actas do congresso intlerniicioiual - Repositório Aberto da ...
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ACTAS DO CONGRESSO<br />
INTLERNIICIOIUAL<br />
PORTO, PA~cIO DA BOLSA<br />
I2 a 14 de Ihlovembrc de 1998<br />
@?&*, & UNIVERSIDADE DO PORTO<br />
\
A PREGAGÃO FÚNEBRE NA IGREJA<br />
DA LAPA NO ANIVERSÁRIO DA MORTE<br />
DE D. PEDRO IV: OS SERMOES<br />
DO P. DOMINGOS DA SOLEDADE SILLOS
O ano <strong>da</strong> morte de D. I'edro IV foi o <strong>da</strong> vitória <strong>da</strong>s forças liberais eiii Por-<br />
tugal e <strong>do</strong> início de nova era política. Ao rei sol<strong>da</strong><strong>do</strong> não Ilie deu a vi<strong>da</strong> tempo<br />
para saborear o triunfo nem para acompanhar e superintender ;i nova organi-<br />
za@~ <strong>do</strong> país, assente nos ideias <strong>da</strong> revolução de 1820 e nas bases <strong>do</strong>utriná-<br />
rias <strong>da</strong> carta constitucional. Se, por um la<strong>do</strong>, os dissídios intestinos iriam persistir<br />
na resistência e hostili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s venci<strong>do</strong>s, por outro, a n~eniória <strong>do</strong> vence<strong>do</strong>r,<br />
preniaturarnente desapareciclo, receberia <strong>da</strong> classe política dirigente as honras<br />
devi<strong>da</strong>s ao lierói <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de Privilegiou-se, então, o pí~lpito como o palco<br />
condigno para a lutuosa liomenagem. E em ca<strong>da</strong> aniverrário, :i partir de 1834.<br />
o cerimonial fiinebrel celebra<strong>do</strong> no recolliimento <strong>do</strong>s templos, passou a cons-<br />
tituir pretexto mais para exaltaçào política <strong>do</strong> qiie para pio sufrágio, <strong>da</strong><strong>da</strong> a opor-<br />
tuni<strong>da</strong>de única que a tribuna sagra<strong>da</strong> oferecia para influenciar ideologicamente<br />
os numerosos auditórios na circunsrância reuni<strong>do</strong>s. Nenhuma estranlieza, quanto<br />
ao factu, h5 a registar; c, iiienos ain<strong>da</strong>, nas lirurgias fúnelxes que tiveraiii Iiigar<br />
no Porto e no templo eleito pelo munarca para llie <strong>do</strong>ar o coracão Particiilar<br />
atencão porlerào merecer, por isso, os serniòes de exéquias de D. Pedro iV,<br />
pronuncia<strong>do</strong>s na Igreja <strong>da</strong> Lapa, no ;iniversfirio <strong>do</strong> seu f:ileciiiiento. Assim se<br />
entenderão as razões dc preferência na escolha <strong>do</strong>s ora<strong>do</strong>res convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s e os<br />
tópicos estruturantes <strong>do</strong> disciirso em sua reeiaç3o conjuntura1 com o evoluir <strong>do</strong><br />
liheralisrno português e a mitifica~ão <strong>da</strong> iiiiagem <strong>do</strong> rei sol<strong>da</strong><strong>do</strong>.<br />
Antes demais, deve entender-se que nem to<strong>do</strong>s os sermòes proferi<strong>do</strong>s<br />
na efeméridc corneiiiorativa conhecerain ;i impressão. E; se as explicaçòes<br />
podem ser várias, não assumem relevante importância. Desperta curiosi<strong>da</strong>de,<br />
conni<strong>do</strong>; analisar o perfil biográfico <strong>do</strong>s prega<strong>do</strong>res e o icleário desenvolvi<strong>do</strong>.<br />
Das nove oracões fúnebres rastrea<strong>da</strong>s, que tiveram lugar no templo porruense<br />
<strong>da</strong> Lapa. no aniversário <strong>da</strong> morte de D. Peclro de Alcântara e Bolirbon, ires<br />
pertenceiii ao mesmo autor, Doiiiingos <strong>da</strong> Sole<strong>da</strong>de lillos. e as restantes a
Joaquim de Santa Clara Soiisc Pinto, Joriqiiini Alves Mateiis, Augusto Cí-sai <strong>da</strong><br />
Cun1i:i hlenezes, Maniiel Rilxiro de Figueire<strong>do</strong>, Jose Kodripiies Pinto i'ortela,<br />
Francisco José Patricio e Francisco de Mour:~ Secco - to<strong>do</strong>s lil>eiais por opcão<br />
p:irtidári;~ ou siiiipatia política'. O espaco cronoli~gico eni que se inscrevem<br />
