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Maria do Socorro Nogueira Polary ** Consideracões em - UFMA

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cilmente deixamos de ser conduzi<strong>do</strong>s, a grosso mo<strong>do</strong>, para os camlnhos <strong>do</strong> conformismo social. ~ então nesse ponto que achamos de extr<strong>em</strong>a validade o conhecimento sobre o processo de socializaçãoque t<strong>em</strong> concretiza<strong>do</strong> a manutençao da sociedade, ou das sociedades a fim de abalizar o seu senti<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> moderno na busca desaídas para a construção de ummun<strong>do</strong> mais justo, mais coerente,menos opressor e sobretu<strong>do</strong> maissolidário e volta<strong>do</strong> ou a favor <strong>do</strong>ser humano e <strong>do</strong> seu enal tecimentoconcretoo2 A APRENDI ZAGEM DO COMPORTAME!!TO SOCIALIZAOO~ MECANISMOSAtravés de que mecanismos e levada avante a socializ&ção?Consideramos inicialm~~te CJue o 2. de spe i te das éi:~erenr:asfica nao so assumir urna estrutura social objetiva ou urna ord<strong>em</strong>cultural e social específica mastambém um mun<strong>do</strong> social objetivo.Revelam-se aqui características fundamentais de que sereveste a socialização primária,aquela na qual é submetida a criança na primeira fase de sua vida: é inevitável e inescapávelna medida <strong>em</strong> que o sujeito nãoescolhe os responsáveis por seuprocesso de socialização; é irr~latizável vez que os míi Ltiplos aspectos da realidade objetiva ee subjetiva (mun<strong>do</strong> ex~erno e interno)são filta<strong>do</strong>s pelos agentessocializa<strong>do</strong>res que deste mo<strong>do</strong> fornec<strong>em</strong> ao socializa<strong>do</strong> uma visão i~t eqrad a e coe rent,e com seu sist.§:.ma simb61ice~ ~ contextualmentepermeada de forte laços afetivosna medida <strong>em</strong> que a internalização<strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a simbólico de seus age~-cespessoas <strong>em</strong> q~~lquer lugar.Tu<strong>do</strong> começa com o fato<strong>do</strong> Lndí,v Lduo asa.l~J.71.f_= um rsun<strong>do</strong> o~de os outros já viv<strong>em</strong>o Os adultosàpresentam-lhe certo mun<strong>do</strong> e p~ra a criança, <strong>em</strong> principio. est<strong>em</strong>un<strong>do</strong> é o mun<strong>do</strong>oAssumir o mun<strong>do</strong> si-gnld.et.G~c:mir!ad.3. iT~div·j_:lllalj.:lç_d.9~. Cl~~~pri~<strong>do</strong> a sociali~ação primãria afunção de transformar a criançanum ~<strong>em</strong>bro participante na saciedaéie,A socialização naa che112-':a . ~esq., ,ao UlS, v. 0, o -1 .. o •r d D S- L· r n ? .p 109-121. J~ul.!dez. 1990.


