />

de levantamento das realidades<br />

lingüísticas regionais de maneira sist<strong>em</strong>ática,<br />

lança mão da metodologia proposta<br />

pelo Comitê Nacional e redefine<br />

os pontos selecionados por esse Comitê<br />

para a coleta de dados iniciais.<br />

2 SUBSÍDIOS<br />

GEOGRÁFICOS PARA O<br />

ALIMA<br />

o panorama geográfico maranhense<br />

compreende significativa diversidade<br />

de ambientes diferenciados tanto<br />

por seus aspectos naturais, como pelas<br />

atividades h<strong>um</strong>anas.<br />

O quadro natural espelha a transição<br />

entre as paisagens das regiões<br />

Nordeste, Centro-Oeste e Norte com<br />

significativas variações de clima, vegetação,<br />

hidrografia e solos, o que interfere<br />

nas atividades h<strong>um</strong>anas,<br />

propiciando ou dificultando a produtividade<br />

no meio rural, condicionada aos<br />

recursos naturais.<br />

A ocupação dos espaços naturais<br />

pelo hom<strong>em</strong> ocorreu lenta e<br />

continuadamente, marcada pelos mé-<br />

11


todos primitivos de cultivo e exploração<br />

da natureza. Dos aborígines, primeiros<br />

habitantes da terra maranhense,<br />

restam poucos grupos ainda autênticos<br />

<strong>em</strong> suas tradições, mas ocupando áreas<br />

significativas do Estado.<br />

A chegada dos colonizadores significou<br />

mudanças drásticas nas relações<br />

do hom<strong>em</strong> com o meio físico e<br />

entre si. Inicialmente vieram franceses,<br />

portugueses, holandeses, africanos de<br />

várias nações e, posteriormente, chegaram<br />

os sírios, libaneses e japoneses.<br />

Reduzida drasticamente a imigração<br />

estrangeira, continuaram as levas<br />

de brasileiros oriundos inicialmente das<br />

zonas mais suscetíveis à seca, particularmente<br />

dos estados do Piauí, Ceará,<br />

Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do<br />

Norte. Nas duas últimas décadas, salienta-se<br />

o grande contingente de imigrantes<br />

das regiões Sudeste, Sul e<br />

Norte.<br />

O processo de colonização responde<br />

a injunções geográficas representadas<br />

pelas dificuldades características do<br />

meio físico, <strong>em</strong> duas frentes pioneiras:<br />

a primeira, representada pelos imigrantes<br />

estrangeiros, iniciou ocupação do<br />

território a partir de São Luís, povoando<br />

a planície, o litoral e os vales dos<br />

rios Itapecuru e Mearim onde desenvolveram<br />

cultivos de cana-de-açúcar,<br />

arroz e algodão, destinados principalmente<br />

a atender as necessidades da<br />

Coroa Portuguesa. A segunda, oriunda<br />

dos estados nordestinos, alcançou as<br />

terras maranhenses pelo nordeste, leste<br />

e sudeste através do Estado do Piauí,<br />

fixando-se nos altos vales e chapadas<br />

do sul do Estado, onde desenvolveu a<br />

pecuária e a agricultura de subsistência.<br />

12<br />

Mesmo após consolidada a ocupação<br />

do território, o rigor das condições<br />

geográficas impunha grande isolamento<br />

entre os habitantes do norte e do sul<br />

maranhense. Os primeiros continuaram,<br />

como era natural, fort<strong>em</strong>ente vinculados<br />

à cidade de São Luís tanto pelas<br />

facilidades de acesso, como pelas relações<br />

comerciais e de parentesco. Os<br />

últimos, não dispondo de facilidades de<br />