vai de 1841 a 1876, ou seja, a ul~iupassar iima triniena de anos, <strong>do</strong> cabra-<br />
lismo i regeneiacão. Ila<strong>do</strong> situarein-se no termo <strong>do</strong> cisma religioso e no pro-<br />
consula<strong>do</strong> de Costa Cabml, coni a revolta setemhrista de Torres Novas de<br />
permeio. reúne o terno <strong>do</strong> padre Soie<strong>da</strong>iie Silios, siicessivainente prega<strong>do</strong> pelo<br />
mesmo ora<strong>do</strong>r. motivos bastantes para, de moniento. se llie prestdr atenção.<br />
Era o padre Doiningos Soled:ide Sillos egresso franciscano e, lia ziltura,<br />
prior <strong>da</strong> Matriz de Vila <strong>do</strong> Conde, entào colegia<strong>da</strong> de S. João hptista, curgo<br />
exerci<strong>do</strong> entre 1839 e 1850. cumulativaniente cor11 o de arcipreste e exami-<br />
na<strong>do</strong>r pnl-sino<strong>da</strong>l <strong>da</strong> arquidiocese hrac~rense. a p:irtir de 1841. Nos anos de<br />
1835 a 1837, e de então ate i entra<strong>da</strong> na Viia <strong>da</strong> Foz <strong>do</strong> Ave, paroqiiiou as<br />
' jo;iqiiini de Sa,it:i Clar;i Soos:i I'inro, cgrrssil <strong>do</strong>rninic;ino e lrnre de Aca-<br />
deiiiia 1'oiiii.cnica <strong>do</strong> I',hor- Dori, i'eilro<br />
Qidnrlo. ct.ieb,aiio i?" Porto ,ia Rei?) Ccipeiiii iie iVos.w Sciihiim <strong>da</strong> Lapa. c,?? 24 ile Seieiizbm<br />
de 186Z reciroii /..I I'orto. Typognpliia de Jose <strong>da</strong> Silva Teireira. 1867. 23 pp.; Francisco<br />
José I>:~tiicio (l'oito. 1850-l9li). Elogio Funebre que tias irwqiiiirs de Suo ,IIngn*imtorii. ir,q,ei?nl<br />
O Seizhoi- D. l%dm i;. ceiebiu<strong>da</strong>s tio i'oriu nu Reiii Capeilu de I\'. Seizbola dii L'zpipn a<br />
L4 de S@lciiiii,i, de 1874 (Qi
A I>REGACAO FÚNEIIRE NA IGREJA DA LAI'A.. .<br />
Freguesias de Gémeos, qiiias <strong>da</strong> Póvoa<br />
de \~;iizim ein 1845.. iti i'óvoa de Varriiii, i3olctini Ctiltiiiul, X (1971). n.i,a <strong>da</strong> O,iie>ii
I1 PEDRO, IMPERADOR DO BItASII.. REI DE I'ORTIJCAL<br />
que era subprior. A pequena brochiiiu, dedica<strong>da</strong> ao cardeal-arcebispo de Uraga.<br />
D. Pedro Paulo <strong>da</strong> Ciinl~a e Mello, contéiii unia minuciosa descricão <strong>da</strong> solene<br />
transla<strong>da</strong>cão <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> mártir <strong>da</strong> igreja paroquial para o novo templo, em<br />
4 de Julho de 1852. cerimóniu eni que pregou e de cuja comissão central era<br />
I." secretário. Conheceu o escrito nove edi~ões até I923 e em 1962 contava<br />
inais seis, o que diz bem <strong>da</strong> sua cIifiisão4.<br />
Liheral convicto desde a primeira Iiora, jactava-se de ,,patriarca <strong>da</strong> lil>eniade",<br />
por cujo triunfo dizia haver sofri<strong>do</strong> a expiilsão <strong>do</strong> convento, possivelmente,<br />
qiian<strong>do</strong>, em 1832, era lente de Tetilogia e Filosofia no Colégio de Santo Antó-<br />
nio, <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Castelo Urancoi. Relator <strong>do</strong> inqiiérito paroqiiial que a autori-<br />
<strong>da</strong>de diocesana hracarense, ein 1845, man<strong>do</strong>u proceder em ca<strong>da</strong> arcipresta<strong>do</strong>,<br />
com fins declara<strong>da</strong>riiente aclrninistrativos, civis e políticos, deixou na apreciação<br />
qiie faz a ca<strong>da</strong> eclesiastico indicia<strong>do</strong>ius nnrcas <strong>da</strong>s siias op~0es icleológicas6.<br />
Mostrou-lhe o regime o seu reconliecimento pela dedicação e seiviqos à<br />
causa lil>eral. na noiileação para prior de Vila <strong>do</strong> Conde e na atribuição ieu Virim. lhispo de hlalaca r aicçliispo-piim;iz <strong>da</strong> Baía dc 'To<strong>do</strong>s~os~<br />
-Sanros. autor dc uni opúsculo (1797) solire o santo Vario (pp. vili-ix). i'iihlica<strong>do</strong>. como<br />
api.ndice, encontra-se. a pp. 33-55. c "Auto &i Soleinne Tr;isia<strong>da</strong>~;io de S. 'Toiqiiato.<br />