ga t no entanto,ao fim no momento<strong>em</strong> que a criança se torna um pa~ticipante integral da sociedade.A socialização secundária vai compreender to<strong>do</strong>s os processos po~teriores por meio <strong>do</strong>s quais o indivíduo é introduzi<strong>do</strong> num mun<strong>do</strong>social específico responden<strong>do</strong> p~la aquisição <strong>do</strong> conhecimento defunções específicas, funções dir~ta ou indiretamente com raizesna divisão <strong>do</strong> trabalho. Na verdade, pode-se dizer que a socialização nunca chega ao fim. Na infãncia, entretanto,a intensidadee o alcance <strong>do</strong> processo assumeproporçoes, de certa forma, definitivas e suas implicações naodesaparec<strong>em</strong> facilmente vez quefornece ao socializa<strong>do</strong> definiçõe·s resistentes à erradicação ,sQbretu<strong>do</strong> no que diz respeito aospapéis sociais que este pode assumir tanto na infãncia quanto navida adulta.Uma das maneiras de encatar o processo, corresponde aquela que se poderia designar como a visão policialesca segun<strong>do</strong>a qual a socialização pode servista corno uma série de controlesexerci<strong>do</strong>s e apoia<strong>do</strong>s por algumsist<strong>em</strong>a de recompensa e castigo.Recompensa e puniçãos<strong>em</strong>pre foram utiliza<strong>do</strong>s por aqu~les que desejam controlar o comportamento: pais, professores,a~ministra<strong>do</strong>res. O bom comportame~to é recompensa<strong>do</strong>, o mau castig~<strong>do</strong>. HOLLAND & SKINNER(1971)provaque esse e, o meio principal p~10 qual, os animais, inclusive ohom<strong>em</strong>,aprend<strong>em</strong> e como, pelo controle cuida<strong>do</strong>so de contingências,é possível controlar o comport~mento. Nesse senti<strong>do</strong> é que os adu,!tos exerc<strong>em</strong> um poder avassala<strong>do</strong>rsobre a criança, pois <strong>em</strong>bora queesta possa resistir a pressao oresulta<strong>do</strong> provável de qualquerconflito tende à vitória ôos adultos já que são eles que traz<strong>em</strong> amaior parte das recompensas pelasquais anseia a criança e <strong>do</strong>s castigo que t<strong>em</strong>e. O caráter absoluto com que os padrões sociais ating<strong>em</strong> a criança resulta, de certa forma <strong>do</strong> grande poder que osadul tos exerc<strong>em</strong> na situação de dependência <strong>em</strong> que nasce a criançae a conseqüente ignorância sobrea existência de padrões alternativos, que se aliam à forte tonalidade afetiva que caracteriza arelação da criança com agentessocializa<strong>do</strong>res nessa fase de seudesenvolvimento.Para BANDURA cita<strong>do</strong> porWHELLDALL(1976 , p.42-65), a maiQria <strong>do</strong> comportamento é aprendi<strong>do</strong>por imitação o que consiste esse~cialmente na aprendizag<strong>em</strong> através<strong>do</strong> ex<strong>em</strong>plo. Nesse senti<strong>do</strong>, o co~portamento de imitações paterna,por ex<strong>em</strong>plo, pode neutralizar amiúde os efeitos de seu treinamenCad. Pesq., são Luís, v. 6, n. 2, p. 109 121, ju1./dez. 1990. 113


oficial <strong>em</strong>ita os coman<strong>do</strong>s).Cumpre, então, à socialização, a estratégia através daqual uma sociedade,de geração <strong>em</strong>geração, torna os indivíduos m<strong>em</strong>bros essencialmente funcionais.Pais, professores, meios de comunicação, representantes de ordenssociais e culturais mais amplasaí se entrelaçam estenden<strong>do</strong> seuimpacto além <strong>do</strong>s limites oper~cionaisprópriosgrama liga<strong>do</strong> aAMOLDARA CONDUTAcumprin<strong>do</strong>necessidadeDOSum prodeINDIVíDUOSàs regras <strong>do</strong> jogo social na per~pectiva de normas e valores ti<strong>do</strong>s como verdadeiros e legítimos.Em suma, é a Socializacão "...o PIlOC.UM pelo qual. ao ,tongoda. vida. a pu~oa humana apllende e inteIliolliza o.s el<strong>em</strong>entM MUO-C.ul.t.uJLa.i6 <strong>do</strong>~eu meio, integMn<strong>do</strong> - O~ na utJw.:t:wta. de~ua peJtóona.Uda.de I.JOb a inófu~f'lc.ia. dee.xpvúênUM de agentu I.JO~ úg~McctU.vo~ e adapran<strong>do</strong>=se. OJ.,~imao ambiente socoü: <strong>em</strong> que. deve.v-ÚJe1l" (ROCHER, 1971,p.13) .Compreende-se a estaaltura, o significa<strong>do</strong> que o termo interiorização assume <strong>em</strong> suacorrespondência com o processode socialização <strong>do</strong> indivíduo. Omun<strong>do</strong> social com sua multiplicidade de aspectos e interioriza<strong>do</strong>na consciência <strong>do</strong> indivíduo