acesso à capital, vincularam as bases<br />

de apoio nos estados vizinhos, como<br />

ocorreu com a população de Brejo e<br />

região, abastecida por Parnaíba-Pi,<br />

Pastos Bons e região abastecida por<br />

Floriano-Pi, Carolina, abastecida <strong>em</strong><br />

Araguaína- To e Anápolis-Go e<br />

Carutapera, abastecida por Bragança<br />

e Belém-Pa. As bases de apoio para o<br />

abastecimento significaram forte intercâmbio<br />

cultural com relações de influência<br />

e dependência que modelaram os<br />

parâmetros lingüísticos.<br />

Os imigrantes do sudeste e do sul<br />

do Brasil diferenciam-se dos nordestinos<br />

pelo vol<strong>um</strong>e de capital e pelo alto<br />

nível tecnológico <strong>em</strong>pregado no trato<br />

com a terra, para a produção de soja e<br />

de outros produtos <strong>em</strong> larga escala, ou<br />

nas atividades industriais e de serviços.<br />

Para abranger toda esta diversidade<br />

de padrões lingüísticos, o Comitê<br />

Nacional do ALiE selecionou 08 municípios<br />

para a pesquisa que subsidiará o<br />

Atlas Lingüístico do Brasil: Alto<br />

Parnaíba, Bacabal, Balsas, Barra do<br />

Corda, Brejo, Imperatriz, São João dos<br />

Patos e São Luís. Com o propósito de<br />

elaborar o ALiMA, a equipe considerou,<br />

n<strong>um</strong>a etapa inicial, a inclusão de<br />

mais 04: Carolina, Carutapera, Pinheiro<br />

e Raposa, dada a extensão territorial<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.Zdez: 2000.


do estado e sua diversidade regional<br />

(Figura 1).<br />

Sobre esses municípios foram considerados<br />

os seguintes parâmetros geográficos:<br />

localização, limites, dados<br />

históricos, população e principais atividades<br />

econômicas.<br />

2.1 Alto Parnaíba<br />

Localizado no extr<strong>em</strong>o sul do Estado<br />

do Maranhão, limita-se com os<br />

municípios de Tasso Fragoso e Balsas<br />

(MA), ao norte e a noroeste; com o<br />

Estado do Piauí, ao sul e a leste e com<br />

o Tocantins, ao sul e a oeste.<br />

Situada à marg<strong>em</strong> esquerda do rio<br />

Pamaíba, a área era habitada primitivamente<br />

pelos aborígines do grupo<br />

Tapuia. O primeiro povoador de suas<br />

terras foi o senhor Francisco Freitas<br />

que, <strong>em</strong> busca de <strong>um</strong>a área adequada<br />

ao cultivo agrícola, ali se instalou, fundando<br />

<strong>um</strong>a fazenda a qual denominou<br />

Barcelona. Posteriormente, Cândido<br />

Lustosa, imigrante do Piauí, fixou-se nas<br />

proximidades daquela fazenda, vindo a<br />

ser também pioneiro no desbravamento<br />

da área. Em 1886, Francisco Freitas<br />

doou parte das terras de sua fazenda<br />

Barcelona à igreja local.<br />

Segundo pesquisa realizada pelo<br />

IBGE (l9~7, p.129), a população do<br />

município, <strong>em</strong> 1996, era de 10.553 habitantes,<br />

sendo 5.470 residentes na sede<br />

e 5.065 na zona rural.<br />

Originalmente a economia do município<br />

baseava-se na agricultura de<br />

subsistência com o cultivo de arroz, feijão,<br />

milho e mandioca e na pecuária<br />

extensiva, ambas praticadas com uso<br />

de técnicas primitivas. Somente a partir<br />

do final da década de oitenta, essas<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.rdez. 2000.<br />

