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Minhas portas estão abertas. Entre com cuidado. Aqui, todos po<strong>de</strong>m colaborar. Ninguém po<strong>de</strong><br />
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imperar.<br />
Teorias, <strong>de</strong>ixo <strong>de</strong> lado. Dou vazão à riqueza <strong>de</strong> um mundo i<strong>de</strong>al. A sabedoria é meu<br />
sustentáculo. O amor é meu princípio. A imaginação é minha ban<strong>de</strong>ira.<br />
Não sou radical. Pretendo, apenas, salvaguardar o que resta <strong>de</strong> uma cultura. Gritarei bem alto<br />
<strong>de</strong>safiando um sistema que cala vozes importantes e permite que outras totalmente alheias falem quando<br />
bem enten<strong>de</strong>m. Sou franco-atirador. Não almejo glórias. Faço questão <strong>de</strong> não virar aca<strong>de</strong>mia. Tampouco<br />
palácio. Não atribua a meu nome o <strong>de</strong>sgastado sufixo -ão. Nada <strong>de</strong> forjadas e malfeitas especulações<br />
literárias. Deixo os complexos temas à observação dos verda<strong>de</strong>iros intelectuais. Eu sou povo. Basta <strong>de</strong><br />
complicações. Extraio o belo das coisas simples que me seduzem.<br />
Quero sair pelas ruas dos subúrbios com minhas baianas rendadas sambando sem parar. Com<br />
minha comissão <strong>de</strong> frente digna <strong>de</strong> respeito. Intimamente ligado às minhas origens.<br />
Artistas plásticos, figurinistas, coreógrafos, <strong>de</strong>partamentos culturais,<br />
profissionais: não me incomo<strong>de</strong>m, por favor.<br />
Sintetizo um mundo mágico.<br />
Estou chegando...<br />
O manifesto <strong>de</strong> fundação da <strong>Quilombo</strong> revela com muita ousadia a insatisfação<br />
que perturbou e moveu <strong>Can<strong>de</strong>ia</strong> a fundar uma escola <strong>de</strong> resistência, como o próprio<br />
nome <strong>de</strong>nota:<br />
“<strong>Quilombo</strong> – local escondido, geralmente no mato, on<strong>de</strong> se abrigavam<br />
escravos fugidos” (HOUAISS)<br />
Na época da escravidão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros tempos do período colonial,<br />
quilombo era o local <strong>de</strong> refúgio dos negros que resistiam à exploração e à violência que<br />
sofriam <strong>de</strong> seus donos. Os quilombos eram escon<strong>de</strong>rijos formados pelos escravos em<br />
lugares <strong>de</strong> difícil acesso, como montanhas e/ou matas bem fechadas. Fugir para um<br />
quilombo representava um gran<strong>de</strong> risco, pois, a <strong>de</strong>scoberta causaria gran<strong>de</strong>s repreensões<br />
por parte dos senhores donos dos escravos, que castigavam a todos com muita violência<br />
visando atemorizar os que aspiravam à fuga. O quilombo foi um símbolo <strong>de</strong> resistência<br />
e coragem surgido em uma época em que o negro vivia sob condições subumanas.<br />
(pt.wikipedia.org)