deforma que aquilo que anteriormente era experimenta<strong>do</strong> como algumacoisa existente fora dele passaa ser experimenta<strong>do</strong> dentro dele.As estruturas da sociedade tornam-se assim as estruturas <strong>do</strong> pr2prio ser individual e a consciência se torna basicamente a pr~sença interiorizada <strong>do</strong>s coman<strong>do</strong>se proibiç5es de ord<strong>em</strong> moral, vindas <strong>do</strong> exterior. Neste nível,t~<strong>do</strong> t<strong>em</strong> início quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> certo po!!.to da socialização um outro si~nificativo disse:faca isso, naofaca aquilo. Â medida <strong>em</strong> que sedesenvolve o processo, a criançase identifica com esses valoresmorais e ao identificar-se comeles realiza sua interiorização.As vozes antes exteriores <strong>do</strong>s outros significativos transformamse<strong>em</strong> vozesinteriores. Sobressaiaí, como se pode ob ser'va.r,a gra!!.de importância da família nessesenti<strong>do</strong>, responsável primeira queé, pela função de produzir a estrutura psíquica e social desej~da pelasociedade.- Como e possível queisso aconteça de forma tão eficazcomo mostra a história?3 FAMíLIA - AUTORIDADE - FORMAçAo DO SUPER-EGOParaFROMM(1982,p.163-175),a Teoria de Freud forneceuma resposta a questâo citada acima.Freudsupôe três instânCad. Pesq., sâo Luís, v. 6. n. 2, p. 109-121, jul./dez. 1990. 115


cias no aparelho psíquico: id,ego e super-ego entendidas coco funções <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> dinâmicoe que se convert<strong>em</strong> uma na outra.o id é a forma originária e indiferenciada <strong>do</strong> apar~lho psíquico; o ego, é a parte<strong>do</strong> id que foi modificada pelainfluência <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> exterior,r~presentan<strong>do</strong> a razão e a reflexidade <strong>em</strong> oposição ao id onde estão contidas as paixões; o superego,é a instãncia mais recentefilogeneticamente e a mais delicada <strong>do</strong> aparelha psíquico e quedetém, segun<strong>do</strong> Freud as funçõesda auto-observação, da consciência moral e da formação de ideais.o nosso relacionamento na família leva à introjeçãoda autoridade. Autoridade e super-ego tornam~se inseparáveis.O super-ego é a interiorizaçãoda autoridade.O poder externo operante na sociedade aparece dianteda criança educada <strong>em</strong> família napessoa <strong>do</strong>s genitores(na famíliapatriarcal, <strong>em</strong> particular na pe~soa <strong>do</strong> pai). Através da identificação com o pai e da interiorização de seus preceitos e proi:.bições, a instância <strong>do</strong> superegoé revestida de atitudes d<strong>em</strong>oralidade e de poder.No curso <strong>do</strong> desenvolvimento, o super-ego assume tambémas influências das pessoas que secolocaram no lugar <strong>do</strong>s geni tores,ou seja, <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res, <strong>do</strong>s pr~fessores, <strong>do</strong>s modelos ideais. Através <strong>do</strong> super-ego, o poder externo, encarna<strong>do</strong> nas autoridadesque a cada momento <strong>do</strong>minam numasociedade se transforma <strong>em</strong> poderinterno. As autoridades são interiorizadas,e o me<strong>do</strong>,condicionante da estruturação <strong>do</strong> super-ego<strong>em</strong> sua relação, sobretu<strong>do</strong> com opai, deixa de ser me<strong>do</strong> <strong>do</strong> poderexterno <strong>em</strong> si mas da instinciapsíquica que ele construiu. E assim é que, o super-ego torna-seporta<strong>do</strong>r de uma tradição e a interiorização da coerção externa.A figura <strong>do</strong> pai, paraFROMM, já se funda na estruturaautoritária de toda a sociedade.4 SOCIALIZAÇAO E ESCOLA: TRABALHO DE INCULCAeXOEnquanto via motriz <strong>do</strong>processo de socialização, t<strong>em</strong> aeducação, <strong>em</strong> sua via formal daeducação escolar, se defini<strong>do</strong> aolongo <strong>do</strong>s três últimos séculospela preparação <strong>do</strong>sindividuos p~ra des<strong>em</strong>penhar papéis requeri<strong>do</strong>spela sociedade de classe,senti<strong>do</strong>no qual, o hom<strong>em</strong>-educan<strong>do</strong>, o hom<strong>em</strong>-socializa<strong>do</strong> t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> um instrumento,s<strong>em</strong> ter consciência dis50, participante que t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> de176Cad. Pesq., são Luis, v. 6, n. 2, p. 109-121, jul./dez. 1990.