técnicas vêm sendo modernizadas, com<br />

a introdução do cultivo de soja, praticada<br />

de forma intensiva.<br />

2.2 Bacabal<br />

Localiza-se na região Centro-Norte<br />

do Estado do Maranhão. Limita-se<br />

ao norte com os municípios de Lago<br />

Verde e São Mateus do Maranbão; ao<br />

sul com Lago de Junco e São Luís<br />

Gonzaga; a leste com Alto Alegre do<br />

Maranhão e São Mateus do Maranhão<br />

e a oeste com os municípios de Olho<br />

d' Água das Cunhãs e Bom Lugar.<br />

Em 1876, o Coronel Lourenço da<br />

Silva ocupou a área da sede do município<br />

onde fundou <strong>um</strong>a fazenda para o<br />

cultivo agrícola, valendo-se da mão-deobra<br />

escrava. Com a Abolição da Escravatura,<br />

o Coronel Raimundo Alves<br />

comprou a fazenda de seu antigo dono,<br />

passando a comercializar tanto com índios,<br />

quanto com trabalhadores livres.<br />

Devido à fertilidade do terreno, aos<br />

grandes recursos e à privilegiada topografia,<br />

a fazenda prosperou, crescendo<br />

o povoado e a<strong>um</strong>entando as culturas.<br />

A migração de vários grupos nordestinos<br />

contribuiu para o gradativo a<strong>um</strong>ento<br />

populacional do povoado, graças ao<br />

desenvolvimento do comércio local, promovendo<br />

a tão sonhada interligação<br />

com a capital do Estado, feita inicialmente<br />

com a instalação do Telégrafo<br />

Nacional <strong>em</strong> 1883.<br />

De acordo com o IBGE (2001), a<br />

população do município, <strong>em</strong> 2000, era<br />

de 91.737 habitantes, sendo 71.357 residentes<br />

na sede e 20.380 na zona rural.<br />

Originalmente a economia do município<br />

baseava-se na agricultura de<br />

13


subsistência com o cultivo de arroz, feijão,<br />

milho e mandioca e na pecuária<br />

extensiva, ambas praticadas com uso<br />

de técnicas primitivas e mão-de-obra<br />

escrava. A partir do final da década de<br />

Fig. 1 - Unidades amostrais para o atlas lingüístico do Maranhão.<br />

14<br />

.•... c.<br />

o<br />

o<br />

o<br />

\-<br />

CAROLINA<br />

46°<br />

BALSAS<br />

•<br />

BACABAL<br />

•<br />

BARRA <strong>DO</strong>COROA<br />

•<br />

setenta do século XX, a pecuária modernizou-se,<br />

especialmente com relação<br />

à criação de gado para abate,<br />

tomando-se <strong>um</strong>a das principais atividades<br />

econômicas do município.<br />

44·<br />

•<br />

ESC.L-.:,°Km<br />

BREJO<br />

\<br />

~<br />

. o<br />


2.3 Balsas<br />

Localizado no sul do Estado do<br />

Maranhão, limita-se ao norte com os<br />

municípios de Fortaleza dos Nogueiras,<br />

Nova Colinas e São Raimundo das<br />

Mangabeiras; ao sul com Alto Parnaíba<br />

e o Estado do Tocantins; a leste com<br />

os municípios de Sambaíba e Tasso<br />

Fragoso; a oeste, com Riachão e Estado<br />

do Tocantins.<br />

Ponto de melhor acesso às fazendas<br />

do município de Riachão, o porto<br />

das Caraíbas, no rio Balsas, <strong>em</strong> função<br />

do contínuo movimento de viajantes,<br />

logo despertou o interesse de pequenos<br />

comerciantes que lá se fixaram com<br />

pequenas casas de comércio. Para lá<br />

também se deslocou o baiano Antonio<br />

Ferreira Jacobina, mercador de f<strong>um</strong>o<br />

nos sertões, assim que soube da existência<br />

do novo núcleo de população.<br />

Tornou-se líder do povoado a que denominou<br />

Vila Nova, onde foi edificada,<br />

<strong>em</strong> 1879, <strong>um</strong>a pequena igreja <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong><br />

a Santo Antonio. Em 1882, o<br />

nome da povoação passou a ser Santo<br />

Antonio de Balsas e, <strong>em</strong> 1943, recebeu<br />

o nome definitivo: Balsas.<br />

A população do município, <strong>em</strong><br />

2000, era de 60.155 habitantes, sendo<br />

50.132 residentes na sede e 10.023 na<br />

zona rural. (IBGE, 2001).<br />

A princípio, a economia do município<br />

baseava-se na agricultura de subsistência<br />

com o cultivo de arroz, feijão,<br />

milho e mandioca e na pecuária extensiva,<br />

ambas praticadas com uso de técnicas<br />

primitivas. A partir do final da<br />

década de setenta do século XX, a agricultura<br />

modernizou-se com a imigração<br />

de agricultores provenientes do Rio<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.Zdez. 2000.<br />