' Cf. 1noci.ncio Francisco <strong>da</strong> Silva. 11. p. 198: híirio César hl;ira .caita. ao Consellieiio Anrónio Vieim de hl.igalh;ies, cpic anrecede a Oração Fune-<br />
bre que ncts Exeqt~ios A>l?titie~~aribspeb hl/bi(.sra ,Morle de Silu il~logesrurle Iiiiperiui O ~etihoi-<br />
B. Pmira. i-ecloii iia Reoi Capelia de i\rossa Setibom r10 Lapg e~ii' 25 rie Sele!>ihro de 784.5
,,afeição, estima, e devosão cívica. ao malogra<strong>do</strong> monarca9. A <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> celebra-<br />
$30 era o dia 24 de Setembro, mas naquele ano, por ser <strong>do</strong>mingo, passou para<br />
o 25 imediato. Presidiu 2 liturgia fúnebre o bispo <strong>da</strong> diocese, D. Jerónimo José<br />
<strong>da</strong> Costa Rebelo (1843-1854) que sucedia a Fr. Manuel de Santa Inês, faleci<strong>do</strong><br />
em 1840 e liberal confesso, que as autori<strong>da</strong>des eclesiásticas integristas consi-<br />
deraram cismático e usurpa<strong>do</strong>r <strong>da</strong> jurisdisão canónicai! Haviam-se restahele-<br />
ci<strong>do</strong>, a 17 de Maio de 1841, as relações diplomáticas entre Portugal e a Santa<br />
Sé, caminho indispensável para a acaimia religiosa. A revolu~ão de Setembro<br />
de 1836 derrubara a Carta, mas Costa Cabral, vin<strong>do</strong>, em 19 de Janeiro de 1842,<br />
ao Porto, onde o parti<strong>do</strong> cartista era muito forte, restaurou-a em 27 deste mesmo<br />
mês. O novo bispo fora confirina<strong>do</strong> a 19 de Junho de 1843, restabelecen<strong>do</strong>-se<br />
a administração ordinária <strong>da</strong> diocese, após onze anos de pertiirba~âo". Vol-<br />
vi<strong>do</strong> um mês <strong>da</strong> sua entra<strong>da</strong> solene, era esta a primeira cerimónia religiosa de<br />
tonali<strong>da</strong>de política que o prela<strong>do</strong> oficiava". Na assistência, ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>-<br />
des oficiais, encontravam-se combatentes, alguns ilustres, companheiros de<br />
D. Pedro no cerco <strong>do</strong> Porto e nas lutas trava<strong>da</strong>s na defesa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dei3.<br />
1. Ao ler-se o texto <strong>do</strong> padre Sillos, depara-se com uma citação, 2 maneira<br />
de epigrafe, retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> Enei<strong>da</strong> de Virgílio'" se bem que, para tema, esco-<br />
Doi?ringos <strong>do</strong> Saledctde Silios, Prior <strong>da</strong> i.1nir.i~ Coliegiiiilcz de S. Jorio Bnpiisla <strong>da</strong> IJillu <strong>do</strong> Conrle,<br />
ciliripresie a ~i mooia e seu Disidcro Eccle~inilico iBias2o <strong>da</strong> Monarquia de Portugall, l'aito,<br />
Typogiaphi~ Cornmeicial Poituense, Rua de Bclio-Monte n." 22, 1843. LNL extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
folli;~ de rosto: ' TramJeiirão-se esre rr,i>zo as eqioiaspnm o seguinte dia <strong>do</strong> uniziuersorio<br />
por oriienz <strong>do</strong> &>rio S>2r Biqo <strong>do</strong> Biocese.1<br />
ii>iile»,, p. [?I Carta ao Conselheiro Magalliàes. Ai refere. em ççiai, .algumas ora-<br />
cães quc j$ havia prega<strong>do</strong> na ci<strong>da</strong>de, p. 3.<br />
'O J. Augiisto Frirriia, ,+ie>norins pam u Hisiorin d'tiri Scisinn (1832-18421, Braga,<br />
Cmz & C." Editores, 1916, pp. 392-645.<br />
" O bispo foi sagi;idn em 20-8-45 e enrrou na Se <strong>do</strong> I'ono em 20-8-1643. i>i J. Aug~isto<br />
Fcireiia. ~Wenzorias A~heoiogico-Históricns cio Ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> I'ono. Brag;i. Limziria Cruz, 1924.<br />
pp. 512-513.<br />
" Oropio Fiitiebl.e 118431, p. 21.<br />
'I Ibi<strong>do</strong>,!i. p. 6.<br />
'h pp;issagciii <strong>do</strong> poema irsprira à narrativa dc Encias a Di<strong>do</strong>, iaiiiha de Cartago:<br />
... quis raiia lan<strong>do</strong>. remprret a lacrimis ... I= queni ao recoidiar ?Ais drsgrajas consegue<br />
reter as lágiimasl, Virgilio. Aeneirl, lii>. 2.