um processo educativo a-crítico,o que significa concretamentesubmeter-se se à qualquer razãoinstrumental.Para ALTHUSSER: cita<strong>do</strong>por SAVIANI(1989, p.28-35)a escoIa constitui o instrumento maisacata<strong>do</strong> de reprodução das relacões de producão <strong>do</strong> tipo capit~lista. Para isso, ela torna a sias crianças de todas as classessociais e lhes inculca duranteanos a fio de audiência obrigatQria saberes práticos envolvi<strong>do</strong>sna 'ideologia <strong>do</strong>minante. Urna gra~de parte(operários e camponeses)cumpre a escolaridade básica e éintroduzida no processo produtlvo , Outros avançam no proce ssode escolarização mas acabam porinterrompê-lo passan<strong>do</strong> a integraros quadros médios,os pequenos burgueses de toda espécie. Urna p~quena parte enfim, atinge o vertice da pirâmide escolar. Estesvâo ocupar os postos próprios <strong>do</strong>sagentes de exploração(no sist<strong>em</strong>aprodutivo), <strong>do</strong>s agentes de repre,!!são (nos aparelhos repressivos <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>) e <strong>do</strong>s profissionais daideologia(nos aparelhos ideológlcos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>) .Para BOURDIEU & PASSERON, cita<strong>do</strong> por SAVIANI(1989), aviolência material da <strong>do</strong>minaçãoeconômica exercida pelos gruposou classes <strong>do</strong>minantes sobre osgrupos ou classes <strong>do</strong>minadas corresponde a violência simbólicada <strong>do</strong>minação cultural, já que t2<strong>do</strong> o poder que chega a impor significações e a impô-Ias corno legítimas dissimulan<strong>do</strong> as relaçõesde forças que estão na base desua força acrescenta sua própriaforça, ou seja, a força propri~mente simbólica a essas relaçõesde força. O trabalho pedagógicoé aí entendi<strong>do</strong> como um trabalhode inculcação que deve durar obastante para produzir um habituscomo produto da interiorização<strong>do</strong>s princípios de um arbitráriocapaz de perpetuar-se após a cessaçao da ação pedagógica.As análises feitas porALTHUSSER, BOURDIEU e PASSERON,têm leva<strong>do</strong> a críticas vez que, decerta forma descartam, conformeseus críticos,a possibilidade d<strong>em</strong>udança, negam a dimensão polítlca da educaç'âo admí,tin<strong>do</strong> apenasa consciência alienada como pr2duto de sua construção. Como tal,têm leva<strong>do</strong> também a uma certa sensaçao de impotência ou de pesslmismo <strong>em</strong> relação ao fenômeno ed~cativo. Preferimos considerar,noentanto, a possibilidade de con~cientização que suas posições eargumentações são capazes de of~recer sobre a realidade sociaI, conscientização que, encaramos corno um primeiro passo<strong>do</strong> avanço via transformação.Cad. Pesq., são Luís, v. 6. n. 2, p. 109-121, jul./dez. 1990. 117


5 DA NECESSIDADE DE REPENSAR OPROCESSO DE SOCIALI ZAçAo IX> H2MEM: UMA TAREFA DA EDUCAÇAo- O cerne de uma sociedade enquanto sist<strong>em</strong>a, reside naord<strong>em</strong> normativa padronizada daqual a vida da populacão e org~nizadacoletivamente.- Enquanto coletivid~de des<strong>em</strong>penha a sociedade wa co~cepçâo padronizada de paz t.í,c..i.pE.çao que distingue entre aquelesque faz<strong>em</strong> e não :':,~?;<strong>em</strong>paz t.ede 1SI..