Grande do Sul, que introduziram técnicas<br />

intensivas no cultivo de arroz e da<br />

soja, que se tornou o principal produto<br />

econômico do município.<br />

2.4 Barra do Corda<br />

Localiza-se na região central do<br />

Maranhão. Limita-se ao norte com os<br />

municípios de Itaipava do Grajaú, São<br />

Raimundo do Doca Bezerra, São<br />

Roberto e Joselândia; ao sul com<br />

Fernando Falcão; a leste com Tunt<strong>um</strong><br />

e a oeste com Jenipapo dos Vieiras e<br />

Grajaú.<br />

Primitivamente ocupado pelas tribos<br />

Canelas, do Tronco Jês e Guajajaras<br />

da linha Tupi, pouco se sabe com absoluta<br />

certeza a respeito do povoamento<br />

do território do atual município de Barra<br />

do Corda. De acordo com registros<br />

mais antigos, o fundador deste município<br />

foi o cearense Manoel Rodrigues<br />

de Meio Uchoa que, por volta de 1835,<br />

chegou ao local escolhido para fundar<br />

a povoação da área da sede de Barra<br />

do Corda, margeando o rio Corda ou<br />

"das Cordas" (orig<strong>em</strong> do nome). O local<br />

foi escolhido por suas condições<br />

topográficas, o suprimento de água potável<br />

e ainda a possibilidade de navegação<br />

fluvial até São Luís.<br />

De acordo com o IBGE (2001), a<br />

população do município, <strong>em</strong> 2000, era<br />

de 77.750 habitantes, sendo 43.231 residentes<br />

na sede e 34.519 na zona rural.<br />

Originalmente a economia do município<br />

apoiava-se na agricultura de subsistência<br />

baseada no cultivo de arroz,<br />

feijão, milho e mandioca e na pecuária<br />

extensiva, ambas praticadas com uso<br />

15


de técnicas primitivas. Atualmente essas<br />

atividades encontram-se mais modernizadas<br />

com a melhoria do rebanho<br />

e com a introdução de técnicas intensivas<br />

no cultivo do arroz.<br />

2.5 Brejo<br />

A área ocupada pelo município de<br />

Brejo está localizada na região nordeste<br />

do Estado do Maranhão, na<br />

fronteira com o Estado do Piauí. Limitase<br />

ao norte com o município de<br />

Milagres do Maranhão; ao sul com o<br />

município de Buriti; a leste com o<br />

Estado do Piauí e a oeste com o<br />

município de Anapurus.<br />

Seu primeiro povoador foi Francisco<br />

Vasconcelos que recebeu as terras<br />

por doação, no ano de 1729. No entanto,<br />

a ocupação definitiva coube a <strong>um</strong>a<br />

senhora de nome D. Euzébia Maria da<br />

Conceição, de orig<strong>em</strong> portuguesa, possuidora<br />

de grande fortuna e dona de<br />

muitos escravos que, acompanhada de<br />

seus colonos, chegou à povoação <strong>em</strong><br />

data desconhecida, tendo sido assassinada<br />

<strong>em</strong> Gameleiras-Pi, quando da<br />

Guerra da Balaiada, último reduto dos<br />

Balaios, <strong>em</strong> 1840.<br />

Conforme pesquisa realizada pelo<br />

IBGE (2001), a população do município,<br />

<strong>em</strong> 2000, era de 27.510 habitantes,<br />

sendo 10.652 residentes na sede e<br />

16.858 na zona rural.<br />

A princípio, a economia do município<br />

apoiava-se na agricultura de subsistência,<br />

baseada no cultivo de arroz,<br />

feijão, milho e mandioca-e na pecuária<br />

extensiva, ambas praticadas com uso<br />

de técnicas primitivas. Atualmente essas<br />

atividades são praticadas com pequenas<br />

inovações, merecendo destaque<br />

16<br />

a introdução da silvicultura com a plantação<br />

de eucalipto e do cultivo de caju.<br />

2.6 Carolina<br />

o município de Carolina está localizado<br />