Ihesse o versiculo 2 <strong>do</strong> capitulo v <strong>do</strong> Cüiztico cios Cülzticos - Ego rlon~iio, et<br />
cor rneuiiz vigilul, que o ora<strong>do</strong>r assim tracluziu: Aitrclu clepois de iirol-to o riiel~<br />
comçüo está vigilurite. A traducão livre <strong>da</strong> perícope bíhlica era intencional-<br />
iiienie einhleinática. To<strong>do</strong> o discurso constitui uin panegirico exaltante, de tom<br />
épico, <strong>do</strong> monarca que <strong>do</strong>ou o seu coracão i ci<strong>da</strong>de invicta, para que fosse<br />
sentinela vigilante, baluarte <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de e terror <strong>do</strong> despotismo. A partição<br />
<strong>da</strong> prédica é fixa<strong>da</strong> em três pontos. destina<strong>do</strong>s a denionstrar a adjectivação<br />
atribiii<strong>da</strong> a D. Pcdro IV: haver si<strong>do</strong> como principe grnlzcie, coiiio sol<strong>da</strong><strong>do</strong> maiol-<br />
e i~iüximo como liomem.<br />
Os referentes factuais escollii<strong>do</strong>s inscrevem-se niiina actuacão política ini-<br />
cia<strong>da</strong> no momento em que, no Brasil, ecoa a revolucão <strong>do</strong> I'orto de 24 de<br />
Agosto de 1820, revelan<strong>do</strong>-se o príncipe contm os -áulicos insensatos.; apos-<br />
ia<strong>do</strong>s em sufocar o grito nacional que ele próprio havia assunii<strong>do</strong> coiiio por-<br />
tuguês e defensor <strong>da</strong> lilheniade. Dai não se llie afigurar contraditório o decreto<br />
de 24 de Fevereiro de 1821, quan<strong>do</strong> D. João 111 embarca para o reino, e rain-<br />
héiii o de 26, pois, ao constituir-se chefe de um povo ainotina<strong>do</strong>, D. Pedro<br />
iiianteve em sossego a capital <strong>do</strong> Iiiipério. E, toman<strong>do</strong> siiniles clássicos e<br />
bíblicos, enlatiza o gesto <strong>do</strong> Iierói que na varan<strong>da</strong> <strong>do</strong> Teatro <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />
outro Capitólio, se ergue como .novo Ge<strong>da</strong>o a enfrentar portiigiieses'i. Se<br />
deixou o Brasil foi para colocar-se i frente <strong>da</strong> causa <strong>da</strong> liher<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pátria,<br />
arrancan<strong>do</strong>-a ao terror <strong>do</strong> despotisiiio: de colónia portuguesa tornou-a inetró-<br />
pele de Portligal. No gesto lravia o deseio de apagar a nó<strong>do</strong>a que fizera cair<br />
solxe a pátria liumilha<strong>da</strong> o dita<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Eiiropa, Napoleão, quan<strong>do</strong> em Milão<br />
lavroii a sentença: .a casa de Bragança deixou de reinar,,I6. Estavam lanca<strong>do</strong>s<br />
assiin os ftin<strong>da</strong>nientos para a revolução qne f;italniente havia de rebentar. Eis,<br />
para o ora<strong>do</strong>r. a razão por que D. Pedro foi gmnc/e.<br />
Se o grito <strong>da</strong> independência há anos se previa, antepô-la coiiio iiiiia<br />
lhaireira aos furores popiilares. Evitan<strong>do</strong> a luta frdtrici<strong>da</strong>, aií'orou-se em centro<br />
valoriza<strong>do</strong>r de to<strong>da</strong>s as faccões, a fiin de salvar o Império e a Mie pátria: ,,Tu<strong>do</strong><br />
acceitoii. e tii<strong>do</strong> repartio: deu ao pai o titulo d' Impera<strong>do</strong>r, e ao Filho [D. Migiiell<br />
a coroa oifeita<strong>da</strong>z," A contra-revolu~ão, que rebentou ein I'ernaiiiI>uco e, se<br />
vencesse, iiiergulharia o Brasil no "horroroso soive<strong>do</strong>uro <strong>da</strong> anarcliia,,, fora sus-
A I'IIEUAÇAO FÚNEBRE NA IGREJA DA LAPA<br />
tiáa pelo bra~o de Cochrane que, na metáfora emprcgiie, clecepou "a cabeça<br />
2 hydra destrui<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s reinos e <strong>do</strong>s i~nperios"'~.<br />
O Brasil nÃo estava amadureci<strong>do</strong> para ser livre, reconhece, pois, sen<strong>do</strong><br />
livre, "não sabia <strong>da</strong>r aprep aos bens <strong>da</strong> liherclude,,, o qiie tomava mais espi-<br />
nliosa a rareFa <strong>do</strong> príncipe". I>or outro la<strong>do</strong>, a morte de D. Joâo VI, eni 10 de<br />
hlarço de 1826. levou-o i outorga <strong>da</strong> Ccirtu Coialitiicional que, como cartista<br />
confesso, o p:idir Sole<strong>da</strong>de Sillos classifica de .C»digo imortal.. e ver Iiiirieni. pp. 10~11<br />
'- ihirieiii. p. 11.