- Pa:ca so~reyive= e ~evação anterior, uma meta que sefaz necessária e importante nao50 ao convívio social como tambémao próprio equilíbrio psicológ~co <strong>do</strong> indivíduo. Contu<strong>do</strong>, se e asocialização, um fenômeno inevitável e necessário é igualmenteum fenômeno imposto e que repr~düz principalmente as desiguald~des sociais. Enfatizamos essaquestão achan<strong>do</strong> que não se podeesquecer de principio a contradiç~o de que se reveste c fe~6menoque s dent.xo ce uma, pe rspeot í.va depotenci~l <strong>do</strong> indivitamentec0mp3.-~':iLr).a.da. pe Lo sm<strong>em</strong>bros como a. base d.e S\J2tidade sacie'c,:' I ..Das p!~<strong>em</strong>is s as 2.C irr:~_(PARSONS. 1969, pn13-24)decc~re.como se vª, a natureza de prGce~50 de socia~izaç~o ~o hom<strong>em</strong> nassociedades q~2, enquanto ~roces80 de transmissão <strong>do</strong>s comportalaçao integrada ~ adaptativa <strong>do</strong>avida entã~ 56 q~e a tomeda asco~sci§nc~a e o dS2velamento dE?tes ele ma í.s nada UIn fenôrner~.o 3;5tru:::ur3.l que perf2~ as f unc óe s hásicas ia manut2nção de Dadr3es ecortro12 de tans5es,da aJa?taç~opr~jeto de s0ciedade.Tornar o hom<strong>em</strong> apto aco:~ .";;ncia~aoco ·::.0 intercâmbioe, por outro la<strong>do</strong>,conforme obse~na possihiliaad2 desta V~~ a se~uma aç ao soc í.sL comprometida D:::':~1/8 CadA Pesç., são Luis, v.,-r-.2, p. 109-121. jul./dez. 1990.


mordialmente com a libertação e<strong>em</strong>ancipação <strong>do</strong> ser humano. Issoimplica na função de instrumentalizar o indivíduo para que elepossa <strong>em</strong> primeiro lugar reconhecer-se como sujeito de sua pr~pria libertação numa sociedade cujo t<strong>em</strong>a central é a <strong>do</strong>minação.A participação <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>como sujeito na sociedade,na cultura, na história se faz na medida de sua conscientização.Limit~<strong>do</strong> culturalmente,oprimi<strong>do</strong> socialmente e sob Ó peso da tradição e<strong>do</strong> pensamento conserva<strong>do</strong>r, o hom<strong>em</strong> precisa de um novo instrumento, de uma nova razao, de uma nova consciência. Isto por sua vez,implica necessariamente uma açãopedagógica crítica e conscientejã que a promoção de uma consciência crítica não se dá automaticamente, mas s<strong>em</strong> dúvida quan<strong>do</strong>inserida num trabalho educativocom essa destinação.Repensar o fenómeno dasocialização no mun<strong>do</strong> cont<strong>em</strong>por~neo é pois, pensar o fenômeno daeducação para uma sociedade queexige transformação, é pensar naeducação ten<strong>do</strong> ela que deixar deser um tributo da sociedade, masque a sociedade seja um tributodela.Pensamos que uma sociedade e <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros que a formam.Cada indivíduo é assim,um el<strong>em</strong>ento da totalidade social e comotal, t<strong>em</strong> o direito e o dever departicipar de to<strong>do</strong>s os bens ~0ciais, econômicos, políticos,culi:~rais <strong>em</strong> igualdade de condiçces.Uma pedagogia para a transformaçao não poderá descuidar desseponto fundamental <strong>em</strong> su".prática.Este, deve ser, um princí.pio nOEtea<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong> o processo rducativo que vise a <strong>em</strong>ancipação e alibertação humana.Uma educação para transformação implica,por outro la<strong>do</strong>,uma relação realmente d<strong>em</strong>ocrática, via única na criação de Uniuoutra cultura, a cultura da d<strong>em</strong>ocracia, onde a socialização e aeducação <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> perr,..