a sudoeste do Estado do Maranhão<br />

e limita-se ao norte com os<br />

municípios de Estreito, Feira Nova do<br />

Maranhão e São Pedro dos Crentes; a<br />

leste com Feira Nova do Maranhão e<br />

Riachão e ao sul e a oeste com o Estado<br />

do Tocantins.<br />

No ano de 1798, o governo português,<br />

por meio de Carta Régia, ordenou<br />

ao Capitão do Maranhão que<br />

promovesse o reconhecimento do rio<br />

Tocantins pelo lado de sua capitania,<br />

até então ignorado no Estado. Várias<br />

expedições foram organizadas e, <strong>em</strong><br />

1806, os bandeirantes conseguiram atingi-lo.<br />

Morava, nessa época, <strong>em</strong> <strong>um</strong>a<br />

fazenda no sertão de Pastos Bons, o<br />

pioneiro Elias Ferreira de Barros que,<br />

à procura de outros pastos, adentrouse<br />

no sertão, formando a fazenda do<br />

Mirador. Por volta de 1810, o goiano<br />

Francisco José Pinto de Magalhães,<br />

juntamente com pessoas que o acompanhavam,<br />

estabeleceram-se à marg<strong>em</strong><br />

direita do rio Manuel Alves Grande,<br />

dando ao nascente povoado a denominação<br />

de São Pedro de A1cântara. Em<br />

1816, foi abandonado por Magalhães<br />

e, <strong>em</strong> 1825, o deputado do governo provisório,<br />

Padre Luís Gonzaga Fleury, ao<br />

descer o rio, deu ao povoado o nome<br />

de Carolina, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> à m<strong>em</strong>ória<br />

de nossa primeira Imperatriz.<br />

De acordo com o IBGE (2001), a<br />

população do município, <strong>em</strong> 2000, era<br />

de 23.937 habitantes, sendo 14.349 residentes<br />

na sede e 9.581 na zona<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 2000.


ural. Originalmente a economia do município<br />

apoiava-se na agricultura de subsistência,<br />

baseada no cultivo de arroz,<br />

feijão, milho e mandioca e na pecuária<br />

extensiva, ambas praticadas com uso<br />

de técnicas primitivas. Atualmente estas<br />

atividades encontram-se mais modernizadas<br />

com a melhoria do rebanho<br />

e com a introdução de técnicas intensivas<br />

no cultivo de arroz.<br />

2.7 Carutapera<br />

Localizado no extr<strong>em</strong>o oeste do<br />

Estado do Maranhão, limita-se ao norte<br />

com o Oceano Atlântico; ao sul com<br />

o município de Amapá do Maranhão; a<br />

leste com o de Luís Domingues e a<br />

oeste com o Pará.<br />

Topônimo de orig<strong>em</strong> tupi, que significa<br />

"povoação abandonada", a fundação<br />

do município de Carutapera<br />

r<strong>em</strong>onta à compra de 600 braças de<br />

terra pelo casal Pantoja, <strong>em</strong> 1861; terras<br />

essas localizadas à marg<strong>em</strong> direita<br />

do rio Arapiranga. Da ocupação dessas<br />

terras nasceu Carutapera, inicialmente<br />

habitada por <strong>um</strong> número reduzido<br />

de pessoas.<br />

Em pesquisa realizada pelo IBGE<br />

(2001), a população do município, <strong>em</strong><br />

2000, era de 18.594 habitantes, sendo<br />

13.090 residentes na sede e 5.504 na<br />

zona rural.<br />

A principio a economia do município<br />

apoiava-se na pesca, no extrativismo<br />

e na agricultura de subsistência,<br />

baseada no cultivo de arroz, feijão, milho<br />

e mandioca e na pecuária extensiva.<br />

Tanta a agricultura, quanto a<br />

pecuária <strong>em</strong>pregavam técnicas primitivas.<br />

Atualmente essas atividades são<br />

praticadas com pequenas inovações.<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.rdez, 2000.<br />