D. I'gDRO, IMPERADOR DO BRASIL. REI DE PORTUGAL<br />
Açores a 22 de Fevereiro de 1832, no preciso
A PREGAÇÃO FtiNEURE NA IGREJA DA LAI'A<br />
Reparte-se entre a secretária e as trincheiras, o templo e os Iiospitais, vai <strong>do</strong>s<br />
fortes aos rediitos. Num barroquismo vieirano, a rogar a heresia, exclama:<br />
,,sen<strong>do</strong> niorral possiiia (Ia Divin<strong>da</strong>de um atributo; era a sua inin~ensi<strong>da</strong>cle~,~~.<br />
A história, lembra numa nietáfora o padre Sillos, é o arquivista <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>,<br />
cujo fim é coiiiemorar acç6esz9. E as de D. Pedro, sol<strong>da</strong><strong>do</strong>, foi aguentar o cerco<br />
<strong>do</strong> Porto como quem resiste às fíirias <strong>do</strong> inferno. Peleja e insulta os escravos<br />
<strong>do</strong> vence<strong>do</strong>r de Argel. o marechal Bourmont, que consigo Linha a multidão.<br />
enquanto o Porto o derrotou, porque detinha o va1orj0. A peste e a fome vie-<br />
ram reforçar o terceiro flagelo: a gueria. De novo se desmultiplica o Rei-Sol-<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>: trahalliava nas trincheiras, fazia nos fones a pontaria <strong>da</strong>s pesas, começava<br />
o dia antes <strong>da</strong> aivora<strong>da</strong>, consagrava à Casa <strong>da</strong> hlisericórdia o qiie lhe restava<br />
dessas lioras e 12 as empregava no tesouro <strong>do</strong>s pobres, mostran<strong>do</strong> assiin que<br />
o seu coração, além de guerreiro, era sensível e reiigiosd'<br />
A 28 de Julho de 1833, Lisboa rende-se ao seu heroísiiio. Não desiste<br />
entao <strong>do</strong> plano: os muros que defenderam o Porto, defenderão Lisboa - o<br />
povo livre de Lisl>oa e não Lisboa escrava. Difícil é ser vitorioso e humilde,<br />
mas vencer e per<strong>do</strong>ar é atributo <strong>da</strong> di~in<strong>da</strong>de'~. Ser venturoso sem soberba<br />
e infeliz com paciência é o caiiiinlio para ser ináximo que, como Homem, foi.<br />
O último ponto desta oraçao sagra<strong>da</strong> é uma meditaqão sobre a morte, a<br />
partir <strong>da</strong> memória idealiza<strong>da</strong> de D. Pedro. Esse momento eiii que o liomem<br />
reverte eni na<strong>da</strong>, encarou-o, diz o padre Sillos, coni o sangue frio <strong>do</strong> Homie>ii<br />
Pori~~gzit,~: igiial semblante no leito <strong>da</strong> iiiorte e no campo <strong>da</strong> honra. Nesse<br />
instante, em que se mostra tal qual seiilpre foi, será o máximo.<br />
E o epílogo <strong>do</strong> fí~nehre panegírico atinge o patético, ao evocar o prín-<br />
cipe cuiii um braço a despedir-se <strong>do</strong> inun<strong>do</strong> e outro a bater no portão <strong>da</strong><br />
eterni<strong>da</strong>de. No transe <strong>da</strong> morte, adianta o prega<strong>do</strong>r qiie D. I'edro se senti-<br />
ria realiza<strong>do</strong> por ter <strong>da</strong><strong>do</strong> a íiltima demão à obra que principiou - a res-<br />
tauração <strong>da</strong> liberdude. empresa que, sen<strong>do</strong> maior que o trono, era maior<br />
que o seu coraçào. Legou este ao Porto qiie recebeu assiiii a parte mais nobre
e seiitimental <strong>do</strong> liomeni -o primeiro órgào que coiiieca a ter vi<strong>da</strong> e o últinio<br />