ícam a suahumanização e não, o seu adestr~mento, permitam o exercício da r~zao e não a submissão a qualquerrazao instrumental,permitam sualibertação e não sua <strong>do</strong>minação.Libertação aqui, longeestá de significar um esta<strong>do</strong> s<strong>em</strong>obrigaçôes ou s<strong>em</strong> compromissos.Libertação significa,sobretu<strong>do</strong> aluta pelas necessidades reais <strong>do</strong>hom<strong>em</strong>, a luta contra necessidades impostas.Penso numa nova sociedade construída pelo hom<strong>em</strong> no exercício pleno de sua capacidade depensar e decidir. Penso por outro la<strong>do</strong>, na educação como um fator de desenvolvimento social,h~Cad. Pesq., são Luís, v. 6, n. 2, p. 109-121, jul./dez. 1990. 119


mano e profissional de to<strong>do</strong>s.Aí está a nosso ver, ogrande des~fio para a educaç~o p!ra o educa<strong>do</strong>r no mun<strong>do</strong> moderno.Emsuas maos, no seu espaço, a centelha da esperança,a luta por um novo proj~to de educaç~o,a luta poruma relôção onde a mensag<strong>em</strong>, elofundamental da relaç~o ensino-aprendizag<strong>em</strong> ou da relaç~o socializa<strong>do</strong>r~socializa<strong>do</strong>,educa<strong>do</strong>r-educa~<strong>do</strong>,pr0fessor-aluno,seja s<strong>em</strong>pre d~codificada numa visão críticn,pe~meada por um procedimento argume~tativo que promove o <strong>em</strong>ergir <strong>do</strong>pensampnto e favoreça a busca daverdade nu~ clima de liberdade eparticir~ção e não de opressão.SUMMAR.YReflectians abaut the issue aÍsocializatian af numan beings. It discussesthe purely functional paint of view whichhas chareferized that processo The necessi t yof thinking it over is analyzed si nc e ir1s a task af Educatio~,BIBLIOGRAFIABERGER,P.,BERGER,B.CONSULTAD.;éLSocializaçiio,como ser um m<strong>em</strong>bro da sociedaá.e.In: FORACHlrM.Jvlc; MARTINS, J.S,Sociologia e sociedade. Rio ó.eJaneiro: Livros T~cnicos e Cisntificcs,i r: -i 7-4 .» ; >:BERGER; P. c LUCKMAN c T.:?:: cons tr:J.ção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1975. 247p.CHAU1, Marilena. Ideologia e ed~ca cao , Educaç~oe Sociedade, sãoPaulo, n.S, p.24-40, jan.1980.DEMO, Pedro. Sociologia: uma introdução crítica. são Paulo:Atlas, 1983.ELKIN, Frederick. A criança e asociedade.1960.Rio de Janeiro:Bloch,FROMM, Erick. Autoridade e superego:° papel da família. In:CANEVACI, M. Dialética da famllia. S~c Paulo: Brasiliense,1982.HOLLAND, J.G.,SKINNER,B. A análise <strong>do</strong> comportamento. S~o Paulo:Herder, 1971.MUR~ROr Rose Marie. Sexualidadeda mulher brasileira. petrópQlis: Vozes, 1983.PARSONS, 'T. Sociedadeperspectivas evolutivas e comparativas.são Paulo:Pioneira,1969,191p.RAPPORT, Clara Regina.Psicologia<strong>do</strong> desenvolvimento. são Paulo:EFD, 1982,/, i,ROCHER " Guy.--,=S:..,:o:...c=-=i-=o-=l:..,:.:::3.c---c9 era l.Lisboa.:Editorial Presença,,197LJ.2,SALVIANI, Dermeva:i..Escola e o.<strong>em</strong>ocracia. são Paulo:Cortez,1989,720Cad , 2esq., são Luís; v. 6, D. :,. p. 109-121, jul./dez. 1990.


SCHARAMIL, Walter J.lntroducão àmoderna psicologia <strong>do</strong> desenvolmento para educa<strong>do</strong>res. são Pau10: EPU, 1977.WHEDALL, Kevin. Comportamento 50cial. Rio de Janeiro: Zahar,1976. V.1.ENDEREÇO DOAUTOR.MARIA DO SOCORRO N.POLAR.YUniversidade Federal <strong>do</strong> MaranhãoCentro de Estu<strong>do</strong>s BásicosDepartamento de PsicologiaCampus Universitário - Bacangasão Luís-MA CEP: 65.000Tel.: (098) 221-5433Cad. Pesq., são Luís, v. 6, n. 2, p. 109-121, jul./dez. 1990. 121

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