o nar<br />

2.8 Imperatriz<br />

Localizado no oeste maranhense,<br />

na fronteira com o Estado do Tocantins,<br />

o município de Imperatriz limita-se ao<br />

norte com os municípios de Cidelândia<br />

e São Francisco do Brejão; ao sul com<br />

Governador Edson Lobão, Davinópolis<br />

e Estado do Tocantins; a leste com os<br />

de João Lisboa e Senador La Rocque<br />

e a oeste com o Estado do Tocantins.<br />

Não estando ainda estabelecidos<br />

os limites entre as então províncias do<br />

Pará e Maranhão, o presidente da província<br />

paraense, Francisco Coelho, <strong>em</strong><br />

1851, inc<strong>um</strong>biu o Frei Manuel Procópio<br />

do Coração de Maria de edificar <strong>um</strong>a<br />

vila <strong>em</strong> território do Pará, no limite com<br />

o Maranhão. Em 1852, este último fundou<br />

o povoado de Santa Tereza de Imperatriz,<br />

<strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> à D. Tereza<br />

Cristina, Imperatriz do Brasil, na época.<br />

Frei Manuel se <strong>em</strong>penhou por tor-<br />

sua província <strong>um</strong>a vila de fronteira<br />

maranhense. Em 1896 , consezuiu b'<br />

astuciosamente, elevar o povoado à<br />

condição de vila.<br />

A população do município, <strong>em</strong><br />

2000, era de 230.450 habitantes, sendo<br />

218.555 residentes na sede e 11.895 na<br />

zona rural. (IBGE, 2001).<br />

Inicialmente, a economia do município<br />

apoiava-se no extrativismo e na<br />

agricultura de subsistência, baseada no<br />

cultivo de arroz, feijão, milho e mandioca<br />

e na pecuária extensiva, todas praticadas<br />

com uso de técnicas primitivas.<br />

Atualmente essas atividades são praticadas<br />

com alto nível de modernização.<br />

Dispõe ainda Imperatriz do parque industrial<br />

do estado e da oferta de serviços<br />

especializados, ocupando o segundo<br />

17


lugar <strong>em</strong> importância na economia estadual.<br />

2.9 Pinheiro<br />

o município de Pinheiro está localizado<br />

na região norte do Estado do<br />

Maranhão, na área tradicionalmente<br />

conhecida como Baixada Maranhense.<br />

Limita-se ao norte com Santa Helena;<br />

ao sul com Pedro do Rosário, São Bento<br />

e Palmeirândia; a leste com os municípios<br />

de Bequimão, Peri-Mirim,<br />

Palmerândia, Central do Maranhão e<br />

Mirinzal e a oeste com Presidente<br />

Samey e Santa Helena.<br />

Sua orig<strong>em</strong> r<strong>em</strong>onta à fundação de<br />

<strong>um</strong>a fazenda pelo Capitão-Mor lnácio<br />

José Pinheiro que, pela ausência de<br />

pastagens <strong>em</strong> Alcântara, buscou <strong>um</strong><br />

lugar que melhor atendesse às necessidades<br />

do rebanho. O Capitão-Mor,<br />

fixando-se <strong>em</strong> <strong>um</strong> lugar propício ao<br />

gado, motivou outros fazendeiros a fazer<strong>em</strong><br />

o mesmo, dando início, assim, ao<br />

povoamento.<br />

Segundo o IBGE (2001), a população<br />

do município, <strong>em</strong> 2000, era de<br />

67.888 habitantes, sendo 38.157 residentes<br />

na sede e 29.731 na zona rural.<br />

As atividades econômicas desenvolvidas<br />

pelos primeiros habitantes eram<br />

a pecuária e a agricultura de subsistência<br />

praticada pelos vaqueiros. Atualmente<br />

a economia do município<br />

apóia-se na pecuária, pesca, agricultura<br />

e comércio.<br />

2.10 Raposa<br />

Está localizado no nordeste da ilha<br />

do Maranhão. Limita-se ao norte e a<br />

leste com o Oceano Atlântico; ao sul e<br />

18<br />

a oeste com Paço do L<strong>um</strong>iar. Situa-se<br />

a 32 Km da cidade de São Luís, capital<br />

do Estado do Maranhão.<br />

O povoado foi fundado no final dos<br />

anos quarenta, a partir do aparecimento<br />

de dois cearenses <strong>em</strong> São José de<br />

Ribamar, Antonio do Pocal e José<br />

Baiaco, que vieram de <strong>um</strong>a praia do<br />

norte do Estado do Ceará (AZEVE-<br />

<strong>DO</strong>, 1998). Estes pescadores mandaram<br />

buscar seus familiares e outros<br />

pescadores também cearenses foram<br />

atraídos para o local. Entre estes vieram<br />

José Maria Castelo e Chico Noca,<br />

ainda vivos. A povoação foi <strong>em</strong>ancipada<br />

apenas <strong>em</strong> 1994 e o primeiro prefeito<br />

foi <strong>em</strong>possado <strong>em</strong> 1998.<br />

Segundo REIS (1998, p.36), cerca<br />

de 65% a 70% da população da Raposa,<br />

migrantes da seca, é formada de<br />

cearenses, oriundos, <strong>em</strong> sua maioria, do<br />