a qiieiii a mesnia desanipira. Depósito sagra<strong>do</strong> que, com o corpo, não<br />
devia <strong>do</strong>rmir, mas ficar Vigi?ante pisa reanim;lr a estitus ,.coiossal,. 'ia iiljer-<br />
<strong>da</strong>de". Ao morrer, a religião e a pátria ocupam a sua alma atrihuia<strong>da</strong>: ora<br />
pede os sacramentos ora cki ciocumentos à fillra a mostiar-lhe como no f~~turo<br />
deve reinar. Se em S. Viccnte de Fora. conclni o ora<strong>do</strong>r, jaz o seu corpo<br />
inorto, no Porto esta o seu coracão vigilaiite. Ninguém desde Afonso Hen-<br />
riques foi mais louva<strong>do</strong>. O seu falecimento foi uina calainiciade pública,<br />
pois desapareceu (1 hoiiieni adi~iirávei qiie a natureza prodirziii, o trono adii~i-<br />
sou, a América respeitou e i'ortiigal perdeu. Hoi~ieni i?iá.riin« cjue erisina os<br />
reis a abdicar, a pelejar. a vencer e a per<strong>do</strong>ar". Por isso, a terra não era<br />
digna dele.<br />
Assiiii teriiiina o seu encomiástico panegirico. niais próprio de uiiia ceri-<br />
mónia profana <strong>do</strong> que de uila celel>racão religiosa.<br />
2. O segun<strong>do</strong> seriiiào cio padre Sole<strong>da</strong>de Sillos foi pronunciaclo no pre-<br />
ciso dia <strong>do</strong> nono aniverd%rio <strong>da</strong> morte de D. Pecixo, a 24 de Snemi-iro de<br />
1H4(i3'. Para tema escolheii o versiculo 12 <strong>do</strong> capitulo 3.O, <strong>do</strong> 111 Livro <strong>do</strong>s<br />
Reis, que se refere a Saiomão, a cjueni Detis concçdera iiili coraçào sál>io e<br />
inteligente, como nenlium outro tivera, nem antes nem depois, conipen-<br />
san<strong>do</strong>-o desta fomia cio que não llie pedira: longa vi<strong>da</strong>; riqueza e desfor~o<br />
de seus inimigos. fala ri:^. pois, <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de e Iiuiiiani<strong>da</strong>de <strong>do</strong> monarca,<br />
aiiás último ponto <strong>da</strong> oração anterior, consagra<strong>do</strong> 2 exaltaçã« ilo politico. <strong>do</strong><br />
sol<strong>da</strong><strong>do</strong> e <strong>do</strong> Iierói. Mais hreve que o prececlente, não é o seriiiio menos pane-<br />
girico. O tom exaltante, entreteci<strong>do</strong> de meiáforas, <strong>do</strong>inina o disciirs», cen-<br />
ira<strong>do</strong> sobre as virtirdes <strong>do</strong> coração de D. Pedro. ciija magnanimi<strong>da</strong>de permitiu<br />
Il,iiiei>,.<br />
" Iiiir/e?ii. i>. 21.<br />
i' Oração Fz~riebre que itiis i:~e~~iiiidiiii~?~ic~~'rxi~riiis~~~~iispein Iii/iiirstri .!liirte ilc Siia .iIagesiade<br />
h,zp@rinl o Setihor- B. I>eiirii <strong>da</strong>iciiritriru de Brccgi^ie>?$a e Boiir/?un. tribriloii 6 sio n,e»io-<br />
iio pela segiiiidc< cez erit 24 iie Scteeibia de 1844. rio Keoi Capeiir, iie iVusszt Se>iborz <strong>da</strong><br />
Lrcpa dn Ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Poria. Donii>lgos '/ri Siilerl'ioi- <strong>do</strong> .ilritriz<br />
Colleginil'z ile S. /mio Bcdplistri de WViiin r10 Co?in'e. a Arcipreste 610 riimnia ljiiin c seti Bislricio<br />
ficclesii~slico Ii3las;io de I>oiiii~all, Pono. Tgpopnplikt dç Gran<strong>da</strong> f'ilh«s, 1844, i6 pp. Sei-<br />
in5o pieparxlo cio curto espaco de i 0 dias r com .,o conriniio exercício no oiinisterio &a<br />
pal;ivia ... diz. Ci. p. 5.
