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Aline Luiza Fernandes - Desconstrução_A influência do ...

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possível que “o movimento da significação só seja possível se cada elemento dito “presente”,<br />

aparecen<strong>do</strong> no cenário da presença, relacionar-se com algo que não seja ele próprio (...).<br />

”(SANTIAGO,Silviano,1976, p.22).<br />

Voltemos, então, ao inconsciente freudiano e a linguagem <strong>do</strong> sonho. Em “A<br />

escritura e a diferença (1976)” o filósofo afirma que a grande contribuição de Freud (1966),<br />

contra a metafísica logocêntrica, concerne ao que o médico escreveu sobre os sonhos. Sigmund<br />

Freud (1966), não procura apanhar um senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sonhos que possa ser transcrito e ou<br />

traduzi<strong>do</strong> para a lógica metafísica, mas sim em perceber a “real” linguagem onírica,<br />

descreven<strong>do</strong>-a tal qual ela é, servin<strong>do</strong>-se de uma temporalidade, ou melhor, de uma não-<br />

temporalidade que só pode ser apreendida no universo <strong>do</strong> inconsciente e <strong>do</strong>s sonhos, estranha<br />

ao mun<strong>do</strong> das palavras fonéticas. (DERRIDA, 1976).<br />

O médico austríaco percebe que a linguagem <strong>do</strong> sonho difere completamente da<br />

linguagem falada “Parece-nos mais justo comparar o sonho a um sistema de escrita <strong>do</strong> que uma<br />

língua (...).” (FREUD, 1966, apud DERRIDA, 1967, p.213). A escritura que mais se<br />

assemelharia a escritura onírica seria o hieroglífico “A plurivocidade <strong>do</strong>s diferentes elementos<br />

<strong>do</strong>s sonhos tem seu equivalente neste sistema de escrita antiga (...)” (FREUD, 1966, apud<br />

DERRIDA, 1967, p.213). Derrida (1967) acrescenta ainda que “O sonha<strong>do</strong>r inventa sua própria<br />

gramática. Não há material significante ou texto prévio que ele contentasse em usar, mesmo que<br />

ele jamais se prive dele” (DERRIDA, 1967, p.196-197). Há ruptura desejada pelo filósofo e<br />

achada pelo médico encontra-se nesse ponto. A inexistência de uma referência lingüística<br />

qualquer, leva a conclusão por Derrida (1967) de que os sonhos produzem seus próprios<br />

significantes. O “significante <strong>do</strong> significante” deixa de ser secundário e passa a ser a própria<br />

origem. Dessa maneira, a idéia de significa<strong>do</strong>/significante como faces distintas de uma mesma<br />

folha, não faz mais senti<strong>do</strong>. Antes seria, “a escritura originária, se é que existe uma, deve<br />

produzir o espaço e o corpo da própria folha.” (DERRIDA, 1976, p.198).<br />

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“A experiência <strong>do</strong> inconsciente, antes <strong>do</strong> sonho que segue explorações<br />

antigas, não pede empresta<strong>do</strong>s, produz os seus próprios significantes, não os<br />

cria na verdade no seu próprio corpo mas produz a sua significância. Sen<strong>do</strong><br />

assim não se trata mais de significantes propriamente ditos.”( 1976,p.197).

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