município de Acaraú.<br />

Embora situada muito próximo da<br />

cidade de São Luís, a comunidade da<br />

Raposa manteve-se isolada por cerca<br />

de 40 anos, pela falta de acesso rodoviário.<br />

De acordo com o IBGE (2001), a<br />

população do município de Raposa, <strong>em</strong><br />

2000, era de 16.790 habitantes, sendo<br />

11.109 residentes na sede e 5.681 na<br />

zona rural.<br />

A principal fonte de renda do município<br />

da Raposa é obtida com a pesca<br />

e do artesanato. Com a<br />

<strong>em</strong>ancipação do povoado, muitos moradores<br />

de outras áreas da ilha e do<br />

interior do Estado foram atraídos para<br />

o local, acelerando seu crescimento.<br />

Convém salientar que grande parcela<br />

de seus moradores trabalha <strong>em</strong> São<br />

Luís, transformando o município apenas<br />

<strong>em</strong> dormitório.<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 2000.


2.11 São João dos Patos<br />

Localizado na região leste do Estado<br />

do Maranhão, limita-se ao norte<br />

com os municípios de Passag<strong>em</strong> Franca;<br />

ao sul com o Estado do Piauí; a leste<br />

com Barão do Grajaú e Sucupira do<br />

Riachão e a oeste com Paraibano, Pastos<br />

Bons e Nova Iorque.<br />

Inicialmente, denominado Lago dos<br />

Patos, pertencia ao município de Pastos<br />

Bons. Em 1838, passou a integrar o<br />

município de Passag<strong>em</strong> Franca, já com<br />

o nome de São João dos Patos, conseguindo<br />

sua independência <strong>em</strong> abril do<br />

mesmo ano. Seu nome origina-se da<br />

existência, no município, de duas lagoas:<br />

a de São João e a dos Patos.<br />

De acordo com o IBGE (2001), a<br />

população do município, <strong>em</strong> 2000, era<br />

de 23.131 habitantes, sendo 18.765 residentes<br />

na sede e 4.366 na zona rural.<br />

Seus primeiros habitantes desenvolviam<br />

agricultura de subsistência,<br />

baseada no cultivo de arroz, feijão,<br />

mandioca e milho e pecuária extensiva.<br />

Atualmente essas atividades continuam<br />

dando suporte econômico ao<br />

município e são desenvolvidas com técnicas<br />

mais modernas.<br />

2.12 São Luís<br />

É a capital do Estado. Localizada<br />

na região norte do Maranhão, está delimitada<br />

ao norte com o Oceano Atlântico·<br />

ao sul com Rosário e Bacabeira;<br />

a leste com São José de Ribamar e Paço<br />

do L<strong>um</strong>iar e a oeste com Alcântara,<br />

Bacurituba e Cajapió.<br />

Foi fundada <strong>em</strong> 1612 pelo francês<br />

Daniel de La Touche, Senhor de La<br />

Ravardiere, a partir do Forte que atu-<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.ldez. 2000.<br />

almente abriga o Palácio dos Leões.<br />

São Luís foi, desde 1615, colonizada<br />

pelos portugueses. Após o término das<br />

obras de edificação e estabelecidos os<br />

primeiros contatos com os aborígines,<br />

foi dado o nome de São Luís à fortificação<br />

recém-construída, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong><br />

a Luís XIII, então Rei da França.<br />

Após a consolidação do domínio português,<br />

a cidade experimentou significativo<br />

crescimento d<strong>em</strong>ográfico e<br />

econômico, tornando-se centro industrial<br />

de relevância nacional no início do<br />

século XIX, conforme atestam SPIX e<br />

MARTIUS (1981, p.247). Com o<br />

sucateamento do seu parque fabril no<br />

início do século XX, a cidade sofreu<br />

certo isolamento e forte estagnação,<br />

retomando o ritmo de crescimento com<br />

a implantação do Projeto Carajás.<br />

A população do município, <strong>em</strong><br />

2000, era de 867.690 habitantes, sendo<br />

834.968 residentes na sede e 32.722 na<br />

zona rural. IBGE (2001).<br />

As atividades econômicas desenvolvidas<br />

pelos primeiros habitantes eram<br />

a pecuária, a agricultura de subsistência<br />

e a pesca. Nas últimas décadas, a<br />

economia do município v<strong>em</strong> tendo, na<br />

indústria e no comércio, que foram<br />

incr<strong>em</strong>entados com o advento do Projeto<br />

Carajás, seu suporte principal. Nos<br />

últimos cinco anos, constata-se o despertar<br />

das autoridades para o fomento<br />

ao turismo que já é <strong>um</strong>a das perspectivas<br />

econômicas mais promissoras.<br />

3 CONCLUSÃO<br />

O <strong>projeto</strong> de elaboração do Atlas<br />

Lingüístico do Maranhão virá, pois, ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po, compl<strong>em</strong>entar, ampliar<br />