A PIIEGACAO I'ÚNEBRE IA4 IGI1J3JA D.4 L.4PA<br />
enraizar em 130rtiigal o ,,arhiisto <strong>da</strong> libenlade~.36. 0s factos evoca<strong>do</strong>s ponteiam<br />
uma finali<strong>da</strong>de política evidente: a luta conlia o despotisino que D. Pedro<br />
soube siiplantar, man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> .iiovo ao velho mun<strong>do</strong> esses <strong>do</strong>us caros penlio-<br />
res de Su' alma = A CARTA e a FILHA.? A primeira, ,,para supprir esse Codigo,<br />
que <strong>do</strong> Porto foi a Vila Franca,,, acabar 2s mãos <strong>do</strong> migiielismo despótico,<br />
como sein esforço se entende; a segun<strong>da</strong>, ,,para occupar o Tlirono. de que<br />
generoso abdicava, tornan<strong>do</strong> lierdeiro .lima cabeça infantil, suieita a soffrer<br />
os perigos n'liuma i<strong>da</strong>de em que mal os podia sentir,,'x. Estavam assim adian-<br />
ta<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is suportes demonstrati\~os <strong>do</strong> tema <strong>do</strong> sermão, mais prokino elo-<br />
gio <strong>do</strong> que nieditação religiosa: o encóinio <strong>do</strong> coração de D. Pedro ,,extremoso,<br />
seiisivel, e h~iniano,,'~. A conjiintiira vivi<strong>da</strong> pelos portugiieses fora o pretexto<br />
para a magnâniiiia decisào régia: os izoiizes fia CARTA e n%r FILHA só se escli-<br />
taunrii iio hoiiririo ... ilns mírsiizorr-as ... iio ostracismo ... poi. eiztre as bre-<br />
ilhas.. . e rie rll~aizcio eiiz uezsohi.e o caciaf'aiso.. . jtrra uilzga-/OS, e osJi~mzetilos<br />
(/e PPERO iiZo siojirrstmfios.. . Di o iíltimo a(iein Zpátria acioptiua, aos Filhos,<br />
aos A?ize~.icc~izos, C ei-io coiiio por eticaizto nessa rocha A$oriaiia gi~aiiciu fia<br />
iii?ei.riacle, e WII~IU p~rra oi~ile coi~ue)~e~i~ to<strong>do</strong>s os Portzlgzlezes ,fo>~igi<strong>do</strong>ç~~.<br />
Daqui por (iiuiite; 11
13 PEI>RO, IMI'ERADOII DO BRASIL, REI 13E PORTITGAL<br />
A perorapio terinina coin um apelo 2 uni<strong>da</strong>de e 2 reconciliaçâo à volta<br />
<strong>do</strong> ,,Corac,.ào de Pedro o Portuenses,: Uizi<strong>do</strong>s izeste espirito rogirenios ao Ceo:<br />
que Isiiiza e172 ilr?ia sófainiiio a gra~iiie,fa~~zilia h Porl~~g~~eses: qiie diss@e<br />
to<strong>da</strong>s as ~i~uquii~ações aos iilimigos d'esfa Pati-ia abeiiçoacla ooiltr'om izo Ou~i-<br />
qz1e que,faça ern Jim ,felices os Portllgueres, como tanto a~zhelou Aqzlelke rec-<br />
tissiino Corc~ção, que será o p,a!ót~popaiu to<strong>do</strong>s os Priricipes, que bem qilizemi7z<br />
gouer~zar'i. Não falta a este breve panegírico exequial o ingrediente clássico<br />
<strong>do</strong> mito fun<strong>da</strong><strong>do</strong>r <strong>da</strong> promessa de Ourique a Afonso Henriqiies, que llie recorra<br />
o oportunismo político de apoio situaqào vigente, coino a circunstância<br />
litt~iosa patenteava, congregan<strong>do</strong> enti<strong>da</strong>des oficiais ,,c;irtistasm, veteranos <strong>do</strong><br />
corpo expedicionário desembzrca<strong>do</strong> eiii Miiidelo e comparsas popiilares <strong>do</strong><br />
cerco <strong>do</strong> Porto e <strong>da</strong> luta pela posse
A PKEGAÇÃO FÚNEBRE NA IGREJA DA LAPA<br />
Manteve o P.e Sillos no discurso o sopro <strong>do</strong>s anteriores que sucessiva-<br />
mente pregara no mesmo local. E nem debita sequer o tema bíblico costu-<br />
ma<strong>do</strong>, antes assume um teor a trair a laicizasão <strong>do</strong> sermão de exéquias, aliás<br />
tendência que nos tempos imediatos mais se acentuaria. Ao homem, cuja memó-<br />
ria se venera, exalça-o como .o terror <strong>do</strong> despotismo", imagem que insiste em<br />
recortar nos três sermões, que ..fez <strong>da</strong> Europa o espanto, e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a admi-<br />
ração-, transm~itan<strong>do</strong> .os inimigos em amigos; os escravos em livres,$'. Em<br />
cotejo com os reis que o precederam, a ca<strong>da</strong> iim os excedeu. Se aceitou coroas,<br />
foi para delas abdicar: na Cabeça em lagar de coroa, him chapéo, na mão<br />
em vez de sceptro. h11tt1a espa<strong>da</strong>, aos hombros em vez de manto, huma far<strong>da</strong>><br />
no qnartel coinpanheiro <strong>do</strong> rancho, no canzpo paralielo aos perigos, nos hospitaes<br />