19


e atualizar os trabalhos pioneiros de<br />

VIEIRA FILHO (1979), AZEVE<strong>DO</strong><br />

et al. (1980) e MELO et al. (1986), ao<br />

delinear a conformação dialetológica do<br />

Maranhão, por meio do mapeamento<br />

dos caracteres fonéticos, fonológicos,<br />

morfossintáticos e s<strong>em</strong>ânticos.<br />

Além disso, o ALiMA se propõe a<br />

oferecer subsídios a lingüistas,<br />

lexicólogos, etimólogos, filólogos,<br />

--AGUILERA, V. de A. (Org.) A geolingüística<br />

no Brasil: caminhos e perspectivas.<br />

Londrina: Editora UEL, 1998. 273p.<br />

ARAGÃO, M. do S. S. de. A situação da<br />

Geografia lingüística do· Brasil. In:<br />

GÃRTNER, E. Pesquisas lingüísticas<br />

<strong>em</strong> Portugal e no Brasil. Madrid:<br />

Iberoamericana, 1997. Cap.5, p.79-97.<br />

AZEVE<strong>DO</strong>, R.; VIEIRA, M. do S. M;<br />

MELO, E. B. Antropolinguística: Raposa.<br />

São Luís: SIOGE, 1980. 81p.<br />

CAR<strong>DO</strong>SO, S. A. M. A dialetologia no<br />

Brasil: perspectivas. São Paulo.<br />

D.E.L.T.A .. v 15. p. 233-255, 1999.<br />

FEITOSA, A. C. O Maranhão primitivo:<br />

<strong>um</strong>a tentativa de reconstituição. São<br />

Luís, Ed. Augusta, 1983. 144 p.<br />

FERREIRA, C. A geografia lingüística<br />

no Brasil.. São Paulo. D.E.L.T.A. v.l l,<br />

n.2, p.255-277, ago. 1995.<br />

FERRElRA, J. P. Enciclopédia dos municípios<br />

brasileiros. Rio de janeiro:<br />

IBGE, 1957. v.3, p.116-125.<br />

20<br />

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA<br />

pedagogos, geógrafos e profissionais de<br />

áreas afins, notadamente àqueles que<br />

atuam no processo ensino / aprendiza-<br />

g<strong>em</strong>, possibilitando aprofundar o conhe-<br />

cimento da realidade lingüística e<br />

cultural do Estado do Maranhão, <strong>um</strong>a<br />

vez que promoverá <strong>um</strong>a maior refle-<br />

xão sobre as variantes que integram na-<br />

turalmente a língua portuguesa falada<br />

no Brasil.<br />

MELO, E. B.; AZEVE<strong>DO</strong>, R. C.;<br />

VIEIRA, M. do S. M. O falar da Zona<br />

dos Cocais. Cadernos de Pesquisa. São<br />

Luís. v.2, n.2. p.53-85, jul./dez. 1986.<br />

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-<br />

GRAFIA E ESTATISTICA. Censo<br />

D<strong>em</strong>ográfico. Rio de Janeiro, 2001.<br />

REIS, J. R. S. dos. Raposa: seu presente,<br />

sua gente, seu futuro. São Luís,<br />

LITHOGRAF, 1998.247 p.<br />

SPIX, J. B. von; MARTIUS, C. F. P. von.<br />

Viag<strong>em</strong> pelo Brasil: 1817-1820. Belo<br />

Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da<br />

Universidade de São Paulo, 1981. V.2.<br />

TROV ÃO, J. R. Ilha latifundiária na.<br />

amazônia maranhense. São Luís:<br />

EDUFMA, 1989.<br />

VIEIRA FILHO, D. A linguag<strong>em</strong> popular<br />

do Maranhão. 3 ed. ampliada. São<br />

Luís: [s.n.], 1979. 105p.<br />

Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 2000.

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