etzferneiro cari<strong>do</strong>so, nogabinetepolitico rapaz". E, enfático, acrescenta<br />
que o catalogo <strong>do</strong>s Princzpes apresentará quem o exce<strong>da</strong> em algzlma quali<strong>da</strong>de<br />
L...], ma7 qiiem err? tantas o imite> dflicil sei-áencontrar-se, salvo se a tlattireza<br />
prod~~zit- hurn ig~ral!~~ Os símiles bihlicos e clássicos, de Xoé a Cipião,<br />
mais reforsaram a exaltação <strong>da</strong> heroici<strong>da</strong>de. Se o prega<strong>do</strong>r lhe louva a humil-<br />
<strong>da</strong>de é para lembrar a ingratidão de que foi alvo, exclaman<strong>do</strong>: uenceil, e depois<br />
de vencerper<strong>do</strong>oti ... aincl~~,/'ez mais: dá a !liber<strong>da</strong>de aquelles que lhe qneiião<br />
beber o sangue, e recebe tnsiiltos <strong>da</strong>queles a quem benejiciára" Sem os refe-<br />
rir, ataca os iniguelistas iudulra<strong>do</strong>s, os partickirios <strong>do</strong> absolutismo constituí<strong>do</strong>s<br />
em oposiçào, os liberais que o deixaram e se afastaram e outros: os -ingratos<br />
no Brasil, ingratos nos coiizbates, ingratos na victoria, ingratos <strong>do</strong> Parla-<br />
mento, ingratos em to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>, ingratos depois de morto ... E. em repto emotivo;<br />
concluía: He mais hu~tla letra qire se deue gmwr sobre o seu tz~ri2~llo =<br />
PEDRO, o Liberta<strong>do</strong>?; e uiciima <strong>da</strong> ir~gratidão". Se coteja<strong>do</strong> com os anterio-<br />
res, este novo discurso exequial <strong>do</strong> padre Sillos denota um notório esgota-<br />
mento, patente no retoricismo repetitivo <strong>da</strong>s mesmas metiforas, <strong>do</strong>s mesmos<br />
elogios. <strong>do</strong>s mesmos objectos motiva<strong>do</strong>res: o coiaçào <strong>do</strong> rei e a ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
Porto. Para a memória histórica ficará o que na reali<strong>da</strong>de se mitifica: o liber-<br />
ta<strong>do</strong>r <strong>da</strong> pátria. Dos <strong>do</strong>is Homens, e só <strong>do</strong>is!, que atravessam o século, dirá,
13. I'EDltO. IMI'EI?ADOII DO iiI?ASII., REI DE I~OrtTiiGAL<br />
a Portugal pertence ,,o seu Pedra e 4 Fr;iiip o seu Xapoieâo,.j3. Teme,<br />
poréin. e o lormalisiiio <strong>da</strong> ceriiiiónki anivers5ri:i parece <strong>da</strong>r-lhe disso cons-<br />
ciência, qiie a recorclação se v5 atenuan<strong>do</strong> coni o esquecimeiito. até pelo I'c~rto;<br />
cl11e. .queiii diria.. . jB se nutre <strong>do</strong>s .ingratos que eni vicia e após a moire crioii"'.<br />
Para qiiein esperasse juizos; ciiiiicntirios, incisos analiiicos revela<strong>do</strong>res<br />
sobre o prinieiro decénio <strong>do</strong> lii>eialisino políiico 11ortiigiiC-S. a friistracão é com-<br />
pleta. Qiian<strong>do</strong> inuito fica-se por afiriiiaç6es de fé caitista e iiiostra-se timi<strong>do</strong><br />
a reagir i acoiiio<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, enihoi-a denuncie o sentir oposicionista<br />
crescente que cleiio~iiin;~ de ingr;itklão.<br />
No fundii. esta triade de serin6es argamassa<strong>do</strong>s por tima oratória com-<br />
proriieti<strong>da</strong>. l?olitica e ideologicainente, e romântica lia gloriiicaq5o cio Iierói.<br />
iraiisiiiite <strong>do</strong> rei 11. Pedro IV iima iinageni ide;iliza<strong>da</strong> pelo tendencioso apro-<br />
veitamento cios factos e pela empola<strong>da</strong> exaltacão d;is virtiides - desprendi-<br />
iiiento, corageiii e iiumanid:ide -, aliás dita<strong>da</strong> pelo teor <strong>do</strong> panegirico oficial<br />
que <strong>do</strong> prega<strong>do</strong>r se esperava. A aiisência de uni olliar crítico, sobre paiavras<br />
e feitos, contribuis para ijiie a figura <strong>do</strong> inonara se mantivesse miticainentc<br />
aureoia<strong>da</strong>, in<strong>do</strong> assiiii ao encontro <strong>do</strong> qiie referia a liistória imediata cio roiiian-<br />
iismo portiiguês - i~anfletaria, parlaiiientar e periodistica -, ;ilinientacla pelii<br />
preconceito iiianiqiieii ;iiitimig_ieIista. Apesar de tais reservas, c«nstitiieni, li«<br />
entanto. estes textos clocunientos para pertinentes leituras contextii:iis. txizen<strong>do</strong><br />
interessantes aciiegas a uma 1i:stirria <strong>da</strong> opinião púhlica.